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40 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II Unidade II 3 NOVAS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX 3.1 Síntese da forma na obra pictórica de Paul Cézanne Um dos mais importantes artistas do Ocidente, e que influenciou muitas gerações de pintores, nas quais se incluem Pablo Picasso e Georges Braque, foi o francês Paul Cézanne (1839-1906). Ele não considerava que a arte tivesse como papel a fiel representação da realidade, nem o mero registro das impressões decorrentes dos sentidos, mas antes, a busca da interpretação do real. Noutros termos, segundo Cézanne, o artista não reproduz, mas interpreta a realidade. Tendo iniciado a sua carreira com obras de cunho sensual, como A Orgia, Cézanne destacou-se sobretudo, na História da Arte, pelo rigor técnico com que buscou a geometrização em suas pinturas, empregando com maior constância formas cilíndricas, esféricas e cônicas, tornando-se um precursor do Cubismo. A Montanha Sainte-Victoire foi pintada por Cézanne em diversas ocasiões, como se estivesse à procura da descoberta da estrutura fundamental do espaço tridimensional representado no plano. Para Cézanne, a natureza deveria ser retratada pelos volumes puros, o cone, o cilindro, o cubo e a esfera. Essa perspectiva prenuncia o Cubismo. Figura 21 - Paul Cézanne - Monte Sainte-Victoire, visto de Bellevue. Óleo sobre tela. Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania, EUA 41 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE Saiba mais A história da arte é muito ampla e para se perceber o alcance dessa atribuição humana é fundamental ler livros gerais sobre o assunto como: JANSON, A.; JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 3.2 Busca da ruptura com os padrões clássicos: pintura, design e arquitetura A introdução da máquina como elemento fundamental do ciclo produtivo propiciou, em meados do século XIX, um debate exaustivo sobre a relação entre artesanato versus indústria e, por conseguinte, entre arte versus artesanato. Na Primeira Exposição Universal de 1851, realizada no Palácio de Cristal em Londres, ficara patente a necessidade de adequar as formas dos objetos produzidos artesanalmente pelo homem aos novos tempos, agora, os da máquina. Formou- se então na Inglaterra um movimento denominado Arts and Crafts liderado por artistas como William Morris (1834-1896) e John Ruskin (1819-1900), que rejeitavam a forma de produção industrial. Defendiam o artesanato e buscavam nas corporações e guildas da Idade Média, uma saída plausível para a organização da produção nos novos tempos. Mais ao final do século XIX, no entanto, surge na Europa um movimento antagônico ao Arts and Crafts nos seus objetivos. Com diversas denominações, a Arte Nova, ou Art Nouveau pretendia avançar a questão da produção em série a partir dos novos materiais: o ferro e o vidro. Por isso, era necessário buscar novas formas, que rompessem com o clássico, já que produzir nesses padrões implicava no artesanato. No entanto, as formas e as referências utilizadas pela Arte Nova para romper com o clássico tinham forte influência da pintura oriental, com utilização de formas da natureza, portanto linhas curvas e temas florais. Nesse sentido, a tentativa viu-se frustrada para alcançar rapidamente uma solução para a produção em série dos objetos, acessórios da construção e da própria edificação. Rapidamente, os arquitetos e artistas perceberam que as formas da Arte Nova não implementariam a produção racional e industrial. O trabalho manual continuava a ser necessário para obter os resultados formais pretendidos. Já na primeira década do século XX, mais precisamente em 1907, na Alemanha é fundada a Werkbund, uma sociedade de artesãos e artistas com o objetivo de relacionar a arte e a indústria por meio do ensino e da propaganda. Diferentemente do movimento inglês Arts and Crafts, a Werkbund concilia a máquina na produção artística, de forma a abrir terreno seguro para que Walter Gropius (1883-1969), em 1919 fundasse em Weimar, também na Alemanha, a primeira e mais importante escola de arte, design, arquitetura e urbanismo, a Bauhaus (1919-1933). 42 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II 3.3 Pontilhismo O Pontilhismo foi uma iniciativa tomada por alguns artistas europeus no final do século XIX que se baseava em uma propriedade do olho e do cérebro humano de reunir certos elementos visuais – neste caso um conjunto de milhares de pontos coloridos – e, a partir deles, construir imagens. Um dos principais artistas desse tipo de representação foi Georges Seurat, que influenciou muito os artistas chamados de impressionistas. Até hoje, a obra de Seurat é uma referência e chama a atenção do observador. No quadro abaixo, o artista escolheu não apenas representar as cores e formas dos elementos que compõem o quadro por meio do pontilhismo, mas também com outras escolhas plásticas: tanto as pessoas quanto a vegetação e os animais estão representadas de uma maneira simplificada e geometrizada, quase como bonecos. Não há uma preocupação em retratar fielmente, do ponto de vista visual, a cena de lazer e de descanso do quadro. Figura 22 - Georges Seurat - Tarde de domingo na ilha de Grande Jatte (Un dimanche après-midi à l’Île de la Grande Jatte) (1884-1886) Óleo sobre tela, 207,6 x 308 cm. Art Institute of Chicago, Chicago, EUA 3.4 Impressionismo A pintura denominada impressionista desenvolveu-se na Europa no século XIX. Essa denominação tem a sua origem em uma famosa tela, de autoria de Claude Monet, intitulada Impressão, nascer do Sol, de 1872. Os artistas vinculados a esse movimento desprenderam-se da preferência por temas da mitologia greco-romana e puseram de lado a preocupação com a reprodução fiel (mimese) da realidade. Conferiam maior relevância aos próprios quadros, considerados importantes em si mesmos como obras de arte. O seu interesse central era a exploração dos efeitos de movimento e de luminosidade, obtidos a partir de pinceladas soltas, sem traço de desenho. Em geral, os impressionistas pintavam em meio à natureza e nos espaços abertos das cidades, visando observar melhor as variações decorrentes das mudanças da luz incidindo sobre pessoas e objetos durante o dia e à noite. A imagem abaixo reproduz o quadro intitulado Impressão, nascer do sol, de Monet. Exibida em exposição ocorrida no ano de 1874, foi a partir dessa obra que se nomeou o movimento impressionista. 43 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE Figura 23 - Claude Monet - Impressão, nascer do sol (1872)6 Museu Marmottan, Paris, França Características gerais da pintura impressionista: • considerando que a luz solar é a fonte de todas as cores, os artistas buscam mostrar as variações de tonalidade decorrentes das mudanças no modo como objetos e pessoas são iluminados ao longo do dia; • os artistas procuram capturar o instante em que observam a realidade, e, para tanto, empregam, inclusive, a fotografia; • o traço do desenho que conferia nitidez de contorno às imagens não é empregado, mas apenas largas pinceladas, que geram manchas, as quais criam a impressão de retratarem objetos e pessoas; • os artistas também representam sombras, porém estas são coloridas e plenas de luminosidade, visando reproduzir o efeito que as mesmas causam às vezes, quando vistas a olho nu; • ruptura com o academicismo, por exemplo, no abandono do claro-escuro, substituído pelo uso de cores complementares para a obtenção do efeito de luz e sombra; • os artistas não misturam tintas em suas paletas, utilizam apenas cores puras, sendo o próprio observador quem, por meio do olhar, realiza a combinação das mesmas. 44 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II 3.5Fauvismo O Fauvismo (também chamado de Fovismo) nasceu em 1905, em Paris, a partir da exposição no Salão de Outono. Naquela ocasião, certos artistas expuseram obras em que empregavam as cores puras de forma muito intensa, e, por esse motivo, passaram a ser denominados fauves (feras, em português). Principais características do Fauvismo: • a obra de arte não é um produto intelectual, nem um produto da sensibilidade, pois, no ato de criação, o pintor deve seguir os impulsos instintivos, os seus sentimentos primários; • na pintura, devem-se exaltar as cores puras e tanto as linhas do desenho como o colorido das tintas devem surgir de modo impulsivo, expressando em sua maior pureza, as sensações do artista; • a obra de arte deve ser marcada por pinceladas abruptas, arrematadas em um colorido intenso de grandes manchas de cores puras; • na pintura fauvista não há preocupação com o realismo da representação nem interessam formas ou figuras e técnicas de desenho, já que a própria perspectiva é abandonada em favor do tratamento exclusivo da cor. Os mais importantes representantes do Fauvismo foram os franceses Maurice de Vlaminck (1876-1958), André Derain (1880-1954), Raoul Dufy (1877-1953) e Henri Matisse (1869-1954). Este último, ao contrário dos demais, transitou gradativamente em sua obra, para uma composição equilibrada entre colorido e desenho, em pinturas nas quais a profundidade está ausente. 4 DAS VANGUARDAS ARTÍSTICAS À ARTE PÓS‑VANGUARDA 4.1 Era da máquina e vanguardas artísticas 4.1.1 Movimentos transformadores da arte: ismos Entre as principais mudanças ocorridas no campo das artes no início do século XX estão as denominadas vanguardas artísticas. A denominação de vanguarda deve-se ao caráter ideológico e político do período pré-guerra e entreguerras, ao longo dos quais as mudanças sociais foram bastante acentuadas (como a Revolução Bolchevique na Rússia em 1917, por exemplo), não ficando as artes alheias a isso. Os artistas pretendiam e entendiam que as transformações sociais seriam possíveis a partir da arte, que, neste sentido, deteria função civilizatória. O caráter urbano e industrial da vida cotidiana alimentou as temáticas predominantes no qual a máquina tem papel fundamental: a velocidade, a energia, o tema da reprodução em série e a própria guerra constituíram assuntos recorrentes nas obras dos artistas. A natureza, entendida agora como artificial, é o novo mundo com o qual a arte presta contas em seu caminho rumo à abstração. 45 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE Observação Vanguarda Este termo da História da Arte do século XX foi tomado de empréstimo do vocabulário militar, no qual designava as tropas de infantaria que iam à frente dos batalhões para verificar a situação do inimigo e eventualmente fazer pequenas ações subversivas (avant-garde). No campo da arte, passou a significar a luta contra estilos do passado que representavam os valores burgueses. 4.1.1.1 Expressionismo O Expressionismo desenvolveu-se na Europa entre o final do século XIX e o início do século XX. Os artistas que tomaram parte nesse movimento privilegiavam os aspectos internos do processo de produção artística, em detrimento de suas manifestações exteriores. Por esse motivo, conferiam às suas obras uma forte carga de subjetividade, tornando-as expressão direta dos seus universos interiores. Embora tenha se manifestado em diferentes campos das artes, foi na pintura que se inaugurou o movimento expressionista, tendo constituído, ao lado do Fauvismo, o início das vanguardas históricas. Ademais, devido às suas próprias características que conduziam a uma supervalorização da individualidade artística, o Expressionismo figurou-se por certa heterogeneidade de estilos, tendo sido, por isso mesmo, sobretudo, uma postura diante da arte que congregou diferentes artistas, de características intelectuais diversas. Há ainda que observar que o Expressionismo originou-se em contraposição ao Impressionismo, em particular contra as suas tendências naturalistas e positivistas. Por essa razão, conforme indicado anteriormente, os expressionistas privilegiavam a intuição e o personalismo, enfatizando a interioridade de cada artista. Noutros termos, o Expressionismo deforma o real a fim de explicitar a subjetividade do artista e da própria natureza, privilegiando a manifestação dos sentimentos e não a descrição objetiva da realidade. A imagem a seguir reproduz a tela intitulada O Grito, de autoria do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). Constitui esta uma das mais significativas obras do Expressionismo. Nela, um ser cujo sexo não é facilmente discernível, aparece atormentado nas docas de Oslofjord, na cidade de Oslo, ao anoitecer, e, como sugerido pelo título do quadro, solta um grito. O caráter subjetivo da cena – característico do Expressionismo - é bastante explícito, sobretudo por não ser demonstrado com exatidão o que o quadro efetivamente representa. Com efeito, a sua interpretação depende do envolvimento do espectador, a quem cumpre buscar compreender o que o artista quis expressar. Angústia, dor e desespero, são alguns dos sentimentos que se podem entrever nesta tela, que bem poderia querer representar o desejo do artista de gritar, ainda que solitariamente, com a sensação de não poder ser ouvido – nem mesmo por nós - diante das profundas mudanças que a nova sociedade europeia, burguesa e industrial, estava provocando. 46 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II Figura 24 - Edvard Munch - O grito (1893)7 Óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão. Galeria Nacional, Oslo, Noruega 4.1.1.2 Cubismo A arte cubista teve início em 1907 e influenciou diferentes gerações de artistas no transcorrer das primeiras décadas do século XX. Inspirados, entre outros fatores, pela obra de Paul Cézanne, os iniciadores do Cubismo, Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963) contribuíram de forma decisiva para uma das mudanças mais significativas ocorridas na arte ocidental. Efetivamente, o Cubismo rompeu com os padrões de representação artística do real ao empregar, predominantemente, figuras geométricas que representavam seres e objetos em todas as suas partes em um único plano, sem preocupação com perspectiva ou tridimensionalidade. Assim, nas obras cubistas, representar o mundo não mais significava apresentá-lo de acordo com sua aparência real, conforme vista a olho nu. A realidade se via simplificada às formas geométricas: triângulos, losangos, trapézios, cubos etc. Saiba mais O cubismo foi um dos “ismos” mais influentes das artes de vanguarda e até hoje está presente nas manifestações plásticas em diversas áreas do conhecimento humano. Para ampliar seu conhecimento sobre este assunto recomenda-se ler: COTTINGTON, D. Cubismo. São Paulo: Cosac Naify, 1999. 47 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE A imagem abaixo representa a obra Les demoiselles d’Avignon (1907), da autoria de Picasso. Essa pintura é considerada como aquela que deu início ao Cubismo. Nela, podem-se observar influências da arte tribal africana, bem como de Paul Cézanne. Obra-prima das artes plásticas do Ocidente, é perceptível nela a ruptura com todas as convenções e tradições da arte ocidental. As cinco mulheres do quadro são apresentadas à maneira cubista, com seus corpos reduzidos a formas geométricas. Observe ainda a mulher sentada no canto direito, e que é vista por nós ao mesmo tempo pela frente e pelas costas. Figura 25 - Pablo Picasso - Les demoiselles d’Avignon (1907) Óleo sobre tela. The Museum of Modern Art, Nova York, EUA Lembrete O trabalho de Paul Cézanne foi fundamental para pavimentar o caminho dos cubistas. Com essa base conceitual, a representação do mundo real começa a ser substituída aos poucos pela abstração. 4.1.1.3 FuturismoContrários a toda tendência moralista e passadista, os futuristas foram artistas que enalteceram, em suas obras, as conquistas tecnológicas do início do século XX e as mudanças velozes que estas imprimiam na sociedade europeia da época, tendo também exaltado, no início do movimento, a própria guerra e a violência. Em decorrência de seu apreço pela novidade, propunham inclusive a destruição dos museus e das antigas cidades. Presente nas artes plásticas e na literatura, o Futurismo foi inaugurado com a redação do Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944). O texto foi publicado pelo jornal francês Le Figaro em sua edição do dia 20 de fevereiro de 1909. Devido ao seu caráter agressivo, o Futurismo repercutiu internacionalmente, tendo influenciado artistas modernistas de outros continentes. 48 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II Principais características do Futurismo: • enaltecimento da indústria e das novas tecnologias; • aceitação da propaganda como mais importante meio de comunicação; • emprego de onomatopeias (palavras que expressam ruídos, barulhos, sons diversos) nos poemas; • utilização de frases fragmentadas na poesia, visando significar velocidade; • na pintura, adoção de cores fortes, vivazes, com intensos contrastes, além da sobreposição de imagens e algumas distorções, a fim de representar o dinamismo do movimento; • busca por não representar objetos (um carro, por exemplo), mas significar, em suas obras, a forma plástica das direções e da velocidade dos movimentos descritos por eles no espaço. Na imagem abaixo encontra-se a reprodução da obra intitulada Velocità astrata + rumore, de autoria do pintor italiano Giacomo Balla (1871-1958). Nela acham-se explicitados alguns dos principais elementos definidores da pintura futurista: a tendência ao cubismo e à abstração, o emprego de cores fortes, a simulação de ação, de movimento, a demonstração de que os diferentes aspectos dos objetos interpenetram-se simultânea e permanentemente. A obra de Balla sugere figuras movimentando-se velozmente num determinado espaço, sem a preocupação com a representação figurativa bem definida em seus contornos. Figura 26 - Giacomo Balla - Velocità astrata + rumore (1913-1914)9 Óleo sobre tela. The Solomon R. Guggenheim Foundation, Peggy Guggenheim Collection. Nova York, EUA 49 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE 4.1.1.4 Dadaísmo Constituiu o Dadaísmo (ou simplesmente Dadá) um movimento artístico de vanguarda que se iniciou no Cabaret Voltaire, localizado na cidade de Zurique, capital da Suíça, no ano de 1916. A liderança do mesmo coube ao escritor alemão Hugo Ball (1886-1927) – autor do Manifesto Dada, publicado em 1916 -, ao poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963) e ao pintor e poeta alemão Hans Arp (1886-1966). O emprego da palavra dada para representar o movimento visa indicar tanto o caráter antirracionalista do mesmo (uma vez que o termo parece não ter um significado, pois se trata de uma palavra que lembra o balbuciar de um bebê humano), quanto evidenciar que a linguagem pode não fazer sentido ou mesmo remeter a múltiplos sentidos. Devia-se essa característica à oposição que os dadaístas faziam à Primeira Grande Guerra e a outras vanguardas artísticas do período, notadamente o Futurismo, que valorizava o conflito e as inovações tecnológicas, tidas pelos dadaístas como demonstrações de irracionalidade. Ao enfatizarem o non-sense, o não lógico e o não racional, os dadaístas empregavam a ironia em suas obras e eram radicais na valorização daquilo que era considerado absurdo. Por esse motivo, recorreram ao poema aleatório e aos ready-mades, e, embora tenham encerrado suas atividades no início do decênio de 1920, suas propostas influenciaram diversos movimentos de vanguarda que lhe sucederam, como o Expressionismo Abstrato, o Surrealismo, a Pop Art e a Arte Conceitual. Observação Ready-made significa literalmente já pronto, já produzido. Esse termo foi adotado originalmente no ano de 1913 pelo artista plástico francês Marcel Duchamp (1887-1968), com o qual buscou denominar objetos manufaturados que são alçados ao status de objetos artísticos. A figura abaixo reproduz a obra Roda de Bicicleta, produzida no ano de 1912, e que constituiu o primeiro ready-made de autoria de Marcel Duchamp, um dos mais importantes artistas dadaístas. A peça é formada por uma roda de bicicleta equilibrada sobre o tampo de um banco. Com esta obra, Duchamp pretendeu discutir o próprio conceito de arte, demonstrando que esta não é definida pelo objeto, pelos materiais ou pelo tipo de suporte empregado, mas pela atitude do artista, que modifica a própria natureza do objeto, ao dispô-lo não mais como produto industrial utilitário, mas como obra artística. Saiba mais Para conhecer o trabalho do artista, acesse: MOMA. Marcel Duchamp. Bicycle Wheel. Disponível em: <https://www. moma.org/collection/works/81631?artist_id=1634&locale=pt&page=1&sov_ referrer=artist>. Acesso em: 15 ago. 2018. 50 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II 4.1.1.5 Construtivismo russo Constituiu o Construtivismo russo um movimento artístico de forte conotação político-ideológica e que teve origem na extinta União Soviética, em 1919. Contrariamente à noção de pureza artística, o Construtivismo russo enfatizava as vinculações entre a produção artística e a realidade cotidiana. Desse modo, preconizava-se que as obras de arte deveriam refletir as conquistas sociais da Revolução Bolchevique de 1917, e também representar o mundo do trabalho e do operariado na era da máquina e da industrialização. Portanto, a arte serviria aos propósitos ideológicos, de apoio à construção da sociedade socialista. A denominação de arte construtivista foi elaborada pelo artista plástico russo Kazimir Malevich (1878-1935), referindo-se à obra do seu compatriota, o pintor e fotógrafo Alexander Rodchenko (1891-1956). Estendendo-se até meados da década de 1930, o Construtivismo russo, caracterizado sobretudo pelo recurso à abstração geométrica, influenciou importantes movimentos das artes plásticas e do design moderno, como o De Stijl, a Bauhaus e o Suprematismo. Lembrete A definição do que é arte sofreu profundas mudanças. Como visto no início do curso, atualmente a escolha do que é ou não um objeto artístico é muito ampla. Na figura abaixo, observa-se reprodução do quadro intitulado Pintura Suprematista, de Kazimir Malevich, um dos principais expoentes do Construtivismo Russo. Esse quadro é representante do extremo abstracionismo a que chegaram os construtivistas, denominado suprematismo, caracterizado pelo uso de figuras geométricas e cores primárias. Figura 27 - Kazimir Malevitch - Pintura suprematista (1916) Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda 51 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE 4.1.1.6 De Stijl: o Neoplasticismo holandês O movimento denominado De Stijl ou Neoplasticismo teve origem na Holanda e contou, entre os seus mais importantes expoentes, com o artista plástico, designer, poeta e arquiteto Theo Van Doesburg (1883-1931), o pintor Piet Mondrian (1872-1944) e o designer de produtos e arquiteto Gerrit Rietveld (1888-1964). O movimento teve sua origem na revista intitulada De Stijl (em português, O Estilo), fundada no ano de 1917 por Doesburg e outros artistas, incusive Mondrian e Rietveld, que nela publicavam textos em favor de uma nova estética para a poesia, a arquitetura e as artes plásticas, tendo como epicentro a supervalorização das cores primárias e das formas geométricas, conduzindo ao abandono de toda representação figurativa, por meio da adoção do completo abstracionismo. Ressalte-se ainda que a simbiose entre os integrantes do movimento foi tamanhaque as obras de design e arquitetura de Rietveld (como a cadeira Red and Blue (1917) e as residências por ele projetadas) praticamente reproduziam os quadros de Mondrian. A total abstração da pintura de Mondrian foi obtida por meio de um longo trabalho de pesquisa plástica que começa ainda com o figurativismo em seus primeiros quadros. Posteriormente, o autor foi criando uma forma de representação que se volta para si mesma, sem buscar referências externas, baseando-se na composição das cores básicas, reveladas pela ciência da ótica e da física. Esse tipo de plasticidade também se estendeu à arquitetura, tanto de edifícios quanto de interiores. Figura 28 - Piet Mondrian - Composição em vermelho, preto, azul, amarelo e cinza (1920) Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda 52 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II 4.1.1.7 Surrealismo O movimento surrealista abrangeu a literatura, as artes plásticas, o teatro e o cinema e teve sua origem em Paris na década de 1920, a partir da publicação, em 1924, do Manifesto Surrealista, da autoria do poeta André Breton (1896-1966). Essa vanguarda artística foi bastante influenciada pelas teorias do pai da Psicanálise moderna, o austríaco Sigmund Freud (1856- 1939). Decorre daí a ênfase conferida pelos artistas surrealistas ao papel do inconsciente na representação da realidade, o que valia por uma crítica ao extremado racionalismo vigente na condução da política e das relações socioeconômicas, à época. Por esse motivo, os surrealistas buscavam apresentar em suas obras o real de maneira não racionalista, ao qual se podia captar, principalmente, nos sonhos, quando o inconsciente se encontra liberado da repressão racionalista do consciente. Na imagem ao lado encontra-se reproduzido o quadro Aparição de rosto e fruteira numa praia (1938), de autoria de Salvador Dalí (1904-1989), um dos principais expoentes da pintura surrealista, ao lado de René Magritte (1898-1967). Essa obra de Dalí apresenta a mais importante característica da arte surrealista: o mundo é aí percebido como se estivéssemos em meio a um sonho, cercados por imagens de seres e objetos transfiguradas pela ação do inconsciente quando este se acha liberado do rígido controle da racionalidade. Figura 29 - Salvador Dali - Aparição de rosto e fruteira numa praia (1938) Óleo sobre tela, 114,2 x 143,7 cm. Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut. EUA 53 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE 4.1.2 Arte abstrata e Bauhaus A Bauhaus (1919-1933) foi a mais conhecida escola alemã de formação de arquitetos, técnicos e artífices especializados da primeira metade do século XX. Ela começou com uma definição utópica: a construção do futuro deveria combinar todas as artes em um ideal único. Isto requeria um novo tipo de artista, além da especialização acadêmica, para quem a Bauhaus poderia oferecer educação adequada. Para atingir este objetivo, o fundador, Walter Gropius (1883-1969), sentiu a necessidade de desenvolver novos métodos de ensino e estava convencido de que a base para qualquer arte estava no artesanato: “a escola se transformara gradualmente em um workshop”. Assim, artistas e artesãos dirigiram aulas e produção juntas na Bauhaus em Weimar, Alemanha. Isto pretendia remover qualquer distinção entre artes puras e artes aplicadas. Ou seja, o conceito de novo tipo de artista estava vinculado à ideia de que, somente unindo todas as artes, seria possível formar um novo profissional, voltado para o futuro. A realidade da civilização tecnicista no início do século XX gerou solicitações para a Bauhaus que não poderiam ser preenchidas apenas pela revalorização do artesanato, que era a ideia inicial. Em 1923, a escola reagiu com um programa modificado, o qual marcaria sua futura imagem sob um novo mote: arte e tecnologia – uma nova unidade. O potencial da indústria seria aplicado para satisfazer padrões de design, abrangendo tanto aspectos funcionais quanto estéticos. As oficinas da Bauhaus produziram protótipos para produção em massa: desde uma simples lâmpada até uma habitação completa. Principais características da Bauhaus: • a união entre arte e indústria foi necessária para a escola enfrentar as novas necessidades da sociedade; • a relação entre funcionalidade e estética nos objetos desenvolvidos seria resolvida pela aplicação de princípios industriais; • o novo objetivo era produzir objetos que abrangessem todos os aspectos da vida contemporânea; • uma das consequências do novo programa era criar um design específico para os novos meios de produção em massa. A seguir, está uma imagem da cadeira Cesca, de 1928, da autoria do arquiteto alemão Marcel Breuer (1902-1981). Esse projeto é característico da visão da escola Bauhaus, que buscava aliar tecnologia a estética. 54 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II Figura 30 – Marcel Breuer, cadeira Cesca, 1928 4.2 Realizações da arte pós‑vanguarda 4.2.1 Papel do artista e crise da modernidade O denominado Expressionismo Abstrato ou Action Painting constituiu um movimento artístico de grande originalidade e forte repercussão que modificou a cena artística norte-americana no final dos anos 40. Sua principal característica era o emprego de largas massas coloridas, com o predomínio de manchas, não de traços. Ao contrário do Expressionismo europeu, diretamente envolvido em debates ideológicos, os expressionistas norte-americanos excluíam totalmente os temas políticos e sociais de suas obras, privilegiando questões existencialistas como a miséria humana por exemplo, buscando expressar emoções de forma intensa e espontânea. Para tanto, destruíram os meios tradicionais de pintura, pintando diretamente no chão, na parede, por vezes sem uso de pincéis. Efetivamente, Jackson Pollock (1912-1956), maior nome do Action Painting, empregava verdadeiros jatos de tinta sobre a superfície de telas deitadas no chão, sem emprego de cavalete. Por meio dessa ação, Pollock cobria totalmente a tela e eliminava qualquer possibilidade de percepção figurativa ou de perspectiva por parte do espectador. Desse modo, criava obras de arte cheias de instintividade e emoção. Diferentemente de Pollock, Willem De Kooning (1904-1997), igualmente representante do Expressionismo abstrato norte-americano, não se distanciou totalmente do figurativismo. Adepto do abstracionismo, empregava pinceladas fortes, violentas, frenéticas em seus quadros, produzindo composições diferenciadas e muito coloridas, mas nas quais se reconhecem objetos e seres. Privilegiou em seus trabalhos as figuras femininas, sendo que a sua obra mais famosa é a série Mulheres, produzida no início da década de 1950. A imagem abaixo representa a tela intitulada Nº 5, de Jackson Pollock. Nela, podem-se notar as principais características desse artista e do movimento do qual fez parte: a ruptura plena com o figurativismo, gerada pelo uso de respingos de tinta lançados contra a tela. A técnica de gotejamento, por meio de latas de tinta perfuradas, foi introduzida por Pollock, que chegava a produzir as suas telas na frente do próprio público. 55 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE Figura 31 - Jackson Pollock – N° 5 (1948) Óleo sobre tela, 243.8 × 121.9 cm. Coleção particular 4.2.2 Pop Art A Pop Art constituiu um movimento artístico que ocorreu predominantemente nos Estados Unidos e na Inglaterra, entre a segunda metade dos anos 50 e 60. Bebendo em fontes como o Dadaísmo, a Pop Art contribuiu também para revolucionar o próprio conceito de obra de arte, uma vez que incluía em seus temas objetos tipicamente comerciais e de consumo de massa, contrariando a máxima de que a arte é alheia aos interesses do mercado. Sobretudo, os artistas representativos desse movimento incorporaramao seu repertório objetos emblemáticos da indústria cultural e do universo da propaganda, como a Coca-Cola e as imagens de artistas populares como Marilyn Monroe. Devido a essa mesma motivação, as principais fontes de inspiração dos representantes da Pop Art eram os programas de televisão, as revistas em quadrinhos, o cinema e a publicidade. De certo modo, por incluir imagens plenamente identificáveis de pessoas e objetos, a Pop Art marcou 56 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II também um retorno ao figurativismo, contrapondo-se ao Expressionismo, dominante desde o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945). Entre as principais consequências do movimento da Pop Art, cabe destacar a elevação à categoria de arte de objetos que antes eram considerados vulgares, dado o seu caráter de produtos comerciais. Dos principais artistas da Pop Art, cumpre destacar os seguintes: • Robert Rauschenberg (1925-2008): empregava materiais diversos, como folhas de jornal, garrafas e outros objetos industrializados, bem como fotografias, em combinação com tintas e silk-screen, representando temas da indústria cultural e da contemporaneidade nos Estados Unidos; • Roy Lichtenstein (1923-1997): tinha grande apreço pelas histórias em quadrinhos. Pintou sobretudo quadros a óleo e tinta acrílica, empregando uma técnica muito própria de pontilhismo, marcada pelo forte colorido e luminosidade, sempre delimitado por um traço negro. Os temas de seus quadros, muitos dos quais remetem a uma espécie de imagem congelada de uma sequência de quadrinhos, não estão porém vinculados explicitamente a nenhum enredo, que cabe ao espectador imaginar; • Andy Warhol (1927-1987): foi o mais renomado representante da Pop Art. Tornou-se internacionalmente conhecido por suas séries de retratos de ícones da música e do cinema, como, por exemplo, Marilyn Monroe e Elvis Presley. Warhol empregou em suas obras sobretudo, a técnica da serigrafia, representando, além dos ídolos pop, objetos de consumo de massa, como garrafas de Coca-Cola, latas de sopa, carros e cédulas de dinheiro. Uma das obras mais significativas da Pop Art, a série de imagens de latas de sopa Campbell’s, da autoria de Andy Warhol. Produtos industrializados, ou seja, objetos comerciais eram convertidos em obras de arte, fator que aproximava a arte da cultura de massas. Esse emprego de ready-mades, à maneira do Dadaísmo, possibilitava a reconfiguração do sentido dos objetos, que, deslocados das prateleiras de supermercados, das telas de cinema, das bancas de jornal, adquiriam novo sentido como objetos de arte em galerias, museus e exposições. Saiba mais Para conhecer o trabalho do artista, acesse: MOMA. Andy Warhol. Campbell’s Soup. Disponível em: <https:// www.moma.org/calendar/exhibitions/1517?locale=pt>. Acesso em: 17 ago. 2018. 57 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE 4.2.3 Op Art A Op Art ou Optical Art foi um movimento artístico caracterizado pelo emprego de formas geométricas que induzem o olhar do espectador a uma espécie de ilusão de ótica, gerando sensações de movimento, de tridimensionalidade, de vibração e de mudança de sentido. A Op Art parece querer significar a permanente mudança a que está submetido o mundo contemporâneo, seu caráter sempre passageiro, mesmo fugaz. Característicos desse movimento são, por exemplo, os móbiles do artista Alexander Calder (1898-1976). Trata-se de uma arte de construção bastante rigorosa, quase científica, dado o seu caráter sistemático. Os mais importantes artistas da Op Art são Alexander Calder, criador dos móbiles, iniciados com a materialização de quadros de Mondrian, e Victor Vasarely (1908-1997), criador de composições geométricas de alta complexidade, coloridas ou não, e que provocam diferentes sensações no espectador. Ao criar os seus móbiles, Alexander Calder literalmente colocou a arte em movimento, como na imagem abaixo, reprodução da obra Totem, inspirada nos quadros de Piet Mondrian. As esculturas abstratas de Calder nos remetem às quatro dimensões da realidade: altura, profundidade, largura e tempo, uma vez que elas se movimentam, revelando-se ao espectador lentamente. Acrescente-se que os primeiros móbiles eram movimentados pelos próprios espectadores. Posteriormente, Calder decidiu torná-los suspensos, movimentando-se sozinhos, pela ação do vento. A construção dos móbiles demanda rigor no estabelecimento de um sistema equilibrado de pesos, a fim de que o movimento seja mantido ritmado e prolongado. Saiba mais Para conhecer o trabalho do artista, acesse: TATE. Alexander Calder: 1898-1976. Disponível em: <https://www.tate. org.uk/art/artists/alexander-calder-848>. Acesso em: 17 ago. 2018. 4.2.4 Pós-modernidade e perspectivas da arte no século XXI 4.2.4.1 Minimalismo O Minimalismo constituiu um movimento artístico iniciado no decênio de 1960, nos Estados Unidos, cujos representantes buscavam expressarem-se por meio do recurso aos elementos fundamentais – mínimos – das artes visuais. Nas artes plásticas, os minimalistas opuseram-se ao Expressionismo abstrato norte-americano. Efetivamente, julgavam a Action Painting extremamente personalista e carente de substância. Para os minimalistas, caberia à arte expressar apenas a si própria, e não a qualquer elemento extra-artístico, não visual. Por esse motivo, pode-se considerar a Minimal Art como o ponto culminante do reducionismo nas artes plásticas, tendência que vinha se manifestando em diferentes campos artísticos no transcorrer do século XX. 58 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II Abaixo, reprodução de parte da obra do minimalista norte-americano Dan Flavin (1933-1996), um dos principais expoentes da Minimal Art. A obra é uma escultura composta por tubos luminosos coloridos. Nela é possível notar as mais importantes características do Minimalismo, ou seja, o reducionismo formal, a despretensão, a simplicidade e o forte cunho geométrico. Características principais do Minimalismo: • rejeição tanto da objetividade como da subjetividade e do figurativismo na produção artística; • reducionismo formal das obras de arte, em busca de sua expressão mais pura possível, tanto na bidimensionalidade como na tridimensionalidade; • emprego sobretudo de formas geométricas simples, como cubos, paralelepípedos, cilindros etc. de modo repetitivo, para conferir ritmo às obras de arte; • diferenciação de outras correntes abstracionistas pois não adota o lirismo nem o matematismo, que considera muito personalistas; • a escultura minimalista emprega figuras geométricas simples e materiais diferenciados, como, por exemplo, fibra de vidro, metais e plásticos. 4.2.4.2 Arte Conceitual O movimento artístico denominado Arte Conceitual desenvolveu-se particularmente nos Estados Unidos, a partir da década de 1960. Diferentemente do Minimalismo, na Arte Conceitual a crítica está presente, embora não de forma explícita, mas em reflexões filosóficas e linguísticas. Nesta vertente das artes plásticas, as ideias e os conceitos são considerados mais importantes do que os meios e materiais empregados na sua representação. Nesse sentido, o artista torna as suas obras veículos de pensamentos e teorias, ou seja, busca-se demonstrar que a arte se origina das ideias, e o planejamento da produção artística é elevado a uma condição superior à própria execução das obras. Noutros termos, na Arte Conceitual, as ideias são mais relevantes que os próprios objetos artísticos. Por esse motivo, um de seus mais eminentes representantes, o norte-americano Lawrence Weiner (1942), em diferentes obras de sua autoria, reduzia as mesmas a um simples enunciado de instruções descritivas, que sequer concretizava. Deste modo, pretendiam os artistas conceitualistas tecerem a crítica à própria noção objeto artístico. Abaixo, apresenta-se reproduçãoda obra One and Three Chairs, do norte-americano Joseph Kosuth (1945), que ilustra bem as principais características da Arte Conceitual. Efetivamente, nesta obra, Kosuth expõe, conjuntamente, uma cadeira real, uma foto dessa mesma cadeira e um texto contendo a definição do que seja uma cadeira. Ao proceder assim, o artista pretende provocar a reflexão sobre a própria realidade do objeto, ou seja, uma discussão sobre o próprio ser das coisas. 59 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE Saiba mais Joseph Kosuth realizou uma obra chamada One and Three Chairs, em 1965, consiste numa cadeira dobrável de madeira, ao lado da fotografia de uma cadeira e de uma ampliação em fotografia da definição da palavra “cadeira” do dicionário: Para vê-la acesse: MOMA. Joseph Kosuth. One and Three Chairs, 1965. Disponível em: <https://www.moma.org/collection/works/81435>. Acesso em: 17 ago. 2018. Resumo A pintura impressionista considerava que a luz solar é a fonte de todas as cores: por isso os artistas buscavam mostrar as variações de tonalidade decorrentes das mudanças no modo como objetos e pessoas são iluminados ao longo do dia. Nela os artistas empregavam apenas largas pinceladas, que geram manchas, as quais criam a impressão de retratarem objetos e pessoas. Na sua trajetória, os impressionistas romperam com o academicismo, por exemplo, no abandono do claro-escuro, substituído pelo uso de cores complementares para a obtenção do efeito de luz e sombra. Os artistas do movimento cubista, entre eles Pablo Picasso, influenciados pela visão de Paul Cézanne, afirmavam que a arte não era uma cópia, mas um paralelo da natureza. Isso significou que eles não precisavam representar a realidade apenas como uma reprodução do que o observador olhava: era possível recriar a realidade, sem se prender a noções preestabelecidas de desenho e de pintura. No Fauvismo, a obra de arte não é um produto intelectual, nem um produto da sensibilidade, pois, no ato de criação, o pintor deve seguir os impulsos instintivos, os seus sentimentos primários. Por isso, na pintura, devem-se exaltar as cores puras e tanto as linhas do desenho como o colorido das tintas devem surgir de modo impulsivo, expressando em sua maior pureza, as sensações do artista. Por outro lado, o Futurismo é mais radical nas suas fontes de inspiração. Seus participantes idolatravam a indústria e as novas tecnologias e aceitavam a propaganda como o mais importante meio de comunicação. Sua busca não era por representar objetos, mas significar, em suas obras, a 60 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II forma plástica das direções e da velocidade dos movimentos descritos por eles no espaço. A Bauhaus não era um movimento, mas uma escola de artes e ofícios, mas sua contribuição para o design foi fundamental, pois associou a arte à produção industrial de objetos. No Minimalismo a radicalidade da proposta está na busca de uma essência da arte. Para isso propunham a rejeição tanto da objetividade como da subjetividade e do figurativismo na produção artística e o reducionismo formal das obras de arte, em busca de sua expressão mais pura possível, tanto na bidimensionalidade, como na tridimensionalidade. Como parte de suas propostas empregavam formas geométricas simples, como cubos, paralelepípedos, cilindros etc. de modo repetitivo, para conferir ritmo às obras de arte. Exercícios Questão 1. Observe a imagem a seguir. Figura O pontilhismo, técnica de pintura que faz uso de pequenas manchas ou pontos, consiste na utilização de pequenos pontos de cores puras justapostas. Essa técnica foi primeiramente usada por pintores: A) Cubistas. B) Barrocos. C) Impressionistas. 61 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 HISTÓRIA DA ARTE D) Expressionistas. E) Renascentistas. Análise da questão A pintura e o conceito não dizem respeito ao Cubismo, ao Barroco, ao Expressionismo e ao Renascimento – estéticas que não usam o pontilhismo como característica. O pontilhismo é uma técnica de pintura em que pequenas manchas ou pontos de cor provocam, pela justaposição, uma mistura ótica nos olhos do observador (imagem). Esta técnica baseia-se na lei das cores complementares, avanço científico impulsionado no século XIX, pelo químico Michel Chevreul. Trata-se de uma consequência extrema dos supostos ensinamentos dos impressionistas, ou pós-impressionistas, neoimpressionistas ou ainda divisionistas. Questão 2. Observe as imagens a seguir. Figura 62 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 08 /1 6 Unidade II Com base nas imagens e em seus conhecimentos, leia as seguintes afirmativas: I. Os artistas da Pop Art usavam em suas obras cores vivas, inusitadas e massificadas pela publicidade. Eles optavam por imagens pictóricas e por símbolos de natureza popular. II. Os símbolos representados constituíam uma crítica implícita ao excesso de consumo da sociedade capitalista, visto que o capitalismo era incentivado de forma abundante pela dimensão publicitária, cinematográfica etc. III. A Pop Art une arte e vida, pois essa arte popular conecta o seu público, a partir de signos e símbolos extraídos do imaginário da cultura de massa, à vida cotidiana. Está correto apenas o que se afirma em: A) I e II. B) II e III. C) I e III. D) Todas as afirmativas são corretas. E) III. Resolução desta questão na plataforma.
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