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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Higiene do Trabalho: Riscos Físicos e Biológicos Agentes Biológicos Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução; • Análise de Risco e NR-32; • NR-15; • Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Fonte: Getty Im ages Objetivos • Fornecer o conteúdo teórico básico para entendimento dos agentes biológicos; • Relacionar as exigências normativas; • Demonstrar medidas de controle para os agentes biológicos. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Agentes Biológicos UNIDADE Agentes Biológicos Contextualização Por fazerem parte da natureza, os agentes biológicos constituem os mais antigos riscos ocupacionais. Ramazzini, considerado o pai da medicina do trabalho, descreveu o que chamava de “a doença dos coveiros” em 1700: Quando os coveiros descem a esses antros fétidos, cheios de cadáveres semipútridos, para depositarem outros mortos que trazem, expõem- -se a perigosas doenças, como febres malignas, morte repentina, ca- quexia, hidropisias, catarros sufocantes e outras doenças mais, muito graves; apresentam face cadavérica e aspecto amarelado, como quem vai trabalhar no inferno. Pode-se acreditar que a causa mais ativa e pior desses males pestíferos está na descida ao sepulcro, pois, no seu interior, respira-se necessariamente uma atmosfera pestilenta à qual se incorporam os espíritos animais (cuja natureza deve ser etérea), inabilitando-os para a sua função, isto é, para a manutenção de toda a máquina vital. (RAMAZZINI, 1992) Os riscos biológicos estão presentes em diversos segmentos de trabalho, indústrias alimentícias, farmacêuticas, coleta e industrialização de lixo, trabalhos envolvendo esgo- tos, entre outros, mas principalmente naqueles relacionados à área da saúde. Até a dé- cada de 1970, não havia uma preocupação sistemática com os riscos ocupacionais dos profissionais da área da saúde. Desde os primeiros casos de transmissão ocupacional do HIV na década de 1980, diversas organizações nacionais e internacionais se dedicam a desenvolver protocolos para minimizar as ocorrências de doenças e acidentes de traba- lho relacionados à exposição a agentes biológicos. Não obstante a existência do risco, a probabilidade de contaminação é agravada pela precariedade das condições de trabalho e higiene e falta de conhecimento acerca do gerenciamento de riscos biológicos. Daí a importância de reconhecer, avaliar e controlar adequadamente os agentes biológicos nos ambientes de trabalho. 6 7 Introdução Segundo a NR-9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA –, consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, ví- rus, entre outros. Já a NR-32, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, define agentes biológicos como micro-organismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2014-1). Micro-organismos são formas de vida de dimensões microscópicas. Dentre os que causam danos à saúde humana, incluem-se bactérias, fungos, alguns parasitas (proto- zoários) e vírus. Quando os micro-organismos têm seu material genético alterado por meio de técnicas de biologia molecular, os mesmos são chamados de micro-organismos geneticamente modificados (BRASIL, 2008). Quando possuem agentes biológicos patogênicos, as culturas de células de organis- mos multicelulares, o crescimento in vitro de células derivadas de tecidos ou órgãos de organismos multicelulares, em meio nutriente e em condições de esterilidade, podem causar danos à saúde humana (BRASIL, 2008). Organismos unicelulares ou multicelulares que sobrevivem e se desenvolvem às cus- tas de um hospedeiro são denominados de parasitas. Substâncias secretadas (exoto- xinas) ou liberadas (endotoxinas) por alguns micro-organismos e que causam danos à saúde humana, são chamadas de toxinas. Já os príons são estruturas proteicas alteradas relacionadas como agentes etiológicos das diversas formas de encefalite espongiforme (BRASIL, 2008). Diversos animais e plantas produzem substâncias alergênicas, irritativas e tóxicas com as quais os trabalhadores entram em contato. Porém, com exceção dos parasitas e fungos, organismos multicelulares não foram incluídos como agentes biológicos (BRA- SIL, 2008). Análise de Risco e NR-32 Ainda que a NR-32 seja destinada à Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, muitos dos seus princípios podem ser aplicados em atividades de outros setores com exposição a agentes biológicos. Conforme a NR-32, considera-se risco biológico a probabilidade da exposição ocupa- cional a agentes biológicos (BRASIL, 2014-1). Com relação à gestão da exposição ocu- pacional dos trabalhadores a agentes biológicos, a NR-32 prevê que, além dos requisitos da NR-9 (PPRA), seja feita uma identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e da característica do serviço e seus setores (BRASIL, 2014-1). Geralmente, as informações relativas aos agentes biológicos epidemiologicamente mais frequentes podem ser obtidas nas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), a partir de dados ou registros de atendimento (Serviço de Assistência Médica 7 UNIDADE Agentes Biológicos e Estatística, prontuários etc.), nos serviços de vigilância epidemiológica municipais, estaduais e do Distrito Federal, no serviço médico de atendimento aos trabalhadores ou Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e no Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2008). Essa identificação deve considerar: • fontes de exposição (pessoas, animais, objetos ou substâncias que abrigam agentes biológicos) e reservatórios (pessoas, animais, objetos ou substâncias nos quais um agente biológico pode persistir, manter sua viabilidade, crescer ou multiplicar-se); • vias de transmissão (percurso entre a fonte de exposição até o hospedeiro – direta – sem veículos ou vetores, por exemplo, transmissão por bioaerossóis, por gotículas ou contato com a mucosa dos olhos, ou indireta – por meio de veículos ou vetores, por exemplo, transmissão por meio de mãos, perfurocortantes, instrumentos, lu- vas, roupas, água, alimentos, superfícies etc.); • vias de entrada (tecidos ou órgãos por onde um agente penetra em um organismo – cutânea, parenteral, mucosas, respiratória ou oral); A via respiratória está susceptível à absorção de agentes biológicos nas formas de gotícu- las (partículas maiores que 5µ que atingem a via respiratória alta – fossas nasais e mu- cosa da cavidade bucal. Ex.: meningite, pneumonia, rubéola etc.) ou aerossóis (partículas menores, que permanecem no ar por mais tempo,atingindo regiões mais profundas do trato respiratório. Ex.: herpes, tuberculose, varicela, etc.). As medidas de proteção mais eficazes consistem na utilização de barreiras entre a fonte de exposição e o trabalhador, por exemplo, adoção de sistemas de ar com pressão negativa, isolamento do infectado e uso de máscaras. • transmissibilidade (capacidade de transmissão de um agente a um hospedeiro), pa- togenicidade (capacidade de causar doença em um hospedeiro) e virulência (grau de agressividade – coeficientes de letalidade e gravidade) do agente. A identificação desses agentes é relevante na priorização das medidas de controle; • persistência do agente biológico no ambiente, incluindo em condições ambientais adversas, tais como a exposição à luz, à radiação ultravioleta, às temperaturas, à umidade relativa e aos agentes químicos; • estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; • outras informações científicas (BRASIL, 2008, 2014-1). Ainda, a avaliação do local de trabalho e do trabalhador deve considerar: • a finalidade e descrição do local de trabalho (descrição física contendo, entre outros dados, a altura do piso ao teto, o tipo de paredes e do piso, laváveis ou não, os tipos e os sistemas de ventilação, a existência de janelas, com ou sem tela de proteção, o tipo de iluminação, o mobiliário existente, possibilidade de descontaminação, a presença de pia para higienização das mãos etc.); 8 9 • a organização e procedimentos de trabalho (turnos, escalas, pausas para o descan- so e refeições, relacionamento entre os membros da equipe e a chefia, distâncias a serem percorridas para a realização dos procedimentos, existência de procedimen- tos escritos e determinados para a realização das atividades, diferença entre tarefa prescrita e real etc.); • a possibilidade de exposição (em função da situação de trabalho e das característi- cas de risco dos agentes biológicos mais prováveis); • a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho; • as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento, incluindo sua pertinên- cia, eficiência e eficácia (BRASIL, 2008, 2014-1). Dentre as medidas profiláticas eficazes, incluem-se as vacinas e a adoção de medidas sanitárias, tais como controle de vetores (COSTA, 2010). Ainda, fatores relacionados aos trabalhadores, tais como estado de saúde do indiví- duo, idade, sexo, fatores genéticos, susceptibilidade individual (sensibilidade e resistência com relação aos agentes biológicos), estado imunológico, exposição prévia, gravidez, lactação, consumo de álcool, consumo de medicamentos, hábitos de higiene pessoal e uso de equipamentos de proteção individual, devem ser considerados na análise de risco (COSTA, 2010). A NR-32 também estabelece requisitos para a exposição acidental a agentes biológi- cos, quando devem ser definidos: • procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acompanhamento e prevenção da soroconversão e das doenças; • medidas para descontaminação do local de trabalho; • tratamento médico de emergência para os trabalhadores; • identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas pertinentes; • relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar assistência aos tra- balhadores; • formas de remoção para atendimento dos trabalhadores; • relação dos estabelecimentos de assistência à saúde depositários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, materiais e insumos especiais (BRASIL, 2014-1). Saiba mais sobre acidentes envolvendo materiais biológicos entre os profissionais da saúde em: http://bit.ly/2QhREDI e http://bit.ly/2QjnQGH Cabe ressaltar a importância da composição multiprofissional e da abordagem inter- disciplinar nas análises de risco. Elas envolvem não apenas aspectos técnicos e agentes biológicos de risco, mas também seres humanos e animais, complexos e ricos em suas naturezas e relações (COSTA, 2010). 9 UNIDADE Agentes Biológicos Efeitos ao organismo da exposição a agentes biológicos As doenças causadas pela exposição a agentes biológicos se manifestam de várias formas, e dependem da suscetibilidade de cada indivíduo. Portanto, seus efeitos ao or- ganismo serão tratados de um modo geral. O Anexo 1 da NR-32 classifica os agentes biológicos em: Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano. Classe de risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe de risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar do- enças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe de risco 4: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. (BRASIL, 2014-1) Já o Anexo II da mesma norma, apresenta uma tabela (Tabela 1) de agentes biológi- cos com sua respectiva classe de risco e algumas informações adicionais, como: • A: possíveis efeitos alérgicos; • E: agente emergente e oportunista; • O: agente oncogênico de baixo risco; • O+: agente oncogênico de risco moderado; • T: produção de toxinas; • V: vacina eficaz disponível; • (*): normalmente não é transmitido através do ar (BRASIL, 2014-1). Tabela 1 – Parte da tabela constante do Anexo II da NR-32 Agentes Biológicos Classificação (grupos) Notas Bactérias Clostridium botulinum 3 T Clostridium tetani 2 T, V Salmonella typhi 2 (*), V Vírus Vírus da Influenza tipos A, B e C 2 V (c) Vírus da Caxumba 2 V Vírus do Sarampo 2 V 10 11 Agentes Biológicos Classificação (grupos) Notas Prions: agentes não classificados associados a encefalopatias espongiformes transmissíveis Agente da Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), scrapie e outras doenças animais afins 3 (*) (f) Parasitas Ascaris lumbricoides 2 A Leishmania brasiliensis 2 (*) Fungos Candida albicans 2 A Candida lipolytica 2 E (c) apenas para os tipos A e B. (f) até o momento não há evidência de infecções em seres humanos causadas pelos agentes responsáveis pela encefalite espongiforme bovina. No entanto, recomenda-se o nível de contenção 2, no mínimo, para o trabalho com este agente em laboratório. Fonte: Adaptação de BRASIL, 2014-1 NR-15 O Anexo 14 da NR-15 relaciona as atividades que envolvem agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada por avaliação qualitativa. Diz referido anexo: Insalubridade de grau máximo Trabalho ou operações, em contato permanente com: • pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; • carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculo- se, brucelose, tuberculose); • esgotos (galerias e tanques); e • lixo urbano (coleta e industrialização). Insalubridade de grau médio Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, ani- mais ou com material infecto-contagiante, em: • hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, pos- tos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha conta- to com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados); • hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabeleci- mentos destinados ao atendimentoe tratamento de animais (aplica- -se apenas ao pessoal que tenha contato com tais animais); • contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos; • laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico); 11 UNIDADE Agentes Biológicos • gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (apli- ca-se somente ao pessoal técnico); • cemitérios (exumação de corpos); • estábulos e cavalariças; e • resíduos de animais deteriorados. (BRASIL, 2014-1) As Figuras 1 a 4 mostram atividades comumente encontradas que expõem os traba- lhadores a agentes biológicos: Figura 1 – Atividades em serviços de saúde Fonte: Getty Images Figura 2 – Atividades com animais Fonte: Getty Images Figura 3 – Atividades de coleta de lixo urbano Fonte: Getty Images Figura 4 – Atividades de industrialização de lixo urbano Fonte: Getty Images Existem conflitos na interpretação do que seja “contato permanente”. Do ponto de vista literal, considera-se como contato permanente somente as atividades realizadas diariamente, durante toda a jornada de trabalho. Já em sentido mais amplo, entende- -se por contato permanente aquele habitual, ainda que intermitente. A Súmula nº 47 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) corrobora com o sentido mais amplo vez que considera que o trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional (BRASIL, 2003). Outro aspecto controverso sobre a exposição a agentes biológicos é a equiparação das atividades de coleta de lixo de banheiros de uso público ou coletivos de grande cir- culação, à coleta de lixo urbano. A Súmula nº 448 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) diz que: 12 13 Súmula nº 448 do TST – ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZA- ÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INS- TALAÇÕES SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II ) – Res. 194/2014-1, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014-1. I – Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo peri- cial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sen- do necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equi- parar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. (BRASIL, 2014-2) Podem ocorrer conflitos na interpretação, vez que o entendimento do que seja coleti- vo de “grande circulação” é subjetivo ao indivíduo que faz a análise em questão. A per- cepção de riscos dos agentes biológicos é subjetiva. Saiba mais sobre a percepção sobre os riscos biológicos no trabalho de coletores de lixo urbano em: http://bit.ly/2QhRxYO Medidas de controle A NR-32 prevê medidas de proteção para a exposição a agentes biológicos. Dentre elas, pode-se citar: • Eliminação ou redução do contato do trabalhador com as fontes potenciais; • Eliminação de plantas e quaisquer outras fontes de reservatórios presentes nos am- bientes de trabalho; • Restrição do acesso de pessoas aos locais de trabalho; • Realização de procedimentos de higienização e desinfecção do ambiente, materiais e equipamentos envolvidos; • Vacinação dos trabalhadores: vacinas e reforços fornecidos gratuitamente (té- tano, difteria, hepatite B e demais estabelecidas no PCMSO) em observância às recomendações do Ministério da Saúde; • Proibição de fumar, usar adornos e manusear lentes de contato nos postos de trabalho; • Proibição do consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho; • Fornecimento de vestimentas de trabalho adequadas e em condições de conforto; • Existência de locais apropriados para fornecimento de vestimentas limpas e para deposição das usadas; 13 UNIDADE Agentes Biológicos • Higienização adequada das vestimentas utilizadas; • Proibição do uso de calçados abertos; • Fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), descartáveis ou não, com fornecimento e reposição imediatos; • Uso das vestimentas de trabalho e EPI exclusivamente nas atividades laborais; • Existência de lavatório exclusivo para higienização das mãos, provido de água cor- rente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual (a higienização das mãos é considerada um das principais medidas na redução do risco de transmissão de agentes biológicos); • Capacitação aos trabalhadores, antes do início das atividades e de forma continua- da, incluindo: » os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde; » medidas de controle que minimizem a exposição aos agentes; » normas e procedimentos de higiene; » utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual e vestimentas de trabalho; » medidas para a prevenção de acidentes e incidentes; » medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de ocorrência de inciden- tes e acidentes (BRASIL, 2008, 2014-1). Para a manipulação de micro-organismos, requisitos de segurança devem ser aten- didos de modo que o grau de contenção seja adequado para permitir o trabalho com materiais biológicos de forma segura para os seres humanos, meio ambiente e comuni- dade. Os graus de contenção consistem na combinação de práticas e técnicas de labora- tório, equipamentos de segurança e instalações laboratoriais, como apresenta a Tabela 2 (COSTA, 2010). Tabela 2 – Graus de contenção para riscos biológicos Grupos de Risco Nível de Biossegurança Rotinas de Trabalho Equipamentos de Segurança 1 Nível Básico 1 Boas práticas de manipulação (BPM) – 2 Nível Básico 2 Nível 1 + EPI Câmara de segurança biológica (CSB) 3 Contenção Nível 3 Nível 2 + EPI especiais + Controle de acesso CSB + outro meio primário de contenção (fluxo de ar direcionado) 4 Contenção Máxima Nível 4 Nível 3 + Entrada hermeticamente fechada + Chuveiro na saída + Tratamento especial do lixo CSB Classe III ou roupas com pressão positiva + autoclaves especiais + filtração de ar Fonte: Adaptação de COSTA, 2010 14 15 O Nível de Biossegurança 1 (NB-1) represen- ta um nível básico de contenção, sendo que as áreas que contêm agentes biológicos não preci- sam estar separadas das demais dependências do edifício. O acesso às áreas deve ser limita- do mediante autorização e não é permitido o acesso de crianças e animais. Deve haver si- nalização contendo o símbolo internacional de risco biológico (Figura 5), advertência de área restrita, identificação e telefone de contato do profissional responsável, afixada na porta de acesso ao local onde há o manuseio de material biológico (COSTA, 2010). Figura 5 – Símbolo internacional de risco biológico Fonte: Getty Images Para o NB-1, todos os procedimentos, técnicos ou administrativos, devem ser descri- tos, de fácil acesso e do conhecimento dos profissionais envolvidos. As pessoas devem lavar as mãos antes e após a manipulação de agentes de risco e antes de saírem do local. É proibido comer, beber, fumar e aplicar cosméticos (ex.: maquiagem, cremes etc.) nas áreas de trabalho, e recomenda-se a não utilização de adereços (ex.: brincos, pulseiras, relógios, etc.) (COSTA, 2010). Materiais perfurocortantes devem ser manuseados cuidadosamente e as superfícies de trabalho devem ser descontaminadas ao final de cada turno de trabalho e sempre que ocorrer derramamento de material biológico. Devem ser mantidas a limpeza e a organização do local.Todos os resíduos devem ser descartados segundo normas legais e técnicas vigentes e em cumprimento ao Plano de Gerenciamento de Resíduos da ins- tituição (COSTA, 2010). No Nível de Biossegurança 2 (NB-2), além dos requisitos estabelecidos no NB-1, são exigidos o uso de barreiras físicas primárias (Equipamentos de Proteção Individual – EPI – e Cabine de Segurança Biológica – CSB) e secundárias (layout e organização do local) (COSTA, 2010). No Nível de Biossegurança 3 (NB-3), além dos requisitos estabelecidos no NB-2, são exigidos layouts especiais para o local. Deve ser mantido controle rígido quanto à ope- ração, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação dos micro-organismos (COSTA, 2010). No Nível de Biossegurança 4 (NB-4), além dos requisitos estabelecidos no NB-3, a unidade deve ser geográfica e funcionalmente independente de outras áreas do edifício. Requerem barreiras de contenção (layout, instalações, equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança (COSTA, 2010). 15 UNIDADE Agentes Biológicos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Proteção respiratória O equipamento de proteção respiratória é um EPI destinado à proteção do traba- lhador contra a inalação de agentes nocivos à saúde. No caso de agentes biológicos, as máscaras recomendadas são do tipo PFF2, PFF3 ou respiradores motorizados com linha de ar e filtros classe P2 ou P3. A máscara N95 refere-se a uma classificação de filtro para aerossóis adotada nos EUA, e que equivale, no Brasil, à PFF2 ou filtro classe P2 (ANVISA, 2009). Máscaras cirúrgicas não são consideradas EPI. As mesmas não possuem Certificado de Aprovação (CA) e, independentemente de sua capacidade de filtração, a vedação no rosto é precária, não protegendo o trabalho de partículas do tipo aerossol. A Figura 6, a seguir, mostra as etapas de colocação da máscara tipo PFF. Deve-se segurar o respirador com a pinça nasal próxima à ponta dos dedos, deixando as alças pendentes. Em seguida, deve-se encaixar o respirador sob o queixo e posicionar um tirante na nuca, e outro sobre a cabeça. A pinça nasal deve ser ajustada no nariz e a vedação da máscara deve ser verificada pelo teste de pressão positiva (ANVISA, 2009). Figura 6 – Etapas para colocação da PFF no rosto Fonte: ANVISA, 2009 O teste de pressão positiva consiste em cobrir a PFF com as mãos em concha, sem forçar a máscara sobre o rosto e soprar suavemente. Deve-se atentar à existência de vazamentos. Se houver vazamentos, o respirador está mal colocado ou o tamanho é inadequado. A vedação é considerada satisfatória quando o usuário sentir ligeira pressão dentro da PFF e não conseguir detectar nenhuma fuga de ar na zona de vedação com o rosto (ANVISA, 2009). A presença de pelos faciais na zona de contato da peça facial com o rosto (ex.: barba, bigode etc.) permite a penetração de patógenos na zona de selagem do rosto, reduzindo drastica- mente a capacidade de proteção da máscara. 16 17 As máscaras tipo PFF podem ser reutilizadas pelo mesmo trabalhador enquanto per- manecerem em boas condições de uso (vedação aceitável e tirantes elásticos íntegros) e não estiver suja ou contaminada. Porém, o manuseio inadequado pode transportar patógenos da superfície externa do filtro para a parte interna, reduzindo sua vida útil. Para patologias que também são transmitidas por contato, não é recomendado o reúso da máscara. Inclusive, deve-se tomar cuidado ao retirá-la, para não transmitir os agentes biológicos para as mãos ou outras superfícies (ANVISA, 2009). Saiba mais sobre a proteção respiratória contra agentes biológicos para trabalhadores da saúde em: http://bit.ly/2Qmc5Q0 Demais proteções Outras partes do corpo também devem ser protegidas contra agentes biológicos. Os EPI mais comuns são: • Luvas de borracha (luvas de procedimento – Figura 7): proporcionam a pro- teção da pele das mãos à exposição de material biológico. Devem ser descartadas após cada uso; • Óculos de proteção (Figura 8): proporcionam a proteção de mucosa ocular. Não devem interferir na acuidade visual e devem se acoplar perfeitamente à face. Devem possuir proteção lateral; • Protetor facial de acrílico (Figura 9): proporciona a proteção da face. Não deve interferir na acuidade visual e deve se acoplar perfeitamente à face. Deve possuir proteção lateral. Geralmente indicado para atividades com projeção de material biológico, por exemplo, centrais de esterilização de materiais hospitalares, áreas de necropsia etc.; • Outros. Assim como as máscaras cirúrgicas, os jalecos e gorros (Figura 10) não possuem CA e não são considerados EPI. Porém, os mesmos proporcionam proteção da pele, cabe- los e couro cabeludo à matéria orgânica (BRASIL, 2019). Figura 7 – Luvas de procedimento Fonte: Getty Images Figura 8 – Óculos de proteção com fechamento lateral Fonte: Getty Images 17 UNIDADE Agentes Biológicos Figura 9 – Protetor facial Fonte: 3M Figura 10 – Atividades com animais Fonte: Getty Images 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Acidentes com material biológico em hospital da Rede de Prevenção de Acidentes do Tra- balho – REPAT http://bit.ly/2QjnQGH Cartilha de proteção respiratória contra agentes biológicos para trabalhadores de saúde http://bit.ly/2Qmc5Q0 Investigação de acidentes biológicos entre profissionais da saúde http://bit.ly/2QhREDI Os coletores de lixo urbano no município de Dourados (MS) e sua percepção sobre os riscos biológicos em seu processo de trabalho http://bit.ly/2QhRxYO 19 UNIDADE Agentes Biológicos Referências 3M. Máscara de proteção facial. Disponível em: <https://www.3m.com.br/3M/ pt_BR/3m-do-brasil/todos-os-produtos-3m-do-brasil/~/M%C3%A1scara-de- -Prote%C3%A7%C3%A3o-Facial-3M-WP96-AR-AE-Suspens%C3%A3o-Catraca/?N= 5002385+3293950758&preselect=8720539+8720545+8720783+3293786499&rt =rud>. Acesso em: 28 Fev. 2019. ANVISA. Cartilha de proteção respiratória contra agentes biológicos para trabalha- dores de saúde. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/resultado-de-busca?p_p_ id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_ id=column-1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_ content&_101_assetEntryId=327062&_101_type=document>. Acesso em: 23 Fev. 2019. BRASIL. Equipamento de proteção individual (EPI) na prevenção do risco bio- lógico e químico na área de saúde. Disponível em: <http://www.hgb.rj.saude. gov.br/ccih/Todo_Material_2010/ROTINA%20A%20-%20MEDIDAS%20DE% 20PREVEN%C3%87%C3%83O%20E%20CONTROLE%20DAS%20INFEC% C3%87%C3%95ES%20HOSPITALARES/ROTINA%20A%202%20-%20EPI%202. pdf>. Acesso em: 23 Fev. 2019. BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73.ed. São Paulo: Atlas, 2014-1. BRASIL. Riscos Biológicos. Guia Técnico. Ministério do Trabalho. Brasília: 2008. Dis- ponível em: <https://www.unifesp.br/reitoria/dga/images/legislacao/biosseg/guia_tec- nico_cs3.pdf>. Acesso em: 23 Fev. 2019. BRASIL. Súmula nº 448 do TST, 2014-2. Disponível em: <http://www3.tst.jus.br/ jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_401_450.html#SUM-448>. Acesso em: 28 Fev. 2019. BRASIL. Súmula nº 47 do TST, 2003. Disponível em: <http://www3.tst.jus.br/ jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_1_50.html#SUM-47>. Acesso em: 23 Fev. 2019. BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. 6. ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p. COSTA, F. P. Higiene do Trabalho: Riscos Biológicos. Belo Horizonte: IEC PUC-Minas, 2010. MELO JUNIOR, Abelardo da Silva. Higiene e segurança do trabalho. 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