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DIREITO 
INTERNACIONAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever as atribuições dos órgãos do Estado em relações internacionais.
 > Identificar os agentes diplomáticos e agentes consulares e suas atribuições.
 > Definir a imunidade de jurisdição do Estado em matéria trabalhista.
Introdução
As relações entre os Estados se realizam por meio de pessoas, cujas delegações 
lhes habilitam representar, negociar e proteger seus Estados de origem. São os 
agentes diplomáticos e consulares, agentes treinados pelos Estados, que têm a 
missão de realizar missões diplomáticas em outros países ou organismos inter-
nacionais em nome de seus Estados de origem.
Neste capítulo, você verá como identificar os agentes diplomáticos e agentes 
consulares, diferenciando as atribuições de ambos. As funções exercidas pelos 
agentes diplomáticos e consulares vêm previstas nas Convenções de Viena de 
1961 e 1963. Você verá, também, que a imunidade de jurisdição, construída ao 
longo dos anos pela doutrina e jurisprudência internacionais, tem cedido espaço 
para a matéria trabalhista, cuja competência material no Brasil foi outorgada pela 
Constituição Federal de 1988.
Os órgãos das 
relações entre 
os Estados
Eduardo Zaffari
Os órgãos do Estado em suas relações 
internacionais
Inicialmente é importante compreender que o Estado é um ente criado com a 
finalidade de representar os interesses de determinada população. O Estado, 
teoricamente, é composto por três elementos básicos: população, território 
e governo. O Estado ideal seria composto por uma população homogênea, 
um território certo e inalienável e um governo independente (MALUF, 2019). 
Trata-se de uma conceituação ideal em que, por exemplo, o Canadá não 
poderia ser considerado um Estado, porque seu governo está submetido à 
commonwealth (comunidade de países ingleses). Uma definição teórica de 
Estado, dentre as várias possibilidades de conceituação, é a de Sahid Maluf, 
no seguinte sentido: “O Estado é o órgão executor da soberania nacional”, 
pois o Estado apenas é um meio de realização dos fins de uma comunidade 
nacional (MALUF, 2019). Esse conceito vai ao encontro da definição de Francisco 
Rezek (2018), quando afirma que o Estado não é apenas uma precedência 
histórica, mas uma realidade física, um espaço territorial em que vive uma 
comunidade de seres humanos.
A organização do Estado é prescrita na Constituição, pelo Poder 
Constituinte Originário, entidade responsável pela criação, reforma e 
mutação das Constituições. Essa potência, que representa o povo, é uma teoria 
desenvolvida pelo Abade Joseph Sieyès, em 1789.
Na execução dessa soberania nacional, o Estado divide o exercício de 
poder entre três diferentes entidades:
 � Poder Executivo, cuja função típica é a atividade administrativa estatal;
 � Poder Legislativo, cuja função típica é a fiscalização e a confecção de 
instrumentos normativos;
 � Poder Judiciário, cuja função típica é a solução de conflitos jurídicos. 
Com a tarefa de manterem-se independentes e harmoniosos, cada um 
desses Poderes exerce funções atípicas, em que desempenham, de forma 
secundária, as atribuições dos demais Poderes. Compete ao Poder Executivo 
a representação do Estado brasileiro na esfera nacional e internacional.
Os órgãos das relações entre os Estados2
No entanto, Mazzuoli (2019) recorda que o Estado agirá por meio de pes-
soas, que agirão em seu nome como órgãos. Afirmando a atuação destes no 
cenário internacional, refere o jurista:
No que tange à ação exterior do Estado, tais pessoas agem como órgãos externos 
da potência soberana para a qual trabalham, variando sua competência de acordo 
com a maior (v.ġ., o Presidente da República ou o Ministro das Relações Exteriores) 
ou menor (v.ġ., os membros de missões junto a organizações internacionais) extensão 
de seus misteres. Em suma, será por meio de tais pessoas (ou órgãos) que a ação 
exterior do Estado se materializa na articulação de suas políticas, interesses etc. 
(MAZZUOLI, 2019, p. 760).
Cada Estado ou organismo internacional disciplinará a forma de desig-
nação desses representantes, suas atribuições e competências, conforme 
seu ordenamento jurídico. Usualmente são as Constituições de cada Estado 
que prescrevem quem representará o Estado em nome de sua população. 
Na esfera internacional, é o chefe de Estado que representará os interesses 
ante aos demais Estados — e o chefe de Estado poderá ser o presidente, 
um imperador, rei, ou, até mesmo, um primeiro-ministro. Os demais Estados, 
em razão de sua autonomia, não têm competência para opor-se quanto à forma 
de representação pelos outros Estados. Em outras palavras, é da autonomia 
de cada Estado, por meio de seu direito interno, escolher como se dará a 
representação na órbita internacional.
A Constituição brasileira prescreve em seu artigo 84, VII, que competirá 
ao presidente da república “[...] manter relações com Estados estrangeiros 
e acreditar seus representantes diplomáticos” (BRASIL, 1988, documento 
on-line). No exercício dessa competência, cuja atribuição constitucional é 
privativa, exercerá a função na qualidade de chefe de Estado, o que não 
lhe impede de delegar a representação nos termos prescritos em lei. Ma-
zzuoli (2019, p. 760, grifo nosso) observa, entretanto, que “[...] modernamente, 
as atribuições dos chefes de Estado não são mais tratadas de maneira absoluta, 
como era no passado, em que o soberano reunia em torno de si todo o poder 
de representação (jus representationis omnimodae)”.
Em regra, se os ordenamentos jurídicos particulares de cada Estado não 
dispuserem de forma diversa, são os chefes de Estado que representam as 
suas respectivas entidades nas relações internacionais com outros Estados 
ou organismos internacionais. A comunidade internacional atribuiu aos chefes 
de Estado a representação geral nos negócios internacionais. Essa direção 
política internacional é denominada de jus representatividade omnimodae, 
o que permite que os chefes de Estado assumam compromissos internacio-
Os órgãos das relações entre os Estados 3
nais, ou deleguem legitimamente, sem a comprovação a cada ato. Os chefes 
de Estado nem sempre serão chefes do Poder Executivo, posto que, nas 
repúblicas, o presidente costuma reunir em si as funções de chefe de Estado 
e chefe de governo, como no Brasil, em que o presidente é chefe de governo 
(realizando funções administrativas) e chefe de Estado, representando o país 
no exterior. Em outros países, a chefia de Estado é confiada ao monarca (rei 
ou imperador), como na Holanda e na Inglaterra, e a chefia de governo aos 
respectivos primeiros-ministros. 
As atribuições de chefe de Estado e chefe de governo vêm prescritas 
nos incisos do artigo 84 da Constituição Federal de 1988 e não estão 
delimitados. Não há delimitação entre as funções de chefe de Estado e de governo.
As inúmeras atribuições do chefe de Estado, assim como a especialização 
de muitos assuntos na esfera internacional, impedem que este participe di-
retamente nos negócios internacionais. Para a representação com as demais 
nações ou entidades, nomeia-se um intermediário para atuar na relação entre 
o Estado e os organismos internacionais e demais Estados. Esse intermediário 
é denominado ministro das relações exteriores e agirá em nome do chefe de 
Estado, representando a política exterior daquele Estado. Mazzuoli afirma que 
esse importante representante ganha diferentes denominações, a depender 
conforme é instituído em seu país, exemplificando com:
[...] Ministro dos Negócios Estrangeiros (Espanha), Secretário de Estado (EUA), Foreign 
Office (Grã-Bretanha), Departamento Político (Suíça), Comissário do Povo para As-
suntos Estrangeiros (ex-URSS) e Chanceler (América Latina) (MAZZUOLI, 2019, p. 764). 
Campos e Távora (2018, p. 38) afirmam que “[...] o ministro das relações 
exteriores é um plenipotenciário, no quadro internacional — desde o momento 
em que investido pelo chefe de Estado, ou pelo chefe de governo, naquela 
função especializada”.Ou seja, o Ministro das Relações exteriores terá plenos 
poderes para agir em nome do Estado por delegação do chefe de Estado, sem 
a necessidade de comprovar os seus poderes.
Os órgãos das relações entre os Estados4
Além da representação realizada pelo chefe de Estado e pelo ministro 
das relações exteriores, há a necessidade de funcionários que representem 
o Estado e defendam seus interesses nos demais. Esses funcionários, que são 
enviados de um Estado para o outro, são denominados agentes diplomáticos 
e atuarão cuidando de questões políticas em outros países, representando 
os interesses de seu Estado de origem. Por sua vez, os agentes consulares 
atuam representando o seu Estado de origem em questões administrativas e 
comerciais. Como afirma Varella (2019), o rompimento das relações diplomá-
ticas não significa, necessariamente, o rompimento das relações consulares.
Os agentes diplomáticos e agentes 
consulares e suas atribuições
As relações internacionais se fundamentam pela interação entre agentes cada 
vez mais especializados técnica e juridicamente. Varella (2019) afirma que a 
lógica internacional eminentemente política vem cedendo espaço à técnica, 
econômica e científica. A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 
1961 é o principal documento que versa sobre as relações diplomáticas entre 
Estados. A Convenção, ratificada por quase a totalidade dos países, consolidou 
o direito costumeiro até então, tornando-se regra de Direito Internacional 
e se aplicando até mesmo aos países que não aderiram a ela em razão de 
sua prática. Além da consolidação da prática internacional realizada à época 
pela Convenção de Viena, os costumes e tratados multilaterais ou bilaterais 
regram outras disposições aplicáveis às relações diplomáticas. Mazzuoli 
(2019, p. 766), a respeito dos costumes nas relações diplomáticas, leciona 
que as “[...] práticas da diplomacia, obedecidas como lei, chamadas de usos 
diplomáticos, algumas delas já transformadas em verdadeiras normas de 
conduta, que podem, inclusive, acarretar a responsabilidade internacional 
do Estado caso violadas”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, logo após 
o término da II Guerra Mundial, por 51 países, e tem, atualmente, 193 
Estados soberanos em sua composição. A Organização foi criada objetivando a 
manutenção da paz e da segurança, fomento do relacionamento entre Estados 
(BRASIL, 2003).
Os órgãos das relações entre os Estados 5
Os agentes diplomáticos são os agentes de Estado que têm a função 
clássica de representar, negociar e de informar-se sobre os assuntos de seu 
Estado de origem em outros Estados. Essa representação ocorre por meio 
das missões diplomáticas, em que um conjunto de funcionários representa o 
Estado de origem, denominado Acreditante (Estado que envia os diplomatas) 
em organismos internacionais ou em Estados de acolhimento, chamados 
de Acreditados (Estados que recebem a missão diplomática). As missões 
diplomáticas serão temporárias quando o grupo de funcionários for enviado 
para uma negociação específica ou para a realização de um determinado 
ato administrativo; serão permanentes quando os funcionários enviados 
pelo Estado de origem se instalarão no Estado de acolhimento. O ato formal 
e solene, cuja forma dependerá do ordenamento jurídico de cada Estado, 
para o reconhecimento dos poderes da missão diplomática permanente é o 
ato de acreditação. É por meio da acreditação que o Estado de acolhimento 
reconhece a importância e os poderes dos funcionários enviados. Varella 
(2019, p. 489) explica que poderão existir três diferentes tipos de missões 
permanentes, como refere: 
[...]
a) embaixadas, responsáveis pela representação política dos Estados; 
b) consulados e vice-consulados, responsáveis pela representação comercial e 
administrativa, sobretudo de caráter notarial; 
c) delegações, missões ou escritórios, responsáveis pela representação política, 
comercial ou mesmo administrativa perante Organizações Internacionais ou pe-
rante Estados.
A classificação dos membros de uma missão diplomática é a pactuada no 
Congresso de Viena, de 19 de março de 1815, com três diferentes classes que 
se alteraram muito pouco ao longo do tempo, quais sejam: 
1. embaixadores, legados ou núncios; 
2. os enviados, ministros ou outros agentes, acreditados, como os pri-
meiros, junto aos soberanos; 
3. os encarregados de negócios, acreditados junto aos ministros das 
relações exteriores. 
Posteriormente, a Convenção de Viena de 1961 alterou, basicamente, quanto 
à acreditação, mantendo as seguintes classes: 
Os órgãos das relações entre os Estados6
1. embaixadores ou núncios acreditados perante chefes de Estado e 
outros chefes de missão de categoria equivalente; 
2. enviados, ministros ou internúncios, acreditados perante chefes de 
Estado; 
3. encarregados de negócios, acreditados perante ministros das relações 
exteriores.
Os embaixadores são reconhecidos, pelo art. 14 da Convenção de Viena 
de 1961, como chefes das missões diplomáticas, exercendo o cargo de maior 
importância na hierarquia diplomática. Em uma missão poderão participar 
o pessoal oficial, do qual fazem parte os conselheiros, intérpretes, dentre 
outros; o pessoal não oficial, que são os acompanhantes sem função pública, 
como familiares do pessoal oficial; e os serviçais dos agentes diplomáticos, 
que são os servidores do pessoal em missão, como secretários, empregados 
domésticos, dentre outros. Destes, o pessoal oficial, com função pública 
delegada, compõe o chamado corpo diplomático.
As Convenções de Viena de 1961 e de 1963 foram incorporadas ao 
direito brasileiro pelos Decretos 56.435, de 08 de junho de 1965, 
e 61.078, de 26 de julho de 1967, respectivamente, podendo ser considerados 
direito positivo para fins legais.
As atribuições das missões diplomáticas, sejam estas temporárias ou 
permanentes, vêm prescritas na Convenção de Viena de 1961, tratado este 
que foi incorporado ao Direito Brasileiro pelo Decreto 56.435, de 08 de junho 
de 1965. O art. 3º prescreve as funções da missão diplomática:
[...] funções de uma Missão diplomática consistem, entre outras, em: a) representar 
o Estado acreditante perante o Estado acreditado; b) proteger no Estado acreditado 
os interesses do Estado acreditante e de seus nacionais, dentro dos limites permi-
tidos pelo direito internacional; c) negociar com o Governo do Estado acreditado; 
d) inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos 
acontecimentos no Estado acreditado e informar a esse respeito o Governo do Estado 
acreditante; e) promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, 
culturais e científicas entre o Estado acreditante e o Estado acreditado. Observa-se 
que os membros de uma missão diplomática, assim encarregados pelo seu Estado de 
origem, têm a função de representação, negociação, observação e proteção, com a 
natureza eminentemente política de sua atuação (BRASIL, 1965, documento on-line).
Os órgãos das relações entre os Estados 7
Por sua vez, os cônsules e funcionários consulares, os quais desempenham 
as suas funções em consulados em Estados estrangeiros, têm uma função 
apolítica e a técnica. Nas palavras de Valério de Oliveira Mazzuoli (2019, p. 770):
[...] os cônsules não representam o Estado na totalidade de suas relações exte-
riores e não se encontram acreditados no país anfitrião. Enquanto os agentes 
diplomáticos desempenham funções políticas de representação, os cônsules são 
funcionários administrativos ou agentes oficiais do Estado que os nomeia (mas 
sem caráter diplomático ou representativo) que trabalham em cidades de outros 
países, agindo como órgãos da política comercial, tendo, também, a função de 
proteger os interesses particulares de seus nacionais
As funções consulares vêm prescritas na Convenção de Viena de 1963, in-
troduzida no Brasil pelo Decreto 61.078, de 26 de julho de 1967, que prescreve 
as atividades dos cônsules em seu art. 5º (BRASIL, 1967,documento on-line). 
Dentre diversas tarefas administrativas realizadas pelos cônsules, pode-se 
destacar a realização de recepções que fazem países com tradição turística 
para incrementar o turismo para seu país, como o Uruguai, por exemplo; a 
assistência prestada por autoridades consulares ao médico brasileiro detido 
no Egito; a realização de registro de nascimentos e óbitos, bem como casa-
mentos em sua jurisdição; acompanhamento da situação de crianças de seu 
Estado que estejam no estrangeiro; coleta de informações comerciais no país 
de acolhimento, como os cônsules que prestam informações sobre os produtos 
brasileiros no exterior; expedição de passaportes para os seus nacionais que 
residam no exterior; dentre diversas outras atividades eminentemente técnicas. 
Observa-se que as tarefas dos agentes diplomáticos se concentram nos 
aspectos políticos, enquanto as tarefas consulares são, essencialmente, 
administrativas e comerciais.
A imunidade de jurisdição do Estado 
em matéria trabalhista
Os agentes diplomáticos e consulares gozam de imunidades prescritas nas 
Convenções de Viena de 1961 e 1963, para que possam exercer as suas atri-
buições com liberdade e segurança. Entretanto, além dessas imunidades, 
o próprio Estado estrangeiro goza de imunidades no Estado de acolhimento, 
seja em relação aos seus órgãos, seja em relação aos seus bens. Recordando 
o caso de “The Schooner Exchange Vs. McFaddon” (famoso caso em que ar-
madores norte-americanos reclamaram a propriedade sobre navio francês 
que aportara nos Estados Unidos, alegando ser sua propriedade), que foi 
Os órgãos das relações entre os Estados8
julgado pela Suprema Corte Norte Americana em 1812, Mazzuoli explana a 
imunidade de jurisdição transcrevendo parte do julgado, em que na decisão 
constou (MAZZUOLI, 2019, p. 710):
A jurisdição das cortes é um ramo do que a nação possui como um Poder sobe-
rano e independente. A jurisdição da nação dentro do seu próprio território é 
necessariamente exclusiva e absoluta. Não é susceptível de qualquer limitação, 
senão imposta por ela mesma. Qualquer restrição a ela, que derive sua validade 
de uma fonte externa, implicaria numa diminuição de sua soberania, nos limites 
de tal restrição e uma investidura daquela soberania, nos mesmos limites em que 
aquele poder que poderia impor tal restrição.
A doutrina e a jurisprudência internacional consideram que a imunidade de 
um Estado de origem em um Estado de acolhimento decorre da impossibilidade 
de interferência de um Estado sobre a soberania do outro, conforme decisão 
da Suprema Corte dos Estados Unidos. Francisco Rezek (2018) recorda que 
há uma Convenção das Nações Unidas sobre a imunidade de jurisdição do 
Estado e de seus bens à jurisdição estrangeira que foi adotada pela Assem-
bleia Geral em 02 de dezembro de 2004, mas que não entrou em vigor pela 
ausência do número mínimo de trinta manifestações de vontade aderindo a 
ela. Inexistindo um tratado que verse expressamente sobre a imunidade de 
jurisdição entre os Estados, impera a aplicação dos princípios da igualdade de 
tratamento e reciprocidade, em que os Estados preservam a imunidade dos 
demais Estados como respeito às suas soberanias e como forma de receber 
igual tratamento com as suas missões diplomáticas. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendimento de que se deve ob-
servar a imunidade de jurisdição dos demais Estados, não os submetendo aos 
seus Tribunais, o que tem sido seguido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
Observe-se que o Ministro Luis Felipe Salomão, do STJ, tem externado o seu 
entendimento de que não se deve observar a imunidade de jurisdição nos casos 
em que se constatar a inobservância de direitos humanos pelo Estado de origem. 
Entretanto, o posicionamento do Ministro Luis Felipe Salomão é minoritário, 
e os Tribunais superiores brasileiros têm o entendimento de que, mesmo nesses 
casos, os demais Estados não estão submetidos ao direito brasileiro.
Os Estados de origem poderão, se assim o desejarem em certos casos, 
renunciar à imunidade de jurisdição, hipótese em que se submeterão 
ao ordenamento jurídico do Estado de acolhimento.
Os órgãos das relações entre os Estados 9
Em relação à imunidade de jurisdição trabalhista, a situação é um pouco 
diversa. Conforme o artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988, 
a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações oriundas 
das relações de trabalho, prescrevendo expressamente que “[...] compete à 
Justiça do Trabalho processar e julgar [...] as ações oriundas da relação de 
trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração 
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios” (BRASIL, 1988, documento on-line, grifo nosso). A definição de entes 
de direito público externo pode ser encontrada no artigo 42 do Código Civil, 
para o qual “[...] são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público” (BRASIL, 1988, documento on-line).
A norma constitucional atribuiu a competência para a Justiça do Trabalho, 
não referindo expressamente quanto a eventual imunidade de jurisdição, o que 
leva Mazzuoli a referir que outras regras de imunidade de jurisdição poderiam 
afastar a jurisdição trabalhista (MAZZUOLI, 2019). Ocorre que muitos países 
já relativizaram a imunidade de jurisdição trabalhista desde a Convenção 
Europeia sobre Imunidade do Estado, assinada na Basileia (Suíça) por Áustria, 
Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Suíça e Reino Unido, de 1972. 
Essa relativização no costume internacional levou o STF ao entendimento 
pela possibilidade de processamento e julgamento de ações trabalhistas 
na Justiça do Trabalho, ressaltando-se o voto do Ministro Celso de Mello, 
de 2002, para quem o Estado estrangeiro “[...] não dispõe de imunidade de 
jurisdição, perante órgãos do Poder Judiciário brasileiro, quando se tratar de 
causa de natureza trabalhista [...] [e que] o privilégio resultante da imunidade 
de execução não inibe a justiça brasileira de exercer jurisdição nos processos 
de conhecimento instaurados contra Estados estrangeiros” (BRASIL, 2003, 
documento on-line, acréscimo nosso). Um dos marcos no direito brasileiro 
foi a apelação cível ACi 9696-SP, julgada pelo STF em 1989, no caso Genny de 
Oliveira em face da Embaixada da República Democrática Alemã, em que se 
reconheceu a legitimidade da Justiça do Trabalho para apreciar a reclamação 
trabalhista, afastando-se a imunidade de jurisdição.
Mas se observe que persiste a imunidade de execução, pois os bens do 
Estado estarão protegidos pelas Convenções de Viena de 1961 e 1963, o que 
significa que o reclamante poderá ajuizar demanda que tramitará e será 
julgada, mas a execução apenas poderá recair sobre bens que não estejam 
afetados pela missão diplomática como imunes. Duas possibilidades existem 
na execução trabalhista: a) existindo renúncia pelo Estado estrangeiro na 
Os órgãos das relações entre os Estados10
execução trabalhista, esta poderá recair sobre quaisquer bens do Estado de 
origem; b) a expropriação de outros bens do Estado de origem, que não este-
jam afetados pela imunidade. Observe-se que essa hipótese não é rara, pois 
os países têm seguidamente bens de empresas públicas em outros Estados, 
permitindo a expropriação no caso de execução trabalhista.
A imunidade de jurisdição permite que os Estados mantenham relações 
internacionais, enviando missões diplomáticas aos outros países com garantia 
de seus órgãos e bens. Entretanto, o direito internacional tem evoluído no 
sentido de admitir a responsabilização do Estado estrangeiro pelos débitos 
trabalhistas, o que o Brasil tem admitido ao longo dos recentes anos.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm.Acesso em: 20 jun. 2021. 
BRASIL. Decreto nº 56.435, de 8 de junho de 1965. Promulga a Convenção de Viena 
sôbre Relações Diplomáticas. Diário Oficial da União, Brasília, 8 jun. 1965. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d56435.htm. Acesso em: 
20 jun. 2021.
BRASIL. Decreto nº 61.078, de 26 de julho de 1967. Promulga a Convenção de Viena 
sobre Relações Consulares. Diário Oficial da União, Brasília, 26 jul. 1967. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D61078.htm. Acesso em: 18 jun. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 18 jun. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AG.REG.NO Recurso Extraordinário: 222368 PE. 
Imunidade de jurisdição - reclamação trabalhista - litígio entre estado estrangeiro 
e empregado brasileiro - evolução do tema na doutrina, na legislação comparada e 
na jurisprudência do supremo tribunal federal: da imunidade jurisdicional absoluta à 
imunidade jurisdicional meramente relativa - recurso extraordinário não conhecido. 
Relator: Celso de Mello. Diário de Justiça, Recife, 14 fev. 2003. Disponível em: https://
jurisprudencia.s3.amazonaws.com/STF/IT/RE_222368_PE_1279099800627.pdf?AWSAc
cessKeyId=AKIARMMD5JEAO67SMCVA&Expires=1624227929&Signature=b7pOyi5s8PqS
Ghip3NAMEEk6n6I%3D. Acesso em: 20 jun. 2021.
CAMPOS, D. de S. A.; TÁVORA, F. Direito internacional: público, privado e comercial. São 
Paulo: Saraiva, 2018. 
MALUF, S. Teoria geral do Estado. 35. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MAZZUOLI, V. de O. Curso de direito internacional público. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2019.
REZEK, J. F. Direito internacional público. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
VARELLA, M. D. Direito internacional público. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Os órgãos das relações entre os Estados 11
Leituras recomendadas
ACCIOLY, H.; SILVA, G. E. N. e; CASELLA, P. B. Manual de direito internacional público. 
24. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Sobre o nosso trabalho para alcançar os objetivos de 
desenvolvimento sustentável no Brasil. c2021. Disponível em: https://brasil.un.org/
pt-br/sdgs. Acesso em: 20 jun. 2021. 
TEIXEIRA, C. N. Manual de direito internacional público e privado. 9. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2020.
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testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
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