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REDES NO AGRONEGÓCIO COOPERATIVA (1)

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Prévia do material em texto

Autores: Prof. Alexandre Saramelli
 Prof. Fernando Gorni
 Profa. Ivy Ramirez
 Prof. Rogério Carlos Traballi 
 Prof. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Colaboradora: Profa. Angélica Carlini 
Redes no Agronegócio/
Cooperativas
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Professores conteudistas: Alexandre Saramelli / Fernando Gorni / 
Ivy Ramirez / Rogério Carlos Traballi / Laura Cristina da Cruz Dominciano
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G671r Gorni, Fernando.
Redes no Agronegócio / Cooperativas. / Fernando Gorni, 
Alexandre Saramelli, Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez,Rogério 
Carlos Traballi. – São Paulo: Editora Sol, 2015.
104 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2-156/15, ISSN 1517-9230.
1. Sistema agroindustrial. 2. Cooperativismo. 3. Arte e 
Tecnologia. I. Saramelli, Alexandre. II. Ramirez Ivete Maria Soares 
Ramirez. III. Traballi, Rogério Carlos. IV. Título.
CDU 338.43
Alexandre Saramelli
Nascido na cidade de São Paulo, é contador formado pela Universidade 
Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e mestre profissional em Controladoria 
pela mesma universidade. É doutorando em Epistemologia e História da 
Ciência pela Universidad Nacional Tres de Febrero – Buenos Aires, Argentina. 
Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte 
como contador em áreas de custos e orçamentos e foi consultor em sistemas 
de controladoria da desenvolvedora alemã SAP. Atualmente é professor 
adjunto na Universidade Paulista e consultor empresarial.
Fernando Gorni
Fernando Gorni Neto é graduado e pós-graduado em Marketing 
pela Universidade Nove de Julho – Uninove. Também é pós-graduado em 
Agronegócios, pela Universidade Federal do Paraná – UFPR –, e em Formação 
em Educação a Distância pela Universidade Paulista – UNIP. Foi professor de 
Transportes Internacionais na Exportacian Assessoria em Comércio Exterior.
Leciona no curso de graduação em Administração de Empresas na 
Universidade Paulista – UNIP – matérias como Gestão de Suprimentos e 
Logística, Elaboração e Análise de Projetos, dentre outras, e no curso de pós-
graduação lato sensu, MBA em Logística Empresarial e Supply Chain, matérias 
como Comércio Internacional e Marketing Internacional.
Acumula mais de trinta anos de experiência em comércio internacional 
nas áreas de desembaraço aduaneiro de importação e exportação, tráfego 
marítimo internacional de granéis tramp, tráfego marítimo de navios 
liners, distribuição de produtos por via rodoviária, ferroviária e marítima de 
cabotagem e em Business Intelligence Center.
Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez 
Pós-graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos 
Avançados de Jornalismo Científico da Universidade Estadual de Campinas – 
Labjor/Unicamp –, bacharel e licenciada em Ciências Sociais e Geografia pela 
Universidade de São Paulo – USP. Em 2006, estudou as seguintes disciplinas 
em nível de pós-graduação stricto sensu no Nepam/Unicamp (Núcleo 
de Pesquisas Ambientais): Qualidade de Vida em Sociedades Complexas, 
Sustentabilidade e Políticas Públicas, Desenvolvimento e Meio Ambiente e 
Mudanças Ambientais Globais na área de Sociedade e Ambiente e Economia 
Ambiental como aluna especial do Programa de Doutorado. 
É autora de material didático do Ensino Médio do Sistema de Ensino 
Objetivo, da disciplina Geografia, autora do livro Tiwanaku: um Olhar Sobre 
os Andes (2005). 
Rogério Carlos Traballi
É doutor em Agronomia pela Unesp/FCA. (2008), possui mestrado em 
Engenharia de Produção (2003) e é pós-graduado lato sensu em Sistemas 
de Informação (2000) e Gramática da Língua Inglesa (2002). Graduou-se em 
Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie (1990). 
Atua como coordenador geral do curso de Agronegócio da Universidade 
Paulista – UNIP –, professor da UNIP e professor convidado em cursos de 
pós-graduação. 
Possui trabalhos publicados em amostragem de solo, engenharia de 
produção e aplicações com os softwares estatísticos e mercado financeiro. 
Laura Cristina da Cruz Dominciano
Graduada em Ciências Biológicas pela Uniararas (1995), possui 
mestrado em Biologia Comparada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e 
Letras de Ribeirão Preto – USP (2001) e doutorado em Ciências pela Faculdade 
de Zootecnica e Engenharia de Alimentos de Pirassununga – USP (2015). 
Leciona na Universidade Paulista – UNIP, campus de São José do Rio Pardo, 
desde 2002, nos cursos de Enfermagem, Nutrição, Farmácia e Biomedicina, 
nas disciplinas de Biologia, Fisiologia, Anatomia e Metodologia do Trabalho 
Acadêmico. É coordenadora auxiliar do Curso de Ciências Biológicas da UNIP, 
campus Vargas, Ribeirão Preto, desde 2012. Possui artigos publicados sobre 
bioecologia e biodiversidade marinha, sanitização de superfícies inertes na 
indústria de alimentos, oleuropeína como agente sanitizante natural contra 
biofilmes da indústria de alimentos e segurança do alimento.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Cristina Z. Fraracio
 Amanda Casale
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Sumário
Redes no Agronegócio/Cooperativas
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 PRINCIPAIS CONCEITOS DE AGRONEGÓCIO ........................................................................................ 11
1.1 Histórico e evolução do agronegócio brasileiro ...................................................................... 14
1.2 Folclore e negócios no campo – simplicidade x complexidade ......................................... 26
2 CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMA AGROINDUSTRIAL .......................................................................... 30
2.1 Cadeias e redes – características e diferenças .......................................................................... 31
Unidade II
3 PRODUÇÃO NA AGRICULTURA .................................................................................................................. 38
4 AGRICULTURA FAMILIAR.............................................................................................................................. 43
4.1 Agricultura familiar no Brasil .......................................................................................................... 44
4.2 Agricultura familiar no mundo .......................................................................................................48
4.3 Selo do Ano Internacional da Agricultura Familiar da FAO ................................................ 49
Unidade III
5 COORDENAÇÃO DAS CADEIAS PRODUTIVAS ....................................................................................... 54
5.1 Ciências da economia e do mercado ............................................................................................ 55
5.2 Atuação dos agentes empresariais no mercado ...................................................................... 58
6 CADEIAS PRODUTIVAS (OS AGRICLUSTERS) ........................................................................................ 60
6.1 Análise de filiére .................................................................................................................................... 62
6.2 O homem insensível da cidade ....................................................................................................... 65
Unidade IV
7 COOPERATIVISMO: CONCEITOS, ORIGEM E EVOLUÇÃO .................................................................. 70
7.1 A união faz a força .............................................................................................................................. 70
7.2 O Símbolo do Cooperativismo ........................................................................................................ 72
7.3 Aspecto social ........................................................................................................................................ 73
7.4 Amparo legal .......................................................................................................................................... 73
7.5 Histórico do cooperativismo internacional ............................................................................... 74
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7.5.1 Outros exemplos de cooperativismo internacional: Israel ..................................................... 76
7.6 Conceito de cooperativa ................................................................................................................... 77
7.7 Princípios do cooperativismo .......................................................................................................... 78
8 COOPERATIVISMO AGRÍCOLA NO BRASIL ............................................................................................. 81
8.1 Agronegócio, agribusiness e cadeia produtiva ......................................................................... 83
8.2 Cooperativas e a segurança alimentar ........................................................................................ 86
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APRESENTAÇÃO
Este livro-texto traz a você, aluno(a), conhecimentos que irão lhe proporcionar meios de cursar 
a disciplina Redes no Agronegócio/Cooperativas dentro do contexto do curso superior de Gestão do 
Agronegócio. O objetivo desta disciplina é estudar as redes de mercados que se estabelecem entre 
indústria, agricultura e agroindústria e discutir conceitos e características do sistema cooperativista. 
Mais especificamente, o objetivo traçado é o de proporcionar meios para que conheça elementos que 
fazem parte o agronegócio e que compõem sua rede. É muito importante que você, aluno(a), entenda 
o papel das cooperativas no desenvolvimento da agricultura no Brasil (e em outros países – pensando 
aqui também em organizações internacionais e/ou multinacionais) e saiba agir, tomar decisões e realizar 
julgamentos profissionais como profissional de Gestão Agropecuária em sinergia e interdisciplinaridade 
com profissionais de outras áreas, como a Agronomia, Contabilidade, Economia, Direito, entre outras. O 
processo, que hoje se denomina “globalização”, consiste na exposição crescente dos agentes econômicos 
domésticos à concorrência externa. A intensificação da concorrência entre países e blocos econômicos 
faz com que a sobrevivência fique mais difícil para empresas menos eficientes e gestores despreparados. 
Para resistir e crescer, as empresas – cooperativas ou não – necessitam garantir um bom desempenho 
econômico por estratégias diferenciadoras e uma gestão mais eficaz de seus negócios, atuando com 
vantagem competitiva nos mercados globais.
O conteúdo aqui abordado aplica-se sem distinção a empresas de qualquer porte dentro do ramo 
do agronegócio, embora seja conhecido que as médias e grandes corporações, bem como as instituições 
internacionais e multinacionais, utilizem com maior frequência esse conhecimento. Para isso, 
estudaremos a caracterização dos Sistemas Agroindustriais quanto ao seu conceito, Cadeias Produtivas 
e suas funcionalidades em termos de políticas públicas, inovação, instrumentos de análise de estratégias 
empresariais e econômicas, assim como também estudaremos o associativismo e cooperativismo 
– filosofia social e humana e princípios básicos do cooperativismo; cooperativismo e as principais 
correntes; a sociedade e a empresa cooperativa, numa abordagem social e histórico-econômica, tendo 
em vista a compreensão dos princípios e normas de funcionamento da cooperativa.
Sabemos que há uma subutilização do potencial do agronegócio no Brasil, sendo que o País, entre outros 
problemas, carece de bons profissionais capazes de gerenciar a produção rural. Isso é uma limitação ao 
crescimento dos nossos negócios rurais e, em consequência, ao desenvolvimento autêntico do Brasil, que 
deixa de dar uma maior qualidade de vida para sua própria população e para populações de outros países, que, 
ou como clientes ou como beneficiários de ajuda humanitária, poderiam usufruir do agronegócio brasileiro.
Ao conhecer as redes do agronegócio e cooperativas, você, aluno(a), estará, dentro de um caminhar 
constante em sua formação ao longo do curso de Gestão do Agronegócio, apto a lidar com problemas 
brasileiros que assolam o agronegócio e atento a oportunidades que a sua criatividade apontará para 
encontrar soluções.
Na elaboração deste livro-texto, seguimos as orientações do Ministério da Educação (Resolução CNE/
CEB nº 04, de 06 de junho de 2012), além de orientações da ONU (Organização das Nações Unidas), da 
United Nations Conference on Trade and Development (Unctad) e da Food and Agriculture Organization 
(FAO) – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
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INTRODUÇÃO
Olá aluno(a),
Sempre que iniciamos uma nova etapa de estudos e somos convidados a estudar uma nova disciplina, 
surgem as seguintes perguntas: “para que eu preciso estudar Redes no Agronegócio/Cooperativas?” e 
“essa disciplina é muito difícil?”. E, para responder a essas perguntas, é bom enfatizar que, como todo 
gestor, você, além de ter habilidade para analisar situações, deve saber identificar problemas e propor 
soluções criativas.
Desse modo, nesta disciplina você terá a oportunidade de aumentar seus conhecimentos sobre redes 
de negócio e cooperativismo. Isso demandará certo esforço para estudar, porém, sem nenhuma dúvida 
isso terá um benefício muito grande e que compensará todo o seu esforço.
Para isso, esta disciplina se distancia da rotina do universo corporativo. Muito dificilmente alguém 
o questionará sobre o tema “redes no agronegócio/cooperativas”, porém, você terá mais destreza para 
usar esse conhecimento no seu trabalho e em suas decisões. Certamente, você estará muito mais bem 
preparado para trazer soluções criativas para a empresa, o que tem muito valor no mercado, e será um 
profissional muito mais valorizado e bem remunerado.
Elimine de sua mente o sofisma ou a desídia de que conhecer temas avançados ligados ao 
agronegócio, como custos, logística, tecnologia, gestão, planejamento, “é coisa para grandes empresas, 
que têm muito dinheiro para gastarcom administração!” De forma alguma podemos nos dar ao luxo 
de pensar dessa maneira, pois precisamos de tecnologia de gestão e inovação também para pequenas 
e médias empresas, que são as que mais necessitam desse conhecimento para enfrentar os mercados 
extremamente competitivos e não raramente, hostis. Você será um agente de mudança, levando 
desenvolvimento a sua cidade e região.
No início deste livro-texto, estudaremos os principais conceitos do agronegócio e a caracterização de 
sistema agroindustrial. Com essa base conceitual, iremos estudar a produção na agricultura e agricultura 
familiar, a coordenação das cadeias produtivas e, finalmente, o cooperativismo.
Ao final deste estudo, esperamos que você tenha formado habilidades para Redes no Agronegócio/
Cooperativas e saiba agir, analisar e fazer julgamentos profissionais.
Bom e entusiasmado estudo!
Algumas orientações para estudar Redes no Agronegócio/Cooperativas
Cada um de nós tem suas individualidades e manias para estudar. Há pessoas que conseguem 
absorver bem um assunto a partir de uma simples e rápida leitura. Outros não têm muita paciência 
para ler e preferem fazer exercícios. Há ainda os que têm predileção por livros coloridos, preenchidos 
com gráficos, elementos visuais e resumos, ou aqueles que não gostam de teorias acadêmicas e dão 
preferência a livros que ilustrem exemplos práticos e, assim, retratem o cotidiano empresarial. Desse 
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modo, quando este livro-texto foi elaborado, pensamos em mesclar algumas estratégias de ensino para 
que ele se tornasse interessante.
No entanto, o que viria a ser um conteúdo interessante? O que seria um conteúdo chato? Essas 
respostas dependem de sua postura como aluno. Por isso, a recomendação é: aproveite este livro-texto 
com olhos interessados.
É claro que você é livre para estudar da maneira que achar melhor ou mais eficiente. Porém, sugerimos 
que, antes de qualquer atitude, seu estudo seja iniciado pela bibliografia. Verifique os livros, os artigos 
e as referências que foram utilizados na elaboração deste material. Em seguida, percorra as unidades, 
sempre fazendo as atividades propostas.
Recomendamos reservar algumas horas do seu tempo exclusivamente para estudar Redes no 
Agronegócio/Cooperativas, sem se dedicar ao mesmo tempo a mais nada (evite atender ao telefone, 
receber mensagens, conversar com os amigos nas redes sociais da internet, deixar a televisão ligada em 
um noticiário, estar próximo a crianças ou animais e a outras distrações).
E, para tornar o seu estudo mais agradável e prazeroso, recomendamos escutar música clássica! 
Estudos internacionais têm mostrado que a música clássica é excelente para todo estudante e ainda 
mais para o estudante de EaD. Escolha as músicas de que você goste muito, não necessariamente 
clássicas, e evite as que o distraiam em demasia.
 Observação
Interaja sempre com os tutores, com seus colegas e com o professor nos 
fóruns. Além disso, contribua com pesquisas, curiosidades e observações.
Bom e entusiasmado estudo!
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
Unidade I
1 PRINCIPAIS CONCEITOS DE AGRONEGÓCIO
O conceito de agronegócio foi desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade de Harvard, John 
Davis e Ray Goldberg em 1957 e se refere ao conjunto de atividades vinculadas à agropecuária. Utilizando 
fundamentos de teoria econômica sobre as cadeias integradas, construíram uma metodologia para 
estudo da cadeia agroalimentar e cunharam o termo agribusiness, que sintetizava sua nova visão, em 
1955. Pode ser definido como “[...] a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos 
agrícolas; as operações de produção nas unidades agrícolas; e o armazenamento, processamento e 
distribuição de produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles” (DAVIS; GOLDBERG, 1957).
Nesse sentido, agribusiness, ou complexo agroindustrial ou sistema agroindustrial (termos 
normalmente usados como sinônimos), é o conjunto de atividades realizadas pela agropecuária e pelos 
setores a ela vinculados. O complexo agroindustrial é o conjunto formado pela sucessão de atividades 
vinculadas à produção e à transformação de produtos agropecuários.
Recentemente, a agricultura passou a ser vista como um complexo sistema, no entanto, numa 
linguagem mais rural, podemos classificar as atividades dentro da propriedade rural como “dentro da 
porteira agrícola” (produção rural); as atividades de distribuição de suprimentos agrícolas como “antes 
da porteira agrícola” (insumos, equipamentos); de armazenamento, de processamento e distribuição dos 
produtos agrícolas como “depois da porteira agrícola” (processamento, distribuição).
Antes da 
porteira
Depois da 
porteira
Dentro da 
porteira
Insumos 
equipamentos
Processamento 
distribuição
Produção 
rural
O mundo rural é dividido em três etapas:
Figura 1– Sistema de classificação das atividades agroindustriais
Assim o agronegócio, pode ser entendido como um sistema integrado, uma cadeia de negócios, 
pesquisa, estudos, ciência, tecnologia, etc., desde a origem vegetal/animal até produtos finais com valor 
agregado, no setor de alimentos, fibras, energia, têxtil, bebidas, couro e outros.
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Unidade I
 
Ambiente organizacional
Fornecedores 
de insumos
Indústria de 
alimentos, 
fibras, 
energia, 
têxtil etc
Agropecuária Distribuição atacado
Distribuição 
varejo
Consumidor 
Final
Ambiente institucional
Figura 2– Modelo de fluxo de capital geral de uma cadeia produtiva para o agronegócio.
Vejamos os segmentos do agronegócio, de acordo com Araújo (2010):
• segmentos antes da porteira: são as indústrias, as empresas produtoras de materiais genéticos 
e os distribuidores de insumos (atacadistas varejistas e seus representantes). O fato de existir no 
segmento poucas e grandes empresas, levam a uma caracterização de oligopólio, ou até mesmo 
monopólio, por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, 
enquanto os produtores agrícolas são tomadores de preço, pois são pequenos, numerosos 
e desorganizados. Essa situação está levando a uma diminuição na participação relativa no 
agronegócio (a participação absoluta está aumentando). Temos como exemplos:
— serviços de insumos: máquinas, implementos, equipamentos e complementos; água; energia; 
corretivos de solos; fertilizantes; agroquímicos; compostos orgânicos; materiais genéticos 
(mudas, sementes, sêmen e óvulo); hormônio; inoculantes; rações; sal; produtos veterinários;
— serviços agropecuários: os principais são a pesquisa; a elaboração de projetos; as análises 
laboratoriais; os créditos e financiamentos; a defesa agropecuária; a proteção e defesa 
ambiental; os incentivos governamentais; as comunicações; a infraestrutura; o treinamento 
de mão de obra; os assentamentos dirigidos.
• segmentos dentro da porteira: ou dentro das fazendas. Temos como exemplos:
— produção agrícola: compreende o conjunto de atividades desenvolvidas no campo necessário 
ao preparo de solo, tratos culturais, colheita, transporte e armazenagem internos, administração 
e gestão dentro das unidades produtivas para a condução de culturas vegetais;
— produção pecuária: refere-se à criação de animais domesticados, incluindo as etapas do 
processo produtivo, desde as inversões em instalações, equipamentos, produção de alimentos, 
cuidados com os rebanhos até a venda dos animais e de seus produtos. Existem três tipos 
de sistemas de condução: intensivo (animais confinados), extensivo (animais soltos) e 
semi-intensivo (animais confinados e soltos). Independentemente do tipo de condução, o 
bom manejo é importante.
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
• segmentos depois da porteira: é constituído basicamente pelas etapas de agroindustrialização e 
distribuição dos produtos agropecuários até atingir os consumidores, envolvendo diferentes tipos 
de agentes econômicos, como comércio, agroindústrias, prestadores de serviços, governo e outros. 
Dos segmentos do agronegócio é o que mais cresceu, tendo como exemplo os diferentes níveis de 
comercialização:
— produtores rurais: desinformados e pouco organizados, ofertando produtos mais comumente 
não selecionados e não classificados;
— agroindústria: beneficiam, processam e/ou transformam os produtos; os mercados dos 
produtores são locais próximos à produção e dotados de infraestrutura; os concentradores são 
intermediários de maior porte.
— canais de comercialização: representantes distribuidores e vendedores; repasse de produtos 
dos quais geralmente não são proprietários, ofertados em maiores quantidades e a serem 
comercializados em diversos pontos comerciais. São pessoas físicas ou jurídicas que representam 
determinadas empresas; agentes comerciais e a formação de preços; logística; instituições de 
apoio à comercialização; atuação do governo na comercialização.
Isso significa que o agronegócio ultrapassa as fronteiras da “propriedade rural” (agrícola ou 
pecuária) para envolver todos que participam direta ou indiretamente no processo de abastecer os 
consumidores. Ele se dá por meio de uma visão sistêmica que o constitui: a totalidade das operações de 
produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do 
armazenamento, do processamento e da distribuição, os serviços financeiros, de transporte, marketing, 
seguros, bolsas de mercadorias, o governo, os mercados, as entidades comerciais etc. Todas essas 
operações são elos de cadeias, que se tornaram cada vez mais complexos.
O agronegócio passa a ser encarado como um sistema de elos, abrangendo itens como pesquisa, 
insumos, tecnologia de produção, transporte, processamento, distribuição e preço, com relações 
intersetoriais a montante e a jusante à unidade produtiva agrícola, formando o sistema do agribusiness 
ou agronegócio (ARAÚJO, 2010).
Já a agroindústria é o conjunto de atividades relacionadas à transformação de matérias-primas 
provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura. O grau de transformação 
varia amplamente em função dos objetivos das empresas agroindustriais. Para cada uma dessas 
matérias-primas, a agroindústria é um segmento da cadeia que vai desde o fornecimento de insumos 
agrícolas até o consumidor. Em comparação a outros segmentos industriais da economia, ela apresenta 
certa originalidade, decorrente de três características fundamentais das matérias-primas: sazonabilidade, 
perecibilidade e heterogeneidade.
A cadeia produtiva é uma sequência de operações que conduzem à produção de bens cuja 
articulação é amplamente influenciada pelas possibilidades tecnológicas e definidas pelas 
estratégias dos agentes.
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Unidade I
1.1 Histórico e evolução do agronegócio brasileiro
A agricultura era rudimentar e provocou rápido esgotamento da terra, com a produção centrada no 
latifúndio e na utilização de mão de obra escrava – primeiro dos indígenas e depois dos negros.
A partir de 1530, aconteceu o início efetivo da ocupação portuguesa, com um sistema de produção 
baseado nos princípios mercantilistas, dominantes na época: formação de colônias preferencialmente 
nas áreas tropicais, para fornecer gêneros alimentícios tropicais, matéria-prima e metais preciosos que 
atendessem às necessidades do mercado europeu. 
No século XVI, iniciou-se a ocupação do território brasileiro, e, nesse período, ela era baseada em 
doação de terras por meio de sesmarias. Isso levou a uma expansão de latifúndios, junto a outras duas 
importantes características do período que favoreciam os latifúndios:
• economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar; 
• regime escravocrata. 
O cultivo da cana-de-açúcar foi introduzido no Brasil por Martim Afonso de Souza, na capitania de 
São Vicente; foi um período da História no qual esse cultivo foi a principal atividade econômica do País. 
A descoberta das lavras de ouro nas Minas Gerais, nos finais do século XVII e início do século XVIII, foi o 
acontecimento mais espetacular da história econômica do Brasil Colônia, que provocou uma verdadeira 
“corrida do ouro”, durante todo século XVIII (auge do ciclo do ouro). A pecuária se desenvolveu no 
interior, expandindo a ocupação de regiões próximas ao rio São Francisco e região Sul do Brasil, mas essa 
produção era apenas para consumo local.
Em 1822, ocorreu o chamado “Grito do Ipiranga”, que declarou a Independência do Brasil, processo 
que culminou com a emancipação política do País do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no 
início do século XIX. Um fato importante dessa época foi a assembleia constituinte, que iniciou seu 
trabalho em 3 de maio de 1823, quando o imperador Dom Pedro I discursou sobre o que esperava 
dos legisladores. O imperador reuniu dez cidadãos de sua inteira confiança, os quais, após algumas 
discussões a portas fechadas, redigiram a primeira Constituição do Brasil, no dia 25 de março de 1824. 
No período entre 1850 e o fim da monarquia, o Brasil passou por um processo de modernização. A 
integração geográfica foi marcada pela introdução de um meio de transporte que representava uma 
revolução – a estrada de ferro. O café necessitava ser exportado por São Paulo e Rio de Janeiro, e, 
desse modo, foi criada a expansão ferroviária para esses portos. 
O Ciclo do Café provocou significativas mudanças socioeconômicas no Brasil, permitindo que a 
economia brasileira ganhasse uma nova dinâmica. Foi a partir desse momento que surgiram as primeiras 
associações de trabalhadores e os primeiros sindicatos. Em compensação, o Ciclo do Café fortaleceu 
ainda mais os grandes produtores rurais, com mais poder político, especialmente no período conhecido 
como República Velha. 
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
 Saiba mais
Uma interessante discussão sobre esses acontecimentos, pode ser lido 
em Monteiro Lobato: 
LOBATO, M. Cidades mortas. São Paulo: Brasiliense, 1964.
De acordo com a Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo ([s.d.]), o cacau, produzido 
na Bahia, a borracha, explorada na bacia do rio Amazonas, e o algodão, cultivado em larga escala no 
Maranhão, em Pernambuco e no Ceará, passam a ser produtos expressivos na economia brasileira.
Na última década do Império, o café representava 60% do total de exportações do Brasil, enquanto 
o açúcar entrava em crise. Os engenhos foram desaparecendo, o açúcar brasileiro começou a sofrer cada 
vez mais a concorrência do que era produzido nas possessões francesas das Antilhas e em outras partes 
do globo, e, na Europa, cada vez mais se utilizava açúcar extraído da beterraba.
Depois de instaurada a República no Brasil, foi promulgada, em 24 de fevereiro de 1891, a primeira 
Constituição. Ela estabeleceu como forma de governo o regime representativo, no qual o povo exerceria 
indiretamente o poder ao escolher por voto seu representante pelo período de quatro anos.
A Primeira República foi caracterizada pela agricultura de exportação, na qual 
o café ainda ocupava o posto mais importante. A partir de 1880, a borracha 
da Amazônia, extraída da seringueira, foi o segundo produto de exportação, 
superando o açúcar. Era grande a demanda desse produto no que hoje 
chamamos de Primeiro Mundo: no início, quando se iniciou a produção de 
pneus de borracha para bicicletas; e depois com o surgimento do automóvel 
(BIBLIOTECA VIRTUAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, [s.d.]). 
No final doséculo XIX, a recém-criada indústria de automóveis estava em plena expansão. Com 
isso, a demanda pela borracha aumentou significativamente, pois a borracha era matéria-prima para a 
fabricação de pneus. A riqueza gerada por ela mudou a fisionomia de Manaus e Belém. 
Na primeira década do século XX, o Brasil tornou-se o maior produtor e exportador mundial de 
borracha. Em 1910, por exemplo, chegou a exportar, aproximadamente, 40 mil toneladas do produto.
Mas, por volta de 1910, começou a crise, pois empresários holandeses e ingleses entraram no lucrativo 
mercado mundial de borracha. Eles passaram a produzir o artigo em larga escala e a custos baixos, na 
Ásia (Ceilão, Indonésia e Malásia), que hoje respondem, junto com a Índia, por 78% da produção mundial. 
Essa concorrência fez com que, no começo da década de 1920, a exportação da borracha brasileira 
caísse significativamente. Além disso, ocorreu aqui o ataque de uma série de pragas; era o fim do ciclo 
da borracha no Brasil. Muitas cidades se esvaziaram e entraram em plena decadência.
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Unidade I
O governo Getúlio Vargas 
Em 1930, Getúlio Vargas suspendeu a Constituição em vigor, dissolveu o Congresso Nacional e 
nomeou interventores para o governo dos estados. 
Em 1931, reiniciou a política de valorização do café e criou o Conselho Nacional do Café, que, em 
1933, foi substituído pelo Departamento Nacional de Café (DNC), autarquia federal subordinada ao 
Ministério da Fazenda, que controlou o setor até 1946, quando foi extinto. Em 1º de junho de 1933, 
criou também o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), para coordenar a agricultura canavieira, controlar 
a produção, o comércio, a exportação e os preços do açúcar e do álcool de cana. 
Segundo Baer (1988, p. 16), “a depressão dos anos 1930 teve severo efeito negativo sobre as exportações 
brasileiras, cujo valor caiu de US$ 445,9 milhões, em 1929, para US$ 180,6 milhões em 1932”.
A crise da cafeicultura estimulou a agricultura de novos produtos, como frutas, algodão e óleos 
vegetais, e também a área de minérios, mas os rendimentos não conseguiram equilibrar o balanço de 
pagamentos do País. A Segunda Guerra Mundial interrompeu as vendas de algodão para o Japão e 
Alemanha, feitas em grandes volumes até 1939.
A redução das receitas com as exportações afetou o balanço de pagamentos do País entre 1931 e 
1939 devido à crise econômica anterior à guerra.
O mandato de Getúlio deveria terminar no começo de 1938, quando haveria novas eleições 
presidenciais. Em setembro de 1937, os aliados de Getúlio anunciaram a descoberta de um plano 
terrorista atribuído aos comunistas, conhecido como “Plano Cohen”. O plano era falso, mas era aquilo de 
que Getúlio precisava para dar o golpe de Estado que instituiu o Estado Novo, em 10 de novembro de 
1937. O País passava a ter outra Constituição, inspirada nas constituições fascistas da Itália e da Polônia.
A Carta de 1937 suprimiu a autonomia dos estados e substituiu a democracia representativa por um 
sistema de governo autoritário e centralizado. Os partidos foram extintos e a imprensa passou a sofrer 
censura. Entretanto, a legislação trabalhista foi mantida. 
Vargas também assinou o Tratado de Washington com o presidente norte-americano Franklin Delano 
Roosevelt, garantindo a produção de 45 mil toneladas de látex para as forças aliadas, impulsionando o 
segundo ciclo da borracha.
Na fase final do seu governo, porém, as pressões de grupos oposicionistas civis e militares 
desencadearam uma aguda crise política, que levou Vargas a interromper seu mandato com um ato que 
atentou contra sua própria vida. 
Após a morte de Vargas, João Fernandes Campos Café Filho – vice de Vargas – assumiu o poder. Nas 
eleições de 1956, o candidato Juscelino Kubitschek de Oliveira venceu, tendo João Belchior Marques 
Goulart (Jango) como vice-presidente. No começo de seu governo, Juscelino Kubitschek apresentou 
ao povo brasileiro o seu Plano de Metas, cujo lema era “cinquenta anos em cinco”, com a pretensão de 
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desenvolver o País cinquenta anos em apenas cinco de governo. O plano previa investimentos em áreas 
necessárias para o desenvolvimento econômico, principalmente, infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, 
aeroportos) e indústria, uma delas a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A – Usiminas, com a abertura 
da economia para o capital internacional, atraindo o investimento de grandes empresas, como as 
montadoras de automóveis. 
Ao deixar o poder em 31 de janeiro de 1961, assume, por eleição direta, Jânio da Silva Quadros, 
primeiro chefe de Estado a tomar posse em Brasília, tendo como vice o candidato da oposição João 
Belchior Marques Goulart. Ele renunciou ao cargo sete meses depois, abrindo uma grave crise política 
no País. Assumiu o governo João Belchior Marques Goulart, empossado na presidência da República, 
em 7 de setembro, após a aprovação pelo Congresso da emenda constitucional que instaurou o regime 
parlamentarista de governo, tendo como primeiro-ministro Tancredo Neves.
Em janeiro de 1963, com a realização do plebiscito que decidiu pela volta do regime presidencialista, 
João Goulart assumiu plenamente os poderes de presidente, até que foi deposto pelo Golpe Militar 
de 1964.
O Supremo Comando Revolucionário, que assumiu o poder em 31 de março de 1964, que 
resultou no afastamento do Presidente da República, João Goulart, assumindo provisoriamente o 
presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli. Através da decretação do Ato Institucional 
nº 1, foi eleito, pelo Congresso Nacional, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do 
Estado-Maior do Exército.
No início do Regime Militar, a inflação estava em alta, o crescimento do Produto Interno Bruto – 
PIB era negativo em relação ao ano de 1963 (US$ 20,921 bilhões contra US$ 23,262 bilhões do ano 
anterior), as exportações não passavam de US$ 1,43 bilhões e a taxa de investimentos foi quase nula.
Com o fechamento do Congresso Nacional em fins de 1966, no início do ano seguinte, foi convocada 
a aprovação de uma nova Constituição, promulgada em 24 de janeiro de 1967. 
Na época os principais problemas eram sanear a economia e baixar a inflação para 10% ao ano, 
criar condições para que o PIB crescesse 6% ao ano, equilibrar o balanço de pagamentos e diminuir as 
desigualdades regionais. O que foi feito estabeleceu o controle sobre os salários, instituiu a correção 
monetária, criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, fundou o Banco Nacional de 
Habitação – BNH que, com os recursos do FGTS, deveria financiar a construção de casas populares; e 
criou-se o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e o Estatuto da Terra.
Castelo Branco foi sucedido por Arthur da Costa e Silva, ex-Ministro da Guerra no governo anterior, 
cujas maiores marcas no período foram de crescimento, com a expansão industrial, facilidade de crédito, 
política salarial restritiva e controle da inflação, que ficou ao redor de 23% ao ano. 
Em agosto de 1969, Arthur da Costa e Silva afastou-se do cargo e em 30 de outubro de 1969, Emílio 
Garrastazu Médici assumiu a presidência da República; ele teve seu nome indicado pelo Alto Comando 
do Exército à sucessão presidencial.
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Antônio Delfim Netto, ministro da Fazenda nos governos Marechal Artur da Costa e Silva, e seu 
sucessor, Emílio Garrastazu Médici, foi o principal artífice do “milagre econômico”, que apostou nas 
exportações para obter parte das divisas necessárias às importações de máquinas, equipamentos e 
matérias-primas. Após a Guerra do Yom Kipur, também conhecida como Guerra Árabe-Israelense, em 
outubro de 1973, os países árabes decretaramcompleto bloqueio do fornecimento de petróleo aos 
aliados de Israel, atingindo principalmente Estados Unidos, Holanda e Portugal. Com o aumento do 
preço do petróleo, o Brasil deu ênfase à produção de álcool anidro para a mistura com gasoli
O segundo choque do petróleo, em 1979–80, começou com a Revolução Islâmica no Irã, quando o aiatolá 
Sayyid Ruhollah Musavi Khomeini, líder espiritual e político da Revolução Iraniana, implantou uma ampla 
renegociação dos contratos de exploração de petróleo das companhias estrangeiras estabelecidas no país. 
No ano seguinte eclodiu a Guerra Irã-Iraque, iniciada em 1980 e que durou até 1988, por Saddam 
Hussein Abdal-Majid al-Tikriti, contra o novo regime xiita do Irã. O preço do barril se elevou a US$ 78/79 
entre 1979 e 1980, o mais alto até então.
Com o choque do petróleo, e a possibilidade de produzir álcool em grande quantidade, são criados 
incentivos governamentais e começam a surgir os primeiros carros movidos exclusivamente a álcool. 
Nesse ano, a dívida externa ultrapassou os US$ 64,259 bilhões e a receita das exportações, que 
chegou a US$ 20,132 bilhões, foi utilizada para pagar os juros da dívida. 
Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo de Almeida Neves foi eleito Presidente da República pelo 
Colégio Eleitoral, mas, em 14 de março de 1985, ele foi internado em estado grave, assumindo o cargo 
o vice-presidente. Com o falecimento de Tancredo Neves, no dia 21 de abril de 1985, o vice-presidente, 
que em 1965 adotou legalmente o nome de José Sarney de Araújo Costa (seu nome original era José 
Ribamar Ferreira de Araújo Costa) foi efetivado no cargo.
No mercado interno, as vendas de carros a álcool atingiram 95,8% das vendas totais, mas a demanda 
de álcool foi superior à oferta, e o Brasil começou a importar álcool para o abastecimento de veículos, 
derrubando a credibilidade do programa criado em 1980, sob o nome Proálcool.
De acordo com o Portal Brasil ([s.d.]), no plano econômico, o governo Sarney anunciou, em 1º de 
março de 1986, uma reforma monetária conhecida como Plano Cruzado, em referência à nova moeda 
implantada. Comandado pelo ministro da Fazenda Dilson Domingos Funaro, tinha como medidas de 
estabilização econômica o congelamento de preços e salários, o abono de 8% para todos os trabalhadores, 
o “gatilho” salarial a cada vez que a inflação ultrapassasse 20% e o incentivo à produção em detrimento 
da especulação financeira.
Verificou-se a diminuição dos investimentos públicos, traduzidos em cortes orçamentários e retração 
da iniciativa privada, dadas as altas taxas de juros e a reduzida perspectiva de consumo.
Segundo o Portal Brasil ([s.d.]), novas tentativas de frear a inflação foram feitas. Em 29 de abril de 
1987, Dilson Funaro deixou o Ministério da Fazenda, em seu lugar assumiu Luiz Carlos Bresser Gonçalves 
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Pereira, que, em janeiro de 1988, promoveu outro plano de estabilização, que, ainda assim, não conteve a 
inflação, cujo índice girou em torno de 1.000% naquele ano. Em janeiro de 1989, um terceiro programa 
econômico foi anunciado pelo governo, batizado de Plano Verão, porém o ano encerrou-se com a taxa 
anual de inflação de 1.764,86%.
Fernando Afonso Collor de Mello elegeu-se presidente da República em 1989 e iniciou um plano 
econômico de combate à inflação que, no período de março de 1989 a março de 1990, chegou a 4.853%.
Dentre as medidas tomadas, houve o confisco de contas de poupança, contas correntes e outras 
aplicações financeiras. Além disso, estabeleceu a extinção de órgãos públicos, a demissão e a disponibilidade 
de funcionários públicos federais, além de promover a privatização de inúmeras empresas públicas. 
O caráter pouco competitivo da indústria brasileira e a valorização do 
cruzeiro, cotado acima da moeda americana, levaria à redução das 
exportações e à diminuição das vendas no mercado interno. Anunciou-se, 
assim, uma recessão econômica, coma queda da produção industrial do país, 
a expansão do desemprego e a redução do PIB de 453 bilhões de dólares, em 
1989, para 433 bilhões em 1990 (Portal Brasil, [s.d.]). 
De acordo com o Portal Brasil ([s.d.]), com a volta da inflação no final de 1990, o governo instituiu 
o Plano Collor II, em janeiro de 1991. Intensificou-se, então, a política de juros altos, a desindexação da 
economia, a abertura para o mercado externo e o incentivo às importações. 
De modo geral, o projeto de “modernização” implementado pelo governo, visando à diminuição de 
gastos públicos e ao incentivo à economia de mercado, ajustava-se à ideia de “Estado mínimo” e à nova 
ordem mundial que se impôs com o término da Guerra Fria e que era conceituada como neoliberal. Foi 
fundamental a abertura do mercado brasileiro para produtos importados, o que obrigou a indústria nacional 
a investir alto na modernização do processo produtivo, na automação, na redução da hierarquia interna 
nas indústrias, para crescimento da produtividade, qualidade e lançamento de novos produtos no mercado
No governo Collor, houve uma grande reforma da administração do comércio exterior brasileiro, 
com a extinção da Carteira de Comércio Exterior – Cacex –, do Conselho de Política Aduaneira – 
CPA – e do Conselho de Desenvolvimento Industrial – CDI –, em 1990, suas funções executoras se 
transferiram para o então Departamento de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Fazenda e 
Planejamento – MEFP.
De acordo com o Portal Brasil ([s.d.]), em 1992 foi denunciada na imprensa a existência de um 
esquema de corrupção no governo, e foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI para 
investigar as denúncias que encerrariam seus trabalhos recomendando o afastamento de Collor da 
presidência. Afastado do cargo após a votação na Câmara, Collor foi substituído interinamente pelo 
vice-presidente Itamar Augusto Cautiero Franco. Em 29 de dezembro, Collor renunciou à presidência da 
República, antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade. Itamar Franco assumiu, 
assim, definitivamente a presidência da República, apoiado por um amplo leque partidário, num esforço 
claro para a manutenção da ordem democrática e a superação dos graves problemas econômicos.
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Em fins de julho, foi decretado o corte de três zeros na moeda, que passou a se chamar cruzeiro 
real. Em dezembro foi lançado o Plano de Estabilização Econômica que visava à entrada em circulação 
de uma nova moeda, o real, antecedida pela adoção da Unidade Real de Valor – URV –, que passou a 
vigorar a partir de 1º de março de 1994, como um indexador único da economia. 
Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda durante o governo Itamar Franco, foi candidato 
à presidência da República e elegeu-se no primeiro turno eleitoral, em 3 de outubro de 1994, sob o 
impacto do êxito do Plano Real. 
Segundo o Portal Brasil ([s.d.]), foi implementado um programa de privatizações: o setor de 
energia elétrica, na área de distribuição e geração regional, foi completamente privatizado; o setor de 
telecomunicações, incluindo a Telebrás e as empresas telefônicas estaduais, passou às mãos da iniciativa 
privada na segunda metade de 1998; teve fim o monopólio da Petrobras sobre a exploração e o refino 
do petróleo e sobre a exploração de gás natural; e o controle acionário da Companhia Vale do Rio Doce 
– CVRD – , atualmente apenas Vale S/A, passou, em maio de 1997, a um consórcio formado por bancos 
nacionais e estrangeiros e fundos de pensão.
Dependente dos mercados financeiros internacionais, o Brasil enfrentou um complicado quadro 
internacional, com sucessivas crises econômicas externas, destacando-se a do México, em 1994, a da Rússia, 
em 1998, e da e a da Argentina, a partir de 2001, e uma expressiva saída de divisas do Brasil nesse período.
Em 4 dejunho de 1997, foi aprovada no Senado a emenda que permitia a reeleição para mandatos 
do Executivo nos âmbitos federal, estadual e municipal. O presidente Fernando Henrique Cardoso e o vice 
Marco Antônio de Oliveira Maciel candidataram-se à reeleição e, uma vez favorecidos pela estabilidade 
econômico-financeira, venceram o primeiro turno das eleições realizadas em 4 de outubro de 1998, 
tomando posse em 1º de janeiro de 1999.
A necessidade de ampliar as exportações brasileiras foi atendida, em parte, pelos resultados da 
produção agroindustrial, com uma safra em 2002/2003 de 123,2 milhões de toneladas de grãos.
Lula venceu as eleições presidenciais de 2002, com mandato iniciado em 1 de janeiro 2003 e findo 
em 31 de dezembro de 2006. 
O “governo de transição” é criado no dia seguinte – 28 de outubro de 2002 – pelo então presidente 
Fernando Henrique Cardoso e, assim, democraticamente, o Brasil inicia uma fase diferente de sua 
história: um representante do partido de oposição, representante dos trabalhadores, um partido de 
esquerda, assume o poder no Brasil.
A reformulação da política macroeconômica de Fernando Henrique Cardoso foi baseada em três 
pontos: a implementação da política de metas de inflação, a mudança no regime cambial com taxa 
flutuante e as metas de superávit primário, e são esses elementos que são mantidos pelo governo Lula.
A mudança na política cambial e o aprofundamento dos benefícios concedidos ao capital 
externo, associado ao crescimento acelerado das exportações devido à conjuntura internacional 
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favorável dos últimos anos, permitiram que o Governo Lula conseguisse uma significativa redução 
na vulnerabilidade externa.
O governo Lula não só continuou como aprofundou a política de geração de superávits primários, 
estabelecendo aumento da meta de 3,75%, segundo o acordo com o Fundo Monetário Internacional – 
FMI –, para 4,25% do PIB. Enquanto o governo FHC atingiu 3,89%, em 2002, o governo Lula superou a 
própria meta, realizando 4,59% e 4,85%, em 2004 e 2005, respectivamente, enquanto a conta de juros 
foi de 7,26% e 8,13% do PIB, nos mesmos anos.
De acordo com Oliveira e Nakatani ([s.d.]), apesar de indicadores financeiros e variáveis econômicas 
mais favoráveis, de ter reduzido consideravelmente o grau de vulnerabilidade externa, o Brasil não se 
tem beneficiado dessas condições para os objetivos do crescimento econômico, pois o PIB está muito 
aquém do crescimento mundial.
Considerando as propostas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, da implementação da política de 
metas de inflação, a mudança no regime cambial com taxa flutuante e as metas de superávit primário, 
foram três, basicamente, os instrumentos utilizados para alcançar as metas de inflação: a taxa de juros, 
a carga tributária e os gastos públicos: 
A manutenção de elevadas taxas de juros reais (em torno de 11% ao ano, 
a mais alta do mundo) inibiu o consumo, desestimulou investimentos e, 
também importante, garantiu um acentuado e permanente ingresso de 
capitais externos na economia brasileira, em busca de lucros rápidos e fáceis, 
valorizando a moeda nacional (o real) e prejudicando o setor exportador, 
e vários setores enfrentam dificuldades para sustentar suas atividades 
com a situação do câmbio, como os de calçados, vestuário e até mesmo o 
automobilístico, entre outros. 
A elevação da carga tributária, instrumento preferencial que tem sido 
utilizado pelo governo, desde 1999, para garantir a geração de superávits 
primários, aumentou o “custo-Brasil”, reduziu a lucratividade dos 
investimentos privados e inibiu o mercado interno, ao reduzir a renda 
disponível da população. Não bastasse a forte elevação que conheceu 
entre 1998 e 2004, a carga tributária brasileira deu um salto de 29,7% para 
35,9% do PIB – sua composição é ainda mais perversa para o crescimento 
econômico: contando com cerca de 80% de impostos indiretos em sua 
estrutura, o que torna o sistema tributário um forte instrumento de 
concentração de renda, cerca de 35% de toda arrecadação provêm de 
impostos cumulativos, também como conhecidos impostos “em cascata”, 
prejudiciais para a tão cara questão da competitividade no mundo 
globalizado e para a integração econômica regional.
O terceiro instrumento de que lançou mão o governo para garantir a geração 
de superávits primários – os cortes de gastos públicos – não alimentou 
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apenas as forças da recessão, mas impediu que o governo realizasse os 
investimentos em infraestrutura econômica para remover os gargalos 
estruturais da economia (OLIVEIRA; NAKATANI, [s.d.], p. 11-12).
Com baixo nível de investimentos, não houve como crescer de forma mais expressiva em longo 
prazo. E mais grave: sem aumento na capacidade de oferta, as pressões de demanda dele resultante 
terminaram gerando pressões adicionais sobre os preços, exigindo que a recuperação da economia fosse 
abortada para impedir o comprometimento das metas de inflação (OLIVEIRA; NAKATANI, [s.d.]).
No dia 3 de abril de 2010, Dilma deixou o Governo Federal para se candidatar à Presidência. No 
segundo turno das eleições, realizado em 31 de outubro de 2010, aos 63 anos de idade, Dilma Vana 
Rousseff foi eleita a primeira mulher Presidenta da República Federativa do Brasil; em 2014, ela foi 
reeleita para um segundo mandato até 2018 (PORTAL BRASIL, [s.d.]).
Foi a partir da década de 1990, com a abertura para o comércio internacional iniciada pelo governo 
Fernando Collor de Mello e intensificada pelos governos Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio 
Lula da Silva, que o Brasil passou a acentuar o seu processo de internacionalização, aumentando 
significativamente suas importações e suas exportações.
Na tabela seguinte, pode-se verificar como estava a participação de alguns países no comércio mundial:
Tabela 1 – Exportações de mercadorias, por países – em US$ milhões 
(a classificação dos países tem como base o ano de 2011)
Nº de 
Ordem País 2009 2010 2011
Part. (%) 
2011
1 China 1.201.612 1.577.824 1.898.600 10,4
2 Estados Unidos 1.056.043 1.278.263 1.480.646 8,1
3 Alemanha 1.120.041 1.258.924 1.473.889 8,1
4 Japão 580.719 769.839 822.674 4,5
5 Países Baixos 497.891 574.251 660.379 3,6
6 França 484.781 523.460 597.058 3,3
7 Coréia do Sul 363.534 466.384 555.214 3,0
8 Itália 406.909 447.301 523.001 2,9
9 Rússia 303.388 400.419 521.968 2,9
10 Bélgica 370.125 408.745 476.272 2,6
11 Reino Unido 352.888 405.695 473.323 2,6
12 Hong Kong 329.422 400.692 455.663 2,5
13 Canadá 316.567 387.912 452.167 2,5
14 Cingapura 269.832 351.867 409.504 2,2
15 Arábia Saudita 192.314 251.143 364.500 2,0
16 México 229.712 298.305 349.676 1,9
17 Taipei 203.675 274.601 308.257 1,7
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
18 Espanha 227.338 254.418 297.418 1,6
19 Índia 164.907 219.670 296.556 1,6
20 Emirados 185.000 220.000 285.000 1,6
21 Austrália 154.331 212.634 271.103 1,5
22 BRASIL 152.995 201.916 256.039 1,4
23 Suíça 172.474 195.386 234.721 1,3
24 Tailândia 152.422 195.314 228.822 1,3
25 Malásia 157.433 198.612 226.990 1,2
26 Indonésia 119.646 158.074 201.472 1,1
27 Polônia 136.503 159.724 187.412 1,0
28 Suécia 130.781 158.639 187.129 1,0
29 Áustria 136.988 152.559 179.187 1,0
Outros Países 2.360.729 2.851.429 3.542.360 19,4
 Total 12.531.000 15.254.000 18.217.000 100
Fonte: Brasil ([s.d.]c, p. 63). 
Já nas importações, verifique-se na tabela a seguir, como estão classificados os principais importadores 
mundiais:
Tabela 2 – Importações de mercadorias, por países – em US$ milhões 
(a classificação dos países tem como base o ano de 2011)
Nº de 
Ordem País 2009 2010 2011
Part. (%) 
2011
1 EstadosUnidos 1.605.296 1.969.184 2.265.421 12,3
2 China 1.005.923 1.395.099 1.743.458 9,5
3 Alemanha 926.347 1.054.814 1.253.951 6,8
4 Japão 551.981 694.059 854.267 4,6
5 França 560.873 609.650 714.734 3,9
6 Reino Unido 482.822 561.530 636.296 3,5
7 Países Baixos 443.153 516.409 597.234 3,2
8 Itália 415.105 487.049 556.873 3,0
9 Coréia do 323.085 425.212 524.413 2,9
10 Hong Kong 352.241 441.369 511.293 2,8
11 Canadá 329.907 402.500 462.435 2,5
12 Bélgica 353.364 393.275 460.762 2,5
13 Índia 257.201 350.234 450.957 2,5
14 Cingapura 245.785 310.791 365.771 2,0
15 Espanha 293.218 327.016 362.109 2,0
16 México 241.515 310.205 361.067 2,0
17 Rússia 191.803 248.738 323.208 1,8
18 Taipei, Chinese 174.371 251.236 281.438 1,5
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Unidade I
19 Austrália 165.471 201.639 243.699 1,3
20 Turquia 140.928 185.544 240.834 1,3
21 BRASIL 127.720 181.769 226.243 1,2
22 Tailândia 133.709 182.921 228.498 1,2
23 Suiça 155.378 176.281 207.774 1,1
24 Polônia 149.459 178.049 207.683 1,1
25 Emirados 150.000 160.000 205.000 1,1
26 Áustria 143.063 159.009 191.595 1,0
27 Malásia 123.832 164.622 187.661 1,0
28 Indonésia 93.786 135.323 176.355 1,0
29 Suécia 119.876 148.702 175.230 1,0
 Outros Países 2.475.788 2.834.771 3.364.741 18,3
 Total 12.733.000 15.457.000 18.381.000 100
Fonte: Brasil ([s.d.]c, p. 64).
O histórico do comércio brasileiro no exterior não é muito bem-sucedido ao ser comparado ao 
resultado mundial. Na realidade, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria 
e Comércio (BRASIL, 2013b), o Brasil não obteve rendimentos significativos em sua balança comercial 
desde a década de 1950 até meados dos anos 1970, quando a política brasileira reduziu drasticamente 
as importações e incentivou as exportações através de subsídios.
Na década de 1990, o País começou a melhorar o desempenho das suas exportações, mas a sua participação 
no comércio mundial, entre 1990 e 2010, não ultrapassou meio ponto percentual, de 0,93% para 1,38%.
Conforme foi mencionado, a pauta brasileira de exportações é diversificada, mas considera-se o 
desempenho das exportações brasileiras, em 2013, dos 25 principais produtos da pauta brasileira, que 
correspondem em seu total a 66,15% dos valores exportados:
Tabela 3 – Principais produtos exportados
POS Principais produtos – 2013 US$ milhões %
1 Minérios de ferro e seus concentrados 32.491.531 13,42
2 Soja mesmo triturada 22.812.299 9,42
3 Óleos brutos de petróleo 12.956.607 5,35
4 Açúcar de cana em bruto 9.163.696 3,78
5 Plataformas de perfuração ou exploração, dragas etc. 7.735.537 3,19
6 Carne de frango/miúdos congelada, fresca ou refrigerada 7.003.840 2,89
7 Farelo e resíduos da extração de óleo de soja 6.787.272 2,8
8 Milho em grãos 6.250.565 2,58
9 Automóveis de passageiros 5.484.727 2,26
10 Carne bovina congelada, fresca ou refrigerada 5.358.664 2,21
11 Pastas químicas de madeira (celulose) 5.179.447 2,14
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
12 Café cru em grãos 4.582.227 1,89
13 Óleos combustíveis (diesel, fuel-oil etc.). 3.868.670 1,6
14 Aviões 3.829.595 1,58
15 Partes e peças para veículos e tratores 3.306.467 1,37
16 Fumo em folhas e desperdícios 3.192.512 1,32
17 Produtos semimanufaturados de ferro e aço 2.709.830 1,12
18 Açúcar refinado 2.678.214 1,11
19 Couros e peles, depilados, exceto em bruto 2.492.074 1,03
20 Ferro ligas 2.351.150 0,97
21 Veículos de carga 2.211.087 0,91
22 Ouro em formas semimanufaturadas, não monetário 2.132.548 0,88
23 Polímeros de etileno, polipropileno e estireno 1.921.016 0,79
24 Motores, geradores e transformadores elétricos e partes 1.869.021 0,77
25 Etanol 1.868.939 0,77
 Total acima 160.237.533 66,15
 Total das exportações 242.178.649 100%
Adaptada de: Brasil (2013b).
O Brasil dispõe atualmente de amplas terras agricultáveis que não estão sendo aproveitadas 
adequadamente. Possui também produtores rurais experientes e com conhecimento e tecnologias 
capazes de aumentar a produção rural nessas terras inaproveitadas. Essa característica dá ao agronegócio 
brasileiro perspectivas promissoras. 
Segundo os que são bem otimistas em relação ao agronegócio brasileiro:
As perspectivas futuras são promissoras. O Brasil detém terras abundantes, 
como são os cerrados com uma reserva de 80 milhões de hectares, dispõe de 
produtores rurais experientes e capazes de transformar essas potencialidades 
em produtos comercializáveis e detém um estoque de conhecimentos e 
tecnologias agropecuárias, transformadoras de recursos em produtos. 
Por qualquer ângulo que se analise o mercado, o tamanho que o Brasil 
adquiriu no campo do agronegócio é impressionante. Até 2015, a 
participação nacional no mercado internacional de soja deve crescer dos 
atuais 36% para 46%. No caso do frango, o crescimento deverá ser de 58% 
para 66% (LOURENÇO; LIMA, 2009). 
Lourenço e Lima (2009) comentam ainda que o País ainda ocupa uma fatia muito pequena no comércio 
mundial, o que lhe dá a possibilidade de evoluir bastante no comércio internacional. Segundo esses autores, 
o Brasil possui atualmente o terceiro maior rebanho mundial de suínos, com mais de 32 milhões de cabeças, 
sendo superado apenas pelo dos Estados Unidos, com um rebanho superior a 60 milhões de animais, e pela 
China, que possui o maior rebanho de suínos, com mais de 460 milhões de animais. 
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Unidade I
 Observação
As maiores dificuldades para um melhor aproveitamento da área 
agricultável no Brasil são o mercado, que é exageradamente instável 
e hostil, e a falta de uma política de crédito de logo prazo privada. 
Atualmente, o agricultor brasileiro não vê incentivos para a expansão de 
suas atividades.
Lourenço e Lima (2009) ressaltam que o caminho natural para o agronegócio passa pelo 
relacionamento via cadeias do agronegócio:
A evolução da composição do Complexo do Agronegócio confirma que as 
cadeias do agronegócio adicionam valor às matérias-primas agrícolas onde 
o setor de armazenamento, processamento e distribuição final constituem 
o vetor de maior propulsão no valor da produção vendida ao consumidor, 
consolidado na forte rede de interligação entre a agricultura e a indústria.
1.2 Folclore e negócios no campo – simplicidade x complexidade
No imaginário brasileiro, o homem do campo normalmente é retratado como um sujeito por volta 
dos seus quarenta ou cinquenta anos que vive sem luxo nenhum em uma casa minúscula, que se torna 
um sonho à parte justamente por conta de sua rusticidade. O folclore, de forma insistente e saudosa, 
prefere insinuar que o homem do campo é um preguiçoso, como vemos na obra de Monteiro Lobato, na 
figura do Jeca Tatu. Mas esse homem é capaz de feitos, como o de se tornar rico caso tenha vontade, 
como no caso do próprio Jeca Tatu: ao adotar hábitos de higiene, passa a ter uma guinada extraordinária 
em sua vida.
O cineasta Amácio Mazzaropi contribuiu, no século passado, para modernizar a figura do caipira, 
trazendo um sujeito que, apesar de simples, era esperto, esclarecido sobre política e problemas sociais, 
honesto, tinhoso para o bem e capaz de realizar bondades e de perseguir a justiça social. Porém, 
Mazaroppi não ousou alterar a visão de simplicidade do homem do campo.
Cartunistas consagrados como Maurício de Sousa retrataram o homem do campo com o simpático 
personagem Chico Bento, que tem uma revista em quadrinhos em circulação. O personagem de Maurício 
de Sousa representa um menino caipira típico do Vale do Paraíba, que fala em dialeto local e que 
mostram a riqueza cultural e folclórica do homem do campo.
Ainda nas histórias em quadrinhos, o personagem Urtigão, criado pelos cartunistas Dick Kinney e 
Al Hubbard para os estúdios Disney, naforma de um hillbilly (um tipo de caipira norte-americano), foi 
transformado no Brasil por Carlos Edgard Herrero, Gérson L. B. Teixeira, Euclides K. Miyaura e vários 
outros em um legítimo e formidável caipira do Vale do Paraíba. O personagem chegou a ter revistas 
próprias em circulação no Brasil.
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
Todas essas manifestações folclóricas e culturais insistiram na identidade imagética do homem do 
campo como um sujeito modesto, que gosta de coisas simples e não se interessa por modernidade e 
inovação. Infelizmente, essa visão arraigada não evoluiu para a percepção de um moderno homem do 
campo, tecnológico e integrado à economia, em parte por conta de um forte movimento de êxodo rural 
que durou muitos anos. Viver no campo foi visto como uma péssima opção de vida durante décadas. Os 
jovens precisavam ir para a cidade e trabalhar com outros assuntos não relacionados com a agricultura; 
ficar no campo era sinal de atraso intelectual, falta de iniciativa e apego com o tradicionalismo, 
justamente o que os jovens menos querem!
Artistas e entusiastas da cultura interiorana como Inezita Barroso, Rolando Boldrin e outros lutaram 
bravamente para reverter essa situação, valorizando a música e os elementos regionais, apesar do avanço 
de outras culturas vibrantes como o rock e a pop music norte-americana e europeia.
Atualmente, feiras de negócios, festas regionais, shows de música, eventos vibrantes e periódicos 
contribuem para a formação de um novo olhar sobre o homem do campo, enfatizando a pujança do 
agronegócio brasileiro. Porém, pelo visto, as pessoas gostam tanto e têm tanto carinho pela imagem do 
Jeca, que durante muito tempo ainda essa será a identidade imagética do homem do campo. Nem se 
imagina ver um caipira entrando numa cabine com ar-condicionado de um trator equipado com o que 
há de mais moderno em computadores e instrumentos de coleta de dados para a agricultura de precisão.
 Saiba mais
O jornalista Márcio Pissócaro mostra um autêntico caipira vivo, que mora 
na cidade de Campina do Monte Alegre, São Paulo. Leia a notícia a seguir:
PISSÓCARO, M. Caipira autêntico é atração em Campina do Monte 
Alegre, SP. G1, Itapetininga e Região, 26 nov. 2011. Disponível em: 
<http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2011/11/
caipira-autentico-e-atracao-em-campina-do-monte-alegre-sp.html>. 
Acesso em: 13 maio 2015.
Como uma preparação ou um “esquentar de motores” para estudarmos Redes no Agronegócio/
Cooperativas, chamamos a atenção para um aspecto que nem sempre é lembrado e comentado: a cultura 
comercial do homem do campo. De uma forma geral, o homem rural, em sua aparente simplicidade, é 
mostrado nas artes como desconfiado, tinhoso, malandro, calculista, um sujeito que sabe defender seus 
interesses e negociar. Certamente, sabe exaltar os aspectos positivos e desconsiderar os aspectos negativos. 
É possível ver esse aspecto em um causo de Rolando Boldrin, que é reproduzido na íntegra a seguir.
O vendedor de cavalos
Quando digo que gosto de retratar o que vejo, muitos julgam que floreio nos causos que 
conto. Mas a verdade é que eu não sei inventar histórias, não. Por isso, se eu digo que vi um 
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Unidade I
acontecido, pode crer que é a mais pura verdade. Por exemplo: se eu disser que conheci um 
caboclo que mamava na égua dele só pra mostrar que a dita cuja era mansa, por favor não 
riam nem duvidem. Eu vi mesmo, isso às portas do Empório do Tuniquinho, lá na minha terra.
E o causo que quero contar agora, veio do dito cujo, que se chamava Adãozinho. Ele 
vendia e trocava cavalos. Era o que se pode chamar de atravessador de cavalos. Ou seja: 
vendia o que, naturalmente, comprava, negociando e ganhando uns trocados.
Lá um belo dia ele oferece a um cumpadi lá dele um cavalo, sem estar com o dito cujo à 
mostra. E foi desfiando as qualidades do cavalo a ser vendido com sua maestria de bom vendedor.
Comprador – Mas o cavalo é bão mêmo, Adãozinho?
Adãozinho – Pelo amor de Deus... o cavalo é bão demais!
Comprador – E ele tem a marcha boa?
Adãozinho – Craro. Marcha picada. Das mió. Ocê amonta nele e quando ele marcha ocê 
nem sente que tá amuntado num cavalo. Ocê desliza quiném em tapete das Arábia.
Comprador – E esse cavalo é novo de idade?
Adãozinho – Que é isso, sô? Ocê acha que eu ia te oferecê um cavalo véio? Um pangaré? 
Esse cavalinho tem só 2 ano. Tá na frô da idade.
Comprador – E quanto é que ocê qué pra esse cavalo?
Adãozinho – Tô vendendo ele baratinho. Quarqué 500 mir réis tô intregando.
Comprador – Tá feito. Toma aqui os 500 mir réis e traga logo esse animá pra eu vê.
Adãozinho vai buscar o bicho e dêxa que o cumpadi o examine pra verificar a mercadoria. 
O tal cumpadi verifica tudo e por fim vai examinar a boca do cavalo para ver pelos dentes 
a idade dele, que é assim que os caboclos conhecem os anos que tem um cavalo. Ao tentar 
abrir os beiços do cavalo, só aí percebe que o dito cujo não tinha um pedaço dos tais 
beiços, ficando aqueles dentões à mostra – portanto, uma coisa feia de se ver. O cumpadi 
comprador, nessa verificação, estrila raivoso:
Comprador – Ôh, Adãozinho! Ocê falô que o cavalo era bão. Tudo dereito. Mas tô vendo 
aqui que esse cavalo num tem um pedaço do beiço. Ocê me vendeu um cavalo alejado.
Adãozinho (matreiro) – Péra aí! Ocê qué um cavalo pra amontá ou um cavalo pra 
assobiá? Dêxa de sê insigente, sô!
Fonte: Boldrin ([s.d.]).
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
Os causos são outra rica manifestação do folclore brasileiro e expressam de forma divertida a 
sabedoria do povo. E nesse causo de Rolando Bodrin vemos que não há nada de simples ou mesmo 
ingênuo em uma negociação no meio rural. Ao contrário! O homem do campo é um negociador nato, 
que faz de tudo para superar dificuldades e bloqueios para viabilizar negócios e empreendimentos.
Indo ao encontro dessa nossa reflexão, vemos uma interessante relação da cultura comercial 
“caipira” com a cultura comercial árabe! Segundo Joca (2011), houve uma forte influência no passado 
de comerciantes “turcos”.
 Observação
Entre o século XIX e início do século passado, árabes de diversas localidades 
chegavam ao Brasil e recebiam documentação do consulado turco. Daí todos 
eram chamados de “turcos”, mesmo vindo de outras localidades.
Os “turcos” estavam habituados a uma cultura milenar, em que negociações de todo o tipo, inclusive 
as mais exóticas, eram aceitas para viabilizar um negócio. Na descrição de Joca (2011):
O “turco” fazia todo tipo de negócio: dava descontos, vendia fiado, empreendia todo tipo de escambo 
(um famoso “causo” que meu pai sempre contava se referia a um matuto que entrou na loja para 
comprar fumo e sem dinheiro, o “turco” ficou com o canivete em troca de meio metro de “fumo de 
corda”. Chegando em casa, não tinha como picar o fumo voltou a loja com uma galinha, que o “turco” 
aceitou em troca do canivete... Um economista poderia dizer que a estratégia do “turco” produziu 
valores agregados superiores ao da mera compra de meio metro de fumo. Introduziu no mercado a 
indústria fabricante de canivetes e a incipiente indústria baseada na avicultura com um produto hoje 
considerado de excelência, uma legítima galinha caipira, boa poedeira de ovos e que tempos depois, ao 
fraquejar a produção de ovos e pintainhos daria um insuperável ensopado...).
Um empreendedor, um pioneiro, o “turco” Salim: a regra principal para se fazer negócio com ele era 
o regateio, cujo final era sempre favorável para as duas partes, freguês e comerciante.
O “turco” seguia antiquíssimas tradições, das quais a presença vivíssima talvez seja O Grande 
Bazar de Istambul, onde pechinchar é regra absoluta:entrar numa loja, perguntar o preço, pagar sem 
questionar e sair com o produto é considerado uma ofensa, é o tipo do “mau” freguês! Veio-me à mente 
tais cenas ao lembrar das atuais regras de comércio nos grandes centros urbanos. Basta ir aos tais 
“shoppingues”, lanchonetes de rodoviárias e aeroportos: um cafezinho pode custar 200, 300% do preço 
regular dos bares da vida! E não tem como negociar: o próprio Procon alerta: o preço é livre, assim como 
a liberdade de comprar. Não tem mas, nem meio mas. Alguém atrás do balcão cerra os lábios e se limita, 
quando muito, a mostrar o quadro de preços. Qualquer insistência em regatear é considerada ofensa, 
impertinência, o tipo do mau freguês (JOCA, 2014).
De fato, há uma tendência de simplificar as coisas com o agronegócio, torná-las mais práticas e rápidas, 
o que a priori exclui o regateio. Mas isso não quer dizer que negociações complexas não possam ocorrer!
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Enfim, é com essa visão que começamos nosso estudo: o agronegócio brasileiro é capaz de formar 
estruturas complexas que auxiliam no sucesso das atividades do agronegócio, que são tão engenhosas 
quanto um simples regateio árabe.
A seguir, estudaremos o sistema agroindustrial e suas relações na economia.
2 CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMA AGROINDUSTRIAL
Os princípios econômicos que se aplicam ao setor primário são válidos para os outros setores da 
economia: secundário (indústria) e terciário (comércio, serviços, transportes etc.); porém, a agricultura 
guarda determinadas características que, se não forem bem observadas e respeitadas, podem frustrar 
qualquer planejamento no setor ou na cadeia produtiva.
 Lembrete
No agronegócio há três grandes grupos de segmentos:
• segmentos antes da porteira;
• segmentos dentro da porteira;
• segmentos depois da porteira. 
• Relações biológicas: as associações biológicas, ou relações ecológicas, são maneiras de 
relacionamento entre os seres vivos que compartilham o mesmo ambiente. Essas formas de 
organização são importantes para a saúde das populações de animais e plantas, bem como para a 
sua sobrevivência. Pode-se dizer que as associações biológicas são essenciais para o equilíbrio da 
natureza.
• Importância da terra com suas qualidades: os efeitos diferenciados sobre os atributos do solo, devido 
ao tipo de preparo, característico de cada sistema de cultivo, são dependentes da intensidade de 
revolvimento, do trânsito de máquinas, do tipo de equipamento utilizado, do manejo dos resíduos 
vegetais e das condições de umidade do solo no momento do preparo.
• Importância do clima: 
— Oferta sazonal de produção: uma boa produção agrícola demanda uma série de quesitos 
como condições climáticas para cultivo, adequada manipulação e armazenamento durante 
todas as etapas de produção. Recursos como cultivo de alimentos em ambientes controlados 
como estufas, cultivo hidropônico e melhoramento genético têm sido de grande valia para a 
produção de alimentos independentemente da época do ano.
— Oferta sazonal por fatores produtivos: os chamados recursos produtivos (ou fatores de produção) 
são elementos utilizados nos processos produtivos de todos os tipos de bens (mercadorias) 
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
necessários à nossa vida material. Dessa forma, referem-se aos chamados insumos (como o 
trabalho, a matéria-prima e o capital).
— Sazonalidade no uso e serviços dos fatores de produção: os principais processos a 
serem planejados com antecedência e de maneira detalhada são a compra de produtos 
(fertilizantes, sementes, máquinas agrícolas), a contratação de mão de obra temporária e 
um bom planejamento financeiro para tornar mais previsível o fluxo de caixa e dimensionar 
melhor suas necessidades de capital de giro e de aplicações financeiras durante todo o ano 
– além de ser fundamental para identificar os produtos bancários mais adequados para 
cada fase do ano.
• Indústria a céu aberto (fábrica sem telhado) – risco maior e dificuldades de securitização.
• Importância da fitossanidade – pragas e moléstias que afetam a produção, além da necessidade 
de certificados.
• Mão de obra menos qualificada, sujeita à sazonalidade e diversidade de operações.
• Maior sujeição às barreiras não tarifárias (técnicas, sanitárias e fitossanitárias). 
• Riscos maiores (chuvas, secas e outros fatores acidentais – pragas e moléstias). 
• Aproximação de mecanismos de competição pura (oferta–demanda). 
• Produtos homogêneos. 
2.1 Cadeias e redes – características e diferenças
Embora os termos “cadeia” e “rede” sejam muitas vezes utilizados indistintamente, teoricamente, tais 
palavras não são similares. O termo “cadeia” é muito utilizado pelos estudos denominados supply chain 
(cadeia de suprimentos).
 Lembrete
No agronegócio há relações de comércio complexas, sofisticadas, mas 
que tentam agir de forma simples e harmônica, sem dificuldades.
Uma cadeia é a sucessão de operações de transformação para a produção de um bem. A articulação 
destas operações é definida pelas estratégias dos agentes. As relações entre agentes envolvem 
interdependências e complementaridades determinadas pelas relações hierárquicas existentes.
Temos cadeias produtivas e cadeias de suprimentos. A cadeia produtiva é um conjunto de etapas 
consecutivas, ao longo das quais os diversos insumos sofrem algum tipo de transformação, até a 
constituição de um produto final (bem ou serviço) e sua colocação no mercado.
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Unidade I
A cadeia produtiva pode ser vista como o processo primário da organização. Ela compreende o 
processo desde a entrada dos insumos até a saída dos produtos finais.
Segundo Silva (2005), o conceito de cadeia produtiva possibilita:
• visualizar a cadeia de forma integral;
• identificar as debilidades e potencialidades;
• motivar o estabelecimento de cooperação técnica;
• identificar gargalos e elementos faltantes;
• certificar os fatores condicionantes de competitividade de cada segmento.
É preciso, portanto, saber que o conceito de cadeia produtiva e que entender seus diversos 
encadeamentos com outros setores é de extrema importância para se ter um panorama avaliativo da 
cadeia produtiva. Além disso, nos permite formular ações que possam contribuir para um estabelecimento 
mais firme da cadeia produtiva em seu ambiente, tornando-a cada vez mais competitiva aos olhos 
do mercado. Outro ponto importante é que a cadeia produtiva como um todo trabalha em função, 
principalmente, do consumidor final. É ele quem vai ditar o que será produzido e qual será sua qualidade, 
ou seja, em última instância, é o consumidor final que define, de uma forma geral, como será esse 
produto, baseando-se principalmente em preço e qualidade.
Já a cadeia de suprimentos (supply chain) é um sistema cujas partes constituintes incluem os 
fornecedores de materiais, as fábricas, os serviços de distribuição e os clientes, que alimentam o fluxo de 
materiais e retornam o fluxo de informações e recursos financeiros.
A cadeia de suprimentos deve ser vista como uma rede de empresas independentes que agem em 
sintonia para criar valor para o usuário final através da distribuição de produtos, devendo congregar 
diversos agentes para o atendimento das necessidades dos consumidores finais. Nesse processo existe 
um fluxo bidirecional de informações de feedback que são importantes para:
• apoiar a decisão;
• influenciar comportamentos;
• ser um vetor de mudanças que aumentem sinergia;
• otimizar o desempenho.
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REDES NO AGRONEGÓCIO/COOPERATIVAS
Fluxo de materiais
Fluxo financeiro e de informações
Fornecedores

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