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AULA 10

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Auditoria e Gestão de Qualidade em Instituição de Saúde
AULA 10
QUALIDADE E SEGURANÇA DO PACIENTE
Contrariando o ditado popular de que “errar é humano”, os erros ocorridos na área da saúde sempre estiveram associados à noção de incompetência do profissional de saúde. Consequentemente, criou‑se uma cultura de punição ou omissão dos erros em saúde e, durante muito tempo, não se conhecia a real dimensão desse problema. 
Entretanto, o relatório produzido pelo Instituto de Medicina americano (Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro), de 1999, descreve que os erros na assistência à saúde ocorrem em proporções alarmantes, acarretando danos físicos, emocionais, sociais e financeiros irreversíveis.
Segundo o relatório, a cada dia, cem norte‑americanos morrem devido a erros humanos cometidos na assistência à saúde, sendo estimadas 7.000 mortes/ano só relacionadas a erros de medicação.
Entre janeiro de 1995 e junho de 2010, a Joint Commission (EUA) registrou a ocorrência de 6.923 eventos sentinelas - detecção de doença prevenível, 921 cirurgias em partes ou pacientes errados; 816 suicídios; 749 complicações pós‑operatórias; 592 eventos relacionados a erros de medicação; 450 por queda de paciente; 145 eventos relacionados a infecções e 201 por perda de função ou morte perinatal (JCI, 2010). 
Dados epidemiológicos de outras pesquisas mundiais demonstram que a segurança do paciente é, hoje, uma prioridade nos países desenvolvidos. Coerente com essa preocupação, a segurança foi incorporada ao conceito de qualidade, no qual a excelência na prestação de cuidados implica também segurança para o paciente.
Estudos deixam claro que muitos dos erros humanos cometidos na assistência à saúde são evitáveis. Para que isso ocorra, dois aspectos são destacados: criar uma cultura de segurança e aprendizagem com erros e estabelecer a prática baseada em evidências.
9 CERTOS
Paciente certo
Medicamento certo
Via certa
Hora certa
Dose certa
Registro correto da administração do medicamento
Orientação correta
Forma certa
Resposta certa
Cultura de segurança 
Uma percepção compartilhada pelos profissionais de saúde de que a segurança é prioridade para a gerência da organização; isso implica a compreensão de que a estrutura organizacional está voltada para atender a todas as normas de segurança e para aprender com os erros. 
Essa compreensão incentiva uma atitude proativa dos profissionais para seguir práticas seguras e relatar a ocorrência de erros, já que estes não serão vistos apenas como falta grave do profissional de saúde; é fundamental para que o erro possa ser analisado em termos de seus determinantes, o que, por sua vez, possibilitará a elaboração de estratégias de prevenção adequadas para que o problema não se repita. Portanto, cultura de segurança implica atitudes seguras e consistentes tanto por parte da gerência como dos profissionais.
Vamos conhecer um pouco mais sobre duas áreas que estão sob a responsabilidade do Centro Colaborador para Segurança do Paciente. A primeira, Soluções para a Segurança, tem o objetivo de transmitir conhecimento de soluções práticas sobre segurança do paciente e disseminá‑las em todo o mundo. Em 2007, esse comitê aprovou nove soluções (HARADA, 2009):
Gerenciamento de riscos associados a medicamentos com aparência ou nome similares;
 Identificação do paciente;
Comunicação durante a passagem de caso do paciente;
Realização do procedimento correto, na parte correta do corpo;
Controle de soluções eletrolíticas concentradas;
Garantia de adequação da medicação em todo o processo de cuidado;
Evitar conexão errada de cateteres e de drenos;
Uso de dispositivo único para injeção;
Melhora da higiene das mãos para prevenir infecções associadas ao cuidado com a saúde.
Estão em desenvolvimento mais cinco soluções: 
Prevenção de queda do paciente; 
Prevenção de úlcera de compressão; 
Resposta à deterioração do quadro do paciente; 
Comunicação de resultados críticos de exames; 
Prevenção de infecção da corrente sanguínea associada a cateter central.
Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) para cinco soluções
Administração de medicamentos concentrados injetáveis; 
Garantia da precisão da medicação na transição do cuidado; 
Comunicação durante a passagem de caso do paciente; 
Melhora da higienização das mãos para prevenir infecções associadas à assistência; 
Realização do procedimento correto no lado correto.
Marco importante na direção de um sistema de saúde seguro foi a criação da rede brasileira de enfermagem e de segurança do paciente, em 2008, com a finalidade de desenvolver articulação e cooperação entre instituições de saúde e de educação e criar programas de âmbito nacional.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS À SAÚDE
A literatura especializada aponta uma longa lista de ferramentas de gestão e melhoria da qualidade. Elas são consideradas úteis na medida em que auxiliam na obtenção e análise dos processos internos, identificando causas, efeitos, testando teorias ou controlando um processo quando a solução para um problema foi implantada. Sua utilização é bastante flexível, isto é, uma mesma ferramenta pode ser usada com diferentes finalidades, sozinha ou associada a outras. 
FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS À SAÚDE
É importante lembrar que as ferramentas usadas na gestão da qualidade são mais úteis quando puderem ser compreendidas não só por médicos ou enfermeiros. Uma vez que a melhoria contínua da qualidade depende do envolvimento de todos os profissionais da instituição de saúde, a gerência deve se preocupar em promover o aprendizado e a difusão dessas informações da maneira mais democrática possível. 
Apresentaremos algumas ferramentas, apontando quando, como e por que são usadas.
Folha de verificação
As folhas de verificação ou checklists são usadas quando se quer conhecer a frequência de certos eventos, durante determinado período de tempo. Essa frequência pode ser verificada em porcentagens ou em graduações progressivas (nunca; às vezes; frequentemente; muitas vezes; sempre), e é importante quando se quer ter um panorama do que está ocorrendo na realidade. Os quadros a seguir demonstram exemplos de utilização dessa ferramenta.
Modelo de folha de verificação de causas de glosa – faturamento pelo convênio
	Causas	Quantidade	Porcentagem
	Ausência de registro de prontuário do procedimento	10	50
	Código do procedimento do convênio não corresponde ao procedimento descrito em prontuário	7	35
	Data de realização do procedimento enviada ao convênio não condiz com o registrado em prontuário	2 	10
	Letra ilegível no prontuário	1 	100
	Total	20	100
Ao fazer o levantamento de causas de glosa de contas hospitalares apresentadas ao convênio utilizando essa ferramenta, fica evidente que 85% das ocorrências estavam relacionadas ao registro incorreto no prontuário.
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