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Parasitologia clínica ARA0995 Prof. Luciano Rodrigues Conteúdo do semestre Tema 1 Introdução as analises parasitológicas Tema 2 Protozoários de Vias Digestivas e Geniturinárias de Importância Clínica Tema 3 Protozoários Teciduais de Importância Clínica Tema 4 Nematelmintos de Importância Clínica Tema 5 Platelmintos de Importância Clínica COLETA DE AMOSTRAS PARA OS EXAMES PARASITOLÓGICOS Os parasitas não se encontram somente no intestino e podem viver em outros sítios do organismo humano. Amostras de urina, sangue e escarro, biópsia, podem ser empregadas para o diagnóstico. A escolha da técnica se inicia quando surge a suspeita clínica de parasitose. A partir dos sintomas apresentados, o médico consegue direcionar a melhor técnica, o tipo de amostra a ser coletado e a busca desses organismos durante a execução do exame. Para o diagnóstico e o tratamento corretos, são necessárias a detecção e a análise morfológica dos parasitas. Podem ser encontrados no organismo de diversas formas e em diferentes estágios de desenvolvimento. Trofozoíto de G. lamblia Cisto de G. lamblia Toxoplasma gondii Ovos férteis de Ascaris lumbricoide COLETA DE FEZES De todas as amostras coletadas para os testes parasitológicos, os exames realizados a partir das fezes são os mais conhecidos e solicitados. A partir dessa amostra, além dos parasitas, podemos identificar outros patógenos e a presença de muco, sangue e pus, assim como gordura em excesso e até mesmo sinais de um processo inflamatório ou de câncer. As fezes correspondem ao resíduo de alimentos que não foi absorvido pelo organismo após a passagem pelo trato gastrointestinal. A absorção dos alimentos no TGI afeta diretamente a consistência e a tonalidades das fezes. O aspecto delas é importante no momento de uma avaliação clínica de um paciente e corresponde à primeira avaliação feita no laboratório. O exame é realizado a partir de fezes coletadas em um único dia. No exame com fezes de única amostra, a possibilidade de encontrar parasitas diminui, pois os protozoários são encontrados no hospedeiro em diferentes estágios, não sendo liberados todos os dias (os ovos de helmintos apresentam uma liberação irregular, como acontece com o gênero Schistosoma). As chances também diminuem devido às limitações das técnicas parasitológicas. Entretanto, esse tipo de exame é essencial para a análise quantitativa de ovos de helminto e para verificar os elementos macroscópicos (cor, consistência, presença de muco e gordura). O frasco de coleta para amostras frescas deve ser limpo e seco e ter uma tampa com rosca de plástico e boca larga. Não é necessário frasco estéril, mas, de preferência, deve-se utilizar um recipiente fornecido pelo laboratório ou adquirido em locais que comercializam materiais hospitalares ou farmácias. Fezes frescas O exame é realizado a partir de três ou cinco amostras de fezes coletadas em dias diferentes, consecutivos ou alternados, e mantidas em líquido conservante. Os dias alternados aumentam as chances de se encontrar as formas evolutivas dos parasitas. O frasco para coleta seriada vem com um líquido conservante composto de mertiolate-iodo-formaldeído (MIF) e deve ser comprado ou solicitado ao laboratório. Coletas seriadas devem ser preferencialmente realizadas no mesmo horário, e todas as amostras coletadas devem ser colocadas no mesmo frasco. Fezes conservadas não é necessário que o paciente esteja em jejum nem que faça dieta, a menos que seja recomendação médica. Não é recomendada a coleta de fezes em mulheres que estejam no período menstrual nem em pacientes com sangramentos decorrentes de hemorroidas, pois isso pode levar à detecção equivocada de sangue nas fezes. Os pacientes não devem fazer o uso de purgativos ou laxantes para auxiliar na coleta, pois isso inviabiliza a verificação dos parasitas. Além disso, medicamentos como antidiarreicos, antibióticos (tetraciclina), antiácidos e derivados de bismuto (usado em exames radiológicos) tornam a amostra insatisfatória para análise. ATENÇÃO Amostras frescas formadas e endurecidas Fezes diarreicas frescas Fezes semissólidas Fezes coletadas com liquido conservante Devem ser analisadas no mesmo dia, mas, na impossibilidade de realização do exame, devem ser conservadas à temperatura de 2°C a 8°C por, no máximo, 24 horas. Isso preserva a morfologia dos protozoários e evita o desenvolvimento de algumas larvas e de ovos de helmintos. Devem ser examinadas em até 30 minutos após a coleta. Devem ser examinadas em até uma hora. Podem permanecer à temperatura ambiente, mas não é recomendado ultrapassar a temperatura de 30°C. Uma vez no laboratório, as amostras devem ser identificadas com nome e idade do paciente, número de identificação do laboratório, horário da coleta e horário da chegada ao laboratório. Todas as amostras devem estar acompanhadas do pedido médico. Os conservantes são indicados para os pacientes que têm dificuldade de evacuação, que não podem levar a amostra ao laboratório no tempo adequado ou que precisam coletar mais de uma amostra, para aumentar a chance de encontrar as formas parasitárias. Esses líquidos garantem a conservação, preservação e fixação dos parasitas e impedem a interferência de outros microrganismos e a evolução da forma parasitária. Coleta de sangue Possibilitam identificar parasitas dentro e fora das células e podem ser utilizados na avaliação da parasitemia do paciente, medida dada pela relação entre o número de leucócitos e o número de parasitas. Esses exames permitem investigar a presença de protozoários que têm tropismo e que apresentam seu ciclo de vida nas células sanguíneas. São eles: Plasmodium sp, Tripanosoma cruzi, Leishmania sp e microfilárias. Para isso, as amostras de sangue são obtidas a partir da punção venosa ou da polpa digital. Quando a coleta for por punção venosa, o sangue é coletado em tubo com anticoagulante EDTA. Esse tubo pode ser conservado por até 72 horas na temperatura de 2°C a 8°C. Amostras de escarro As amostras de escarro auxiliam no diagnóstico de larvas de: Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercoralis, ancilostomídeos, ovos de Paragonimus westermani, escólex de Echinococcus granulosus, trofozoítos de Entamoeba histolytica, Entamoeba gingivalis e Trichomonas tenax e oocistos de Cryptosporidium parvum. É preconizada a coleta no horário de maior secreção; o paciente não precisa estar em jejum e a amostra é coletada após a higienização bucal com frasco fornecido pelo laboratório e uma expectoração profunda. É importante orientar bem o paciente no momento da coleta para que as amostras sejam representativas e para evitar a presença de saliva, que atrapalha o diagnóstico. Vale lembrar que uma boa amostra de escarro é a que provém da árvore brônquica, obtida após esforço de tosse, e não a que se obtém da faringe ou por aspiração de secreções nasais, nem tampouco a que contém somente saliva. O aspecto ideal da amostra é mucopurulento. Amostras de urina As amostras de urina são coletadas em frascos estéreis, após assepsia. Não é necessário que seja a primeira urina da manhã, mas é recomendado que o paciente fique pelo menos duas horas sem urinar e colete o primeiro jato com volume mínimo de 10 mL. Não é recomendado o uso de duchas na região genital antes do exame; mulheres no período menstrual não devem realizar o exame; e não é permitido o uso de cremes e sabonetes íntimos nas últimas 48 horas antes da coleta. Esse exame é indicado para diagnóstico de Trichomonas vaginalis, de Schistosoma haematobium e de certas filárias. Amostras de tecidos As amostras de tecidos podem ser obtidas por meio de biópsia e da raspagem ou aspiração de lesões cutâneas. A partir desse material, são preparadas lâminas para exames diretos, pelos métodos de imprint (oposição) e preparação prensada, ou os tecidos são fixados em formol para análise histopatológica, por exemplo. Além disso, amostras de tecidos semconservação podem ser trituradas e inoculadas em meios de cultura apropriados ou incubadas em animais de laboratório, ou encaminhados para testes moleculares, como a reação da cadeia da polimerase (PCR). BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO PARASITOLÓGICO A biossegurança é um conjunto de normas e medidas que tem a função de minimizar, reduzir e controlar os riscos à saúde dos profissionais das diversas áreas da ciência e da saúde, do meio ambiente e da comunidade. Os riscos são minimizados com o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que são indispensáveis em um laboratório, assim como os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs). Os laboratórios, em geral, são divididos segundo níveis de biossegurança (NB), de acordo com o nível individual de proteção dos profissionais, do ambiente e da comunidade. O nível 1 corresponde aos laboratórios que necessitam de uma contenção mais simples. Já o nível 4 corresponde àqueles que precisam de maior contenção, tendo, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis 1, 2 e 3, barreiras de contenções e procedimentos especiais de segurança. Princípios de Biossegurança • Contenção- é o termo usado para descrever os métodos de segurança utilizados na manipulação de materiais infecciosos em um laboratório • Objetivo da contenção: reduzir ou eliminar a exposição da equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em geral aos agentes potencialmente perigosos • Contenção Primária: Boa técnica de microbiologia e pelo uso de equipamento de segurança adequado, mais uso de vacinas. • Contenção secundária: Combinação do projeto de Instalações e práticas operacionais. Elementos de contenção Incluem 3 pontos: 1- A prática e a técnica laboratorial 2- O equipamento de segurança (Barreiras primárias) 3- O projeto e construção das instalações (Barreiras secundárias) Elementos de contenção 1-Prática e técnica laboratorial • Adesão rígida às práticas e técnicas padrão de microbiologia • Conscientização e treinamento para manuseio seguro dos materiais • Responsável Técnico - fornecer ou elaborar treinamento adequado aos funcionários • Desenvolver e adotar um manual de Biossegurança que identifique os riscos que podem ser encontrados e que especifique as práticas e procedimentos para minimizar as exposições aos perigos. Elementos de contenção 2-Equipamentos de Segurança -Barreiras primárias (EPC) Inclui as cabines de segurança biológica (CSB)- proporcionar a contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos- Tipos I,II e III Tipo I e II (frente aberta)- barreiras primárias que oferecem proteção para equipe e meio ambiente em conjunto com boas técnicas microbiológicas A CSB II também fornece uma proteção contra a contaminação externa de materiais (Ex: cultura de células) que são manipulados dentro da cabine CSB III- mais alto nível de proteção Copos de segurança da centrífuga- evitar aerossóis durante a centrifugação de materiais Cabine de segurança biológica Elementos de contenção 2-Equipamentos de segurança (Barreira primária)- EPI Luvas, aventais, gorros, proteção para os sapatos, botas, respiradores, escudo ou protetor facial ,máscaras faciais, óculos de proteção. Elementos de contenção 3-Projeto e construção das Instalações (Barreiras secundárias) Gerência-zelar para que as instalações estejam de acordo com o funcionamento do laboratório e com o nível de Biossegurança recomendado para os agentes ali manipulados. Podem Incluir: • Isolamento da área de trabalho para acesso ao público. • Dependência para descontaminação(autoclave). • Dependências para lavagem de mãos. Obs. Independente do nível de biossegurança deve haver uma pia para lavagem de mãos É importante ressaltar que os riscos para a saúde e o bem-estar do profissional em um laboratório não se devem apenas à presença de microrganismos, mas também à utilização de substâncias químicas que podem causar queimaduras, lesões e intoxicação. Todos os corantes e fixadores usados nas técnicas parasitológicas apresentam altos riscos para a saúde se forem ingeridos ou inalados. Limpeza do material de trabalho Boa parte dos materiais usados nas técnicas de parasitologia é de vidro e reutilizável. Dessa forma, esses materiais precisam ser lavados e descontaminados com auxílio de substâncias químicas que ajudam a reduzir os microrganismos a níveis considerados aceitáveis, diminuindo os riscos para os técnicos e evitando a contaminação cruzada entre os exames. Os métodos aplicados podem variar de acordo com o laboratório e o trabalho desempenhado. Normalmente, a limpeza (remoção da sujidade) é feita em etapas. São elas: DESINFECÇÃO Utiliza métodos físicos ou químicos para a eliminação de microrganismos em equipamentos, com ação de desinfetantes como álcool, cloro, formaldeído, glutaraldeído, iodóforos, fenóis sintéticos e amônio, em diferentes composições e porcentagens. ESTERILIZAÇÃO estrói todas as formas de vida microbiana, processo que ocorre durante a autoclavação do material. Gerenciamento de resíduos Atualmente, no Brasil, a RDC n° 222, de 28 de março de 2018, regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde. Segundo essa legislação, todo lixo gerado em um serviço de saúde é considerado um resíduo e precisa ser gerenciado seguindo-se um plano de gerenciamento de descarte de resíduos da instituição, que deve estar de acordo com as regulamentações municipais, estaduais, federais ou do Distrito Federal. Segundo essa legislação, os resíduos dos laboratórios de análises clínicas são resíduos da Classe A, pois: Possivelmente têm a presença de agentes biológicos, que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. Estão no subgrupo A1, pois: São sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. Esses “resíduos devem ser identificados, no mínimo, pelo símbolo de risco biológico, com rótulo de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da expressão resíduo infectante”. Assim, os resíduos biológicos sem conservantes devem ser colocados em sacos brancos com símbolo de material infectante e encaminhados para a autoclavagem. Após o resfriamento, os sacos devem ser etiquetados e armazenados em recipiente rígido até a coleta pela instituição competente. Resíduos que apresentam amostras com agentes químicos precisam ser armazenados separadamente em vidros, de acordo com a substância encontrada. Slide 1: Parasitologia clínica ARA0995 Slide 2: Conteúdo do semestre Slide 3: COLETA DE AMOSTRAS PARA OS EXAMES PARASITOLÓGICOS Slide 4 Slide 5 Slide 6: COLETA DE FEZES Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12: Coleta de sangue Slide 13 Slide 14: Amostras de escarro Slide 15: Amostras de urina Slide 16 Slide 17: Amostras de tecidos Slide 18: BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO PARASITOLÓGICO Slide 19: Princípios de Biossegurança Slide 20: Elementos de contenção Slide 21: Elementos de contenção Slide 22: Elementos de contenção Slide 23: Cabine de segurança biológica Slide 24: Elementos de contenção Slide 25: Elementos de contenção Slide 26 Slide 27: Limpeza do material de trabalho Slide 28: Gerenciamento de resíduos Slide 29: Estão no subgrupo A1, pois:
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