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Relatório final (TCC) - Lucas Borowski

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
 FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL 
 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO 
EM AGRONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acompanhamento de atividades de 
base orgânica e ecológica 
 
 
 
 
 
 
ACADÊMICO: Lucas Nunes von Borowski 
ORIENTADOR: Prof. Paulo Celso de Mello Farias 
 
 
 
 
 
 
 
 
PELOTAS, ABRIL DE 2019 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM AGRONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório apresentado à Faculdade de 
Agronomia Eliseu Maciel da Universidade 
Federal de Pelotas, como exigência para 
a obtenção do título de Engenheiro 
Agrônomo 
 
 
 
 
ORIENTADOR PROFISSIONAL: Eng. Agr. Dr. Carlos Roberto Martins, Pesquisador 
da Embrapa Clima Temperado, Estação Experimental Cascata, Pelotas/RS. 
 
ORIENTADOR ACADÊMICO: Eng. Agr. Dr. Paulo Celso de Mello Farias, Professor 
do Departamento de Fitotecnia da FAEM/UFPEL, Área de Fruticultura. 
 
LOCAL DE ESTÁGIO: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de 
Clima Temperado, Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas/RS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PELOTAS, ABRIL DE 2019 
Agradecimentos 
 
Aos meus pais, Álida Eugênia Nunes von Borowski e Gilson Krieger von 
Borowski, os quais sempre foram os meus maiores incentivadores em toda minha 
longa caminhada acadêmica, nas inúmeras dificuldades que enfrentei, em todos os 
momentos. Aos meus amigos, os quais sempre torceram por mim, me incentivaram, 
não somente durante o período de estágio, mas em todos os momentos da vida. 
Aos professores da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da 
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pelos muitos ensinamentos que foram 
passados ao longo de toda jornada acadêmica. 
Ao professor Paulo Celso de Mello Farias, por ter me aceitado para realização 
do estágio não obrigatório em Fruticultura, na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel 
e também sendo de fundamental importância para o meu ingresso no estágio 
curricular obrigatório de final de curso, na Embrapa Clima Temperado - Estação 
Experimental Cascata, sendo meu orientador acadêmico e sempre interessado em 
me auxiliar em tudo que fosse necessário. 
Ao meu orientador profissional, Carlos Roberto Martins, por ter me recebido e 
incluído na sua equipe, me proporcionando a oportunidade de um conhecimento 
mais amplo na área da pesquisa e experimentos em fruticultura. 
Ao professor Daniel Bernardi, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, por 
ter sido um professor de muita competência, estimulando o aprendizado e a busca 
de novos conhecimentos em suas aulas ministradas e, além disso, se tornado um 
grande amigo, sempre pronto para ajudar no que preciso. 
Agradeço aos colegas de graduação, em especial Amanda Martins, Diego 
Medeiros, Domingos Tertuliano, Eduardo Cardoso, Fernando Mueller, Gabriel Fante, 
Jéssica Bubolz, Lucas Griep, Thaís Schmidt, Thayse Aires, que além de colegas de 
profissão, se tornaram grandes amigos. 
Aos funcionários da Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental 
Cascata, onde fui muito bem recebido e tive uma convivência de muito respeito e 
amizade.
Resumo 
 
O estágio curricular obrigatório foi realizado na Embrapa Clima Temperado – 
Estação Experimental Cascata, no período de 24 de setembro de 2018 a 10 de 
fevereiro de 2019, conferindo um total de 450 horas, sob orientação profissional do 
Pesquisador Engenheiro Agrônomo Carlos Roberto Martins e orientação acadêmica 
do professor Engenheiro Agrônomo Dr. Paulo Celso de Mello Farias. Durante o 
período, foram realizados acompanhamentos de atividades de pesquisa com 
nogueira-pecã; atividades de manejo e condução dos pomares em sistemas 
consorciados e orgânicos; elaboração e aplicação de insumos de base ecológica na 
fruticultura; atividades de avaliação de cultivares de frutíferas (amoreira-preta, 
laranjeira, goiabeira, figueira e nogueira-pecã). A oportunidade de estar envolvido 
diretamente com culturas que tinha pouco conhecimento, além de fazer com que 
tivesse uma visão mais complexa sobre suas características, produção e relevância 
frente ao cenário atual da Fruticultura, foi de extrema importância no que se refere 
ao processo por inteiro, desde o trabalho inicial de instalação de pomares, estufas, 
experimentos, até o ramo de pesquisa, testando novas alternativas para alcançar 
melhores resultados, proporcionando para o produtor e para a sociedade a 
diversificação de produção, de acordo com a realidade de cada um. O 
acompanhamento diário de atividades com pesquisa se tornou uma novidade na 
minha trajetória acadêmica, alterando minha percepção acerca do assunto, 
proporcionando uma maior valorização da mesma. A utilização de insumos apenas 
de base orgânica e ecológica permitiu conhecer alternativas que dispensassem a 
utilização de produtos químicos, os quais são prejudiciais à saúde humana e ao 
meio ambiente, utilizando técnicas de baixo impacto ambiental, tendo em vista a 
sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Figuras 
 
Figura 1 
 
Figura 2 
 
 
Figura 3 
 
Figura 4 
 
Figura 5 
 
 
Figura 6 
 
Figura 7 
 
Figura 8 
 
Figura 9 
 
Figura 10 
 
 
Figura 11 
 
Figura 12 
 
Figura 13 
 
Figura 14 
 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), BR 392, km 
88. Pelotas-RS............................................................................ 
Pomar de amoreira-preta distribuído em três blocos com 
diferentes espaçamentos. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... 
Cultivar “Xavante”. Embrapa – Estação Experimental Cascata 
(EEC), Pelotas – RS.................................................................... 
Acomodação dos frutos em bandejas plásticas. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................. 
Pomar de amoreira-preta distribuído em três blocos com seis 
cultivares diferentes. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... 
Sistema com tutoramento. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... 
Sistema sem tutoramento. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS..................................................... 
Frutos da cultivar “BRS Cainguá”. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS............................... 
Contagem seguida de pesagem dos frutos. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................. 
Planilha onde eram registrados os dados após cada colheita. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – 
RS................................................................................................ 
Bandejas separadas para amêndoas e cascas. Embrapa 
(EEC), Pelotas-RS....................................................................... 
Área onde se localizava o pomar de nogueira-pecã. Embrapa 
– Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS................. 
Implantação de barreira física contra formigas. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS.................... 
Sementeira de nozes em casa de vegetação. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS.................... 
 
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19 
 
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25 
 
25 
Figura 15 
 
Figura 16 
 
 
Figura 17 
 
 
Figura 18 
 
 
Figura 19 
 
 
Figura 20 
 
 
Figura 21 
 
Figura 22 
Muda de nogueira-pecã. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas-RS........................................................ 
Preparo do solo para experimento com nogueira-pecã. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS................................................................................................ 
Acomodação das mudas de nogueira-pecã no experimento. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-
RS................................................................................................ 
Utilização de chapéu de palha para proteção contra o sol. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-
RS................................................................................................ 
Utilização de esterco de peru para adubação das mudas. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – 
RS................................................................................................ 
Fontes de substratos alternativos para a produção de mudas. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – 
RS................................................................................................ 
Coleta de areia. Embrapa – Estação Experimental Cascata 
(EEC), Pelotas – RS.................................................................... 
Preparo de substrato, utilizando areia e caulita. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS................. 
 
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Sumário 
 
1 Introdução ............................................................................................................... 7 
2 Descrição do local de estágio ............................................................................... 9 
3 Culturas trabalhadas durante o estágio ............................................................. 11 
3.1 Cultura da amoreira-preta (Rubus spp.) .......................................................... 11 
3.2 Cultura da nogueira-pecã (Carya illinoinensis) .............................................. 15 
4 Atividades desenvolvidas.................................................................................... 18 
4.1 Atividades com amoreira-preta ........................................................................ 18 
4.1.1 Colheita de amora .......................................................................................... 18 
4.1.2 Pesagem dos frutos ....................................................................................... 22 
4.2 Atividades com nogueira-pecã ........................................................................ 23 
4.2.1 Descascamento de nozes .............................................................................. 23 
4.2.2 Confecção de barreira física ......................................................................... 24 
4.2.3 Experimento no campo com mudas de nogueira-pecã .............................. 25 
5 Outras atividades ................................................................................................. 28 
6 Considerações finais ........................................................................................... 31 
Referências .............................................................................................................. 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Introdução 
 
A fruticultura pode ser conceituada como sendo o conjunto de técnicas e 
práticas aplicadas adequadamente com o objetivo de explorar plantas que produzam 
frutas comestíveis, comercialmente (FACHINELLO, 2008). Segundo Tamaro (1936), 
fruticultura é a arte de cultivar racionalmente as plantas frutíferas. Além do conceito 
de fruticultura, o conceito de fruta e fruto também é variável conforme o autor. 
Segundo Ferreira (1993), fruta é a designação comum às frutas, pseudofrutos e 
infrutescências comestíveis, com sabor adocicado. Já o fruto é o órgão gerado pelos 
vegetais floríferos, e que conduz a semente, portanto resulta do desenvolvimento do 
ovário depois da fecundação. 
A fruticultura é um ramo da agricultura convencional e difere da mesma por 
necessitar do tratamento individual de cada planta. Enquanto na agricultura, as 
plantas recebem um tratamento coletivo, isto é, semeia-se e colhe-se como um todo, 
na fruticultura, para chegar à colheita, além da semeadura, são necessárias 
operações como: repicagem, transplante, enxertia, condução, poda desbaste, 
controle fitossanitário e colheita individual, isto é, fruto a fruto, conservação e 
embalagem (SIMÃO, 1998). 
O valor da fruticultura é incalculável, já que, tratando-se de cultivo extensivo e 
intensivo, exige a presença constante do agricultor e ocupa mão-de-obra em grande 
número (SIMÃO, 1998). O consumo de frutas diário fornece uma quantidade 
considerável de minerais (potássio, zinco, cálcio, magnésio, cobre, etc.) e de 
vitaminas especialmente vitamina C. Além disso, as frutas fornecem quantidades 
relativamente reduzidas de calorias (DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE, 2005). 
Segundo a World Health Organization (2002), o consumo insuficiente de 
frutas aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as 
cardiovasculares e alguns tipos de câncer, e entre os 10 fatores de risco que mais 
causam mortes e doenças em todo o mundo. Tal consumo equivale amenos de 400 
g por dia ou cerca de 7% a 8% do valor calórico de uma dieta de 2.200 kcal/dia. 
Nos últimos anos a produção de pequenas frutas tem despertado a atenção 
de produtores, comerciantes e consumidores no Brasil. O cultivo de pequenas frutas 
8 
ainda é bastante pequeno e inovador, mas possui características interessantes para 
pequenos produtores devido ao seu baixo custo de implantação e de produção, além 
de ser acessível a pequenos produtores, ter uma boa adaptação às condições 
sociais, econômicas e ambientais locais, grande exigência de mão-de-obra, que 
pode ser familiar, contribuindo para a fixação do homem no campo e proporcionando 
um bom retorno econômico em curto prazo. Isto também se deve ao fato que existe 
uma melhora na gestão da propriedade rural, na modernização e a utilização de 
tecnologias que proporcionam um menor impacto ao ambiente, contribuindo para a 
qualidade e segurança da produção, requisitos de um mercado consumidor cada dia 
mais exigente (MUNIZ et al., 2011; ANTUNES et al., 2014; RUFATO et al., 2014). 
 
2 Descrição do local de estágio 
 
A Estação Experimental Cascata (EEC) (Figura 1) está localizada em 
representativa zona colonial da região de clima temperado, nas condições 
ambientais da Encosta da Serra do Sudeste. Com uma área total de 151 ha, 
composta por campos experimentais e áreas de Reserva Legal e Preservação 
Permanente, a EEC foi pioneira na pesquisa agropecuária do Rio Grande do Sul, 
sendo criada em 1938 como Estação Experimental de Pelotas, com o objetivo de 
desenvolver ações para a independência tecnológica da Agricultura Familiar 
(EMBRAPA CLIMA TEMPERADO). 
 
 
Figura 1 – Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), BR 392, km 88. Pelotas-RS. 
 
Na região Sul do Brasil a Embrapa Clima Temperado atua no fornecimento de 
uma base científica para o desenvolvimento sustentável não apenas do agronegócio, 
mas também da agricultura familiar. Nessa caminhada, a Estação Experimental 
Cascata consolida uma agenda de pesquisa pautada na diversificação da matriz 
produtiva regional e nos princípios da agricultura familiar de base ecológica, 
10 
buscando a sustentabilidade e a promoção da saúde ambiental, da segurança 
alimentar e da qualidade de vida (EMBRAPA CLIMA TEMPERADO). 
A importância socioeconômica da região de clima temperado é atestada por 
sua elevada contribuição à produção agropecuária nacional. Nessa área, localiza-se 
a metade da produção brasileira de grãos, a quarta parte do que o Brasil produz em 
carnes, leite e hortaliças, bem como mais de 80% da produção nacional de frutas de 
clima temperado, além de abrigar um dos maiores parques agroindustriais instalados 
no país (EMBRAPA CLIMA TEMPERADO).3 Culturas trabalhadas durante o estágio 
 
3.1 Cultura da amoreira-preta (Rubus spp.) 
 
A amoreira-preta ("blackberry") pertence ao gênero Rubus que, segundo Ying 
et al. (1990), contém, aproximadamente, 740 espécies, divididas segundo alguns 
autores, em 12 (doze) subgêneros ou segundo outros em 15 (quinze) subgêneros 
(JENNINGS, 1988 apud DAUBENY, 1996).O gênero Rubus apresenta formas de 
reprodução sexuada e assexuada, possuindo número básico de cromossomos igual 
a sete (JENNINGS, 1995). 
Segundo Poling (1996), na América do Norte, antes da chegada dos 
colonizadores, havia poucas espécies distintas de amoreira-preta. Mas com a 
colonização, derrubada e eliminação de matas, as amoras espalharam-se, dando 
oportunidade para diferentes espécies crescerem lado a lado. Abelhas e outros 
insetos se incumbiram da troca de pólen e os pássaros da disseminação das 
sementes pelo país, observando-se um amplo “programa” natural de melhoramento. 
A designação ‘pequenos frutos’ (ou ‘small fruits’) é utilizada na literatura 
internacional para referenciar diversas culturas como a do morangueiro, amoreira-
preta, framboeseira, groselheira, mirtileiro entre outras. O cultivo de pequenos frutos 
caracteriza-se pela elevada exigência de mão de obra e pela possibilidade de 
obtenção de alto retorno econômico (FACHINELLO et al., 1994). 
Dentre as várias opções de espécies frutíferas, do grupo das pequenas frutas, 
com boas perspectivas de cultivo e comercialização, a amoreira-preta (Rubus spp) é 
uma das mais promissoras. Caracteriza-se por ser uma cultura rústica, atualmente 
pouco suscetível a pragas e doenças, e com boa adaptação aos sistemas de cultivos 
com pouca tecnificação, como no caso de produtores familiares com baixa 
capacidade de investimento. Responde igualmente de forma positiva, quando 
adotados sistemas de produção com maiores investimentos em adubação, 
fertirrigação, irrigação, entre outras práticas (ANTUNES, 2002). 
A amoreira-preta é uma espécie arbustiva de porte ereto ou rasteiro, que 
produz frutos agregados, com cerca de 4 a 7 gramas de coloração negra e sabor 
12 
ácido a doce-ácido. Apresenta espinhos em suas principais cultivares comerciais, o 
que exige do operador da colheita muito cuidado com sua integridade física, como a 
da qualidade do fruto. São plantas que produzem em ramos de ano, sendo 
eliminados após a colheita. Enquanto alguns ramos estão produzindo, outras hastes 
emergem e crescem, renovando o material para a próxima produção (SHOEMAKER, 
1978; FACHINELLO et al., 1994). 
O fruto verdadeiro da amoreira é denominado de mini drupa ou drupete, no 
qual existe uma pequena semente, sendo que a sua junção forma o que é chamado 
de fruto agregado (POLING,1996). 
Embora existam espécies nativas do gênero Rubus, no Brasil, a amoreira-
preta só começou a ser pesquisada em 1972 pela Embrapa Clima Temperado, então 
Estação Experimental de Pelotas, sendo a primeira coleção implantada em 1974 no 
município de Canguçu (RS). As primeiras cultivares introduzidas foram Brazos, 
Comanche e Cherokee oriundas da Universidade de Arkansas, Estados Unidos 
(RASEIRA et al., 1984; 1992). 
Sendo planta exigente em frio, os aspectos fenológicos da amoreira-preta 
podem variar de ano para ano, em função desta exigência em frio ter sido ou não 
satisfeita. Nas condições do Rio Grande do Sul, a cultivar Ébano inicia a floração na 
segunda quinzena de outubro, estendendo-se até o início de novembro, sendo que o 
período de colheita vai de meados de dezembro a início de fevereiro (BASSOLS; 
MOORE, 1981a; 1981b; NUNES; GONÇALVES, 1981; EMBRAPA, 1981). 
Segundo Raseira et al. (1984), a amoreira-preta desenvolve-se bem em solos 
drenados e medianamente ácidos (pH 5,5 a 6,5). O manejo das plantas é simples, 
devendo-se tomar maiores cuidados com a adubação, controle de invasoras, podas 
de limpeza e desponte e, particularmente com a colheita, devido à elevada 
sensibilidade dos frutos. 
Em relação ao ponto de colheita, este é determinado quando o fruto estiver 
totalmente preto, devendo a colheita ser realizada a cada dois a três dias 
(BASSOLS, 1980; RASEIRA et al., 1984). 
A cultivar Tupy, a mais cultivada no Brasil, é resultado do cruzamento entre as 
cultivares Uruguai x Comanche (ANTUNES, 2002), apresenta porte ereto, com 
espinhos, produz frutos grandes de 8 a 10g de massa média, teor de sólidos 
solúveis entre 8º e 9º Brix, com coloração preta e uniforme (EMBRAPA, 2008). 
13 
A produção da amora-preta é dependente, em parte, do número de gemas 
deixado nas hastes após a poda de inverno (TAKEDA, 2002). A redução do número 
de hastes e a diminuição do comprimento das hastes laterais, geralmente diminui a 
produção devido ao menor número de gemas florais, mas pode melhorar a qualidade 
do fruto em amoras e framboesas (CRANDALL; DAUBENY, 1990). 
O cultivo de pequenas frutas, que compreende uma série de espécies entre 
as quais se destacam a amora-preta, a framboesa, o morango e o mirtilo, tem 
despertado a atenção e o interesse por parte de produtores, comerciantes e 
consumidores (PAGOT; HOFFMANN, 2003). 
De um modo geral, o cultivo destas espécies se caracteriza pelo baixo custo 
de implantação, custo de produção acessível aos pequenos produtores, bom retorno 
econômico, boa adaptação às condições socioeconômicas e do ambiente local, 
possibilidade de cultivo no sistema orgânico e demanda maior do que a oferta 
(POLTRONIERI, 2003). 
As características climáticas e exposição da planta e frutos à luz solar podem 
influenciar no crescimento e qualidade dos frutos de um pomar (RASEIRA et al., 
2004). No entanto, para a amoreira o manejo adequado ainda é pouco conhecido. A 
melhoria da captação de radiação no interior das plantas pode ser conseguida por 
técnicas como poda e modificação do espaçamento de plantio. O espaçamento 
adequado depende do vigor das plantas e deve ser definido na implantação do 
pomar. Desta forma a escolha de um espaçamento de plantio pode afetar de forma 
direta a qualidade e também a quantidade de frutos, já que em altas densidades 
podem ocorrem restrição do desenvolvimento das plantas (FERREIRA et al., 2011). 
A produção de amora-preta em média no Brasil estende-se de outubro a 
fevereiro (ANTUNES et al., 2014), não havendo oferta interna do produto fora deste 
intervalo, período este que pode representar oportunidade àqueles que produzem 
nesta época do ano, o que poderá refletir-se em remuneração maior da fruta do que 
na época normal de safra. 
A propagação da planta de amoreira-preta pode ser sexuada (sementes) ou 
assexuada. As sementes apresentam baixo índice de germinação e um curto 
período de viabilidade, sendo mais utilizadas em programas de melhoramento. A 
propagação assexuada da amoreira-preta se dá por meio de rebentos (brotos), 
estacas herbáceas e lenhosas, além de estacas de raízes (ANTUNES, 1999). 
14 
O perfilhamento da planta é elevado, produzindo muitas brotações entre as 
linhas de plantio, as quais precisam ser retiradas para não dificultar o trânsito de 
implementos e de pessoas durante as práticas de manejo e tratos culturais. Esses 
perfilhos podem ser utilizados para a produção de mudas, desde que o substrato 
permita a manutenção das estacas em um ambiente úmido, escuro e bem aerado 
(ANTUNES, 1999). 
A amoreira-preta desenvolve-se bem em solos drenados e medianamente 
ácidos (pH 5,5 a 6,5). O manejo das plantas é simples, devendo-se tomar maiores 
cuidados com a adubação, controle de invasoras, podas de limpeza e desponte e, 
particularmente com a colheita, devido à elevada sensibilidade das frutas. Por 
existirem poucas informações sobre a adubação da cultura no Brasil, a nutrição 
mineral da amoreira-preta é baseada apenas em análise de solos, sendo as doses 
de nutrientes recomendadas em relação aos teores no solo (ILHA, 2012). 
Devido ao hábito de crescimento e com o intuito de evitar que os frutos 
entrem em contatocom o solo, um sistema de condução é adotado na maioria dos 
plantios. Na prática, normalmente a condução é feita com espaldeira simples e 
espaldeira em T (PAGOT et al., 2007). Contudo, poucas são as pesquisas em 
relação ao sistema de condução a ser adotado, visto que, depois de implantada, a 
cultura da amoreira-preta tem um período produtivo economicamente viável, ou seja, 
vida útil, por volta de 15 anos (MADAIL; ANTUNES, 2008). 
Por se tratar de cultivo não tradicional no País, existem aspectos agronômicos 
ainda não estudados. Na literatura, encontram-se diferentes trabalhos sobre sistema 
de produção da amoreira-preta. Algumas diferenças são encontradas nas 
recomendações de cultivo, principalmente quanto ao espaçamento de plantio. Hull 
(1975), recomenda 2 a 2,5 m entre plantas e 2,5 m entre linhas. 
No primeiro ano de plantio, as hastes que brotam da coroa das mudas devem 
ser raleadas, deixando apenas quatro hastes por planta (PAGOT et al., 2007). A 
poda de inverno é realizada encurtando todos os galhos laterais a 30-40 cm, com o 
objetivo de organizar o espaço na linha e distribuir melhor a frutificação. Junto com a 
poda de inverno, realiza-se uma seleção das hastes mais vigorosas, eliminando-se o 
excesso. Segundo a Embrapa (2008), realiza-se dois tipos de poda, a primeira para 
retirar as hastes que produziram na safra, realizando cortes rentes ao solo, e a 
segunda encurtando os ramos do ano, preparando-os para a próxima safra. 
15 
Dentre as principais doenças da cultura está a antracnose [Elsinoe veneta 
(Burkh) Jenkins], podendo levar à morte das hastes de frutificação. Outra bastante 
importante na cultura é a chamada de enrosetamento [Cercosporella rubi (G. Wint) 
Plakidas], que ataca cultivares de crescimento ereto e decumbentes, sendo limitante 
para o gênero Rubus. Os sintomas são o aparecimento de rosetas que podem 
resultar numa mudança de fenótipo da planta, provocando redução de produção, da 
qualidade das frutas e em casos severos, até a morte da haste. A presença de 
ferrugem nas folhas e podridões causadas por Botrytis nas frutas, são bastante 
comuns na época das chuvas, mas não vem a causar sérios problemas em pomares 
bem manejados. Quanto a pragas, a incidência de ácaros e lagartas propiciam o 
enrolamento das folhas (PAGOT et al., 2007; PIO et al., 2008). 
 
 
3.2 Cultura da nogueira-pecã (Carya illinoinensis) 
 
A nogueira-pecã (Carya illinoinensis (Wangenh.) K. Koch (Juglandaceae) é 
uma frutífera cultivada predominantemente nas regiões temperadas do Hemisfério 
Norte (BRISON, 1974; SPARKS, 2005; WALKER et al., 2016). É uma espécie 
caducifólia, de porte alto e de grande longevidade produtiva (STEIN et al., 2012). 
Uma ampla e rápida expansão da cultura da nogueira-pecã ocorreu no Brasil, 
em meados dos anos 60 e 70, influenciada pelos incentivos fiscais com vistas nos 
florestamentos e reflorestamentos, tendo sido formados, nessa época, grandes 
pomares (DUARTE; ORTIZ, 2001). Atualmente a pecanicultura encontra-se 
novamente em ascensão, em especial na região sul do país, devido à demanda e ao 
excelente preço pago pelo seu principal produto, a amêndoa, muito utilizada na 
indústria alimentícia. 
A introdução da espécie Carya illinoinensis no Brasil ocorreu por intermédio 
de norte-americanos, em meados dos anos de 1900, nos municípios de Santa 
Bárbara do Oeste e Americana, no estado de São Paulo (BACKES; IRGANG, 2004). 
Segundo Ortiz e Camargo (2005), a nogueira-pecã chegou no rastro do confederado 
Coronel William H. Norris, pioneiro da imigração norte-americana no país. Entre 
esses imigrantes, alguns como o Sr. Ezekiel Pyles, estabelecido em Santa Bárbara 
D’Oeste, trouxeram consigo nozes que deram origem aos primeiros plantios em solo 
brasileiro. 
16 
No estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Anta Gorda foi a pioneira no 
cultivo de nogueira-pecã, que teve início em 1943, quando houve a introdução de 
quatro mudas originárias de Kentucky (EUA), que ainda existem no município e são 
consideradas as ancestrais da maior parte das nogueiras-pecã encontradas no 
município e na região (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013). 
De acordo com Gatto et al. (2008), tem-se no Rio Grande do Sul o maior 
pomar de nogueira-pecã da América Latina, sendo Carya illinoinensis a principal 
espécie plantada, destinando-se, exclusivamente, à produção de nozes comestíveis 
e, ao final do ciclo, com a perda de produtividade, as árvores podem ser derrubadas 
e sua madeira utilizada como lenha. A espécie também é empregada na arborização 
de parques e praças (BACKES; IRGANG, 2004). 
A pecaneira é uma planta monóica, apresentando flores masculinas e flores 
femininas separadas na mesma planta, trata-se de uma planta alógama com forte 
tendência a dicogamia (BARACUHY, 1980). 
Durante o período de crescimento, os frutos da nogueira-pecã passam por 
três fases principais de desenvolvimento. A primeira consiste na rápida expansão do 
fruto e inicia no desenvolvimento dos cotilédones até a fase chamada de “coração 
pequeno” e continua até o estágio aquoso. A próxima etapa é o enchimento da 
amêndoa, que começa na fase aquosa, na qual o tecido da amêndoa é depositado 
no interior do revestimento da semente até encher completamente seu interior. A 
fase final do desenvolvimento da noz é a deiscência da casca, durante este 
processo, a casca separa-se da amêndoa, abrindo e permitindo que a noz caia livre 
da casca. O tempo de desenvolvimento dos frutos varia com a cultivar (REID, 2013). 
De acordo com Raseira (1990), para que as plantas apresentem boa 
produtividade de nozes, é necessário que o pomar seja constituído de plantas 
pertencentes ao grupo das cultivares protândricas, ou seja, àquelas em que os 
órgãos masculinos chegam primeiro à maturidade (Desirable, Western, Cheyenne, 
Caddo, Cape Fear, Success, Barton, Cherokee), e das cultivares protogínicas, em 
que os órgãos femininos chegam primeiro à maturidade (Choctaw, Wichita, Kiowa, 
Shawnee, Apache, Mohawk, Shoshoni, Chickasaw, Tejas, Elliott, Stuart, Comanche 
e Schley). As cultivares são multiplicadas por enxertia,e podem iniciar a produção 
dos quatro aos oito anos a partir do plantio (BACKES; IRGANG, 2004). 
A nogueira-pecã é uma espécie valiosa em sistemas agroflorestais, provendo 
frutos e madeiras de boa qualidade em consórcio com outras culturas implantadas 
17 
no sistema. As árvores produzem nozes comestíveis que tem alto percentual de 
proteínas e óleos, este último que pode ser usado também na indústria farmacêutica 
(MOORE, 2011). 
A nogueira-pecã é considerada, entre as frutíferas perenes, a que apresenta 
maior longevidade, sendo que um dos fatores limitantes para o desenvolvimento 
satisfatório das plantas no pomar é o tipo de solo. O solo deve ser fértil, profundo e 
bem drenado, deve-se evitar solos alagados ou que apresentem barreiras físicas 
para o desenvolvimento das raízes, e solos com pH elevado não são recomendados, 
pois dificultam a disponibilidade de zinco, elemento importante para a cultura 
(RASEIRA, 1990). Segundo Peterson (1990), além dos solos serem bem drenados, 
os mesmos não devem estar sujeitos a inundações prolongadas. 
As nogueiras necessitam de 400 horas de frio em uma temperatura igual ou 
inferior a 7,2ºC, que auxilia na superação da dormência das plantas, motivo pelo 
qual se adaptam bem ao inverno dos estados do sul do Brasil (RASEIRA, 1990). 
A colheita pode ser mecanizada ou manual, podendo ser feita a coleta das 
nozes que caem naturalmente ou com o auxílio de uma vara, sacudir os frutos para 
agilizar a operação, a partir disto as sementes podem ser acomodadas em sacos e 
direcionadas a indústria para o processamento (GOMES, 1976; ORO, 2007). 
O beneficiamento ocorre por processos distintos, iniciando com uma lavagem 
inicial das sementes com água fria e posteriormente com água aquecida. A partir 
disto, as sementes seguem para o descascamento, com separaçãodas cascas da 
amêndoa. Por fim, um processo de secagem terminando com a embalagem do 
produto processado (ORO, 2007). 
 
4 Atividades desenvolvidas 
 
Durante o período de estágio, foram realizadas diversas atividades, sendo as 
principais com as culturas da amoreira-preta e nogueira-pecã. 
 
4.1 Atividades com amoreira-preta 
 
4.1.1 Colheita de amora 
 
A colheita da amora era realizada manualmente, em média, de duas a três 
vezes por semana, ou de acordo com a disponibilidade de frutos presentes no 
pomar. Existiam 3 (três) áreas onde foram implementados os pomares de amoreira-
preta, os quais se diferenciavam entre si através das cultivares presentes e sua 
finalidade. 
No primeiro pomar (Figura 2), de responsabilidade do Eng. Agrônomo 
Cristiano Geremias Hellwig, as plantas foram distribuídas em 3 (três) blocos 
(B1,B2,B3) e, foram adotados diferentes espaçamentos entre plantas (0,25; 0,50 e 
1,0 metro). As cultivares presentes nesse pomar eram as seguintes: Tupy e Xavante 
(Figura 3). 
A implantação do pomar foi em 11/09/2012. São 4 plantas por parcela, sendo 
que a cultivar Tupy possui espinhos, e a cultivar Xavante, não possui espinhos. 
 
19 
 
Figura 2 - Pomar de amoreira-preta distribuído em 
três blocos com diferentes espaçamentos. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
 
Figura 3 – Cultivar “Xavante”. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
Ao longo da colheita, as amoras eram acomodadas em bandejas plásticas 
(Figura 4) para identificação, onde constava o bloco (B1, B2, B3), a cultivar (Xavante 
ou Tupy) e o espaçamento (0,25; 0,50; 1,0). Exemplo: Bloco 1 – Xavante – 0,25. 
 
 
20 
 
Figura 4 – Acomodação dos frutos em bandejas plásticas. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
No segundo pomar (Figura 5), de responsabilidade do mesmo Eng. 
Agrônomo, as plantas foram distribuídas em 3 (três) blocos (B1,B2,B3) e, 
diferentemente do primeiro pomar, em cada bloco existiam 6 (seis) cultivares de 
amora-preta. As cultivares presentes nesse pomar eram as seguintes: Black 112, 
Black 128, Black 145, Black 178, Tupy e Xingu. A implantação do pomar foi em 
24/10/2014. São 8 plantas por parcela. 
 
 
Figura 5 – Pomar de amoreira-preta 
distribuído em três blocos com seis 
cultivares diferentes. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
21 
No terceiro pomar, de responsabilidade do Eng. Agrônomo Guilherme Ferreira 
da Silva, as plantas foram distribuídas em 2 (duas) linhas, denominadas para 
identificação de LB (linha de baixo) e LC (linha de cima), sendo que cada linha 
continha 4 (quatro) blocos, com 8 (oito) plantas em cada, totalizando 32 (trinta e 
duas) plantas por linha. 
Nesse pomar, diferentemente dos dois anteriores, foi implantado o sistema 
tutorado, com o objetivo de avaliar em qual dos tratamentos se obteria uma 
produção maior. Em cada uma das duas linhas, foi intercalado entre o sistema de 
tutoramento (Figura 6) e sem tutoramento (Figura 7). 
 
 
Figura 6 – Sistema com tutoramento. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
 
Figura 7 – Sistema sem tutoramento. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
A cultivar presente no local é a BRS Cainguá (Figura 8), que ainda nem foi 
lançada no mercado. Apresenta espinhos, como as demais cultivares, mas em 
menor proporção e tamanho. Seus frutos são mais alongados e de maior tamanho, 
conferindo ótima aparência, além do doce sabor. 
22 
Segundo a Embrapa, mudas dessa nova cultivar poderão ser obtidas junto 
aos viveiristas licenciados pela mesma, a partir de junho de 2019. 
 
 
Figura 8 – Frutos da cultivar “BRS 
Cainguá”. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), 
Pelotas – RS. 
 
4.1.2 Pesagem dos frutos 
 
Ao término da colheita dos frutos, os mesmos eram transportados até a “Casa 
de apoio ao campo”, local que servia para armazenamento de utensílios. Havia uma 
sala com balança para pesagem, onde era realizada a pesagem do número de frutos 
de amora (Figura 9). 
 
 
Figura 9 – Contagem seguida de 
pesagem dos frutos. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata 
(EEC), Pelotas – RS. 
 
A contagem do número de frutos era realizada antes da pesagem dos 
mesmos ou ainda no pomar e, posteriormente, anotada em uma planilha (Figura 10). 
23 
 
Figura 10 – Planilha onde eram registrados os dados após cada colheita. 
Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
Após a pesagem dos frutos, por vezes eram armazenados nos freezers com 
sua identificação pertinente e, quando não necessário, eram distribuídos aos 
pesquisadores, funcionários e estagiários da Embrapa. 
 
4.2 Atividades com nogueira-pecã 
 
4.2.1 Descascamento de nozes 
 
A primeira atividade desenvolvida no estágio foi o descascamento de nozes, 
as quais eram quebradas manualmente, apenas com o auxílio de um martelo. A 
ausência de um aparelho mais sofisticado para realizar o trabalho, implicava num 
período longo para a conclusão do serviço. Ao término da atividade, a amêndoa e a 
casca foram separadas em bandejas (Figura 11), para que fossem moídas, sendo 
possível, dessa forma, retirar o tanino presente na casca. O objetivo da utilização da 
casca moída é realizar testes como potencial substrato para a produção de mudas 
em diversos experimentos. 
 
24 
 
Figura 11 – Bandejas separadas para amêndoas e 
cascas. Embrapa (EEC), Pelotas-RS. 
 
4.2.2 Confecção de barreira física 
 
Através da utilização de produtos apenas de base orgânica e ecológica, 
fazendo uso de técnicas de baixo impacto ambiental, tendo em vista a 
sustentabilidade e ocasionando em preservação dos recursos naturais, um sistema 
de barreira física foi adotado no pomar de nogueira-pecã (Figura 12). 
Tendo em vista que as formigas cortadeiras estão entre as principais 
causadoras de danos, principalmente no início da formação do pomar de nogueira-
pecã, a estratégia de controle utilizada foi a confecção de barreira física contra 
formigas (Figura 13), que consiste na utilização de uma espuma, a qual era 
grampeada em volta por pedaços de garrafa pet. 
 
 
Figura 12 – Área onde se localizava o 
pomar de nogueira-pecã. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), 
Pelotas-RS. 
25 
 
Figura 13 – Implantação de barreira física contra 
formigas. Embrapa – Estação Experimental Cascata 
(EEC), Pelotas-RS. 
 
4.2.3 Experimento no campo com mudas de nogueira-pecã 
 
O doutorando em Fruticultura de Clima Temperado, que conduz experimentos 
com nogueira-pecã, orientou a instalação de um experimento com mudas de 
nogueira, retiradas da sementeira de nozes (Figura 14), que se localizava em uma 
casa de vegetação, na Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata. 
 
 
Figura 14 – Sementeira de nozes em casa de vegetação. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), Pelotas-RS 
26 
A sementeira (foto acima) possui duas cultivares de nogueira-pecã: Barton e 
Melhorada. Metade da sementeira era composta pela cultivar Barton, enquanto a 
outra metade era destinada à cultivar Melhorada. Retiravam-se as mudas (Figura 
15) da sementeira para posterior transplante ao experimento. 
 
 
Figura 15 – Muda de nogueira-
pecã. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), 
Pelotas-RS. 
 
Para o correto preparo do solo (Figura 16) foi necessária a utilização de pás e 
enxadas, para dessa forma, instalar o experimento. 
 
 
Figura 16 – Preparo do solo para experimento com nogueira-
pecã. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), Pelotas-
RS. 
 
27 
Ao término do preparo do solo, foi feito o uso de mulching no experimento, um 
tipo de cobertura para o solo, protegendo o mesmo. Através de um tubo redondo de 
PVC, faziam-se as perfurações no mulching, para posterior acomodação das mudas 
de nogueira-pecã (Figura 17). 
 
 
Figura 17 – Acomodação das mudas de nogueira-pecãno 
experimento. Embrapa – Estação Experimental Cascata (EEC), 
Pelotas-RS. 
 
O trabalho no campo, na maioria das vezes com temperatura bastante 
elevada, exigia que cuidados com a saúde fossem tomados, como por exemplo, o 
uso de protetor solar e chapéu de palha (Figura 18). 
 
 
Figura 18 – Utilização de chapéu de 
palha para proteção contra o sol. 
Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas-RS. 
5 Outras atividades 
 
✓ Eliminação de plantas indesejáveis 
Realizada manualmente, com o auxílio de uma enxada, a remoção de plantas 
indesejáveis era feita constantemente no pomar de nogueira-pecã. 
 
✓ Adubação 
Para a adubação das mudas de nogueira-pecã, baseando-se nos princípios 
do uso de técnicas de base ecológica, foi utilizado esterco de peru (Figura 19) o qual 
foi incorporado ao solo, mediante uso de enxada. 
 
 
Figura 19 – Utilização de esterco de peru 
para adubação das mudas. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), 
Pelotas – RS. 
 
✓ Preparo de substrato 
Durante o período de estágio, foi realizado o preparo de substrato, com o 
objetivo de testar diferentes fontes de substratos alternativos para produção de 
mudas de nogueira-pecã. Entre os substratos testados, está a caulita, Ecocitrus 
turfa, vermiculita, entre outros (Figura 20). De acordo com o substrato utilizado, cada 
29 
tratamento era realizado, sendo feita a correta identificação por meio de placas. 
 
 
Figura 20 – Fontes de substratos alternativos para a 
produção de mudas. Embrapa – Estação Experimental 
Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
Com o objetivo de avaliar os sintomas de restrição nutricional, foi coletada 
areia (Figura 21), sendo a mesma retirada de um lago que se encontra na Embrapa 
Clima Temperada – Estação Experimental Cascata. 
 
 
Figura 21 – Coleta de areia. Embrapa – 
Estação Experimental Cascata (EEC), 
Pelotas – RS. 
 
A areia coletada foi misturada com caulita, gerando uma fonte de substrato 
entre areia + caulita (Figura 22). 
30 
 
Figura 22 – Preparo de substrato, utilizando 
areia e caulita. Embrapa – Estação 
Experimental Cascata (EEC), Pelotas – RS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Considerações finais 
 
A fruticultura abrange as mais variadas formas de cultivo, alternativas de 
diversificação de produção, pesquisa, sendo uma área de grande importância, 
fundamental para a humanidade. 
A demanda por alimentos está cada vez mais alta, devido ao aumento da 
população mundial e, a fruticultura exerce um papel extremamente relevante frente a 
esse cenário. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, fator que implica 
diretamente na geração de empregos, visto que a fruticultura necessita de muita 
mão-de-obra. 
A Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata, na área de 
fruticultura, busca, através de técnicas que dispensem a utilização de produtos 
químicos, proporcionar alternativas aos mesmos, utilizando insumos apenas de base 
orgânica e ecológica. 
Além de oferecer produtos de melhor qualidade, livres de contaminantes 
químicos, os quais são muito prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, o 
sistema de base ecológica faz uso de alternativas que possuem baixo impacto 
ambiental, preservando os recursos naturais do meio ambiente. 
A convivência diária com pessoas de muita competência, experiência, tendo a 
oportunidade de adquirir conhecimento, aprender sobre as mais variadas culturas e 
suas técnicas de produção é uma experiência única, de valor insubstituível, a qual 
só tem a agregar para a minha formação como Engenheiro Agrônomo. 
Tendo em vista o exposto, a oportunidade de estar em um ambiente voltado 
diretamente para a pesquisa, com o auxílio de profissionais competentes, 
absorvendo ao máximo as ideias, conhecimentos e percepções, só tem a enriquecer 
a minha trajetória acadêmica. 
 
32 
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