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Linguagem Jurídica
Aula 7 - Construção da Narrativa Jurídica: Fatos/Indícios X Provas X
Circunstâncias
INTRODUÇÃO
Analisaremos a importância da narração e descrição do fato jurídico e dos fatos importantes para maior entendimento do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa
pela análise do fato gerador do con�ito (fato jurídico) e a relevância da descrição pormenorizada das circunstâncias em que esse fato jurídico ocorreu para a tipi�cação da conduta, na busca futura
também de atenuantes, agravantes e até descaracterização da conduta tipi�cada.
Sabemos que a descrição dos fatos permite a aplicação do Direito, possibilitando o devido enquadramento jurídico da questão, razão por que um laudo pericial, portanto, auxilia tanto o juiz na
tomada de suas decisões quando realizado com precisão técnica para esse �m.
OBJETIVOS
Selecionar os fatos importantes e os juridicamente relevantes em busca de maior clareza textual na construção da narrativa jurídica;
Explicar a função persuasiva da descrição no ato de narrar;
Identi�car os elementos da narrativa e a função do uso de modalizadores na condução da mediação de con�itos;
Ordenar os fatos na ordem linear para maior clareza;
Reconhecer a importância das formas verbais pretéritas na narrativa jurídica;
Reconhecer a importância da descrição a serviço da narrativa na análise criteriosa dos vestígios no local do crime para entender como ocorreu o ato criminoso.
CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA JURÍDICA
FFoonnttee ddaa IImmaaggeemm:: Shutterstock
Othon Garcia (2012) de�ne narrativa como o relato de um episódio real ou �ctício que implica interferência de elementos, como:
Fato ou ação [o quê];
Personagens [quem];
O modo como a ação/fato é desenvolvido [como];
O momento em que o fato ocorreu [quando];
O lugar do ocorrido [onde];
O motivo do acontecimento [por quê]; e
O resultado da ação [por isso].
No entanto, de acordo com Garcia (2012), nem sempre todos esses elementos estão presentes na narrativa, mas, segundo ele, os elementos indispensáveis para que haja narração são quem e o quê.
O autor informa, ainda, que a narração gira em torno do fato, isto é, de “qualquer acontecimento de que o homem participe direta ou indiretamente” (GARCIA, 2012, p. 254).
ESTÁGIOS PROGRESSIVOS NO ENREDO
Garcia (2012, p.254) explica ainda que há três ou quatro estágios progressivos no enredo.
AAtteennççããoo
, Na realidade, a narrativa jurídica é o relato de todos os fatos importantes, que auxiliam na compreensão do caso concreto e dos relevantes juridicamente, porque deles advêm consequências jurídicas.
Por isso, a seleção dos fatos é de fundamental relevância no discurso jurídico, uma vez que esses fatos escolhidos se transformarão em argumentos na argumentação jurídica (seja em uma Petição Inicial, seja em
um Parecer Técnico Criminal).
Clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//pprroocceessssoo..ppddff)) e veja um exemplo.
NARRATIVA JURÍDICA E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: O QUÊ? QUEM? COMO? ONDE? QUANDO? POR QUÊ?
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Toda narrativa refaz os fatos a partir do ponto de vista do autor.
Uma das características da “verdade” jurídica é construir uma narrativa dos fatos, que podem ser descritos, por exemplo, por um tipo penal ― da infração penal — que nada mais é do que a descrição
do crime.
Para construir a verdade de que determinado fato é crime, o caso passa por uma transformação progressiva, daquilo que no início era uma “trama de vida” para um “fato jurídico”.
OO tteemmppoo ee nnaarrrraattiivvaa eennccoonnttrraamm--ssee iimmbbrriiccaaddooss,, ppooiiss ttuuddoo aaqquuiilloo qquuee ppooddee sseerr ccoonnttaaddoo eemm ffoorrmmaa ddee hhiissttóórriiaass ssuucceeddee--ssee nnoo tteemmppoo,, aarrrraaiiggaa--ssee nnoo pprróópprriioo tteemmppoo,, ddeesseennvvoollvvee--ssee
tteemmppoorraallmmeennttee;; ee oo qquuee ssee ddeesseennvvoollvvee tteemmppoorraallmmeennttee ppooddee sseerr nnaarrrraaddoo..
Assim, ao se contar uma história, reordena-se o tempo, articulam-se os eventos em uma sucessão, dando contorno ao vivido de forma a garantir que o narrador se identi�que ao contá-la e que o leitor se reconheça ao
interpretá-la.
Não é sem propósito que a narrativa rearticula, no presente, as imagens do passado, de modo que possam impulsionar e guiar nossa ação na construção do futuro.
Nesse contexto, a narrativa só poderá ser entendida como a arte de tecer intrigas (enredo), o que signi�ca dizer que contar uma história é “ agenciar fatos”, compondo junto o que está separado.
Na narrativa jurídica, é de grande importância a seleção dos fatos e a ordenação do tempo, antes de eles serem narrados.
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AAtteennççããoo
, Lembrando-se sempre de que a narração dos fatos deve:
Ser concisa e e�caz;
Seguir sempre a ordem linear ou cronológica (= calendário, relógio);
Deter-se apenas no essencial, em um raciocínio lógico, coeso e coerente.
A narrativa jurídica tem estrutura que oscila entre a narração e a descrição, por narrar e descrever os fatos, conforme apresentados pela parte, ou seja, aquilo que é signi�cativo para o mundo jurídico
e que merece análise e julgamento do judiciário. Ela apresenta fatos em sequência e decorrentes de uma relação de causa-consequência, isto é, um fato causa uma consequência que dá origem a
outro fato, e assim por diante.
Isso signi�ca dizer que entre uma ação e outra, entre um fato e outro, há um lapso temporal, e é a indicação de transcurso do tempo a tarefa principal do autor da narrativa, depois de selecionar os
fatos narrados.
No caso concreto, percebemos que todos os fatos julgados relevantes devem ser narrados linearmente em uma linha lógica e coerente de raciocínio, em uma progressão temporal, respeitando-se
anterioridade e posterioridade dos fatos e presenti�cando-se todos os elementos da narrativa em seu corpo textual, sempre que possível.
Em síntese:
AAtteennççããoo
, Devemos evitar o pprreettéérriittoo iimmppeerrffeeiittoo e o pprreettéérriittoo mmaaiiss--qquuee--ppeerrffeeiittoo.
Clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//eevviittaarr..ppddff)) para ler mais sobre isso.
NARRATIVA JURÍDICA: ORDEM LINEAR OU CRONOLÓGICA
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FFoonnttee ddaa IImmaaggeemm::
Na narrativa jurídica, priorizamos sempre a sequência lógica e linear de tempo e espaço, em que os fatos se passam em um determinado tempo e lugar, segundo a ordem cronológica ou linear. Tudo
conforme o tempo passa (antes-durante-depois).
A estrutura da narrativa é uma sequência de fatos relacionados entre si de forma coerente, em que há uma ordem temporal e uma causal.
• A oorrddeemm tteemmppoorraall trata da cronologia dos fatos, sucessão de acontecimentos no decorrer do tempo.
• Já a ccaauussaall estabelece a relação de causa e consequência (conduta humana) ou causa e efeito (fenômeno da natureza).
Narramos, portanto, a situação fática na ordem rigorosamente linear, ou seja, na ordem natural do tempo: começo, meio, �m.
Vamos ler agora uma narrativajurídica (OAB-RJ 2008.1) para analisarmos o transcurso do tempo entre os fatos, os quais se apresentam, rigorosamente, na ordem linear:
A autora, vendedora domiciliada na cidade de São Paulo – SP, alegou ter engravidado, após relacionamento amoroso exclusivo com o réu, representante de vendas de empresa sediada em Porto
Alegre – RS.
No entanto, o réu se negou a reconhecer a paternidade ao argumento de que tem dúvidas acerca da �delidade da mãe, já que ele chegava a �car um mês sem ir a São Paulo durante o relacionamento
que teve com a autora.
O réu recebe o salário bruto de R$5.000,00 mensais e arca com o sustento de uma �lha, estudante de 22 anos, e ele não tem domicílio �xo em razão de sua pro�ssão demandar deslocamentos
constantes entre São Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS.
A autora ganha, no presente momento, cerca de dois salários mínimos e as despesas mensais de João totalizam R$1.000,00.
AAtteennççããoo
, Para acessar a breve análise, clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//aannaalliissee..ppddff)).
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Para acessar o Laudo Pericial, clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//llaauuddoo__ppeerriicciiaall..ppddff)).
ASPECTOS LINGUÍSTICOS: NARRATIVA JURÍDICA
Na verdade, o advogado utiliza-se de vários procedimentos linguísticos na elaboração da narrativa jurídica para exercer a persuasão, como:
1
TTeerrcceeiirraa ppeessssooaa ddoo ssiinngguullaarr, que é mais um recurso verbal que provoca efeito de distanciamento do advogado em relação aos fatos narrados, fazendo com que pareçam narrar-se a si mesmos, causando um efeito
de oobbjjeettiivviiddaaddee.
2
O ttrraannssccuurrssoo ddoo tteemmppoo (ou lapso temporal) entre uma ação e outra, praticada pelos sujeitos envolvidos na situação fática, é o eixo principal da ccooeerrêênncciiaa nnaarrrraattiivvaa, pois a progressão da narrativa é sempre
temporal.
A ordem da narrativa dos fatos (linear); mmaarrccooss tteemmppoorraaiiss,, aaddvvéérrbbiiooss oouu llooccuuççõõeess aaddvveerrbbiiaaiiss ddee tteemmppoo, em referências a datas e horas, são todos elementos que orientam de modo mais explícito o leitor quanto
ao eixo da coerência narrativa no transcurso do tempo.
3
A preferência pela oorrddeemm ccrroonnoollóóggiiccaa ou linear em busca de maior clareza textual.
O discurso jurídico é dotado de polifonia. Ou seja, além da voz narradora, outros elementos estão presentes, como vozes. É o caso das partes, testemunhas, autoridade.
Para introduzi-los no discurso, podemos usar a referência indireta, por meio de citações e paráfrases. As paráfrases e citações constituem um recurso frequente nos textos jurídicos. Para inseri-las,
utilizamos os verbos dicendi: dizer, a�rmar, declarar. Dessa forma, garantimos neutralidade ao discurso, deixando a carga interpretativa para a voz introduzida.
DESCRIÇÃO A SERVIÇO DA NARRATIVA: CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO
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Não há como narrar, sem um mínimo de descrição.
A descrição poderia ser concebida independentemente da narração, mas, de fato, nunca é encontrada em estado livre. A narração, por sua vez, não pode existir sem descrição.
Em outras palavras, há sempre uma relação complementar entre as duas formas de expressão. Sendo que, principalmente, do lado da narração, a complementação se faz necessária.
Todavia, se a narração não pode existir sem a descrição, essa dependência não lhe retira a prerrogativa de lhe ser superior.
Não é pelo fato de não se poder narrar sem se referir ou contar com determinados objetos e personagens (partes processuais) que a descrição se eleva à condição de superioridade.
Pelo contrário, pois, por maior que seja sua importância, sempre lhe é atribuído o papel de um simples auxiliar da narrativa.
Diferentemente da dinâmica do �o condutor da narração, na descrição o tempo não corre. Aliás, ele pode até mesmo inexistir.
Em Direito a descrição da circunstância em que o fato ocorreu é muito relevante, pois, por meio dela, será desenhada a quali�cação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identi�cá-lo,
a classi�cação do crime, dentre outros procedimentos, segundo con�gura, por exemplo, no artigo 41 do Código de Processo Penal:
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A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a quali�cação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identi�cá-lo, a classi�cação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
AAtteennççããoo
, Em suma, nos termos o artigo 473 do NCPC, o laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou cientí�ca realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. § 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou cientí�co do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder
da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotogra�as ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
Percebemos que o dispositivo legal enumera o que deve constar do laudo pericial e, principalmente, tenta evitar que esse documento seja apresentado de forma inconclusa.
Exige-se também o emprego de uma linguagem simples e com coerência lógica na linha de raciocínio, assim como devemos evitar qualquer opinião de cunho pessoal que exceda o caráter técnico
da perícia realizada.
NARRATIVO E A DESCRIÇÃO A SERVIÇO DO NARRATIVO NA TIPIFICAÇÃO DA CONDUTA
Elize Araújo Matsunaga foi considerada culpada por júri popular de ter matado o marido Marcos Kitano Matsunaga, em maio de 2012.
O juiz Adilson Paukoski Simoni, do 5º Tribunal do Júri de São Paulo, estabeleceu a pena em 19 anos e 11 meses, em 5/12/16, por homicídio triplamente quali�cado (motivo torpe, meio cruel e
recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e destruição e ocultação de cadáver.
AAtteennççããoo
, Clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//ppaappeell__ppeerriicciiaa..ppddff)) para acessar o texto “O Papel da Perícia Criminal na Busca da Verdade Real”.
VOCÊ SABIA?
Por meio da descrição da circunstância em que o delito ocorreu, tem-se a tipi�cação da conduta, assim como a sua (des)caracterização e se há agravantes ou atenuantes para a conduta praticada.
Dessa maneira, em todas as situações fáticas, na área penal ou não penal, a narrativajurídica vai-se construindo em uma sucessão temporal, e, consequentemente, o juiz, ao buscar compreender o
que se passou com as partes do processo para decidir no presente, participa de uma trama que se liga por um �o condutor que não pode ser apenas descrito, mas também narrado. Por isso,
narrativa jurídica é a maneira mais adequada para se compreender o Direito.
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Contudo, reiteramos que a descrição está também a serviço da narrativa, como na análise criteriosa dos vestígios no local do crime, por exemplo, quando se trata de um laudo pericial, para que se
possa entender como ocorreu o ato criminoso e até auxiliar na identi�cação do criminoso.
Sendo assim, o laudo pericial é uma peça escrita, na qual o perito expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos, as observações detalhadas
minuciosamente e de forma exaustiva que realizou com base nos sinais, pistas e/ou vestígios, as diligências efetuadas, os critérios adotados e os resultados fundamentados e as suas conclusões.
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, Clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//llaauuddoo000055..ppddff)) e aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//llaauuddoo000044..ppddff)) para acessar Laudos periciais.
SELEÇÃO VOCABULAR: MEDIAÇÃO DE CONFLITO E PERÍCIA CRIMINAL
A seleção vocabular é um recurso retórico muito importante, pois a escolha dos termos a serem usados na mediação de con�ito, por exemplo, tem grande poder persuasivo, como a utilização
adequada de substantivos, advérbios e adjetivos pertencentes a um determinado campo semântico em busca de um resultado satisfativo, a começar pela empatia linguística.
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Todo texto, seja aquele que apresenta uma predominância de sequências narrativas ou aquele que apresenta em sua estrutura a predominância de outra tipologia textual, tem por objetivo principal a
adesão de fatos, ideias ou conceitos por parte dos leitores (ou auditório) ou em busca de uma mediação exitosa entre as partes: o uso da linguagem adequada é fator decisivo para que se alcance a
comoção das partes (pathos).
Observe agora exemplos da conduta de um perito:
11
Devemos dizer ao �nal da sessão individual, na forma negativa, “quais pontos não podem ser compartilhados com Paulo”, em vez de dizermos na a�rmativa, “o
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que posso comentar com Paulo?”
22
O perito criminal não deve também, por exemplo, inserir em seu laudo qualquer comentário de caráter subjetivo ou ofensivo a qualquer pessoa, seja pessoa
envolvida no fato que acarretou o exame, seja autoridade pública, independentemente de quaisquer outros fatos que possam atestar a veracidade da sua
a�rmação.
33
Não cabe ao perito dizer que uma pessoa matou outra “covardemente”, que é uma “pessoa fria” ou um “bandido cruel”, ainda que ela tenha recebido várias
condenações criminais que admitam essa conclusão.
44
Não cabe ao perito dizer que uma pessoa matou outra “covardemente”, que é uma “pessoa fria” ou um “bandido cruel”, ainda que ela tenha recebido várias
condenações criminais que admitam essa conclusão.
55
Tampouco cabe ao perito dizer que um crime foi praticado com “requintes de crueldade”, pois essas conclusões cabem ao promotor de justiça e ao juiz, mas
não ao perito.
CONCLUSÃO
• Vimos, então, que, no texto narrativo, a atividade verbal é constante e os fatos se transformam.
• As partes que desenvolvem as suas ações no tempo e no espaço caracterizam os elementos principais de um texto narrativo jurídico.
• Ocorre sempre uma progressão temporal, porque o texto se desenvolve no tempo, uma vez que um fato se sucede a outro fato, como sequências temporais, as quais devem ser realizadas por
verbos nos tempos pretéritos do modo indicativo.
AAtteennççããoo
, Clique aaqquuii ((ggaalleerriiaa//aauullaa77//ddooccss//ffuunnccaaoo__mmooddaalliizzaaccaaoo..ppddff)) para acessar o texto “A função da modalização na fala do mediador: o uso de ir + in�nitivo”.
CONSTRUÇÃO DE FATOS E VERSÕES: A BUSCA DA OBJETIVIDADE E “IMPARCIALIDADE” NOS LAUDOS PERICIAIS,
PARECERES CRIMINAIS, MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Tentaremos explicar, de modo simples e lógico, como ocorre a passagem do fato, do mundo fático para o mundo jurídico, fazendo a leitura da crônica de Veríssimo para melhor compreensão deste
assunto, a �m de que o perito e o mediador de con�ito entendam a importância da objetividade e imparcialidade nas respectivas funções ou exercícios:
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/GON831/galeria/aula7/docs/funcao_modalizacao.pdf
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Entendemos, então, que os fatos ingressam na órbita jurídica não em estado bruto, mas sob a forma de uma narrativa jurídica e
que um mesmo encadeamento narrativo pode ser narrado e interpretado de várias maneiras, observando a função argumentativa
ou persuasiva da narrativa.
Não há, portanto, como não reconhecer o caráter interpretativo da apreensão dos fatos na narrativa jurídica, que devem ser
narrados e descritos em uma linha temporal rigorosamente linear, com um raciocínio lógico, coeso e coerência narrativa.
O perito e o mediador, entretanto, devem, portanto:
Apresentar objetividade, excluir o julgamento com base no pessoal ou na subjetividade e não devem se inspirar em suposições;
Ater-se apenas dentro dos parâmetros da sua área de atuação, expulsando o subjetivo.
ATIVIDADES
QQuueessttããoo 11 -- A partir do caso concreto abaixo, elabore uma NARRATIVA JURÍDICA, obedecendo à metodologia estudada nesta aula:
A internação de João maluco beleza, nesse período, causou uma perda de R$20 mil. Após sua alta, ele retomou sua função como caminhoneiro, realizando novos fretes.
Lá chegando, João foi internado e submetido a exames e, em seguida, a uma cirurgia para estagnar a hemorragia interna sofrida.
João, caminhoneiro autônomo, que tem como principal fonte de renda a contratação de fretes, permaneceu internado por 30 dias, deixando de executar contratos já negociados.
João doidão desmaioucom o impacto, sendo socorrido por transeuntes que contataram o Corpo de Bombeiros, que o transferiu, de imediato, via ambulância, para o Hospital Municipal X.
A internação de João, boa pinta, amado por muitas mulheres, por este novo período, causou uma perda de R$10 mil.
João ingressou com ação indenizatória perante a 2ª Vara Cível da Comarca da Capital contra o Condomínio Bosque das Araras, requerendo a compensação dos danos sofridos, alegando que a
integralidade dos danos é consequência da queda do pote de vidro do condomínio, no valor total de R$30 mil, a título de lucros cessantes, e 50 salários mínimos a título de danos morais, pela
violação de sua integridade física.
Contudo, 20 dias após seu retorno às atividades laborais, João, sentindo-se mal, voltou ao Hospital X.
João andava pela calçada da rua onde morava, no Rio de Janeiro, quando foi atingido na cabeça por um pote de vidro lançado da janela do apartamento 601 do edifício do Condomínio Bosque das
Araras, cujo síndico é o Sr. Marcelo Rodrigues. Foi constatada a necessidade de realização de nova cirurgia, em decorrência de uma infecção no crânio causada por uma gaze cirúrgica deixada no
seu corpo por ocasião da primeira cirurgia. João �cou mais 30 dias internado, deixando de realizar outros contratos.
Resposta Correta
QQuueessttããoo 22 -- Produza uma NARRATIVA JURÍDICA a partir do seguinte caso concreto, utilizando-se do padrão culto da língua. Faça uso do discurso indireto por meio de paráfrase.
Valdete é sua grande amiga e ligou pedindo uma orientação jurídica. Segue a história de Valdete: Doutor, foi uma tragédia! Eu sei que sou vaidosa - e não é porque eu sou angrense não, porque as
cariocas são muito mais, mas na �or dos meus 23 anos é que eu não ia imaginar que eu ia �car careca, doutor!
O senhor sabe que eu sou empregada doméstica, lá no Leblon, no Rio de Janeiro, mas eu moro em Caxias, mesmo. Eu sou doméstica, mas não trabalho há dois anos! Quando o meu cabelo começou
a cair, o pessoal achou que eu estava com AIDS e tudo, foi um horror! Meu cabelo caía, parecia de algodão! Não podia sair na rua, todo mundo zoava! Fora que não pude trabalhar, o pessoal achava
que estava eu doente, já pensou? Tudo porque eu queria arrasar na festa de aniversário da minha irmã; ela é de aquário e faz aniversário dia 19 de junho, a Claudete.
Foi em 10/8/2014, lembro bem. Aí, eu fui lá na farmácia, no dia 19/12/2014, em busca de uma tinta que me deixasse loura como a Madonna - eu sou fã dela, sabe? Aí eu chego em casa, ansiosa e
sonhando com o meu novo visual, e logo aplico a tinta, claro! O funcionário da Perfumaria Márcia, sabe, aquela que �ca ali, perto de onde eu trabalhava, na Ataulfo de Paiva nº 30 não falou nada de
teste do toque, senão eu tinha feito, né? Eu lá quero �car careca, eu hein?
Quando eu fui lá reclamar, ele chega e diz: "Mulher é um bicho vaidoso mermo! Não lê o que tá escrito no produto, vai passando logo, querendo �car igual aos artistas de novela. Dá nisso aí". Anotei
até o nome dele: João Amaral - foi ele que me vendeu a tinta. Fiquei furiosa e a minha patroa, na época, falou para eu falar com o gerente. Eu fui. O nome dele é Leonardo Ferreira. Ele falou: - Veja
bem, 24 horas antes da aplicação, deve ser feito um teste de sensibilidade, usando uma pequena quantidade da tintura, para se comprovar uma eventual reação alérgica. É o chamado "teste do
toque". Como é que eu ia saber? Custava me dizer isso?
Depois é que o marido da minha patroa, que é advogado, me disse: Valdete, em 2014, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro determinou que a Perfumaria Márcia suspendesse a fabricação,
comercialização, venda e uso de dois produtos cosméticos: a água oxigenada cremosa Márcia 30 volumes e o lote 30.410 do produto descolorante em pó com proteínas da Seda, "em virtude da
fabricação em desacordo com as respectivas fórmulas-padrão registradas na Anvisa". O senhor entendeu?
Olha, só, moço, sei que só agora uma amiga, depois de dois anos de muito sofrimento, vivendo dependendo da ajuda dos outros, pegando um dinheiro emprestado aqui outro ali, é que eu comecei a
trabalhar de diarista, lá no Leblon mesmo, mas, antes, ninguém me queria, não. Agora o meu cabelo já cresceu um tiquinho e eu não tenho tanta vergonha de sair na rua. Mas eu sofri muito, sabe?
Resposta Correta
Glossário
AGENCIAR FATOS
Agenciar fatos: É organizar sucessivamente os eventos da experiência temporal humana de forma a dar sequência à história e, por isso, fazer surgir o tempo.

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