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WBA0308_v1.1 HIGIENE DO TRABALHO I APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert R. S. Júnior Prezado aluno! Começaremos nossos estudos referentes à Higiene do trabalho I abordando o viés histórico, com a Primeira Revolução Industrial como cenário para o surgimento da ciência da higiene ocupacional, época em que houve a massificação dos problemas de segurança e saúde dos trabalhadores, dadas as condições sociais e de trabalho existentes. A partir do referido momento histórico, a higiene ocupacional (sinônimo de higiene no trabalho) cresceu como ciência, tornando-se multidisciplinar, havendo evolução de seu corpus do conhecimento quanto à abordagem dos agentes e fatores de risco relacionados às atividades laborais, principalmente se lesivos à saúde, segurança e bem-estar do trabalhador. Em nosso estudo abordaremos, além dos fundamentos da higiene ocupacional, temáticas que envolvam conceitos, classificação e reconhecimento dos riscos físicos no ambiente de trabalho e sua correlação com os normas NR-09 e NR-15, dando especial atenção aos agentes: térmico, pressões anormais, ruído, vibração e radiações. Serão considerados conceitos, princípios, domínios de atuação da segurança no trabalho de cada um destes agentes e a forma de reconhecimento de suas características essenciais, metodologias e estratégias para que você, futuro profissional de segurança no trabalho, esteja instrumentalizado dos conhecimentos necessários para sua prática profissional. 3 Na parte inicial do estudo serão expostos os cuidados relacionados quanto à medição, abordagem amostral e identificação dos fenômenos da interação do trabalhador com agentes e fatores de risco. A identificação dos agentes e fatores de risco é importante para sua atuação profissional, mas conhecer os parâmetros normativos (limites de tolerância, nível de ação, diferentes graus de intensidade, tempo de exposição etc.) é essencial para garantir ações de tratamento, bloqueio, mitigação e minimização dos efeitos dos riscos ao mesmo tempo em que se promove condições de segurança a favor do bem-estar do trabalhador. É importante salientar que o estudo das temáticas abordadas nesta disciplina não se resume ao conjunto de conhecimentos expostos aqui, pois existe uma constante evolução das normas de segurança e da legislação pertinentes às questões trabalhistas e previdenciárias, somada à constante evolução do conhecimento científico acerca dos temas. Por este motivo, uma das principais habilidades que precisará adquirir para se manter ativo no mercado de trabalho em segurança no trabalho é desenvolver senso de pesquisador, dadas as constantes atualizações que devem ocorrer. INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Fundamentos da higiene do trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 5 DIRETO AO PONTO Higiene ocupacional é sinônimo de higiene industrial e higiene no trabalho, e, essencialmente, objetiva identificar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos do ambiente de trabalho e seus agentes causadores. Dá-se o nome de agentes ambientais ao conjunto de variáveis capazes de influenciar e causar danos à saúde e bem- estar do trabalhador. Grande parte do conhecimento obtido para higiene derivou dos acontecimentos ocorridos durante a Primeira Revolução Industrial, na transformação dos meios de produção e, por conseguinte, a transição do trabalho artesanal para produção em massa dentro das indústrias. O ritmo da máquina subverteria o trabalho artesanal, ocasionando uma condição da fadiga física e mental, pois novas condições ergonômicas e de acidente, decorrentes de mecanismos ágeis para produção e rudimentares em termos de proteção, ocasionaram inúmeros acidentes e geraram doenças osteomusculares, muitas das quais incapacitaram os trabalhadores de forma definitiva ou as doenças adquiridas tinham alto índice de letalidade. Assim como novas metodologias de produção estavam sendo inseridas, houve também a inserção de novos materiais e processos, sem pleno domínio de sua composição química e transformação física, gerando riscos residuais. Nesse contexto, sem suficiente conhecimento e proteção devida ao trabalhador, com o tempo este sentiria os efeitos prejudiciais à saúde. Soma-se a isso as transformações degradantes pelas quais as cidades e as fábricas passaram durante a Primeira Revolução Industrial, cujas condições ambientais tornaram-se insalubres e sem condições para promoção da higiene coletiva, muito em função das dinâmicas sociais, econômicas e culturais à época da transição dos processos 6 produtivos artesanais para o industrial. O meio ambiente do trabalho forneceria, com a Revolução Industrial, todo o arcabouço para estudo de várias ciências, dentre elas a medicina, a ergonomia, o direito, a higiene ocupacional, entre outras, e que hoje correspondem a todo o conhecimento para a prevenção da saúde e segurança no trabalho. No Brasil, a industrialização incipiente acontece após a Primeira Guerra Mundial, mais precisamente entre as décadas de 1930 e 1940, ou seja, de forma tardia se comparada à Primeira Revolução Industrial. Por isso, o “aprendizado” em termos de aparato estatal, legislação e normas aconteceu posteriormente, sendo que as normas regulamentadoras surgiram em 1978, momento de consolidação do parque fabril brasileiro. As Normas Regulamentadoras foram criadas com a Lei Federal n. 6.514 de 1977 (BRASIL, 1977), que primeiramente alterou o Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que versava alguns aspectos referentes à Segurança e Medicina do Trabalho. A aprovação das Normas Regulamentadoras (NRs) efetivamente ocorreu com a Portaria MTB n. 3.214, em 8 de junho de 1978 (BRASIL, 1978). Mas o que são as normas regulamentadoras? São instrumentos legais que referenciam boas práticas e norteiam a prevenção à saúde e bem-estar do trabalhador em relação às condições de trabalho em estabelecimentos e empreendimentos de qualquer natureza em que haja relações trabalhistas. O processo de criação e revisão das normas regulamentadoras segue o fluxo descrito na Figura 1, e qualquer que seja a ação a ser executada, inicia- se diretamente da demanda da sociedade (que pode derivar de lacunas na legislação, mediação de conflitos e entendimentos ou mesmo novas normas para atender a rápida modificação do mercado de trabalho). 7 Figura 1 – Processo de regulamentação e atualização das NRs Fonte: elaborado pelo autor. Um princípio básico de qualquer norma ou legislação está associado ao conflito de interesses e, por este motivo, sua relevância está ligada diretamente à discussão entre as partes envolvidas, empregadores, empregados e governantes (discussão tripartite). Qual a diferença entre as Normas Regulamentadoras (NRs) e as Normas de Higiene Ocupacional (NHOs)? As NRs são instrumentos para o estabelecimento de boas práticas, o que deve ou não ser adotado, ao passo que as NHOs estabelecem critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional aos agentes de risco, e seu surgimento é direcionado a amparar as metodologias de levantamento de dados. Referências BRASIL. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e 8 medicina do trabalho e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1977. BRASIL Ministério da Economia. Portaria MTB n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leisdo Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília: Ministério da Economia, 1978. PARA SABER MAIS A criação e revisão das Normas Regulamentadoras (NRs) e Normas de Higiene Ocupacional (NHO) estão sob a organização do Ministério do Trabalho, com suporte da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat e Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho). A Fundacentro é denominada em homenagem ao fundador, e tem por função básica desenvolver pesquisas e estudos pertinentes à segurança, higiene e medicina do trabalho. Trata- se de uma instituição vinculada ao Ministério do Trabalho e dá assessoria técnica ao Legislativo e ao Executivo Federais para o desenvolvimento de normas de segurança no trabalho. Assim, coordena e promove a formação de profissionais especializados em segurança e saúde na área, de modo a difundir uma política oficial. Por meio da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho (ENIT) e o seu portal na internet podemos acessar os estudos, as proposições do texto-base e os trabalhos de discussões e evolução quanto à mudança de normas das comissões tripartites. A comissão tripartite é citada primeiramente na NR-06, e para isto ampara-se na Portaria MTE n° 59 de 19 de junho de 2008 (BRASIL, 2008). Como futuro profissional de segurança no trabalho, é necessário habituar-se à constante visualização das normas 9 regulamentadoras, pois nos últimos anos intensificaram os trabalhos destas comissões tripartites, no sentido da atualização das normas. A aquisição deste hábito de consulta constante às normas regulamentadoras é essencial, pois a partir delas consiste a elaboração dos instrumentos legais listados a seguir: PCA – Programa de Conservação Auditiva. PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos. LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho. PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário. Referências BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n. 59, de 19 de junho de 2008. Cria a Comissão Nacional Tripartite da NR-06. Brasília: MTE, 2008. TEORIA EM PRÁTICA No início de sua trajetória profissional dentro do ramo da segurança do trabalho, você foi interpelado por um empresário de uma atividade rural, que lhe questionou se tinha a necessidade de implantação de medidas protetivas de saúde e segurança no trabalho em sua propriedade rural, uma vez que a atividade econômica que desenvolve necessitava do apoio de empregados para atingir seus objetivos. Você, hesitante, muito em função de seu início profissional, ficou na dúvida quanto a esta necessidade. Onde procurar a informação? Em que parte das normas poderia 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina respaldar sua resposta? Quais são as obrigações do empregador e do empregado constantes nas normas regulamentadoras? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 A questão dos postos de trabalho suscita muitas dúvidas principalmente no começo profissional, e a leitura deste artigo auxiliará a entender como o transporte coletivo urbano impacta o deslocamento de pessoas, permitindo a acessibilidade e integração de diversas áreas econômicas. O que aparentemente seria restrito ao profissional do transporte, como no caso do artigo de Bermudes, Minette e Cunha (2019), transcende sua função e tem impactos sociais, econômicos, previdenciários e de saúde, o que demandará toda uma rede assistencial do aparato governamental. Entender a metodologia, as variáveis consideradas e incorporar alguns termos usados nos levantamentos e análises de risco fazem parte desta sugestão de leitura. Para acessar o artigo, consulte o parceiro EBSCO na Biblioteca Virtual e busque pelo título do artigo. BERMUDES, W. L.; MINETTE, L. J.; CUNHA, J. R. Avaliação de riscos ocupacionais de motorista de ônibus intermunicipal: um estudo de caso no estado do Pará. Revista SUSTENERE, Rio de Janeiro, v. 7, p. 4-18, jan./jul. 2019. Indicações de leitura 11 Indicação 2 A proposição da leitura do artigo de Marques e Silva Jr. (2015) se dá pela maneira facilitada com que ocorre a delimitação dos grupos homogêneos para fins da abordagem dos ambientes e das funções descritas. A proposição da leitura também se dá para o entendimento de estudo transversal analítico, que é uma metodologia definida por pesquisa observacional, na qual se analisa dados coletados ao longo de um período de tempo, podendo ser uma população amostral ou em um subconjunto predefinido. Outro ponto a se destacar é que o artigo faz uso de metodologia e instrumentos que auxiliam na identificação das condições ergonômicas, e para isto foi realizada uma avaliação ergonômica dos postos de trabalho com aplicação da ferramenta OWAS (Ovako Working posture Assessment System). Essa ferramenta não é a única, mas é importante observar o motivo pelos quais os autores fizeram a opção por esta. Para acessar o artigo, consulte o parceiro EBSCO na Biblioteca Virtual e busque pelo título do artigo. MARQUES, G. M.; SILVA-JUNIOR, J. S. Síndrome do manguito rotador em trabalhadores de linha de montagem de caminhões. Cad. Saúde Colet., [online], v. 23, n. 3, p. 323-329, 2015. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em 12 Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. A Revolução Industrial Inglesa (Primeira Revolução Industrial) ocorreu na segunda metade do século XVIII e, segundo os relatos históricos, marcou a humanidade pela transformação da produção artesanal para manufatura industrial, na qual a máquina a vapor permitiu aumento vertiginoso da produtividade e dos processos de manufatura. Por isso, é considerada uma das conquistas quanto à evolução tecnológica, entretanto, a saúde e segurança do trabalhador ficou subjugada ao “ritmo” da máquina. Muitas destas evoluções tecnológicas geraram impactos imediatos ao trabalhador, além dos impactos sociais, econômicos e sobre a saúde pública, por isso, é neste momento da história que boa parte dos fundamentos da higiene do trabalho surgiram. Com base no conhecimento obtido, complete as lacunas: A ___________ configura-se como uma __________ e visa __________, reconhecer, avaliar e controlar _____________, de modo a evitar ______________. Indique a alternativa que contenha os termos que melhor se encaixam nas lacunas: a. Higiene hospitalar; Organização; Antecipar; Dados; Doenças ocupacionais. b. Higiene hospitalar; Organização; Postergar; Agentes de risco; Doenças ocupacionais. c. Higiene ocupacional; Ciência; Antecipar; Agentes de risco; Doenças ocupacionais. 13 d. Higiene urbana; Organização; Mediar; Agentes de risco; Doenças ocupacionais. e. Higiene ocupacional; Arte; Postergar; Agentes de risco; Condições ambientais adequadas. 2. São instrumentos legais que referenciam as boas práticas e norteiam a prevenção à saúde e bem-estar do trabalhador em relação às condições de trabalho em estabelecimentos e empreendimentos de qualquer natureza em que haja relações trabalhistas. Assinale a alternativa a que se refere o texto da questão: a. Normas regulamentadoras. b. Agentes de risco. c. Constituição Federal. d. Higiene ocupacional. e. Embargo e interdição. GABARITO Questão 1–Resposta C Resolução: Para que o texto tenha coerência dentro do contexto apresentado no enunciado e no que foi estudado até agora, a alternativa correta é a que contém os termos: higiene ocupacional, ciência, antecipar, agentes de risco,doenças ocupacionais. A higiene ocupacional configura- se como uma ciência e visa antecipar, reconhecer, avaliar e controlar agentes de risco, de modo a evitar doenças ocupacionais. 14 Questão 2–Resposta A Resolução: As normas regulamentadoras são instrumentos legais que referenciam boas práticas e norteiam a prevenção à saúde e bem-estar do trabalhador em relação às condições de trabalho em estabelecimentos e empreendimentos de qualquer natureza em que haja relações trabalhistas. TEMA 2 Agentes ambientais do trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 16 DIRETO AO PONTO As normas NR-9 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos (BRASIL, 2020b) e NR-15 – Atividades e operações insalubres (BRASIL, 2019) são essenciais para sua prática profissional, e alguns cuidados e nuances normativas devem estar corretamente fixados. A classificação dos riscos é um item importante e está disposto na Figura 1: Figura 1 – Agentes de riscos quantificáveis e qualificáveis Fonte: elaborada pelo autor. Perigo é algo inerente à natureza da fonte, já o risco é um processo de interação, normalmente associa-se a ação ativa ou passiva pelo qual pode ser amortizado. Os riscos podem evoluir a uma doença laboral ou incômodo ao bem-estar do trabalhador. A Figura 2 demonstra a relação entre perigo, interação e o risco: 17 Figura 2 – Relação perigo / interação / risco Fonte: elaborada pelo autor. A relação entre a NR-9 (BRASIL, 2020b) e a NR-15 (BRASIL, 2019) é direta, enquanto a primeira direciona a obrigatoriedade de quais riscos devem ser relatados, a segunda fornece os parâmetros, níveis de ação e limites de exposição. Quanto ao item 9.6.1 da NR- 15 (BRASIL, 2019), podemos extrair dois conceitos essenciais: • Limite de tolerância: descrito na NR-15 como a intensidade ou concentração na qual se observa a exposição máxima relacionada à natureza da fonte e tempo de exposição, de modo que não cause danos à saúde dos trabalhadores expostos no transcorrer de sua vida laboral (BRASIL, 2019). • Nível de ação: deriva do conceito da Norma de Higiene Ocupacional 1 - NHO 1* - relaciona o valor acima do qual iniciam-se ações preventivas que minimizem a probabilidade à exposição de agentes ambientais que ultrapassam os limites de exposição (GIAMPAOLI et al., 2001). Alguns pontos devem ser observados em relação a esses dois conceitos. Primeiramente, nem todo agente tem limite de tolerância (umidade, por exemplo), esse conceito se aplica somente aos quantificáveis. A condição destes limites de tolerância considera a jornada de trabalho (8 horas) e um 18 problema é que a NR-15 (BRASIL, 2019) direciona ao risco em si e suas variáveis, mas não dá parâmetros atualizados das consequências ao corpo humano, tampouco demostra metodologias capazes de identificar as suscetibilidades individuais, repassando a responsabilidade para o PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (NR-7) (BRASIL, 2020a). Transposto o limite de tolerância, o trabalhador adquire o direito à insalubridade. No entanto, o PGR não é o instrumento que determinará a aplicação deste direto, embora possa identificar a condição insalubre, documentalmente, precisa ser confirmado pela execução de um laudo de insalubridade. Atividades insalubres são atividades nas quais os trabalhadores ficam expostos aos agentes nocivos em função da concentração, intensidade e exposição, em valor superior aos limites de tolerância normativamente estabelecidos. Juridicamente, somente serão consideradas as que estiverem devidamente listadas na NR- 15 ou normas referenciadas por esta. Uma analogia possível quanto à insalubridade é de um “copo”, que pode ser visualizado na Figura 3, no qual o conteúdo é colocado até que transborde. O meio do copo seria o ponto no qual o nível de ação para mitigação do risco seria satisfatório, bem antes do copo transbordar (parte verde), a partir deste ponto, nos aproximaríamos do limite de tolerância (parte amarela), na qual as ações de mitigação já se tornariam mais onerosas, já que a intensidade seria maior, logo, ações mais especializadas seriam necessárias, e uma vez ultrapassado tal limite a insalubridade seria instalada. 19 Figura 3 – Nível de ação, limite de tolerância e insalubridade Fonte: elaborada pelo autor. Nem todos os limites de tolerância estão descritos na NR-15 (BRASIL, 2019), por este motivo, a NR-9 (BRASIL, 2020b) sugere os parâmetros da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) ou Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, sediada nos Estados Unidos. Isso ocorre pois a NR-15 (BRASIL, 2019) se baseia nas normas da ACGIH, mas estas derivam de parâmetros de 1976, ao passo que a ACGIH é constantemente revisada e por isto possui parâmetros mais atualizados em pesquisas mais recentes. Referências BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-07 – Programa de controle médico de saúde ocupacional. Brasília, DF: MTPS, 2020a. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, DF: MTPS, 2020b. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-15 – Atividades e operações insalubres. Brasília, DF: MTPS, 2019. GIAMPAOLI, E. et al. NHO 1 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego; Fundacentro, 2001. 20 LEIDEL, N. A.; BUSCH, K. A.; LYNCH, J. R. Occupational Expusure Sampling strategy Manual. DHHS (NIOSH), Ohio, n. 77-173, jan. 1977. PARA SABER MAIS As normas da ACGIH são referência quanto aos limites de exposição ocupacional, em especial às substâncias químicas, agentes físicos e índices de exposição biológicos adotados. São referências internacionais e servem de parâmetros para países cujas normas ainda se encontram em evolução, como é o caso do Brasil. No que se refere aos produtos químicos, dentre as principais contribuições da ACGIH está a determinação do TLV - Threshold Limit Value (valor limite). É esse limite sob o qual acredita-se que a maioria dos trabalhadores poderia estar exposta sem danos à sua saúde e bem-estar. Além desses limites, em suas notações, faz referência a quais substâncias e subclassifica quanto aos efeitos no corpo humano. A Figura 4 exemplifica esses limites. Figura 4 - Limites previstos na ACGIH Fonte: elaborada pelo autor. 21 TEORIA EM PRÁTICA Você foi acionado para fazer uma consultoria em segurança no trabalho em uma empresa metalúrgica que foi acionada em uma demanda judicial trabalhista. O demandante alegava ter direito à insalubridade, pois, em sua percepção, os níveis de ruído aos quais estava submetido enquanto trabalhava na empresa lhe causavam transtornos auditivos (dores), primeiro pela intensidade e depois pelo tempo de exposição, mesmo com o uso de equipamentos de proteção individual – EPIs. Acontece, que mais de um trabalhador alegou a mesma coisa. Nesse sentido, o dono da empresa questiona: se o Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) elaborado por outro profissional não indicou a condição, o PGR pode estar errado na abordagem desse risco ambiental? Como fazer a verificação correta desse aspecto? Há como gerar alguma prova de valor judicial para contrapor a reclamação trabalhista? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Estamos em pleno processo de revisão das normativas relacionadas ao trabalho e mais recentemente novos textos foram aprovados para as normas regulamentadoras, inclusive Indicações de leitura 22 com a mudança de nomenclaturas, como a NR-9 – Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), que substituiu oPrograma de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Por esse motivo, é interessante se habituar à consulta sistemática ao site da Escola Nacional da Inspeção do Trabalho (ENIT), começando pela NR-9. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-01 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: MTPS, 2020. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, DF: MTPS, 2020. Indicação 2 O artigo indicado demonstra, mesmo que de maneira indireta, a importância do PPRA, atualmente denominado PGR (Programa de Gerenciamento de Risco), e do PCMSO dentro das empresas, visto que a abordagem epidemiológica demonstra impacto na saúde pública. A ausência de políticas mais contundentes de prevenção à saúde e segurança no trabalho e de fiscalização pode levar à sobrecarga do aparato estatal (previdência, saúde e segurança), e, nesse caso, o maior prejudicado é o trabalhador. CAZARIN, G.; AUGUSTO, L. G. S.; MELO, R. A. M. Doenças hematológicas e situações de risco ambiental: a importância do registro para a vigilância epidemiológica. Rev. Bras. Epidemiol., [online], v. 10, n. 3, p. 380-390, 2007. 23 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Agentes ocupacionais são agentes que podem causar danos à saúde do trabalhador. Entender a necessidade da identificação e controle dos agentes de risco é de suma importância, uma vez que a elaboração de documentos como o Mapa de Riscos e o PGR requerem conhecimento específico destes agentes. Para tanto, é necessário ter domínio sobre os conceitos relacionados abaixo. Correlacione as colunas e indique a alternativa correta: 1. Agentes físicos A. Qualquer tipo de substância, compostos ou produtos químicos que possam penetrar nas mucosas, pele ou vias respiratórias. 2. Agentes químicos B. Entram nesta classificação qualquer tipo de energia, e tem como principal característica a possibilidade de ser mensurado com unidades de medidas. 24 3. Agentes Biológicos C. Associados ao meio e interação com o corpo humano. 4. Ergonômico D. Micro-organismos de qualquer natureza ou agentes transmissores/ portadores destes. 5. de Acidentes E. Associados à biomecânica do corpo humano. a. 1-C; 2-B; 3-D; 4-E; 5-A. b. 1-A; 2-B; 3-D; 4-E; 5-C. c. 1-B; 2-A; 3-D; 4-E; 5-C. d. 1-C; 2-D; 3-B; 4-E; 5-A. e. 1-B; 2-D; 3-C; 4-E; 5-A. 2. Para os fins da ___________________, considera-se o nível de ação o valor ___________________ do qual devem ser iniciadas as ações ___________________, de forma a ___________________ a ___________________ de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. Indique a alternativa que contenha as palavras que permitem a coerência do texto em relação ao assunto abordado: a. NR-9; Abaixo; Preventivas; Maximizar; Certeza. b. NR-15; Acima; Preventivas; Mediar; Probabilidade. c. NR-15; Abaixo; Corretivas; Maximizar; Certeza. 25 d. NR-9; Acima; Preventivas; Minimizar; Probabilidade. e. NR-9; Acima; Corretivas; Mediar; Probabilidade. GABARITO Questão 1–Resposta C Resolução: A correta correlação dos termos e seus significados fica melhor colocado se correlacionado conforme descrito a seguir: Agentes físicos: entram nesta classificação qualquer tipo de energia, e tem como principal característica a possibilidade de ser mensurado com unidades de medidas. Agentes químicos: qualquer tipo de substância, compostos ou produtos químicos que possam penetrar nas mucosas, pele ou vias respiratórias. Agentes biológicos: micro-organismos de qualquer natureza ou agentes transmissores/portadores destes. Ergonômico: associados à biomecânica do corpo humano. de Acidentes: associados ao meio e interação com o corpo humano. Questão 2–Resposta D Resolução: O texto se alinha com a norma de referência quando se colocados nas lacunas os seguintes termos: “Para os fins da NR-9, considera-se o nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas as ações preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites 26 de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico”. TEMA 3 Avaliação Ocupacional do Calor ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 28 DIRETO AO PONTO A avaliação do agente calor toma por base a temperatura aferida por IBUTG, que se referência ao Anexo nº 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor da NR-15 – atividades e operações insalubres. Acessória a estas normas, podemos fazer uso da ISO/ DIS 7726 - Ergonomia do ambiente térmico - Instrumentos para medir quantidades físicas (ISO,1998), que nos auxilia quanto às características dos instrumentos de medição. O medidor de stress térmico, ou medidor índice de IBUTG, é usado para medição dos parâmetros ligados ao calor, e conjuga os sensores bulbo seco, úmido e globo. Por meio deste conjunto de sensores podemos obter os parâmetros ambientais de temperatura, cuja escala de medição da temperatura do ar é entre 10 °C a 60 °C e sua precisão deve ser de ± 1 °C. A finalidade do termômetro de bulbo úmido (TBUn) é captar a influência da ventilação e é fornecida por um pavio limpo, sem detritos, embebido com água destilada. A finalidade do termômetro de globo (TG) é medir o calor radiante existente no ambiente de trabalho, ou seja, a junção de todos os “vetores” de calor emitidos pelo ambiente e sua influência sobre o corpo. Para se medir o stress térmico, utiliza-se a estimativa da taxa metabólica, que é a quantidade de calor produzida pelo organismo, ou seja, é a energia metabólica no desempenho das atividades laborais e que, segundo a ISO 8996, é obtida pelo consumo de oxigênio do trabalhador ou pela estimativa de taxas referenciadas em função das atividades, em tabelas contidas nas normas. 29 Por situação térmica entende-se cada parte do ciclo de sobrecarga térmica a que o trabalhador está exposto ao calor. Pode ser considerada estável a taxa metabólica média (média ponderada no tempo das taxas metabólicas em um intervalo de 60 minutos). O conceito de IBUTG médio é a relação de média ponderada no tempo dos valores obtidos pelo equipamento em um intervalo de 60 minutos. Para a abordagem do índice de IBUTG, considerando o Anexo 3 da NR-15 e a NHO 6 e os critérios de avaliação da exposição ocupacional ao calor adotado pela presente norma, tem-se por base o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) relacionado à Taxa Metabólica (M). Primeiramente abordaremos Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) pelas expressões indicadas no Quadro 1: Quadro 1 – Expressões para cálculo do IBTUG Ambientes internos ou externos sem carga solar IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural, tg = temperatura de globo, tbs = temperatura de bulbo seco (somente usado quando tiver carga solar). Fonte: adaptado de NR-15 (BRASIL, 1978a). As expressões do Quadro 1 são para ambientes homogêneos, nos quais as fontes de calor possuem as mesmas características. Já em ambientes heterogêneos, ou seja, em ambientes em que o trabalhador estejasujeito à ocorrência de stress térmico e que os valores obtidos não sejam constantes ao redor do trabalhador 30 mais vulnerável, é necessário balizar ao que recomenda a ISO 7726 (ISO,1998). A sugestão é que sejam feitas ao menos três coletas de dados em quatro posições diferentes, considerando as seguintes situações: 1) Para pessoas em pé: a 0,1 m do piso, a 1,1 m do piso e a 1,7 m do piso. 2) Para pessoas sentadas: a 0,1 m do piso, a 0,6 m do piso e a 1,1 m do piso. E com base nos dados, o IBUTG médio é então calculado pela seguinte expressão ponderada: É importante considerar que todos os parâmetros descritos pelas NR-15 (BRASIL, 1978a) estão considerando jornadas legalmente consideradas (8 horas), e que os Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente, referenciam-se em 60 minutos, já que os gastos calóricos estão tabelados na NHO 6 e no Anexo 3 da NR-15. Ao se ter mais de uma situação térmica, é necessário a obtenção do IBUTG médio, considerando os tempos parciais de cada situação térmica conforme indicado na Equação 2: O mesmo raciocínio deve ser feito para a obtenção da taxa metabólica média, na ponderação dos tempos parciais e nas respectivas situações térmicas a que faz referência, conforme indicado na Equação 3: 31 Segundo o item 2.3 do Anexo 3 da NR-15: São caracterizadas como insalubres as atividades ou operações realizadas em ambientes fechados ou ambientes com fonte artificial de calor sempre que o IBUTG (médio) medido ultrapassar os limites de exposição ocupacional estabelecidos com base no Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo apresentados no Quadro 1 ( IBUTG máximo, ponderado pela) e determinados a partir da taxa metabólica das atividades, apresentadas no Quadro 2 ambos deste anexo. Para mais de uma situação térmica, o procedimento deve ser feito a uma ponderação de IBUTG médio e Taxa Metabólica Média (W), pelas fórmulas informadas anteriormente. Para IBUTG médio, identificar os ciclos parciais e respectivos tempos, e ponderar para 60 minutos. Para Taxa Metabólica Média (W), o procedimento é equivalente quanto à consideração dos tempos parciais, e as taxas metabólicas parciais (consultada no Quadro 2) também devem ser ponderadas por 60 minutos. Somente depois de feito isto é que se recorre ao Quadro 2 do Anexo 3 da NR-15, e se compara se o IBUTG obtido é menor que o valor máximo da tabela, sendo menor é salubre, sendo maior, insalubre. Quadro 2 - Taxa metabólica por tipo de atividade (exemplificação, completa consultar norma) Atividade Taxa metabólica (W) Sentado Em repouso 100 Trabalho leve com as mãos 126 32 Trabalho moderado com as mãos 153 Trabalho pesado com as mãos 171 Trabalho leve com um braço 162 Trabalho moderado com um braço 198 Continua (...) – consultar norma Em pé, agachado ou ajoelhado Em repouso 126 Trabalho leve com as mãos 153 Trabalho moderado com as mãos 180 Continua (...) – consultar norma Fonte: anexo 3 da NR-15. Referências International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padronização). ISO 7726:1998 Ergonomics of the thermal environment — Instruments for measuring physical quantities, Technical Committee: ISO/TC 159/SC 5 Ergonomics of the physical environment. 1998- 10, 2 ed., 51 p., Genebra, 1988. International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padronização). ISO 8996:2004 Ergonomics of the thermal environment — Determination of metabolic rate. Technical Committee: ISO/ TC 159/SC 5 Ergonomics of the physical environment. 2004-10, 2. ed., 24 p., Genebra, 2004. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora Nº 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978b. Publicação D.O.U. 06/07/78. 33 GIAMPAOLI, E.; SAAD, I. F. de S. D.; DA CUNHA, I. Â.; SHIBUYA, E. K. NHO 06 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor: Procedimento técnico. Fundacentro. 48 p. 2. ed. Fundacentro, 2017. São Paulo, 2001. PARA SABER MAIS A metodologia de cálculo dos índices de IBUTG pode num primeiro momento assustar, e a dificuldade aparece se não forem bem identificados os ciclos de trabalho dentro de 60 minutos. Exemplo, se um trabalhador exerce duas atividades, sendo que a atividade A dura 10 minutos e a atividade B dura 5 minutos, quanto ciclos de cada atividade temos para se perfazer 60 minutos? Temos que o ciclo total A+B = 15 minutos, em uma hora poderíamos encaixar 4 ciclos dentro de 60 minutos. Se olharmos com atenção os parâmetros contidos no Anexo 3 da NR-15, estão referenciados em 60 minutos/ 1 hora, e por este motivo a necessidade desta conversão, pois as taxas metabólicas estão relatadas em Kcal/h (quilocaloria por hora). TEORIA EM PRÁTICA Você, novato na profissão, foi convidado por um profissional mais antigo a ajudá-lo na finalização de alguns laudos que estavam atrasados, mas que os levantamentos haviam sido feitos. O caso que este profissional lhe apresentou se relacionava a uma metalúrgica e o ambiente avaliado possuía fornos de fundição, em ambiente fechado (sem radiação solar), e no qual foram levantados pelos menos três ciclos de trabalho 34 1. No ciclo A o metalúrgico pega lingotes (10 Kg) de latão ao nível da boca do forno (nível da cintura) e abastece o forno para derretimento, duração: 2 minutos. 2. O ciclo B consistia no derretimento da barra, duração de 10 min, no entanto o trabalhador tinha obrigações administrativas do controle do estoque digitando no computador, e ficava sentado em uma mesa, em outro ambiente, escritório, separado do ambiente dos fornos. 3. No ciclo C, ao nível da boca do forno era feita a coleta do latão líquido e derramamento por uma concha do latão derretido na coquilha (forma), e disforma numa plataforma colocada ao lado do forno. Duração 3 minutos. Quadro 3 - Dados do exercício ciclo A Tbn= 40 °C Tg = 28 °C ciclo B Tbn= 28 °C Tg = 23 °C ciclo C Tbn= 40 °C Tg = 29 °C Fonte: elaborado pelo autor. O profissional, já vislumbrando a sua contratação, lhe questionou: 1. Qual expressão você deveria usar e por quê? 2. Quantos ciclos de trabalho e de descanso são possíveis identificar dentro de uma hora (60 minutos)? 3. Para quantos locais devem ser feitos os cálculos e como? 4. Como calcular o IBUTG médio? 5. Como considerar o metabolismo ponderado para cada ciclo (dica: enquadrar Quadro 2, Anexo 3, da NR-15)? 35 6. E, por fim, o profissional que quer lhe contratar pede para concluir o laudo e justificar o motivo pelo qual o trabalhador pode ou não estar enquadrado em condição de insalubridade. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Como o próprio resumo do artigo sugere, é uma abordagem de exposição ao calor em atividades a céu aberto em um canteiro de obra relacionada à construção civil pela metodologia de IBUTG. Com base na referência bibliografia abaixo buscar em sites de busca na internet ou biblioteca digital o texto indicado abaixo para o desenvolvimento do estudo: AMORIM, A. E. B.; LABAKI, L. C.; MAIA, P. A.; BARROS, T. M. S.; MONTEIRO, L. R. Exposição ocupacional ao calor em atividades a céu aberto na construção de estruturas de edifícios. Revista Ambient. constr., v. 20, n.1, Porto Alegre, jan./mar. 2020. Indicação 2 Este artigo mostra a metodologia adotada para abordagem de condições ambientais relacionadas ao trabalhador rural incluindo seus aspectos de saúde. Com basena referência bibliografia Indicações de leitura 36 abaixo buscar em sites de busca na internet ou biblioteca digital o texto indicado abaixo para o desenvolvimento do estudo: ROSCANI, R. C.; MAIA, P. A.; MONTEIRO, M. I. Sobrecarga térmica em áreas rurais: a influência da intensidade do trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. Versão impressa ISSN 0303- 7657. Versão On-line ISSN 2317-6369. V. 44, São Paulo, 2019. ePUB nov. 11, 2019. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. ___________ é uma medida estatística do nível de _________ entre __________, relacionado com o deslocamento da energia __________ de um átomo ou molécula. Em Física, a temperatura está relacionada com a energia interna de um sistema _________. A temperatura costuma ser medida por um termômetro e indica o grau de intensidade do calor em um determinado território. Fonte: adaptado site Significados. “Significado de Temperatura”. 37 Indique a alternativa cujos termos completam o trecho de forma coerente ao que foi estudado. a. Resfriamento; Estabilidade; Corpos; Tangencial; Hemodinâmico. b. Temperatura; Agitação; Moléculas; Cinética; Termodinâmico. c. Aquecimento; Estabilidade; Gases; Rotacional; Termodinâmico. d. Temperatura; Agitação; Moléculas; Potencial; Termodinâmico. e. Temperatura; Agitação; Moléculas; Mecânica; Hemodinâmico. 2. O ser humano, em suas operações de sobrevivência existe já um gasto _____________, que aqui chamaremos de metabolismo _________________, ou seja, independentemente de sua condição de atividade, até mesmo em repouso, necessitará para manter as ______________ (respiração, movimento do corpo etc.). Quando em atividade laboral daremos o nome de metabolismo __________________, que é a energia que o corpo humano exigirá para desenvolver suas atividades, e _________________ será este quanto _________________ forem as amplitudes de movimentos e o uso de sua estrutura osteomuscular. Indique quais das alternativas abaixo completa corretamente as lacunas: 38 a. Mecânico; Basal; Funções somente de respiração; De trabalho; Menor; Maiores. b. Energético; De trabalho; Funções somente cardiovasculares; Basal; Menor; Maiores. c. Mecânico; Basal; Funções vitais; De trabalho; Menor; Maiores. d. Energético; Basal; Funções vitais; De trabalho; Maior; Maiores. e. Energético; De trabalho; Funções vitais; Basal; Maior; Maiores. GABARITO Questão 1–Resposta B Resolução: Temperatura é uma medida estatística do nível de agitação entre moléculas, relacionado com o deslocamento da energia cinética de um átomo ou molécula. Em Física, a temperatura está relacionada com a energia interna de um sistema termodinâmico. A temperatura costuma ser medida por um termômetro e indica o grau de intensidade do calor em um determinado território. Questão 2–Resposta D Resolução: O ser humano, em suas operações de sobrevivência existe já um gasto energético, que aqui chamaremos de metabolismo basal, ou seja, independentemente de sua condição de atividade, até mesmo em repouso, necessitará para manter as funções vitais (respiração, movimento do corpo etc.). Quando em 39 atividade laboral daremos o nome de metabolismo de trabalho, que é a energia que o corpo humano exigirá para desenvolver suas atividades, e maior será este quanto maiores forem as amplitudes de movimentos e o uso de sua estrutura osteomuscular. TEMA 4 Trabalho em pressões anormais ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 41 DIRETO AO PONTO A abordagem de requisitos normativos relativos às pressões anormais em segurança no trabalho ainda é pouco explorada, por se tratar de atividades econômicas muito específicas, como, por exemplo, trabalhos que usam ar comprimido para pressurização de ambientes (construção civil, por exemplo) e atividades ligadas ao mergulho. O ponto crucial para entendimento do conjunto de tabelas e demais requisitos da norma relaciona-se primeiramente à composição do ar que respiramos: 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% relativo a demais gases. Quando o oxigênio se encontra em níveis inferiores a 19,5%, criam-se condições para que o nitrogênio interaja com o processo de respiração celular e também tenha sua acumulação em alguns tecidos do corpo humano, tornando-se agente asfixiante ou letal para o trabalhador que esteja sob trabalhos em pressão anormais. O Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) é a parte das normas regulamentadoras que faz referência a este tipo de agente de risco e, em seu escopo, consta tipos de trabalhos mais comuns, dentro da realidade do mercado brasileiro, focando seu conteúdo e requisitos normativos em trabalhos relacionados às condições hiperbáricas. Não há menção de requisitos normativos para condições hipobáricas. Essencialmente, são dois parâmetros do Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) que você precisa ter domínio: profundidade e pressão. Percebe-se, no entanto, pelas próprias condições e variáveis envolvidas, uma dedicação diferenciada deste anexo na exposição dos requisitos de segurança que se relacionam ao uso do ar comprimido e aos trabalhos de mergulho, sendo grande parte da norma dedicado a este segundo. Esta diferenciação se dá pela 42 complexidade e variação dos equipamentos envolvidos e em função das profundidades que são atingidas por estes trabalhos. O Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) sugere que a abordagem de requisitos de segurança seja observada segundo um raciocínio metodológico, cujos itens são listados na Figura 1: planejamento, preparação, execução e procedimentos de emergência. Figura 1 - Trabalho em pressões anormais Fonte: adaptado de Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a). 43 Os trabalhos em pressões anormais, segundo o Anexo 6 da NR- 15 (BRASIL, 1978a), devem observar requisitos peculiares do local e do tipo de atividade, acompanhando raciocínio metodológico sugerido pela norma, e especial atenção é necessária para os registros dos processos em todas as fases, além de requisitos de segurança aplicados, é necessário cuidado com a parte documental. Referências BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Anexo 6 da Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78. BRASIL. Decreto n. 3.048 - Aprova o Regulamento da Previdência Social e dá outras providências, de 6 de maio de 1999. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. PARA SABER MAIS O Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) considera especialmente o controle completo das condições de saúde do trabalhador, com exames regulares, antes, durante e depois dos processos de descida, onde ocorre a compressão, e de subida, onde ocorre a descompressão. A atuação de uma equipe de acompanhamento e o registro documental irão amparar os processos decisórios da medicina do trabalho quanto à liberação da atividade (condições prévias da saúde do trabalhador), observância dos efeitos à saúde do trabalhador e mesmo na recuperação (quando for o caso) do trabalhador exposto a condições hiperbáricas. Este controle sistêmico e documental é requisito obrigatório segundo o Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a), e visa permitir rastreabilidade, já que os efeitos podem ser imediatos, mas 44 também decorrente de consecutivas “doses”, logo, se manifestam no tempo. Tamanha é a importância desta rastreabilidade, que o Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) dispõe de um conjuntode tabelas e gráficos, usados especificamente pela medicina no trabalho, para tratamento do trabalhador no processo de recuperação de doenças descompressivas. Outro ponto a se observar, segundo o Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a), independentemente dos parâmetros e condições de trabalho, é a aplicação do adicional de insalubridade em grau máximo, e por força de lei o trabalhador tem o direito à aposentadoria especial após 25 anos de atividade laboral em pressões anormais conforme Decreto Federal n. 3048/99 – Anexo IV (BRASIL, 1999). TEORIA EM PRÁTICA Em um determinado dia de trabalho, o engenheiro de segurança responsável por um trabalho relacionado à escavação não compareceu por motivos particulares. Seu superior imediato solicitou, em função de sua formação na área de segurança do trabalho, que você orientasse os profissionais designados para realizar a tarefa de escavação de um tubulão. Como já estavam em pleno processo e as características dos trabalhos já eram conhecidas, lhe adiantaram que a operação em termos de tempo duraria cinco horas e a pressão de trabalho seria de 1,7 kgf/cm2. Como nenhum dos trabalhadores está habituado com o Anexo 6 da NR-15, lhe fizeram as seguintes perguntas: Qual tabela devemos utilizar? 45 Quantos são os estágios de descompressão e as pressões de referência? Em quanto tempo o trabalhador deverá ser retirado da campânula? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O presente artigo faz um estudo de caso de uma patologia denominada “barotrauma ocular bilateral” decorrente de atividade de mergulho autônomo, e é interessante sua leitura pois retoma alguns conceitos de física. Além disso, mostra os cuidados que devem ser adotados na execução do trabalho de mergulho, além de permitir a compreensão de algumas fisiopatogenias típicas para este tipo de atividade. Busque na internet na base Scielo o artigo pelo título: DE SÁ , M. F. A.; RODRIGUES, M. P. M.; MENDONÇA, R. C. de; DE SÁ, J. C. A. Relato de caso: barotrauma ocular durante mergulho autônomo. Revista Brasileira de Oftalmologia, versão impressa, ISS 0034-7280, Rev. bras. oftalmol., v. 70, n. 6, Rio de Janeiro, nov./Ddz. 2011. Indicações de leitura 46 Indicação 2 O presente artigo é um estudo de caso relacionado a doenças ligadas à variação de pressão e relata a ocorrência de “barotrauma da orelha média” ou “barotite média (BM)”, que consiste na inflamação traumática aguda ou crônica causada por alterações da pressão atmosférica que normalmente ocorre em tripulantes de aeronaves, em função das condições de pressurização e despressurização típicas de aeronaves. Busque na internet na base Scielo o artigo pelo título: BASTOS, A. G. D.; SOUZA, A. T. C. L. de. Barotite média em tripulantes da aviação civil. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Versão impressa ISSN 0034-7299. Rev. Bras. Otorrinolaringol., v. 70, n.1, São Paulo, jan./fev. 2004. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O ar atmosférico se constitui por uma mistura de elemento químicos em forma de gás e essencialmente na sua maior composição é possível identificar diversos gases, dentre eles 47 o nitrogênio, oxigênio, gás carbônico e gases nobres (argônio (Ar), neônio (Ne), radônio (Rn), hélio (He), criptônio (Kr) e xenônio (Xe)). Além dos gases, compõe o ar atmosférico o vapor d´água, mas sua quantidade e características decorrem de fatores como clima, temperatura e características de localização. Pelo que foi estudado até o momento, qual é o gás que devemos monitorar durante operações hiperbáricas e os limites de percentual mínimo para que o trabalhador não tenha consequências sobre as atividades vitais e não esteja submetido a traumas decorrentes da variação bárica? a. Nitrogênio a 68%. b. Criptônio a 1%. c. Oxigênio a 22%. d. Oxigênio a 19,5%. e. Nitrogênio a 22%. 2. No desenvolvimento de atividades em pressões anormais é essencial o atendimento de todos os requisitos descritos no Anexo 6 da NR-15, especificamente para trabalho em tubulões, previamente é determinado que o trabalhador não poderá sofrer mais de uma descompressão em um período específico mínimo de _________ e não pode exceder uma pressão de trabalho superior a _____________. De acordo com a norma, quais são respectivamente este período (intervalo mínimo) e pressão limite? a. 8 horas e 1,4 kgf/cm2. b. 24 horas e 3,4 kgf/cm2. c. 4 horas e 2,6 kgf/cm2. d. 16 horas e 3,4 kgf/cm2. e. 24 horas e 2,4 kgf/cm2. 48 GABARITO Questão 1–Resposta D Resolução: O ponto crucial para entendimento do conjunto de tabelas e demais requisitos da norma está relacionado à composição do ar que respiramos, pois em conjunto estão presentes nele o oxigênio, nitrogênio e demais gases, representando respectivamente 21%, 78% e 1%, em que o primeiro pode, em níveis inferiores a 19,5%, criar condições para que o nitrogênio interaja com o processo de respiração celular ou mesmo adentre em tecidos, tornando-se agente asfixiante ou letal para o trabalhador que esteja sob trabalhos em pressão anormais. Questão 2–Resposta B Resolução: Conforme disposto nos itens do Anexo 6 da NR-15: 1.3.2 O trabalhador não poderá sofrer mais que uma compressão num período de 24 (vinte e quatro) horas. 1.3.3 Durante o transcorrer dos trabalhos sob ar comprimido, nenhuma pessoa poderá ser exposta à pressão superior a 3,4 kgf/cm2, exceto em caso de emergência ou durante tratamento em câmara de recompressão, sob supervisão direta do médico responsável. 49 TEMA 5 Ruído e a saúde do trabalhador ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 50 DIRETO AO PONTO O ruído/som no ambiente de trabalho, dependendo da intensidade e tempo de exposição, geram efeitos diretos na saúde do trabalhador, como a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que pode ser parcial ou permanente a depender se a lesão for mecânica/condutiva ou neurológica. Associam-se também outros efeitos como a perda da produtividade, estresse, irritação, cansaço, entre outros efeitos de ordem psicológica. Toma-se por referência, no Brasil, para fins de identificação do risco ruído e discussão da insalubridade, os parâmetros contidos nos anexos 1 e 2 da NR-15 (BRASIL, 1978a), que tratam de “limites de tolerância para ruído contínuo e intermitente” e “limites de tolerância para limites para ruídos de impacto”, e normas referenciadas por estas. A Norma de Higiene Ocupacional de número 1 (Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído) NHO 1 (GIAMPAOLI, 2001) é complementar aos anexos 1 e 2 da NR- 15 (BRASIL, 1978a), versando procedimentos técnicos quanto à Avaliação de Exposição Ocupacional ao Ruído. Assim, os anexos 1 e 2 da NR-15 (BRASIL, 1978a) citam: • Ruído contínuo ou intermitente: aquele que não é ruído de impacto. • Ruído de impacto: com duração inferior a um segundo, em intervalos superiores a um segundo. A diferenciação dos tipos de ruído é feita pela frequência, e para isto, os anexos 1 e 2 (BRASIL, 1978a) citam as Curvas de Compensação ou Ponderação (Circuito A, B, C e D). Os aparelhos de mediação já são programados para fazer estas compensações dentro das oito faixas de frequência dessas curvas. A NHO 1 (GIAMPAOLI, 2001) reforça 51 a importância da consideração das faixas e suas compensações na metodologia de levantamentos de condições de riscode ruídos, e os aparelhos de mensuração já estão devidamente calibrados e com banda de oitava (frequências). O Anexo 1, pela própria definição do tipo de ruído contínuo e intermitente, leva em consideração o circuito de compensação “A” e resposta lenta (SLOW), e a medida precisa ser tomada próximo ao ouvido do trabalhador com instrumento de nível de pressão. As informações no Quadro 1 demonstram quais são as faixas de frequências consideradas em banda de oitava: Quadro 1 – Frequências (banda de oitava) Frequências baixas ou graves (Hz) Frequências da voz falada (Hz) Frequências altas ou agudas (Hz) 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 Fonte: adaptado de Saliba (2018, p. 29). Os valores expostos no Anexo 1 da NR-15 (BRASIL, 1978a) para ruídos intermitentes considera o nível de ruído dB, tendo a curva de compensação (A) em função do tempo de exposição máxima diária permissível, e considera trabalhadores sem o uso de equipamentos de proteção individual. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição aos ruídos de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados pela curva de compensação (D), desde que a soma das seguintes frações não ultrapasse os níveis de pressão e o tempo preconizado previsto pelo Anexo 1 da NR-15 (BRASIL, 1978a), desde que não exceda 115 dB: 52 Subsequente a isto aplica-se o conceito de Leq - nível equivalente de ruído: Segundo o Anexo 1 da NR-15 (BRASIL, 1978a), há o fator de dobra no tempo a cada 5 dB de variação, ao passo que a NHO 1 (GIAMPAOLI, 2001) tem esta variação a cada 3 dB de variação (quadros 2 e 3, respectivamente): Quadro 2 – Decibel e tempo exposição (anexo 1 NR-15) Nível de ruído Tempo máximo diário permissível (Tn) em horas 85 dB (A) 8 horas 90 dB (A) 4 horas 95 dB (A) 2 horas 100 dB (A) 1 hora 105 dB (A) 30 minutos 110 dB (A) 15 minutos 115 dB (A) 7 minutos Fonte: anexo 1 da NR-15. 53 Quadro 3 - Decibel e tempo exposição (NHO-1) Nível de ruído Tempo máx. diário permissível (Tn) em minutos Hora, % de hora 80 1523,9 25,40 81 1209,52 20,16 82 960 16,00 83 761,95 12,70 84 604,76 10,08 85 480 8,00 86 380,97 6,35 87 302,38 5,04 88 240 4,00 89 190,48 3,17 90 151,19 2,52 91 120 2,00 92 95,24 1,59 Fonte: Giampaoli (2001). As equações que levam em consideração para estes o fator de dobra em 5 dB: 54 Referente ao Anexo 2 (BRASIL, 1978a) e a ruídos de impacto, as leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador, com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto, e adota-se válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação “C”. Existem equipamentos específicos para medição de ruídos de impacto. O limite de tolerância será de 120 dB(C) para ruídos de impacto e devemos seguir os parâmetros a seguir expostos no Quadro 4, derivados da NHO-1 (GIAMPAOLI, 2001): Quadro 4 - Correlação entre dB e número de impactos por dia Nível de pressão sonora dB (em picos de dB) Número de impactos permitidos (por dia) 140 100 130 1.000 120 10.000 Quando o número de impactos exceder 10.000 o ruído será considerado como contínuo ou intermitente. Fonte: adaptado de Giampaoli (2001). Na busca de intervenção quanto a ruído contínuo ou de impacto, prioritariamente, devemos adotar equipamentos de proteção coletiva (EPC) e também isolamento da fonte (construção de barreiras separando a fonte do ruído do ambiente em que o rodeia, exemplo: parede isolante), ou ainda, isolamento do receptor (trabalhador) com construção de barreiras separando a fonte do ruído do ambiente em que o trabalhador está exposto (ex.: cabine de um equipamento móvel). 55 Mesmo nas tomadas das ações de proteção coletiva e/ou individual o trabalhador poderá fazer jus ao adicional de insalubridade, isso se as ações tomadas não forem suficientes para neutralizar ou diminuir a níveis aceitáveis a exposição do trabalhador ao ruído. Referências BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Anexo 1 e Anexo 2 da Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78. GIAMPAOLI, E.; SAAD, I. F. de S. D.; CUNHA, I. de Â. da.; SILVA, M. D. da. NHO 1 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. Ministério do trabalho e emprego. São Paulo: Fundacentro, 2001. 41 p. SALIBA, T. M.; LANZA, M. B. de F. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e controle dos riscos ambientais. 9. ed. São Paulo: Editora Ltr, 2018. PARA SABER MAIS O ruído e o desconforto psicofisiológico causados no aparelho auditivo humano estão relacionados à intensidade de vibração e pressão sonora. Existe uma falsa ideia de que o aumento de 1 Bel ocasionaria efeito linear, sendo que o tímpano e os componentes do ouvido médio (martelo, estribo e bigorna) trabalhariam com resposta linear de trabalho, mas não é isso que acontece. O ouvido, em termos de sensibilidade, possui resposta logarítmica, o que equivale a dizer que para cada 1 Bel (B) acrescido na leitura do equipamento de medida, o tímpano estaria sujeito a trabalhar dez vezes mais em relação ao valor referenciado, no limiar da audibilidade e, da mesma forma, quando lido 2 Bel, o tímpano estará sujeito a uma condição de trabalho 100 vezes maior. Logo, 56 deve ser tomado um cuidado muito grande para mitigação de cada Bel, visto que este intensifica logaritmicamente os efeitos sobre a saúde do trabalhador. TEORIA EM PRÁTICA Considere que você está em período de experiência em uma indústria e possui formação em segurança do trabalho. Foi demandado pela diretoria da empresa que você avaliasse a situação na qual um funcionário, sem ter o desvio da função, tem o seu fluxo de trabalho submetido a três condições diferentes de risco ao ruído na primeira leitura do decibelímetro: Quadro 5 - Situação A Setor Nível ruído dB (A) Tempo exposição (Horas) (Cn) Máxima Exposição Diária (Horas) (Tn) Setor A 75 2 32 Setor B 83 3 10,33 Setor C 82 3 12,08 Logo de cara percebeu-se que se tratava de uma situação na qual se aplicariam as fórmulas abaixo: E na sequência: 57 Por motivos internos a empresa, o trabalhador foi alocado em mais duas situações para executar o mesmo trabalho, mas que as leituras obtidas tendo variação do tempo de exposição e ruídos estão descritas nas situações B e C: Quadro 6 - Situação B Setor Nível ruído dB (A) Tempo exposição (Horas) (Cn) Máxima Exposição Diária (Horas) (Tn) Setor A 90 2 4 Setor B 83 3 10,33 Setor C 82 3 12,08 Quadro 7 - Situação C Setor Nível ruído dB (A) Tempo exposição (Horas) (Cn) Máxima Exposição Diária (Horas) (Tn) Setor A 90 4 4 Setor B 83 3 10,33 Setor C 82 2 12,08 A diretoria então lhe solicitou um relatório no qual fizesse uma análise dos diferentes posicionamentos (A, B e C) e sobre qual a influência em termos de Db para cada uma das condições impostas, e que você indicasse qual delas seria menos prejudicial ao trabalhador. 58 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Como os anexos 1 e 2 da NR-15 não possuem informações suficientes para o entendimento de metodologia de levantamento, é necessário fazer uso da NHO 1, que detalha Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. Na NHO 1 podemos demonstrar campos de aplicação, referências normativas, inclusive de outros países, definições, símbolos e abreviaturas, critérios para avaliação de exposição ocupacional ao ruído, procedimento de avaliação, relatórios. Para consultar a NHO 1, acesse o site da Fundacentro e entre na aba “biblioteca”, em seguida em “biblioteca digital” e pesquise por NHO. GIAMPAOLI, E.; SAAD, I. F. de S. D. CUNHA, I. de Â. da.; SILVA, M. D. da. NHO 1 - Procedimento Técnico- Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. Fundacentro, 2001, 41 p. Indicação 2 O presente artigo demonstra e compara a percepção dos profissionais das áreas de enfermagem e administrativa frente ao ruído no pronto-socorro. Acesse a página da Scielo e pesquise por: Indicações de leitura 59 FILUS, W. A.; SAMPAIO, J. M. R.; ALBIZU, E. J.; MARQUES, J. M.; LACERDA, A. B. M. de. Percepção de equipes de trabalho sobre o ruído em pronto-socorro. Audiology - Communication Research. Versão on-line: ISSN 2317-6431. Audiol., Commun. Res., v. 23, São Paulo, 2018. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Os artigos 189 e 190 da Consolidação da Leis do Trabalho definem “consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde” e possuem a caracterização da insalubridade. Os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes devem ser levantados e normativamente referenciados. Quais anexos da NR-15 descrevem os requisitos sobre ruídos contínuo/intermitente e ruídos de impactos, respectivamente? 60 a. Anexo 1 e Anexo 3. b. Anexo 3 e Anexo 6. c. Anexo 1 e Anexo 2. d. Anexo 5 e Anexo 6. e. Anexo 1 e Anexo 5. 2. Indique qual das alternativas completa corretamente a lacuna no texto abaixo: O profissional de segurança no trabalho deve constantemente acessar as normas regulamentadoras para buscar o referenciamento normativo para ações de mitigações dos agentes ambientais. A NR-15 e seus anexos visam contribuir para delimitação dos riscos em atividades e operações insalubres, porém, em alguns de seus anexos, não se detalha a metodologia para se mensurar a exposição ao risco. Considerando os ruídos intermitentes e de impacto, respectivamente, a Fundacentro disponibiliza a Norma de Higiene Ocupacional - _________, que trata de Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. a. NHO 6. b. NHO 3. c. NHO 2. d. NHO 1. e. NHO 4. 61 GABARITO Questão 1–Resposta C Resolução: Os anexos que fazem referência, respectivamente, para ruídos contínuo ou intermitente e ruídos de impacto são o Anexo 1 e Anexo 2. Questão 2–Resposta D Resolução: A NHO 1 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. Na NHO 1 podemos demonstrar campos de aplicação, referências normativas, inclusive de outros países, definições, símbolos e abreviaturas, critérios para avaliação de exposição ocupacional ao ruído, procedimento de avaliação, relatórios, além de uma referência bibliográfica a qual a NHO 01 se baseia. 62 TEMA 6 Vibração ocupacional ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert R. S. Júnior 63 DIRETO AO PONTO A vibração ocupacional é a manifestação de movimentos oscilatórios desenvolvidos por maquinários (tratores, empilhadeiras, caminhões, entre outros) e por ferramentas (marteletes, britadeiras, furadeiras etc.). Em síntese, é a manifestação de energia mecânica, influente no trabalhador por meio das VCIs - Vibrações de Corpo Inteiro e VMBs – Vibrações de Mãos e Braços. Na avaliação de VCIs, de acordo com a Norma de Higiene Ocupacional 9 (NHO 09), são observados o valor da aceleração resultante de exposição normalizada* (aren), que não pode ser superior a 1,1 m/s2; e o valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s 1,75. Para avaliação de VMBs, para fins de aplicação da metodologia do levantamento e de acordo com o Anexo 8 da NR-15 (BRASIL, 1978b), não pode ser superior à aceleração resultante de exposição normalizada* (aren) de 5 m/s2. Cuidado especial na metodologia sugerida pelas NHO 9 e NHO 10 deve ser dado aos valores de aceleração, em especial RMS, que devem ser levantados e considerados conforme eixos de referência para VCI e VMB, com as devidas ponderações das frequências em função destes eixos de referência que podem ser visualizados nas figuras 1 e 2, e partem do pressuposto que cada parte do corpo humano responde de forma diferenciada a depender do eixo e da frequência de onda mecânica. 64 Figura 1 - Eixos de direção adotados para medição para VCI Fonte: adaptada de ISO 2631:1997. Figura 2 - Localização do sistema de coordenadas para vibração de mãos e braços (VMB) Fonte: NHO 10 – Fundacentro. O equipamento responsável por desenvolver a leitura das acelerações e frequências de vibração nos três eixos é o acelerômetro ou sensor piezoelétrico. Sua leitura consiste na 65 medição da aceleração dinâmica por meio deste dispositivo, no qual se mede a tensão, consequente das ações das ondas mecânicas nas faixas de frequências em que estão alocadas VCI e VMB. Para se observar os efeitos das vibrações no corpo humano, em avaliação de corpo inteiro, adota-se que a sensibilidade de corpo inteiro deve ser feita nas frequências de 1,0 a 80 Hz como um todo, mas em análise individualizada por eixo de referência (conforme descrito na Figura 1) o eixo Z é mais sensível para frequências de 4 Hz a 8 Hz, ao passo que nos eixos X e Y estão mais sensíveis para 1 e 2 Hz respectivamente. Isso decorre da densidade de massa (densidade de tecidos e ossos) que as frequências entrarão em contato. Como é diferenciada a condição de respostas às diferentes frequências, a maioria dos equipamentos já possui calibração para tal, de modo que o valor obtido da aceleração já venha ponderado na frequência, por meio desta “correção”. A norma ISO 2631 e a ACGIH fornecem um conjunto de tabelas e ábacos para consulta, e ajudam sobretudo a entender as zonas de precaução e os limites de tolerância, a maioria dos equipamentos de mensuração da vibração referenciam-se nelas para ponderação das acelerações nas frequências. O Quadro 1 a seguir resume as principais informações em relação à avaliação de VCI e VMB: 66 Quadro 1 - Relação de equações para avaliação de VCI e VMB VCI - Vibrações de Corpo Inteiro VMB - Vibrações de Mãos e Braços Limites previstos Anexo 8 da NR-15: a) Valor da aceleração resultante de exposição normalizada* (AREN) de 1,1 m/s2. b) Valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s 1,75. Limites previstos Anexo 8 da NR-15: aceleração resultante de exposição normalizada* (AREN) de 5 m/s2. Para os cálculos dos limites, usamos: Para os cálculos dos limites, usamos: Para o AREN: 1. Aceleração total ou resultante 2. Aceleração equivalente ponderada 3. Aceleração Resultante de Exposição Normalizada na jornada (AREN) 4. VDV e VDVR 1. Aceleração total ou resultante 2. Aceleração equivalente ponderada 3. Aceleração Resultante de Exposição Normalizada na jornada (AREN) Fonte: elaborado pelo autor. 67 O Anexo 8 da NR-15 é relativamente suscinto e não pode ser analisado de forma isolada, já que nele somente constam os limites de tolerância, sendo necessário recorrer às NHOs 9 e 10, nas quais estão explicitados aspectos metodológicos para avaliação de VCI e VMB respectivamente, elucida pontos para o levantamento quantitativo (baseados em números), além de subsidiar o conjunto de equações e as variáveis envolvidas no processo de avaliação. Segundo a NR-9 - Programa de Gerenciamento de Risco - PGR (antigo PPRA), nenhum levantamento com equipamentos de mensuração de vibração deve ser feito sem que haja uma avaliação criteriosa e qualitativa das condições, tais como: ambientação do trabalho, processo e operações e as condições de exposição à vibração,características peculiares das máquinas, veículos, ferramentas e demais interações homem-máquina que pode influir na vibração. Isso inclui condições de uso, manutenção e estado de conservação deles, com especial atenção aos componentes e dispositivos de isolamento e amortecimento que interfiram a exposição à vibração de operadores e condutores. Em relação ao ponto de vista do trabalhador, é prudente observar que a vibração deve ser medida por tempo de exposição, logo, deve se observar a estimativa do tempo efetivo de exposição diária ao equipamento/ferramenta ou conjunto de equipamentos/ ferramentas e seus tempos parciais de uso, além da condição de exigência de esforços físicos e aspectos posturais. É importante ressaltar, que antes de se desenvolver os levantamentos por equipamentos de mensuração, deve se realizar uma avaliação qualitativa, principalmente no sentido de identificar variáveis interferentes no processo de avaliação e que podem distorcer os dados numéricos envolvidos se não corretamente observadas as metodologias de levantamento sugeridas pelas NHOs. 68 PARA SABER MAIS O que é um acelerômetro? O acelerômetro é o nome dado aos equipamentos que têm a função de medir as vibrações, podem ser do tipo transdutores (que mede variação sísmica), sendo sua utilização para frequências mais altas, ou sensores piezoelétricos, compostos por cristais sensíveis a pressões (tensões) para frequências mais baixas. A diferença está na sensibilidade de recepção da onda vibratória, já que na forma com que interpretam e transformam a tensão da onda mecânica o princípio é o mesmo. Ocorre a recepção da energia potencial das ondas mecânicas, que são transformadas em tensão elétrica, em diferentes níveis de intensidade, para que cada frequência absorvida seja corretamente interpretada por um circuito e sua leitura, com a devida “calibração”, é obtida. Os dispositivos sísmicos (movimento oscilatório) conseguem em maior ou menor grau uma carga elétrica de alta impedância proporcional à força aplicada e, assim, proporcional à aceleração. A piezeletricidade é assim interpretada como a carga elétrica de baixa impedância como a resposta de energia elétrica devido à compressão sobre determinados materiais, como alguns tipos de cristais que são utilizados por estes equipamentos. TEORIA EM PRÁTICA No preparo de um canteiro de obras, ainda com o terreno por limpar, foram chamadas algumas pessoas para limpeza e organização do canteiro, e dentre as pessoas chamadas foi necessário contratar um operador de motosserra, em um 69 contrato temporário, pois estava autorizado pelo órgão ambiental municipal a derrubada de algumas árvores que ali existiam. A empresa pensa em atender requisitos normativos de segurança, mesmo em condições de contrato temporário, e conforme previsão do cronograma da obra ficaria pelo menos um mês trabalhando na derrubada e no desbaste e limpeza dos troncos para uso posterior na obra. Diante disto, você foi chamado a avaliar o primeiro dia de trabalho deste trabalhador e verificar se estaria em condições limites conforme Anexo 8 da NR-15, e por meio da metodologia sugerida pela NHO 10 obteve-se as seguintes métricas: 1 hora – 13 m/s2 / 2 horas: 10 m/s2 / 5 horas - 8 m/s2 Avalie uma forma de deixar o operador de motosserra dentro dos limites de tolerância para VMB conforme Anexo 8 da NR-15. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 A vibração do corpo inteiro (VCI) está presente em diversos veículos pesados, e os ônibus urbanos não fogem à regra. Tem sido fonte de muitas ações trabalhistas as ações que envolvem distúrbios na região lombar. O presente artigo objetivou avaliar os riscos associados à VCI em condutores e passageiros. O Indicações de leitura 70 artigo foi referenciado na norma ISO-2631-1997 e a análise dos limites ocupacionais se pautou na Diretiva Europeia (2002). FIGUEIREDO, M. A. de M.; SILVA, L. F.; BARNABÉ, T. L.Transporte coletivo: vibração de corpo-inteiro e conforto de passageiros, motoristas e cobradores. Journal of Transport Literature, versão ISSN 2238-1031. J. Transp. Lit., v. 10, n. 1, Manaus, Jan./ Mar. 2016. Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2016. Indicação 2 Esta pesquisa foi desenvolvida em marcenarias localizadas nos municípios de Jerônimo Monteiro e Alegre, Sul do Espírito Santo. O objetivo do presente artigo foi quantificar as vibrações transmitidas ao sistema mão-braço dos trabalhadores pelas máquinas nas atividades de fabricação de móveis. A vibração foi medida de acordo com as três coordenadas ortogonais definidas na norma ISO 5349-1 (ISO, 2001) e explicada pelo EU Good Practice Guide HAV, seguindo as orientações da Directive 2002/44/EC da União Européia. Para realizar a leitura, procure pelo título da obra na internet. FIEDLER, N. C. et al. Análise das vibrações transmitidas aos trabalhadores em marcenarias no Sul do Espírito Santo. Cerne [online], v.16, n. 2, p.235-242, 2010. ISSN 0104-7760. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. 71 Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Para avaliação de VCI e VMB, embora o foco seja o Anexo 8 da NR-15 e as normas NHO-9 e NHO-10, é também imprescindível que se consulte a seguinte norma regulamentadora: a. NR-5. b. NR-9. c. NR-7. d. NR-17. e. NR-18. 2. O equipamento responsável por desenvolver a leitura das _______________ e _______________ de vibração nos três eixos é o acelerômetro ou sensor piezoelétrico, e sua leitura consiste na medição da aceleração dinâmica. Por meio deste dispositivo mede-se a _______________, consequente das ações das ondas _______________ nas faixas de frequências em que estão alocadas VCI e VMB. Indique a alternativa correta quantos aos termos que preenchem as lacunas para que o texto tenha coerência do assunto abordado: a. Velocidades; Frequências; Amortização; Eletromagnéticas. b. Acelerações; Frequências; Amortização; Transversais. c. Acelerações; Frequências; Tensão; Mecânicas. d. Velocidades; Frequências; Tensão; De rádio. e. Acelerações; Médias de tempos; Tensão; Mecânicas. 72 GABARITO Questão 1–Resposta B Resolução: A avalição de VCI e VMB, embora o foco seja o Anexo 8 da NR-15 e as normas NHO-9 e NHO-10, muitos se esquecem da NR-9, que antes de desenvolver o levantamento e mensuração do risco (avaliação quantitativa) sugere a necessidade do desenvolvimento de uma avaliação preliminar da exposição, na qual podem identificar situações que podem influir sobre a amostra. Questão 2–Resposta C Resolução: Para que o texto tenha coerência, as lacunas serão melhor preenchidas com os seguintes termos: O equipamento responsável para desenvolver a leitura das acelerações e frequências de vibração nos três eixos é o acelerômetro ou sensor piezoelétrico, e sua leitura consiste na medição da aceleração dinâmica. Por meio deste dispositivo mede-se a tensão, consequente das ações das ondas mecânicas nas faixas de frequências em que estão alocadas VCI e VMB. 73 TEMA 7 Radiações relacionadas ao trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Flávio Augusto Carraro Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 74 DIRETO AO PONTO A radiação está presente na natureza e tem aplicabilidades benéficas em nossas vidas, como os raios-x usados para diagnósticos e nas análises laboratoriais e no controle de proliferação de bactérias na indústria de alimentos. Quanto à aplicação de radiações não ionizantes, existe
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