Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rio de Janeiro - 2020 EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: O FAZER EM ATO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Saúde Secretaria de 20-44165 CDD-370.17 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Experiências em educação permanente em saúde : o fazer em ato do Estado do Rio de Janeiro. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro : Secretaria de Estado de Saúde SES, 2020. Vários organizadores. Bibliografia ISBN 978-65-992327-0-1 1. Educação 2. Educação permanente 3. Educação permanente - Rio de Janeiro (Estado) 4. Medicina - Estudo e ensino (Educação permanente) 5. Saúde pública Índices para catálogo sistemático: 1. Educação permanente 370.17 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 A Educação Permanente é aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao quotidiano das organizações e ao trabalho. Propõe-se que os processos de capacitação dos trabalhadores da saúde tomem como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão setorial e do controle social em saúde, tenham como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho e sejam estruturados a partir da problematização do processo de trabalho. Portaria de Consolidação nº2, 2017 “ ” ORGANIZADORES Equipe da Superintendência de Educação Permanente Adriana Maiarotti Justo Carina Pacheco Teixeira Cintya Veiga Faria Hilda do Nascimento Nóbrega Marcela Silva da Cunha Nicholye Gonçalves Pereira Regina Canedo de Souza Salete Cristina AndradeTôrres Sara Ferreira de Almeida Gonçalves Tatiane da Conceição Silva Projeto gráfico e diagramação Luciana Choeri - Coordenação Técnica de Design e Inovação - SES-RJ Copyright@2020 dos organizadores Os textos que compõem esta coletânea são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores. I Mostra da Educação Permanente em Saúde Organizadores: Adriana Maiarotti Justo, Carina Pacheco Teixeira, Cintya Veiga Faria, Hilda Nobrega, Marcela Silva da Cunha, Nicholye Gonçalves Pereira, Regina Canedo de Souza, Salete Cristina Andrade Torres, Sara Ferreira de Almeida Gonçalves, Tatiane da Conceição Silva de Souza. Rio de Janeiro. Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), 2020. Sumário Prólogo ............................................................................... 11 Prefácio ............................................................................. 13 Apresentação ................................................................... 21 Capítulo I ......................................................................... 25 EIXO: ENSINO-SERVIÇO ............................................... 25 A Humanização e Qualidade e Segurança como Estratégia da Produção de Serviços em Saúde no Município de Belford Roxo .......................... 27 Grupos de Reflexão com a Residência Multiprofissional do Instituto Nacional de Câncer ..............................................................................................................31 Curso Manejo Odontológico do paciente com Câncer ............................................ 34 A Importância da Mostra SUS Petrópolis para Motivação e Divulgação dos Trabalhos das Equipes de Saúde do Município e a Integração com as Instituições de Ensino .................................................................................................. 39 O PET-Saúde/ Interprofissionalidade no Consultório na Rua de Niterói (RJ): uma experiência com alunos da UFF ................................................... 44 O papel da educação permanente na implantação da Farmácia Viva em Quissamã/ RJ ................................................................................................................ 48 Quick messages: higiene das mãos como meta internacional de segurança do paciente ......................................................................................................52 A sociedade em cena e seus reflexos na formação do Residente de Enfermagem em uma unidade hospitalar federal no Estado do RJ ................... 56 Servidor Nota 10 - A experiência de educação permanente na Fundação Municipal de Saúde de Niterói ........................................................................................ 59 Educação Permanente para o aperfeiçoamento dos Testes Rápidos de HIV, sífilis e hepatites virais em Quissamã-RJ ...................................................... 63 CAPÍTULO II - EIXO GESTÃO ......................................... 67 Atividades de Educação Permanente para o enfrentamento das arboviroses em Quissamã-Rj .......................................................................................... 68 Capacitação nos Procedimentos Operacionais Padrão da Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro ............. 72 Contribuições da Educação Permanente em Saúde para transformar o processo de trabalho e produção do cuidado na atenção primária em saúde no município de Quissamã/RJ ...........................................................................76 A Educação Permanente como “ferramenta” de Trabalho do Serviço de Controle de Infecção no Hospital Municipal Mariana Maria de Jesus (HMMMJ), Quissamã/RJ ................................................................................................... 81 Câmara Técnica de Segurança do Paciente da FSERJ: da implantação à atuação nas unidades de saúde assistenciais ...................................................... 85 “Desatando os nós da Rede” .......................................................................................... 89 Dona Zica Acolhe ................................................................................................................ 91 Educação Permanente na Rede de Atenção à Saúde Bucal ................................ 95 Educação Permanente como Instrumento de Implantação e Avaliação do Acesso Avançado: uma experiência exitosa na APS de Teresópolis ............ 98 Grupos de trabalhos regionais da Atenção Primária à Saúde como estratégia de problematização e reflexão do saber e da prática ........................103 Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente no Hospital Eduardo Rabello: estratégia em Educação Permanente ........................................................ 107 Núcleo de Educação Permanente em Saúde de Macaé: desafios e avanços no Norte Fluminense ...................................................................................... 111 Oficina de Qualificação do Processo de Trabalho no Nasf de Macaé ............... 115 Utilização da Peseira do Leito como Estratégia em Educação Permanente para segurança do Paciente Idoso Hospitalizado ...........................119 Plano de Educação Permanente: atividades preliminares de elaboração e implementação em uma unidade pública de saúde referência em Hematologia e Hemoterapia no Estado do Rio de Janeiro ................................... 122 Projeto Acolher: Oficinas de Sensibilização para melhoria da relação interpessoal e melhor atendimento aos usuários. .................................................. 126 Round Multidisciplinar: ferramenta de gestão do cuidado .................................. 129 CAPÍTULO III - PRÁTICAS EDUCATIVAS E PROBLEMATIZADORAS ............................................133 Elaboração do Protocolo de Enfermagem para Atenção Básica de São Gonçalo/RJ .................................................................................................................. 134 Atualização de trabalhadores de enfermagem em terapia transfusional ....... 137 Educação Permanente para o fortalecimento do apoio matricial em saúde mental ....................................................................................................................... 141 Educação Permanente como Estratégia de Capacitação Profissionalem AIDPI Criança ............................................................................................................... 145 Sistematização de uma Experiência de Educação Permanente com Enfermeiros da Baixada Litorânea do Rio de Janeiro: aprendizagens da prática ..............................................................................................................................149 Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem através de uma Intervenção Baseada em Metodologias Ativas: relato de experiência ......................................................................................................... 153 “Mãos para Cuidar, Asas para Voar!” A formação dos cuidadores como instrumentalização do cuidar no Serviço de Residência Terapêutica ............... 157 A Mosquita do Bem ............................................................................................................161 Oficinas de Qualificação dos Agentes Comunitários de Saúde no Atendimento à População Imigrante e Refugiada ..................................................165 Projeto Roda Hans no contexto da Educação Permanente em Saúde ............168 Semana da Sensibilização: trabalhando as relações humanas ..........................172 Seminário de Educação Permanente em Saúde – “O Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no SUS” ........................................ 176 O Trabalho em Equipe no contexto da Educação Permanente em Saúde: relato de experiência ......................................................................................... 180 Uso das diretrizes pedagógicas da OMS na capacitação de profissionais em Segurança do Paciente .............................................................................................183 Violência e Articulação da Rede Intersetorial ........................................................... 187 Violência intrafamiliar: construindo uma rede de cuidados na atenção básica de Itaocara-RJ .......................................................................................191 Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 10 Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 11 Prólogo É um enorme prazer poder apresentar este livro, fruto de um projeto que, certamen- te, vai muito além do que aqui está escrito. A I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde foi planejada a partir de escolhas que objetivam a valorização e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) pela competente equipe da Superintendência de Educação Permanente da Subsecretaria de Educação e Inovação em Saúde da Secretaria de Estado Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ). O projeto privilegia, acima de tudo, dar visibilidade ao que é feito com qualidade na complexa rede de atenção à saúde do Estado do Rio de Janeiro. E este não é um ob- jeto simples. Seria difícil descrever as muitas horas de experimentações, encontros, desenhos, idas e vindas, até que a ideia da I Mostra começou a tomar forma. Relatar aqui a surpresa pela conquista compartilhada, o cuidado na organização de cada detalhe também não é tarefa fácil. Durante esta preciosa leitura, convido você a ir além dos relatos escritos, incorporan- do sensações que permeiam o trabalho em equipe, a empatia pelas demandas da clientela, o esforço para o alcance do cuidado atento. É certo que essas premissas, que norteiam o trabalho de qualidade no SUS, estiveram presentes no desenvolvi- mento da I Mostra. Prof.ª Anna Tereza M. S. de Moura Subsecretária de Educação e Inovação (Jan 2019-mai 2020), professora associada da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 13 Prefácio A Educação em Ato na Saúde ou o fazer da Educação Permanente em Saúde Ricardo Burg Ceccim Doutor em Psicologia, Pós-Doutor em Antropologia Médica. Professor Titular de Educação em Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Recebo, em primeira mão, os originais da obra sobre Educação Permanente em Saúde no âm- bito da Secretaria da Saúde do Estado do Rio de Janeiro – SES/RJ, sob a responsabilidade da Superintendência de Educação Permanente em Saúde – SUPEP, subordinada à Subsecreta- ria de Educação e Inovação em Saúde. Compete à subsecretaria fortalecer o Sistema Único de Saúde – SUS por meio de ações intersetoriais de Educação e Inovação em Saúde, compondo- -se pela Superintendência de Educação Permanente em Saúde, que se ocupa da qualificação dos profissionais e dos processos de trabalho; por uma Coordenação de Ensino, conduzida por uma Divisão de Pós-Graduação e uma Divisão Pedagógica; por uma Coordenação de Pes- quisa, criada recentemente para promover a pesquisa e a inovação – intersetorialmente e no âmbito da SES/RJ – apoiando pesquisas cientificamente estratégicas e socialmente relevan- tes para o SUS, além de dar sustentação ao Comitê de Ética em Pesquisa; e por uma escola de educação profissional de nível técnico, a Escola de Formação Técnica em Saúde Enfermeira Izabel dos Santos; além da promoção de ações formativas e de qualificação profissional e da divulgação de eventos no interesse da formação e educação dos trabalhadores e do desen- volvimento dos serviços e sistemas de saúde no âmbito da SES/RJ. A Superintendência de Educação Permanente em Saúde coordena o Programa de Capacita- ção e Aperfeiçoamento e dá sustentação à Comissão Permanente de Integração Ensino-Ser- viço em Saúde do Estado – CIES/RJ, assim como às Comissões Permanentes de Integração “ ” Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 14 Ensino-Serviço em Saúde Regionais. O Estado do Rio Janeiro está organizado em 9 Regiões de Saúde: Baía da Ilha Grande, Baixada Litorânea, Centro-Sul, Médio Paraíba, Metropolitana I, Metropolitana II, Noroeste, Norte e Serrana, todas com uma CIES Regional e mobilizadas ao evento precursor da presente obra, a seguir explanado minimamente. A chegada da presente obra é resultado das experiências exitosas selecionados pelo Edital da I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde, realizada em outubro de 2019, em que se previu a difusão técnico-científica por meio de livro a ser editado com o apoio da Su- perintendência de Educação Permanente em Saúde/Subsecretaria de Educação e Inovação em Saúde. A ideia era difundir as iniciativas promovidas pela Superintendência e dissemi- nar narrativas reflexivas do mundo das práticas sobre vivências e experiências de Educação Permanente em Saúde desenvolvidas no Estado do Rio de Janeiro, sejam elas vinculadas às esferas federal, estadual ou municipal, sejam elas dos âmbitos nacional, estadual, regional, local ou dos serviços e redes de serviços que se prolongam da atenção básica à atenção de referência especializada ou hospitalar. A obra é um produto tecnológico de grande valor ao mundo das práticas. A Superintendência de Educação Permanente em Saúde acumulou, desde sua criação, ex- periência com ações pedagógicas, elaboração de material pedagógico, incremento das ha- bilidades profissionais dos trabalhadores da saúde e estímulo à educação em serviço, tendo chegado à I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde e à presente obra com uma ação inaugural de um novo e mais elevado patamar à prática e ao estudo-em-serviço da educação e formação de profissionais de saúde. Foram inscritas 73 experiências, das quais 3 foram indicadas à apresentação oral, cada uma como destaque de cada um dos 3 eixos do Edital, 40 foram indicadas à apresentação em pôster dialogado e 52 selecionadas para a pu- blicação em livro, agora em disponibilização para a comunidade sob a forma de informação técnico-científica. O presente livro corresponde, então, aos eixos do Edital: integração entre ensino e serviço na saúde, relativo à potênciada articulação entre as instituições de ensino e os serviços e sistemas de saúde; educação permanente como ferramenta de gestão e outros temas rele- vantes que articulam gestão de sistemas e serviços com a Educação Permanente em Saúde; e práticas problematizadoras, que se referem aos debates com poder educativo e de reflexão crítica sobre os processos de trabalho implementados pela rede atenção, gestão e formação na saúde no Estado do Rio de Janeiro. Uma expectativa era buscar aquilo que favorece a avaliação e o pensamento, as iniciativas de mudança geradas localmente e as possibilidades de avanço e amadurecimento da educação interprofissional e da prática interprofissional. As três seções do livro trazem o agrupamento das narrativas da prática, ou seja, um informe técnico-científico do mundo tecnológico, evidente no dia a dia do Sistema Único de Saúde. Os capítulos são uma oferta àqueles implicados com o mudo do trabalho no SUS, sempre sequiosos de subsídios, parâmetros, pontos de confronto e comparação, crescimento e tro- ca. Embora destinado a esse público, verifica-se que livros como este que temos em mãos são muito consumidos pelos pesquisadores em formação na pós-graduação stricto sensu, provavelmente por seu componente tecnológico, em que pese os esforços da academia em Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 15 separar a pesquisa tecnológica (instituições de serviço) da pesquisa científica (instituições de ensino). É a força dos serviços que impõe a necessidade de obras como essas e as torne fonte de consulta e aprendizado de trabalhadores, gestores, estudantes e pesquisadores em formação. Por serem apenas três seções, poderíamos encetar um prefácio que apenas indicasse uma opinião sobre cada uma delas, na verdade isso se mostrou inviável, exigindo desse analis- ta uma postura mais complementar e um cuidado maior para não dispersar do Edital. As- sim, trarei algumas questões gerais que entendo necessárias para comemorar uma obra no campo tecnológico e, ao mesmo tempo, espero contribuir para a formulação de uma futura agenda de estudos-em-serviço sobre a questão locorregional da Educação Permanente em Saúde. Este prefácio, portanto, não deve ser entendido como apresentação dos textos conti- dos no livro, mas como relançamento dos desafios da Mostra e do projeto de divulgação tec- nológica. A I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde foi realizada em outubro de 2019 e seu pano de fundo foram as práticas que permeavam o cotidiano do SUS no Esta- do do Rio de Janeiro. Não o cotidiano de condução da Secretaria de Estado da Saúde, mas o território do Estado do Rio de Janeiro com suas articulações interinstitucionais, intergestores e intersetoriais trazidas pelas municipalidades, pelos serviços e pelas regiões. O livro cumpre um objetivo do Edital: valorizar experiências exitosas em Educação Perma- nente em Saúde (EPS) como Estratégia de Fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Temos 143 autores, além dos organizadores, da comissão científico-tecnológica do Edital e dos profissionais da Superintendência e Subsecretaria. Estão presentes uma dezena de mu- nicípios fluminenses, alguns hospitais estaduais, algumas regiões de saúde, hospitais fede- rais sediados no Estado do Rio de Janeiro e órgãos da SES/RJ. As ênfases abrangem: • estratégias pedagógicas, tais como: residências multiprofissionais, cursos, mos- tras, fóruns, grupos de trabalho, programas de educação pelo trabalho, criação de Núcleos de Educação Permanente em Saúde e montagem de redes intersetoriais; • enfoques do trabalho, tais como: humanização, segurança do paciente, interprofis- sionalidade, relações trabalhador-usuário, metodologias ativas em práticas peda- gógicas, acesso e avaliação, trabalho em equipe e protocolo de enfermagem; • núcleos da ação profissional, tais como: manejo oncológico, farmácia viva, higie- ne e biossegurança, arboviroses, vigilância em saúde, saúde bucal, hematologia e terapia transfusional, saúde mental, doenças prevalentes na infância, violências, hanseníase e população imigrante e refugiada; • bases de acomodação de equipes, tais como: consultório de/na rua, núcleo de apoio à saúde da família/atenção básica, unidade básicas de saúde, serviço resi- dencial terapêutico, hospitais de referência especializada e instâncias de gestão técnica ou política. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 16 O livro traz evidências de uma política de educação e formação no setor da saúde que dialo- ga com realidades e envolve os trabalhadores em práticas de discussão e trocas interativas, se abre à construção de caminhos vivos e inovadores, constrói possibilidades de qualificação do encontro com a população e maior conforto ou satisfação dos trabalhadores com o tra- balho. O nome que escolhi para o título desse prefácio foi o título que me foi oferecido à apre- sentação de uma comunicação na abertura da I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde, momento em que comentei de minha satisfação com a síntese “A Educação em Ato na Saúde ou o fazer da Educação Permanente em Saúde”, pois o fazer da Educação Per- manente em Saúde é a educação em ato na saúde, o andar educativo do trabalho no setor da saúde. Recentemente, junto ao um Colóquio Internacional de Educação Popular em Saú- de, realizado na Universidade Federal da Fronteira Sul, me manifestei quanto à necessidade de defender a manutenção dos conceitos, modalidades, práticas e princípios pedagógicos da educação permanente em saúde no ensino de graduação e no ensino das residências em saúde, na integração ensino-serviço-comunidade, nas interações universidade-sociedade, nas interações acadêmicas com as redes de saúde, social e de educação e mobilização so- cial, mas a Educação Permanente em Saúde é o processo gerador de pensamentos e cultu- ras da ação no setor sanitário, acontecendo no dia a dia do trabalho, como parte da gestão do trabalho e das relações e processos do trabalho. A Educação Permanente em Saúde, no caso brasileiro, é como o nome de nosso sistema de saúde. Assim como nosso sistema de saúde tem nome, pois não dizemos apenas sistema sanitário brasileiro ou sistema nacional de saúde, dizemos Sistema Único de Saúde, também não dizemos políticas e práticas de educação na saúde ou política nacional de educação e desenvolvimento para o setor da saúde, dizemos Educação Permanente em Saúde, ou seja a educação na saúde, no interior do SUS, tem nome (CECCIM, 2019). Um dado particular à Educação Permanente em Saúde é a sua identificação com os processos de condução do cotidiano da formação, da gestão, da atenção e da participação, a que dei o nome de Quadri- látero da Formação e que funciona como um dispositivo de gestão e avaliação das práticas educativas (CECCIM, 2005; ALENCAR, 2018). Para saber o quanto se aproxima e o quanto se afasta uma prática educativa da Educação Permanente em Saúde pode-se perguntar: o quanto a prática formativa proposta considera da inserção com a gestão e reconhece que o sucesso de um trabalho não é exclusividade da ação individual ou coletiva de cada traba- lhador, mas, também, resultante de processos de gestão, muitas vezes em desacordo com as melhores condições de trabalho; o quanto a prática formativa proposta considera dos modelos clínicos ou tecnoassistenciais e sua necessidade mudança para a atenção integral, humanizada e participativa, o quanto desafia de protocolos preconcebidos e corporativo- -centrados; o quanto a prática formativa proposta considera do envolvimento da população, movimentos sociais e de luta por direitos para construir processos de trabalho e cuidado aliados das lutas por saúde na sociedade; e, por fim, o quanto inova em modelos de ensino e compreensão da aprendizagem como processo social, interacionista, não só cognitivo, mas afetivo ou sob uma formação da cognição como processo de estranhamento e defasagem dos saberesprévios para práticas ativas de pensamento. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 17 Também participei da formulação de um outro conceito: “Educo(trans)formação: ensino, mutação e aprendizagem como componentes imateriais do trabalho, o caso da gestão local em saúde”, presente na tese de doutorado de Liliane Maria dos Santos. Localizamos o pano de fundo educacional nas transformações operadas na realidade, especialmente na emer- gência de coletivos, práticas de conversa e acordos por aprendizado vivo em ato. A Educação Permanente em Saúde vem como processo pedagógico: componente imaterial do trabalho e da gestão institucional do trabalho. É educação permanente em saúde ou ocorre a educo(- trans)formação quando há arranjos participativos, comunicativos, de conversação, de nego- ciação e de pactuação coletiva permanente; quando o gestor quer ensinar (gerar processos de interação e troca, não apenas comandar ou gerenciar) e aprender (acolher ativamente a participação e seus efeitos de problematização), pois promove a emergência de ambientes de amizade e simpatia (processos de crítica e emergentes em ato de práticas colaborativas). No processo coletivo, não apenas o de gestão, a Educação Permanente em Saúde propõe “ensino, aprendizagem e mutação”, construindo-se o conceito de Educo(trans)formação, ou seja, na condução e exercício do trabalho está presente um processo pedagógico institucio- nal que desmonta (e remonta com novas conexões), tanto a instituição vigente como uma instituição por vir (que acontecerá ou não, importando apenas que crítica, problematização e cooperação instaurem processos em movimento). É a remontagem com conexões inéditas da instituição desmontada que traz “mutação”, uma “educo(trans)formação”. Não se trata de “educação em serviço”, cursos ou programas educativos inseridos nas jornadas de traba- lho, trata-se de processos de pedagogia institucional onde ocorrem a construção de saberes e a conexão de fazeres, a abertura de instâncias de troca e o desenvolvimento de relações criativas em ato. Uma última observação e recomendação se referem ao importante tema da rede SUS-esco- la (CECCIM et al, 2018; CECCIM; AMARAL, 2018). Em nosso movimento em defesa do SUS temos afirmado a necessidade de escapar do desenho hospital-escola para pensar a rede SUS-escola; dos hospitais universitários aos serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde como campo de prática para o ensino e a pesquisa; da assistência médica para o trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar em todos os âmbitos da atenção; do diagnóstico e tratamento de doenças à proteção da saúde e qualidade de vida (CECCIM, 2004). Durante o IV Fórum de Diálogos e Práticas Interprofissionais em Saúde, ouvimos: “de sonho-Ação o SUS é feito” (UERN, 2019). Podemos afirmar: de educação permanente em saúde o SUS se faz/refaz, no cotidiano onde devém audaz/vivaz, para mudar as práticas e alcançar o que não é fugaz. Ao longo das páginas desse livro, não estão as propostas mais certas ou mais perfeitas, mas anúncios de quem está no sonho-Ação e que faz, com seus conhecimentos atuais, potências de diferença, não se perturba em buscar mais ou, porque se perturba, busca mais. A Mostra ganhou uma chamada em movimento: havia um círculo de múltiplas voltas, uma linha circular de leitura da esquerda para a direita, embora, pelo círculo, as palavras pudes- sem ficar de cabeça para baixo. Também havia um aviãozinho de papel que carreava todas aquelas palavras-frase em voo da direita para a esquerda. A imagem era plena de sentidos e produtora de sentidos, era uma imagem fixa, mas de movimento, eram círculos que gira- Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 18 vam, rodavam, cirandavam, passeavam, brincavam: da educação permanente em saúde ao profissional... do profissional às experiências... das experiências às práticas... das práticas às reflexões... das reflexões às críticas construtivas... das críticas construtivas à atenção no tra- balho... da atenção no trabalho à saúde, ou seja: da saúde à atenção no trabalho... da aten- ção no trabalho às críticas construtivas... das críticas construtivas às reflexões... das reflexões às práticas... das práticas às experiências... das experiências ao profissional... do profissional à educação permanente em saúde. Após o contato com todo este material, entendo necessário que se abra uma agenda de es- tudos-em-serviço associada ao desenvolvimento metodológico e à extensão inovadora de modo que se aprofunde uma análise sobre a produção e se trace caminhos de apoio geren- cial. Com a análise sobre a produção se pode alcançar um observatório das ações de edu- cação permanente em saúde no estado, mantendo conhecimento sobre o que o estado vem gerando, abrindo comunidades de prática e gerando aprendizado sobre o realizado. Quanto aos caminhos de apoio gerencial, se obterá um banco de informações, se desperta- rá para o apoio gerencial em educação na saúde e se poderá desenvolver a inovação numa área ainda frágil de gestão. Poderão ser gerados, por um lado, recursos de monitoramento, por outros recursos de formulação de novas práticas. Os maiores beneficiários, sem dúvida, serão a CIES Estadual e as CIES regionais, portanto, a gestão do SUS e os parceiros interins- titucionais do SUS. A agenda de estudos poderá examinar a realidade, gerar conhecimentos e práticas, convocando para uma segunda Mostra e livro de experiências maduras. Lançado o desafio, recomendo a leitura deste oportuno e interessante livro. Desejo aos autores a con- tinuidade e que este livro represente fermento no seu cotidiano de SUS e EPS. Boa leitura a todos e todas! Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 19 Referências Bibliográficas ALENCAR, H.H.R. Quadrilátero. In: CECCIM, R.B.; DALLEGRAVE, D.; AMORIM, A.S.L.; PORTES, V.; AMARAL, B.P. (Org.). EnSiQlopedia das residências em saúde [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Rede UNIDA. 2018; p. 224-225. CECCIM, R.B. Emergência de um “campo de ação estratégica”: ordenamento da formação e educação permanente em saúde. SANARE (Sobral), v. 18, n. 1, p. 68-80, 2019. CECCIM, R.B. Equipe de saúde: a perspectiva Entre-disciplinar na produção dos atos tera- pêuticos. In: PINHEIRO, R., MATTOS, R.A. (Org.). Cuidado: as fronteiras da integralidade. Rio de Janeiro: Hucitec. 2004; p. 259-278. CECCIM, R.B. Onde se lê recursos humanos da saúde, leia-se coletivos organizados de produ- ção da saúde: desafios para a educação. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R.A. (Org.). Construção social da demanda: direito à saúde, trabalho em equipe, participação e espaços públicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Abrasco. 2005, p. 161-181. CECCIM, R.B.; AMARAL, B.P. Historicidade. In: CECCIM, R.B.; DALLEGRAVE, D.; AMORIM, A.S.L.; PORTES, V.; AMARAL, B.P. (Org.). EnSiQlopedia das residências em saúde [recurso ele- trônico]. Porto Alegre: Rede UNIDA. 2018; p. 114-139. CECCIM, R.B.; MENESES, L.B.A; SOARES, V.L.; PEREIRA, A.J.; MENESES, J.R.; ROCHA, R.C.S.; ALVARENGA, J.P.O. (Org.). Formação de formadores para residências em saúde: corpo docen- te-assistencial em experiência viva [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Rede UNIDA. 2018. SANTOS, L.M.; CECCIM, R.B. Educação do/no trabalho no caso da saúde: micropolítica e o componente imaterial da “educo(trans)formação”. In: FERNANDES, R.M.C. (Org.). Educação no/do trabalho no âmbito das políticas sociais [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV. 2019, p. 119-136. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN). Fórum Nacional de Diá- logos e Práticas Interprofissionais em Saúde será realizado em fevereiro. Re-existências em saúde… de sonho-Ação o SUS é feito! Disponível em: https://portal.uern.br/blog/forum-na- cional-de-dialogos-e-praticas-interprofissionais-em-saude-sera-realizado-em-fevereiro/ Acesso em: 03 fev. 2020. https://portal.uern.br/blog/forum-nacional-de-dialogos-e-praticas-interprofissionais-em-saude-sera-realizado-em-fevereiro/https://portal.uern.br/blog/forum-nacional-de-dialogos-e-praticas-interprofissionais-em-saude-sera-realizado-em-fevereiro/ Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 21 Apresentação A Superintendência de Educação Permanente da Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (SUPES/SES/RJ) vem potencializando o seu papel condutor do processo educacional em saúde no estado nos últimos anos. Nesta vertente, a superintendência pro- move espaços de debate sobre a Educação Permanente em Saúde (EPS) - não só na pers- pectiva teórica – mas, principalmente, no que tange à implementação da política no âmbito do Estado Rio de Janeiro. Diante de tal compromisso, foi realizada a I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde, em outubro de 2019, com o objetivo central de compartilhar experiências, dar visibili- dade às ações de educação em diversos cenários e enaltecer as práticas exitosas de EPS que permeiam o cotidiano do SUS estadual. Para identificar e selecionar os trabalhos exitosas de EPS foi publicada uma chamada pú- blica, em Diário Oficial do Estado - Edital de Chamada Pública de Experiências Exitosas em Educação Permanente em Saúde do Estado do Rio de Janeiro – na qual foram apresentadas as diretrizes para a submissão de trabalhos e a convocação de estudantes, profissionais e gestores da SES-RJ, municípios e de instituições formadoras de todo o estado fluminense para a apresentação de narrativas pertinentes ao tema da I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde. As experiências submetidas ao Edital deveriam estar em curso ou terem sido finalizadas em no máximo 05 (cinco) anos e terem sido realizadas no âmbito do estado; além de estarem comprometidas com a qualificação e ressignificação das práticas em saúde e com a reflexão crítica dos processos de trabalho, baseando-se para tal nos conceitos da educação proble- matizadora (concebida como instrumento de mudança da realidade), da aprendizagem-sig- nificativa e vinculada a eixos temáticos estabelecidos no Edital. O Edital foi subdividido em eixos temáticos, abrangendo os conteúdos nos seguintes temas: Ensino-Serviço - com vistas a identificar experiências que demonstrassem a potência da ar- ticulação entre as instituições de ensino e os serviços de saúde como espaços de aprendiza- gem nas experiências de formação profissional. Gestão - relacionar a experiência de gestão/ gerenciamento de serviços de saúde; organização do trabalho em saúde; processo de tra- balho em saúde; dimensões ético-políticas das relações de trabalho; EPS como ferramenta de gestão e outros temas relevantes que articulem gestão com a EPS. Práticas Educativas Problematizadoras - experiências relacionadas à qualificação profissional, Seminários, En- contros, Mostras e outros eventos que promovessem o debate sobre a EPS ou ainda, ex- periências que contemplassem apoio técnico a ações no campo da saúde, reflexão crítica sobre os processos de trabalho e valorização de espaços nos quais membros de duas ou mais profissões aprendam juntos de forma interativa, com propósito explícito de avançar na perspectiva da qualidade da atenção a saúde. Nesta perspectiva, tal publicação abarcará uma coletânea de 44 narrativas livres selecio- nadas, fruto das vivências e experiências de EPS desenvolvidas no estado do Rio de Janeiro, por seus autores, com o objetivo de compartilhar e promover o conhecimento das ações educacionais desenvolvidas e fomentar o debate acerca dos processos reflexivos no campo da saúde. Na primeira parte, constam 10 experiências do eixo ensino-serviço; na sequência, estão 17 experiências do eixo gestão; e no fechamento, 16 experiências relacionadas ao eixo Práticas Educativas e Problematizadoras. Vale ressaltar, ainda, que todo o processo de planejamento e organização da I Mostra de EPS, como também desta edição, foi fruto de um trabalho intenso da equipe da Superintendência de Educação Permanente da SES-RJ, desenvolvido com grande entusiasmo por se tratar, essencialmente, de um processo de construção coletiva. Nesta direção, a I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde permitiu alcançamos alguns dos principais objetivos que perseguimos cotidianamente no nosso trabalho - colocar em pauta a importância da EPS como uma politica estratégica do Sistema Único de Saúde, como também destacá-la como ferramenta para reflexão crítica sobre os processos de tra- balho, mudanças nas práticas e melhoria da qualidade do cuidado prestado. Desejamos a todos uma boa leitura! Carina Pacheco Teixeira Superintendente de Educação Permanente da SES CAPÍTULO I EIXO: ENSINO-SERVIÇO Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 26 Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 27 A Humanização e Qualidade e Segurança como Estratégia da Produção de Serviços em Saúde no Município de Belford Roxo Autores: João Batista Marques da Silva, Fabiano de Oliveira, Marcia Cristina Tenório Freire, Marta Regina Gonçalves Tenório Introdução O tema do projeto “Ações para a Humanização e Qualidade e Segurança do Paciente nas Unidades de Saúde” foi desenvolvido por profissionais de saúde da Secretaria de Saúde de Belford Roxo. A escolha do presente trabalho - sobre a importância de fortalecer o Eixo Hu- manização e Qualidade e Segurança dos Pacientes - surgiu ao longo das discussões entre a Equipe do Departamento do Trabalhador e Educação em Saúde e os profissionais de enfer- magem das unidades. Em 2013, no Brasil, foi criado o Programa Nacional de Segurança do Paciente por meio da portaria MS/GM nº529, tendo como foco principal a qualificação do cuidado em saúde em todas as instituições de saúde brasileiras (OMS 2013). Em 2017, os componentes do Departamento participaram de um Curso de Especialização com o seguinte objetivo: a construção de um projeto de intervenção no município. Tal curso utilizou as metodologias ativas, por meio da problematização, priorização do problema, re- flexão crítica sobre o trabalho em saúde, levantamento de hipóteses e plano de ações para sua intervenção. Durante o curso, ocorreu um encontro com profissionais na Unidade de Saúde Policlínica Parque São José com o objetivo de analisar o cenário e o cotidiano de trabalho e formular temas de necessidade de aprimoramento. Segundo Matus (1993), um problema é “um obstáculo que numa situação concreta situa- -se entre a realidade atual e aspirações, de um ator que participa do jogo social, com carga particular de ideologias, valores e conhecimentos”. Desse ponto de vista, problema é uma situação negativa ou inadequada que se quer resolver. Matus (1993) entende que “macroproblemas sintetizam todos os problemas relevantes para um ator numa situação concreta”. Observou-se que as principais questões apontadas foram erros comuns durante o atendimento ao paciente como, por exemplo, erros na aplicação das vacinas, quedas dentro da unidade, processos de trabalho não padronizados, dificuldade na abordagem e orientação à população, falta de conhecimento das condições crônicas preva- lentes dos usuários, ausência de espaços de educação permanente, dificuldade de liberação para capacitações externas, entre outras. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 28 A fim de suprir as necessidades apontadas, iniciou-se uma estratégia da Educação Perma- nente, em 2018, para a transformação do processo de trabalho por meio de ações desenvol- vidas com rodas de conversa com profissionais da unidade. Naquele ano, foi realizada uma Capacitação sobre Humanização, com a participação de gru- pos de profissionais das unidades de saúde, que apontaram como problema: pouco conhe- cimento sobre a temática e sobre a Educação Permanente. Segundo Rios (2009), o termo Humanização se encontra com o Humanismo quando coloca no centro de seu campo de investigação,compreensão e intervenção, o homem e sua na- tureza humana; enquanto tornar humano, significa admitir todas as dimensões humanas – históricas, sociais, artísticas, subjetivas, sagradas ou nefastas – e possibilitar escolhas cons- cientes e responsáveis. Do mesmo modo, Minayo (2004) analisou que esse sujeito não é apenas o profissional com boa vontade e delicado no trato com os pacientes, ou que cria um ambiente favorável, mas que, principalmente, reconhece a humanidade do outro, que por sua vez pensa, interage, tem lógica e expressa a sua intencionalidade. A Equipe da Educação Permanente em Saúde e os colaboradores iniciaram uma discussão sobre a importância de sensibilizar todos os atores sobre a importância da Humanização e Qualidade e Segurança na Atenção Básica, visto que, a maioria dos projetos desta temática é direcionada para a rede de urgência e emergência. Desta forma, também é fortalecida a temática da Educação Permanente em Saúde, cada um contribuindo de forma singular e agregando saberes através de suas vivências e práticas no campo de trabalho. Lopes et al. (2007) destacam, como um dos objetivos da educação permanente dentro de uma organização, proporcionar a participação de vários atores sociais nesse processo. Assim sendo, pensamos este Projeto de Intervenção como caminho para a unificação dos sa- beres relativos às diretrizes da portaria sobre Humanização e Qualidade e Segurança. A Educa- ção Permanente em Saúde possibilita o desenvolvimento dos profissionais e das instituições, e reforça a relação das ações de formação. Motta e Ribeiro (2005), citando Rovere (1994), definem a educação permanente em saúde como sendo a educação no trabalho, pelo traba- lho e para o trabalho nos diferentes serviços, cuja finalidade é melhorar a saúde da população. Objetivo Geral • Fomentar espaços de Educação Permanente em serviço nas Unidades de Saúde. Objetivos Específicos • Proporcionar vivência de um processo de Educação Permanente em Saúde, de modo a transformar as práticas. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 29 • Aperfeiçoar os processos de trabalho nas Unidades de Saúde. • Sensibilizar os Gestores sobre a Importância da Educação Permanente em Saúde de forma integral e contínua. • Apoiar as equipes na construção de conhecimentos e articulação dos saberes. Metodologia / Estratégias Trata-se de um projeto com base em aprendizagem significativa e na possibilidade de trans- formar práticas profissionais, visando o desenvolvimento por meio de: atividades de cons- trução coletiva, rodas de conversas, vídeos, uso de tarjetas, chuva de ideias, simulação, cine viagem e estudos de situações-problema. Os encontros são abertos com os seguintes atores: Diretor e Profissionais da Unidade de Saúde, Coordenadores de Áreas Técnicas, Administrativos e Serviços Gerais. Os encontros iniciam com dinâmica de apresentação e finalizam com a avaliação de cada profissional pre- sente. Após a roda de conversa, abre-se espaço para perguntas e sugestões para melhorar o atendimento. O projeto está em andamento nas Policlínicas de Saúde do Município de Bel- ford Roxo. São 16 encontros na primeira etapa, com 02 encontros em cada unidade, ficando a segunda etapa no primeiro semestre de 2020, nas unidades que não foram contempladas. Resultados Esperados Observou-se a necessidade da manutenção do espaço de Educação Permanente nas Uni- dades de Saúde. Espera-se a redução de erros evitáveis durante o Processo de Trabalho em médio prazo. Almeja-se a ampliação das ações de Educação Permanente em Saúde. Sensi- bilização dos Gestores e Profissionais sobre a importância da Educação Permanente. Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados Avalia-se através dos seguintes instrumentos: Pesquisa de satisfação, Pré-teste para ser aplicado com os atores envolvidos no Projeto e Pós-teste aplicado após o término do encon- tro. No final de cada encontro é realizado um relatório descritivo pela equipe da educação permanente e colaboradores. Nos próximos encontros são comparados os relatórios a fim de observar intervenções realizadas e mudanças no processo de trabalho na Unidade. Recursos • Recursos Humanos: a Equipe de EPS e colaboradores (Planejamento, Atenção Bá- sica, Ouvidoria). • Recursos Materiais: cadeiras soltas e multimídia (Datashow), agenda, caneta / lá- pis / papel, blocos, filipetas com perguntas sobre o tema. • Recursos Físicos: espaço/ sala para os encontros. • Recursos Financeiros: coffee break. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 30 Referências Bibliográficas LOPES, Sara Regina Souto et al. Potencialidades da educação permanente para a transfor- mação das práticas de saúde. Comunicação em Ciências da Saúde, Brasília, v. 2, n. 18, p. 147- 155, abr. 2007. MATUS C. Política, planejamento e governo, tomo I e II. Brasília: IPEA,1993. MINAYO, M. C. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª ed. São Paulo: Hucitec, 2004. (Saúde em Debate). MOTTA, J.I.J, Ribeiro, Eliana C.O Educação Permanente como estratégia na reorganização dos serviços de saúde. Março de 2005. Disponível em : www.redeunida.org.br RIOS, Izabel Cristina. Caminhos da humanização na saúde: prática e reflexão -- São Pau- lo: Áurea Editora, 2009. Disponível em: http://www.hcnet.usp.br/humaniza/ pdf/livro/livro_ dra_izabel_rios_caminhos_da_humanizacao_saude.pdf. Acesso em: 12 Out. 2015. PNEPS/Ministério da Saúde. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 31 Grupos de Reflexão com a Residência Multiprofissional do Instituto Nacional de Câncer Autores: Maria Liana Gesteira Fonseca, Fernando Lopes Tavares de Lima, Rosilene de Lima Pinheiro Introdução A Educação Permanente em Saúde é uma estratégia que tem como foco a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde, por meio de estratégias pedagógicas que relacionam ensino, serviço, docência e saúde, sobre os alicerces da apren- dizagem significativa (FRANÇA, 2017). A experiência da residência multiprofissional na área de oncologia para egressos de cursos da área da saúde envolve complexas questões no tocante à saúde mental de jovens profis- sionais. A entrada no campo da prática levanta questões, na medida em que suscita o con- vívio intenso com o adoecimento, o sofrimento e a morte, para o qual seus saberes prévios não os preparam. Desde o ano de 2015, a residência multiprofissional do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva oferece um espaço específico para que estes jovens profissionais, que vivem seus campos de prática, possam trocar experiências de sofrimento e dificuldades de forma segura e em grupo reflexivo, coordenado por uma profissional de psicologia, com formação em abordagens em grupo. Objetivo Geral Criar um espaço de acolhimento horizontal que seja possível dialogar com liberdade e segu- rança a respeito das dificuldades apresentadas no campo de prática, tais como contato com sofrimento, adoecimento, morte, relações profissionais, e dificuldades relacionais. Objetivos específicos Criar um espaço dialógico e horizontal para problematizar a relação com o campo de prática: no grupo é possível, por meio de um acordo de convivência e de uma ambientação adequada do diálogo, construir um espaço seguro para problematizar as experiências vividas no campo de prática com pacientes, familiares e questões organizacionais. Fortalecer a rede de apoio social entre os residentes: por meio da construção de um senti- mento de grupalidade - que se dá ao longo dos encontros - é possível propiciar o fortaleci- mento dos vínculos entre os próprios residentes. Os encontros tendem a estreitar as relações, na medida em que, ao longo desses, os residen- tes passam a conhecera história um dos outros, assim como as qualidades, as potenciali- Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 32 dades e as necessidades de apoio de cada membro do grupo e quando tecem narrativas a respeito da prática, das relações com o fazer do trabalho, com a residência, com tudo que a compõe e com as histórias singulares de cada um. Metodologias / Estratégias Para construção do grupo, utilizamos a metodologia dos grupos reflexivos (BOJER, 2010). No início de cada nova turma, os residentes são convidados a construir juntos, coordenados pela facilitadora do grupo, um acordo de convivência. Na construção desse acordo, a facilitadora, apoia o grupo a dialogar a respeito de que regras ou nortes éticos podem fazer com que os encontros do grupo configurem espaços seguros de fala. É feito, também, um levantamento das demandas dos membros do grupo, com a pergunta “o que os traz aqui?”, em que é possível mapear o que desejam tratar. A partir desse diálogo e do levantamento dos temas que gostariam de tratar, a facilitadora pode montar exercícios reflexivos, por meio de vídeos, trechos de literatura ou simplesmente perguntas norteadoras. O elemento que ambienta o diálogo é o acordo de convivência e a condução orientada de quem facilita, convidando o grupo sempre a tecer narrativas, que partam da experiência na primeira pessoa do singular para que possam trocar experiências, não somente a partir de si- tuações de sofrimento, mas também a partir dos caminhos de enfrentamento do sofrimento que cada um construiu (BOJER, 2010). Estratégias Institucionais Antes de cada ano letivo fazemos uma agenda do grupo, com uma média de dez encontros a cada semestre, com frequência quinzenal. A carga horária destinada ao grupo é previamente acordada na Comissão de Residência Multiprofissional do INCA. Todos os representantes de categoria profissional recebem a agenda do grupo previamente. A inscrição é livre, e, uma vez inscrito no grupo, o residente se compromete a comparecer aos encontros agendados. Resultados esperados Nesse processo coletivo e reflexivo, fundamentado nas diretrizes da educação permanente em saúde, os residentes têm construído saberes no âmbito relacional. O grupo de reflexão, organizado de forma horizontal, participativa e centrado na problematização dos processos de ensino e aprendizagem, tem resultado em aprendizagem crítica e criativa, desenvolvendo a capacidade do aluno para identificar e resolver problemas do cotidiano do mundo do tra- balho. Além disso, a partir da oferta do espaço seguro de fala para diálogo e problematização das intensas vivências experimentadas no campo de prática, observou-se o fortalecimento da rede de apoio social entre os residentes, reposicionando as experiências de sofrimento, tor- nando as experiências da prática menos dolorosas e mais compartilhadas, capacitando-os, assim, para atuar de forma mais reflexiva. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 33 Formas de Avaliação dos Resultados Alcançados Ao final de cada semestre é feita uma roda de conversa com a turma de residência, visando avaliar os modos de funcionamento do grupo, suas limitações e formas de aprimoramen- to. Apesar de esse modelo ter trazido importantes questões, reconhecemos que precisamos construir de um instrumento mais formal e estruturado para avaliação da experiência. Recursos Uma sala em que seja possível colocar as cadeiras em formato circular, para que todos se vejam. Papel e caneta quando fazemos exercícios reflexivos escritos. Data Show e internet quando passamos vídeos, profissional qualificado em metodologias de grupo. Referências Bibliográficas BOJER, MM. et al. Mapeamento Diálogos: Ferramentas essenciais para mudança social. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2010. FRANÇA T. et al. Política de Educação Permanente em Saúde no Brasil: a contribuição das Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço. Ciência e Saúde Coletiva, v.22, n.6, p.1817-1828, 2017. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 34 Curso Manejo Odontológico do paciente com Câncer Autores: Cesar Luiz Silva Junior, Cristina Tavares dos San- tos, Héliton Spindola Antunes, Mara Cristina Demier Freire Ribeiro, Regina Aparecida Varoto, Renata Costa Jorge Introdução O câncer é uma doença tempo-dependente e a organização da rede de atenção à saúde deve garantir a maior celeridade possível no fluxo do paciente, pelos diversos níveis de aten- ção. Sabe-se que a maioria dos casos de câncer de boca diagnosticados e encaminhados para tratamento já se encontram em estadiamento avançado, o que compromete o diagnós- tico, bem como, afeta a qualidade de vida do paciente e aumenta os custos para o sistema de saúde. Conforme diretrizes das políticas de saúde, as equipes de Atenção Primária à Saúde (APS) são estrategicamente importantes para o diagnóstico precoce de vários tipos de câncer, den- tre eles o câncer de boca (BRASIL, 2018). Porém, é consenso que muitos desses profissionais precisam de qualificação para suspeição de alterações nos tecidos e/ou demais estruturas da cavidade oral, oportunizando o diagnóstico precoce, assim como para o acompanhamen- to odontológico de pacientes com câncer. Nesta perspectiva, a Educação Permanente em Saúde possibilita construir espaços coletivos para a reflexão e avaliação de sentido dos atos produzidos no cotidiano, desde a atualização das práticas segundo os mais recentes aportes disponíveis, até a construção de relações e processos que vão do interior das equipes às práticas interinstitucionias e/ou intersetoriais (CECCIM, 2005). Objetivo Geral Expandir os conhecimentos do cirurgião-dentista da APS para que possa identificar altera- ções nos tecidos e/ou demais estruturas da cavidade oral e integrar o cuidado ao paciente oncológico, respeitando-se os limites de sua atuação. Objetivos Específicos • Identificar os fatores de risco para o câncer de boca e as principais abordagens de enfrentamento pelo cirurgião-dentista; identificar as principais lesões que acome- tem a cavidade oral e os diagnósticos diferenciais. • Conhecer os principais tratamentos de lesões bucais mais prevalentes. • Conhecer o fluxo de rede – desde a suspeição, perpassando o encaminhamento dos casos suspeitos para investigação diagnóstica até o tratamento da neoplasia. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 35 • Sensibilizar sobre a importância da adequação do meio bucal para o tratamento oncológico; Reconhecer as diferentes abordagens para manejo das intercorrências orais causadas pelo câncer e seu tratamento. • Reconhecer as diferentes abordagens para o preparo do tratamento do paciente com câncer. Metodologia / Estratégias O curso foi desenvolvido em duas etapas distintas: (1) modalidade a distância (EAD) utili- zando a plataforma do Instituto Nacional de Câncer (INCA) – “Curso ABC do Câncer” – como pré-requisito para a segunda etapa; (2) modalidade presencial, composta por quatro encon- tros ministrados por docentes do INCA, das Faculdades de Odontologia (UFRJ, UERJ, UFF e UNESA) e da Área Técnica de Saúde Bucal/SAPS/SGAIS/SES-RJ. No quarto encontro, conduzido pela Área Técnica de Saúde Bucal, os alunos são convidados a refletirem sobre a organização da rede de atenção ao câncer de boca em seus municípios. Por meio de um processo pedagógico coletivo, estruturado a partir das premissas da Edu- cação Permanente, o curso busca contemplar desde a aquisição/atualização de conheci- mentos e habilidades até a reflexão de parte dos problemas e desafios, em sintonia com os contextos e realidades das equipes. Em meio a um momento de identificação de nós críticos que devem ser enfrentados tanto na atenção e/ou na gestão, objetiva-se a construção de Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio deJaneiro 36 estratégias contextualizadas que promovam o diálogo entre as políticas gerais e a singulari- dade dos municípios, dos profissionais e dos usuários (BRASIL, 2018). Como atividade final, os profissionais apresentam a organização do fluxo na rede para o pa- ciente com câncer de boca e uma proposta de plano de ação. Nesta apresentação, além das premissas já colocadas, são trabalhadas questões relacionadas: às ações de saúde bucal na APS realizada pelo município para detecção precoce, à utilização de fichas de referência e contrarreferência, ao(s) local (is) para realização da biópsia, aos processos de encaminha- mento e de garantia de resultado do exame anatomopatológico, à regulação do paciente para o tratamento hospitalar, à adequação do meio bucal prévio ao tratamento oncológico, ao acompanhamento durante e pós-tratamento (cirurgia, quimio e radioterapia), à alta refe- renciada da unidade hospitalar e aos cuidados paliativos. Foram ofertadas pelo INCA, por semestre, 40 vagas aos profissionais de saúde bucal da rede de atenção à saúde do estado do Rio de Janeiro, indicados pelos Coordenadores Municipais de Saúde Bucal, observando-se os seguintes critérios: (1) ser preferencialmente servidor pú- blico; e (2) estar obrigatoriamente cadastrado no Sistema de Cadastro Nacional de Esta- belecimentos de Saúde (CNES) como profissional de equipe de saúde bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF). Em relação aos critérios para a seleção dos municípios e ao número de vagas, foram consi- derados dados referentes ao cenário epidemiológico e ao quantitativo de equipes de saúde bucal em ESF, respectivamente. Para a seleção das turmas de 2017, foram selecionados mu- nicípios com 10 (dez) ou mais óbitos de câncer de boca. Por sua vez, para as turmas de 2018, foram municípios com número inferior a 10 (dez) óbitos de câncer de boca. Para a primeira turma de 2019, foram considerados os 34 municípios que ainda não haviam inscrito profis- sionais nas edições anteriores. Todos os critérios foram pactuados na Comissão Intergesto- res Bipartite do Rio de Janeiro (CIB-RJ). Resultados Esperados O curso “Manejo Odontológico do paciente com Câncer” foi ofertado para os 92 municípios do Rio de Janeiro, sendo que 68 indicaram profissionais. A participação total foi de 159 alu- nos, distribuídos nas 05 turmas (duas em 2017, duas em 2018 e uma em 2019). Além disso, como resultado importante, destaca-se que o curso passou a fazer parte da grade perma- nente do INCA. O produto final esperado é a consolidação de um fluxo constituído para o manejo odonto- lógico do paciente com câncer nos 92 municípios do estado, considerando: a diminuição do tempo entre a suspeição de lesões de boca e o diagnóstico; o conhecimento pelos profissio- nais das referências para o exame histopatológico e para os procedimentos a nível hospita- lar; e a sensibilização dos cirurgiões-dentistas da APS no trabalho integrado com os demais profissionais envolvidos no atendimento ao paciente oncológico. Além disso, espera-se tam- bém a qualificação desses profissionais, na sua rotina diária, para o atendimento aos pacien- tes em tratamento oncológico. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 37 Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados Conforme discutido, no 4º encontro presencial os profissionais apresentam o fluxo constitu- ído ou a constituir no seu município, refletindo um processo de mudança em curto prazo. E, em longo prazo, espera-se que nos 68 municípios – que tiveram profissionais participantes no curso – ocorra a redução dos casos diagnosticados em estágios avançados de câncer de boca. Com a finalidade de monitorar e apoiar as ações desenvolvidas nos municípios após o curso, um formulário intitulado “Aplicação dos conhecimentos do Curso Manejo Odontológico do Paciente com Câncer” foi enviado aos profissionais de municípios participantes, contando com questões relacionadas à: detecção precoce de câncer de boca na APS, registro de da- dos no sistema de informação, realização de biópsias, utilização de fichas de referência e contrareferência, encaminhamento e tempo médio para entrega de resultados, regulação e acompanhamento durante e pós-tratamento. Recursos Foram utilizados recursos relacionados à infraestrutura (plataforma para EAD e auditório para etapa presencial), articulação e pactuação com o INCA e as Disciplinas de Patologia Oral das Faculdades de Odontologia (UFRJ, UERJ, UFF e UNESA), com elaboração de mate- rial didático. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Bá- sica. A saúde bucal no Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 350 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelecem diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS. Diário Oficial, Brasília, seção I, p. 88, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013. Institui a Política Nacio- nal para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial, Brasília, seção I, p. 199, 2013. CECCIM, R.B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface - Comunic, Saúde, Educ., v.9, n.16, p.161-77, 2005. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Informativo Detecção Precoce: monitoramento das ações de controle dos cânceres de lábio e cavidade oral. Bole- tim ano 5, n.3, set./dez., 2014. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Informativo Detecção Precoce: monitoramento das ações de controle dos cânceres de lábio e cavidade oral. Bole- tim ano 7, n.1, jan./abr., 2016. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 38 KUMAR, V. et al. Robbins e Cotran, patologia: bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 1480p. LITTLE, J. W. et al. Manejo odontológico do paciente clinicamente comprometido. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 688p. MARCUCCI, G. Fundamentos de Odontologia: estomatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 264p. NEVILLE, B. W.; DAMM, D. D.; ALLEN, C. M. Patologia oral e maxilofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 992p. REGEZI, J. A.; SCIUBBA, J. J.; JORDAN, R. C. Patologia Oral: correlações clinicopatológicas. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 512 p. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 39 A Importância da Mostra SUS Petrópolis para Motivação e Divulgação dos Trabalhos das Equipes de Saúde do Município e a Integração com as Instituições de Ensino Autoras: Maria Zenith Nunes Carvalho, Márcia Verônica Brandão S. C. Ferreira, Vanessa Maria Bull. Introdução A I Mostra SUS Petrópolis - criada para o compartilhamento das experiências exitosas que acontecem em toda a Rede de Atenção à Saúde - foi realizada em novembro de 2018 pela SMS de Petrópolis em parceria com Instituição de Ensino Superior FMP/FASE (IES). A pro- moção da Mostra estava prevista no Plano Plurianual de Saúde (PPA) como uma das estra- tégias a ser desenvolvidas pelo Núcleo de Educação em Saúde da SMS. Objetivo Geral Criar espaço de divulgação, socialização e integração de trabalhos e seus trabalhadores, ges- tores da SMS e IES e usuários, visando ao conhecimento e o fortalecimento do SUS Petrópolis. Objetivos Específicos • Promover a Discussão sobre o SUS que temos e o SUS que queremos; • Compartilhar o trabalho realizado pelas Equipes, tanto teóricos como práticos; • Promover a Integração Ensino/Serviço; • Apresentar trabalhos dos Usuários que estão inseridos nos territórios buscando o compartilhamento de ações nos mais diversos cenários, com vistas a garantir um espaço de troca e crescimento entre os participantes e convidados de outros mu- nicípios. Metodologia / EstratégiasA Mostra foi planejada por uma comissão de trabalhadores SMS e IES, no período de agosto a novembro e realizada em dezembro de 2018. Teve a duração de dois dias, num total de 18 horas de apresentação de trabalhos, discussão de ideias e integração entre os diversos pro- fissionais e alunos da IES e da SMS. Os trabalhos inscritos foram distribuídos em 03 eixos temáticos com a participação de espe- cialistas convidados para enriquecer e atualizar as temáticas propostas. A Metodologia utili- zada para apresentação dos Eixos Temáticos e Trabalhos Inscritos foi a exposição dialogada e a problematização. Sendo os temas de discussão dos Eixos: Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 40 Participação e Educação Popular em Saúde - Esse tema trouxe para discussão e reflexão a importância da Educação Popular em Saúde como uma prática voltada para a promoção, prevenção e recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, va- lorizando os saberes populares. Os trabalhos apresentados mostraram como as Equipes de Saúde estão vivenciando essa prática no encontro entre os trabalhadores de saúde e usuários nos territórios. Vigilância em Saúde - Esse eixo procurou trazer para discussão a integração das vigilâncias que hoje se distribui entre a epidemiológica, ambiental, sanitária e saúde do trabalhador que tem como objetivo a atenção e a promoção da saúde dos indivíduos e aos mecanismos ado- tados para prevenção de doenças. Os trabalhos apresentados demonstraram como as Equi- pes trabalham com os indicadores, planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, condições de vida e situação de saúde das populações, para o planejamento do seu processo de trabalho nos territórios. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 41 Redes de Atenção à Saúde - Esse tema discutiu a importância da rede de atenção à saúde para o desenvolvimento e continuidade do cuidado a nível primário, secundário e terciário, tendo como porta de entrada a Atenção Primária à Saúde. Os trabalhos apresentados nesse eixo demonstrou como esta Rede está funcionando e como está se responsabilizando na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo compartilhamento de obje- tivos e compromissos com os resultados sanitários e econômicos do Município. Os trabalhos foram apresentados através Exposição Oral, Mesa Redonda ou Roda de Con- versa e os princípios da Educação Permanente foram utilizados nesse processo. Os recursos utilizados foram audiovisuais (slides e vídeos), fotografias, encenações artísticas e músicas. Práticas do Cuidado – Foi criado um espaço dentro da Mostra para apresentação das ati- vidades populares através rodas de conversa, atividades culturais, exposição de trabalhos, Práticas Integrativas Complementares (PICS) que foram ofertadas pelos profissionais que atuam nas Equipes de Saúde e Academias da Saúde de Petrópolis. Junto à Mostra SUS, realizamos a IV Mostra de Trabalhos do Curso ED POP SUS Petrópolis que teve como parceiro a FIOCRUZ-Petrópolis. Esse Curso foi realizado por dois facilitadores do Município para os agentes comunitários de saúde, agentes de endemias e profissionais das ESF. Utilizaram esse espaço para exposição de banners, tenda do conto, trabalhos ma- nuais realizados pelos alunos do Curso, grupo de expressões artísticas e usuários do SUS. Resultados Esperados Apresentação de experiências, que demonstraram a ética e comprometimento dos gestores e profissionais com os Usuários e o respeito dos trabalhadores com o SUS. Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados A Mostra foi proposta com o objetivo de motivar os profissionais a divulgarem os trabalhos realizados em suas Unidades de Saúde e no território, fortalecer a parceria entre a IES e a SMS e os usuários. A comissão fez uma reunião de avaliação da Mostra onde foram avalia- dos os pontos positivos e negativos do evento. Entre os resultados positivos, destacam-se a participação dos gestores, convidados, profis- sionais e usuários durante a Mostra. A troca de experiência entre especialistas convidados, gestores, equipes, IES e Usuários foi grande e estimulou a busca de novos modelos de ação no território e divulgou os trabalhos da rede para os particiantes da Mostra. Foi elaborada uma ficha para avaliação, onde foram descritos critérios para apresentação e avaliação dos trabalhos. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 42 Avaliação de participantes A UBS Retiro agradece a Comissão pelo incentivo para se inscrever na mostra foi muito bom participar da mostra e levar um pouco da nossa alegria. Agente Comunitário de Saúde Nossa I mostra SUS de Petrópolis, em pauta os 30 anos do SUS, mostramos que o SUS está em alta, a participação dos servidores da saúde, meus amigos de SUS em Petrópolis de muitos anos, a participação do Prefeito, dos representantes da Secretaria de Saúde do Estado, os 134 trabalhos elaborados, reflete o comprometimento e o nosso compromisso com a Saúde da população do nosso município, parabéns a todos. Participante da I Mostra SUS Ontem, tive a honra de participar da I Mostra SUS de Petrópolis”. Um evento lindo, onde tivemos oportunidade de ver o SUS lindo e vivo que ainda existe. Lindos trabalhos mostrando o trabalho maravilhoso da nossa rede. Sabemos que o SUS tem muuuuitas falhas, mas acredi- tem, tem muuuuuuuuuuuuito mais coisas boas acontecendo! Muita coisa que mídia elitista faz questão de esconder, mostrando somente os erros, sem mostrar a todos o êxito! Acredite, o SUS funciona! Acre- dite que vale a pena lutarmos por ele! Emocionante de ver os diversos setores comprovando que ainda vale a pena a luta! 134 trabalhos inscritos apresentados, Tenda Paulo Freire com Práticas Integrativas Complementares, Educação Popular, Teatro do Oprimido e etc, Mesas de Debates... muita coisa legal! Apoiadora da I Região “Parabéns à comissão organizadora que trabalhaou muito pro evento acontecer! Parabéns tb a tds equipe participantes, em especial às minhas equipes queridas da I Região PSF Amazonas, PSF Santissima Trindade e PSF Alto Simeria que apresentaram seus trabalhos brilhantemente!”. “ “ “ “ ” ” ” ” https://www.facebook.com/ubs.retiro.9?eid=ARApFuVd3togmb6mTMr3XUb_Ta8BO-m7TsxSL7KaGNGhs9n5EHFuHbUnvTGffQhswKKeim9Qn1lnBgkk Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 43 Parabéns a todos que se dedicaram e àqueles que, apesar de todas as dificuldades, resistem e fazem o SUS acontecer. Profissional da AB. Participar desta Mostra e ver tantas ofertas variadas de serviços construidas dentro da própria rede, com o olhar de acolhimento e inclusão, foi muito emociante. Senti-me muito honrada em fazer parte deste evento. Coordenadora das Academias da Saúde. Foram apresentados 116 trabalhos e participaram da Mostra SUS Petrópolis 2018, no total, 325 profissionais de saúdes e convidados. Pontos Negativos: O tempo de duaração da Mos- tra SUS foi pouco em realação a quantidade de trabalhos apresentados. Não foi criado ins- trumento para os participantes avaliarem a Mostra SUS. Recursos Para realização da Mostra contamos com a Parceria da FMF/FASE que nos cedeu o espaço físico e recursos audiovisiuais. Os Pôsteres foram confeccionados em parceria com Institui- ções da SMS. Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Saúde, Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, Mostra Brasil aqui tem SUS. Catálogo de ex- periências exitosas 2016. Brasília, DF: OPAS; 2018. “ “ ” ” Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 44 O PET-Saúde/ Interprofissionalidade no Consultório na Rua de Niterói (RJ): uma experiência com alunos da UFF Autores:Alexandre Teixeira Trino; Elisabete D’Oliveira Paula Sousa; Gabriel Ferreira da Silva Carvalho; Márcio de Andrade Serrano; Maria Martins de Almeida Introdução O trabalho descreve a experiência do Consultório na Rua de Niterói/ RJ (CnaR) na precep- toria de alunos de graduação na área da saúde da Universidade Federal Fluminense (UFF), através da estratégia PET-Saúde Interprofissionalidade. O Programa de Educação pelo Tra- balho para a Saúde (PET-Saúde) tem como pressupostos a qualificação dos processos de integração ensino- serviço-comunidade de forma articulada entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e as instituições de ensino promovendo a Educação Interprofissional e as Práticas Co- laborativas em saúde. A Educação Interprofissional (EIP) tem sido discutida como importante abordagem para a efetivação de mudanças das práticas profissionais, e, consequentemente, do modelo assis- tencial. A EIP se mostra necessária, na realidade brasileira, na medida em que buscam qua- lificar os alunos, profissionais, gestores e instituições para o trabalho colaborativo em saúde, fundamental para a integralidade do cuidado (ROSSIT et al, 2014). O Consultório na Rua atende em todos os territórios com população em situação de rua no Município de Niterói, considerando suas diferentes demandas e necessidades, através de duas equipes e duas unidades móveis, que reúnem um médico, dois psicólogos, dois enfer- meiros, dois técnicos de enfermagem, três assistentes sociais, dois agentes redutores de da- nos e dois motoristas. A partir deste perfil, o CnaR foi selecionado para integrar a preceptoria do PET-Saúde da UFF e vem desenvolvendo estratégias pedagógicas de ensino/ serviço com três alunos de gradu- ação, sendo um acadêmico de Medicina, um de Assistência Social e um de Educação Física. Essa experiência procura valorizar a perspectiva do fazer e do saber em saúde, avançando na construção do conhecimento a partir da experiência e da prática, tendo no trabalho, em ato, um espaço privilegiado para o ensino-aprendizagem através da educação permanente. Assim, o mundo da rua e a potência própria que opera no espaço da sua micropolítica, é o locus privilegiado de atuação dos alunos e preceptores no cuidado integral junto à população em situação de rua. A participação dos discentes do PET-Saúde tem como foco a aprendizagem por meio do trabalho. Nesse contexto, a Educação Permanente em Saúde faz-se diariamente através das relações entre os profissionais que atuam no CnaR, os usuários do serviço e os acadêmicos Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 45 da UFF à medida que cada ator traz questionamentos sobre a prática atual no SUS e sugere novas maneiras de se trabalhar. A práxis do cuidado no âmbito multiprofissional e transdisciplinar com a população em si- tuação de rua tem grande poder para gerar estranhamentos frente aos conhecimentos, perspectivas e vivências trazidas pelos estagiários, contribuindo para a inovação no traba- lho realizado através da promoção de novas formas exercê-lo. As práticas vivenciadas pelos estudantes os aproximam da realidade do SUS, contribuindo para sua formação e familiari- dade com futuros nichos de trabalho profissional. Desta forma, o vínculo entre o PET-Saúde da UFF e o Consultório na Rua impulsiona os estu- dantes e os preceptores que já atuam no SUS, a produzirem novos diálogos e reflexões que oportunizam incorporação e/ ou transformação de práticas visando o cuidado integral à saúde. Objetivo Geral Apresentar aos acadêmicos do PET-Saúde as estratégias de promoção do cuidado e prote- ção social do Consultório na Rua a partir do conceito de Interprofissionalidade. Objetivos Específicos • Integrar os alunos nas ações do Consultório na Rua. • Apresentar aos estagiários os processos de trabalho do Consultório na Rua pelo conceito de Interprofissionalidade. • Demonstrar estratégias para integralidade do cuidado junto a pessoas em situação de rua. Metodologia / Estratégias A integração com nossa equipe passam por ambientação inicial com demonstração dos fun- damentos do estágio em serviço e noções básicas dos processos de trabalho, através da mediação dos nossos três preceptores do PET-Saúde Interprofissionalidade – UFF: o coor- denador do Consultório na Rua, o Médico e uma Assistente Social da equipe. A preceptoria vem buscando reflexões sobre a Interprofissionalidade à luz dos desafios da formação das diversas categorias profissionais de saúde para o SUS. A construção do proje- to pedagógico do estágio se dá em ato, através da compreensão do funcionamento do Con- sultório na Rua relacionando-o à formação em serviço pelo conceito Interprofissional e de Educação Permanente. Resultados Esperados O estágio, já com seis meses de atividades e com duração prevista de dois anos, aprofunda com os alunos as diretrizes basilares que regem o CnaR como estratégia da atenção básica Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 46 para acompanhamento da saúde integral da população em situação de rua e os desafios frente às suas demandas e necessidades. O contato dos alunos com a rua induz a observa- ção de características e peculiaridades de cada território, bem como a frequência e especifi- cidades desse público por território, utilizando-se o método cartográfico para o diagnóstico (GOLDSTEIN et al, 2013). Procuramos dar ênfase aos princípios fundamentais dos processos de trabalho do CnaR, de- monstrando a partir da inter e transdisciplinaridade protagonizada pela equipe, a importân- cia de atender não somente as demandas, como também as necessidades dos usuários com vistas à integralidade do cuidado. Também buscamos demonstrar aos discentes a importância de conhecer a história de vida dos usuários e suas singularidades através de discussão de casos e de projetos terapêuticos singulares, despertando a compreensão de práticas de cuidado que contemplem a amplia- ção de ofertas em saúde que promovam a garantia de direitos e a proteção social destes usuários em alta vulnerabilidade social. Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados A avaliação ocorre por meio de relatórios semanais em formato de Portfólio, cujos alunos da UFF e preceptores do CnaR de Niterói formulam individualmente e enviam à coordenação PET-Saúde UFF. Os preceptores também têm acesso ao portfólio enviado pelos alunos, o que os possibilita avaliar a percepção e capacidade de apropriação dos conceitos de cuidado trabalhados semanalmente, bem como as impressões junto às práticas compartilhadas em conjunto com a equipe do CnaR por parte de cada estagiário. Realizamos reuniões mensais com os preceptores, os alunos e a coordenação do PET-Saúde UFF, com reflexões acerca da prática do estágio, que vão de discussão de casos até aprofun- damentos conceituais de promoção do cuidado e suas interfaces com o conceito de Inter- profissionalidade. Em oficinas bimestrais com os acadêmicos, os preceptores da Fundação Municipal de Saúde de Niterói do PET UFF e os professores da UFF que coordenam o PET- -Saúde, trabalharmos temas sinérgicos com a prática docente assistencial e avaliamos a participação e mobilização dos alunos nas atividades. Recursos Os utilizados já estão inseridos na dinâmica de trabalho do CnaR: insumos de saúde, um carro e recursos humanos do CnaR. Além disso, contemplam-se bolsas de estágio PET no valor de R$ 400,00 para os alunos e bolsa de preceptoria no valor de R$ 550,00 para os profissionais preceptores. Experiências em Educação Pemanente em Saúde: O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro 47 Referências Bibliográficas BARR, H. Interprofessional education: the genesis of a global movement. London: Centre for Advancement of Interprofessional Education; 2015. FURTADO, J. P. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a colaboração entre disciplinas e profissões. Interface, Botucatu, v. 11, n. 22, p. 239-255,
Compartilhar