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Acolhimento 2004

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Prévia do material em texto

3
Prefeitura do Município de São Paulo
Marta Suplicy
Prefeita do Município de São Paulo
Gonzalo Vecina Neto
Secretário Municipal da Saúde
Fábio Mesquita
Coordenador de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada
Márcia Marinho Tubone
Gerente do Projeto Prioritário Acolhimento
Organização
Angela Aparecida Capozzolo
Eunice E. Kishinami Oliveira Pedro
Gilka Eva Rodrigues dos Santos
Márcia Marinho Tubone
Nelson Figueira Júnior
Dezembro/2004
4
ÍN
D
IC
E
Apresentação.................................... 7
01. Acolhimento................................ 9
02.Criança ....................................... 19
03. Adolescente ............................... 47
04. Adulto......................................... 61
05. Mulher........................................ 83
06. DST/AIDS.................................. 97
07. Idoso......................................... 119
08. Mental ...................................... 129
09. Ocular ...................................... 147
10. Trabalhador.............................. 157
11. Bucal......................................... 175
12. População Negra..................... 189
13. Resgate Cidadão ..................... 197
14. Deficiência ............................... 213
15. Assistência Farmacêutica....... 241
16. Assistência Laboratorial......... 247
ÁREAS TEMÁTICAS:
5
 A edição do “1º Caderno de Apoio ao Acolhimento: orientações, rotinas 
e fluxos sob a ótica do risco e vulnerabilidade” teve significativa receptividade nos 
serviços de saúde do município de São Paulo, bem como despertou o interesse de 
outros municípios do território nacional. 
Apesar das respostas positivas, não é sem controvérsia que um instrumento orien-
tador como este chega aos profissionais de saúde em razão de provocar toda uma 
re-discussão sobre competências técnicas e organização dos processos de trabalho.
O aperfeiçoamento deste Caderno pretende-se contínuo, com o objetivo de 
promover cada vez mais a melhoria da qualidade da assistência à saúde no muni-
cípio, bem como de outros, no apoio ao processo de organização dos serviços para 
responder às necessidades da população e não exclusivamente às ofertas. 
O enfoque em necessidades de saúde é fundamental na viabilização dos prin-
cípios do SUS. É tomar a Integralidade como o modo de conhecer a realidade e 
organizar a atenção à saúde, identificando prioridades tendo como base o perfil 
epidemiológico do território e a otimização dos recursos existentes nos e entre os 
serviços. É a busca da Universalidade se traduzindo na organização dos serviços 
de modo que se garanta o acesso não só para aqueles que procuram, mas também 
para aqueles que mais precisam. 
Para isso é preciso utilizar como ferramentas de trabalho a Equidade e o Aco-
lhimento. O Acolhimento não como um ato individual mas coletivo, uma estra-
tégia que visa a ampliação do acesso com abordagem de risco e vulnerabilidade, 
um diálogo construído dentro do serviço com os profissionais de saúde e com a 
comunidade fortalecendo o Conselho Gestor. 
Avançando nesta proposta, estamos editando o “2º Caderno de apoio ao Aco-
lhimento: Orientações, Rotinas e Fluxos sob a ótica do risco e vulnerabilidade”, 
reelaborado com sugestões dos profissionais de saúde da rede municipal e novas 
contribuições que só fazem enriquecer o objetivo a que se propõe. Lembramos 
que a construção deste instrumento é sempre coletiva, num processo intenso de 
discussão, para que o aprimoramento de seu conteúdo continue contribuindo cada 
vez mais para a atuação cotidiana dos profissionais de saúde. 
 
 Gonzalo Vecina Neto
 Secretário Municipal de Saúde de São Paulo
6
2º
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ID
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Coordenação: 
Márcia Marinho Tubone
Equipe:
Angela Aparecida Capozzolo
Gilka Eva Rodríguez dos Santos
Nelson Figueira Júnior
7
Apresentação
A elaboração e publicação deste novo Caderno de Apoio ao Acolhi-
mento tiveram como motivação primeira à possibilidade de disponibilizar 
para os serviços de saúde novas orientações, fluxos e rotinas, desta vez, 
da área de Saúde Mental, População negra e assistência Laboratorial 
incluídas neste Caderno e ausentes no anterior. Além disto, contém 
correções, atualizações e alterações nas propostas já existentes das outras 
áreas temáticas, a partir das contribuições sugeridas pelos profissionais 
de saúde da rede. 
O 1º Caderno demonstrou ser um importante referencial, tanto para 
a discussão e organização dos fluxos assistenciais nos serviços de saúde, 
bem como para subsidiar ações de educação permanente, favorecendo 
a reflexão conjunto entre profissionais de diferentes áreas e setores da 
assistência na organização do processo de trabalho e para a implantação 
do Acolhimento. 
O 2º Caderno de Apoio ao Acolhimento – orientação, rotinas e flu-
xos sob a ótica do risco e vulnerabilidade, mais uma vez, é resultado da 
articulação do Projeto Acolhimento da Secretaria Municipal de Saúde 
de São Paulo, das áreas temáticas e dos diferentes saberes do coletivo de 
trabalhadores da saúde da SMS, proporcionando um avanço deste instru-
mento para contribuir na melhoria da qualidade da atenção à saúde. 
 O 1º e o 2º Caderno destacam as dimensões biológicas, subjetivas e 
sociais no processo saúde-doença, que devem ser consideradas na iden-
tificação do risco e vulnerabilidade para a priorização da atenção, como 
também para as ações e orientações de prevenção e diagnóstico precoce 
que devem ser oportunizadas pelos profissionais de saúde no momento 
do Acolhimento. Trata-se de um material que deve ser utilizado com 
criatividade, em conjunto com os diversos materiais já publicados pelo 
Ministério da Saúde, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, que 
orientam a atenção aos diferentes ciclos de vida e a vigilância à saúde. 
 Pretende-se que o material apresentado neste 2º Caderno sirva mais 
uma vez como referencial, para que as equipes de saúde, de acordo com 
os recursos e a realidade local, possam romper com um modelo baseado 
na oferta e formule propostas na construção de um modelo que trans-
formem o cotidiano e tenha como eixo o usuário e suas necessidades. 
Equipe do Projeto Prioritário Acolhimento
Secretaria Municipal de Saúde
São Paulo – dezembro/2004
11
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O
No processo de implementação do Sistema Único 
de Saúde (SUS) deparamo-nos com os desafios da 
construção de um modelo de atenção que consiga 
responder às necessidades de saúde da população, 
garantindo o acesso universal aos serviços e a oferta de 
uma atenção integral de boa qualidade e resolutividade. 
Nesse sentido, torna-se de fundamental importância 
a reformulação das práticas de saúde e dos processos 
de trabalho que historicamente constituíram-se em 
um modelo hegemônico dissonante dos princípios da 
Universalidade, integralidade e equidade do SUS.
O acolhimento foi definido como um dos projetos 
prioritários da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) 
em 2001, no contexto de reconstrução do Sistema 
Único de Saúde no nosso município. Inicialmente, 
a proposta centrou-se em estimular e promover refle-
xões e ações de humanização dos serviços de saúde. 
A partir de 2003, o projeto avançou na perspectiva 
de transformar a organização do processo de trabalho 
nos serviços de saúde com o objetivo de ampliar o 
acesso à atenção integral de boa qualidade e resolubi-
lidade, atuando de forma transversal em toda a rede 
de serviços. O acolhimento passa a ser considerado, 
fundamentalmente, como uma estratégia para pro-
mover mudanças no processo de trabalho. 
Para detalhar esta proposta, teceremos aqui algu-
mas consideraçõessobre o modo predominante de 
funcionamento e produção de cuidado que marcam 
e envolvem o cotidiano dos serviços de saúde, desta-
cando-se em vários momentos a atenção básica. 
O cotidiano dos serviços de saúde ....
 
Os serviços de saúde são os lugares onde são pro-
duzidos os cuidados às pessoas portadoras de algum 
tipo de necessidade de saúde. A maneira como se 
organizam e se articulam os diferentes trabalhos e 
ações (atendimento de enfermagem, consulta mé-
dica, curativo, inalação, atividades educativas etc.) 
para responder às necessidades de saúde, o modo 
como cada profissional de saúde opera seu trabalho 
12
específico, como se relaciona com os usuários e com 
os demais colegas de equipe caracterizam o processo 
de trabalho e definem a produção de cuidado. O 
processo de trabalho em saúde é bastante complexo, 
rico e dinâmico.
A forma como historicamente a rede de serviços 
de saúde foi constituída em nossa sociedade – com 
ênfase no consumo de medicamentos, exames e equi-
pamentos biomédicos e com uma dicotomia entre 
os serviços responsáveis pelas ações de saúde pública 
(rede de saúde pública) e aqueles responsáveis pelas 
ações de assistência médica (assistência previdenciá-
ria), bem como os modos predominantes de gestão 
e a organização do trabalho e questões relacionadas à 
formação, qualificação e inserção das diversas categorias 
profissionais na rede de serviços públicos, entre outras 
questões, delineiam os modelos de atenção, ou seja, 
como se estruturam as práticas de saúde. 
Em nosso município, apesar dos investimentos 
realizados, observam-se ainda diversos problemas 
nos modelos de atenção que se expressam por pro-
cessos de trabalho pouco acolhedores e resolutivos. 
Os serviços de atenção básica, por exemplo, apesar 
da diversidade na origem e nas características das 
unidades (municipalizadas, ex-Qualis, mistas, PSF, 
PACs, tradicionais) possuem semelhanças no que 
diz respeito ao fato de ofertarem fundamentalmen-
te consultas médicas agendadas para alguns grupos 
populacionais prioritários e apresentarem dificulda-
des significativas para atender a população em suas 
intercorrências e problemas de saúde. 
A decisão sobre o acesso às consultas, em geral, é 
realizada pelo pessoal do balcão/expediente da uni-
dade, predominando o critério de ordem de chegada 
para a distribuição de vagas, sem uma priorização 
por risco/gravidade. Pessoas que buscam por um 
atendimento no dia são encaixadas nas vagas exis-
tentes até o preenchimento dessas, sendo as demais 
dispensadas ou encaminhadas para outros serviços, 
independentemente dos motivos que as levaram a 
buscar por atenção. Constata-se ainda diversas nor-
mas e critérios rígidos, burocráticos que dificultam 
o acesso dos usuários ao acompanhamento nas 
unidades de saúde. 
No modo predominante de funcionamento dos 
serviços de saúde, observa-se uma subutilização da 
capacidade dos diversos profissionais de saúde no 
atendimento e na resolução dos problemas dos usu-
ários. As respostas às necessidades de atenção estão 
centradas na oferta de consultas médicas, em geral, 
pouco articuladas ao trabalho e às ações dos demais 
profissionais de saúde. Constata-se poucos espaços 
coletivos para a reflexão, análise e troca de saberes 
entre os profissionais. Além disso, a abordagem 
dos diversos profissionais tende a ficar restrita aos 
aspectos biológicos e a realização de procedimentos. 
Os padrões de vínculo e responsabilização dos pro-
fissionais resultam em pouco espaço para a escuta, 
para a interação e o diálogo com os usuários. 
O acolhimento é uma ação que pressupõe mu-
danças nas relações que se estabelecem entre os 
profissionais e os usuários e mudanças nesse modo 
predominante de operar os processos de trabalho 
(Malta et al.1998; Franco; Bueno; Merhy,2000).
O momento de encontro entre os trabalhadores e 
o usuário...
Se há algo importante em qualquer serviço de 
saúde é a necessidade dos trabalhadores desenvolve-
rem a capacidade de interação com quem demanda 
atenção. No caminho percorrido em um serviço de 
saúde, da entrada à saída, o usuário sempre está em 
busca de identificar alguém que possa conduzi-lo à 
almejada solução de seus problemas de saúde. Deseja 
ser acolhido, compreendido em suas necessidades, 
examinado, orientado e sentir-se confiante da atenção 
e responsabilização dos profissionais em manter, recu-
perar ou restabelecer seu bem estar (Merhy, 1998).
O trabalho em saúde se realiza sempre num en-
contro entre duas pessoas – trabalhador e usuário. 
13
Nesse momento de encontro acontece um jogo de 
expectativas, onde as falas, os gestos, a disponibilida-
de para escutar, as diversas formas de comunicação 
permitirão ou não a acolhida das intenções que as 
pessoas colocam neste encontro. 
O momento de encontro clínico é fundamental 
para possibilitar a identificação da singularidade que 
o processo de adoecimento adquire para o usuário, 
as causas que o condicionam e determinam. Esse 
momento requer do profissional abertura para o 
estabelecimento de vínculo, para o diálogo, para a 
desenvolvimento de laços de confiança. 
Trabalhadores e usuários se influenciam e se afetam 
mutuamente nesse encontro. Ocorre uma mobiliza-
ção de sentimentos e um jogo de identificações que 
interferem na aplicação dos conhecimentos e técnicas 
do trabalhador na percepção das necessidades de aten-
ção. Há, de um lado, uma pessoa-usuário com sua 
história de vida, condição social, cultura, concepções, 
valores, sentimentos e desejos singulares que busca 
alívio da sua dor, do seu sofrimento e, de outro lado, 
uma pessoa-trabalhador também com sua história de 
vida, condição social, cultura, concepções, valores, 
sentimentos e desejos singulares, que é portador de 
um conhecimento técnico que pode intervir nesse 
sofrimento e nessa dor. A interação entre trabalhador 
e usuário é permeada pelos saberes, experiências de 
vida, sofrimentos e subjetividades de ambos. 
Esses aspectos inerentes à prática dos diversos pro-
fissionais de saúde tendem a ser pouco valorizados e 
explicitados. Acostumou-se com um trabalho centra-
do em procedimentos no qual o “enquadramento” 
dos problemas de saúde é quase sempre previsível e 
programado. Predomina a concepção entre os profis-
sionais que a aplicação do conhecimento técnico de 
acordo com seus preceitos científicos, resultará sempre 
na resposta mais adequada, independentemente das 
características singulares de quem recaia sua ação. 
Assumir a importância de abrir espaços junto às 
ações de saúde com o objetivo de proporcionar mo-
mentos de falas e escutas do usuário para se atingir um 
objetivo terapêutico (escutar em si já tem um efeito 
terapêutico) pode provocar certo desconforto para alguns 
profissionais, devido a um sentimento de despreparo 
para lidar com as incertezas e a imprevisibilidade destes 
encontros, relativamente, em aberto. 
O espaço de interação, no entanto, é relevante na 
medida em que se configura como espaço articulador 
de todo o campo de conhecimento da saúde. Neste 
sentido, envolve e engloba todo o profissional do 
estabelecimento de saúde, do porteiro ao médico. 
Todo o profissional pode realizar uma escuta de quem 
demanda atenção procurando entender o significado 
de sua queixa ou de seu sofrimento – todo o profis-
sional pode cuidar e se responsabilizar, mesmo que 
não seja de seu núcleo técnico de conhecimento, 
para resolver o problema do usuário. 
Aqui reside o potencial para trabalharmos a busca 
ilusória de que são os exames e procedimentos que 
garantem a segurança na solução de problema de 
saúde, tanto para quem usa os serviços de saúde - 
o usuário que desempenha um papel fundamental 
na manutenção e ou recuperação de seu bem estar 
- como para o trabalhador de saúde. Como espaço 
articulador, não prescinde de proporcionar respostas 
com exames e procedimentos para os problemasde saúde ou mesmo de determinar sua gravidade, 
porém não se restringe a isso. 
Podemos dizer que os serviços precisam funda-
mentalmente de profissionais que se vinculem, se 
responsabilizem pela resolução do problema do usuário 
e se comprometam em disponibilizar o conhecimento 
que possuem para a oferta de uma atenção integral 
às necessidades de saúde do usuário. 
Necessidades de saúde...
O processo de saúde-doença se manifesta na vida 
dos indivíduos a partir das relações que se estabele-
cem com as reais condições de vida, com as situações 
concretas associadas ao mundo do trabalho, à família 
e ao meio social e a partir das representações, do 
14
significado e das vivências e experiências subjetivas 
de cada pessoa. Por mais simples que seja o problema 
de saúde que o usuário apresente ele estará sempre 
relacionado às dimensões subjetivas e sociais atre-
ladas à sua condição existencial e não só ao aspecto 
biológico comumente identificado como causador de 
sofrimento e adoecimento. Envolve, assim, sempre 
inúmeras dimensões da vida. 
Ao pensarmos as necessidades de saúde podemos 
agrupá-las em quatro grandes conjuntos: necessidade 
de possuir boas condições de vida; necessidade de ter 
acesso a toda a tecnologia de saúde capaz de melhorar 
e prolongar a vida; necessidade de ter vínculo com 
profissional e equipe de saúde e a necessidade das 
pessoas obterem graus crescentes de autonomia no 
cuidado à própria saúde (Cecílio, 2001). 
A complexidade de fatores envolvidos no processo 
de saúde-doença exige uma organização do processo 
de trabalho para intervir na dimensão coletiva do 
processo saúde-doença e também para oferecer uma 
assistência integral às pessoas. Depende da integração 
de diversos serviços, de um trabalho de equipe e 
da atuação específica dos profissionais em diversas 
dimensões. Podemos perceber, assim, os limites da 
organização do trabalho predominante em nossos 
serviços de saúde.
Nesse sentido, para responder e organizar os servi-
ços de saúde de acordo com as necessidades de saúde 
da população de um território é importante que as 
pessoas tenham acesso aos profissionais de saúde, que 
suas demandas possam ser escutadas, analisadas e que a 
organização e a oferta de ações e atividades do conjunto 
dos trabalhadores seja norteada por essa demanda. 
Detalhando um pouco mais a nossa proposta 
O projeto acolhimento propõe que todos os 
usuários que procuram os serviços de saúde sejam 
escutados por um profissional de saúde. A existência 
de um espaço privativo e protegido, a atitude acolhe-
dora do profissional é a chave para identificação dos 
motivos de busca por atenção e, conseqüentemente, 
para intervenções mais resolutivas.
O objetivo é que o profissional consiga escutar 
o usuário, perceber as diversas dimensões (subje-
tivos, biológicas e sociais) relacionadas ao motivo 
da procura por atendimento e identificar risco e 
vulnerabilidade, de maneira a orientar, priorizar 
e decidir sobre os encaminhamentos necessários 
para a resolução do problema do paciente. O que 
queremos dizer com isso? 
Uma demanda por atendimento médico, por 
exemplo, para o diagnóstico de gravidez, exige abor-
dagens, ações e prioridades diferenciadas caso seja uma 
adolescente ou uma mulher adulta, caso a gravidez 
seja desejada ou não. Assim, o resultado do teste de 
gravidez de uma adolescente mesmo que negativo 
indica a necessidade de uma programação de retorno, 
da vinculação a um profissional da equipe (não neces-
sariamente médico) e o desenvolvimento de ações que 
possibilitem orientações sobre sexualidade, proteção 
contra DST/AIDS, planejamento familiar entre outras 
questões. Dessa maneira, o acolhimento tem como 
finalidade conseguir identificar diversas dimensões 
relacionadas ao motivo da procura por atenção para 
definir projetos terapêuticos singulares.
Uma escuta ampliada é particularmente impor-
tante, pois atualmente, um número cada vez maior 
de tensões sociais e psicológicas se expressa como 
um sintoma corporal e leva a procura por atendi-
mento médico. Alguns estudos indicam que parte 
significativa da demanda nos serviços de saúde (cerca 
de 50% a 60/%), é constituída por problemas que 
não se encaixam em alguma entidade nosológica 
(doença) e exigem outros tipos de intervenções, 
além da consulta médica (Almeida, 1998). 
Por exemplo, é freqüente pessoas buscarem 
consulta médica com queixas vagas e indefinidas 
que foram desencadeadas por situações e conflitos 
familiares, por sofrimentos decorrentes de dificul-
dades sociais, de situações de desemprego, entre 
outros. Muitas vezes as pessoas estão em busca de 
um espaço para poderem falar de seus problemas e 
15
preocupações e a intervenção mais adequada para 
esses casos é a oferta de vínculo, de espaço de escuta 
em atendimento individual ou em grupo. 
O momento do acolhimento é um momento 
importante para oportunizar ações de prevenção, de 
educação em saúde e para a detecção precoce de agravos 
tais como: identificação de sintomáticos respiratórios 
para o diagnóstico precoce de pessoas com tuberculo-
se, identificação de pessoas portadoras de hipertensão 
através da medida da pressão arterial, atualização de 
carteira de vacinação, controle da periodicidade de 
realização de exame de Papanicolao para prevenção 
de câncer de colo de útero, entre outros. O momento 
do acolhimento é também um importante momento 
para se vincular o usuário ao serviço de saúde (ver o 
fluxo proposto para o acolhimento).
Assim, considerando a complexidade dos fatores 
envolvidos na produção do adoecimento a atuação 
dos profissionais não pode se restringir apenas aos 
aspectos biomédicos e a realização de procedimentos. 
É essencial que os profissionais possam desenvolver 
uma clínica ampliada que inclua a doença, o sujeito 
e seu contexto. Uma clínica que consiga abordar e 
pensar intervenções nos aspectos biológicos, subje-
tivos e sociais. Intervir no sofrimento que o usuário 
apresenta, mas também antecipar outras necessidades 
de saúde (Campos, 2003). 
Você deve estar se perguntando se isso é possível. 
Sabemos que a prática em saúde, por diversos motivos, 
vem se distanciando das emoções, dos sentimentos, 
da história de vida e das condições sociais das pessoas 
que traduzem possibilidades distintas de adoecer e 
manter a saúde. O modelo de pensamento predomi-
nante entre os profissionais da saúde, decorrente de 
uma formação orientada por referenciais científicos, 
tende a considerar que a causa das “doenças” está na 
alteração do funcionamento dos órgãos do corpo. 
Há, portanto, uma dificuldade de serem consideradas 
outras dimensões que possam estar relacionadas ao 
processo de adoecimento, restringindo sua atuação, 
como vimos, aos aspectos biológicos. 
O envolvimento dos profissionais com o trabalho, 
a sua disponibilidade em estabelecer contato, em se 
vincular ao usuário e o compromisso em utilizar 
todo o conhecimento que possuem na oferta de uma 
atenção integral são importantes pontos de parti-
da. No entanto, é fundamental qualificar a escuta, 
ampliar as abordagens e a capacidade resolutiva de 
todos profissionais. 
O material contido neste caderno bem como as 
diversas publicações e protocolos que orientam e 
normatizam a atenção aos diferentes ciclos de vida e a 
vigilância a saúde fornecem importantes subsídios para 
realização de avaliação de risco, para apoiar a atuação 
dos profissionais de saúde no acolhimento. 
Porém, ampliar as abordagens e as intervenções no 
cotidiano exige um processo constante de apropriação 
e troca de saberes entre os diversos profissionais da 
equipe bem como a existência de espaços nos serviços 
de saúde para a discussão coletiva de casos, para a análise 
e reflexão das práticas e do processo de trabalho. 
A gestão dos serviços de saúde tem um papel 
fundamental para viabilizar processos de educação 
permanenteno cotidiano dos serviços, para a cons-
trução de novas formas de produção dos atos de 
saúde, enfim, para possibilitar processos de trabalho 
mais acolhedores e resolutivos. 
Não pretendemos, nem seria possível, neste texto 
aprofundarmos os vários referenciais que norteiam 
esta proposta de acolhimento. Apresentamos abaixo 
bibliografias que abordam com mais detalhes esses 
referenciais. A implementação de mudanças nas 
relações que se estabelecem entre os profissionais e 
os usuários e no modo predominante de operar os 
processos de trabalho é um grande desafio. Diversas 
experiências municipais em todo o território nacional 
têm demonstrado, no entanto, a viabilidade dessas 
mudanças e o papel estratégico do acolhimento na 
construção de modelos de atenção que tenham como 
eixo o usuário e suas necessidades. 
16
Usuário procura a Unidade
Expediente / balcão verifi ca
demanda do usuário
O usuário tem consulta ou 
grupo agendado
Não tem consulta agendada e 
quer /necessita atendimento
Procura atendimento 
específi co: sala de vacina, 
curativo, inalação, farmácia, 
coleta de exames
Separa o prontuário e 
encaminha usuário para 
o atendimento
Acolhimento
Recepção técnica com escuta 
qualifi cada Encaminha usuário para 
o setor desejado
Profi ssional de Saúde em atendimento individual:
 Escuta a demanda do usuário;
 Analisa sua necessidade de atenção;
 Identifi ca risco/ vulnerabilidade (biológico, subjetivo e social);
 Prioriza as ações/atividades
• Orienta e resolve situações previstas 
no Caderno de Apoio ao Acolhimento e 
demais protocolos;
• Oportuniza ações de prevenção; 
• Diagnóstico precoce;
• Informa sobre atividades desenvolvidas 
na unidade;
• Constrói vinculo;
• Agiliza encaminhamentos
 
Retaguarda imediata para casos agudos
• Consultas: médica, enfermagem, 
odontológica, social, psicológica e 
outras.
• Procedimentos: aferição de 
pressão, curativos, inalação, 
imunização, medicação, sutura.
Área de abrangência
• Consultas de rotina: 
médico; enfermagem; 
dentista e outros.
• Grupos educativos
• Visitas domiciliares
• Vigilância
 • Matrícula
 • Agendamento
 
• Orientação
• Encaminhamento 
seguro com 
responsabilização
Sim Não
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO
17
ALMEIDA, E.L.V., apud Souza, A.R.N.D. For-
mação Médica, Racionalidade e Experiência: O 
Discurso Médico e o Ensino da Clínica. Rio de 
Janeiro, 1998 [ Tese de Doutorado – Instituto de 
Psquiatria da URFJ).
CAMPOS, G.W.S. Uma clínica do sujeito: por uma 
clínica reformulada e ampliada. In: Campos, G.W.S 
Saúde Paidéia. São Paulo. Hucitec, 2003. p51-68.*
CAMPOS, G.W.S. O Anti-Taylor: sobre a invenção 
de um método para co-governar instituições de saúde 
produzindo liberdade e compromisso. Cadernos de 
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(4): 836-8700, 
out-dez,1998.* 
CAPOZZOLO AA. No olho do furacão: trabalho 
médico e o programa saúde da família. [Tese] Campinas 
(SP): Universidade Estadual de Campinas, Programa 
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva; 2003.
CECÍLIO, L.C.O.; As Necessidades de Saúde como 
Conceito Estruturante na Luta pela Integralidade 
e Equidade na Atenção em Saúde; Rio de Janeiro; 
UERJ, IMS: ABRASCO; 2001.
FRANCO, T.B.; BUENO, W.S.; MERHY, E.E. O 
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FRANCO, T.B; PERES, M.A.A.; FOSCHIERA. 
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MERHY, E.E. Um dos grande desafios para os ges-
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MERHY, E.E. A perda da dimensão cuidadora na 
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assistência. In: CAMPOS, C.R.; MALTA, D.C; 
REIS, A.T et al. Sistema Único de Saúde em Belo 
Horizonte: São Paulo: Xamã, 1998. Pp121-142. 
Silva Jr. A.G. Modelos Técnico-assistenciais em 
saúde: o debate no campo da saúde coletiva. São 
Paulo: Hucitec, 1998.
* estes textos estão publicados no caderno: Textos de 
Apoio ao Projeto Prioritário Acolhimento, disponível 
nas unidades de saúde. 
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Elaboração:
Ana Cecília Silveira Lins Sucupira
Ana Maria Bara Bresolin
Edith Lauridsen Ribeiro
Eunice E. Kishinami Oliveira Pedro
Patrícia Pereira de Salve
Sandra Maria Callioli Zuccolotto
Colaboração:
Henriqueta Aparecida Norcia 
Nilza Maria Piassi Bertelli
Márcia Freitas
Maria Elisabete J.Raposo Righi
Maria Laura Deorsola
Naira Regina dos Reis Fazenda
Tânia Jogbi
22
SITUAÇÕES DE RISCO
O ciclo da criança compreende um período 
da vida do ser humano onde incidem diferentes 
riscos de adoecer e morrer, conforme o momento 
do processo de crescimento e desenvolvimento e a 
inserção social da criança.
De um modo geral, a vulnerabilidade da criança 
aos agravos de saúde é maior nos dois primeiros anos 
de vida, especialmente no primeiro ano, em função 
da imaturidade de alguns sistemas e órgãos (sistema 
imunológico, neurológico, motor e outros), que vão 
passar por intenso processo de crescimento.
Além disso, quanto menor a idade da criança, maior 
a dependência do adulto para os cuidados básicos 
com a saúde, a alimentação, a higiene, a estimulação 
e a proteção contra acidentes, entre outros.
Planejar o atendimento sob o enfoque de risco sig-
nifica um olhar diferenciado para a criança que está 
exposta a determinadas condições, sejam biológicas, 
ambientais ou sociais – as chamadas situações de risco 
– que a predispõem a uma maior probabilidade de 
apresentar problemas de saúde ou mesmo de morrer. 
Isso significa a necessidade de reconhecer as 
situações de risco e de priorizar o atendimento a 
essas crianças, nos serviços de saúde.
Priorização da atenção à criança de 
risco
A equidade pressupõe atendimento diferenciado 
de acordo com as necessidades de cada criança. Dessa 
forma, devem ser priorizados grupos de crianças que 
apresentem condições ou que estejam em situações 
consideradas de maior risco.
Considera-se aqui que todas as crianças vivenciam 
situações de risco que variam de acordo com o seu 
grau de vulnerabilidade. Assim, propõe-se até os 2 
anos de idade a denominação de criança de baixo 
risco, em vez do termo “criança normal” e crian-
ça de alto risco, para aquela que apresenta maior 
vulnerabilidade diante das situações e dosfatores 
de risco, como, por exemplo, as que nascem com 
menos de 2.500 g.
RISCOS AO NASCIMENTO
1. Critérios obrigatórios
(presença de qualquer um 
dos seguintes critérios): 
• Peso ao nascer menor que 2.500g
• Morte de irmão menor de 5 anos
• Internação após a alta materna
Obs: Os recém-nascidos que apresentam defi ci-
ências estabelecidas desde o nascimento, doenças 
genéticas, neurológicas, malformações múltiplas 
também são consideradas crianças com proble-
mas e que necessitam de cuidados diferenciados.
2. Critérios associados (presença 
de dois ou mais dos seguintes 
critérios):
• Mãe adolescente abaixo de 16 anos
• Mãe analfabeta
• Mãe sem suporte familiar
• Mãe proveniente de área social de risco*
• Chefe da família sem fonte de renda
• História de migração da família há menos de 2 
anos 
• Mãe com história de problemas psiquiátricos 
(depressão, psicose)
• Mãe portadora de deficiência que impossibilite 
o cuidado da criança
• Mãe dependente de álcool e/ou drogas
• Criança manifestamente indesejada
* Área social de risco- definição de micro-área 
homogênea, segundo critério de risco, no processo 
de territorialização na subprefeirura.
23
Na medida em que a criança cresce diminui a 
vulnerabilidade biológica e, na idade escolar, dos 
3 aos 10 anos, espera-se uma “calmaria biológica”. 
Entretanto, em determinadas condições de vida, 
essa tendência evolutiva de redução na incidência 
de agravos se modifica. Isso implica na necessidade 
de uma mudança de olhar na UBS para as situações 
de risco adquirido, que podem estar presentes em 
qualquer idade. 
RISCOS ADQUIRIDOS
Presença de um dos seguintes 
critérios, em qualquer idade:
• Desnutrição – abaixo do percentil 3 do NCHS* 
para peso e altura
• Maus tratos
• Após a segunda internação
• Desemprego familiar e/ou perda absoluta de 
fonte de renda
• Criança manifestamente indesejada
• Criança com 3 ou mais atendimentos e observação 
em pronto-socorro em um período de 3 meses
* National Center of Health Statistics, curva 
padrão adotada pela OMS
PROMOÇÃO/ PREVENÇÃO DE 
SAÚDE
Em todo atendimento à criança, seja programático 
ou eventual, é fundamental observar e avaliar:
1- O aspecto geral da criança e seu estado nutri-
cional;
2- A presença de sinais que sejam indícios de violência 
contra a criança, como hematomas, equimoses 
ou queimaduras e outros. Reportar ao texto e 
fluxo de casos com suspeita de violência;
3- As relações que estabelece com o responsável/ cui-
dador (vínculo familiar) e com o profissional; 
4- As condições da alimentação (disponibilidade 
de alimentos/aceitação);
5- A situação da imunização: atualizar esquema de 
vacinação;
6- A freqüência à creche /escola . Socialização e 
atividades de lazer;
7- O seguimento em serviços de saúde. 
COMPROMISSOS DA UBS : “O 
que não pode deixar de ser feito”
• Identificação e priorização do atendimento ao 
RN de alto risco;
• Incentivo ao aleitamento materno;
• Verificação dos resultados do teste de triagem 
neonatal;
• Aplicação e orientação sobre as vacinas do es-
quema básico;
• Atendimento seqüencial do processo de cresci-
mento, segundo cronograma proposto no Caderno 
Temático da Criança;
• Orientações para uma alimentação saudável;
• Acompanhamento do desenvolvimento da 
criança, com ênfase na observação das relações 
familiares e estímulo a um ambiente que propicie 
interações afetivas;
• Atendimento aos agravos à saúde.
24
Identifi car risco:*
ao nascimento ou 
adquirido
* Ver critérios de risco
1 Ver protocolo de Enfermagem: Atenção à Saúde da Criança
Bebê de baixo 
risco
Bebê de alto 
risco
Identifi car 
queixas
Identifi car queixas
Orientar vacinação
Aleitamento 
materno
Verifi car ganho de 
peso
Cuidados gerais
Seguir fl uxo da 
queixa específi ca
Consulta de 
Enfermagem1 
Consulta 
médica 
Agendar consulta de 
rotina de criança 
baixo risco*
Agendar consulta de 
rotina de criança de 
alto risco*
SimNão SimNão
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
PARA PUERICULTURA 
(MENOR DE 2 ANOS DE IDADE)
Acolhimento
25
Queixa de coriza e/ou tosse e/ou 
obstrução nasal e/ou ronqueira e/ou 
canseira no peito
Apresenta 
qualquer sinal 
geral de perigo?
Sinal geral de perigo
• Não consegue beber líquidos ou mamar 
no peito?
• Vomita tudo que ingere?
• Teve convulsões nas últimas 72 h?
• Está sonolenta ou com difi culdade para 
despertar?
Apresenta FR � 
ou tiragem subcostal
Febre ou hipotermia 
(T menor ou igual 
a 35,5 °C)
Consulta de 
Enfermagem 1 Consulta médica
SimNão
SimNão
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE 
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS AGUDOS
CRIANÇA MENOR DE 2 MESES DE IDADE
1 Ver protocolo de Enfermagem: Atenção à Saúde da Criança
Acolhimento
26
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE 
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS AGUDOS
CRIANÇA MAIOR DE 2 MESES DE IDADE
Queixa de coriza e/ou tosse e/
ou obstrução nasal e/ou dor de 
garganta e/ou ronqueira e/ou 
canseira no peito
Apresenta 
qualquer sinal 
geral de perigo?
Sinais gerais de perigo
• Não consegue beber líquidos ou 
mamar no peito?
• Vomita tudo que ingere?
• Teve convulsões nas últimas 72 h?
• Está sonolenta ou com difi culdade 
para despertar?
Apresenta FR � ou 
tiragem subcostal?
Consulta 
médica
Tem febre?
Tem dor ou 
secreção no 
ouvido? ou tosse 
há mais de 15 
dias?
Atendimento de 
enfermagem1
Febre menos ou 
igual a 5 dias
Tem dor ou 
secreção no ouvido? 
ou tosse mais de 15 
dias?
Consulta de 
Enfermagem2
Febre mais 
de 5 dias
Consulta médica 
1 Auxiliar de enfermagem sob a 
supervisão da (o) enfermeira (o)
- Orientações Gerais
2 Protocolo de Enfermagem atenção 
à Saúde da Criança
SimNão
SimNão
SimNão
SimNão
SimNão
Acolhimento
27
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE 
PROBLEMAS DE CHIADO NO PEITO
Respiração curta e/ou falta 
de ar e/ou chiado no peito
Criança menor de 2 meses ou 
1º episódio em qualquer idade
Sinal geral de perigo
• Não consegue beber líquidos 
ou mamar no peito?
• Vomita tudo que ingere?
• Teve convulsões nas últimas 
72 horas?
• Está sonolenta ou com 
difi culdade para despertar?
Apresenta sinal de 
perigo?
Consulta médica
Tem febre?
FR normal e 
sem tiragem
Consulta de 
Enfermagem
Consulta de 
Enfermagem 1
Inalação com beta2 
conforme receita 
anterior
Não melhorou: FR 
ou mantém tiragem 
Melhorado: FR 
normal e sem 
tiragem
Domicílio
Consulta médica
FR � 
ou com 
tiragem 
subcostal
SimNão
SimNão
SimNão
Acolhimento
1 Ver protocolo de Enfermagem: 
Atenção à Saúde da Criança
28
ASPECTOS IMPORTANTES NO 
ATENDIMENTO À CRIANÇA 
COM QUEIXAS RESPIRATÓRIAS 
AGUDAS
1. Identifi car a idade (menor ou maior de 2 
meses) e seguir o fl uxo indicado.
2. Identifi car se a criança apresenta algum sinal 
geral de perigo e seguir o fl uxo indicado.
3. Se não houver sinal geral de perigo, 
perguntar:
Há quantos dias tem as queixas?
Tem febre ? Há quantos dias? Medida ou não?
Quando não tem febre, a criança brinca e aceita 
a alimentação?
Tem dor de ouvido?
Tem cansaço ou difi culdade para respirar?
Tem chiado no peito?
4. Como avaliar o estado geral / atividade da 
criança:
• Está ativa, brincando – sem gravidade
• Fica quietinha, caída, apenas durante a febre 
– pode não ter gravidade
• Fica prostrada, gemente, sem querer brincar 
mesmo sem febre – sinais de gravidade
5. PRESENÇA DE FEBRE (defi nida como T 
maior ou igual a 37,5 º C)
• Se sim, há quantos dias: < 5 dias, criança em 
bom estado geral, com tendência à melhora 
- possivelmente sem gravidade
• Se febre há 5 dias ou mais, criança deve ser 
vista pelo médico
ORIENTAÇÕES
• Tranqüilizar a mãe / família; orientar banho 
morno; aumentar a oferta de líquidos e utilizar 
vestimentas leves.
• O uso de antitérmicos pode ser recomendado 
quando a temperatura for maior de 37,8º C
 Paracetamol: 1 gota / Kg de peso / dose até 
4 x /dia (intervalo mínimo de 4 horas entre 
as doses).
 Dipirona: meia gota / Kg de peso / dose até 
4 x / dia, intervalo de 6 horas(dose máxima por dia: 60 gotas até 6 anos, 
120 gotas de 6 a 12 anos e 160 gotas para 
maiores de 12 anos).
• Procurar a unidade caso apareça qualquer 
sinal de alerta. 
6. DOR DE OUVIDO
Deve ser atendida pelo médico 
7. VÔMITOS 
Se sim, quantas vezes?
• Mais de 3 vezes em 2 horas – atendimento 
com enfermeira ou médico
• Após a alimentação ou acesso de tosse – sem 
gravidade
• Vômito em jato – deve ser atendida pelo 
médico
8. CHIADO NO PEITO
• Se for o primeiro episódio de chiado no peito 
– deve ser atendida pelo médico
• Se houver episódios repetidos de chiado no 
peito (sibilância), pode ser avaliada em consulta 
de enfermagem
29
9. DIFICULDADE PARA RESPIRAR – CANSAÇO NO PEITO
• Contar a freqüência respiratória em 1 minuto e verificar a presença de tiragem sub-costal
• Se FR e / ou tiragem subcostal deve ser atendida pela enfermeira ou médico
Faixa etária “Respiração rápida” ou freqüência 
 respiratória aumentada
menores de 2 meses 60 ou mais respirações por minuto
de 2 a 11 meses 50 ou mais respirações por minuto
de 1 a menos de 5 anos 40 ou mais respirações por minuto
de 5 anos ou mais 30 ou mais respirações por minuto
10. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA 
QUEIXAS RESPIRATÓRIAS AGUDAS
• Decúbito elevado
• Dieta fracionada
• Aumentar a oferta de água, suco de frutas ou 
chás para fluidificar a secreção e facilitar sua 
remoção
• Lavagem nasal com soro fisiológico 
• Nebulização / Inalação
NÃO DAR XAROPE OU ANTIBIÓTICO 
ORIENTAR SINAIS DE PERIGO E O 
RETORNO, CASO NÃO MELHORE APÓS 
3 DIAS
11. SINAIS GERAIS DE PERIGO
• Piora do Estado Geral (letargia ou prostração)
• Aparecimento ou piora da febre
• Não consegue ingerir líquidos ou alimentos
• Presença de dificuldade para respirar
Para as crianças com Sinais de Perigo, o 
profi ssional (médico ou enfermeiro) deverá 
providenciar as condições para que a criança seja 
atendida imediatamente no hospital .
Estabelecer contato telefônico com o profi ssional 
da referência e enviar a Ficha de Referência 
explicitando o motivo do encaminhamento.
30
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DA DIARRÉIA
Verifi car se tem 
diarréia
N° de evacuações, 
Duração dos episódios
Aspecto das fezes
A criança está com diarréia 
há mais de 14 dias?
Atendimento de 
enfermagem 1
Menor de 2 
meses de idade
Maior ou igual 
a 2 meses
Tem sangue 
nas fezes ?
Consulta de 
Enfermagem 2
Consulta 
médica
Verifi car estado 
de hidratação
Consulta médica 
Sem 
desidratação
Desidratação
Desidratação 
grave
Atendimento de 
enfermagem1
Consulta de 
Enfermagem 2
Consulta médica
Plano B
Plano A 
SimNão
SimNão
SimNão
Acolhimento
1 Auxiliar de enfermagem sob a 
supervisão da (o) enfermeira (o)
- Orientações 
2 Protocolo de Enfermagem: Atenção 
à Saúde da Criança
Queixa de diarréia
31
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO 
DE HIDRATAÇÃO
SEM DESIDRATAÇÃO
Criança ativa,
Aceitando líquidos
Turgor de pele normal
PLANO A: TRATAR A DIARRÉIA EM CASA
1. Dar líquidos adicionais à vontade:
• Amamentar com maior freqüência
• Dar soro de reidratação oral
• Dar água, chás, caldos, água de arroz, 
• Quantidade de líquidos adicionais:
 Até 1 ano: 50 a 100 ml após cada evacuação diarréica
 1 ano ou mais: 100 a 200 ml após cada evacuação diarréica
2. Continuar a alimentar com a dieta habitual
3. Retornar se apresentar sinais de perigo.
SINAIS DE PERIGO
• Piorar o Estado Geral
• Não conseguir beber líquidos
• Ficar sem urinar por mais de 6-8 horas
• Se a diarréia persistir por mais de 5 dias
• Aparecer sangue nas fezes
DESIDRATAÇÃO: DOIS OU 
MAIS DESSES SINAIS
Criança irritada, inquieta
Olhos fundos
Bebe avidamente com sede
Turgor de pele semipastoso 
(Sinal da prega: a pele volta 
lentamente ao estado 
anterior)
PLANO B: TRO NA UNIDADE
1. Quantidade de soro oral nas primeiras 4 horas
 Demonstrar para a mãe como dar o soro
 Oferecer o soro em pequenos goles com colher
 Se vômitos, aguardar 10 min e continuar mais lentamente
2. Continuar a amamentar no peito
3. Reavaliar o estado de hidratação após 4 horas
4. Selecionar o plano adequado para continuar o tratamento
DESIDRATAÇÃO GRAVE: DOIS OU MAIS DESSES SINAIS
Criança letárgica ou inconsciente
Olhos fundos
Não aceita líquidos ou aceita muito mal
Turgor de pelo pastoso – Sinal da prega: a pele volta muito 
 lentamente ao estado anterior
CONSULTA 
MÉDICA IMEDIATA
Peso Soro
< 6 200-400
6 - < 10 400-700
10 - < 12 700-900
12-19 900-1400
32
ASPECTOS IMPORTANTES NA 
AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM DIARRÉIA
1. Criança abaixo de dois meses deve sempre ser 
avaliada pelo médico.
2. Quando não houver tempo sufi ciente para 
acompanhar a TRO na unidade, pode-se iniciar a 
TRO e terminar a hidratação em casa, exceto nos 
seguintes casos:
Fatores de risco individual
• Criança menor de 2 meses
• Crianças menores de 1 ano com baixo peso ao 
nascer
• Crianças com desnutrição moderada ou grave 
Fatores de risco situacional
• Dificuldade de acesso ao hospital
• Mãe ou responsável pela criança com dificuldade 
de compreensão
• Criança proveniente de microárea social de risco. 
 Nesses casos, encaminhar para hidratação no 
hospital.
3. Orientações para retornar à unidade de saúde, 
se ocorrerem sinais de perigo
SINAIS DE PERIGO
• Piorar o Estado Geral
• Não conseguir beber líquidos
• Ficar sem urinar por mais de 6-8 horas
• Se a diarréia persistir por mais de 5 dias
• Aparecer sangue nas fezes
4. Indicações para encaminhamento para hospital
ENCAMINHAR PARA O HOSPITAL 
QUANDO:
• A criança não ganhar ou perder peso, após 
as primeiras 2 horas de TRO
• Houver alterações do estado de consciência 
(comatosa, letárgica)
• Vômitos persistentes (no mínimo 4 vezes em 
1 hora)
• Íleo paralítico (distensão abdominal)
5. Não se recomenda o uso de antiemético, 
porque a criança fi ca sonolenta, o que difi culta a 
aceitação do soro oral.
6. Não se deve utilizar antidiarréicos e 
antibióticos para diarréia.
7. Orientações para os casos de diarréia:
• Incentivar o aleitamento materno
• Orientar alimentos de fácil digestão, pastosos ou 
líquidos
• Orientar higiene pessoal e dos alimentos 
• Orientar utilizar água filtrada
• Orientar o destino adequado dos dejetos
• Orientar o uso da TRO no início dos sintomas 
diarréicos
Esclarecer sobre a evolução da diarréia que pode 
demorar até 14 dias.
33
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE CONJUNTIVITE
Orientações Gerais
• Limpeza freqüente das secreções com água limpa e fria
• Fazer compressas com água limpa e fria, várias vezes ao dia
• Lavar bem as mãos antes e após qualquer manipulação dos olhos
• Não utilizar água boricada ou outros produtos nos olhos
• Usar toalha separada
Queixa de 
secreção ocular
Secreção clara Secreção purulenta
Consulta de 
Enfermagem 1 Consulta médica
Acolhimento
1. Ver orientação de conjutivite na Saúde Ocular
34
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE FALTA DE APETITE
1 - Orientações Gerais:
• Verificar quem assume os cuidados e a alimentação da criança
• Observar dinâmica emocional e relações na família e na escola
• Tentar identificar eventos que possam diminuir a aceitação alimentar
• Verificar se a dieta é adequada para a idade
• Verificar se a criança substitui a refeição de sal por leite
• Verificar se a criança ingere guloseimas, salgadinhos, refrigerantes nos intervalos das refeições
• Verificar se a criança freqüenta a creche. Pedir relatório da aceitação alimentar
Apresenta falta de 
apetite há menos 
de 1 semana
Consulta de 
Enfermagem 
Bom estado geral 
 
Orientações gerais 1
Consulta médica
Agendamento de 
consulta médica
Seguir fl uxo das 
queixas específi cas
Consulta médica
Febre e/ou
Perda de peso e/ou
Queda no estado geral
Apresenta 
outras queixas associadas?
SimNão
Sim Não
Sim Não
Acolhimento
35
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE DOR ABDOMINAL
Orientações para a dor abdominal:
• Observar evolução da dor: nº de episódios, desencadeantes, tendênciaevolutiva e dinâmica 
emocional / relações na família e na escola
• Tranqüilizar e apoiar a família
• Orientar massagem local
• Verificar hábito alimentar e hábito intestinal
• Evitar uso de medicamentos
DOR ABDOMINAL
É o primeiro 
episódio?
Início há menos de 7 
dias e febre, 
ou Vômitos, 
queda no estado geral
Atendimento de 
enfermagem 1
Agendar consulta
 médica
Consulta de 
Enfermagem Consulta médica
Interfere nas atividades 
(falta à escola, deixa de 
brincar, fi ca pálida)
SimNão
SimNão
SimNão
Acolhimento
1. Auxiliar de enfermagem sob a supervisão da (o) enfermeira (o)
36
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE CEFALÉIA
Orientações para a cefaléia:
• Observar evolução da dor: nº de episódios, desencadeantes, tendência evolutiva e dinâmica 
emocional / relações na família e na escola
• Tranqüilizar e apoiar a família
• Colocar a criança de repouso, em local tranqüilo, sem muita luminosidade
• Utilizar analgésicos só se a dor for intensa
CEFALÉIA
É o primeiro 
episódio?
Interfere
nas atividades (falta à 
escola, deixa de brincar, fi ca
pálida)
Início há menos de 
3 dias e febre, 
ou vômitos, 
Queda no estado 
geral 
Atendimento de 
enfermagem 1
Consulta de 
Enfermagem
Consulta médica
Agendar consulta
médica
SimNão
SimNão Não Sim
Acolhimento
1. Auxiliar de enfermagem sob a supervisão da (o) enfermeira (o) - Orientações
37
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE DOR EM MEMBROS
Orientações gerais para dor em membros:
• Observar evolução da dor: nº de episódios, desencadeantes, tendência evolutiva e dinâmica 
emocional / relações na família e na escola
• Tranqüilizar e apoiar a família
• Orientar massagem local
• Evitar uso de medicamentos
DOR EM 
MEMBROS
É o primeiro 
episódio?
Interfere
nas atividades (falta à 
escola, deixa de brincar, 
fi ca pálida)
Início há menos de 
7 dias e febre, 
ou difi culdade para 
andar, queda no 
estado geral 
Atendimento de 
enfermagem 1
Consulta de 
Enfermagem 
Consulta médica 
Agendar consulta
 médica
Não Sim
Não Sim SimNão
Acolhimento
1. Auxiliar de enfermagem sob a supervisão da (o) enfermeira (o) - Orientações
38
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE 
QUEIXA DE FALTA DE GANHO DE PESO
• Verificar quem assume os cuidados e a alimentação da criança
• Observar dinâmica emocional e relações na família e na escola
• Tentar identificar eventos que possam diminuir a aceitação alimentar
• Verificar se a dieta é adequada para a idade
• Verificar se a criança substitui a refeição de sal por leite
• Verificar se a criança ingere guloseimas, salgadinhos, refrigerantes em excesso
• Verificar se a criança freqüenta a creche. Pedir relatório da aceitação alimentar
FALTA DE GANHO 
DE PESO
Verifi car duração da queixa
Mais de um mês Menos de um mês
Estado 
geral bom
Sem outras 
queixas
Queixas associadas
Orientações gerais
Orientação alimentar
Consulta de 
Enfermagem 
Seguir fl uxo 
específi co
Queda no 
estado geral Bom estado geral 
Agendar consulta de 
enfermagem (rotina) Consulta médica
SimNão
Acolhimento
39
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE VÔMITOS
VÔMITOS
Vomita tudo o 
que ingere?
Tem tosse ou
diarréia ou chiado no 
peito ou febre?
Consulta médica
Consulta de 
Enfermagem 
Seguir fl uxo 
das queixas 
específi cas
SimNão
SimNão
Acolhimento
40
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO 
DE REGURGITAÇÕES
Eliminação de alimentos sem náuseas ou esforço abdominal 
(Crianças menores de 12 meses)
REGURGITAÇÕES
Verifi car ganho de peso
Bom ganho de peso Sem ganho de peso
Orientações Gerais
Orientações alimentares
Orientações posturais
Consulta de 
Enfermagem
Agendar consulta 
rotina
Orientações
Identifi car outras 
queixas
Agendar consulta
de enfermagem
Consulta médica
SimNão
Acolhimento
41
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE 
FEBRE REFERIDA MENOR DE 3 ANOS
FEBRE
Verifi car 
idade
Menor de 2 meses Maior de 2 meses
Consulta médica
Apresenta 
qualquer sinal geral 
de perigo? Ou 
T de 39º C ou mais
Apresenta sinais gerais 
de perigo:
• Não consegue mamar 
nem ingerir líquidos?
• Vomita tudo que ingere?
• Apresentou convulsões 
nas últimas 72 h?
• Está sonolenta e 
com difi culdade para 
despertar?
Se todas as respostas 
forem negativas
Se uma das respostas 
for positiva
Tem outra 
queixa?
Consulta médica
Consulta médica
Seguir rotina de fl uxo 
da queixa referida
Acolhimento
Não Sim
42
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE 
FEBRE REFERIDA MAIOR DE 3 ANOS
FEBRE
Apresenta qualquer 
sinal geral de perigo
Apresenta sinais gerais de perigo:
• Não consegue mamar nem ingerir 
líquidos?
• Vomita tudo que ingere?
• Apresentou convulsões nas últimas 
72 h?
• Está sonolenta e com difi culdade 
para despertar?
Se todas as respostas 
forem negativas Se qualquer 
resposta for positiva
Tem outra 
queixa?
Consulta médica
Bom estado geral e 
febre menos de 5 dias
Estado Geral comprometido 
ou febre mais de 5 dias
Seguir rotina de fl uxo da 
queixa referida
Consulta de 
Enfermagem Consulta médica
Identifi cado foco 
infeccioso?
Cuidados de Enfermagem 
Retorno em 24 horas Consulta médica
Não Sim
SimNão
Acolhimento
43
Orientações gerais para febre
 A temperatura corporal normal situa-se na faixa de 36 a 37 ºC
Febre: 
- É defi nida como temperatura do corpo acima da média normal, associada ou não a tremores, 
calafrios, rubor de pele, aumento da freqüência respiratória e cardíaca. Adotamos, aqui, a T axilar maior 
ou igual a 37,5ºC.
 
Hipotermia: 
- É defi nida como temperatura corporal abaixo de 35,5º C, pele fria, palidez, calafrios, perfusão capilar 
diminuída, taquicardia, leito ungueal cianótico.
Calafrios: 
- Sensação de frio, contrações musculares quando a temperatura corporal cai abaixo do normal ou na 
fase de calafrios da febre.
Orientações
• Tranqüilizar a mãe / família.
• Banho morno.
• Aumentar a oferta de líquidos.
• Utilizar vestimentas leves.
• O uso de antitérmicos pode ser recomendado quando a temperatura for 
 maior de 37,8º C:
 Paracetamol: 1 gota / Kg de peso / dose até 4 x /dia 
 (intervalo mínimo de 4 horas entre as doses).
 Dipirona: meia gota / Kg de peso / dose até 4 x / dia, intervalo de 6 horas
 (dose máxima por dia: 60 gotas até 6 anos, 120 gotas de 6 a 12 anos e 160 gotas 
para maiores de 12 anos).
• Procurar a Unidade caso apareça qualquer sinal de alerta. 
44
FLUXO SAÚDE DA CRIANÇA 1
Seja qual for a origem das difi culdades da criança / adolescente, as intervenções terapêuticas 
devem visar sempre as três dimensões do problema: escola, família e criança/adolescente.
CRIANÇA / ADOLESCENTE QUE NÃO APRENDE
ACOLHIMENTO
INVESTIGAR na UBS
Como é a criança/
adolescente
Como é a família Como é a escola
Avaliação pediátrica e/ou equipe 
multiprofi ssional:
• avaliação global: antecedentes 
neonatais, convulsões, doenças 
sistêmicas, medicamentos;
• nutrição;
• desenvolvimento:
 físico, motor,
 visão, audição,
 cognitivo, linguagem;
• presença de sintomas 
emocionais: ansiedade, 
tristeza, irritabilidade, medos;
• presença de alterações 
de conduta: agitação, 
hiperatividade, agressividade;
• relacionamento com pais, 
pares, professores e outros.
• o que pensa do 
problema da criança;
• o que pensa da escola;
• avaliação da dinâmica
 familiar.
• conversar com o professor 
e com coordenador 
pedagógico;
• contrapartida de escola.
Família disfuncional
Maus tratos
Ambiente escolar disfuncional
Problemas pedagógicos
Intervenções dirigidas 
à família
Orientação familiar
Intervenções centradas no 
ambiente escolar
Trabalho conjunto UBS/Escola
Na UBS:
• tratar problemas clínicos;
• iniciar intervenção em:
 transtornos de conduta, ansiedade, 
 depressão, hiperatividade;
• orientar a família e a escola;
• acompanhar a evolução
Observação:
Na suspeita de transtorno psiquiátrico grave, 
iniciar intervenção e avaliar capacidade técnica 
de atendimento da equipe da UBS
Suspeita de retardo mental 
importante ou autismo
Persistência 
ou piora do 
problema
Avaliar necessidade de 
encaminhamento ou atendimentoconjunto com serviço especializado
(CAPSi ou outro disponível)
45
CRIANÇA / ADOLESCENTE COM PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO
Na UBS
INVESTIGAR
• que tipo de problema existe?
• quanto prejuízo o problema causa à criança/adolescente ou à família?
• o que desencadeia o problema? é relacionado a um contexto específi co?
• quais são os pontos fortes da criança?
• o que pensa a família?
Comprometimento importante da rotina de vida da 
criança / adolescente e/ou família e/ou escola
Sim Não
Agendar na UBS atendimento com urgência relativa (7 a 
10 dias) com pediatra e/ou equipe multiprofi ssional para 
investigar:
• sintomas emocionais
 ansiedades, medos, tristezas, alterações apetite e sono
• problemas de conduta
 agressividade, comportamento anti-social, agitação
• atraso no desenvolvimento
• difi culdades no relacionamento social
• uso de drogas
Agendar na UBS atendimento de rotina 
com pediatra ou equipe multiprofi ssional 
para investigar a queixa:
• ouvir a família (mãe, pai e outros 
cuidadores)
• ouvir a escola
• conversar com a criança/adolescente
Sintomas graves
• destrutividade persistente e deliberada;
• agressividade resultando em lesões corporais;
• autotraumatismo deliberado;
• desinibição social grave;
• isolamento e retração persistente;
• alucinações e ilusões;
• tentativas de suicídio*;
• uso abusivo agudo de drogas*.
(* avaliar necessidade de atendimento de urgência 
– Pronto-Socorro)
Avaliação e acompanhamento 
pediátrico e da equipe 
multiprofi ssional na UBS
Orientação
Sintomas relacionados com 
atraso do desenvolvimento
retardo mental, autismo
difi culdades de aprendizagem
Persistência 
da queixa
Melhora 
da queixa
Avaliar necessidade de encaminhamento ou 
atendimento conjunto com serviço especializado
(CAPSi ou outro disponível)
Intervenções conjuntas 
escola/UBS Persistência ou piora 
do problema
EM QUALQUER QUEIXA:
• avaliar a família e a escola em busca de fatores de desencadeamento e manutenção do problema;
• levantar aspectos positivos da criança/adolescente e da família para ressaltá-los;
buscar pessoa de vínculo na família ou escola para ancorar a intervenção.
FLUXO SAÚDE DA CRIANÇA 2
46
Garralda ME. Tratando a criança com problemas 
psiquiátricos. Trad. Buckup HT. São Paulo: 
Livraria Editora Santos, 1995. 
Goodman R, Scott S. Psiquatria infantil. Trad. 
Armando MG. SãoPaulo: Roca, 2004.
GRISI, S. & ESCOBAR, AM. – Prática 
Pediátrica. Rio de Janeiro, Atheneu, 2001.
MINISTÉRIO DA SAÙDE - Fundamentos 
técnico-científi cos e orientações práticas 
para o acompanhamento do crescimento e 
desenvolvimento. Brasília, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÙDE - Agenda de 
Compromissos para a Saúde Integral da Criança. 
Brasília, 2004.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE 
& ORGANIZAÇÃO PAN - AMERICANA de 
saúde – Atenção Integrada às Doenças Prevalentes 
na Infância (AIDPI), 1999.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE 
SÃO PAULO. Caderno Temático da Criança, São 
Paulo, 2003.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE 
SÃO PAULO. Atenção à Saúde da Criança. 
Protocolo de Enfermagem (edição revisada). São 
Paulo, 2003.
SUCUPIRA, ACSL et al - Pediatria em 
Consultório. São Paulo, Sarvier, 2000.
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Elaboração:
Ana Cecília S. L. Sucupira
Ana Paula Marques
Gabriela Junqueira Calazans
Haroldo César Saletti Filho
Paula Silveira
Regina Guise
Silvana Cappellini
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A atenção à saúde do adolescente e do jovem 
tem sido um importante desafio para a organiza-
ção dos serviços de saúde e para a sociedade. Nas 
últimas décadas , a necessidade do estabelecimento 
de políticas para a adolescência tem – se destacado, 
considerando o grande continente populacional que 
estes grupos representam e também a importância do 
desenvolvimento integral de suas potencialidades.
O Plano de Ação da Conferência Mundial de 
População e Desenvolvimento , realizada no Cairo, 
em1994,introduziu o conceito de direitos sexuais e 
reprodutivos e destacou os adolescentes como indi-
víduos a serem priorizados pelas Políticas Públicas 
de Saúde. A IV Conferência Internacional sobre a 
Mulher, realizada em Beijing, em 1995 reiterou esta 
definição e trouxe recomendações importantes em 
relação à Violência Sexual.
Alguns importantes marcos internacionais e na-
cionais podem ser ressaltados como a Comemoração 
do Ano Internacional da Juventude em 1985, A 
Formação do Comitê de Adolescência pela Socie-
dade Brasileira de Pediatria em 1978, a criação da 
Associação Brasileira de Adolescência (ASBRA) em 
1989, o Projeto Acolher da Associação Brasileira de 
Enfermagem, em 1999 e 2000 e o Projeto AdoleSer 
com Saúde, em 2001, da Federação Brasileira das 
Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia.
Entendendo esta importância é que a Secretaria 
Municipal de Saúde, através da Área Temática de 
Saúde do Adolescente e do Jovem da Coordenado-
ria de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada, 
ressalta seu compromisso e atenção com esta faixa 
etária, traduzindo-se tal preocupação em ações 
continuadas e integradas.Ações estas que tem como 
principal porta de acesso a Unidade Básica de Saúde 
(vide Portaria 527/04 em anexo).
Este fluxo reflete tal postura e com responsabilidade 
vem alertando os profissionais sobre os principais 
riscos e agravos a saúde do adolescente e do jovem, 
reafirmando importantes parcerias institucionais e 
tendo cuidado com a abordagem de questões mais A
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polêmicas. Também mostra uma continuidade inte-
grada entre os diversos programas já desenvolvidos 
pela Secretaria Municipal de Saúde.
Este fluxo para acolhimento do adolescente e 
do jovem na Unidade Básica de Saúde, tem dentre 
seus objetivos o de implementar os princípios do 
SUS como o de Humanização do Atendimento, 
universalidade do acesso com equidade.
Vale ainda ressaltar que a demanda trazida pelo 
Adolescente é quase sempre reticente e, muitas vezes, 
camuflada na forma de “uma dor aqui ou ali sem 
maior importância” até que o adolescente sinta - se 
seguro para expressar o real motivo que o leva a pedir 
ajuda.Nesse sentido é importante criar um ambiente 
preservado e que assegure o sigilo, visto que os relatos 
de experiência de alguns profissionais referem – se 
aos “sumiços” desses pacientes após um primeiro 
contato. Esse sigilo deve ser mantido mesmo perante 
seus familiares, desde que não se incorra em riscos à 
vida dos adolescentes. Pais ou responsáveis só pode-
rão ser informados sobre o conteúdo das consultas 
com o expresso consentimento dos adolescentes. A 
ausência de pais ou responsáveis não deve impedir 
o atendimento médico aos adolescentes – embora o 
envolvimento da família deva ser estimulado pelos 
profissionais de saúde -, seja nas consultas iniciais 
ou nas de retorno, sendo que em todas as situações 
em que se caracterizar a necessidade da quebra do 
sigilo, os adolescentes devem ser informados, tanto 
das condutas quanto de suas justificativas.
Este primeiro contato, então, deverá exigir do pro-
fissional uma escuta sensível para reconhecer o que 
está por trás do verbalizado nos primeiros minutos. 
Em se conquistando a confiança inicial (ela passará 
por algumas fases e vários encontros posteriores bem 
sucedidos para que se estabeleça de fato), cabe pensar 
quem é este sujeito que pede cuidado.
Lembrando ainda que o adolescente, embora chegue 
pouco aos serviços de saúde porque adoece pouco, 
requer atenção através de ações de promoção à saúde 
e de prevenção de doenças. Estas ações podem se dar 
nas unidades de saúde ou em articulações com outros 
setores, principalmente a escola, local privilegiado de 
inserção dessa população. Estas intervenções devem 
combinar aspectos inovadores e estimuladorescom a 
criação de espaços de inclusão – tais como grupos de 
atendimento -, favorecendo processos de identificação 
e sensibilização para suas demandas.
Ressalta-se ainda, a questão do início da atividade 
sexual nesta fase da vida. O profissional de saúde tem 
um papel importante como facilitador de espaços 
de educação sexual e prevenção das DST/AIDS, 
além da orientação sobre a gravidez e o aborto. 
Também é papel da equipe de saúde a orientação 
sobre métodos contraceptivos e a disponibilização 
destes métodos, alertando sempre os adolescentes de 
ambos os sexos da necessidade da dupla proteção e 
do uso responsável destes recursos (por exemplo, o 
uso criterioso da pílula do dia seguinte). 
Cabe,ainda, apontar que a Sociedade de Pediatria 
de São Paulo recomenda como campo de atuação 
do pediatra a faixa compreendida entre 0 e 20 anos 
incompletos - referendada pela Sociedade Brasileira 
de Pediatria e pela Federação Brasileira das Sociedades 
de Ginecologia e Obstetrícia.
Outro aspecto a ser ressaltado nesta introdução, 
diz respeito à importância das ações e estratégias mul-
tiprofissionais. As ações articuladas e desenvolvidas 
pela equipe resultam em intervenções mais eficazes.
Finalmente, as vulnerabilidades para as quais os 
profissionais de saúde devem estar atentos quando aten-
dem adolescentes e que podem estar presentes entre as 
queixas subliminares, numa abordagem inicial, são:
• dificuldades nas relações familiares (separações, 
falta de diálogo, conflitos entre pais e filhos, al-
coolismo de um ou ambos os pais, incesto/abuso, 
transtorno mental, etc.);
• relação com a escola (evasão escolar, repetência, 
dificuldade de criação de vínculos, atos de vio-
lência, agressividade, etc.);
• uso de álcool e drogas lícitas e/ou ilícitas;
52
• início da vida sexual (verificar os cuidados com o 
próprio corpo e com o do outro, uso de proteção/
preservativo);
• DST/AIDS;
• gravidez (especialmente antes dos 16 anos, pro-
babilidade de abuso sexual);
• aborto e suas conseqüências (físicas e psicológi-
cas);
• exclusão social (atingindo especialmente as 
populações periféricas e levando a inserção no 
tráfico de drogas, com risco, entre outros, de 
morte precoce por homicídio);
• tentativas/risco de suicídio;
• acidentes de trânsito e outras situações de violência 
(como agentes e vítimas);
• violência doméstica e sexual (ver texto e fluxo 
de casos com suspeita de violência).
Apresentamos a seguir as queixas mais freqüentes 
que procura por atendimento (queixa imprecisa), 
atraso menstrual, corrimento vaginal, desconforto 
respiratório, dor ao urinar, dor de cabeça, dor em 
membros, dor no baixo ventre, relato de crise con-
vulsiva, vômitos - e as respectivas sugestões de fluxos. 
Foram excluídas as queixas relacionadas à violência 
doméstica e sexual, abordadas pelo PP Resgate Cidadão 
com maior detalhamento, neste manual. 
Esperamos que este fluxo possa de fato se trans-
formar como elemento importante de um trabalho 
mais resolutivo acolhedor.
Publicado no D.O.M. em 20/08/04 
Portaria 527/04 – SMS.G 
O Secretário Municipal da Saúde, no uso das 
atribuições que lhe são conferidas por Lei e,
Considerando:
01 - Que a Lei Federal 8.069/90 - Estatuto da 
Criança e do Adolescente - afirma o valor intrínseco 
da criança e do adolescente como seres humanos, a 
necessidade de especial respeito às suas condições de 
pessoas em desenvolvimento, o seu reconhecimento 
como sujeitos de direitos e a prioridade absoluta à 
criança e ao adolescente nas políticas públicas e que 
os direitos assegurados aos adolescentes devem ser 
efetivados por meio de políticas sociais públicas, 
tal como é expresso pela Constituição Federal no 
art. 227, § I e pelo próprio ECA em seus art. 7º, 
11, 17 e 18,
02 - O art. 103 do Código de Ética Médica, em 
que fica vedado ao médico “revelar segredo profissio-
nal referente a paciente menor de idade, inclusive a 
seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor 
tenha capacidade de avaliar seu problema e de con-
duzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, 
salvo quando a não revelação possa acarretar danos 
ao paciente”,
03 - A Lei Mun. 11.288, de 21/11/92, que dis-
põe sobre a obrigatoriedade da assistência de saúde 
aos adolescentes na Rede Municipal de Saúde do 
Município de São Paulo, ressaltando a perspectiva 
do trabalho em equipe multiprofissional,
04 - As recomendações da Sociedade de Pediatria 
de São Paulo - que orienta como campo de atuação 
do Pediatra a faixa compreendida entre 0 e 20 anos 
incompletos - referendadas pela Sociedade Brasileira 
de Pediatria e pela Federação Brasileira das Socie-
dades de Ginecologia e Obstetrícia, de que para a 
boa prática da consulta aos adolescentes devem ser 
garantidas a confidencialidade e o sigilo das infor-
mações, mesmo perante seus familiares, desde que 
não se incorra em riscos à vida dos adolescentes, de 
que pais ou responsáveis só poderão ser informados 
sobre o conteúdo das consultas com o expresso con-
sentimento dos adolescentes, de que a ausência de 
pais ou responsáveis não deve impedir o atendimento 
médico aos adolescentes, seja nas consultas iniciais 
ou nas de retorno e de que em todas as situações 
em que se caracterizar a necessidade da quebra do 
53
sigilo, os adolescentes devem ser informados, tanto 
das condutas, quanto de suas justificativas,
05 - As orientações da Federação Brasileira das 
Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia para os ser-
viços de orientação em saúde sexual e reprodutiva 
para adolescentes, que indicam a confidencialidade 
das informações, a privacidade no atendimento, a 
facilidade de acesso aos serviços, a boa comunicação, 
com linguagem simples esem julgamentos morais ou 
valorativos e a focalização do interesse da entrevista 
nos (as) adolescentes, sendo que a presença de pais 
ou familiares só deve ocorrer por solicitação do (a) 
adolescente como pré-requisitos mínimos para a 
boa qualidade da atenção à saúde,
06 - O Plano de Ação da Conferência Mundial 
de População e Desenvolvimento (CAIRO, 1.994) 
que introduziu o conceito de direitos sexuais e re-
produtivos na normativa internacional e inseriu os 
adolescentes como sujeitos/públicos destas normas, 
programas e políticas públicas, sendo que na revisão 
deste plano, promovida pela ONU em 1.999 (CAI-
RO +5), avançou-se na consideração dos direitos 
dos jovens, deixando de serem incluídos os direitos 
dos pais em todas as referências aos adolescentes, 
garantindo a estes os direitos à privacidade, ao sigilo, 
ao consentimento informado, à educação sexual 
no currículo escolar, à informação e assistência à 
saúde reprodutiva,
07 - As conclusões do Fórum 2.002 em Con-
tracepção: Adolescência e Ética - organizado pela 
Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança 
do Hospital das Clínicas - FMUSP reunindo pro-
fissionais de Saúde, da Justiça e de Comissões de 
Bioética - sobre a prescrição de contraceptivos a 
adolescentes menores de 14 anos, indicando que: 
a prescrição de contraceptivos aos adolescentes me-
nores de 14 anos não constitui ato ilícito por parte 
do Médico, desde que não haja situação de abuso 
ou vitimização e que a adolescente detenha capaci-
dade de autodeterminação - com responsabilidade 
e consciência a respeito dos aspectos que envolvem 
a sua saúde e a sua vida,
08 - O Código de Ética Profissional dos Assis-
tentes Sociais em seus art. 16, 17 e 18, o Código de 
Ética do Enfermeiro - COREN/SP em seu art. 29, 
o Código de Ética Profissional dos Psicólogos em 
seus art. 21, 26 e 27, e, ainda, constando no código 
de ética de outras profissões do campo da saúde a 
importância do sigilo profissional na relação com 
os pacientes (incluídos crianças e adolescentes) e no 
cuidado com vistas ao estabelecimento de confiança 
para a intervenção em saúde,
09 - A importância de se propiciar condições 
adequadas de sigilo,escuta e cuidado aos adolescen-
tes de ambos os sexos que procuram os serviços de 
saúde ou são por ele abordados (como nas ações do 
Programa Saúde da Família), para que se estabeleça 
uma relação de confiança de fato, que conduza à maior 
resolutividade das demandas identificadas e,
10 - Que na experiência de vida de adolescentes 
encontram-se a criação de identidade própria através 
de grupos de pertinência, reconhecimento de seu 
espaço social/exclusão social, entrada no mercado de 
trabalho, escolha educacional/profissional, as relações 
familiares e seus conflitos, a violência doméstica, o 
início da vida sexual, a eventual ocorrência de uma 
gravidez, as DST/AIDS, o aborto, o contato com 
drogas lícitas e ilícitas, ou seja, uma grande diversidade 
de experiências que interferem em suas condições de 
saúde e nas suas possibilidades de se cuidar,
DETERMINA:
I - Que os serviços de saúde sob a gestão municipal 
devem efetivar o direito de adolescentes e jovens, 
pessoas entre 10 e 24 anos, à atenção integral à sua 
saúde, respeitando as especificidades e as condições 
de vulnerabilidade relacionadas a este momento de 
vida.
II - O acesso igualitário às ações e aos serviços 
54
de saúde sem preconceitos de origem, raça sexo, 
orientação sexual ou quaisquer outras formas de 
discriminação ou privilégios.
III - Que profissionais de saúde de todas as cate-
gorias e especialidades devem realizar oatendimento 
do/da adolescente com sigilo e confidencialidade, 
preservado de qualquer interferência.
IV - Que profissionais de saúde que abordam 
adolescentes nos serviços da rede municipal de saúde 
devem propiciar condições de sigilo e privacidade 
aos (às) pacientes adolescentes de forma a favorecer 
diagnósticos mais precisos e completos e condutas 
terapêuticas mais adequadas e continentes.
V - Que se deve estimular a participação da família 
e/ou responsáveis na atenção à saúde dos adolescentes, 
bem como incentivar que os próprios adolescentes 
envolvam suas famílias e/ou responsáveis no acom-
panhamento de seus problemas, assegurando, porém, 
que a relação dos profissionais de saúde com a família 
não deve preponderar sobre a relação entre os mesmos 
profissionais e os pacientes adolescentes.
VI - Sempre quepossível, priorizar a abordagem 
da atenção multiprofissional à saúde do adolescente, 
considerando a integralidade das ações e estratégias que 
contribuam para a solução das demandas trazidas por 
adolescente e a preservação de sua intimidade.
VII - Que as agendas das Unidades Básicas 
de Saúde contemplem o acompanhamento dos 
adolescentes, com ênfase no atendimento médico 
- notadamente de pediatras, ginecologistas, clínicos 
gerais e generalistas - e da oferta de outras ações 
de promoção da saúde e de prevenção dos agravos 
relacionados aos aspectos de vulnerabilidade dos 
(as) adolescentes, tais como gravidez, DST/AIDS 
e violência, favorecendo a aderência aos serviços de 
saúde e facilitando o intercâmbio de informações.
VIII - Que a gerência das unidades de saúde deve 
indicar, através de avaliação de interesse e capacitação, 
os profissionais de saúde da equipe multiprofissional 
que devem se tornar referência no atendimento de 
adolescentes e de jovens, de forma que os mesmos 
possam ser identificados e reconhecidos pela popu-
lação adolescente de seu território.
IX - Que na atenção à saúde de adolescentes e 
jovens sempre deve ser realizada orientação relativa 
à sexualidade e à saúde reprodutiva e devem ser 
disponibilizados os métodos contraceptivos a todos 
os adolescentes atendidos, inclusive contracepção 
de emergência, conforme Port. 295/04-SMS.G, 
devendo ser dispensada atenção especial nos casos 
de relatos de resistência ao uso de preservativo, de 
experiências de gravidez, aborto, DST/AIDS e abu-
so sexual - acolhendo suas dúvidas e propiciando 
espaço de troca isento, livre de preconceitos e de 
julgamentos morais.
X - Que o fornecimento de métodos contraceptivos 
a adolescentes e jovens, principalmente, os preserva-
tivos para prevenção de DST/AIDS e gravidez, deve 
ocorrer de forma simples e desburocratizada.
XI - Desenvolver ações integradas entre os ser-
viços de saúde e outras áreas, tais como a área da 
educação, trabalho, assistência social, articulando e 
complementando políticas e atividades.
XII - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua 
publicação, revogadas as disposições em contrário.
ADOLESCÊNCIA, 
ANTICONCEPÇÃO E ÉTICA
Diretrizes
Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP
Federação Brasileira das Sociedades de Gine-
cologia e Obstetrícia FEBRASGO
Considerando o número cada vez maior de 
adolescentes iniciando a vida sexual e o risco que 
envolve a atividade sexual desprotegida, pediatras 
e ginecologistas precisam estar preparados para 
abordagem deste tema durante o atendimento dos 
jovens. Constitui grande desafio a adequada orienta-
55
çãosexual, que implica em enfatizar a participação da 
família, escola, área de saúde e sociedade como um 
todo, nesse processo contínuo de educação. Assim 
é necessário que os profissionais de saúde, tanto 
generalistas quanto especialistas, tenham conheci-
mento sobre sexualidade e anticoncepção, incluindo 
os aspectos éticos que envolvem a prescrição dos 
métodos anticoncepcionais.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Fe-
deração Brasileira das Sociedades de Ginecologia e 
Obstetrícia (FEBRASGO), respaldadas pelo Esta-
tuto da Criança e do Adolescente (ECA)1, ONU 
(Cairo + 5, 1999)2 e Código de Ética Medica3, e 
baseados nas resoluções do Fórum 2002 Adolescên-
cia, contracepção e ética4, estabelecem as seguintes 
diretrizes em relação a saúde sexual e reprodutiva 
dos adolescentes.
O adolescente tem direito à privacidade durante 
a consulta, ou seja, de ser atendido sozinho, em 
espaço privado e apropriado. Deve-se lembrar que 
a privacidade não está obrigatoriamente relacionada 
à confidencialidade.
A confidencialidade é definida como um acordo 
entre o profissional de saúde e o cliente, no qual se 
estabelece que as informações discutidas durante 
e depois da consulta ou entrevista, não podem ser 
passadas a seus pais e/ou responsáveis, sem a per-
missão expressa do adolescente. A confidencialidade 
apóia-se em regras de bioética médica, através de 
princípios morais de autonomia.
A garantia de confidencialidade e privacidade, 
fundamental para ações de prevenção, favorece a 
abordagem de temas como sexualidade, uso de 
drogas, violência, entre outras situações.
O profissional de saúde deve respeitar os valores 
morais, sócio-culturais e religiosos do adolescente 
que está sendo atendido.
O sigilo médico é um direito garantido e reconhe-
cido pelo, artigo 103 do Código de Ética Médica. 
Em situações de exceção, como déficit intelectual 
importante, distúrbios psiquiátricos, desejo do ado-
lescente de não ser atendido sozinho, entre outros, 
faz-se necessária a presença de um acompanhante 
durante o atendimento.
Nos casos em que haja referência explicita ou 
suspeita de abuso sexual, é conveniente a presença de 
outro profissional durante a consulta. Nessas situações 
o profissional está obrigado a notificar o conselho 
tutelar ou à Vara da Infância e Juventude, como de-
termina o ECA - lei federal 8069-90 -Recomenda-se 
a discussão dos casos em equipe multidisciplinar, de 
forma a avaliar a conduta, bem como o momento 
mais adequado para notificação.
O médico deve aproveitar todas as oportunidades 
de contato com adolescentes e suas famílias para 
promover a reflexão e a divulgação de informações 
sobre temas relacionados à sexualidade e saúde 
reprodutiva.
A orientação deve abranger todos os métodos 
recomendados pelo Ministério da Saúde, com ênfase 
na dupla proteção (uso de preservativos), evitando-se 
qualquer juízo de valor.
A prescrição de métodos anticoncepcionais de-
verá levar em conta a solicitação dos adolescentes,

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