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1 REVISE & RESPONDA CONTEÚDO + ORIENTADASFILOSOFIA 2. ANTIGA 2.2 CLÁSSICA “Escola de Atenas”: pintura renascentista do italiano Rafael Sanzio, foi pintada entre 1509 e 1510 sob encomenda do Vaticano. O século V a.C. foi marcante para os gregos, em especial, para os atenienses. Nesse período, ocorreram transformações nas esferas cultural, intelectual e política. Isso porque as antigas perspectivas religiosas e aristocráticas já não atendiam mais as necessidades dos gregos Introdução Impulsionados pelo ideal democrático e visando satisfazer as novas demandas e expectativas sociais é que gradativamente fora desenvolvido um novo modelo educacional com o intuito de preparar o cidadão para a vida política, em especial, para o debate público em espaços como a Ágora. Neste novo modelo de organização do poder político, os cidadãos não podiam deixar de expressar habilidades ligadas ao discurso, ou seja, falar bem em público era um pré-requisito para o exercício da cidadania. Essa nova demanda social contribuiu para o surgimento da fi gura dos sofi stas, ou seja, de educadores voltados ao ensino da retórica. “A paideía era a educação como formação cultural completa e sua fi nalidade era a realização, em cada um, da areté, a excelência das qualidades físicas e psíquicas para o perfeito cumprimento dos valores da sociedade. [...] Ora, numa sociedade urbana, comercial, artesanal e democrática como Atenas, a antiga areté já não fazia sentido, perdera seu lugar [...]. sem dúvida, a cidade precisa de guerreiros belos e bons, mas precisa, antes de tudo e acima de tudo, de bons cidadãos. Para a democracia, a areté aristocrática é inaceitável, pois fundada nos privilégios do sangue e das linhagens. Para formá-lo, uma nova paideía com uma nova areté tornara-se necessária. ” CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 156-157. OS SOFISTAS V ID EO A U LA O termo “sofi sta” vem do grego sophos, que signifi ca sábios. Os sofi stas, em geral, não eram atenienses, mas oriundos das colônias gregas da Jônia e Magna Grécia. Além disso, defendia o humanismo e o relativismo, o que contribuiu para que fossem duramente criticados por Sócrates e seus seguidores. Os sofi stas eram especialistas em retórica e oratória, costumavam percorrer as cidades-Estados fornecendo seus ensinamentos, sua técnica, por isso, acabaram se destacando na formação educacional, principalmente a dos atenienses (Paideia), pois propiciavam uma preparação para a atuação na vida política. O sofi sta Protágoras de Abdera Fonte: Domínio Público A obra mais conhecida de Protágoras é “Sobre a verdade” e seu fragmento mais conhecido é “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”. Esse fragmento sintetiza duas ideias do seu pensamento, o humanismo e o relativismo. Segundo Protágoras, as coisas são como nos parecem ser, como se mostram à nossa percepção sensorial. Dessa forma, percebe-se uma aproximação de Protágoras com os mobilistas e um afastamento da visão eleática de verdade única e imutável. Dessa forma, a realidade estaria em constante transformação, de acordo com a variação do discurso proferido pelos homens. 2 2. ANTIGA | 2.2 CLÁSSICA Sócrates costumava utilizar os espaços públicos para expor seus pensamentos e suas ideias. Ele chamava a atenção dos jovens atenienses para o fato de estarem distante da prática de uma verdadeira democracia. Exatamente por isso foi acusado de não ser religioso e de corromper a juventude. Sócrates acreditava que, para se tornar sábio, o indivíduo deve ser capaz de compreender a si mesmo. Isso fi cou evidenciado na frase “uma vida sem refl exão não vale a pena ser vivida” que é atribuída a ele. O exercício fi losófi co de Sócrates tinha como base o diálogo e este era dividido em duas etapas. Na primeira, chamada por ele de ironia, atitude dissimulado pela qual levava o interlocutor a expor suas opiniões acerca de determinados temas. Nessa fase, Sócrates procurava falhas nos discursos de seus interlocutores. Na segunda etapa, maiêutica, ele tentava levar o interlocutor a elaborar suas próprias ideias, a buscar em si, por meio de um processo refl exivo, as verdades existentes na alma (consciência). Desse modo, ele exerceria uma ação de parteiro da alma, ajudando, assim, a extrair dela os saberes. A condenação de Sócrates Fonte: Domínio Público Alguns atenienses indignados com as provocações de Sócrates nas assembleias e espaços públicos e, entendendo que elas os colocavam em situação vexatória, acusaram-no de induzir os jovens a se comportar de maneira imprópria. Além disso, também alegavam o seu desrespeito em relação aos deuses atenienses. Sócrates foi levado a julgamento e condenado à morte por envenenamento. Entretanto, ele não pediu clemência. Além disso, ele não reconheceu a autoridade dos que o julgavam. Apesar de existir uma possibilidade caso Sócrates confessasse culpa, ele optou por sua fi losofi a e, consequentemente, pela sua morte. Neste momento, fomos apanhados, eu, que sou um velho vagaroso, pela mais lenta das duas, e os meus acusadores, ágeis e velozes, pela mais ligeira, a malvadez. Agora, vamos partir; eu, condenado por vós à morte; eles, condenados pela verdade a seu pecado e a seu crime. Eu aceito a pena imposta; eles igualmente. Platão. Defesa de Sócrates. IN: Apologia de Sócrates. São Paulo : Nova Cultural, 1987, p. 56. ORIENTADA QUESTÃO 01 RES O LU Ç Ã O Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. O sofi sta Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de A determinações biológicas impregnadas na natureza humana. B verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. C mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. D convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. E sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. “O sentido dos acontecimentos é o efeito do discurso proferido pelo homem sobre estes mesmos acontecimentos. Tudo se reduz, então, às signifi cações produzidas pela linguagem. Poderíamos dizer que, para os sofi stas, a verdade de hoje poderá ser a mentira de amanhã, caso o discurso proferido anteriormente fosse substituído por outro. Para os sofi stas, tudo é convenção, podendo essas convenções produzidas pelo homem no seio da cultura variar, por meio de seus discursos, de uma cultura para outra.” TOURINHO, Carlos D. C. Saber-fazer filosofia: da antiguidade à Idade Média. São Paulo: Ideias e Letras, 2010. p. 65. SÓCRATES V ID EO A U LA Fonte: Domínio Público Tudo o que sabemos sobre o pensamento e a vida de Sócrates é oriundo dos textos e comentários dos seus discípulos, pois ele não deixou nada escrito. Sócrates viveu em Atenas entre os séculos V a.C. e VI a.C.. 3 2. ANTIGA | 2.2 CLÁSSICA “Um exemplo seria a conversa dele com Eutidemo. Sócrates perguntou-lhe se ser enganador correspondia a ser imoral. ‘É claro que sim’, respondeu Eutidemo, o que parecia uma obviedade. ‘Mas e se um amigo estimado estivesse muito triste e quisesse se matar, e você roubasse-lhe a faca? Não seria este um ato enganador?’, perguntou Sócrates. ‘Sim, com toda a certeza’ ‘Mas fazer isso não seria moral em vez de imoral? Trata-se de uma coisa boa, não ruim – embora seja um ato enganador’, disse Sócrates. ‘Sim’, respondeu Eutidemo, que a essa altura já havia metido os pés pelas mãos. Sócrates, ao usar um contra exemplo, mostrou que o comentáriogeral de Eutidemo de que ser enganador é imoral não se aplica a todas as situações. Eutidemo não percebera isso antes. WARBURTON, N. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 2. PLATÃO V ID EO A U LA Fonte: Domínio Público Platão nasceu em 429 a.C., portanto, viveu o período fi nal do chamado “século de ouro” da cultura grega, sobretudo a cultura de sua cidade natal, Atenas, o grande centro intelectual das várias cidades gregas. Sua fi losofi a foi escrita em diálogos e abordava temas variados como arte, teatro, ética, conhecimento e política. Platão notabilizou-se na antiguidade por unir as concepções ontológicas dos pré-socráticos, Heráclito (mobilista) e Parmênides (imobilista), em sua “Teoria das Formas”. Segundo a teoria das ideias, existiam dois mundos, o inteligível e o sensível. O mundo sensível seria o mundo visível, ou seja, feita de imagens e sons (mutável, imperfeito e transitório), já o mundo inteligível seria o mundo abstrato, conceitual e, portanto, daria sentido e existência ao mundo visível (imutável, perfeito e eterno). O MITO DA CAVERNA O Mito da Caverna é um diálogo entre Sócrates e Glauco, irmão de Platão. Nele, Sócrates apresenta um mundo em que as pessoas estão acorrentadas observando ilusões como se fossem a realidade. Sócrates continua sua ilustração e diz que um dos prisioneiros foi libertado e, ao voltar e contar para os demais, ele foi rechaçado, pois os demais prisioneiros ofuscados pela luz optaram por permanecer no mundo das sombras. O homem que se liberta é como o fi lósofo: ele vê além das aparências. As pessoas comuns não têm muita noção da realidade porque se contem em olhar o que está diante delas em vez de refl etir profundamente sobre as coisas. Contudo, as aparências são enganosas. O que veem são sombras, não a realidade. WARBURTON, N. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 6. Conforme apontado por Warburton, Platão defendia que o prisioneiro que saiu da caverna foi o fi lósofo, pois entendeu que o conhecimento adquirido pelos sentidos não seria real, mas uma doxa (opinião) e, portanto, precisaria buscar por meio da razão a episteme (conhecimento verdadeiro). 4 2. ANTIGA | 2.2 CLÁSSICA POLÍTICA No livro A República, Platão descreve uma sociedade perfeita. Nela, os fi lósofos ocupariam o posto mais alto da sociedade e, também, governariam os cidadãos. Abaixo estavam os soldados, cuja fi nalidade era defender o país. Na base da sociedade, estariam os trabalhadores. “[...] Teoria da Reminiscência. De acordo com esta teoria, a alma – ainda desencarnada em um estágio anterior – foi capaz de percorrer os céus em contemplação das Ideias eternas. Ao cair na terra para nascer em forma humana, consumou-se, então, um esquecimento temporário dessa contemplação. Ainda assim, traços de memória permanecem no espírito, e tal contemplação poderia, segundo esta teoria, ser relembrada (anamnêsis) por uma análise adequada e pelo questionamento dos dados da experiência. Para Platão, ‘aprender é relembrar’”. TOURINHO, Carlos D. C. Saber-fazer filosofia: da antiguidade à Idade Média. São Paulo: Ideias e Letras, 2010. p. 89-90. ARISTÓTELES V ID EO A U LA Fonte: Domínio Público Aristóteles nasceu na Macedônia em 384 a.C., estudou com Platão e foi preceptor de Alexandre, o Grande. Apesar de ter sido discípulo de Platão, Aristóteles rejeitou a “Teoria das Formas” desenvolvida pelo seu mestre, pois acreditava que a maneira de entender qualquer categoria geral era examinando seus exemplares particulares. Aristóteles é considerado fundador da Lógica Clássica. Para ele, a lógica nos capacita a descobrir erros e estabelecer verdades. Ele foi o formulador do Silogismo. Desta forma, por estabelecer as regras do raciocínio correto, a lógica serve de orientação para as demais ciências. Silogismo: é um tipo de raciocino em que a conclusão pode ser deduzida com base em premissas e suposições específi cas. Ex.: Todas as pessoas gregas são humanas Todos os humanos são mortais Logo, todos os gregos são mortais. METAFÍSICA Aristóteles acreditava que o mundo era feito de substâncias que podiam ser tanto forma quanto matéria ou ambos e que a inteligibilidade estava presente em todas as coisas e em todos os seres. Sendo assim, para ele, a matéria é o princípio de individualização e a forma a maneira como, em cada indivíduo, a matéria se organiza. Aristóteles propõe ainda quatro distinções adicionais acerca do “ser”, em seu livro “Metafísica”: Essência e Acidente; Necessidade e Contingência; Ato e Potência; Causas do Ser. I. Essência e Acidente: A essência é aquilo que faz uma coisa ser o que é. Já o acidente, refere-se às mudanças sofridas pelo ser sem que isso afete sua natureza essencial. Exemplo: Sócrates é um ser humano, o que designa sua essência, Sócrates é calvo, a calvície não altera a natureza essencial de Sócrates. II. Necessidade e Acidente: Necessidade seria a essencial, pois sem elas as coisas não seriam o que são, ou seja, as características essenciais são necessárias. Contingentes são características não essenciais do ser, ou seja, os acidentes. III. Ato e Potencia: Ato é a forma do que a substancia expressa, mediante uma dada organização da matéria, naquele exato momento. Potência diz respeito ao conjunto de formas possíveis que a coisa poderá atualizar, ainda que não tenha até o presente momento atualizado. Exemplo: Uma semente é semente em ato e uma árvore em potencial. Já a árvore é arvore em ato e lenha em potencial. Semente Árvore IV. Quatro causas dos seres: a) Causa material: explica do que algo é feito; b) Causa formal: explica qual forma algo assume; c) Causa efi ciente: explica o processo de como algo vem a ser; d) Causa fi nal: explica o propósito a que algo serve. 5 2. ANTIGA | 2.2 CLÁSSICA POLÍTICA Animal Político Não alimente. Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25 Para Aristóteles, “o homem é um animal político”, ou seja, a política nasceu de uma necessidade natural do homem que é inclinado por sua natureza à vida em comunidade. Desta forma, para ele, a ideia de viver em sociedade é uma condição essencial para o homem. Aristóteles entendia que a política tinha por fi nalidade o “bem comum” e os governantes deveriam possuir qualidades excepcionais. Sendo assim, para ele, o bom governante seria aquele que governava para todos e não para uma minoria privilegiada socialmente nem para uma maioria marcada pela exclusão e pela exploração. Pensando assim, ele apontou três formas justas de governo: Monarquia Governo de uma só pessoa Aristocracia Governo de um grupo de pessoas. Politeia Governo de todos. ÉTICA QUINO, J. S. L. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.217. Aristóteles acreditava que a felicidade (eudaimonia) era o bem supremo e o fi m perseguido por todos. Sendo assim, a virtude seria o meio utilizado pelas pessoas para atingir a felicidade. E a virtude exige simultaneamente escolha e hábito. Para ele, uma escolha virtuosa seria o meio-termo entre dois eixos. Entretanto, para que um indivíduo atinja um nível elevado de virtude seria necessário um ambiente adequado, o que exige um governo adequado. Portanto, para esse pensador, ética e política andariam lado a lado e seriam ferramentas para atingir a felicidade/bem comum. ORIENTADA QUESTÃO 02 RES O LU Ç Ã O (UECE) Leia atentamente os trechos a seguir, que são fragmentos das análises de Platão e Aristóteles sobre os sistemas de governo – suas opiniões sobre a democracia: “A democracia se divide em várias espécies. Nas cidades que se tornaram maiores ela exibe a igualdade absoluta, a lei coloca os pobres no mesmo nível que os ricos e pretende que uns não tenham mais direitos do que os outros. O Estado cai no domínio da multidão indigente. Tal gentalha desconhece que a lei governa, mas onde as leis não têm força pululam os demagogos”.ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto L. F. São Paulo: Martins Fontes, 1998. . “A passagem da democracia para a tirania não se fará da mesma forma que a da oligarquia para a democracia? Do desejo insaciável de riquezas? De tão-somente ganhar dinheiro, proveio a ruína da oligarquia. E o que destruiu a democracia, não foi a avidez do bem que ela a si mesma propusera? Qual foi o bem a que ela se propôs? – A liberdade. Da extrema liberdade nasce a mais completa e selvagem servidão”. PLATÃO: as grandes obras. A república. Livro VIII. Tradução Carlos A. Nunes, Maria L. Souza, A. M. Santos. Edição do Kindle, 2019. Adaptado. Considerando o trecho acima, e o pensamento político dos dois fi lósofos da antiguidade, atente para o que se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) Para Platão, a melhor forma de governança era a aristocracia, na qual os melhores, por serem mais sábios, deveriam governar; entretanto, esta poderia se corromper e tornar-se uma timocracia. ( ) Aristóteles considerava a monarquia a pior das formas de governo. O governo de um só seria errado por corromper a natureza política dos indivíduos, um desvio para o governante. ( ) Diferente de Platão, Aristóteles entendia que a democracia era a melhor forma de governo, desde que não se corrompesse e se transformasse em uma demagogia. ( ) Tanto Platão como Aristóteles buscaram estabelecer, cada um a seu modo, os parâmetros de um bom e justo governo. Nenhum deles, entretanto, tinha admiração pela democracia, sobretudo em seu formato puro. A sequência correta, de cima para baixo, é: 6 2. ANTIGA | 2.2 CLÁSSICA A V, F, V, F. B V, F, F, V. C F, V, F, V. D F, V, V, F. ORIENTADA QUESTÃO 03 RES O LU Ç Ã O (UNIOESTE) “Então, considera o que segue (...). O que me parece é que, se existe algo belo além do Belo em si, só poderá ser belo por participar desse Belo em si. O mesmo admito de tudo mais. Admites essa espécie de causa?” PLATÃO, Fédon, 100 c. Belém: Ed. UFPA, 2011. Sobre o excerto acima, considere as seguintes afi rmações: I. A hipótese platônica das Ideias (ou hipótese das Formas) compreende a Ideia como causa do ser das coisas. II. “Participação” é o modo pelo qual a Ideia dá causa às coisas. III. O Belo corresponde à Forma; a coisa bela é a Ideia. IV. A teoria ou hipótese das Ideias distingue entre entidades supratemporais que são em si mesmas, frente a entidades que não são por si mesmas e estão submetidas ao devir. As primeiras são causa do ser das últimas. Sobre as afi rmações acima, assinale a alternativa CORRETA. A Somente uma está incorreta. B Somente uma está correta. C Duas estão corretas e duas estão incorretas. D Todas estão corretas. E Todas estão incorretas. ORIENTADA QUESTÃO 04 RES O LU Ç Ã O (UECE) “O silogismo é uma locução em que uma vez certas suposições sejam feitas, alguma coisa distinta delas se segue necessariamente devido à mera presença das suposições como tais. Por ‘devido à mera presença das suposições como tais’ entendo que é por causa delas que resulta a conclusão, e por isso quero dizer que não há necessidade de qualquer termo adicional para tornar a conclusão necessária” ARISTÓTELES. Órganon: Categorias, Da interpretação, Analíticos anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos, Refutações sofísticas. Bauru, SP: EDIPRO, 2010, p. 111. Considerando o enunciado acima, constante no livro I dos Analíticos anteriores, atente para o que se afi rma a seguir, e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) Trata-se da defi nição de silogismo, termo fi losófi co com o qual Aristóteles designou a conclusão deduzida de premissas, a argumentação lógica perfeita. ( ) Expõe as bases do argumento indutivo com três proposições declarativas (duas premissas e uma conclusão) que se conectam de tal modo que, a partir de premissas, é possível induzir uma conclusão. ( ) Expressa a importância dada por Aristóteles à correção lógica do raciocínio empregado na construção do conhecimento do Ser das coisas. ( ) O silogismo não trata do conteúdo do que se afi rma, mas permite se chegar a conclusões verdadeiras, desde que baseadas em princípios gerais verdadeiros. A sequência correta, de cima para baixo, é: A F, F, V, F. B F, V, F, V. C V, V, F, F. D V, F, V, V. ORIENTADA QUESTÃO 05 RES O LU Ç Ã O (UECE) Observe a seguinte frase atribuída a Otto Von Bismarck, estadista e diplomata alemão do século XIX: “Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefi ro aprender com os erros dos outros”. Tendo como base a defi nição estabelecida por Aristóteles, em sua Metafísica, sobre os graduais níveis de conhecimento (sentidos, memória, experiência e ciência), é correto dizer que a frase acima, proferida pelo líder Prussiano, da República de Weimar, representa A a demonstração do conhecimento que é dado pelos sentidos, pois Bismarck revela ter sensibilidade para perceber como agir a partir dos erros alheios. B o conhecimento propiciado pela memória quando o líder alemão demonstra decidir suas ações a partir da lembrança do que fi zeram de errado os seus interlocutores. C o conhecimento da experiência de um político de anos de atuação, que jamais agiu sem aguardar a ação de seus opositores. D um saber no nível da ciência, mais precisamente, de uma das ciências práticas, a política: um saber de caráter universal, obtido a partir das várias experiências singulares. ORIENTADA QUESTÃO 06 RES O LU Ç Ã O (UNIOESTE) Leia os dois trechos a seguir. “(...) a imaginação é algo diverso tanto da percepção sensível quanto do raciocínio (...) imaginação será o movimento que ocorre pela atividade da percepção sensível. (...) E porque [as imagens produzidas passivamente a partir da percepção sensível] perduram e são semelhantes às percepções sensíveis, os animais fazem muitas coisas com elas: (...) como os homens, por terem o intelecto algumas vezes obscurecido pela doença ou pelo sono.” ARISTÓTELES, De Anima. Trad.: Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: 7 2. ANTIGA | 2.2 CLÁSSICA “(...) em geral, a palavra imagem está cheia de confusão na obra dos psicólogos: veem-se imagens, reproduzem- se imagens, guardam-se imagens na memória. A imagem é tudo, exceto um produto direto da imaginação. Na obra de Bergson Matéria e Memória, em que a noção de imagem tem uma grande extensão, uma única referência (p. 198) é dedicada à imaginação produtora. Essa produção fica sendo então uma atividade de liberdade menor, que quase não tem relação com os grandes atos livres, trazidos à luz pela filosofia bergsoniana. (...) Propomos, ao contrário, que se considere a imaginação como um poder maior da natureza humana. Certamente não adianta nada dizer que a imaginação é a faculdade de produzir imagens. Mas essa tautologia tem ao menos o interesse de deter as assimilações das imagens às lembranças.” BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad.: A.C. Leal; Lídia Leal. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984. Segundo os trechos de Aristóteles e de Bachelard, acima, é CORRETO dizer que: A Aristóteles e Bachelard coincidem na avaliação da imaginação passiva e na avaliação da imaginação produtiva. B Aristóteles afirma que os seres humanos se valem da imaginação somente quando privados da intelecção. Essa mesma tese é partilhada, mais de dois mil anos depois, por Bachelard, que critica a subordinação da imaginação à memória, como era frequente para a psicologia de sua época e observado mesmo em Bergson. C em Aristóteles, a imaginação é uma mudança provocada pela percepção sensível de algo, mas essa mudança não é ainda o raciocínio. Somente aquele que dorme ou está doente recorre à imaginação para compreender a realidade. Gaston Bachelard, contrariamente, advoga uma imaginação produtiva, de poder tão grande quanto a memória ou quanto a razão nanatureza humana. D no passado clássico grego, a imaginação era objeto de defesa dos filósofos, pois as divindades eram todas imaginárias; por isso Aristóteles, para denunciar esse traço, estuda a imaginação ao lado da percepção (dependendo dela) e do raciocínio (menor que ele). A razão, assim, supera o mito. Já o pensador francês contemporâneo Gaston Bachelard põe a imaginação produtiva acima de todas as faculdades humanas e, com isso, abre as portas a um novo misticismo religioso. E as teses de Aristóteles e de Bachelard divergem quanto à imaginação passiva, dependente da percepção e subordinada à razão, mas convergem quanto à imaginação produtiva, autônoma em relação à percepção sensível. GABARITO QUESTÕES ORIENTADAS 01 D 02 B 03 A 04 D 05 D 06 C Acertos Erros Rendimento % TOTAL DE ACERTOS Total Questões 19 Total Acertos Rendimento %
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