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UNIDADE 3 CURTO PRAZO Finanças de Organizadores: Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues Avaliações Financeiras Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. Objetivo Geral Conhecer as técnicas de análises financeiras e o significado dos elementos utilizados para avaliação de riscos e análises financeiras por índices. Objetivos Específicos • Entender a relação entre o risco e o retorno; • Elaborar a análise e tomada de decisão a partir da projeção de fluxo de caixa; • Desenvolver as análises financeiras por índices. Questões Contextuais • Existe uma relação entre o risco e o retorno de um investimento? • Qual o impacto dos riscos nas projeções de fluxo de caixa? • Qual o impacto a alavancagem financeira sobre os índices de rentabilidade sobre o capital investido? unidade 3 V.1 | 2021 FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 62 3.1 Fundamentos de Risco e Retorno Associados ao Custo de Capital Como aprendemos nas Unidades anteriores, os investidores podem preferir calcular a TIR (Taxa Interna de Retorno) e comparar com as previsões do mercado financeiro, avaliando as taxas de juros e demais indicadores. Da mesma forma, observamos que se a TIR for muito superior às principais projeções, o investidor pode ficar mais seguro porque, no final das contas, ainda poderá perceber certo lucro. Porém, devemos avaliar que haverá algum risco inerente ao próprio investimento, que, de fato, deverá afetar de alguma forma o retorno do investidor. Neste sentido, é possível pressupor que, mesmo que os investidores tenham domínio sobre as projeções contábeis do investimento e mesmo que detenham profundo conhecimento sobre a administração e as regras do negócio objeto de investimento, ainda será necessário observar questões intangíveis, tanto do mercado quanto do próprio investimento. Isso significa dizer que, mesmo com todos os dados históricos amplamente estudados, a análise do investimentos deve avaliar três itens básicos que podem mudar completamente a percepção dos investidores, estamos aqui falando de risco, retorno e rentabilidade (GITMAN, 2010). 3.1.1 Risco Ao se tratar de definição de risco, devemos buscar conhecimento em diversas ciências, de forma que podemos também obter definições diversas, porém, no que diz respeito as finanças corporativas, podemos obter conhecimento através do Comitê de Pronunciamentos Atuariais (CPA 001), que define o risco como o evento ou condição incerta, cuja ocorrência se dá em qualquer momento futuro, independentemente de vontade das partes que causam consequências financeiras. Complementando, Gitman (2010) avalia que este é um ponto que os investidores devem ter especial atenção na avaliação de qualquer projeto financeiro. O autor defende que o risco, no sentido mais básico, é a chance de perda financeira, ou seja, os ativos com chances maiores de perda são mais arriscados do que aqueles com chances menores de perdas, ou seja, podemos entender que quanto mais certo for o retorno de um ativo, menor será a sua variabilidade e, por conseguinte, menor será o risco. Outros autores, como Damodaran (2001), ampliam este conceito, estabelecendo três etapas para a definição do risco. 63 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 • Primeiro, é preciso definir o risco em termos de alocação de recursos reais em relação a um retorno esperado; • Segundo, é necessário fazer a distinção entre um risco que é especifico a um ou mais investimentos e o risco que afeta um conjunto muito mais amplo de investimentos; • Terceiro, deve-se estabelecer modelos alternativos para mensurar esse risco de mercado e os retornos esperados que o acompanham. Em resumo, Damodaran (2001) estabelece uma definição formal para risco, no sentido de que, risco é probabilidade de recebermos como retorno sobre um investimento algo inesperado. Porém, não podemos vincular o risco como algo ruim, pois o risco inclui não somente os resultados ruins, isto é, retornos mais baixos que os esperados, mas também resultados bons, ou seja, retornos mais altos do que os esperados. Ou seja, investidores esperam obter retornos durante o tempo em que detêm o ativo. Vale lembrar que os retornos reais obtidos nesse período de investimento podem ser muito diferentes dos retornos esperados, e é nesta diferença entre retornos efetivos e esperados que está a fonte do risco (DAMODARAN, 2001). No mesmo sentido, Abreu Filho, Souza, Gonçalves e Cury (2006) defendem que o risco total de qualquer investimento é definido pelas partes sistêmica (risco sistêmico ou conjuntural) e não-sistêmica (risco especifico ou próprio do ativo). O risco sistêmico é determinado por eventos de natureza política, econômica e social. Já o risco não- sistêmico é identificado nas características do próprio ativo. 3.2 Quantificando Riscos e Perdas Ainda que e os investidores tenham total domínio sobre a avaliação do risco sistêmico e do risco não-sistêmico, e que detenham conhecimento sobre a administração e as regras de negocio da empresa, será necessário tratar das questões intangíveis de uma organização. Isso significa dizer que mesmo com todos os dados e fatos referentes ao que já ocorreu na empresa, a análise de investimentos se depara com itens que podem mudar completamente a percepção sobre o investimento, o risco e o retorno. FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 64 3.2.1 Risco Inerente, Risco Residual e Custo de Proteção No sentido de mitigar os riscos, os autores Damodaran (2001) e Abreu Filho, Souza, Gonçalves e Cury (2006) consideram que os riscos devem ser avaliados considerando a probabilidade de ocorrência e o seu impacto financeiro, como base para determinar o modo pelo qual deverão ser identificados e administrados, os associando ao objeto que podem afetar. Esses riscos são avaliados quanto à sua condição de inerentes e residuais. Cabe salientar que a administração dos riscos, após identificados, leva em conta tanto o risco inerente quanto o residual, sendo que o risco inerente é o risco que uma organização terá de enfrentar na falta de medidas que a administração possa adotar para alterar a probabilidade ou o impacto dos eventos, e o risco residual é aquele que ainda permanece após a resposta da administração. Não se esqueça que a avaliação de riscos é aplicada primeiramente aos riscos inerentes. Após o desenvolvimento das respostas aos riscos, a administração passará a considerar os riscos residuais. Ou seja, ao realizar uma avaliação de risco, o primeiro passo é identificar o risco inerente e, em seguida, considerar os controles eficazes e eficientes para chegar ao risco residual. • Risco inerente: representa o risco que existe com os controles existentes no momento da identificação do mesmo risco; • Risco residual: é o risco que permanece ou que aparece após a inclusão dos controles adicionais e/ou ajustes dos controles existentes. Porém, quando tratamos da avaliação de investimentos, o mesmo raciocínio pode ser aplicado aos riscos que a empresa estará correndo enquanto conduz suas operações. Existem riscos inerentes ao negócio que podem ser assumidos, transferidos por meio de seguros ou mitigados, isto é, ter seu impacto reduzido por meio de ações preventivas e de contingências. Exemplo: a. Um investidor irá adquirir um veículo para realizar suas entregas aos clientes do segmento empresas. Existe o risco desse veículo ser roubado ou de se envolver em algum acidente. Ao fazer um seguro do veículo, TRANSFERE-SE parte desse risco para a empresa seguradora, que o indenizará em caso de sinistro. b. A empresa estápreocupada em manter a integridade de seu sistema de gestão, que será todo feito por sistema de computador: controle de estoque, controle de pedidos, faturamento, folha de pagamento de pessoal etc. Esse sistema pode sofrer um dano contrair um vírus ou uma pane no hardware, que leve à 65 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 perda de informações valiosas para a empresa. Não há seguro para isso. Mas ele pode instalar um sistema de backup dos dados ao final de cada dia. Esse sistema de backup não elimina o problema, pois ele ainda pode perder algumas informações e terá que arcar com os custos de manutenção, mas reduz seu impacto para o negócio. Dizemos que o investimento no sistema de backup é uma ação de MITIGAÇÃO, ou ação de contingência visando à redução do impacto dos eventos de risco, caso esses venham a ocorrer. c. A empresa também está preocupada com eventuais aumentos nos custos de pagamento de seus funcionários. Se investisse em máquinas com maior tecnologia embarcada, poderia contratar menos funcionários, mas os custos desse tipo de investimento estão acima da capacidade de financiamento de Hermínio, nosso empreendedor. Nesse caso, ele terá que ABSORVER esse risco de custos com pessoal, tentando manter algum fundo de reserva para pagamento de eventuais passivos trabalhistas ou contratação de funcionários temporários em caso de licenças médicas ou licença maternidade etc. 3.2.2 Avaliação do Risco x Retorno No contexto de que os riscos devem ser identificados, e através dos controles empresariais, tomamos por base que as incertezas de eventos afetam o retorno esperado pelo investidor, ou seja, quanto maior o risco de perda, maior deverá ser a taxa de atratividade (taxa de retorno) esperada pelo investidor. Nesta lógica, podemos definir que a remuneração dos investidores é proporcional ao risco, fato que transforma o risco e o retorno em variáveis básicas da tomada de decisão de investimentos, no sentido de que são medidas de volatilidade do próprio retorno, ou seja, o retorno, quando visualizado como uma expectativa de receita, pode ser afetado pelo risco do investimento. Gitman (2010) avalia que o retorno é o total de ganhos subtraídos do total de perdas (no sentido de que as perdas minimizam o ganho) ocorridos através de um dado período de tempo. Com o passar do tempo, o entendimento sobre retorno foi se aperfeiçoando. Desta forma, Damodaran (2001) demonstrou que um retorno sobre o investimento pode ser mensurado de duas formas: • Receitas Contábeis: trata da análise da medida contábil do lucro sobre o investimento (mensurada em declarações contábeis, com a utilização de padrões e princípios contábeis); • Fluxos de Caixa Total e Marginal: estabelece a análise através dos f luxos de caixa gerados por um ativo (mensurado como a diferença entre os f luxos de entrada e os f luxos de saída em cada período). FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 66 Damodaran (2001) argumentou que a relação entre as receitas contábeis e os f luxos de caixa gerados pode não ser antagônica. Segundo ele, quando se trata de lucros contábeis, eles têm de ser ajustados para encargos não monetários (como a depreciação) e necessidades de reinvestimento (desembolsos de capital), chegando assim aos f luxos de caixa. Em contraponto aos indicadores econômicos (Lucros Contábeis e Fluxos de Caixa), Abreu Filho, Souza, Gonçalves e Cury (2006) argumentam que ao falar de retorno deve-se estabelecer duas variáveis: o retorno esperado, por ser uma média, é uma constante e o retorno efetivo, que é desconhecido até o termino do período de estudo. 3.2.3 Tratando os Riscos nas Projeções de Fluxo de Caixa Em resumo, dos aspectos aqui estudados para a avaliação de investimentos, dois deles, risco e retorno, tratam das características intangíveis enquanto que a rentabilidade é maneira pela qual a organização pode evidenciar seus resultados, ou seja, existem riscos inerentes, riscos residuais e valores de proteção, que podem ser mensurados de forma a avaliar o investimento, Uma das maneiras de mitigar e controlar os riscos do investimento são as formas de proteção, proteção que, inicialmente, devem eliminar os riscos intangíveis e serão os únicos custos que certamente irão se efetivar. Ou seja, os valores de riscos inerentes e residuais são incertezas, eles podem ou não ocorrer, de forma que em uma boa gestão é fundamental para que esses riscos não ocorram de fato. Nesse caso, boa parte deles continuará a ser apropriada como lucro na organização. Assista ao vídeo do professor Edgar Abreu sobre “Risco e Retorno” para saber mais sobre o assunto. Disponível em: http://gg.gg/v9ksi. VÍDEO 67 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 No longo prazo, em função da não ocorrência dos riscos inerentes e residuais, levará a empresa a formar uma “reserva de caixa” estratégica para arcar com os custos desses riscos inerentes e residuais. De fato, a empresa irá estimar um valor mínimo de reserva, por exemplo, o suficiente para cobrir as projeções de perda de um ano. Esse dinheiro ficará aplicado em alguma instituição financeira, em ativos de elevada liquidez, rendendo juros para a empresa e remunerando o valor da reserva. Quando atingir esse valor de reserva estratégica mínima, a empresa poderá reduzir ou eliminar o valor de projeção de riscos separado a cada período de apuração de resultados da empresa, pois já terá acumulado dinheiro suficiente para imprevistos. Na prática, a empresa apenas fará novas provisões quando utilizar essa reserva para cobrir os custos de algum evento ocorrido. É prudente reajustar a cada período o valor mínimo de reserva, acompanhando a inflação do período e o aumento de exposição ao risco da empresa pelo aumento nas operações, contratação de mais funcionários, novos investimentos etc. No final, todo o dinheiro que estiver sobrado na reserva é apropriado como resultado não operacional e será, depois de recolhidos os devidos impostos, somado aos lucros da empresa. 3.3 Análise e Tomada de Decisão a Partir da Projeção de Fluxo de Caixa Via de regra, uma tomada de decisão esta relacionada a majoração do lucro e a manutenção da saúde financeira da empresa. Neste sentido, contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem das empresas maior eficiência na gestão financeira de seus recursos, não cabendo indecisões sobre o que fazer com eles (ASSAF NETO; LIMA, 2011). Neste sentido, aprendemos que a gestão dos recursos financeiros reduz as intempéries financeiras e os riscos da empresa. Neste ponto, os planos financeiros e orçamentos fornecem roteiros para atingir os objetivos da empresa. Além disso, esses veículos oferecem uma estrutura para coordenar as diversas atividades da empresa e atuam como mecanismo de controle estabelecendo um padrão de desempenho contra o qual é possível avaliar os eventos reais (GITMAN, 2010). Em função destas definições, neste tópico, utilizaremos diversos indicadores, pois existem diferentes aspectos que devem ser analisados em conjunto. DESTAQUE FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 68 3.3.1 Análises Financeiras por Índices Esses indicadores são compostos por índices padronizados para facilitar a comparação de desempenho entre diferentes empresas, e são amplamente utilizados em análises contábeis por instituições financeiras, investidores e, até mesmo, para avaliar o desempenho de empresas com capital aberto na bolsa de valores. Esses índices são baseados em dois relatórios contábeis; o Balanço Patrimonial (BP) e o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE). Da mesma forma que esses relatórios referem-se a um período de atividade, esses índices refletem o desempenho médio obtido pela empresa no mesmo período. Em resumo, não conseguimos prever o que acontecerá no futuro da empresa a partir desses índices: podemos apenas acompanhar tendências desenhadas a partir de períodos anteriores.3.3.2 Coeficientes de Estrutura de Capital Os coeficientes de estrutura de capital, avaliam o endividamento e a capacidade de gerar caixa suficiente para juros e outras dívidas. Ou seja, verificamos a alavancagem financeira das empresas. Os principais índices aqui são o Endividamento Geral (EG) e o grau de Cobertura de Juros (CJ). Figura 3.1 – Coeficientes de Estrutura de Capital. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Índice ENDIVIDAMENTO GERAL (EG) COBERTURA DE JUROS (CJ) Ano 4 Ano 5 Mercado CONFORME negócio MAIOR Melhor 0,66 0,66 2,12 6,28 7,67 4,23 Mede a proporção em que os a�vos da empresa são financiados por terceiros. Mede a capacidade da empresa cumprir suas obrigações onerosas junto às ins�tuições financeiras credoras. EG = PASSIVO TOTAL ATIVO TOTAL CJ = LUCRO ANTES DOS JUROS E IMPOSTOS JUROS 69 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 Antes de tudo, precisamos analisar esses indicadores com olhos do empreendedor e não com olhos de pessoa física. Você já deve ter ouvido falar várias vezes que, quando for adquirir um bem, o melhor é não se endividar, que se deve poupar para comprá-lo à vista, evitando o pagamento de juros, não é mesmo? Pois é, essa premissa pode ser válida para adquirimos um bem de consumo, por exemplo, mas não será utilizada para geração de renda. Para uma empresa, o financiamento na aquisição de ativos não apenas pode ser necessário, pois o investidor pode não dispor de todo o capital para estabelecer seu negócio, como também contribui para a geração de resultados. Se o negócio é viável e lucrativo, sobrará dinheiro para pagar fornecedores, funcionários e os empréstimos contraídos no banco, mas também para gerar lucro ao investidor. Por isso, utilizamos o termo ALAVANCAGEM financeira: o capital de terceiros que auxilia a impulsionar os resultados obtidos com o negócio. Podemos, por meio de dívidas, aumentar a escala de produção, investir em máquinas tecnologicamente mais avançadas, ampliar a atuação em novos mercados e assim por diante - ações que, talvez, não se conseguiria implementar se os empresários contassem apenas com o capital próprio. Mas há limites: o grau de alavancagem deve ser adequado ao tamanho do negócio e da natureza das operações, ou não conseguiremos arcar com o pagamento das dívidas contraídas junto aos bancos. Por isso analisamos esses dois indicadores simultaneamente: o Endividamento Geral, que mostra o quanto a empresa está alavancada, e o grau de Cobertura de Juros, que demonstra o quanto há de folga no resultado das operações para pagamento dos juros das dívidas contraídas. 3.3.3 Coeficientes de Liquidez Os índices de liquidez são formados a partir das obrigações e direitos previstos para o próximo período (lembre-se que no balanço os direitos e deveres apresentados já foram adquiridos e tem o vencimento previsto para o próximo ano). Pimentel, Braga e Casa Nova (2005) afirmam que os índices de liquidez podem ser interpretados como um indicativo do grau de independência da empresa em relação aos credores e de sua capacidade para enfrentar crises e dificuldades inesperadas, no sentido de que se os ativos forem maiores que os seus passivos a empresa será solvente. Neste sentido, vamos iniciar nossa análise com o grupo de índices de liquidez, buscando avaliar a capacidade das empresas em honrar seus compromissos de pagamento junto a fornecedores, funcionários, bancos, governo etc. Existem dois indicadores principais, conforme apresentado na figura a seguir: o índice de Liquidez Corrente (LC) e o de Liquidez Seca (LS). FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 70 Figura 3.2 – Coeficientes de Liquidez. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Na liquidez corrente, são considerados todos os recursos em haver, incluindo o valor dos estoques, que é descontado na liquidez seca. Na verdade, quando analisamos estes índices, não sabemos ao certo se as empresas conseguirão reverter todo seu estoque em produtos vendáveis, fator que pode ser preponderante em empresas que, por exemplo, trabalham com produtos perecíveis ou então produtos mais específicos, que podem sair de linha em função de mudanças tecnológicas e perderem seu valor de mercado. Assim, o índice de liquidez seca é mais relevante em termos de análise. 3.3.4 Índices de Atividade São indicadores que demonstram tanto a evolução quanto a velocidade das atividades operacionais, ou seja, os índices de atividade avaliam a capacidade das empresas em gerar caixa a partir dos recursos investidos em estoque, da utilização do crédito para financiar as compras dos clientes e dos investimentos em ativos, tais como máquinas, equipamentos etc. A figura a seguir demonstra os quatro índices que analisaremos neste grupo: Giro de Estoque (GE), Prazo Médio de Pagamento (PMP), Prazo Médio de Recebimento (PMR) e Giro Total do Ativo (GA). Índice LIQUIDEZ CORRENTE (LC) LIQUIDEZ SECA (LS) Ano 4 Ano 5 Mercado MAIOR Melhor MAIOR Melhor 1,80 2,11 1,75 0,48 0,61 0,67 Mede a capacidade da empresa pagar suas obrigações de curto prazo, isto é, aquelas cujo vencimento é previsto para o próximo exercício. Tem o mesmo obje�vo do índice anterior, mas não considera a conversão do valor do estoque em mercadorias vendidas que geraram disponibilidade de caixa ou contas a receber. LC = ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE LS = ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES PASSIVO CIRCULANTE 71 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 Figura 3.3 – Índices de Atividade. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). O primeiro índice, o de Giro de Estoques, demonstra a velocidade em que os estoques são renovados, ou seja, a velocidade que são vendidos. Na análise deste indicador devemos observar que estoques são os materiais que estão finalizados em uma etapa de produção, aguardando a demanda da etapa seguinte, sendo esta venda ou consumo interno. Vale lembrar que são quatro os principais tipos de estoques: de matéria-prima, estoques em processos, estoque de produtos acabados e estoques de materiais para manutenção, reparo, consumo e movimentação. Em resumo, os estoques permanecem na empresa até a sua venda e sua velocidade de venda esta relacionada ao montante de recursos e a quantidade produtos em estoque. O Prazo Médio de pagamento a fornecedores representa o número de dias que, em média, as empresas conseguem de prazo para pagar suas obrigações junto aos seus fornecedores. Em resumo, quanto maior o prazo de pagamento a fornecedores, maior a chance de fazer girar o estoque e de receber dos clientes antes de ter que cumprir suas obrigações, reduzindo a necessidade de investimentos em capital de giro. O Prazo Médio de Recebimento de Vendas, segundo Padoveze (1994), proporciona um parâmetro de quanto tempo em média a empresa demora para receber suas vendas. Por fim, temos o Giro do Ativo Total, onde podemos verificar a eficiência total da operação das empresa, considerando o investimento em estoques, em crédito ÍNDICE Ano 4 Ano 5 Mercado MAIOR Melhor MAIOR Melhor MENOR Melhor MAIOR Melhor 2,02 2,00 5,45 79,78 85,89 92,74 34,94 40,92 55,87 1,59 1,56 2,87 GIRO DE ESTOQUE (GE) PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO (PMP) PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO (PMR) GIRO DO ATIVO TOTAL (GA) Mede a liquidez do estoque da empresa, isto é, sua habilidade em converter estoques em produtos vendidos e, em consequência, caixa. Mede o prazo médio para pagamento de fornecedores. Quanto maior for esse índice mais podemos contar com os fornecedores para auxiliar a financiar nosso custos enquanto esperamos receber dos clientes. Tem o mesmo obje�vo do índice anterior, mas não considera a conversão do valor do estoque em mercadorias vendidas que geraram disponibilidade de caixa ou contas a receber. Mede a eficiência com que a empresa u�liza seus a�vos para gerar receitas de vendas. Note que u�lizamos as receitas líquidas, ou seja, os impostos indiretos possuem um impacto significa�vo sobre esse índice. * u�lizamos ovalor da Receita Líquida de Vendas / 365 dias. ** es�maos, no caso da Hermes, um valor de 70% do custo de mercadorias vendidas como valor de compras de materiais junto aos fornecedores; basta dividir esse valor por 365 dias. GA = RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS ATIVO TOTAL PMR = CONTAS A RECEBER DE CLIENTES VALOR MÉDIO DIÁRIO DE VENDAS * PMP = FORNECEDORES VALOR MÉDIO DIÁRIO DE COMPRAS ** GE = CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS ESTOQUE FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 72 ao cliente e em máquinas e equipamentos. Quanto mais eficiente, mais atualizado tecnologicamente, mais organizado em seus processos de produção, mais competitivo em relação ao mercado, maior será o giro total. 3.3.5 Coeficientes de Rentabilidade Neste último grupo de índices, os índices de rentabilidade, avaliamos os resultados em relação a diversos parâmetros: em relação às vendas, em relação ao total investido e em relação ao total de capital próprio empregado. Os principais índices que selecionamos são: Margem de Lucro Bruto (MB), Margem de Lucro Operacional (MO), Margem de Lucro Líquido (ML), Retorno sobre o Ativo Total (ROA) e Retorno sobre o Capital Próprio (ROE). Figura 3.4 – Coeficientes de Rentabilidade. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Índice Índice MARGEM DE LUCRO BRUTO (MB) Mede o quanto do valor da receita líquida de vendas permanece no caixa da empresa descontados os custos das mercadorias vendidas. Mede o quanto do valor da receita líquida de vendas permanece no caixa da empresa descontados todos os custos e despesas (com exceção de despesas financeiras e impostos diretos). MB = LUCRO BRUTO RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS Mede o quanto do valor da receita líquida de vendas permanece no caixa da empresa descontados todos os custos e despesas, incluindo despesas financeiras e impostos diretos. Mede a capacidade da empresa gerar lucros a par�r do valor inves�do em a�vos. ROA = LUCRO DISTRIBUÍDO NO PERÍODO ATIVO TOTAL ML = LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS MO = LUCRO ANTES DOS JUROS E IMPOSTOS RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS RETORNO SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO (ROE) RETORNO SOBRE O ATIVO TOTAL (ROA) MARGEM DE LUCRO LÍQUIDO (ML) MARGEM DE LUCRO OPERACIONAL (MO) Mede o retorno ob�do a par�r do inves�mento em capital próprio. ROA = LUCRO DISTRIBUÍDO NO PERÍODO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 73 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 Os três primeiros indicadores desse grupo acompanham as linhas do Demonstrativo de Resultados. Verificamos a margem de lucro em relação às Receitas Líquidas de Vendas considerando o custo das mercadorias vendidas (Margem de Lucro Bruto), as demais despesas e custos indiretos (Margem de Lucro Operacional), e as despesas financeiras e carga tributária (Margem de Lucro Líquido). Ao analisarmos esses indicadores, percebemos que os índices são decrescentes e que o valor da diferença entre eles indica qual a parte da operação que está capturando a maior parte do resultado final. Em geral, comparamos estes indicadores com períodos anteriores da própria empresa em análise, ou com empresas do mesmo seguimento do mercado. Perceba que o valor final do índice é sempre gerado por um numerador e um denominador e, nesse caso, temos que prestar bastante atenção nesses dois números. Nos numeradores temos sempre uma margem de lucro que representa o impacto dos custos, despesas, despesas financeiras e carga tributária que incide sobre o negócio. Uma maior eficiência na administração desses fatores com certeza pode melhorar o resultado. Mas o denominador comum a todos esses índices é a Receita Líquida de Vendas e isso pode indicar tanto a competitividade e o posicionamento da empresa no mercado em que atua, quanto a atratividade do produto ou serviço fornecido ou, ainda, a situação do mercado como um todo. Ao buscarmos otimizar o numerador, estamos olhando predominantemente para fatores internos ao negócio, buscando eficiência em custos e processos. Ao olharmos para o denominador, estamos olhando predominantemente para fora da empresa, para nosso posicionamento de mercado e, ainda, para a situação macroeconômica do país. As causas de uma baixa rentabilidade podem estar em qualquer um desse lados. Apenas focar na redução de custos pode não resolver a dificuldade que representa a atuação em um mercado muito competitivo ou pouco atrativo. FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues 74 Síntese da Unidade Nesta Unidade, você acompanhou tópicos que demonstram técnicas de análises financeiras e o significado dos elementos utilizados para avaliação de riscos e análises financeiras por índices. Vamos relembrar os pontos mais importantes que aprendemos: No primeiro tópico aprendemos sobre os fundamentos de Risco e Retorno associados ao Custo de Capital, onde podemos verificar que haverá algum risco inerente ao próprio investimento, que, de fato, deverá afetar de alguma forma o retorno do investidor. Logo em seguida, aprendemos sobre Riscos e Perdas, onde falamos sobre a avaliação do risco sistêmico e do risco não-sistêmico. Estes tópicos nos levaram a Avaliação do risco x retorno, onde verificamos que os riscos devem ser identificados, e através dos controles empresarias controlados, tomamos por base que as incertezas de eventos afetam o retorno esperado pelo investidor, ou seja, quanto maior o risco de perda, maior deverá ser a taxa de atratividade (taxa de retorno) esperado pelo investidor. Por fim, avaliamos a Análise e Tomada de Decisão a Partir da Projeção de Fluxo de Caixa, onde verificamos diversos indicadores, pois existem diferentes aspectos que devem ser analisados em conjunto. Ainda aprendemos a sobre as Análises Financeiras por Índices, entendendo que elas são compostas por índices padronizados para facilitar a comparação de desempenho entre diferentes empresas, sendo utilizadas em análises contábeis por instituições financeiras, investidores e, até mesmo, para avaliar o desempenho de empresas. 75 Avaliações Financeiras | UNIDADE 3 Bibliografia ABREU FILHO, J. C. F.; SOUZA, C. P.; GONÇALVES, D. A; CURY, M. V. Q. Finanças Corporativas. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2006. ASSAF NETO, A.; LIMA, F, G. Curso de administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. DAMODARAN, A. Valuation Approaches and Metrics. New York: Stern School of Business, 2001. GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. LEONE, G. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. PENA, H. H. A; HOMMA, A. K. O; SILVA, F. L. Análise de Viabilidade Econômica: Um Estudo Aplicado a Estrutura de Custo da Cultura do Dênde no Estado do Pará- Amazônia-Brasil, 2010. Revista Oidles, v. 5, n.° 11, dez. 2011. PIMENTEL, C. R.; BRAGA, R.; CASA NOVA, C. P. S.; Interação entre Rentabilidade e Liquidez: Um estudo exploratório. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ. Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, 2005. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. Fundamentos de Administração Financeira. 9. ed. São Paulo: McGraw Hill, AMGH, 2015. Se você encontrar algum problema neste material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 eadproducao@unilasalle.edu.br
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