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158 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II > Reconhecer um sistema produtivo segundo o conceito da função produção. > Distinguir a função processo e a função operação de um sistema produtivo. > Identificar as atividades que agregam e que não agregam valor em um sistema produtivo de acordo com a lógica do MFP. Introdução Um sistema produtivo reúne todos os elementos materiais e intangíveis necessários para a produção de bens ou serviços por uma empresa. O sistema de produção de uma empresa é um processo de agregação de valor a bens ou serviços que atendam a metas de quantidade, preço, qualidade e tempo; mas como serão as linhas de produção de amanhã? Durante a última década, o lugar da máquina nas fábricas só cresceu. Esses braços robóticos têm velocidade imperceptível e precisão sobre-humana, movendo uma peça certamente muito pesada para nossos braços. Diante de tal demonstração de superioridade física, é difícil imaginar qualquer forma de competição orgânica. A questão da taxa de produção é certa: somos derrotados pela máquina. E já imaginamos o humano excluído das linhas de pro- dução, ou se requalificando para diferentes tarefas — programação complexa de robôs, supervisão de redes de máquinas, análise de dados, melhorias no sistema de produção. Todas essas "novas profissões", como agora são qualificadas por unanimidade, impõem profundas transformações de formação e empresas. No entanto, excluir os humanos tão rapidamente em favor do robô é talvez ir um pouco rápido. Falar sobre produção é falar antes de tudo sobre a necessidade de atender a uma demanda. É produzido o que é desejado, comprado, consumido O mecanismo da função produção Antonio Carlos de Oliveira Cruz Junior > Reconhecer um sistema produtivo segundo o conceito da função produção. > Distinguir a função processo e a função operação de um sistema produtivo. > Identificar as atividades que agregam e que não agregam valor em um sistema produtivo de acordo com a lógica do MFP. Introdução Um sistema produtivo reúne todos os elementos materiais e intangíveis necessários para a produção de bens ou serviços por uma empresa. O sistema de produção de uma empresa é um processo de agregação de valor a bens ou serviços que atendam a metas de quantidade, preço, qualidade e tempo; mas como serão as linhas de produção de amanhã? Durante a última década, o lugar da máquina nas fábricas só cresceu. Esses braços robóticos têm velocidade imperceptível e precisão sobre-humana, movendo uma peça certamente muito pesada para nossos braços. Diante de tal demonstração de superioridade física, é difícil imaginar qualquer forma de competição orgânica. A questão da taxa de produção é certa: somos derrotados pela máquina. E já imaginamos o humano excluído das linhas de pro- dução, ou se requalificando para diferentes tarefas — programação complexa de robôs, supervisão de redes de máquinas, análise de dados, melhorias no sistema de produção. Todas essas "novas profissões", como agora são qualificadas por unanimidade, impõem profundas transformações de formação e empresas. No entanto, excluir os humanos tão rapidamente em favor do robô é talvez ir um pouco rápido. Falar sobre produção é falar antes de tudo sobre a necessidade de atender a uma demanda. É produzido o que é desejado, comprado, consumido O mecanismo da função produção Antonio Carlos de Oliveira Cruz Junior Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 159 pelos usuários finais. Hoje, no entanto, o cliente quer acima de tudo um produto personalizado. Ele quer um carro que atenda às suas próprias necessidades, seus desejos, seus valores. Ele não quer comprar um dos milhões de carros a etanol com opções que ele não vai usar. Ele quer o mesmo modelo, mas elétrico, sem ar-condicionado, porque é ruim para o meio ambiente, mas com teto solar, porque adora estacionar e observar as estrelas à noite no meio do campo. Diante dessa exigência e da necessidade de adquirir habilidades cognitivas para poder resolver problemas ou executar atividades que os robôs não irão fazer, neste capítulo, você vai aprender sobre o sistema de produção, reconhecer um sistema produtivo segundo o conceito da função produção, distinguir a função processo e a função operação de um sistema produtivo e identificar as atividades que agregam e que não agregam valor em um sistema produtivo. Sistema produtivo de acordo com a função produção Esse assunto é muito extenso e existem muitos autores que conceituam a função produção. Segundo Marques (2012), na microeconomia, uma função produtiva expressa a relação entre os fatores de produção de uma organi- zação (tipos de peças ou produtos a serem produzidos e a tecnologia das máquinas) e a quantidade produzida. Indica, na forma de uma equação ou sua representação gráfica, o que pode ser produzido a partir de diferentes quantidades e combinações de fatores de produção. Em particular, indica a máxima produção possível por unidade de tempo a partir de qualquer combinação de fatores de produção, dependendo da mixagem dos produtos e do estado da tecnologia disponível. Para cada tecnologia de produção, é possível construir diferentes funções de produção. Shigeo Shingo descreve que todo o processo pelo qual a empresa produz um bem ou serviço capaz de atender a uma demanda a partir de fatores de produção adquiridos no mercado é considerado como função produção (SHINGO, 1996). No âmbito de uma empresa, o sistema produtivo, além de sua finalidade primordial, que é produzir um bem econômico, busca satisfazer a outros objetivos secundários, como os listados a seguir. � Quantidades produzidas — a função produção deve permitir à empresa atender à demanda, o que pressupõe que a empresa adapte sua capa- cidade produtiva ao volume de vendas. Isso envolve ações destinadas a manter as capacidades produtivas como estão ou a desenvolver planos de investimento em capacidade. O mecanismo da função produção2 160 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II � Qualidade — os bens econômicos produzidos devem ser de boa qua- lidade, ou seja, devem permitir atender às necessidades do cliente, mas a produção também deve ser de alta qualidade em termos de uso de recursos, de forma a respeitar o critério de eficiência do sistema produtivo. Segundo o conceito função produção no MFP (Figura 1), toda produção que é executada, tanto na fábrica como no escritório, deve ser entendida como uma rede funcional de processos e operações. Dessa forma, para ma- ximizar a eficiência da produção, deve-se analisar e melhorar o processo antes de melhorar as operações. Por meio desse procedimento, não haverá possibilidade de investimentos objetivando a melhoria de uma operação que, por exemplo, faz parte de um processo que não é necessário e poderia ser eliminado da produção. Figura 1. MFP. Fonte: Shingo (1996, p. 29). Para uma compreensão mais detalhada da lógica do MFP, é obrigatório conceituar os termos processo e operação. Processo é o fluxo dos materiais no tempo e no espaço e a transformação da matéria-prima em componente semiacabado e, finalmente, em produto acabado. Uma operação se carac- teriza como sendo o trabalho realizado para efetivar a transformação da O mecanismo da função produção 3 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 161 matéria-prima em produto acabado. O processo pode ser definido como o fluxo de materiais de um trabalhador para outro; já as operações são as ações realizadas por esses trabalhadores sobre esses materiais. Na linha em que processo é visto como fluxo de transformação de matéria- -prima em produtos semiacabados e acabados, quatro elementos distintos são identificados. A definição desses elementos ou fenômenos pode ser genericamente descrita conforme segue: � processamento — caracteriza-se pela mudança na forma e nas pro- priedades do produto. Por exemplo, montagem e desmontagem de um equipamento;� inspeção — é a comparação do que é produzido com o previsto (padrão); � transporte — é a mudança de posição de um item, ou seja, o movimento de materiais e produtos de um ponto para outro; e � espera — é o período de tempo em que não ocorre nenhum dos três primeiros fenômenos. Dentro do elemento espera, cita-se quatro tipos de esperas: ■ espera do processo, que acontece quando um lote inteiro permanece esperando enquanto o lote precedente é processado, inspecionado ou transportado; ■ espera do lote, que acontece durante as operações de um lote, ou seja, enquanto uma peça é processada e outras se encontram esperando. Esse mesmo processo em que as peças esperam para serem processadas ou pelo restante do lote também acontece nos fenômenos de inspeção e transporte; ■ estocagem de matéria-prima, quando existe um tempo de estocar o material a ser processado; ■ estocagem de produtos, quando o produto é produzido e é deslocado para um armazém para ser estocado. Por meio da análise dos processos e operações, é possível verificar a existência de cada um dos fenômenos que compõem o processo, sendo que somente o processamento em si é que agrega valor ao produto. Shingo (1996) propõe a utilização de símbolos como forma de representar os fenômenos do processo. A utilização dessa simbologia facilita a análise gráfica do processo (Figura 2). O mecanismo da função produção4 162 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Figura 2. Simbologia. Fonte: Shingo, (1996 p. 39) Pode-se concluir, com essa seção, que para uma empresa ser competitiva nesse mercado tão injusto, os prazos de entrega devem ser reduzidos de meses ou semanas para meras horas. Os retornos devido aos defeitos do produto devem ser eliminados, fazendo uma qualidade incorporada em vez de inspecionada. Os preços devem ser reduzidos porque as despesas de fabricação devem ser reduzidas. O dinheiro não pode ficar amarrado em estoque de materiais, pois, como consequência reduz-se espaço de arma- zenamento pela metade, e o sistema produtivo deve ser flexível para ser capaz de se adaptar às variações da demanda dos clientes ou até mesmo adaptações dos produtos pelos clientes. É importante que não haja dúvidas na diferenciação e posterior identificação das funções “processo” e “opera- ção” dentro do MFP. Dessa maneira, a lógica desse mecanismo poderá ser seguida e a produção analisada e otimizada Na Figura 3, podemos observar O mecanismo da função produção 5 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 163 algumas ferramentas para conseguir reduzir custos e aumentar produtivi- dade, fazendo com que a empresa seja mais competitiva no mercado — que está cada vez mais exigente. Figura 3. Pilares da produção enxuta. Fonte: Adaptada de Ghinato (2000). Deve-se estudar mais profundamente sobre as ferramentas da Figura 3, que auxiliarão na redução de desperdícios e permitirão maior controle dos processos ou melhorias nas tomadas de decisão, pois elas são utilizadas para definir, mensurar, analisar e propor soluções para os problemas que interferem no desempenho dos processos organizacionais, além de ajudar a estabelecer melhorias de qualidade. Diferença entre função processo e função operação de um sistema produtivo No trabalho, muitas vezes somos confrontados com problemas de negócios complexos e somos solicitados a preparar soluções para a implementação. Focar em operações quando devemos focar em processos pode resultar em tempo e esforço desperdiçados (e vice-versa). O mecanismo da função produção6 164 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Qual é a diferença? De acordo com Womack e James (1998), um processo é definido como um conjunto estruturado de atividades projetadas para atingir um objetivo es- pecífico. Um processo pega uma ou mais entradas definidas e as transforma em saídas definidas. Uma operação é definida como uma ação realizada por um dispositivo, departamento ou pessoa que produz um resultado. Uma operação permanece mais ou menos fixa, enquanto a finalidade (que indica intenção ou objetivo) geralmente muda. A diferença está no movimento e no fluxo. O processo implica um fluxo de atividades relacionadas que trabalham em conjunto para alcançar um objetivo. Por outro lado, uma operação implica uma ação discreta que produz um resultado. Uma operação pode certamente ser incluída em um processo, ou até mesmo ser o nome de um processo, mas na sua raiz, não é a mesma coisa. As empresas podem ter escolhas quando se trata de organizar seus fun- cionários para fazer as coisas funcionarem de forma mais eficiente. Existem dois métodos principais — um é operacional; o outro é baseado no processo. Orientações operacionais são organizadas ao longo de funções, como pro- dução, marketing e vendas. As orientações de processo permitem que os funcionários interajam entre essas funções de negócio ou através de linhas organizacionais. Os negócios com orientações focadas em operação são uma estrutura de negócios mais tradicional. Os funcionários são agrupados pela hierarquia, com um sistema de gestão de corte claro. Com um foco operacional, a linha de autoridade sobe até o topo, e as abaixo reportam para os acima. A orientação do processo se concentra no processo em si e não nas hierarquias. Os resultados e a satisfação do cliente são priorizados, e as atividades como gestão de estoque ou processamento de pedidos são o centro da orientação. Há também outras formas de entender as diferenças entre o processo de negócios e as orientações de funções de negócios. Escolher o melhor tipo de orientação empresarial depende de seu tamanho, escopo e metas. Fãs de estruturas operacionais sentem que são mais eficientes, já que funcionários com habilidades semelhantes são agrupados. A produção de todos os departamentos tem que ser coordenada com outros departamen- tos, mas há limites definidos na maior parte do tempo. Em outras palavras, estruturas operacionais podem agir de forma mais independente e ser menos propensas a interagir com outros departamentos. Uma orientação funcional de negócios flui para cima e para baixo como uma pirâmide, e cada departamento é gerenciado separadamente. Metas e estratégias de O mecanismo da função produção 7 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 165 negócios vêm do topo da pirâmide e trabalham seu caminho para baixo. Por exemplo, um CEO poderia criar a meta de reduzir os custos em 10% no ano. Os vice-presidentes poderiam, então, dividir isso em metas trimestrais para os gerentes de vendas, que atribuem funções específicas às suas equi- pes de produção. Essa estrutura poderia resultar em menos comunicação compartilhada e menos flexibilidade, no entanto. As empresas orientadas a processos podem ter um fluxo circular maior para atingir seus objetivos. Existem gerentes, mas eles designam seus alvos dependendo do trabalho que deve ser feito. Diferentes departa- mentos trabalham juntos para alcançar objetivos compartilhados. As empresas que possuem essa orientação permitem que a fabricação, as vendas e outros departamentos colaborem para encontrar formas de otimizar seus processos. As estruturas de processos também têm prós e contras. Configurá-los pode ser mais complexo, mas também pode ser mais versátil. Esses sistemas funcionam bem para empresas que atuam em diferentes regiões geográficas e indústrias. Os funcionários podem compartilhar informações por meio de diferentes limites de tarefas, o que pode aumentar o conhecimento. No entanto, as estruturas de processos também podem criar maiores relações entre gerente e trabalhador, o que pode criar conflitos. Pode concluir-se que operações e processos desempenham um papel fundamental na melhoria do local de trabalho. A chave está em saber qual desses dois aplicar nas empresas para alcançar seus resultados esperados. Se for utilizar a função processos, aproveite o tempo necessáriopara fazê- -los. Os benefícios serão imediatamente realizados por você e sua equipe (PASCAL, 2008). Qual a importância de documentar os processos? Todos nós devemos ter tempo para documentar nossos processos, pois confiar em informações disponíveis em vez de tomar o tempo extra para criar as informações certas leva a soluções alternativas e tempo perdido. Mais do que nunca, o tempo é limitado, e desperdiçá-lo é caro. Mapas de processos são ferramentas de negócios fundamentais para definir resultados de negócios, medidas de desempenho, saídas de trabalho, atividades e insumos. Em tempos de mudança, processos documentados são ainda mais importantes. Eles são ainda necessários para definir efetivamente uma mudança, determinar custos e impactos nas operações, definir requisitos (negócios, sistemas, usuário) e entender os comportamentos diários de fluxo de trabalho. Provavelmente todos concordamos que eles são diferentes; no entanto, quando confrontados com as mudanças, geralmente sob cronogramas apertados, O mecanismo da função produção8 166 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II que tipo de informação está mais prontamente disponível? operações documentadas estão em todos os lugares, e os processos documentados não estão. Só porque a informação está disponível, não significa que seja apropriada. Atividades que agregam e que não agregam valor em um sistema produtivo Você ouviu o velho ditado: tempo é dinheiro. Mas quanto do nosso tempo no trabalho é realmente gasto engajando-se em atividades que agregam valor à organização? Tendemos a assumir que cada tarefa que realizamos é essencial na manutenção das operações. Mas depois de analisar sob uma perspectiva do mecanismo de função produção (MFP), podemos ficar surpresos ao descobrir que muitas de nossas atividades estão realmente custando tempo e dinheiro à organização. Em sua essência, o MFP é uma metodologia de mapeamento que visa a eliminar o desperdício em todas as áreas de uma organização, resultando em prazos mais curtos, melhor qualidade e redução de custos. O valor pode ser simplesmente definido como algo que um cliente está disposto a pagar para receber. Se um cliente não está disposto a pagar por isso, então não há valor. Atividades obrigatórias As atividades necessárias são aquelas que devem ser feitas, mas não neces- sariamente agregam valor para clientes internos ou externos. As atividades mais comuns são aquelas exigidas por lei ou regulamentos governamentais. No entanto, isso não significa que não possam ser otimizadas, eliminando desperdícios, para reduzir os custos das atividades requeridas. Algumas pessoas categorizam atividades empresariais, como RH (con- tratação) e manutenção predial, como atividades comerciais necessárias que não agregam valor. No entanto, essas atividades não são atividades necessárias para agregar valor. Encontrar e contratar as pessoas certas, por exemplo, no momento em que elas são necessárias, e fazê-lo de forma eficiente agrega valor. Os recursos humanos de uma organização são seus recursos mais importantes. O departamento de RH está prestando um serviço valioso a cada um dos outros departamentos da organização, que por sua vez permitem que eles façam um trabalho melhor de agregar valor aos produtos que produzem. O mecanismo da função produção 9 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 167 Defeitos O desperdício em razão de defeitos está relacionado com o tempo e os materiais gastos fazendo algo de má qualidade e depois corrigindo-o ou desfazendo-o. Alguns estudos também contam o custo da inspeção como parte do desperdício (embora você não deva reduzir a inspeção a menos que tenha criado qualidade perfeita por meio de técnicas de prova de erros). Transporte O desperdício de transporte envolve o transporte de inventário, pessoas, ferramentas ou outros itens com mais frequência ou mais longe do que o necessário. O movimento excessivo pode levar a danos ao produto, trabalho desnecessário e exaustão. Exemplos de resíduos de transporte incluem: � movimentação de pacientes hospitalares de departamento para departamento; � transporte de produtos de uma área funcional para outra. Espera A espera envolve clientes, pacientes ou partes ociosas e acontece quando há pessoas, mas o processo não está pronto para acomodá-los. Aqui estão alguns exemplos: � pacientes em salas de espera; � equipe esperando respostas de outros departamentos; � processos de fabricação à espera de entrega de componentes; � espera por um voo que foi adiado devido à manutenção errada (um defeito). Movimento O desperdício de movimento envolve movimentação desnecessária de pes- soas ou itens dentro de um centro de trabalho. Aqui estão alguns exemplos: � pessoas em busca de materiais, ferramentas ou equipamentos; � espaços de trabalho mal estruturados ou desorganizados; O mecanismo da função produção10 168 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II � reuniões desnecessárias; � ter que fazer muitos cliques em um site ou software para realizar uma pequena tarefa. Superprodução Produzir mais de um produto do que pode ser consumido na época cria o desperdício de superprodução. Fazer muito de algo (ou fabricá-lo antecipa- damente à sua utilização) cria outros tipos de desperdício. A superprodução é particularmente preocupante porque tende a exacerbar os resíduos de transporte, inventário e movimento. Exemplos incluem: � produção de componentes antes da próxima etapa do processo está pronta para recebê-los; � impressão e arquivamento de documentos desnecessários. Sobre o processamento Sobre o processamento significa simplesmente fazer um trabalho que não agrega valor ao cliente. O excesso de processamento é resolvido com sim- plificação. Às vezes, em lean, podemos parar de fazer algumas coisas em vez de descobrir como fazê-las melhor. � Inserir os mesmos dados em mais de um lugar em um formulário ou em um aplicativo de software; � múltiplos níveis de aprovação para uma pequena solicitação de gastos; � informações extras do relatório. Estoque O desperdício de estoque envolve armazenar produtos ou materiais que não são necessários no momento. O excesso de estoque resulta em desperdício de espaço e desperdiça o custo associado ao inventário físico. Embora seja uma preocupação significativa na manufatura, ocorre também em outros setores. � Produção excessiva de materiais promocionais ou formulários impressos; � armários cheios de material de escritório; � equipamento não utilizado ou raramente usado. O mecanismo da função produção 11 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 169 Conclui-se que no final do frigir dos ovos, segundo Ballé et al. (2019), os desejos de um cliente podem ser direcionados para algumas poucas empresas sortudas (empresas que já estão na lista de fornecedores ou tem contato contínuo com o cliente); o cliente quer que o produto cumpra sua função, funcione quando é suposto, para ser o mais econômico possível, e geralmente o quer imediatamente. Embora outros aspectos como o pós- -venda possam ter sido incluídos nessa lista, é a natureza livre de problemas da operação de um produto que realmente conquista clientes. A fabricação sem desperdícios finalmente se propõe a atingir simultaneamente todos os problemas citados, recompensando tanto o cliente quanto o fabricante com ganhos extremamente significativos. Ao fornecer ao cliente um produto de maior valor, usando muito menos meios para chegar lá, a fabricação sem desperdícios é realmente uma solução vencedora. É uma filosofia que, acima de tudo, está permitindo que as empresas que dominam essa metodologia se tornem líderes em seu respectivo setor. Na Figura 4, sintetizamos os problemas aqui apresentados. Figura 4. Os sete desperdícios. Fonte: Smart Consultoria Jr. (2014, documento on-line). Exemplo Neste tópico, abordaremos um exemplo de fabricaçãode placas com possi- bilidades de melhorias no processo com a eliminação de desperdícios. O mecanismo da função produção12 170 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Tempo de espera Suponha que a função de um trabalhador é descarregar grandes placas de alumínio de um palhete e colocá-los na entrada de uma máquina de acabamento. Ele as descarrega o mais rápido possível para que a empi- lhadeira com a palhete possa realizar outras tarefas, e então ele espera cerca de dez minutos para que a próxima palhete chegue. Esse tempo de espera é um tempo de espera? Não necessariamente. Em alguns trabalhos, o “tempo de espera” pode ser um valioso tempo de descanso que os traba- lhadores precisam para continuar a executar bem seu trabalho. No entanto, no exemplo, há inúmeras oportunidades de melhorias para a eliminação de resíduos. Por exemplo, por que uma pessoa precisa mover fisicamente grandes placas de alumínio? Poderia haver uma maneira melhor de fazer isso usando máquinas? Movimento em excesso No exemplo, por que uma empilhadeira traz placas de alumínio de um local para outro? Suponha que o alumínio seja cortado em placas em uma operação de serragem, as quais são movidas para um armazém para armazenamento, e depois movidas em palhetes para o local onde um trabalhador as carrega para a máquina de acabamento. O excesso de movimento pode ser elimi- nado por ter a máquina de acabamento perto da operação de serragem. O alumínio é então cortado para o tamanho certo e imediatamente passado para a máquina de acabamento, eliminando a necessidade de movê-lo para dentro e para fora de um armazém. O excesso de movimento (resíduos de transporte) do alumínio foi eliminado. Excesso de manuseio Por que um trabalhador deve mover as placas de alumínio de um lugar para o funil da máquina de acabamento? E se as placas de alumínio saíram da máquina de serra e foram direto para a máquina de acabamento? As placas de alumínio não precisam mais ser manuseados por um funcionário, eliminando esse desperdício. Excesso de estoque Em uma semana, a operação de serragem pode produzir placas de alumínio suficientes para manter a máquina de acabamento fornecida por um mês. Como a operação de serragem faz o corte para uma série de outros produtos, ele O mecanismo da função produção 13 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 171 faz placas de alumínio por uma semana, com as placas sendo guardadas em um armazém até que sejam necessárias no final do mês. Faz o mesmo por três outros produtos. O resultado são quatro armazéns, cada um capaz de realizar um mês de fornecimento do material necessário para fazer um produto. Mas e se a operação de corte gastar apenas um dia em cada produto? A cada dia faz o suficiente para quatro dias de operação do processo de acabamento de cada produto. O resultado é que cada armazém só precisa armazenar quatro dias de material em vez de quatro semanas. Os custos de armazenamento de estoque, juntamente com os riscos associados, foram reduzidos em 75% como resultado da eliminação do excesso de estoque. Superprocessamento Se o processo de acabamento das placas de alumínio inclui a aplicação de dez camadas de tinta epóxi de alta qualidade com lixamento e polimento entre cada etapa, mas o cliente só exige que as placas acabadas sejam pintadas de preto, há muito trabalho indo para o processo de acabamento — o que significa que o trabalho extra (e tinta epóxi) está sendo desperdiçado. Superprodução Se mais placas de alumínio estão sendo produzidos do que estão sendo vendidos, elas se acumularão em um armazém. Isso pode fazer sentido se a maioria das placas de alumínio for vendida durante as quatro semanas anteriores ao Natal e a oferta precisar ser construída antes da temporada de férias. Na maioria dos casos, a superprodução resulta em altos níveis de estoque desperdiçado. Os resultados desejáveis, no entanto, só ocorrem após uma série do que podem ser consideradas medidas não convencionais, traumáticas e impopulares, pois quando se começa a modificar processos, poderão existir pessoas resistentes a mudanças. Quando comparado a um negócio tradicional, um mapeamento adequado pode parecer ter virado toda a estrutura em poder da organização, sendo que para muitos gestores isso é ruim pelo fato de que todos terão visão do processo e ele não deterá sozinho o conhecimento. Esse tipo de pensamento deve ser combatido em prol da empresa. Como o chão de fabricação é onde o dinheiro é realmente feito e perdido, a gestão em um negócio mapeado existe para apoiar o chão de fábrica bancando dinheiro para melhorias e novos equipamentos. Pelo valor nominal, isso indiscutivelmente levanta a questão por que nem todas O mecanismo da função produção14 172 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II as empresas começaram assim. Embora o exemplo apresentado possa ser considerado uma saída drástica do padrão atual da empresa, a visão de um processo mapeado e sem desperdício é uma visão testada e verdadeira que promete recompensas como ganhos iniciais de 25-40% em produtividade direta e indireta. Referências BALLÉ, M. et al. A estratégia lean: para criar vantagem competitiva, inovar e produzir com crescimento sustentável. Porto Alegre: Bookman, 2019. 304 p. GHINATO, P. Elementos fundamentais do Sistema Toyota de Produção. In: ALMEIDA, A. T.; SOUZA, F. M. C. (org.). Produção e competitividade: aplicações e inovações. Recife: Universitária da UFPE, 2000. p. 31–59. MARQUES, C. F. Estratégia de gestão da produção e operações. Curitiba: Iesde Brasil, 2012. 144 p. PASCAL, D. Produção lean simplificada: um guia para entender o sistema de produção mais poderoso do mundo. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. 192 p. SHINGO, S. O sistema Toyota de produção do ponto de vista da engenharia de produção. 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No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. O mecanismo da função produção 15 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 O Mecanismo da Função Produção | PARTE 1 173 Mecanismo da Função Produção aplicado na análise e identificação de perdas nos processos de produção de equipes de trabalho pesado Disponível em: http://gg.gg/12d0fl. MATERIAL COMPLEMENTAR 174 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE. PREZADO ESTUDANTE Parte 2 Mecanismo da função produção: operações O conteúdo deste livro é disponibilizado por SAGAH. unidade 4 V.1 | 2022 176 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Classificar as operações produtivas segundo o mecanismo da função pro- dução. > Identificar o papel das operações que agregam valor e das que não agregam valor. > Desenvolver ações de melhoria para a redução ou eliminação das atividades que não agregam valor em um processoprodutivo. Introdução O mecanismo da função produção (MFP) analisa o fluxo dos materiais e dos opera- dores no tempo e no espaço considerando dois tipos de função: a função processo e a função operação. A função processo trata do fluxo dos materiais e produtos no tempo e no espaço, e a função operação aborda o fluxo da transformação dos materiais em produtos no tempo e no espaço. Entre as operações existentes em um processo produtivo, há as que agregam e as que não agregam valor. Essas últimas devem ser eliminadas do processo. Para identificar as operações que agregam e as que não agregam valor, utiliza-se uma ferramenta para desenho do processo produtivo chamada “mapa de fluxo de valor” (MFV). Mecanismo da função produção: operações Jocieli Francisco da Silva OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Classificar as operações produtivas segundo o mecanismo da função pro- dução. > Identificar o papel das operações que agregam valor e das que não agregam valor. > Desenvolver ações de melhoria para a redução ou eliminação das atividades que não agregam valor em um processo produtivo. Introdução O mecanismo da função produção (MFP) analisa o fluxo dos materiais e dos opera- dores no tempo e no espaço considerando dois tipos de função: a função processo e a função operação. A função processo trata do fluxo dos materiais e produtos no tempo e no espaço, e a função operação aborda o fluxo da transformação dos materiais em produtos no tempo e no espaço. Entre as operações existentes em um processo produtivo, há as que agregam e as que não agregam valor. Essas últimas devem ser eliminadas do processo. Para identificar as operações que agregam e as que não agregam valor, utiliza-se uma ferramenta para desenho do processo produtivo chamada “mapa de fluxo de valor” (MFV). Mecanismo da função produção: operações Jocieli Francisco da Silva Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 177 Neste capítulo, você poderá compreender o MFP, conhecendo os elementos básicos que constituem a função processo e a função operação, bem como os elementos básicos necessários para analisar as operações. Em seguida, detalha- remos como o MFV pode ser utilizado para identificar as operações que agregam e as que não agregam valor ao processo produtivo. Por fim, serão apresentadas ferramentas que podem ser utilizadas para desenvolver ações visando à eliminação das atividades que não agregam valor. MFP: tipos de função e análise das operações Essencial para que os engenheiros entendam os sistemas de produção, o MFP é uma ferramenta prática para compreender o funcionamento desses sistemas e, principalmente, para priorizar as ações de melhoria. O MFP pode ser aplicado a qualquer tipo de empresa, seja uma fábrica de manufatura, seja uma empresa de serviços, seja outro tipo de organização. Todas essas organizações têm um processo produtivo e os elementos básicos da função processo (ANTUNES et al., 2008). O MFP estabelece uma visão sistêmica de todos os elementos que integram um sistema produtivo, sugerindo desenhar os sistemas produtivos no formato de uma rede. Nessa rede, as operações e os processos são separados, o que facilita a identificação das melhorias a serem realizadas. A partir do desenho do sistema produtivo como uma rede de processos e operações, é possível direcionar o foco das melhorias para as atividades que mais agregam valor ao processo produtivo. Esse processo de identificar as operações e os processos, desenhar o fluxo em formato de rede e direcionar as ações de melhoria é a essência do MFP. Para entender melhor o MFP, primeiramente é necessário compreender que há dois tipos de função: a função processo e a função operação. A função processo trata do fluxo dos materiais e dos produtos de uma estação de trabalho para outra; nela, é possível observar a transformação gradativa da matéria-prima em produtos acabados. Ou seja, esse tipo de função analisa o fluxo, no tempo e no espaço, de materiais, de produtos e de transformação dos materiais em produtos acabados. Já a função operação analisa os diferentes estágios de transformação, em que os trabalhadores podem estar fabricando diferentes produtos. Portanto, a função operação analisa o fluxo do sujeito do trabalho no tempo e no espaço (ALVAREZ; ANTUNES JUNIOR, 2001). A abordagem da função produção propõe visualizar os sistemas produtivos no formato de rede (Figura 1). Na rede proposta, o eixo X envolve as operações existentes, e o eixo Y, os processos. Nesse caso, os sistemas produtivos são uma combinação entre o acompanhamento dos fluxos de materiais no tempo e Mecanismo da função produção: operações2 178 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II no espaço e o acompanhamento dos fluxos de pessoas, equipamentos, máqui- nas, etc. no tempo e no espaço. O encontro de uma função processo com uma função operação forma um nó na rede, o que pode acontecer em determinados pontos. Uma inspeção é um exemplo de um nó na rede (ANTUNES et al., 2008). Figura 1. Estrutura da produção. Fonte: Antunes et al. (2008, p. 83). O fluxo integrado dos materiais, do início ao fim da produção, é o processo. Em alguns pontos desse fluxo, há materiais e pessoas; em outros, há apenas estoque de materiais processados ou a serem processados. Para Antunes et al. (2008), há alguns elementos básicos que constituem a função processo e a função operação, a saber: processamento, ou fabricação; inspeção; trans- porte, ou movimentação interna; e espera, ou estocagem. Esses elementos são descritos a seguir. � Processamento, ou fabricação: transformação do objeto de trabalho no tempo e no espaço por meio de atividades como, por exemplo, corte, pintura, montagem e usinagem. � Inspeção: comparação do objeto de trabalho com o modelo padrão existente. � Transporte, ou movimentação interna: alteração de lugar ou posição do objeto de trabalho. � Espera, ou estocagem: período em que não está ocorrendo nenhum tipo de processamento, movimentação ou inspeção com o objeto de trabalho. Mecanismo da função produção: operações 3 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 179 As esperas podem ser divididas em quatro categorias: espera de processo, espera por tamanho de lote, armazenagem da matéria-prima ou armazenagem de produto acabado. A espera de processo ou fabricação ocorre quando um produto ou um lote inteiro está aguardando um processamento — por exem- plo, quando o lote do produto B chega à máquina M, mas ela está ocupada processando o produto A. Nesse caso, o produto B tem de aguardar até a liberação da máquina, sendo esse tempo de espera chamado “tempo de espera de processamento”. Já a espera por tamanho de lote ocorre quando uma peça está sendo processada e as demais peças do lote estão aguardando, pois não é possível processar o lote inteiro em uma única vez. As esperas de armazenagem de matéria-prima e de produtos acabados, por sua vez, estão relacionadas a fatores externos à produção, como, por exemplo, o tamanho do lote de compras, a estratégia da organização (manter estoque), entre outros. Para a área de produção, as esperas que devem ser reduzidas ou eliminadas são as esperas por processamento e por tamanho de lote (ANTUNES et al., 2008). Elementos básicos para análise das operações Os elementos básicos da função processo, que representa o fluxo dos homens e das máquinas no tempo e no espaço, são o setup, a operação principal, as folgas não ligadas ao pessoal e as folgas ligadas ao pessoal (ANTUNES JÚNIOR, 1994). A seguir, detalharemos cada uma dessas categorias, que permitem analisar as operações. Setup O setup corresponde ao tempo de processamento decorrido desde a última peça produzido no lote A até a primeira peça boa produzida no lote B. O setup engloba a troca de dispositivos e ferramentas, a limpeza da máquina e as demais atividades realizadas com o intuito de preparar amáquina para a operação seguinte (ANTUNES JÚNIOR, 1994). Operação principal A operação principal diz respeito às funções ligadas diretamente às operações de processamento, espera, inspeção e transporte, podendo ser subdividida em operações essenciais e operações auxiliares. As operações essenciais, que correspondem aos pontos da rede em que a operação e o processo se encontram, são divididas em (ANTUNES JÚNIOR, 1994): Mecanismo da função produção: operações4 180 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II � operação essencial de processamento — ponto em que produtos são fabricados e montados; � operação essencial de inspeção — ponto de checagem da qualidade dos produtos; � operação essencial de transporte — mudança de posição dos produtos dentro da fábrica; � operação essencial de estocagem — ponto de armazenagem do pro- duto pronto. Já as operações auxiliares são as atividades que ocorrem antes ou após o processo de operação. Essas operações, essenciais para que a atividade aconteça, podem ser divididas em (ANTUNES JÚNIOR, 1994): � operação auxiliar de processamento — atividade de alimentação ou desalimentação de máquinas ou linhas de montagem; � operação auxiliar de inspeção — disponibilização de equipamentos e produtos necessários para inspeção; � operação auxiliar de transporte — carregamento e descarregamento de transportes; � operação auxiliar de estocagem — disponibilização de produtos em lugares específicos. Folgas não ligadas ao pessoal As folgas não ligadas ao pessoal correspondem ao tempo em que os opera- dores não estão realizando atividades-fim, isto é, são folgas que não estão relacionadas com a ação das pessoas. Existem dois tipos de folgas não ligadas ao pessoal: as folgas na operação e as folgas entre operações (ANTUNES JÚNIOR, 1994). As folgas na operação estão ligadas à operação, mas não ao operador (p. ex.: lubrificação e limpeza de máquinas, troca de ferramentas, etc.). Por sua vez, as folgas entre operações são trabalhos irregulares que acontecem entre uma operação e outra (p. ex.: espera por matéria-prima ou lote de produção, carregamento e descarregamento de paletes, etc.) (ANTUNES JÚNIOR, 1994). Folgas ligadas ao pessoal As folgas ligadas ao pessoal são as folgas que não estão conectadas com a operação, estando, desse modo, ligadas diretamente às pessoas. Essas folgas Mecanismo da função produção: operações 5 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 181 podem ocorrer devido à fadiga, para que o operador se recupere da fadiga física ou mental; ou devido a necessidades físicas ou higiênicas, para que o operador vá ao banheiro, beba água, etc. (ANTUNES JÚNIOR, 1994). Nem sempre as melhorias realizadas na função operação terão im- pacto na melhoria do processo. Melhorar uma operação é importante quando essa é a operação gargalo; nos demais casos, uma melhoria em uma operação trará um resultado isolado, e não um impacto no processo como um todo. Nesta seção, foram apresentados os elementos básicos que constituem a função processo e a função operação, bem como as categorias de análise dos elementos básicos das operações. Na próxima seção, você poderá aprender a identificar as operações que agregam valor e as que não agregam valor ao sistema produtivo. Operações que agregam valor e operações que não agregam valor ao sistema produtivo Os processos produtivos são compostos por operações, que podem ser divididas em operações que agregam valor, operações necessárias que não agregam valor e operações que não agregam valor, descritas a seguir (AN- TUNES et al., 2008). � Operações que agregam valor: são as atividades que tornam o produto ou serviço importante, de modo que o cliente está disposto a pagar por elas. São exemplos a solda, a pintura, a colagem, entre outras. � Operações necessárias que não agregam valor: correspondem às ati- vidades que, embora não gerem valor para o cliente, são necessárias para as operações, como, por exemplo, a auditoria e os testes. � Operações que não agregam valor: são as atividades desnecessárias para que o produto/serviço seja feito, devendo, portanto, ser eliminadas do processo. São exemplos a movimentação, o transporte, a espera, o setup, entre outras. Essas operações que não agregam valor geram perdas, também chama- das “desperdícios”, para o sistema produtivo. É necessário que as perdas Mecanismo da função produção: operações6 182 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II existentes sejam eliminadas para aumentar a eficiência do processo e os ganhos da empresa. O Sistema Toyota de Produção (STP) classifica as perdas em sete tipos: perdas por superprodução, perdas no processamento em si, perdas por transporte, perdas por fabricar produtos defeituosos, perdas por espera, perdas no movimento e perdas por estoque (PERGHER; RODRIGUES; LACERDA, 2011). A definição de cada uma dessas sete perdas é apresentada no Quadro 1. Quadro 1. As sete perdas do STP Tipo de perda Definição Perdas por superprodução São as perdas que ocorrem por se produzirem mais produtos do que o necessário (perdas quantitativas) ou por se produzirem produtos antes do tempo necessário (perdas antecipadas). Perdas no processamento em si São as perdas causadas por se fazer mais do que o necessário, isto é, dizem respeito às atividades realizadas no processo de fabricação que são desnecessárias para que o produto atenda às características básicas de qualidade solicitadas pelo usuário. Perdas por transporte São as perdas oriundas da movimentação dos materiais dentro da fábrica. O transporte é uma atividade que não agrega valor, pois, nessa etapa, não há processamento ocorrendo com os materiais; há apenas movimentações. Perdas por fabricar produtos defeituosos São as perdas causadas pela fabricação de peças, sistemas ou componentes que não atendem aos requisitos de qualidade necessários. Perdas por espera São as perdas que ocorrem quando o lote de item precisa aguardar a disponibilidade do equipamento (perdas por espera de processo) ou quando as peças estão em estoque aguardando a composição do lote (perdas por espera por lote). Perdas no movimento São as perdas relacionadas aos movimentos realizados pelos trabalhadores que são excessivos e não contribuem para a agregação de valor, como, por exemplo, a passagem de materiais de mão em mão, a espera, os recarregamentos, a acumulação de peças semiprocessadas, entre outros. Perdas por estoque São as perdas causadas pela produção excessiva, que fica em estoque. Estoques não geram valor e demandam gastos. Fonte: Adaptado de Pergher, Rodrigues e Lacerda (2011). Mecanismo da função produção: operações 7 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 183 As atividades/operações que não agregam valor ao processo devem ser eliminadas ou reduzidas, de modo a suprimir as perdas do sistema produtivo e, assim, aumentar a sua eficiência. Para identificar tais atividades/operações, lança-se mão do MFV, ferramenta que será detalhada a seguir. Mapa de fluxo de valor Possibilitando a compreensão do fluxo de materiais e informações no decorrer do processo, o MFV é usado para identificar as atividades que não agregam valor ao processo produtivo (SLACK, 2018). Proposto por Mike Rother e John Shook, o MFV é uma ferramenta simples, pois usa uma linguagem comum e unificada para entender os processos e os fluxos produtivos, focando na relação entre os processos. Com isso, essa ferramenta ajuda a identificar o que causa os desperdícios e fornece uma visão sistêmica do processo produtivo (HENRIQUE, 2014). O MFV oferece uma representação dos processos produtivos da empresa desde o recebimento da matéria-prima até a entrega do produto final. O desenho do mapa possibilita identificar as perdas do sistema e, a partir disso, atuar para corrigi-las. O MFV é composto por quatro fases, apresentadas a seguir(HENRIQUE, 2014). 1. Primeira fase: define-se a família de produtos (isto é, um conjunto de produtos que passam pelo mesmo processo produtivo) para a construção do mapa. É necessário que a família de produtos escolhida seja representativa para a empresa, seja pelo volume fabricado, seja pelo ganho financeiro. 2. Segunda fase: desenha-se o mapa do estado atual para identificar as atividades que não agregam valor. 3. Terceira fase: desenha-se o mapa do estado futuro. Para tanto, parte- -se dos problemas identificados para projetar uma situação livre dos desperdícios. 4. Quarta fase: define-se um plano de ação para a implementação das melhorias e o atingimento do estado futuro. Todas os processos de fabricação da família de produtos selecionada devem estar representados no MFV. Para desenhar o MFV dessa família de produtos, é necessário levantar os seguintes dados, que serão incluídos no mapa (HENRIQUE, 2014): Mecanismo da função produção: operações8 184 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II � tempo de ciclo (T/C) — tempo decorrido entre um produto e outro na mesma operação; � tempo de troca, ou setup (T/TR) — tempo necessário para alterar a produção de um tipo de produto para a produção de outro; � disponibilidade — tempo que a máquina tem para trabalhar naquele processo; � índice de qualidade — percentual de produtos bons; � mão de obra — número de pessoas necessárias para a operação. Com a construção do MFV, é possível observar todos os processos neces- sários para a fabricação de determinado produto. O fluxo de materiais fica disposto da esquerda para a direita, em sequência, na parte inferior do mapa. Já o fluxo de informações fica disposto na parte superior do mapa, orientado da direita para a esquerda, ou seja, o fluxo de informações é representado em sentido contrário ao fluxo de materiais (HENRIQUE, 2014). Os ícones utilizados no desenho do MFV são apresentados no Quadro 2. Quadro 2. Legendas de ícones do MFV Ícone Legenda Célula de produção Fluxo de informação (desenvolvimento, compras, comercial) Fluxo de informação (manufatura) Fluxo de materiais (manufatura) Fluxo de informação do PCP Fluxo contínuo de peças Supermercado de peças Produção puxada Nivelamento da produção (heijunka) (Continua) Mecanismo da função produção: operações 9 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 185 Ícone Legenda Estoque na produção empurrada Estoque pulmão (buffer) Quadro Kanban Fonte: Adaptado de Henrique (2014). A Figura 2 apresenta um exemplo de MFV. Na sua parte superior, está disposto, da direita para a esquerda, o fluxo de informações, que compreende o planejamento e o controle da produção desde a entrada do pedido até a fabricação do produto. Na parte inferior do mapa, está situado o fluxo de materiais, que compreende os processos produtivos necessários para trans- formar a matéria-prima em produto acabado. Entre as caixas de dados, estão os triângulos que representam os estoques em processo (HENRIQUE, 2014). Figura 2. Exemplo de MFV. Fonte: Adaptada de Henrique (2014). Nesta seção, foram apresentadas as atividades que agregam valor e as que não agregam valor ao sistema produtivo, bem como as sete perdas do sistema produtivo propostas pelo STP. Além disso, você pôde compreender (Continuação) Mecanismo da função produção: operações10 186 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II que o MFV é um ótimo recurso para identificar as atividades que não agregam valor e, a partir disso, reduzi-las ou eliminá-las. Para eliminar essas atividades que não agregam valor e geram perdas no sistema produtivo, são utilizadas algumas ferramentas, que serão descritas a seguir. Ferramentas para eliminar as atividades que não agregam valor ao sistema produtivo A fim de aumentar a eficiência do processo, as atividades que não agregam valor devem ser eliminadas, o que ocorre por meio de ações de melhoria. Para elaborar os planos de ação e sugerir ideias para efetuar as melhorias necessá- rias, podem-se utilizar algumas ferramentas, como o ciclo PDCA, o diagrama de causa e efeito, o brainstorming e o 5W2H, que detalharemos nesta seção. Diagrama de causa e efeito Também conhecido como “diagrama de Ishikawa” e “diagrama espinha de peixe”, o diagrama de causa e efeito é um método muito eficaz para ajudar a identificar a causa raiz do problema. Para tanto, buscam-se respostas para perguntas como “o quê?”, “por quê?”, “quando?” e “como?” (SLACK, 2018). Para montar o diagrama, cria-se uma linha central (a espinha de peixe) e, na extremidade dessa linha, coloca-se o problema. Então, ao longo da linha central, adicionam-se linhas perpendiculares elencando os problemas e as suas possíveis soluções, como se pode observar no exemplo apresentado na Figura 3. Figura 3. Diagrama de causa e efeito. Manutenção Mão de obra Método Produto com defeito Causa raiz do problema • Falta de manutenção • Manutenção incorreta • Jornada excessiva • Falta de treinamento • Falta de controle de qualidade • Falta de padronização Possíveis causas do problema Elaborar calendário de manutenções Elaborar método de trabalho Elaborar método de trabalho Sugestões de melhoria Troca fornecedor • Matéria-prima com defeito • Lotes diferentes Material Mecanismo da função produção: operações 11 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 187 5W2H O 5W2H é uma lista de verificação usada para diagnosticar problemas e propor soluções para eles. As perguntas que compõem essa lista são sete: cinco delas introduzidas por palavras que, em inglês, iniciam com a letra W (what, where, when, why e who) e duas delas introduzidas por palavras/expressões que, também em inglês, iniciam com a letra H (how e how much). É daí que se origina o nome “5W2H”. As perguntas que devem ser feitas para aplicar o 5W2H são as apresen- tadas a seguir. � O que melhorar? (What?) � Onde melhorar? (Where?) � Quando será realizada a melhoria? (When?) � Por que resolver esse problema? (Why?) � Quem será o responsável (ou os responsáveis) pela solução do pro- blema? (Who?) � Como será implementada a solução? (How?) � Quanto custa a solução proposta? (How much?) O Quadro 3 mostra um exemplo de aplicação do 5W2H. Quadro 3. Exemplo de 5W2H What? (O quê?) Where? (Onde?) When? (Quando?) Why? (Por quê?) Who? (Quem?) How? (Como?) How much? (Quanto custa?) Incluir um poka-yoke Na máquina X 10 de novembro Para eliminar os produtos não conformes João da Silva Projetar um dispositivo com o fornecedor Y R$ 5 mil Eliminar a atividade de transporte 2 Ao final do processo de pintura 25 de julho Para reduzir o lead time Anderson Rosa Ajustar o leiaute da linha de pintura R$ 20 mil Mecanismo da função produção: operações12 188 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Brainstorming Útil em diferentes situações, o brainstorming (ou “tempestade de ideias”) é uma ferramenta simples cujo objetivo é promover o surgimento de ideias ou evidenciar os problemas. Essa técnica, que deve ser realizada em grupo e priorizar a quantidade de ideias, e não a sua qualidade, pode ser conduzida de forma estruturada ou de forma desestruturada. Em uma condução estru- turada, realizam-se rodadas em que cada participante contribui com uma ideia ou passa a sua vez. Quando resta apenas um participante apresentando ideias, encerra-se o brainstorming. Já na forma desestruturada, um grupo se reúne e propõe ideias de forma livre. Para realizar um brainstorming, é necessário verificar alguns aspectos, dentre os quais podemos destacar os descritos a seguir (BEHR; MORO; ES- TABEL, 2008). � O ambiente deve ser confortável e convidativo para que os participantes se sintam à vontade para expor suas ideias. A espontaneidade dos integrantes do grupo é um fator decisivo para a criatividade das ideias. � O grupo deve ser heterogêneo para gerar mais ideias.� É importante que o processo conte com uma condução, a fim de manter a objetividade do grupo, garantir a originalidade das ideias e estimular a contribuição dos participantes. Quem estiver conduzindo o brainstorming não pode interpretar o que é dito nem criticar as ideias apresentadas. Depois de levantadas as ideias iniciais, realizam-se a revisão e a conclusão do brainstorming. No que se refere à estrutura do brainstorming, pode-se dizer que ele se divide em cinco etapas (BEHR; MORO; ESTABEL, 2008): 1. introdução — momento em que é apresentada a questão para a qual as ideias devem ser sugeridas; 2. criação de ideias — realização da tempestade de ideias; 3. revisão — momento em que são listadas as ideias levantadas pelo grupo e esclarecidas as dúvidas em relação a alguma ideia; 4. seleção — momento em que se listam todas as ideias e se descartam, a partir de um consenso entre o grupo, as que não são adequadas; 5. ordenação — com as ideias restantes, é feita uma priorização para posterior aplicação. Mecanismo da função produção: operações 13 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 189 Ciclo PDCA O ciclo planejar-executar-verificar-agir (PDCA, do inglês plan-do-check-act) é um ciclo de melhoria contínua que objetiva tornar os processos mais claros e ágeis. As etapas que o compõem são detalhadas a seguir. � Planejar: consiste em analisar o problema atual mediante coleta de dados, estabelecer metas para controle e escolher o método para atingir tais metas. � Executar: nessa etapa, são executadas as tarefas definidas na etapa anterior e coletam-se os dados para a verificação do processo. � Verificar: na terceira etapa, a solução implementada é verificada por meio da comparação entre os dados alcançados e a meta planejada. � Agir: na última etapa do ciclo, as mudanças realizadas, se tiverem sido bem-sucedidas, são consolidadas ou padronizadas; por outro lado, se elas não tiverem obtido sucesso, será necessário elencar as lições aprendidas e reiniciar o ciclo. O ciclo PDCA é ilustrado na Figura 4. Figura 4. Ciclo PDCA. A definição da ferramenta ou das ferramentas a serem utilizadas depende do problema a ser solucionado. As ferramentas que apresentamos nesta seção Mecanismo da função produção: operações14 190 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto. Por exemplo, é usual que as ferramentas 5W2H, brainstorming e diagrama de causa e efeito sejam usadas em conjunto com o ciclo PDCA. Essas ferramentas costumam ser incluídas nas diferentes fases do ciclo e mostram resultados significativamente positivos. Exemplo Em um estudo de caso, Zeferino et al. (2019) descreveram o uso do MFV como ferramenta para a identificação dos desperdícios no processo de desinfec- ção de materiais utilizados na área de assistência ventilatória. O estudo foi realizado no setor de desinfecção de um hospital de médio porte (com 410 leitos) do estado de São Paulo. Para coletar os dados para desenho do MFV, uma equipe treinada em lean acompanhou o processo da central de desinfecção (unidade responsável pela desinfecção de materiais respiratórios) utilizando um roteiro semiestruturado com as informações necessárias para a elaboração do MFV. Com os dados coleta- dos, a equipe desenhou o estado do processo atual, representado pela Figura 5. Figura 5. MFV antes das mudanças. Fonte: Adaptada de Zeferino et al. (2019). Mecanismo da função produção: operações 15 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Operações | PARTE 2 191 Após o desenvolvimento do MFV, foram realizados eventos de kai- zen para discutir as etapas do processo e identificar as atividades que agregam e as que não agregam valor. A análise permitiu identificar que eram realizados processos de esterilização excessivos quando o material chegava ao setor. Além disso, eram utilizados alguns tipos de materiais (luvas, aventais e máscaras) que poderiam ser substituídos por outros de menor valor. Após a análise dos membros da equipe, foi desenhado um MFV do estado futuro (Figura 6), com a eliminação das atividades que não agregam valor. Figura 6. MFV após a eliminação dos desperdícios. Fonte: Adaptada de Zeferino et al. (2019). A alteração do processo de trabalho ocasionou uma redução de R$ 809,08 por mês, sem se contabilizarem os custos em relação à substi- tuição dos materiais. Além da eliminação das etapas desnecessárias de esterilização, também foi eliminado o transporte dos materiais prontos para o centro de material e esterilização, o que gerou uma redução de tempo de 2 horas e 37 minutos por dia. Mecanismo da função produção: operações16 192 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Referências ALVAREZ, R. R.; ANTUNES JÚNIOR, J. A. V. Takt-time: conceitos e contextualização dentro do sistema Toyota de produção. Gestão & Produção, v. 8, n. 1, p. 1–18, abr. 2001. Dispo- nível em: https://www.scielo.br/pdf/gp/v8n1/v8n1a01.pdf. Acesso em: 16 maio 2021. ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. ANTUNES JÚNIOR, J. A. V. O mecanismo da função de produção: a análise dos sistemas produtivos do ponto de vista de uma rede de processos e operações. Produção, v. 4, n. 1, p. 33–46, 1994. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/prod/v4n1/v4n1a03.pdf. Acesso em: 16 maio 2021. BEHR, A.; MORO, E. L. da S.; ESTABEL, L. B. Gestão da biblioteca escolar: metodologias, enfoques e aplicação de ferramentas de gestão e serviços de biblioteca. Ciência da Informação, v. 37, n. 2, p. 32–42, maio/ago. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/ pdf/ci/v37n2/a03v37n2.pdf. Acesso em: 16 maio 2021. HENRIQUE, D. B. Modelo de mapeamento de fluxo de valor para implantações de lean em ambientes hospitalares: proposta e aplicação. 2014. 119 f. Dissertação (Mestrado) — Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18156/tde-17072014- 110628/publico/DanielBarberatoHenriqueDEFINITIVO.pdf. Acesso em: 16 maio 2021. PERGHER, I.; RODRIGUES, L. H.; LACERDA, D. P. Discussão teórica sobre o conceito de perdas do Sistema Toyota de Produção: inserindo a lógica do ganho da teoria das restrições. Gestão & Produção, v. 18, n. 4, p. 673–686, 2011. Disponível em: https://www. scielo.br/pdf/gp/v18n4/a01v18n4.pdf. Acesso em: 16 maio 2021. SLACK, N. Administração da produção. In: SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. ZEFERINO, E. B. B. et al. Mapa de fluxo de valor: aplicação e resultados na central de desinfecção. 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MATERIAL COMPLEMENTAR 194 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE. PREZADO ESTUDANTE Parte 3 Mecanismo da Função Produção: Mapeamento O conteúdo deste livro é disponibilizado por SAGAH. unidade4 V.1 | 2022 196 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer um sistema produtivo e seu mapeamento segundo a lógica do mecanismo da função produção. > Identificar atividades que agregam valor e que não agregam valor em um processo de produção. > Planejar ações para a redução ou eliminação das atividades que não agregam valor em um processo de produção. Introdução O sistema Toyota de produção (STP) tem sido bastante discutido no mundo ocidental desde o final da década de 1980 em razão do seu sucesso, especialmente dentro da indústria automobilística. O STP conta com uma ferramenta analítica central, chamada de mecanismo da função produção (MFP), que ajuda teóricos e praticantes a compreender um sistema de produção como uma rede de processos e operações. A função produção, como vista por Shigeo Shingo, permite mapear qualquer sistema produtivo (seja na produção de bens ou serviços) do ponto de vista de processos e operações, e permite analisar cada um dos elementos dessas funções de modo a identificar o que (e como) está sendo transformado, assim como quem (ou qual máquina/equipamento) está realizando as atividades ligadas a tal transformação. Mecanismo da função produção: mapeamento Rodrigo Salvador OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer um sistema produtivo e seu mapeamento segundo a lógica do mecanismo da função produção. > Identificar atividades que agregam valor e que não agregam valor em um processo de produção. > Planejar ações para a redução ou eliminação das atividades que não agregam valor em um processo de produção. Introdução O sistema Toyota de produção (STP) tem sido bastante discutido no mundo ocidental desde o final da década de 1980 em razão do seu sucesso, especialmente dentro da indústria automobilística. O STP conta com uma ferramenta analítica central, chamada de mecanismo da função produção (MFP), que ajuda teóricos e praticantes a compreender um sistema de produção como uma rede de processos e operações. A função produção, como vista por Shigeo Shingo, permite mapear qualquer sistema produtivo (seja na produção de bens ou serviços) do ponto de vista de processos e operações, e permite analisar cada um dos elementos dessas funções de modo a identificar o que (e como) está sendo transformado, assim como quem (ou qual máquina/equipamento) está realizando as atividades ligadas a tal transformação. Mecanismo da função produção: mapeamento Rodrigo Salvador Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Mapeamento | PARTE 3 197 Neste capítulo, você vai conhecer detalhes sobre o MFP, quais são seus elemen- tos principais e como utilizar esses elementos para realizar o mapeamento de um sistema produtivo. Você verá também como identificar atividades que agregam e que não agregam valor e estratégias para eliminar ou reduzir estas últimas. O MFP e seus elementos O conceito de produção abrange uma rede de processos e operações que se interrelacionam. Assim, na busca pela melhoria da produção, é necessário dar ênfase aos processos (SHINGO, 2007). Com esse objetivo, o MFP foi apresen- tado de forma pioneira pelo STP, mas deve-se salientar que apenas imitar os aspectos superficiais de tal sistema não leva à uma inovação fundamental na produção, e outros modelos e sistemas de produção podem ser concebidos com base no MFP e na melhoria de processos (ANTUNES et al., 2008). O STP foi o primeiro exemplo bem-sucedido de aplicação sistemática dos conceitos apresentados por Shigeo Shingo e Taiichi Ohno (ANTUNES et al., 2008). Desde sua origem, tal sistema abriu um campo para discussão de estratégias de melhoria e otimização da produção, remontando às suas raízes conceituais, com os elementos da função processo (desde o casal Gilbreth) e os elementos da função operação (com Taylor). Frederick Winslow Taylor é considerado o pai da administração cien- tífica. Foi o precursor dos estudos de tempos e métodos (com início em 1881), que visa determinar cientificamente o melhor método para que uma atividade possa ser realizada no menor tempo viável (TAYLOR, 1978). O casal Frank e Lilian Gilbreth, por sua vez, foi pioneiro nos estudos de tempos e movimentos, pesquisando especialmente a fadiga humana. Seus estudos buscavam encontrar modos de evitar movimentos inúteis na execução de uma tarefa, executar movimentos úteis de forma econômica (do ponto de vista fisiológico) e dar uma sequência apropriada aos movimentos (BARNES, 1995). Nesse âmbito, Antunes et al. (2008, p. 92) afirmam: [...] enquanto na função processo acompanha-se o objeto de trabalho (materiais, serviços, ideias) no tempo e no espaço, na função operação acompanha-se o sujeito de trabalho (homens e equipamentos) no tempo e no espaço. Assim, a função processo se resume em transformação, enquanto a função operação se resume em ação. Na Figura 1 você pode ver uma ilustração da estrutura de produção dividida por processos e operações. Mecanismo da função produção: mapeamento2 198 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II Figura 1. A estrutura da produção. Fonte: Shingo (2007, p. 38). É provável que as operações sejam vistas com maior facilidade, e, por- tanto, acabe sendo mais fácil (ou mais cômodo) tomar decisões baseadas em operações, ao passo que a visualização da função processo, que trata dos fluxos de materiais e energia ou ideias, requer um nível mais abstrato de pensamento para que possa ser percebida plenamente. Tudo isso traz à tona a necessidade de uma cultura técnica para o correto entendimento da função produção em sistemas produtivos. A compreensão da função produção e do MFP permite o correto planeja- mento de ações de melhoria e otimização da produção. A função processo estará presente independentemente do tipo de organização ou sistema de produção, pois visa atender às necessidades ou desejos de um ou mais clientes. Portanto, abrangerá os processos pelos quais o produto ou serviço passará até ser entregue aos clientes. Assim, a função processo estará presente em grandes empresas de manu- fatura, com grandes instalações industriais (de qualquer setor), mas também em micro, pequenas e médias empresas, e nas atividades de empreendedores individuais. A função processo pode ser vista na transformação de materiais e Mecanismo da função produção: mapeamento 3 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Mapeamento | PARTE 3 199 energia em um produto físico, mas também na prestação de um serviço, como a realização de um evento ou outro tipo de projeto, ou seja, está presente no ambiente de manufatura e também no dia a dia de um escritório. Não importa o tamanho ou o tipo do negócio, a função processo estará sempre presente onde quer que seja possível identificar a presença de um ou mais processos. Um processo é entendido como o fluxo de materiais e/ou energia no tempo e no espaço, compreendendo a transformação de matérias-primas em componentes semiacabados e, a partir daí, em produtos acabados (SHINGO, 2007). O objeto de trabalho vai ser distinto para cada realidade, podendo ser o milho na colheita que acontece no campo, o polímero na produção de produtos plásticos, a borracha na produção de calçados, o alimento no serviço de um restaurante, um projeto numa empresa de consultoria ou um veículo numa empresa de transporte. Independentemente do objeto de trabalho, a função processo estará presente e sua lógica permanecerá válida (ANTUNES et al., 2008). Por outro lado, temos a função operação, que também pode ser observada ao longo de todo o sistema de produção. As operações acabam sendo ainda mais singulares e distintas que processos, mas estarão presentes em todo e qualquer processamento, seja de um produto físico ou na oferta de um serviço. Uma operação é um trabalho realizado para efetivar a transformação exigida pelo processo, ou seja, é a interação de equipamentos e operadores no tempo e no espaço(SHINGO, 2007). É a função processo que permite atingir as metas de produção, ao passo que as operações (função operação) têm caráter suplementar (SHINGO, 2007). Melhorias na função processo e na função operação Como destacado no início desta seção, um sistema produtivo pode ser en- tendido como uma rede de processos e operações. Nesta subseção, você verá que as melhorias no sistema de produção devem ser baseadas em melhorias na função processo, com ajustes da função operação, quando necessário. De forma geral, o entendimento dos processos permite a compreensão do sistema produtivo como um todo, ao passo que as operações permitem o entendimento das partes. Nesse contexto, deve-se destacar que, mesmo que as operações apresentem desempenho excepcional, é possível que o Mecanismo da função produção: mapeamento4 200 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II desempenho da produção seja ruim, pois os processos, de forma geral, não estão em seu estado ótimo. Assim, produtos defeituosos podem ser produ- zidos não importando quão alta seja a qualidade das operações. Antunes et al. (2008, p. 92) observam que no passado deu-se prioridade à análise de operações na busca da melhoria da função produção, e questionam as principais razões para tal pensamento: [...] as operações são executadas em lugares específicos e bem determinados, de tal forma que os trabalhadores, supervisores, gerentes intermediários e a alta gerência têm acesso direto e visual a elas. Já os processos envolvem a movimentação do objeto de trabalho (material, serviços e ideias) por toda a empresa, tornando difícil a avaliação direta e visual dos fluxos produtivos. É possível que melhorias na função processo resultem na eliminação de operações; contudo, melhorias nas operações não resultarão na eliminação de processos. Isso reitera a necessidade de se atentar à função processo na busca pela melhoria da função produção. Em suma, os pontos-chave desta seção podem ser resumidos nos se- guintes itens: � a produção é uma rede de processos e operações; � processos tratam da transformação de matéria-prima em produto, enquanto operações são as ações que realizam tais transformações; � na busca por otimizar a produção, deve-se analisar e implementar melhorias nos processes antes de buscar aprimorar as operações. Para buscar o estado ótimo da função produção, é necessária uma aná- lise mais holística do seu mecanismo, a começar por uma síntese da função processo, pois a função processo tem por finalidade alcançar os objetivos principais da função produção, que visa atender às necessidades do cliente. As operações, contudo, devem ser analisadas de forma mais profunda e detalhada, para averiguar o que impede a função processo de funcionar de forma eficiente e eficaz. Nesse sentido, é preciso mapear todos os processos de um sistema produtivo, de modo a identificar o que gera valor e o que não gera, assunto que será abordado na próxima seção. Mecanismo da função produção: mapeamento 5 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Mapeamento | PARTE 3 201 Mapeamento de processos e identificação de atividades que agregam valor O STP é o principal exemplo de um sistema de manufatura enxuta, e a filosofia da manufatura enxuta é fazer mais com menos. Iniciada no Japão e originada de práticas de manutenção produtiva total, a manufatura enxuta tem como objetivo reduzir custos e defeitos e ter foco no cliente (OHNO, 1997). A manu- fatura enxuta busca otimizar a qualidade, os prazos de entrega e os custos e reduzir a variabilidade, minimizando as diversas formas de desperdício e maximizando a eficiência da produção com base na demanda do cliente. As atividades de um sistema produtivo podem ser definidas como ati- vidades que agregam valor (AV) e atividades que não agregam valor (NAV) (WOMACK; JONES, 1998). As atividades AV são definidas como aquelas que transformam um produto ou serviço pelo qual os clientes estão dispostos a pagar. Já as NAVs são aquelas atividades pelas quais o cliente não estaria disposto a pagar. As NAVs ainda podem ser divididas em necessárias ou desperdícios. As NAVs necessárias são aquelas que, apesar de não agregarem valor. são essenciais para a condução dos processos e operações, e devem ser minimizadas, mas não podem ser eliminadas por completo. Os desperdícios, todavia, são NAVs que podem e devem ser eliminadas completamente. Como você pode perceber, a filosofia de gestão da produção enxuta é baseada em um conjunto de práticas destinadas a melhorar toda a cadeia de valor dentro de uma organização, e eventualmente for dela. Desse modo, há sete formas de desperdício amplamente discutidas em sistemas de manufatura enxuta (OHNO, 1997): superprodução, estoque, transporte, movimentação, defeitos, espera e superprocessamento. Na busca por reduzir essas formas de desperdício, existem cinco princípios que podem ser colocados em prática para alinhar as capacidades de produção com a taxa de demanda do cliente, ou tempo takt (WOMACK; JONES, 1998): 1. Valor — deve-se especificar o valor sob a perspectiva do cliente, ou seja, definir o que significa valor para quem receberá ou fará uso do produto transformado. 2. Cadeia de valor — é preciso enfocar o fluxo de valor ao longo da cadeia de processos e operações. 3. Fluxo — deve-se fazer o valor fluir sem interrupção, buscando estabe- lecer um fluxo ininterrupto sempre que possível. Mecanismo da função produção: mapeamento6 202 FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO ENXUTA II 4. Produção puxada — deve-se trabalhar com uma produção puxada, e não empurrada, deixando a demanda dos clientes puxar o produto quando precisarem ou desejarem. 5. Perfeição — unindo os quatro princípios anteriores, é preciso sempre ter em mente que o processo de transição para a produção enxuta nunca deve terminar. Sob essa perspectiva, as etapas de melhoria podem ser repetidas para obter melhorias adicionais. Esse princípio está baseado no kaizen, palavra japonesa para “melhoria contínua”. A abordagem se baseia na identificação de um problema (cultura de solução de problemas) e no envolvimento de pessoas para resolvê-lo (engajamento de pessoas). Numa abordagem prática, para aplicar os princípios mencionados e bus- car a eliminação de desperdícios, o mapeamento de fluxo de valor (MFV) é a principal ferramenta da produção enxuta. O MFV pode ser descrito como o conjunto de AVs e NAVs necessárias para conduzir os produtos ao longo de todos os fluxos essenciais, desde as matérias-primas até os clientes. A seguir, você verá que o MFV ajuda a reduzir ou eliminar as NAVs, pois é uma ferramenta valiosa para identificar desperdícios e oportunidades de melhoria no fluxo de valor. Aplicação do MFV O MFV é considerado uma técnica para aumentar a eficiência, identificando fluxos de materiais, energia e desperdícios e especificando as atividades, tempos de ciclo (TC), tempos de inatividade e atraso, mapeando tanto as etapas AVs quanto as NAVs, do ponto de vista do cliente. Para conduzir um MFV você deve: 1. selecionar uma família de produtos (que consiste em um grupo de produtos que passam por etapas semelhantes de processamento e utilizam equipamentos comuns nos seus processos); 2. criar um mapa do estado atual; 3. criar um mapa do estado futuro; 4. criar um plano de implementação. Mecanismo da função produção: mapeamento 7 Mecanismo da Função Produção | UNIDADE 4 Mecanismo da Função Produção: Mapeamento | PARTE 3 203 A realização de um MFV permite identificar gargalos, onde, por exemplo, se desperdiça tempo em NAVs, além de permitir a comparação entre o estado atual e o futuro (desejado). Na Figura 2, você pode ver os símbolos comuns utilizados em MFVs. Figura 2. Símbolos utilizados no MFV. Fonte: Adaptada de Rother e Shook (2003). Dentro de um MFV, além de mapear todos os processos que envolvem a família de produtos a ser mapeada, algumas medidas são necessárias, como
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