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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM AGRONOMIA Acompanhamento de atividades de base orgânica e ecológica ACADÊMICO: Lucas Nunes von Borowski ORIENTADOR: Prof. Paulo Celso de Mello Farias PELOTAS, ABRIL DE 2019 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM AGRONOMIA Relatório apresentado à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, como exigência para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo ORIENTADOR PROFISSIONAL: Eng. Agr. Dr. Carlos Roberto Martins, Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Estação Experimental Cascata, Pelotas/RS. ORIENTADOR ACADÊMICO: Eng. Agr. Dr. Paulo Celso de Mello Farias, Professor do Departamento de Fitotecnia da FAEM/UFPEL, Área de Fruticultura. LOCAL DE ESTÁGIO: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado, Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas/RS. PELOTAS, ABRIL DE 2019 Agradecimentos Aos meus pais, Álida Eugênia Nunes von Borowski e Gilson Krieger von Borowski, os quais sempre foram os meus maiores incentivadores em toda minha longa caminhada acadêmica, nas inúmeras dificuldades que enfrentei, em todos os momentos. Aos meus amigos, os quais sempre torceram por mim, me incentivaram, não somente durante o período de estágio, mas em todos os momentos da vida. Aos professores da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pelos muitos ensinamentos que foram passados ao longo de toda jornada acadêmica. Ao professor Paulo Celso de Mello Farias, por ter me aceitado para realização do estágio não obrigatório em Fruticultura, na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel e também sendo de fundamental importância para o meu ingresso no estágio curricular obrigatório de final de curso, na Embrapa Clima Temperado - Estação Experimental Cascata, sendo meu orientador acadêmico e sempre interessado em me auxiliar em tudo que fosse necessário. Ao meu orientador profissional, Carlos Roberto Martins, por ter me recebido e incluído na sua equipe, me proporcionando a oportunidade de um conhecimento mais amplo na área da pesquisa e experimentos em fruticultura. Ao professor Daniel Bernardi, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, por ter sido um professor de muita competência, estimulando o aprendizado e a busca de novos conhecimentos em suas aulas ministradas e, além disso, se tornado um grande amigo, sempre pronto para ajudar no que preciso. Agradeço aos colegas de graduação, em especial Amanda Martins, Diego Medeiros, Domingos Tertuliano, Eduardo Cardoso, Fernando Mueller, Gabriel Fante, Jéssica Bubolz, Lucas Griep, Thaís Schmidt, Thayse Aires, que além de colegas de profissão, se tornaram grandes amigos. Aos funcionários da Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata, onde fui muito bem recebido e tive uma convivência de muito respeito e amizade. Resumo O estágio curricular obrigatório foi realizado na Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata, no período de 24 de setembro de 2018 a 10 de fevereiro de 2019, conferindo um total de 450 horas, sob orientação profissional do Pesquisador Engenheiro Agrônomo Carlos Roberto Martins e orientação acadêmica do professor Engenheiro Agrônomo Dr. Paulo Celso de Mello Farias. Durante o período, foram realizados acompanhamentos de atividades de pesquisa com nogueira-pecã; atividades de manejo e condução dos pomares em sistemas consorciados e orgânicos; elaboração e aplicação de insumos de base ecológica na fruticultura; atividades de avaliação de cultivares de frutíferas (amoreira-preta, laranjeira, goiabeira, figueira e nogueira-pecã). A oportunidade de estar envolvido diretamente com culturas que tinha pouco conhecimento, além de fazer com que tivesse uma visão mais complexa sobre suas características, produção e relevância frente ao cenário atual da Fruticultura, foi de extrema importância no que se refere ao processo por inteiro, desde o trabalho inicial de instalação de pomares, estufas, experimentos, até o ramo de pesquisa, testando novas alternativas para alcançar melhores resultados, proporcionando para o produtor e para a sociedade a diversificação de produção, de acordo com a realidade de cada um. O acompanhamento diário de atividades com pesquisa se tornou uma novidade na minha trajetória acadêmica, alterando minha percepção acerca do assunto, proporcionando uma maior valorização da mesma. A utilização de insumos apenas de base orgânica e ecológica permitiu conhecer alternativas que dispensassem a utilização de produtos químicos, os quais são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, utilizando técnicas de baixo impacto ambiental, tendo em vista a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais. Lista de Figuras Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), BR 392, km 88. Pelotas-RS............................................................................ Pomar de amoreira-preta distribuído em três blocos com diferentes espaçamentos. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... Cultivar “Xavante”. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS.................................................................... Acomodação dos frutos em bandejas plásticas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................. Pomar de amoreira-preta distribuído em três blocos com seis cultivares diferentes. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... Sistema com tutoramento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... Sistema sem tutoramento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... Frutos da cultivar “BRS Cainguá”. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS............................... Contagem seguida de pesagem dos frutos. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................. Planilha onde eram registrados os dados após cada colheita. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................................................................................................ Bandejas separadas para amêndoas e cascas. Embrapa (EEC), Pelotas-RS....................................................................... Área onde se localizava o pomar de nogueira-pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS................. Implantação de barreira física contra formigas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS.................... Sementeira de nozes em casa de vegetação. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS.................... 9 19 19 20 20 21 21 22 22 23 24 24 25 25 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Muda de nogueira-pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS........................................................ Preparo do solo para experimento com nogueira-pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS................................................................................................ Acomodação das mudas de nogueira-pecã no experimento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas- RS................................................................................................ Utilização de chapéu de palha para proteção contra o sol. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas- RS................................................................................................ Utilização de esterco de peru para adubação das mudas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................................................................................................ Fontes de substratos alternativos para a produção de mudas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................................................................................................ Coleta de areia. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS.................................................................... Preparo de substrato, utilizando areia e caulita. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................. 26 26 27 27 28 29 29 30 Sumário 1 Introdução ............................................................................................................... 7 2 Descrição do local de estágio ............................................................................... 9 3 Culturas trabalhadas durante o estágio ............................................................. 11 3.1 Cultura da amoreira-preta (Rubus spp.) .......................................................... 11 3.2 Cultura da nogueira-pecã (Carya illinoinensis) .............................................. 15 4 Atividades desenvolvidas.................................................................................... 18 4.1 Atividades com amoreira-preta ........................................................................ 18 4.1.1 Colheita de amora .......................................................................................... 18 4.1.2 Pesagem dos frutos ....................................................................................... 22 4.2 Atividades com nogueira-pecã ........................................................................ 23 4.2.1 Descascamento de nozes .............................................................................. 23 4.2.2 Confecção de barreira física ......................................................................... 24 4.2.3 Experimento no campo com mudas de nogueira-pecã .............................. 25 5 Outras atividades ................................................................................................. 28 6 Considerações finais ........................................................................................... 31 Referências .............................................................................................................. 32 1 Introdução A fruticultura pode ser conceituada como sendo o conjunto de técnicas e práticas aplicadas adequadamente com o objetivo de explorar plantas que produzam frutas comestíveis, comercialmente (FACHINELLO, 2008). Segundo Tamaro (1936), fruticultura é a arte de cultivar racionalmente as plantas frutíferas. Além do conceito de fruticultura, o conceito de fruta e fruto também é variável conforme o autor. Segundo Ferreira (1993), fruta é a designação comum às frutas, pseudofrutos e infrutescências comestíveis, com sabor adocicado. Já o fruto é o órgão gerado pelos vegetais floríferos, e que conduz a semente, portanto resulta do desenvolvimento do ovário depois da fecundação. A fruticultura é um ramo da agricultura convencional e difere da mesma por necessitar do tratamento individual de cada planta. Enquanto na agricultura, as plantas recebem um tratamento coletivo, isto é, semeia-se e colhe-se como um todo, na fruticultura, para chegar à colheita, além da semeadura, são necessárias operações como: repicagem, transplante, enxertia, condução, poda desbaste, controle fitossanitário e colheita individual, isto é, fruto a fruto, conservação e embalagem (SIMÃO, 1998). O valor da fruticultura é incalculável, já que, tratando-se de cultivo extensivo e intensivo, exige a presença constante do agricultor e ocupa mão-de-obra em grande número (SIMÃO, 1998). O consumo de frutas diário fornece uma quantidade considerável de minerais (potássio, zinco, cálcio, magnésio, cobre, etc.) e de vitaminas especialmente vitamina C. Além disso, as frutas fornecem quantidades relativamente reduzidas de calorias (DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE, 2005). Segundo a World Health Organization (2002), o consumo insuficiente de frutas aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e alguns tipos de câncer, e entre os 10 fatores de risco que mais causam mortes e doenças em todo o mundo. Tal consumo equivale amenos de 400 g por dia ou cerca de 7% a 8% do valor calórico de uma dieta de 2.200 kcal/dia. Nos últimos anos a produção de pequenas frutas tem despertado a atenção de produtores, comerciantes e consumidores no Brasil. O cultivo de pequenas frutas 8 ainda é bastante pequeno e inovador, mas possui características interessantes para pequenos produtores devido ao seu baixo custo de implantação e de produção, além de ser acessível a pequenos produtores, ter uma boa adaptação às condições sociais, econômicas e ambientais locais, grande exigência de mão-de-obra, que pode ser familiar, contribuindo para a fixação do homem no campo e proporcionando um bom retorno econômico em curto prazo. Isto também se deve ao fato que existe uma melhora na gestão da propriedade rural, na modernização e a utilização de tecnologias que proporcionam um menor impacto ao ambiente, contribuindo para a qualidade e segurança da produção, requisitos de um mercado consumidor cada dia mais exigente (MUNIZ et al., 2011; ANTUNES et al., 2014; RUFATO et al., 2014). 2 Descrição do local de estágio A Estação Experimental Cascata (EEC) (Figura 1) está localizada em representativa zona colonial da região de clima temperado, nas condições ambientais da Encosta da Serra do Sudeste. Com uma área total de 151 ha, composta por campos experimentais e áreas de Reserva Legal e Preservação Permanente, a EEC foi pioneira na pesquisa agropecuária do Rio Grande do Sul, sendo criada em 1938 como Estação Experimental de Pelotas, com o objetivo de desenvolver ações para a independência tecnológica da Agricultura Familiar (EMBRAPA CLIMA TEMPERADO). Figura 1 – Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), BR 392, km 88. Pelotas-RS. Na região Sul do Brasil a Embrapa Clima Temperado atua no fornecimento de uma base científica para o desenvolvimento sustentável não apenas do agronegócio, mas também da agricultura familiar. Nessa caminhada, a Estação Experimental Cascata consolida uma agenda de pesquisa pautada na diversificação da matriz produtiva regional e nos princípios da agricultura familiar de base ecológica, 10 buscando a sustentabilidade e a promoção da saúde ambiental, da segurança alimentar e da qualidade de vida (EMBRAPA CLIMA TEMPERADO). A importância socioeconômica da região de clima temperado é atestada por sua elevada contribuição à produção agropecuária nacional. Nessa área, localiza-se a metade da produção brasileira de grãos, a quarta parte do que o Brasil produz em carnes, leite e hortaliças, bem como mais de 80% da produção nacional de frutas de clima temperado, além de abrigar um dos maiores parques agroindustriais instalados no país (EMBRAPA CLIMA TEMPERADO).3 Culturas trabalhadas durante o estágio 3.1 Cultura da amoreira-preta (Rubus spp.) A amoreira-preta ("blackberry") pertence ao gênero Rubus que, segundo Ying et al. (1990), contém, aproximadamente, 740 espécies, divididas segundo alguns autores, em 12 (doze) subgêneros ou segundo outros em 15 (quinze) subgêneros (JENNINGS, 1988 apud DAUBENY, 1996).O gênero Rubus apresenta formas de reprodução sexuada e assexuada, possuindo número básico de cromossomos igual a sete (JENNINGS, 1995). Segundo Poling (1996), na América do Norte, antes da chegada dos colonizadores, havia poucas espécies distintas de amoreira-preta. Mas com a colonização, derrubada e eliminação de matas, as amoras espalharam-se, dando oportunidade para diferentes espécies crescerem lado a lado. Abelhas e outros insetos se incumbiram da troca de pólen e os pássaros da disseminação das sementes pelo país, observando-se um amplo “programa” natural de melhoramento. A designação ‘pequenos frutos’ (ou ‘small fruits’) é utilizada na literatura internacional para referenciar diversas culturas como a do morangueiro, amoreira- preta, framboeseira, groselheira, mirtileiro entre outras. O cultivo de pequenos frutos caracteriza-se pela elevada exigência de mão de obra e pela possibilidade de obtenção de alto retorno econômico (FACHINELLO et al., 1994). Dentre as várias opções de espécies frutíferas, do grupo das pequenas frutas, com boas perspectivas de cultivo e comercialização, a amoreira-preta (Rubus spp) é uma das mais promissoras. Caracteriza-se por ser uma cultura rústica, atualmente pouco suscetível a pragas e doenças, e com boa adaptação aos sistemas de cultivos com pouca tecnificação, como no caso de produtores familiares com baixa capacidade de investimento. Responde igualmente de forma positiva, quando adotados sistemas de produção com maiores investimentos em adubação, fertirrigação, irrigação, entre outras práticas (ANTUNES, 2002). A amoreira-preta é uma espécie arbustiva de porte ereto ou rasteiro, que produz frutos agregados, com cerca de 4 a 7 gramas de coloração negra e sabor 12 ácido a doce-ácido. Apresenta espinhos em suas principais cultivares comerciais, o que exige do operador da colheita muito cuidado com sua integridade física, como a da qualidade do fruto. São plantas que produzem em ramos de ano, sendo eliminados após a colheita. Enquanto alguns ramos estão produzindo, outras hastes emergem e crescem, renovando o material para a próxima produção (SHOEMAKER, 1978; FACHINELLO et al., 1994). O fruto verdadeiro da amoreira é denominado de mini drupa ou drupete, no qual existe uma pequena semente, sendo que a sua junção forma o que é chamado de fruto agregado (POLING,1996). Embora existam espécies nativas do gênero Rubus, no Brasil, a amoreira- preta só começou a ser pesquisada em 1972 pela Embrapa Clima Temperado, então Estação Experimental de Pelotas, sendo a primeira coleção implantada em 1974 no município de Canguçu (RS). As primeiras cultivares introduzidas foram Brazos, Comanche e Cherokee oriundas da Universidade de Arkansas, Estados Unidos (RASEIRA et al., 1984; 1992). Sendo planta exigente em frio, os aspectos fenológicos da amoreira-preta podem variar de ano para ano, em função desta exigência em frio ter sido ou não satisfeita. Nas condições do Rio Grande do Sul, a cultivar Ébano inicia a floração na segunda quinzena de outubro, estendendo-se até o início de novembro, sendo que o período de colheita vai de meados de dezembro a início de fevereiro (BASSOLS; MOORE, 1981a; 1981b; NUNES; GONÇALVES, 1981; EMBRAPA, 1981). Segundo Raseira et al. (1984), a amoreira-preta desenvolve-se bem em solos drenados e medianamente ácidos (pH 5,5 a 6,5). O manejo das plantas é simples, devendo-se tomar maiores cuidados com a adubação, controle de invasoras, podas de limpeza e desponte e, particularmente com a colheita, devido à elevada sensibilidade dos frutos. Em relação ao ponto de colheita, este é determinado quando o fruto estiver totalmente preto, devendo a colheita ser realizada a cada dois a três dias (BASSOLS, 1980; RASEIRA et al., 1984). A cultivar Tupy, a mais cultivada no Brasil, é resultado do cruzamento entre as cultivares Uruguai x Comanche (ANTUNES, 2002), apresenta porte ereto, com espinhos, produz frutos grandes de 8 a 10g de massa média, teor de sólidos solúveis entre 8º e 9º Brix, com coloração preta e uniforme (EMBRAPA, 2008). 13 A produção da amora-preta é dependente, em parte, do número de gemas deixado nas hastes após a poda de inverno (TAKEDA, 2002). A redução do número de hastes e a diminuição do comprimento das hastes laterais, geralmente diminui a produção devido ao menor número de gemas florais, mas pode melhorar a qualidade do fruto em amoras e framboesas (CRANDALL; DAUBENY, 1990). O cultivo de pequenas frutas, que compreende uma série de espécies entre as quais se destacam a amora-preta, a framboesa, o morango e o mirtilo, tem despertado a atenção e o interesse por parte de produtores, comerciantes e consumidores (PAGOT; HOFFMANN, 2003). De um modo geral, o cultivo destas espécies se caracteriza pelo baixo custo de implantação, custo de produção acessível aos pequenos produtores, bom retorno econômico, boa adaptação às condições socioeconômicas e do ambiente local, possibilidade de cultivo no sistema orgânico e demanda maior do que a oferta (POLTRONIERI, 2003). As características climáticas e exposição da planta e frutos à luz solar podem influenciar no crescimento e qualidade dos frutos de um pomar (RASEIRA et al., 2004). No entanto, para a amoreira o manejo adequado ainda é pouco conhecido. A melhoria da captação de radiação no interior das plantas pode ser conseguida por técnicas como poda e modificação do espaçamento de plantio. O espaçamento adequado depende do vigor das plantas e deve ser definido na implantação do pomar. Desta forma a escolha de um espaçamento de plantio pode afetar de forma direta a qualidade e também a quantidade de frutos, já que em altas densidades podem ocorrem restrição do desenvolvimento das plantas (FERREIRA et al., 2011). A produção de amora-preta em média no Brasil estende-se de outubro a fevereiro (ANTUNES et al., 2014), não havendo oferta interna do produto fora deste intervalo, período este que pode representar oportunidade àqueles que produzem nesta época do ano, o que poderá refletir-se em remuneração maior da fruta do que na época normal de safra. A propagação da planta de amoreira-preta pode ser sexuada (sementes) ou assexuada. As sementes apresentam baixo índice de germinação e um curto período de viabilidade, sendo mais utilizadas em programas de melhoramento. A propagação assexuada da amoreira-preta se dá por meio de rebentos (brotos), estacas herbáceas e lenhosas, além de estacas de raízes (ANTUNES, 1999). 14 O perfilhamento da planta é elevado, produzindo muitas brotações entre as linhas de plantio, as quais precisam ser retiradas para não dificultar o trânsito de implementos e de pessoas durante as práticas de manejo e tratos culturais. Esses perfilhos podem ser utilizados para a produção de mudas, desde que o substrato permita a manutenção das estacas em um ambiente úmido, escuro e bem aerado (ANTUNES, 1999). A amoreira-preta desenvolve-se bem em solos drenados e medianamente ácidos (pH 5,5 a 6,5). O manejo das plantas é simples, devendo-se tomar maiores cuidados com a adubação, controle de invasoras, podas de limpeza e desponte e, particularmente com a colheita, devido à elevada sensibilidade das frutas. Por existirem poucas informações sobre a adubação da cultura no Brasil, a nutrição mineral da amoreira-preta é baseada apenas em análise de solos, sendo as doses de nutrientes recomendadas em relação aos teores no solo (ILHA, 2012). Devido ao hábito de crescimento e com o intuito de evitar que os frutos entrem em contatocom o solo, um sistema de condução é adotado na maioria dos plantios. Na prática, normalmente a condução é feita com espaldeira simples e espaldeira em T (PAGOT et al., 2007). Contudo, poucas são as pesquisas em relação ao sistema de condução a ser adotado, visto que, depois de implantada, a cultura da amoreira-preta tem um período produtivo economicamente viável, ou seja, vida útil, por volta de 15 anos (MADAIL; ANTUNES, 2008). Por se tratar de cultivo não tradicional no País, existem aspectos agronômicos ainda não estudados. Na literatura, encontram-se diferentes trabalhos sobre sistema de produção da amoreira-preta. Algumas diferenças são encontradas nas recomendações de cultivo, principalmente quanto ao espaçamento de plantio. Hull (1975), recomenda 2 a 2,5 m entre plantas e 2,5 m entre linhas. No primeiro ano de plantio, as hastes que brotam da coroa das mudas devem ser raleadas, deixando apenas quatro hastes por planta (PAGOT et al., 2007). A poda de inverno é realizada encurtando todos os galhos laterais a 30-40 cm, com o objetivo de organizar o espaço na linha e distribuir melhor a frutificação. Junto com a poda de inverno, realiza-se uma seleção das hastes mais vigorosas, eliminando-se o excesso. Segundo a Embrapa (2008), realiza-se dois tipos de poda, a primeira para retirar as hastes que produziram na safra, realizando cortes rentes ao solo, e a segunda encurtando os ramos do ano, preparando-os para a próxima safra. 15 Dentre as principais doenças da cultura está a antracnose [Elsinoe veneta (Burkh) Jenkins], podendo levar à morte das hastes de frutificação. Outra bastante importante na cultura é a chamada de enrosetamento [Cercosporella rubi (G. Wint) Plakidas], que ataca cultivares de crescimento ereto e decumbentes, sendo limitante para o gênero Rubus. Os sintomas são o aparecimento de rosetas que podem resultar numa mudança de fenótipo da planta, provocando redução de produção, da qualidade das frutas e em casos severos, até a morte da haste. A presença de ferrugem nas folhas e podridões causadas por Botrytis nas frutas, são bastante comuns na época das chuvas, mas não vem a causar sérios problemas em pomares bem manejados. Quanto a pragas, a incidência de ácaros e lagartas propiciam o enrolamento das folhas (PAGOT et al., 2007; PIO et al., 2008). 3.2 Cultura da nogueira-pecã (Carya illinoinensis) A nogueira-pecã (Carya illinoinensis (Wangenh.) K. Koch (Juglandaceae) é uma frutífera cultivada predominantemente nas regiões temperadas do Hemisfério Norte (BRISON, 1974; SPARKS, 2005; WALKER et al., 2016). É uma espécie caducifólia, de porte alto e de grande longevidade produtiva (STEIN et al., 2012). Uma ampla e rápida expansão da cultura da nogueira-pecã ocorreu no Brasil, em meados dos anos 60 e 70, influenciada pelos incentivos fiscais com vistas nos florestamentos e reflorestamentos, tendo sido formados, nessa época, grandes pomares (DUARTE; ORTIZ, 2001). Atualmente a pecanicultura encontra-se novamente em ascensão, em especial na região sul do país, devido à demanda e ao excelente preço pago pelo seu principal produto, a amêndoa, muito utilizada na indústria alimentícia. A introdução da espécie Carya illinoinensis no Brasil ocorreu por intermédio de norte-americanos, em meados dos anos de 1900, nos municípios de Santa Bárbara do Oeste e Americana, no estado de São Paulo (BACKES; IRGANG, 2004). Segundo Ortiz e Camargo (2005), a nogueira-pecã chegou no rastro do confederado Coronel William H. Norris, pioneiro da imigração norte-americana no país. Entre esses imigrantes, alguns como o Sr. Ezekiel Pyles, estabelecido em Santa Bárbara D’Oeste, trouxeram consigo nozes que deram origem aos primeiros plantios em solo brasileiro. 16 No estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Anta Gorda foi a pioneira no cultivo de nogueira-pecã, que teve início em 1943, quando houve a introdução de quatro mudas originárias de Kentucky (EUA), que ainda existem no município e são consideradas as ancestrais da maior parte das nogueiras-pecã encontradas no município e na região (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013). De acordo com Gatto et al. (2008), tem-se no Rio Grande do Sul o maior pomar de nogueira-pecã da América Latina, sendo Carya illinoinensis a principal espécie plantada, destinando-se, exclusivamente, à produção de nozes comestíveis e, ao final do ciclo, com a perda de produtividade, as árvores podem ser derrubadas e sua madeira utilizada como lenha. A espécie também é empregada na arborização de parques e praças (BACKES; IRGANG, 2004). A pecaneira é uma planta monóica, apresentando flores masculinas e flores femininas separadas na mesma planta, trata-se de uma planta alógama com forte tendência a dicogamia (BARACUHY, 1980). Durante o período de crescimento, os frutos da nogueira-pecã passam por três fases principais de desenvolvimento. A primeira consiste na rápida expansão do fruto e inicia no desenvolvimento dos cotilédones até a fase chamada de “coração pequeno” e continua até o estágio aquoso. A próxima etapa é o enchimento da amêndoa, que começa na fase aquosa, na qual o tecido da amêndoa é depositado no interior do revestimento da semente até encher completamente seu interior. A fase final do desenvolvimento da noz é a deiscência da casca, durante este processo, a casca separa-se da amêndoa, abrindo e permitindo que a noz caia livre da casca. O tempo de desenvolvimento dos frutos varia com a cultivar (REID, 2013). De acordo com Raseira (1990), para que as plantas apresentem boa produtividade de nozes, é necessário que o pomar seja constituído de plantas pertencentes ao grupo das cultivares protândricas, ou seja, àquelas em que os órgãos masculinos chegam primeiro à maturidade (Desirable, Western, Cheyenne, Caddo, Cape Fear, Success, Barton, Cherokee), e das cultivares protogínicas, em que os órgãos femininos chegam primeiro à maturidade (Choctaw, Wichita, Kiowa, Shawnee, Apache, Mohawk, Shoshoni, Chickasaw, Tejas, Elliott, Stuart, Comanche e Schley). As cultivares são multiplicadas por enxertia,e podem iniciar a produção dos quatro aos oito anos a partir do plantio (BACKES; IRGANG, 2004). A nogueira-pecã é uma espécie valiosa em sistemas agroflorestais, provendo frutos e madeiras de boa qualidade em consórcio com outras culturas implantadas 17 no sistema. As árvores produzem nozes comestíveis que tem alto percentual de proteínas e óleos, este último que pode ser usado também na indústria farmacêutica (MOORE, 2011). A nogueira-pecã é considerada, entre as frutíferas perenes, a que apresenta maior longevidade, sendo que um dos fatores limitantes para o desenvolvimento satisfatório das plantas no pomar é o tipo de solo. O solo deve ser fértil, profundo e bem drenado, deve-se evitar solos alagados ou que apresentem barreiras físicas para o desenvolvimento das raízes, e solos com pH elevado não são recomendados, pois dificultam a disponibilidade de zinco, elemento importante para a cultura (RASEIRA, 1990). Segundo Peterson (1990), além dos solos serem bem drenados, os mesmos não devem estar sujeitos a inundações prolongadas. As nogueiras necessitam de 400 horas de frio em uma temperatura igual ou inferior a 7,2ºC, que auxilia na superação da dormência das plantas, motivo pelo qual se adaptam bem ao inverno dos estados do sul do Brasil (RASEIRA, 1990). A colheita pode ser mecanizada ou manual, podendo ser feita a coleta das nozes que caem naturalmente ou com o auxílio de uma vara, sacudir os frutos para agilizar a operação, a partir disto as sementes podem ser acomodadas em sacos e direcionadas a indústria para o processamento (GOMES, 1976; ORO, 2007). O beneficiamento ocorre por processos distintos, iniciando com uma lavagem inicial das sementes com água fria e posteriormente com água aquecida. A partir disto, as sementes seguem para o descascamento, com separaçãodas cascas da amêndoa. Por fim, um processo de secagem terminando com a embalagem do produto processado (ORO, 2007). 4 Atividades desenvolvidas Durante o período de estágio, foram realizadas diversas atividades, sendo as principais com as culturas da amoreira-preta e nogueira-pecã. 4.1 Atividades com amoreira-preta 4.1.1 Colheita de amora A colheita da amora era realizada manualmente, em média, de duas a três vezes por semana, ou de acordo com a disponibilidade de frutos presentes no pomar. Existiam 3 (três) áreas onde foram implementados os pomares de amoreira- preta, os quais se diferenciavam entre si através das cultivares presentes e sua finalidade. No primeiro pomar (Figura 2), de responsabilidade do Eng. Agrônomo Cristiano Geremias Hellwig, as plantas foram distribuídas em 3 (três) blocos (B1,B2,B3) e, foram adotados diferentes espaçamentos entre plantas (0,25; 0,50 e 1,0 metro). As cultivares presentes nesse pomar eram as seguintes: Tupy e Xavante (Figura 3). A implantação do pomar foi em 11/09/2012. São 4 plantas por parcela, sendo que a cultivar Tupy possui espinhos, e a cultivar Xavante, não possui espinhos. 19 Figura 2 - Pomar de amoreira-preta distribuído em três blocos com diferentes espaçamentos. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. Figura 3 – Cultivar “Xavante”. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. Ao longo da colheita, as amoras eram acomodadas em bandejas plásticas (Figura 4) para identificação, onde constava o bloco (B1, B2, B3), a cultivar (Xavante ou Tupy) e o espaçamento (0,25; 0,50; 1,0). Exemplo: Bloco 1 – Xavante – 0,25. 20 Figura 4 – Acomodação dos frutos em bandejas plásticas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. No segundo pomar (Figura 5), de responsabilidade do mesmo Eng. Agrônomo, as plantas foram distribuídas em 3 (três) blocos (B1,B2,B3) e, diferentemente do primeiro pomar, em cada bloco existiam 6 (seis) cultivares de amora-preta. As cultivares presentes nesse pomar eram as seguintes: Black 112, Black 128, Black 145, Black 178, Tupy e Xingu. A implantação do pomar foi em 24/10/2014. São 8 plantas por parcela. Figura 5 – Pomar de amoreira-preta distribuído em três blocos com seis cultivares diferentes. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 21 No terceiro pomar, de responsabilidade do Eng. Agrônomo Guilherme Ferreira da Silva, as plantas foram distribuídas em 2 (duas) linhas, denominadas para identificação de LB (linha de baixo) e LC (linha de cima), sendo que cada linha continha 4 (quatro) blocos, com 8 (oito) plantas em cada, totalizando 32 (trinta e duas) plantas por linha. Nesse pomar, diferentemente dos dois anteriores, foi implantado o sistema tutorado, com o objetivo de avaliar em qual dos tratamentos se obteria uma produção maior. Em cada uma das duas linhas, foi intercalado entre o sistema de tutoramento (Figura 6) e sem tutoramento (Figura 7). Figura 6 – Sistema com tutoramento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. Figura 7 – Sistema sem tutoramento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. A cultivar presente no local é a BRS Cainguá (Figura 8), que ainda nem foi lançada no mercado. Apresenta espinhos, como as demais cultivares, mas em menor proporção e tamanho. Seus frutos são mais alongados e de maior tamanho, conferindo ótima aparência, além do doce sabor. 22 Segundo a Embrapa, mudas dessa nova cultivar poderão ser obtidas junto aos viveiristas licenciados pela mesma, a partir de junho de 2019. Figura 8 – Frutos da cultivar “BRS Cainguá”. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 4.1.2 Pesagem dos frutos Ao término da colheita dos frutos, os mesmos eram transportados até a “Casa de apoio ao campo”, local que servia para armazenamento de utensílios. Havia uma sala com balança para pesagem, onde era realizada a pesagem do número de frutos de amora (Figura 9). Figura 9 – Contagem seguida de pesagem dos frutos. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. A contagem do número de frutos era realizada antes da pesagem dos mesmos ou ainda no pomar e, posteriormente, anotada em uma planilha (Figura 10). 23 Figura 10 – Planilha onde eram registrados os dados após cada colheita. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. Após a pesagem dos frutos, por vezes eram armazenados nos freezers com sua identificação pertinente e, quando não necessário, eram distribuídos aos pesquisadores, funcionários e estagiários da Embrapa. 4.2 Atividades com nogueira-pecã 4.2.1 Descascamento de nozes A primeira atividade desenvolvida no estágio foi o descascamento de nozes, as quais eram quebradas manualmente, apenas com o auxílio de um martelo. A ausência de um aparelho mais sofisticado para realizar o trabalho, implicava num período longo para a conclusão do serviço. Ao término da atividade, a amêndoa e a casca foram separadas em bandejas (Figura 11), para que fossem moídas, sendo possível, dessa forma, retirar o tanino presente na casca. O objetivo da utilização da casca moída é realizar testes como potencial substrato para a produção de mudas em diversos experimentos. 24 Figura 11 – Bandejas separadas para amêndoas e cascas. Embrapa (EEC), Pelotas-RS. 4.2.2 Confecção de barreira física Através da utilização de produtos apenas de base orgânica e ecológica, fazendo uso de técnicas de baixo impacto ambiental, tendo em vista a sustentabilidade e ocasionando em preservação dos recursos naturais, um sistema de barreira física foi adotado no pomar de nogueira-pecã (Figura 12). Tendo em vista que as formigas cortadeiras estão entre as principais causadoras de danos, principalmente no início da formação do pomar de nogueira- pecã, a estratégia de controle utilizada foi a confecção de barreira física contra formigas (Figura 13), que consiste na utilização de uma espuma, a qual era grampeada em volta por pedaços de garrafa pet. Figura 12 – Área onde se localizava o pomar de nogueira-pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS. 25 Figura 13 – Implantação de barreira física contra formigas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS. 4.2.3 Experimento no campo com mudas de nogueira-pecã O doutorando em Fruticultura de Clima Temperado, que conduz experimentos com nogueira-pecã, orientou a instalação de um experimento com mudas de nogueira, retiradas da sementeira de nozes (Figura 14), que se localizava em uma casa de vegetação, na Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata. Figura 14 – Sementeira de nozes em casa de vegetação. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS 26 A sementeira (foto acima) possui duas cultivares de nogueira-pecã: Barton e Melhorada. Metade da sementeira era composta pela cultivar Barton, enquanto a outra metade era destinada à cultivar Melhorada. Retiravam-se as mudas (Figura 15) da sementeira para posterior transplante ao experimento. Figura 15 – Muda de nogueira- pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS. Para o correto preparo do solo (Figura 16) foi necessária a utilização de pás e enxadas, para dessa forma, instalar o experimento. Figura 16 – Preparo do solo para experimento com nogueira- pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas- RS. 27 Ao término do preparo do solo, foi feito o uso de mulching no experimento, um tipo de cobertura para o solo, protegendo o mesmo. Através de um tubo redondo de PVC, faziam-se as perfurações no mulching, para posterior acomodação das mudas de nogueira-pecã (Figura 17). Figura 17 – Acomodação das mudas de nogueira-pecãno experimento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS. O trabalho no campo, na maioria das vezes com temperatura bastante elevada, exigia que cuidados com a saúde fossem tomados, como por exemplo, o uso de protetor solar e chapéu de palha (Figura 18). Figura 18 – Utilização de chapéu de palha para proteção contra o sol. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS. 5 Outras atividades ✓ Eliminação de plantas indesejáveis Realizada manualmente, com o auxílio de uma enxada, a remoção de plantas indesejáveis era feita constantemente no pomar de nogueira-pecã. ✓ Adubação Para a adubação das mudas de nogueira-pecã, baseando-se nos princípios do uso de técnicas de base ecológica, foi utilizado esterco de peru (Figura 19) o qual foi incorporado ao solo, mediante uso de enxada. Figura 19 – Utilização de esterco de peru para adubação das mudas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. ✓ Preparo de substrato Durante o período de estágio, foi realizado o preparo de substrato, com o objetivo de testar diferentes fontes de substratos alternativos para produção de mudas de nogueira-pecã. Entre os substratos testados, está a caulita, Ecocitrus turfa, vermiculita, entre outros (Figura 20). De acordo com o substrato utilizado, cada 29 tratamento era realizado, sendo feita a correta identificação por meio de placas. Figura 20 – Fontes de substratos alternativos para a produção de mudas. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. Com o objetivo de avaliar os sintomas de restrição nutricional, foi coletada areia (Figura 21), sendo a mesma retirada de um lago que se encontra na Embrapa Clima Temperada – Estação Experimental Cascata. Figura 21 – Coleta de areia. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. A areia coletada foi misturada com caulita, gerando uma fonte de substrato entre areia + caulita (Figura 22). 30 Figura 22 – Preparo de substrato, utilizando areia e caulita. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 6 Considerações finais A fruticultura abrange as mais variadas formas de cultivo, alternativas de diversificação de produção, pesquisa, sendo uma área de grande importância, fundamental para a humanidade. A demanda por alimentos está cada vez mais alta, devido ao aumento da população mundial e, a fruticultura exerce um papel extremamente relevante frente a esse cenário. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, fator que implica diretamente na geração de empregos, visto que a fruticultura necessita de muita mão-de-obra. A Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata, na área de fruticultura, busca, através de técnicas que dispensem a utilização de produtos químicos, proporcionar alternativas aos mesmos, utilizando insumos apenas de base orgânica e ecológica. Além de oferecer produtos de melhor qualidade, livres de contaminantes químicos, os quais são muito prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, o sistema de base ecológica faz uso de alternativas que possuem baixo impacto ambiental, preservando os recursos naturais do meio ambiente. A convivência diária com pessoas de muita competência, experiência, tendo a oportunidade de adquirir conhecimento, aprender sobre as mais variadas culturas e suas técnicas de produção é uma experiência única, de valor insubstituível, a qual só tem a agregar para a minha formação como Engenheiro Agrônomo. Tendo em vista o exposto, a oportunidade de estar em um ambiente voltado diretamente para a pesquisa, com o auxílio de profissionais competentes, absorvendo ao máximo as ideias, conhecimentos e percepções, só tem a enriquecer a minha trajetória acadêmica. 32 Referências ANTUNES, L. E. C.; RASSEIRA, M. D. C. B. (Eds.). Aspectos técnicos da cultura da amora-preta. Documento 122. Pelotas: Embrapa , 2004. Disponivel em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/32426/1/documento-122.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2019. ANTUNES, L. E. C.; RASSEIRA, M. D. C. B. Fruticultura: cultivar de amora-preta BRS Cainguá e técnicas de cultivo de mirtilo. In: Alternativas para a Diversificação da Agricultura Familiar de base ecológica. Pelotas: Embrapa, 2018. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1101084/1/LuisEduar doCorreaDOCUMENTOS467.indd.pdf> Acesso em: 20 fev. 2019. BOSCARDIN, J.; COSTA, E. C. A nogueira-pecã no Brasil: Uma revisão entomológica. Ciência Florestal, v. 28, n. 1, p. 456-468, jan./mar. 2018. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/cienciaflorestal/article/view/31629> Acesso em: 26 fev. 2019. CRISÓSTOMO, L. A.; NAUMOV, A. Fruteiras Tropicais do Brasil. Instituto Internacional da Potassa – Horgen/Suiça, Boletim 18. Fortaleza: Embrapa, 20009. Disponível em: <http://www.cnpat.embrapa.br/cnpat/down/index.php?pub/FruteirasTropicaisdoBrasil. pdf> Acesso em: 19 fev. 2019. EMBRAPA CLIMA TEMPERADO. Estação Experimental Cascata. Embrapa, [sem data de publicação]. Disponível em: <https://www.embrapa.br/clima- temperado/infraestrutura/eec>. Acesso em: 20 fev. 2019. FACHINELLO, J. C.; NACHTIGAL, J. C. Fruticultura – Fundamentos e Práticas. Petrolina: UNIVASF, [sem data de publicação]. Disponível em: <http://www.frutvasf.univasf.edu.br/images/fruticulturafundamentosepraticas.pdf> Acesso em: 20 fev. 2019. FILIPPIN, I. L. Viabilidade econômica do cultivo de nogueira pecã em áreas de reserva legal e de preservação permanente. 2011. 74f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2011. Disponível em: <http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/123456789/1344> Acesso em: 21 mar. 2019. JOÃO, P. L.; ROSA, J. I. D.; FERRI, V. C.; MARTINELLO, M. D. Levantamento da Fruticultura Comercial do Rio Grande do Sul. Série Realidade Rural – Volume 28. Porto Alegre: Emater, 2002. Disponível em: <http://www.emater.tche.br/site/arquivos_pdf/teses/Vol.%2028%20- 33 %20Levantamento%20da%20Fruticultura%20Comercial%20do%20RS.pdf> Acesso em: 20 fev. 2019. MARTINS, W. A. Fenologia, exigência térmica, produção, custos e rentabilidade da amora-preta cv. “tupy”. 2015. 113f. Tese (Doutorado em Agronomia) – UFGD, Dourados, 2015. Disponível em: <http://files.ufgd.edu.br/arquivos/arquivos/78/MESTRADO-DOUTORADO- AGRONOMIA/Tese%20-%20Wesley%20Alves%20Martins.pdf> Acesso em: 22 fev. 2019. MARTINS, C. 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