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PSIC E CRIMIN - AULA 01

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PSICOLOGIA E CRIMINOLOGIA 
As ciências criminais integram a análise do Direito Penal, da Criminologia, da Sociologia Criminal e da Política Criminal, vale destacar os conceitos:
DIREITO PENAL = analisa os fatos humanos que devem ser considerados malquistos, atribuindo pena aos que devam ser considerados infrações penais, instituídos em norma.
CRIMINOLOGIA = ciência empírica que tem por fim o estudo do crime, do criminoso, da vítima e o comportamento da sociedade, analisando o crime enquanto fato;
POLÍTICA CRIMINAL = analisa estratégias e meios para tornar eficaz o controle social da criminalidade, compreendendo o crime enquanto valor;
SOCIOLOGIA CRIMINAL = é o ramo da sociologia que estuda a motivação e a continuidade do crime na sociedade;
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Criminologia sempre esteve presente no desenvolvimento humano, ainda que de forma não sistematizada. Os autores divergem, no entanto, sobre o momento histórico em que a criminologia passou a ser estudada cientificamente.
Zaffaroni afirma que entre o final do Império Romano e o início da Idade Média a criminologia existia, porém, não possuía um esquema próprio de teoria. A maioria dos autores defende que a Criminologia passou a ser reconhecida com certa autonomia científica com Lombroso, fundador da criminologia moderna com a publicação do livro “O homem delinquente” em 1876.
Outros autores dizem que foi o antropólogo francês Paul Topinard como marco da fase científica da Criminologia, que utilizou a palavra “criminologia” pela primeira vez em 1879. Há, ainda, autores que defendem a ideia de que teria sido Rafael Garófalo quem, em 1885.
PERÍODOS HISTÓRICOS
Antiguidade
Na Antiguidade não havia ainda um estudo sistematizado sobre o fenômeno criminal, mas o Código de Hammurabi aparece como um arcabouço de regramentos sobre crimes, criminosos e respectivas penas.
Neste período, destacavam-se as explicações sobrenaturais ou religiosas sobre o mal e o crime. Além disso, o crime também era visto como tabu ou pecado, avaliado em termos éticos e morais, e o criminoso como uma personalidade diabólica (Demonismo).
Século XVI
A desorganização social e a pobreza são relacionadas com a delinquência pelo Inglês Thomas Morus, em sua obra Utopia (1516). O crime, portanto, seria um reflexo da própria sociedade.
Século XVII/XVIII
Antes ser reconhecida como ciência, ou seja, em sua fase pré-científica, o desenvolvimento da Criminologia se fundamentava em contribuições de pseudociências, tais como: Demonologia, Fisionomia, Frenologia.
FASE PRÉ CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA (pseudociências):
Demonologia
Observação: ≠ DEMONOLATRIA
Demonologia é o estudo da natureza e qualidade dos demônios; indivíduos mais afetados foram os doentes mentais, confundidos com endemoniados/possuídos. A associação era, inclusive, classificada conforme fosse o diabo que possuía o enfermo. 
FASE PRÉ CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA (pseudociências):
- Frenologia
Franz Joseph Gall
 (1758-1828)
Consiste na identificação da localização física de cada função do cérebro (por isso também é conhecida como TEORIA DA LOCALIZAÇÃO ou TEORIA DO CRÂNIO); entendiam que a explicação para o comportamento delitivo estaria do crânio, não havendo – portanto – o livre arbítrio por causa disso; Franz Gall identificou 38 regiões em sua criação de mapa cerebral, com as faculdades intelectivas relacionadas a elas.
Tendência homicida situava-se acima e à frente das orelhas;
Tendência à discussão, pessoas com cabeças mais largas.
FASE PRÉ CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA (pseudociências):
- Penologia
John Howard (1726-1790)
Jeremy Bentham
(1748-1832)
A pena devia ser estabelecida com base no criminoso e não no crime.
FASE PRÉ CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA (pseudociências):
Fisionomia 
Della Porta
(1545-1616)
Johann Kaspar Lavater
(1741-1801)
“gente bonita não comete crime”
A feiura é pareada ao conceito de maldade; analisava-se a relação entre a estrutura corporal do indivíduo e a sua personalidade.
Segundo Eduardo Viana, “o mérito da fisionomia foi trazer para o centro das investigações científicas o protagonista do fenômeno do crime, ou seja, o criminoso. Basta mencionar a necessária observação descrição do suposto criminoso no retrato falado e a sua importância para o esclarecimento dos crimes”.
FASE PRÉ CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA
- Psiquiatria
Philippe Pinel
(1745-1826)
Jean-Etienne Esquirol
(1772-1840)
Marco inicial no Século XVIII com ó médico francês Philippe Pinel, responsável pela realização dos primeiros diagnósticos que diferenciavam o criminoso do enfermo mental; promoveu a separação do binômio enfermidade mental-delinquência e propiciou a criação de asilos destinados a diagnósticos clínicos e tratamento dos enfermos mentais.
Bénédict Augustin Morel (1809-1873)
FASE CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA
Cesare Lombroso e a obra “L'Uomo Delinquente”
1ª publicação = 1876
Sofreu influência da frenologia e da fisionomia.
Na obra, Lombroso aborda a questão do surgimento do delito como um fator natural, baseando-se em exemplos de animais e plantas; também menciona sobre características que a sociedade usa para rotular um indivíduo como criminoso, como por exemplo, uso de tatuagens, jargões (gírias); menciona sobre a sensibilidade do delinquente quanto à dor e quanto ao afeto; aborda os fatores de demência moral e delinquência infanto-juvenil: “O menino representaria como um ser humano privado de senso moral sendo, portanto muito comum o uso das mentiras para conseguir o que se deseja, ou por ciúme, ou por preguiça, etc.
A consciência moral seria formada posteriormente, com o avanço da idade através do interesse, amor próprio, paixão, desenvolvimento da inteligência e da reflexão que determinam a extensão do bem e do mal, a simpatia, a força do exemplo, o medo da repreensão... Portanto, a demência moral se origina da ausência desses freios desde a infância “cujos maus hábitos, não interrompidos pela educação, seria como uma continuação.”(p. 71); analisa como as sanções e meios preventivos podem influenciar na redução da citada demência moral; explica a evolução da pena, passando pelos aspectos de vingança privada, religião e, por fim, o prisma jurídico:  “(...) o impulso que mais contribuiu para a reação contra o delito foi o da vingança; (...) pode-se concluir, sem que pareça blasfêmia, que a moralidade e a pena nasceram, em grande parte do crime”; 
E O QUE É A CRIMINOLOGIA?
Nelson Hungria: 
“Criminologia é o estudo experimental do fenômeno crime, para pesquisar-lhe a etiologia e tentar a sua debelação por meios preventivos ou curativos”
Antonio García-Pablos de Molina leciona que criminologia
 
“É uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social do comportamento delitivo, e trata de ministrar uma informação válida e contrastada sobre a gênese, dinâmica e variações principais do crime, contemplando-o como problema individual e social, assim como sobre os programas para sua prevenção especial, as técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e os diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.”
Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli conceituando como sendo 
“a disciplina que estuda a questão criminal do ponto de vista biopsicossocial, ou seja, integra-se com as ciências da conduta aplicadas às condutas criminais”
Para Roberto Lyra
 “é a ciência que estuda: 
a) as causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade; 
b) as manifestações e os efeitos da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade; 
c) a política a opor, assistencialmente, à etiologia da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade, suas manifestações e seus efeitos.”
Método da CRIMINOLOGIA
EMPÍRICO
ANÁLISE
OBSERVAÇÃO
INDUÇÃO
Escola Clássica se valia de um método abstrato, formal e dedutivo. Analisa-se primeiro a regra geral para depois se ingressar no caso concreto. 
Escola Positiva utilizao método empírico e indutivo, baseado na observação da realidade (“mundo do ser”). A interdisciplinariedade é aliada deste método.
 OBS:
Método dedutivo: parte de uma premissa geral em direção a outra, particular ou singular.
Ex: Todos os animais são mortais. Gato é um animal.
Logo, o gato é mortal.
Método indutivo:  parte de uma premissa singular ou particular para outra, geral.
Ex. Gato é mortal. Cão é mortal. Porco é mortal. Logo todo animal.
INTERDISCIPLINARIDADE ≠ MULTIDISCIPLINARIDADE
Interdisciplinar é o que se interliga com diversos conhecimentos de forma recíproca e coordenada;
Multidisciplinar é a composição de mais de uma área de conhecimento, sem, necessariamente, uma relação de uma com a outra.
OBJETOS DE ESTUDO DA CRIMINOLOGIA
Objetos de estudo da CRIMINOLOGIA
Delito
Delinquente
Vítima
Controle Social
DELITO PARA O DIREITO PENAL:
“delito é uma conduta humana individualizada mediante um dispositivo legal (tipo) que revela sua proibição (típica), que por não estar permitida por nenhum preceito jurídico (causa de justificação) é contrária ao ordenamento jurídico (antijurídico) e que, por ser exigível ao autor que atuasse de outra maneira nessa circunstância, lhe é reprovável (culpável)”. (Zaffaroni)
DELITO
PLANO FORMAL
PLANO MATERIAL
Vinculado à existência de uma lei penal que descreva o ato como infração penal
Vinculado ao ato que causa danosidade social ou provoque lesão ao bem jurídico
Relação com o conceito analítico de CRIME (majoritariamente entendido como fato típico, analítico e culpável, com todos os seus elementos)
Objetos de estudo da CRIMINOLOGIA
Delito
Delinquente
Vítima
Controle Social
Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria (1738-1794) – “dos delitos e das penas”
1º
2º
Influência de Pietro Verri para a escrita da obra
Cesare Lombroso – 1876 – “o homem delinquente”
Simultaneamente idealizadas a partir das décadas de 1940-50
DELITO NO ÂMBITO DA CRIMINOLOGIA
De acordo com a criminologia, o delito trata-se de um aspecto global, sendo um problema social e comunitário a ser analisado, compreendido, elucidado e descrito. É a criminologia que fornece os dados de como e porquê à ciência do Direito Penal.
Incidência Massiva-
Incidência Aflitiva-
Persistência Espaço-temporal-
Consenso Inequívoco-
CRIMINOSO
Não é tarefa fácil compreender o criminoso e o que o leva a delinquir.
Ao longo do tempo várias definições foram utilizadas, desde as mais básicas até as mais complexas. 
As diferentes escolas criminológicas estudaram e compreendiam o criminoso de forma particular, vejamos:
Escola clássica: pecador (podia escolher fazer o bem, mas escolhia o mal);
Escola positiva: atávico (o criminoso já nasce criminoso, não há escolha. Critério biológico);
Escola correcionalista: ser inferior (Cabe ao Estado sua recuperação a partir de práticas pedagógicas);
Marxismo: O criminoso é vítima das estruturas sociais e econômicas;
Atualmente: pessoa normal que, por "n" fatores externos e internos a si (são muitas e complexas as possibilidades, com desdobramentos e variáveis ainda a se descobrir e compreender), descumpre regras preestabelecidas.
 vítima
Conceito- vítima pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que tenha sofrido uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado.
Os estudos criminológicos, resgataram a importância da vítima, notadamente na segunda metade do século XX.
O estudo da vítima passa por três fases históricas:
A idade do ouro: vítima valorizada com poder de escolher a forma como vai solucionar o conflito (vingança ou compensação)
Neutralização do poder da vítima: vítima é uma testemunha de menor importância.
Revalorização do papel da vítima: a importância da vítima é retomada sob um enfoque mais humano.
CONTROLE SOCIAL
O controle social pode ser popularmente traduzido como estruturas capazes de produzir no indivíduo um modelo de conduta que se ajuste aos padrões sociais. Podendo ser exercido de diversas formas, desde as mais brandas, até as mais severas.
As duas principais formas de controle social são:
Formal: controle exercido pelo Estado na falha do controle social informal.
Informal: digamos que seja um “controle de guerrilha”: conjunto de valores e noções anti-criminais que são ensinados ao indivíduo e disseminados em ambientes sociais, havendo a criação de uma consciência ética que reprova o comportamento desviante.
AGENTES DE CONTROLE SOCIAL: a necessidade da informação para efetivação de uma sociedade em equilíbrio:
FAMÍLIA
COMUNIDADE
POLÍCIA
JUDICIÁRIO
ESCOLAS/UNIVERSIDADES
Funções da CRIMINOLOGIA
Explicar e prevenir eficazmente o delito;
Intervir na pessoa do infrator;
Avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime;
Buscar critérios e soluções aos conflitos sociais vinculados à criminalidade;
Ser fonte dinâmica de informações sobre delitos, entre outras.
Segundo Luiz Flávio Gomes e Antonio Garcia-Pablos de Molina, são funções da criminologia:
 
1- Explicar o crime;
2- Definir o crime;
3- Prevenir o crime;
4- Intervir no infrator;
5- Avaliar modelos de respostas ao crime (GOMES, Luiz Flávio. MOLINA, Antonio Gárcia-Pablos de. Criminologia 5º Ed. Ed, RT, São Paulo, 2006)
 
Direito Penal é uma ciência jurídica, cultural e normativa, do “dever ser”.
A criminologia é interdisciplinar porque não se limita a uma só área científica para seus estudos.

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