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Rio de Janeiro - 2020
EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO 
PERMANENTE EM SAÚDE: 
O FAZER EM ATO DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
 
Saúde
Secretaria de
20-44165 CDD-370.17
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Experiências em educação permanente em saúde : o 
 fazer em ato do Estado do Rio de Janeiro. --
 1. ed. -- Rio de Janeiro : Secretaria 
 de Estado de Saúde SES, 2020.
 Vários organizadores.
 Bibliografia
 ISBN 978-65-992327-0-1
 1. Educação 2. Educação permanente 3. Educação
permanente - Rio de Janeiro (Estado) 4. Medicina -
Estudo e ensino (Educação permanente) 5. Saúde
pública
Índices para catálogo sistemático:
1. Educação permanente 370.17
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
A Educação Permanente é 
aprendizagem no trabalho, onde o 
aprender e o ensinar se incorporam 
ao quotidiano das organizações 
e ao trabalho. Propõe-se que os 
processos de capacitação dos 
trabalhadores da saúde tomem 
como referência as necessidades 
de saúde das pessoas e das 
populações, da gestão setorial e do 
controle social em saúde, tenham 
como objetivos a transformação 
das práticas profissionais e da 
própria organização do trabalho 
e sejam estruturados a partir da 
problematização do processo 
de trabalho.
Portaria de Consolidação 
nº2, 2017
“ 
” 
ORGANIZADORES
Equipe da Superintendência de Educação Permanente
Adriana Maiarotti Justo
Carina Pacheco Teixeira
Cintya Veiga Faria
Hilda do Nascimento Nóbrega
Marcela Silva da Cunha
Nicholye Gonçalves Pereira
Regina Canedo de Souza
Salete Cristina AndradeTôrres
Sara Ferreira de Almeida Gonçalves
Tatiane da Conceição Silva
Projeto gráfico e diagramação 
Luciana Choeri - Coordenação Técnica de Design e Inovação - SES-RJ
Copyright@2020 dos organizadores
Os textos que compõem esta coletânea são de inteira 
responsabilidade de seus respectivos autores.
I Mostra da Educação Permanente em Saúde
Organizadores: Adriana Maiarotti Justo, Carina Pacheco Teixeira, 
Cintya Veiga Faria, Hilda Nobrega, Marcela Silva da Cunha, Nicholye 
Gonçalves Pereira, Regina Canedo de Souza, Salete Cristina 
Andrade Torres, Sara Ferreira de Almeida Gonçalves, Tatiane da 
Conceição Silva de Souza. Rio de Janeiro. Secretaria de Estado de 
Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), 2020.
Sumário
Prólogo ............................................................................... 11
Prefácio ............................................................................. 13
Apresentação ................................................................... 21
Capítulo I ......................................................................... 25
EIXO: ENSINO-SERVIÇO ............................................... 25
A Humanização e Qualidade e Segurança como Estratégia da 
Produção de Serviços em Saúde no Município de Belford Roxo .......................... 27
Grupos de Reflexão com a Residência Multiprofissional do Instituto 
Nacional de Câncer ..............................................................................................................31
Curso Manejo Odontológico do paciente com Câncer ............................................ 34
A Importância da Mostra SUS Petrópolis para Motivação e Divulgação 
dos Trabalhos das Equipes de Saúde do Município e a Integração com 
as Instituições de Ensino .................................................................................................. 39
O PET-Saúde/ Interprofissionalidade no Consultório na Rua de 
Niterói (RJ): uma experiência com alunos da UFF ................................................... 44
O papel da educação permanente na implantação da Farmácia Viva 
em Quissamã/ RJ ................................................................................................................ 48
Quick messages: higiene das mãos como meta internacional de 
segurança do paciente ......................................................................................................52
A sociedade em cena e seus reflexos na formação do Residente de 
Enfermagem em uma unidade hospitalar federal no Estado do RJ ................... 56
Servidor Nota 10 - A experiência de educação permanente na Fundação 
Municipal de Saúde de Niterói ........................................................................................ 59
Educação Permanente para o aperfeiçoamento dos Testes Rápidos 
de HIV, sífilis e hepatites virais em Quissamã-RJ ...................................................... 63
CAPÍTULO II - EIXO GESTÃO ......................................... 67
Atividades de Educação Permanente para o enfrentamento das 
arboviroses em Quissamã-Rj .......................................................................................... 68
Capacitação nos Procedimentos Operacionais Padrão da 
Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro ............. 72
Contribuições da Educação Permanente em Saúde para transformar o 
processo de trabalho e produção do cuidado na atenção primária em 
 saúde no município de Quissamã/RJ ...........................................................................76
A Educação Permanente como “ferramenta” de Trabalho do Serviço de 
Controle de Infecção no Hospital Municipal Mariana Maria de Jesus 
(HMMMJ), Quissamã/RJ ................................................................................................... 81
Câmara Técnica de Segurança do Paciente da FSERJ: da implantação 
à atuação nas unidades de saúde assistenciais ...................................................... 85
 “Desatando os nós da Rede” .......................................................................................... 89
Dona Zica Acolhe ................................................................................................................ 91
Educação Permanente na Rede de Atenção à Saúde Bucal ................................ 95
Educação Permanente como Instrumento de Implantação e Avaliação 
do Acesso Avançado: uma experiência exitosa na APS de Teresópolis ............ 98
Grupos de trabalhos regionais da Atenção Primária à Saúde como 
estratégia de problematização e reflexão do saber e da prática ........................103
Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente no Hospital Eduardo 
Rabello: estratégia em Educação Permanente ........................................................ 107
Núcleo de Educação Permanente em Saúde de Macaé: desafios 
e avanços no Norte Fluminense ...................................................................................... 111
Oficina de Qualificação do Processo de Trabalho no Nasf de Macaé ............... 115
Utilização da Peseira do Leito como Estratégia em Educação 
Permanente para segurança do Paciente Idoso Hospitalizado ...........................119
Plano de Educação Permanente: atividades preliminares de elaboração 
e implementação em uma unidade pública de saúde referência em 
Hematologia e Hemoterapia no Estado do Rio de Janeiro ................................... 122
Projeto Acolher: Oficinas de Sensibilização para melhoria da relação 
interpessoal e melhor atendimento aos usuários. .................................................. 126
Round Multidisciplinar: ferramenta de gestão do cuidado .................................. 129
 
CAPÍTULO III - PRÁTICAS EDUCATIVAS 
E PROBLEMATIZADORAS ............................................133
Elaboração do Protocolo de Enfermagem para Atenção Básica de 
São Gonçalo/RJ .................................................................................................................. 134
Atualização de trabalhadores de enfermagem em terapia transfusional ....... 137
Educação Permanente para o fortalecimento do apoio matricial em 
saúde mental ....................................................................................................................... 141
Educação Permanente como Estratégia de Capacitação Profissionalem AIDPI Criança ............................................................................................................... 145
Sistematização de uma Experiência de Educação Permanente com 
Enfermeiros da Baixada Litorânea do Rio de Janeiro: aprendizagens 
da prática ..............................................................................................................................149
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem 
através de uma Intervenção Baseada em Metodologias Ativas: 
relato de experiência ......................................................................................................... 153
“Mãos para Cuidar, Asas para Voar!” A formação dos cuidadores como 
instrumentalização do cuidar no Serviço de Residência Terapêutica ............... 157
A Mosquita do Bem ............................................................................................................161
Oficinas de Qualificação dos Agentes Comunitários de Saúde no 
Atendimento à População Imigrante e Refugiada ..................................................165
Projeto Roda Hans no contexto da Educação Permanente em Saúde ............168
Semana da Sensibilização: trabalhando as relações humanas ..........................172
Seminário de Educação Permanente em Saúde – “O Fortalecimento das 
Práticas de Educação Permanente em Saúde no SUS” ........................................ 176
O Trabalho em Equipe no contexto da Educação Permanente em 
Saúde: relato de experiência ......................................................................................... 180
Uso das diretrizes pedagógicas da OMS na capacitação de profissionais 
em Segurança do Paciente .............................................................................................183
Violência e Articulação da Rede Intersetorial ........................................................... 187
Violência intrafamiliar: construindo uma rede de cuidados na 
atenção básica de Itaocara-RJ .......................................................................................191
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
11
Prólogo
É um enorme prazer poder apresentar este livro, fruto de um projeto que, certamen-
te, vai muito além do que aqui está escrito. 
A I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde foi planejada a partir de 
escolhas que objetivam a valorização e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde 
(SUS) pela competente equipe da Superintendência de Educação Permanente da 
Subsecretaria de Educação e Inovação em Saúde da Secretaria de Estado Saúde do 
Rio de Janeiro (SES/RJ).
O projeto privilegia, acima de tudo, dar visibilidade ao que é feito com qualidade na 
complexa rede de atenção à saúde do Estado do Rio de Janeiro. E este não é um ob-
jeto simples.
Seria difícil descrever as muitas horas de experimentações, encontros, desenhos, 
idas e vindas, até que a ideia da I Mostra começou a tomar forma. Relatar aqui a 
surpresa pela conquista compartilhada, o cuidado na organização de cada detalhe 
também não é tarefa fácil.
Durante esta preciosa leitura, convido você a ir além dos relatos escritos, incorporan-
do sensações que permeiam o trabalho em equipe, a empatia pelas demandas da 
clientela, o esforço para o alcance do cuidado atento. É certo que essas premissas, 
que norteiam o trabalho de qualidade no SUS, estiveram presentes no desenvolvi-
mento da I Mostra.
Prof.ª Anna Tereza M. S. de Moura
Subsecretária de Educação e Inovação 
(Jan 2019-mai 2020), professora associada 
da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
13
Prefácio
A Educação em Ato na Saúde 
ou o fazer da Educação 
Permanente em Saúde
Ricardo Burg Ceccim
Doutor em Psicologia, Pós-Doutor em 
Antropologia Médica. Professor Titular 
de Educação em Saúde, Programa de 
Pós-Graduação em Educação, Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul.
Recebo, em primeira mão, os originais da obra sobre Educação Permanente em Saúde no âm-
bito da Secretaria da Saúde do Estado do Rio de Janeiro – SES/RJ, sob a responsabilidade da 
Superintendência de Educação Permanente em Saúde – SUPEP, subordinada à Subsecreta-
ria de Educação e Inovação em Saúde. Compete à subsecretaria fortalecer o Sistema Único de 
Saúde – SUS por meio de ações intersetoriais de Educação e Inovação em Saúde, compondo-
-se pela Superintendência de Educação Permanente em Saúde, que se ocupa da qualificação 
dos profissionais e dos processos de trabalho; por uma Coordenação de Ensino, conduzida 
por uma Divisão de Pós-Graduação e uma Divisão Pedagógica; por uma Coordenação de Pes-
quisa, criada recentemente para promover a pesquisa e a inovação – intersetorialmente e no 
âmbito da SES/RJ – apoiando pesquisas cientificamente estratégicas e socialmente relevan-
tes para o SUS, além de dar sustentação ao Comitê de Ética em Pesquisa; e por uma escola de 
educação profissional de nível técnico, a Escola de Formação Técnica em Saúde Enfermeira 
Izabel dos Santos; além da promoção de ações formativas e de qualificação profissional e da 
divulgação de eventos no interesse da formação e educação dos trabalhadores e do desen-
volvimento dos serviços e sistemas de saúde no âmbito da SES/RJ.
A Superintendência de Educação Permanente em Saúde coordena o Programa de Capacita-
ção e Aperfeiçoamento e dá sustentação à Comissão Permanente de Integração Ensino-Ser-
viço em Saúde do Estado – CIES/RJ, assim como às Comissões Permanentes de Integração 
“ 
” 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
14
Ensino-Serviço em Saúde Regionais. O Estado do Rio Janeiro está organizado em 9 Regiões 
de Saúde: Baía da Ilha Grande, Baixada Litorânea, Centro-Sul, Médio Paraíba, Metropolitana 
I, Metropolitana II, Noroeste, Norte e Serrana, todas com uma CIES Regional e mobilizadas ao 
evento precursor da presente obra, a seguir explanado minimamente.
A chegada da presente obra é resultado das experiências exitosas selecionados pelo Edital 
da I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde, realizada em outubro de 2019, em 
que se previu a difusão técnico-científica por meio de livro a ser editado com o apoio da Su-
perintendência de Educação Permanente em Saúde/Subsecretaria de Educação e Inovação 
em Saúde. A ideia era difundir as iniciativas promovidas pela Superintendência e dissemi-
nar narrativas reflexivas do mundo das práticas sobre vivências e experiências de Educação 
Permanente em Saúde desenvolvidas no Estado do Rio de Janeiro, sejam elas vinculadas às 
esferas federal, estadual ou municipal, sejam elas dos âmbitos nacional, estadual, regional, 
local ou dos serviços e redes de serviços que se prolongam da atenção básica à atenção de 
referência especializada ou hospitalar. A obra é um produto tecnológico de grande valor ao 
mundo das práticas.
A Superintendência de Educação Permanente em Saúde acumulou, desde sua criação, ex-
periência com ações pedagógicas, elaboração de material pedagógico, incremento das ha-
bilidades profissionais dos trabalhadores da saúde e estímulo à educação em serviço, tendo 
chegado à I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde e à presente obra com 
uma ação inaugural de um novo e mais elevado patamar à prática e ao estudo-em-serviço da 
educação e formação de profissionais de saúde. Foram inscritas 73 experiências, das quais 3 
foram indicadas à apresentação oral, cada uma como destaque de cada um dos 3 eixos do 
Edital, 40 foram indicadas à apresentação em pôster dialogado e 52 selecionadas para a pu-
blicação em livro, agora em disponibilização para a comunidade sob a forma de informação 
técnico-científica.
O presente livro corresponde, então, aos eixos do Edital: integração entre ensino e serviço 
na saúde, relativo à potênciada articulação entre as instituições de ensino e os serviços e 
sistemas de saúde; educação permanente como ferramenta de gestão e outros temas rele-
vantes que articulam gestão de sistemas e serviços com a Educação Permanente em Saúde; 
e práticas problematizadoras, que se referem aos debates com poder educativo e de reflexão 
crítica sobre os processos de trabalho implementados pela rede atenção, gestão e formação 
na saúde no Estado do Rio de Janeiro. Uma expectativa era buscar aquilo que favorece a 
avaliação e o pensamento, as iniciativas de mudança geradas localmente e as possibilidades 
de avanço e amadurecimento da educação interprofissional e da prática interprofissional. 
As três seções do livro trazem o agrupamento das narrativas da prática, ou seja, um informe 
técnico-científico do mundo tecnológico, evidente no dia a dia do Sistema Único de Saúde. 
Os capítulos são uma oferta àqueles implicados com o mudo do trabalho no SUS, sempre 
sequiosos de subsídios, parâmetros, pontos de confronto e comparação, crescimento e tro-
ca. Embora destinado a esse público, verifica-se que livros como este que temos em mãos 
são muito consumidos pelos pesquisadores em formação na pós-graduação stricto sensu, 
provavelmente por seu componente tecnológico, em que pese os esforços da academia em 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
15
separar a pesquisa tecnológica (instituições de serviço) da pesquisa científica (instituições 
de ensino). É a força dos serviços que impõe a necessidade de obras como essas e as torne 
fonte de consulta e aprendizado de trabalhadores, gestores, estudantes e pesquisadores em 
formação.
Por serem apenas três seções, poderíamos encetar um prefácio que apenas indicasse uma 
opinião sobre cada uma delas, na verdade isso se mostrou inviável, exigindo desse analis-
ta uma postura mais complementar e um cuidado maior para não dispersar do Edital. As-
sim, trarei algumas questões gerais que entendo necessárias para comemorar uma obra no 
campo tecnológico e, ao mesmo tempo, espero contribuir para a formulação de uma futura 
agenda de estudos-em-serviço sobre a questão locorregional da Educação Permanente em 
Saúde. Este prefácio, portanto, não deve ser entendido como apresentação dos textos conti-
dos no livro, mas como relançamento dos desafios da Mostra e do projeto de divulgação tec-
nológica. A I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde foi realizada em outubro 
de 2019 e seu pano de fundo foram as práticas que permeavam o cotidiano do SUS no Esta-
do do Rio de Janeiro. Não o cotidiano de condução da Secretaria de Estado da Saúde, mas o 
território do Estado do Rio de Janeiro com suas articulações interinstitucionais, intergestores 
e intersetoriais trazidas pelas municipalidades, pelos serviços e pelas regiões.
O livro cumpre um objetivo do Edital: valorizar experiências exitosas em Educação Perma-
nente em Saúde (EPS) como Estratégia de Fortalecimento do Sistema Único de Saúde 
(SUS).
Temos 143 autores, além dos organizadores, da comissão científico-tecnológica do Edital e 
dos profissionais da Superintendência e Subsecretaria. Estão presentes uma dezena de mu-
nicípios fluminenses, alguns hospitais estaduais, algumas regiões de saúde, hospitais fede-
rais sediados no Estado do Rio de Janeiro e órgãos da SES/RJ. As ênfases abrangem: 
• estratégias pedagógicas, tais como: residências multiprofissionais, cursos, mos-
tras, fóruns, grupos de trabalho, programas de educação pelo trabalho, criação de 
Núcleos de Educação Permanente em Saúde e montagem de redes intersetoriais;
• enfoques do trabalho, tais como: humanização, segurança do paciente, interprofis-
sionalidade, relações trabalhador-usuário, metodologias ativas em práticas peda-
gógicas, acesso e avaliação, trabalho em equipe e protocolo de enfermagem;
• núcleos da ação profissional, tais como: manejo oncológico, farmácia viva, higie-
ne e biossegurança, arboviroses, vigilância em saúde, saúde bucal, hematologia e 
terapia transfusional, saúde mental, doenças prevalentes na infância, violências, 
hanseníase e população imigrante e refugiada;
• bases de acomodação de equipes, tais como: consultório de/na rua, núcleo de 
apoio à saúde da família/atenção básica, unidade básicas de saúde, serviço resi-
dencial terapêutico, hospitais de referência especializada e instâncias de gestão 
técnica ou política.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
16
O livro traz evidências de uma política de educação e formação no setor da saúde que dialo-
ga com realidades e envolve os trabalhadores em práticas de discussão e trocas interativas, 
se abre à construção de caminhos vivos e inovadores, constrói possibilidades de qualificação 
do encontro com a população e maior conforto ou satisfação dos trabalhadores com o tra-
balho. O nome que escolhi para o título desse prefácio foi o título que me foi oferecido à apre-
sentação de uma comunicação na abertura da I Mostra Estadual de Educação Permanente 
em Saúde, momento em que comentei de minha satisfação com a síntese “A Educação em 
Ato na Saúde ou o fazer da Educação Permanente em Saúde”, pois o fazer da Educação Per-
manente em Saúde é a educação em ato na saúde, o andar educativo do trabalho no setor 
da saúde. Recentemente, junto ao um Colóquio Internacional de Educação Popular em Saú-
de, realizado na Universidade Federal da Fronteira Sul, me manifestei quanto à necessidade 
de defender a manutenção dos conceitos, modalidades, práticas e princípios pedagógicos 
da educação permanente em saúde no ensino de graduação e no ensino das residências em 
saúde, na integração ensino-serviço-comunidade, nas interações universidade-sociedade, 
nas interações acadêmicas com as redes de saúde, social e de educação e mobilização so-
cial, mas a Educação Permanente em Saúde é o processo gerador de pensamentos e cultu-
ras da ação no setor sanitário, acontecendo no dia a dia do trabalho, como parte da gestão 
do trabalho e das relações e processos do trabalho.
A Educação Permanente em Saúde, no caso brasileiro, é como o nome de nosso sistema de 
saúde. Assim como nosso sistema de saúde tem nome, pois não dizemos apenas sistema 
sanitário brasileiro ou sistema nacional de saúde, dizemos Sistema Único de Saúde, também 
não dizemos políticas e práticas de educação na saúde ou política nacional de educação e 
desenvolvimento para o setor da saúde, dizemos Educação Permanente em Saúde, ou seja 
a educação na saúde, no interior do SUS, tem nome (CECCIM, 2019). Um dado particular à 
Educação Permanente em Saúde é a sua identificação com os processos de condução do 
cotidiano da formação, da gestão, da atenção e da participação, a que dei o nome de Quadri-
látero da Formação e que funciona como um dispositivo de gestão e avaliação das práticas 
educativas (CECCIM, 2005; ALENCAR, 2018). Para saber o quanto se aproxima e o quanto 
se afasta uma prática educativa da Educação Permanente em Saúde pode-se perguntar: o 
quanto a prática formativa proposta considera da inserção com a gestão e reconhece que o 
sucesso de um trabalho não é exclusividade da ação individual ou coletiva de cada traba-
lhador, mas, também, resultante de processos de gestão, muitas vezes em desacordo com 
as melhores condições de trabalho; o quanto a prática formativa proposta considera dos 
modelos clínicos ou tecnoassistenciais e sua necessidade mudança para a atenção integral, 
humanizada e participativa, o quanto desafia de protocolos preconcebidos e corporativo-
-centrados; o quanto a prática formativa proposta considera do envolvimento da população, 
movimentos sociais e de luta por direitos para construir processos de trabalho e cuidado 
aliados das lutas por saúde na sociedade; e, por fim, o quanto inova em modelos de ensino e 
compreensão da aprendizagem como processo social, interacionista, não só cognitivo, mas 
afetivo ou sob uma formação da cognição como processo de estranhamento e defasagem 
dos saberesprévios para práticas ativas de pensamento.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
17
Também participei da formulação de um outro conceito: “Educo(trans)formação: ensino, 
mutação e aprendizagem como componentes imateriais do trabalho, o caso da gestão local 
em saúde”, presente na tese de doutorado de Liliane Maria dos Santos. Localizamos o pano 
de fundo educacional nas transformações operadas na realidade, especialmente na emer-
gência de coletivos, práticas de conversa e acordos por aprendizado vivo em ato. A Educação 
Permanente em Saúde vem como processo pedagógico: componente imaterial do trabalho 
e da gestão institucional do trabalho. É educação permanente em saúde ou ocorre a educo(-
trans)formação quando há arranjos participativos, comunicativos, de conversação, de nego-
ciação e de pactuação coletiva permanente; quando o gestor quer ensinar (gerar processos 
de interação e troca, não apenas comandar ou gerenciar) e aprender (acolher ativamente a 
participação e seus efeitos de problematização), pois promove a emergência de ambientes 
de amizade e simpatia (processos de crítica e emergentes em ato de práticas colaborativas). 
No processo coletivo, não apenas o de gestão, a Educação Permanente em Saúde propõe 
“ensino, aprendizagem e mutação”, construindo-se o conceito de Educo(trans)formação, ou 
seja, na condução e exercício do trabalho está presente um processo pedagógico institucio-
nal que desmonta (e remonta com novas conexões), tanto a instituição vigente como uma 
instituição por vir (que acontecerá ou não, importando apenas que crítica, problematização 
e cooperação instaurem processos em movimento). É a remontagem com conexões inéditas 
da instituição desmontada que traz “mutação”, uma “educo(trans)formação”. Não se trata 
de “educação em serviço”, cursos ou programas educativos inseridos nas jornadas de traba-
lho, trata-se de processos de pedagogia institucional onde ocorrem a construção de saberes 
e a conexão de fazeres, a abertura de instâncias de troca e o desenvolvimento de relações 
criativas em ato.
Uma última observação e recomendação se referem ao importante tema da rede SUS-esco-
la (CECCIM et al, 2018; CECCIM; AMARAL, 2018). Em nosso movimento em defesa do SUS 
temos afirmado a necessidade de escapar do desenho hospital-escola para pensar a rede 
SUS-escola; dos hospitais universitários aos serviços públicos que integram o Sistema Único 
de Saúde como campo de prática para o ensino e a pesquisa; da assistência médica para 
o trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar em todos os âmbitos da atenção; 
do diagnóstico e tratamento de doenças à proteção da saúde e qualidade de vida (CECCIM, 
2004). Durante o IV Fórum de Diálogos e Práticas Interprofissionais em Saúde, ouvimos: “de 
sonho-Ação o SUS é feito” (UERN, 2019). Podemos afirmar: de educação permanente em 
saúde o SUS se faz/refaz, no cotidiano onde devém audaz/vivaz, para mudar as práticas e 
alcançar o que não é fugaz. Ao longo das páginas desse livro, não estão as propostas mais 
certas ou mais perfeitas, mas anúncios de quem está no sonho-Ação e que faz, com seus 
conhecimentos atuais, potências de diferença, não se perturba em buscar mais ou, porque 
se perturba, busca mais.
A Mostra ganhou uma chamada em movimento: havia um círculo de múltiplas voltas, uma 
linha circular de leitura da esquerda para a direita, embora, pelo círculo, as palavras pudes-
sem ficar de cabeça para baixo. Também havia um aviãozinho de papel que carreava todas 
aquelas palavras-frase em voo da direita para a esquerda. A imagem era plena de sentidos 
e produtora de sentidos, era uma imagem fixa, mas de movimento, eram círculos que gira-
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
18
vam, rodavam, cirandavam, passeavam, brincavam: da educação permanente em saúde ao 
profissional... do profissional às experiências... das experiências às práticas... das práticas às 
reflexões... das reflexões às críticas construtivas... das críticas construtivas à atenção no tra-
balho... da atenção no trabalho à saúde, ou seja: da saúde à atenção no trabalho... da aten-
ção no trabalho às críticas construtivas... das críticas construtivas às reflexões... das reflexões 
às práticas... das práticas às experiências... das experiências ao profissional... do profissional 
à educação permanente em saúde.
Após o contato com todo este material, entendo necessário que se abra uma agenda de es-
tudos-em-serviço associada ao desenvolvimento metodológico e à extensão inovadora de 
modo que se aprofunde uma análise sobre a produção e se trace caminhos de apoio geren-
cial. Com a análise sobre a produção se pode alcançar um observatório das ações de edu-
cação permanente em saúde no estado, mantendo conhecimento sobre o que o estado vem 
gerando, abrindo comunidades de prática e gerando aprendizado sobre o realizado.
Quanto aos caminhos de apoio gerencial, se obterá um banco de informações, se desperta-
rá para o apoio gerencial em educação na saúde e se poderá desenvolver a inovação numa 
área ainda frágil de gestão. Poderão ser gerados, por um lado, recursos de monitoramento, 
por outros recursos de formulação de novas práticas. Os maiores beneficiários, sem dúvida, 
serão a CIES Estadual e as CIES regionais, portanto, a gestão do SUS e os parceiros interins-
titucionais do SUS. A agenda de estudos poderá examinar a realidade, gerar conhecimentos 
e práticas, convocando para uma segunda Mostra e livro de experiências maduras. Lançado 
o desafio, recomendo a leitura deste oportuno e interessante livro. Desejo aos autores a con-
tinuidade e que este livro represente fermento no seu cotidiano de SUS e EPS. Boa leitura a 
todos e todas!
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Referências Bibliográficas
ALENCAR, H.H.R. Quadrilátero. In: CECCIM, R.B.; DALLEGRAVE, D.; AMORIM, A.S.L.; PORTES, 
V.; AMARAL, B.P. (Org.). EnSiQlopedia das residências em saúde [recurso eletrônico]. Porto 
Alegre: Rede UNIDA. 2018; p. 224-225.
CECCIM, R.B. Emergência de um “campo de ação estratégica”: ordenamento da formação e 
educação permanente em saúde. SANARE (Sobral), v. 18, n. 1, p. 68-80, 2019.
CECCIM, R.B. Equipe de saúde: a perspectiva Entre-disciplinar na produção dos atos tera-
pêuticos. In: PINHEIRO, R., MATTOS, R.A. (Org.). Cuidado: as fronteiras da integralidade. Rio 
de Janeiro: Hucitec. 2004; p. 259-278.
CECCIM, R.B. Onde se lê recursos humanos da saúde, leia-se coletivos organizados de produ-
ção da saúde: desafios para a educação. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R.A. (Org.). Construção 
social da demanda: direito à saúde, trabalho em equipe, participação e espaços públicos. 2. ed. 
Rio de Janeiro: Abrasco. 2005, p. 161-181.
CECCIM, R.B.; AMARAL, B.P. Historicidade. In: CECCIM, R.B.; DALLEGRAVE, D.; AMORIM, 
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CECCIM, R.B.; MENESES, L.B.A; SOARES, V.L.; PEREIRA, A.J.; MENESES, J.R.; ROCHA, R.C.S.; 
ALVARENGA, J.P.O. (Org.). Formação de formadores para residências em saúde: corpo docen-
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SANTOS, L.M.; CECCIM, R.B. Educação do/no trabalho no caso da saúde: micropolítica e o 
componente imaterial da “educo(trans)formação”. In: FERNANDES, R.M.C. (Org.). Educação 
no/do trabalho no âmbito das políticas sociais [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Editora da 
UFRGS/CEGOV. 2019, p. 119-136.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN). Fórum Nacional de Diá-
logos e Práticas Interprofissionais em Saúde será realizado em fevereiro. Re-existências em 
saúde… de sonho-Ação o SUS é feito! Disponível em: https://portal.uern.br/blog/forum-na-
cional-de-dialogos-e-praticas-interprofissionais-em-saude-sera-realizado-em-fevereiro/ 
Acesso em: 03 fev. 2020.
https://portal.uern.br/blog/forum-nacional-de-dialogos-e-praticas-interprofissionais-em-saude-sera-realizado-em-fevereiro/https://portal.uern.br/blog/forum-nacional-de-dialogos-e-praticas-interprofissionais-em-saude-sera-realizado-em-fevereiro/
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Apresentação
A Superintendência de Educação Permanente da Secretaria de Estado de Saúde do Estado 
do Rio de Janeiro (SUPES/SES/RJ) vem potencializando o seu papel condutor do processo 
educacional em saúde no estado nos últimos anos. Nesta vertente, a superintendência pro-
move espaços de debate sobre a Educação Permanente em Saúde (EPS) - não só na pers-
pectiva teórica – mas, principalmente, no que tange à implementação da política no âmbito 
do Estado Rio de Janeiro. 
 Diante de tal compromisso, foi realizada a I Mostra Estadual de Educação Permanente em 
Saúde, em outubro de 2019, com o objetivo central de compartilhar experiências, dar visibili-
dade às ações de educação em diversos cenários e enaltecer as práticas exitosas de EPS que 
permeiam o cotidiano do SUS estadual.
Para identificar e selecionar os trabalhos exitosas de EPS foi publicada uma chamada pú-
blica, em Diário Oficial do Estado - Edital de Chamada Pública de Experiências Exitosas em 
Educação Permanente em Saúde do Estado do Rio de Janeiro – na qual foram apresentadas 
as diretrizes para a submissão de trabalhos e a convocação de estudantes, profissionais e 
gestores da SES-RJ, municípios e de instituições formadoras de todo o estado fluminense 
para a apresentação de narrativas pertinentes ao tema da I Mostra Estadual de Educação 
Permanente em Saúde.
As experiências submetidas ao Edital deveriam estar em curso ou terem sido finalizadas em 
no máximo 05 (cinco) anos e terem sido realizadas no âmbito do estado; além de estarem 
comprometidas com a qualificação e ressignificação das práticas em saúde e com a reflexão 
crítica dos processos de trabalho, baseando-se para tal nos conceitos da educação proble-
matizadora (concebida como instrumento de mudança da realidade), da aprendizagem-sig-
nificativa e vinculada a eixos temáticos estabelecidos no Edital. 
O Edital foi subdividido em eixos temáticos, abrangendo os conteúdos nos seguintes temas: 
Ensino-Serviço - com vistas a identificar experiências que demonstrassem a potência da ar-
ticulação entre as instituições de ensino e os serviços de saúde como espaços de aprendiza-
gem nas experiências de formação profissional. Gestão - relacionar a experiência de gestão/
gerenciamento de serviços de saúde; organização do trabalho em saúde; processo de tra-
balho em saúde; dimensões ético-políticas das relações de trabalho; EPS como ferramenta 
de gestão e outros temas relevantes que articulem gestão com a EPS. Práticas Educativas 
Problematizadoras - experiências relacionadas à qualificação profissional, Seminários, En-
contros, Mostras e outros eventos que promovessem o debate sobre a EPS ou ainda, ex-
periências que contemplassem apoio técnico a ações no campo da saúde, reflexão crítica 
sobre os processos de trabalho e valorização de espaços nos quais membros de duas ou 
mais profissões aprendam juntos de forma interativa, com propósito explícito de avançar na 
perspectiva da qualidade da atenção a saúde.
Nesta perspectiva, tal publicação abarcará uma coletânea de 44 narrativas livres selecio-
nadas, fruto das vivências e experiências de EPS desenvolvidas no estado do Rio de Janeiro, 
por seus autores, com o objetivo de compartilhar e promover o conhecimento das ações 
educacionais desenvolvidas e fomentar o debate acerca dos processos reflexivos no campo 
da saúde. 
Na primeira parte, constam 10 experiências do eixo ensino-serviço; na sequência, estão 17 
experiências do eixo gestão; e no fechamento, 16 experiências relacionadas ao eixo Práticas 
Educativas e Problematizadoras. 
Vale ressaltar, ainda, que todo o processo de planejamento e organização da I Mostra de EPS, 
como também desta edição, foi fruto de um trabalho intenso da equipe da Superintendência 
de Educação Permanente da SES-RJ, desenvolvido com grande entusiasmo por se tratar, 
essencialmente, de um processo de construção coletiva. 
Nesta direção, a I Mostra Estadual de Educação Permanente em Saúde permitiu alcançamos 
alguns dos principais objetivos que perseguimos cotidianamente no nosso trabalho - colocar 
em pauta a importância da EPS como uma politica estratégica do Sistema Único de Saúde, 
como também destacá-la como ferramenta para reflexão crítica sobre os processos de tra-
balho, mudanças nas práticas e melhoria da qualidade do cuidado prestado. 
Desejamos a todos uma boa leitura!
Carina Pacheco Teixeira
Superintendente de Educação Permanente da SES
CAPÍTULO I
EIXO: 
ENSINO-SERVIÇO
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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A Humanização e Qualidade e Segurança como Estratégia da 
Produção de Serviços em Saúde no Município de Belford Roxo
Autores: João Batista Marques da Silva, Fabiano de 
Oliveira, Marcia Cristina Tenório Freire, Marta Regina 
Gonçalves Tenório
Introdução
O tema do projeto “Ações para a Humanização e Qualidade e Segurança do Paciente nas 
Unidades de Saúde” foi desenvolvido por profissionais de saúde da Secretaria de Saúde de 
Belford Roxo. A escolha do presente trabalho - sobre a importância de fortalecer o Eixo Hu-
manização e Qualidade e Segurança dos Pacientes - surgiu ao longo das discussões entre a 
Equipe do Departamento do Trabalhador e Educação em Saúde e os profissionais de enfer-
magem das unidades. 
Em 2013, no Brasil, foi criado o Programa Nacional de Segurança do Paciente por meio da 
portaria MS/GM nº529, tendo como foco principal a qualificação do cuidado em saúde em 
todas as instituições de saúde brasileiras (OMS 2013).
 Em 2017, os componentes do Departamento participaram de um Curso de Especialização 
com o seguinte objetivo: a construção de um projeto de intervenção no município. Tal curso 
utilizou as metodologias ativas, por meio da problematização, priorização do problema, re-
flexão crítica sobre o trabalho em saúde, levantamento de hipóteses e plano de ações para 
sua intervenção.
 Durante o curso, ocorreu um encontro com profissionais na Unidade de Saúde Policlínica 
Parque São José com o objetivo de analisar o cenário e o cotidiano de trabalho e formular 
temas de necessidade de aprimoramento. 
Segundo Matus (1993), um problema é “um obstáculo que numa situação concreta situa-
-se entre a realidade atual e aspirações, de um ator que participa do jogo social, com carga 
particular de ideologias, valores e conhecimentos”. Desse ponto de vista, problema é uma 
situação negativa ou inadequada que se quer resolver.
Matus (1993) entende que “macroproblemas sintetizam todos os problemas relevantes para 
um ator numa situação concreta”. Observou-se que as principais questões apontadas foram 
erros comuns durante o atendimento ao paciente como, por exemplo, erros na aplicação das 
vacinas, quedas dentro da unidade, processos de trabalho não padronizados, dificuldade na 
abordagem e orientação à população, falta de conhecimento das condições crônicas preva-
lentes dos usuários, ausência de espaços de educação permanente, dificuldade de liberação 
para capacitações externas, entre outras. 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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A fim de suprir as necessidades apontadas, iniciou-se uma estratégia da Educação Perma-
nente, em 2018, para a transformação do processo de trabalho por meio de ações desenvol-
vidas com rodas de conversa com profissionais da unidade.
Naquele ano, foi realizada uma Capacitação sobre Humanização, com a participação de gru-
pos de profissionais das unidades de saúde, que apontaram como problema: pouco conhe-
cimento sobre a temática e sobre a Educação Permanente. 
Segundo Rios (2009), o termo Humanização se encontra com o Humanismo quando coloca 
no centro de seu campo de investigação,compreensão e intervenção, o homem e sua na-
tureza humana; enquanto tornar humano, significa admitir todas as dimensões humanas – 
históricas, sociais, artísticas, subjetivas, sagradas ou nefastas – e possibilitar escolhas cons-
cientes e responsáveis.
 Do mesmo modo, Minayo (2004) analisou que esse sujeito não é apenas o profissional com 
boa vontade e delicado no trato com os pacientes, ou que cria um ambiente favorável, mas 
que, principalmente, reconhece a humanidade do outro, que por sua vez pensa, interage, tem 
lógica e expressa a sua intencionalidade. 
A Equipe da Educação Permanente em Saúde e os colaboradores iniciaram uma discussão 
sobre a importância de sensibilizar todos os atores sobre a importância da Humanização e 
Qualidade e Segurança na Atenção Básica, visto que, a maioria dos projetos desta temática 
é direcionada para a rede de urgência e emergência. 
Desta forma, também é fortalecida a temática da Educação Permanente em Saúde, cada 
um contribuindo de forma singular e agregando saberes através de suas vivências e práticas 
no campo de trabalho.
Lopes et al. (2007) destacam, como um dos objetivos da educação permanente dentro de 
uma organização, proporcionar a participação de vários atores sociais nesse processo.
Assim sendo, pensamos este Projeto de Intervenção como caminho para a unificação dos sa-
beres relativos às diretrizes da portaria sobre Humanização e Qualidade e Segurança. A Educa-
ção Permanente em Saúde possibilita o desenvolvimento dos profissionais e das instituições, 
e reforça a relação das ações de formação. Motta e Ribeiro (2005), citando Rovere (1994), 
definem a educação permanente em saúde como sendo a educação no trabalho, pelo traba-
lho e para o trabalho nos diferentes serviços, cuja finalidade é melhorar a saúde da população.
Objetivo Geral
• Fomentar espaços de Educação Permanente em serviço nas Unidades de Saúde.
Objetivos Específicos
• Proporcionar vivência de um processo de Educação Permanente em Saúde, de 
modo a transformar as práticas. 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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• Aperfeiçoar os processos de trabalho nas Unidades de Saúde. 
• Sensibilizar os Gestores sobre a Importância da Educação Permanente em Saúde 
de forma integral e contínua. 
• Apoiar as equipes na construção de conhecimentos e articulação dos saberes.
Metodologia / Estratégias 
Trata-se de um projeto com base em aprendizagem significativa e na possibilidade de trans-
formar práticas profissionais, visando o desenvolvimento por meio de: atividades de cons-
trução coletiva, rodas de conversas, vídeos, uso de tarjetas, chuva de ideias, simulação, cine 
viagem e estudos de situações-problema.
Os encontros são abertos com os seguintes atores: Diretor e Profissionais da Unidade de 
Saúde, Coordenadores de Áreas Técnicas, Administrativos e Serviços Gerais. Os encontros 
iniciam com dinâmica de apresentação e finalizam com a avaliação de cada profissional pre-
sente. Após a roda de conversa, abre-se espaço para perguntas e sugestões para melhorar o 
atendimento. O projeto está em andamento nas Policlínicas de Saúde do Município de Bel-
ford Roxo. São 16 encontros na primeira etapa, com 02 encontros em cada unidade, ficando 
a segunda etapa no primeiro semestre de 2020, nas unidades que não foram contempladas. 
Resultados Esperados 
Observou-se a necessidade da manutenção do espaço de Educação Permanente nas Uni-
dades de Saúde. Espera-se a redução de erros evitáveis durante o Processo de Trabalho em 
médio prazo. Almeja-se a ampliação das ações de Educação Permanente em Saúde. Sensi-
bilização dos Gestores e Profissionais sobre a importância da Educação Permanente.
Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados
Avalia-se através dos seguintes instrumentos: Pesquisa de satisfação, Pré-teste para ser 
aplicado com os atores envolvidos no Projeto e Pós-teste aplicado após o término do encon-
tro. No final de cada encontro é realizado um relatório descritivo pela equipe da educação 
permanente e colaboradores. Nos próximos encontros são comparados os relatórios a fim de 
observar intervenções realizadas e mudanças no processo de trabalho na Unidade.
Recursos
• Recursos Humanos: a Equipe de EPS e colaboradores (Planejamento, Atenção Bá-
sica, Ouvidoria).
• Recursos Materiais: cadeiras soltas e multimídia (Datashow), agenda, caneta / lá-
pis / papel, blocos, filipetas com perguntas sobre o tema. 
• Recursos Físicos: espaço/ sala para os encontros.
• Recursos Financeiros: coffee break.
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O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Referências Bibliográficas
LOPES, Sara Regina Souto et al. Potencialidades da educação permanente para a transfor-
mação das práticas de saúde. Comunicação em Ciências da Saúde, Brasília, v. 2, n. 18, p. 147-
155, abr. 2007.
MATUS C. Política, planejamento e governo, tomo I e II. Brasília: IPEA,1993. 
MINAYO, M. C. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª ed. São Paulo: 
Hucitec, 2004. (Saúde em Debate).
MOTTA, J.I.J, Ribeiro, Eliana C.O Educação Permanente como estratégia na reorganização 
dos serviços de saúde. Março de 2005. Disponível em : www.redeunida.org.br
RIOS, Izabel Cristina. Caminhos da humanização na saúde: prática e reflexão -- São Pau-
lo: Áurea Editora, 2009. Disponível em: http://www.hcnet.usp.br/humaniza/ pdf/livro/livro_
dra_izabel_rios_caminhos_da_humanizacao_saude.pdf. Acesso em: 12 Out. 2015.
PNEPS/Ministério da Saúde. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Grupos de Reflexão com a Residência Multiprofissional do 
Instituto Nacional de Câncer
Autores: Maria Liana Gesteira Fonseca, Fernando Lopes 
Tavares de Lima, Rosilene de Lima Pinheiro
Introdução
A Educação Permanente em Saúde é uma estratégia que tem como foco a formação e o 
desenvolvimento de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde, por meio de estratégias 
pedagógicas que relacionam ensino, serviço, docência e saúde, sobre os alicerces da apren-
dizagem significativa (FRANÇA, 2017).
A experiência da residência multiprofissional na área de oncologia para egressos de cursos 
da área da saúde envolve complexas questões no tocante à saúde mental de jovens profis-
sionais. A entrada no campo da prática levanta questões, na medida em que suscita o con-
vívio intenso com o adoecimento, o sofrimento e a morte, para o qual seus saberes prévios 
não os preparam.
Desde o ano de 2015, a residência multiprofissional do Instituto Nacional de Câncer José 
Alencar Gomes da Silva oferece um espaço específico para que estes jovens profissionais, 
que vivem seus campos de prática, possam trocar experiências de sofrimento e dificuldades 
de forma segura e em grupo reflexivo, coordenado por uma profissional de psicologia, com 
formação em abordagens em grupo. 
Objetivo Geral
Criar um espaço de acolhimento horizontal que seja possível dialogar com liberdade e segu-
rança a respeito das dificuldades apresentadas no campo de prática, tais como contato com 
sofrimento, adoecimento, morte, relações profissionais, e dificuldades relacionais. 
Objetivos específicos
Criar um espaço dialógico e horizontal para problematizar a relação com o campo de prática: 
no grupo é possível, por meio de um acordo de convivência e de uma ambientação adequada 
do diálogo, construir um espaço seguro para problematizar as experiências vividas no campo 
de prática com pacientes, familiares e questões organizacionais. 
Fortalecer a rede de apoio social entre os residentes: por meio da construção de um senti-
mento de grupalidade - que se dá ao longo dos encontros - é possível propiciar o fortaleci-
mento dos vínculos entre os próprios residentes. 
Os encontros tendem a estreitar as relações, na medida em que, ao longo desses, os residen-
tes passam a conhecera história um dos outros, assim como as qualidades, as potenciali-
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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dades e as necessidades de apoio de cada membro do grupo e quando tecem narrativas a 
respeito da prática, das relações com o fazer do trabalho, com a residência, com tudo que a 
compõe e com as histórias singulares de cada um.
Metodologias / Estratégias
Para construção do grupo, utilizamos a metodologia dos grupos reflexivos (BOJER, 2010). No 
início de cada nova turma, os residentes são convidados a construir juntos, coordenados pela 
facilitadora do grupo, um acordo de convivência. Na construção desse acordo, a facilitadora, 
apoia o grupo a dialogar a respeito de que regras ou nortes éticos podem fazer com que os 
encontros do grupo configurem espaços seguros de fala. 
É feito, também, um levantamento das demandas dos membros do grupo, com a pergunta 
“o que os traz aqui?”, em que é possível mapear o que desejam tratar. A partir desse diálogo 
e do levantamento dos temas que gostariam de tratar, a facilitadora pode montar exercícios 
reflexivos, por meio de vídeos, trechos de literatura ou simplesmente perguntas norteadoras. 
O elemento que ambienta o diálogo é o acordo de convivência e a condução orientada de 
quem facilita, convidando o grupo sempre a tecer narrativas, que partam da experiência na 
primeira pessoa do singular para que possam trocar experiências, não somente a partir de si-
tuações de sofrimento, mas também a partir dos caminhos de enfrentamento do sofrimento 
que cada um construiu (BOJER, 2010). 
Estratégias Institucionais
Antes de cada ano letivo fazemos uma agenda do grupo, com uma média de dez encontros a 
cada semestre, com frequência quinzenal. A carga horária destinada ao grupo é previamente 
acordada na Comissão de Residência Multiprofissional do INCA. Todos os representantes de 
categoria profissional recebem a agenda do grupo previamente. A inscrição é livre, e, uma vez 
inscrito no grupo, o residente se compromete a comparecer aos encontros agendados. 
Resultados esperados
Nesse processo coletivo e reflexivo, fundamentado nas diretrizes da educação permanente 
em saúde, os residentes têm construído saberes no âmbito relacional. O grupo de reflexão, 
organizado de forma horizontal, participativa e centrado na problematização dos processos 
de ensino e aprendizagem, tem resultado em aprendizagem crítica e criativa, desenvolvendo 
a capacidade do aluno para identificar e resolver problemas do cotidiano do mundo do tra-
balho. 
Além disso, a partir da oferta do espaço seguro de fala para diálogo e problematização das 
intensas vivências experimentadas no campo de prática, observou-se o fortalecimento da 
rede de apoio social entre os residentes, reposicionando as experiências de sofrimento, tor-
nando as experiências da prática menos dolorosas e mais compartilhadas, capacitando-os, 
assim, para atuar de forma mais reflexiva.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Formas de Avaliação dos Resultados Alcançados
Ao final de cada semestre é feita uma roda de conversa com a turma de residência, visando 
avaliar os modos de funcionamento do grupo, suas limitações e formas de aprimoramen-
to. Apesar de esse modelo ter trazido importantes questões, reconhecemos que precisamos 
construir de um instrumento mais formal e estruturado para avaliação da experiência.
Recursos
Uma sala em que seja possível colocar as cadeiras em formato circular, para que todos se 
vejam. Papel e caneta quando fazemos exercícios reflexivos escritos. Data Show e internet 
quando passamos vídeos, profissional qualificado em metodologias de grupo. 
Referências Bibliográficas
BOJER, MM. et al. Mapeamento Diálogos: Ferramentas essenciais para mudança social. Rio 
de Janeiro: Instituto Noos, 2010.
FRANÇA T. et al. Política de Educação Permanente em Saúde no Brasil: a contribuição das 
Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço. Ciência e Saúde Coletiva, v.22, n.6, 
p.1817-1828, 2017.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Curso Manejo Odontológico do paciente com Câncer
Autores: Cesar Luiz Silva Junior, Cristina Tavares dos San-
tos, Héliton Spindola Antunes, Mara Cristina Demier Freire 
Ribeiro, Regina Aparecida Varoto, Renata Costa Jorge
Introdução
O câncer é uma doença tempo-dependente e a organização da rede de atenção à saúde 
deve garantir a maior celeridade possível no fluxo do paciente, pelos diversos níveis de aten-
ção. Sabe-se que a maioria dos casos de câncer de boca diagnosticados e encaminhados 
para tratamento já se encontram em estadiamento avançado, o que compromete o diagnós-
tico, bem como, afeta a qualidade de vida do paciente e aumenta os custos para o sistema 
de saúde. 
Conforme diretrizes das políticas de saúde, as equipes de Atenção Primária à Saúde (APS) 
são estrategicamente importantes para o diagnóstico precoce de vários tipos de câncer, den-
tre eles o câncer de boca (BRASIL, 2018). Porém, é consenso que muitos desses profissionais 
precisam de qualificação para suspeição de alterações nos tecidos e/ou demais estruturas 
da cavidade oral, oportunizando o diagnóstico precoce, assim como para o acompanhamen-
to odontológico de pacientes com câncer. 
Nesta perspectiva, a Educação Permanente em Saúde possibilita construir espaços coletivos 
para a reflexão e avaliação de sentido dos atos produzidos no cotidiano, desde a atualização 
das práticas segundo os mais recentes aportes disponíveis, até a construção de relações e 
processos que vão do interior das equipes às práticas interinstitucionias e/ou intersetoriais 
(CECCIM, 2005).
Objetivo Geral
Expandir os conhecimentos do cirurgião-dentista da APS para que possa identificar altera-
ções nos tecidos e/ou demais estruturas da cavidade oral e integrar o cuidado ao paciente 
oncológico, respeitando-se os limites de sua atuação.
Objetivos Específicos
• Identificar os fatores de risco para o câncer de boca e as principais abordagens de 
enfrentamento pelo cirurgião-dentista; identificar as principais lesões que acome-
tem a cavidade oral e os diagnósticos diferenciais.
• Conhecer os principais tratamentos de lesões bucais mais prevalentes.
• Conhecer o fluxo de rede – desde a suspeição, perpassando o encaminhamento 
dos casos suspeitos para investigação diagnóstica até o tratamento da neoplasia. 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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• Sensibilizar sobre a importância da adequação do meio bucal para o tratamento 
oncológico; Reconhecer as diferentes abordagens para manejo das intercorrências 
orais causadas pelo câncer e seu tratamento.
• Reconhecer as diferentes abordagens para o preparo do tratamento do paciente 
com câncer.
Metodologia / Estratégias
O curso foi desenvolvido em duas etapas distintas: (1) modalidade a distância (EAD) utili-
zando a plataforma do Instituto Nacional de Câncer (INCA) – “Curso ABC do Câncer” – como 
pré-requisito para a segunda etapa; (2) modalidade presencial, composta por quatro encon-
tros ministrados por docentes do INCA, das Faculdades de Odontologia (UFRJ, UERJ, UFF e 
UNESA) e da Área Técnica de Saúde Bucal/SAPS/SGAIS/SES-RJ. 
No quarto encontro, conduzido pela Área Técnica de Saúde Bucal, os alunos são convidados 
a refletirem sobre a organização da rede de atenção ao câncer de boca em seus municípios. 
Por meio de um processo pedagógico coletivo, estruturado a partir das premissas da Edu-
cação Permanente, o curso busca contemplar desde a aquisição/atualização de conheci-
mentos e habilidades até a reflexão de parte dos problemas e desafios, em sintonia com os 
contextos e realidades das equipes. Em meio a um momento de identificação de nós críticos 
que devem ser enfrentados tanto na atenção e/ou na gestão, objetiva-se a construção de 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio deJaneiro
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estratégias contextualizadas que promovam o diálogo entre as políticas gerais e a singulari-
dade dos municípios, dos profissionais e dos usuários (BRASIL, 2018). 
Como atividade final, os profissionais apresentam a organização do fluxo na rede para o pa-
ciente com câncer de boca e uma proposta de plano de ação. Nesta apresentação, além das 
premissas já colocadas, são trabalhadas questões relacionadas: às ações de saúde bucal na 
APS realizada pelo município para detecção precoce, à utilização de fichas de referência e 
contrarreferência, ao(s) local (is) para realização da biópsia, aos processos de encaminha-
mento e de garantia de resultado do exame anatomopatológico, à regulação do paciente 
para o tratamento hospitalar, à adequação do meio bucal prévio ao tratamento oncológico, 
ao acompanhamento durante e pós-tratamento (cirurgia, quimio e radioterapia), à alta refe-
renciada da unidade hospitalar e aos cuidados paliativos. 
Foram ofertadas pelo INCA, por semestre, 40 vagas aos profissionais de saúde bucal da rede 
de atenção à saúde do estado do Rio de Janeiro, indicados pelos Coordenadores Municipais 
de Saúde Bucal, observando-se os seguintes critérios: (1) ser preferencialmente servidor pú-
blico; e (2) estar obrigatoriamente cadastrado no Sistema de Cadastro Nacional de Esta-
belecimentos de Saúde (CNES) como profissional de equipe de saúde bucal na Estratégia 
Saúde da Família (ESF). 
Em relação aos critérios para a seleção dos municípios e ao número de vagas, foram consi-
derados dados referentes ao cenário epidemiológico e ao quantitativo de equipes de saúde 
bucal em ESF, respectivamente. Para a seleção das turmas de 2017, foram selecionados mu-
nicípios com 10 (dez) ou mais óbitos de câncer de boca. Por sua vez, para as turmas de 2018, 
foram municípios com número inferior a 10 (dez) óbitos de câncer de boca. Para a primeira 
turma de 2019, foram considerados os 34 municípios que ainda não haviam inscrito profis-
sionais nas edições anteriores. Todos os critérios foram pactuados na Comissão Intergesto-
res Bipartite do Rio de Janeiro (CIB-RJ).
Resultados Esperados
O curso “Manejo Odontológico do paciente com Câncer” foi ofertado para os 92 municípios 
do Rio de Janeiro, sendo que 68 indicaram profissionais. A participação total foi de 159 alu-
nos, distribuídos nas 05 turmas (duas em 2017, duas em 2018 e uma em 2019). Além disso, 
como resultado importante, destaca-se que o curso passou a fazer parte da grade perma-
nente do INCA. 
O produto final esperado é a consolidação de um fluxo constituído para o manejo odonto-
lógico do paciente com câncer nos 92 municípios do estado, considerando: a diminuição do 
tempo entre a suspeição de lesões de boca e o diagnóstico; o conhecimento pelos profissio-
nais das referências para o exame histopatológico e para os procedimentos a nível hospita-
lar; e a sensibilização dos cirurgiões-dentistas da APS no trabalho integrado com os demais 
profissionais envolvidos no atendimento ao paciente oncológico. Além disso, espera-se tam-
bém a qualificação desses profissionais, na sua rotina diária, para o atendimento aos pacien-
tes em tratamento oncológico. 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados
Conforme discutido, no 4º encontro presencial os profissionais apresentam o fluxo constitu-
ído ou a constituir no seu município, refletindo um processo de mudança em curto prazo. E, 
em longo prazo, espera-se que nos 68 municípios – que tiveram profissionais participantes no 
curso – ocorra a redução dos casos diagnosticados em estágios avançados de câncer de boca. 
Com a finalidade de monitorar e apoiar as ações desenvolvidas nos municípios após o curso, 
um formulário intitulado “Aplicação dos conhecimentos do Curso Manejo Odontológico do 
Paciente com Câncer” foi enviado aos profissionais de municípios participantes, contando 
com questões relacionadas à: detecção precoce de câncer de boca na APS, registro de da-
dos no sistema de informação, realização de biópsias, utilização de fichas de referência e 
contrareferência, encaminhamento e tempo médio para entrega de resultados, regulação e 
acompanhamento durante e pós-tratamento. 
Recursos
Foram utilizados recursos relacionados à infraestrutura (plataforma para EAD e auditório 
para etapa presencial), articulação e pactuação com o INCA e as Disciplinas de Patologia 
Oral das Faculdades de Odontologia (UFRJ, UERJ, UFF e UNESA), com elaboração de mate-
rial didático.
Referências Bibliográficas
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sica. A saúde bucal no Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 350 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelecem 
diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS. Diário Oficial, 
Brasília, seção I, p. 88, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013. Institui a Política Nacio-
nal para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com 
Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial, Brasília, seção 
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CECCIM, R.B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface - 
Comunic, Saúde, Educ., v.9, n.16, p.161-77, 2005.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Informativo Detecção 
Precoce: monitoramento das ações de controle dos cânceres de lábio e cavidade oral. Bole-
tim ano 5, n.3, set./dez., 2014.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Informativo Detecção 
Precoce: monitoramento das ações de controle dos cânceres de lábio e cavidade oral. Bole-
tim ano 7, n.1, jan./abr., 2016.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
38
KUMAR, V. et al. Robbins e Cotran, patologia: bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010. 1480p. 
LITTLE, J. W. et al. Manejo odontológico do paciente clinicamente comprometido. 7. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2009. 688p.
MARCUCCI, G. Fundamentos de Odontologia: estomatologia. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2005. 264p.
NEVILLE, B. W.; DAMM, D. D.; ALLEN, C. M. Patologia oral e maxilofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2009. 992p.
REGEZI, J. A.; SCIUBBA, J. J.; JORDAN, R. C. Patologia Oral: correlações clinicopatológicas. 5. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 512 p.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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A Importância da Mostra SUS Petrópolis para Motivação e 
Divulgação dos Trabalhos das Equipes de Saúde do Município 
e a Integração com as Instituições de Ensino
Autoras: Maria Zenith Nunes Carvalho, Márcia Verônica 
Brandão S. C. Ferreira, Vanessa Maria Bull.
Introdução
A I Mostra SUS Petrópolis - criada para o compartilhamento das experiências exitosas que 
acontecem em toda a Rede de Atenção à Saúde - foi realizada em novembro de 2018 pela 
SMS de Petrópolis em parceria com Instituição de Ensino Superior FMP/FASE (IES). A pro-
moção da Mostra estava prevista no Plano Plurianual de Saúde (PPA) como uma das estra-
tégias a ser desenvolvidas pelo Núcleo de Educação em Saúde da SMS. 
Objetivo Geral
Criar espaço de divulgação, socialização e integração de trabalhos e seus trabalhadores, ges-
tores da SMS e IES e usuários, visando ao conhecimento e o fortalecimento do SUS Petrópolis. 
Objetivos Específicos
• Promover a Discussão sobre o SUS que temos e o SUS que queremos;
• Compartilhar o trabalho realizado pelas Equipes, tanto teóricos como práticos;
• Promover a Integração Ensino/Serviço;
• Apresentar trabalhos dos Usuários que estão inseridos nos territórios buscando o 
compartilhamento de ações nos mais diversos cenários, com vistas a garantir um 
espaço de troca e crescimento entre os participantes e convidados de outros mu-
nicípios.
Metodologia / EstratégiasA Mostra foi planejada por uma comissão de trabalhadores SMS e IES, no período de agosto 
a novembro e realizada em dezembro de 2018. Teve a duração de dois dias, num total de 18 
horas de apresentação de trabalhos, discussão de ideias e integração entre os diversos pro-
fissionais e alunos da IES e da SMS. 
Os trabalhos inscritos foram distribuídos em 03 eixos temáticos com a participação de espe-
cialistas convidados para enriquecer e atualizar as temáticas propostas. A Metodologia utili-
zada para apresentação dos Eixos Temáticos e Trabalhos Inscritos foi a exposição dialogada 
e a problematização. Sendo os temas de discussão dos Eixos: 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Participação e Educação Popular em Saúde - Esse tema trouxe para discussão e reflexão a 
importância da Educação Popular em Saúde como uma prática voltada para a promoção, 
prevenção e recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, va-
lorizando os saberes populares. Os trabalhos apresentados mostraram como as Equipes 
de Saúde estão vivenciando essa prática no encontro entre os trabalhadores de saúde e 
usuários nos territórios. 
Vigilância em Saúde - Esse eixo procurou trazer para discussão a integração das vigilâncias 
que hoje se distribui entre a epidemiológica, ambiental, sanitária e saúde do trabalhador que 
tem como objetivo a atenção e a promoção da saúde dos indivíduos e aos mecanismos ado-
tados para prevenção de doenças. Os trabalhos apresentados demonstraram como as Equi-
pes trabalham com os indicadores, planejamento, territorialização, epidemiologia, processo 
saúde-doença, condições de vida e situação de saúde das populações, para o planejamento 
do seu processo de trabalho nos territórios. 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Redes de Atenção à Saúde - Esse tema discutiu a importância da rede de atenção à saúde 
para o desenvolvimento e continuidade do cuidado a nível primário, secundário e terciário, 
tendo como porta de entrada a Atenção Primária à Saúde. Os trabalhos apresentados nesse 
eixo demonstrou como esta Rede está funcionando e como está se responsabilizando na 
atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo compartilhamento de obje-
tivos e compromissos com os resultados sanitários e econômicos do Município.
Os trabalhos foram apresentados através Exposição Oral, Mesa Redonda ou Roda de Con-
versa e os princípios da Educação Permanente foram utilizados nesse processo. Os recursos 
utilizados foram audiovisuais (slides e vídeos), fotografias, encenações artísticas e músicas.
Práticas do Cuidado – Foi criado um espaço dentro da Mostra para apresentação das ati-
vidades populares através rodas de conversa, atividades culturais, exposição de trabalhos, 
Práticas Integrativas Complementares (PICS) que foram ofertadas pelos profissionais que 
atuam nas Equipes de Saúde e Academias da Saúde de Petrópolis.
Junto à Mostra SUS, realizamos a IV Mostra de Trabalhos do Curso ED POP SUS Petrópolis 
que teve como parceiro a FIOCRUZ-Petrópolis. Esse Curso foi realizado por dois facilitadores 
do Município para os agentes comunitários de saúde, agentes de endemias e profissionais 
das ESF. Utilizaram esse espaço para exposição de banners, tenda do conto, trabalhos ma-
nuais realizados pelos alunos do Curso, grupo de expressões artísticas e usuários do SUS.
Resultados Esperados
Apresentação de experiências, que demonstraram a ética e comprometimento dos gestores 
e profissionais com os Usuários e o respeito dos trabalhadores com o SUS. 
Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados
A Mostra foi proposta com o objetivo de motivar os profissionais a divulgarem os trabalhos 
realizados em suas Unidades de Saúde e no território, fortalecer a parceria entre a IES e a 
SMS e os usuários. A comissão fez uma reunião de avaliação da Mostra onde foram avalia-
dos os pontos positivos e negativos do evento.
Entre os resultados positivos, destacam-se a participação dos gestores, convidados, profis-
sionais e usuários durante a Mostra. A troca de experiência entre especialistas convidados, 
gestores, equipes, IES e Usuários foi grande e estimulou a busca de novos modelos de ação 
no território e divulgou os trabalhos da rede para os particiantes da Mostra. Foi elaborada 
uma ficha para avaliação, onde foram descritos critérios para apresentação e avaliação 
dos trabalhos. 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Avaliação de participantes
A UBS Retiro agradece a Comissão pelo incentivo para 
se inscrever na mostra foi muito bom participar da 
mostra e levar um pouco da nossa alegria. 
Agente Comunitário de Saúde
 Nossa I mostra SUS de Petrópolis, em pauta os 30 anos do 
SUS, mostramos que o SUS está em alta, a participação dos 
servidores da saúde, meus amigos de SUS em Petrópolis de 
muitos anos, a participação do Prefeito, dos representantes da 
Secretaria de Saúde do Estado, os 134 trabalhos elaborados, 
reflete o comprometimento e o nosso compromisso com a Saúde 
da população do nosso município, parabéns a todos. 
Participante da I Mostra SUS
Ontem, tive a honra de participar da I Mostra SUS de Petrópolis”. Um 
evento lindo, onde tivemos oportunidade de ver o SUS lindo e vivo que 
ainda existe. Lindos trabalhos mostrando o trabalho maravilhoso da 
nossa rede. Sabemos que o SUS tem muuuuitas falhas, mas acredi-
tem, tem muuuuuuuuuuuuito mais coisas boas acontecendo! Muita 
coisa que mídia elitista faz questão de esconder, mostrando somente 
os erros, sem mostrar a todos o êxito! Acredite, o SUS funciona! Acre-
dite que vale a pena lutarmos por ele! Emocionante de ver os diversos 
setores comprovando que ainda vale a pena a luta! 134 trabalhos 
inscritos apresentados, Tenda Paulo Freire com Práticas Integrativas 
Complementares, Educação Popular, Teatro do Oprimido e etc, Mesas 
de Debates... muita coisa legal! 
Apoiadora da I Região
“Parabéns à comissão organizadora que trabalhaou muito 
pro evento acontecer! Parabéns tb a tds equipe participantes, 
em especial às minhas equipes queridas da I Região PSF 
Amazonas, PSF Santissima Trindade e PSF Alto Simeria que 
apresentaram seus trabalhos brilhantemente!”.
“ 
“ 
“ 
“ 
” 
” 
” 
” 
https://www.facebook.com/ubs.retiro.9?eid=ARApFuVd3togmb6mTMr3XUb_Ta8BO-m7TsxSL7KaGNGhs9n5EHFuHbUnvTGffQhswKKeim9Qn1lnBgkk
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Parabéns a todos que se dedicaram e àqueles que, apesar de 
todas as dificuldades, resistem e fazem o SUS acontecer. 
Profissional da AB.
Participar desta Mostra e ver tantas ofertas variadas de serviços 
construidas dentro da própria rede, com o olhar de acolhimento 
e inclusão, foi muito emociante. Senti-me muito honrada em 
fazer parte deste evento.
 Coordenadora das Academias da Saúde.
Foram apresentados 116 trabalhos e participaram da Mostra SUS Petrópolis 2018, no total, 
325 profissionais de saúdes e convidados. Pontos Negativos: O tempo de duaração da Mos-
tra SUS foi pouco em realação a quantidade de trabalhos apresentados. Não foi criado ins-
trumento para os participantes avaliarem a Mostra SUS.
Recursos
Para realização da Mostra contamos com a Parceria da FMF/FASE que nos cedeu o espaço 
físico e recursos audiovisiuais. Os Pôsteres foram confeccionados em parceria com Institui-
ções da SMS. 
Referências Bibliográficas
BRASIL, Ministério da Saúde, Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2009.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, Mostra Brasil aqui tem SUS. Catálogo de ex-
periências exitosas 2016. Brasília, DF: OPAS; 2018.
“ 
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Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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O PET-Saúde/ Interprofissionalidade no Consultório na Rua de 
Niterói (RJ): uma experiência com alunos da UFF
Autores:Alexandre Teixeira Trino; Elisabete D’Oliveira 
Paula Sousa; Gabriel Ferreira da Silva Carvalho; Márcio de 
Andrade Serrano; Maria Martins de Almeida
Introdução
O trabalho descreve a experiência do Consultório na Rua de Niterói/ RJ (CnaR) na precep-
toria de alunos de graduação na área da saúde da Universidade Federal Fluminense (UFF), 
através da estratégia PET-Saúde Interprofissionalidade. O Programa de Educação pelo Tra-
balho para a Saúde (PET-Saúde) tem como pressupostos a qualificação dos processos de 
integração ensino- serviço-comunidade de forma articulada entre o Sistema Único de Saúde 
(SUS) e as instituições de ensino promovendo a Educação Interprofissional e as Práticas Co-
laborativas em saúde.
A Educação Interprofissional (EIP) tem sido discutida como importante abordagem para a 
efetivação de mudanças das práticas profissionais, e, consequentemente, do modelo assis-
tencial. A EIP se mostra necessária, na realidade brasileira, na medida em que buscam qua-
lificar os alunos, profissionais, gestores e instituições para o trabalho colaborativo em saúde, 
fundamental para a integralidade do cuidado (ROSSIT et al, 2014).
O Consultório na Rua atende em todos os territórios com população em situação de rua no 
Município de Niterói, considerando suas diferentes demandas e necessidades, através de 
duas equipes e duas unidades móveis, que reúnem um médico, dois psicólogos, dois enfer-
meiros, dois técnicos de enfermagem, três assistentes sociais, dois agentes redutores de da-
nos e dois motoristas. 
A partir deste perfil, o CnaR foi selecionado para integrar a preceptoria do PET-Saúde da UFF 
e vem desenvolvendo estratégias pedagógicas de ensino/ serviço com três alunos de gradu-
ação, sendo um acadêmico de Medicina, um de Assistência Social e um de Educação Física.
Essa experiência procura valorizar a perspectiva do fazer e do saber em saúde, avançando 
na construção do conhecimento a partir da experiência e da prática, tendo no trabalho, em 
ato, um espaço privilegiado para o ensino-aprendizagem através da educação permanente. 
Assim, o mundo da rua e a potência própria que opera no espaço da sua micropolítica, é o 
locus privilegiado de atuação dos alunos e preceptores no cuidado integral junto à população 
em situação de rua.
A participação dos discentes do PET-Saúde tem como foco a aprendizagem por meio do 
trabalho. Nesse contexto, a Educação Permanente em Saúde faz-se diariamente através das 
relações entre os profissionais que atuam no CnaR, os usuários do serviço e os acadêmicos 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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da UFF à medida que cada ator traz questionamentos sobre a prática atual no SUS e sugere 
novas maneiras de se trabalhar.
A práxis do cuidado no âmbito multiprofissional e transdisciplinar com a população em si-
tuação de rua tem grande poder para gerar estranhamentos frente aos conhecimentos, 
perspectivas e vivências trazidas pelos estagiários, contribuindo para a inovação no traba-
lho realizado através da promoção de novas formas exercê-lo. As práticas vivenciadas pelos 
estudantes os aproximam da realidade do SUS, contribuindo para sua formação e familiari-
dade com futuros nichos de trabalho profissional.
Desta forma, o vínculo entre o PET-Saúde da UFF e o Consultório na Rua impulsiona os estu-
dantes e os preceptores que já atuam no SUS, a produzirem novos diálogos e reflexões que 
oportunizam incorporação e/ ou transformação de práticas visando o cuidado integral à saúde.
Objetivo Geral
Apresentar aos acadêmicos do PET-Saúde as estratégias de promoção do cuidado e prote-
ção social do Consultório na Rua a partir do conceito de Interprofissionalidade.
Objetivos Específicos
• Integrar os alunos nas ações do Consultório na Rua.
• Apresentar aos estagiários os processos de trabalho do Consultório na Rua pelo 
conceito de Interprofissionalidade.
• Demonstrar estratégias para integralidade do cuidado junto a pessoas em situação 
de rua.
Metodologia / Estratégias
A integração com nossa equipe passam por ambientação inicial com demonstração dos fun-
damentos do estágio em serviço e noções básicas dos processos de trabalho, através da 
mediação dos nossos três preceptores do PET-Saúde Interprofissionalidade – UFF: o coor-
denador do Consultório na Rua, o Médico e uma Assistente Social da equipe.
A preceptoria vem buscando reflexões sobre a Interprofissionalidade à luz dos desafios da 
formação das diversas categorias profissionais de saúde para o SUS. A construção do proje-
to pedagógico do estágio se dá em ato, através da compreensão do funcionamento do Con-
sultório na Rua relacionando-o à formação em serviço pelo conceito Interprofissional e de 
Educação Permanente.
Resultados Esperados
O estágio, já com seis meses de atividades e com duração prevista de dois anos, aprofunda 
com os alunos as diretrizes basilares que regem o CnaR como estratégia da atenção básica 
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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para acompanhamento da saúde integral da população em situação de rua e os desafios 
frente às suas demandas e necessidades. O contato dos alunos com a rua induz a observa-
ção de características e peculiaridades de cada território, bem como a frequência e especifi-
cidades desse público por território, utilizando-se o método cartográfico para o diagnóstico 
(GOLDSTEIN et al, 2013).
Procuramos dar ênfase aos princípios fundamentais dos processos de trabalho do CnaR, de-
monstrando a partir da inter e transdisciplinaridade protagonizada pela equipe, a importân-
cia de atender não somente as demandas, como também as necessidades dos usuários com 
vistas à integralidade do cuidado.
Também buscamos demonstrar aos discentes a importância de conhecer a história de vida 
dos usuários e suas singularidades através de discussão de casos e de projetos terapêuticos 
singulares, despertando a compreensão de práticas de cuidado que contemplem a amplia-
ção de ofertas em saúde que promovam a garantia de direitos e a proteção social destes 
usuários em alta vulnerabilidade social.
Forma de Avaliação do Processo e dos Resultados Alcançados
A avaliação ocorre por meio de relatórios semanais em formato de Portfólio, cujos alunos da 
UFF e preceptores do CnaR de Niterói formulam individualmente e enviam à coordenação 
PET-Saúde UFF. Os preceptores também têm acesso ao portfólio enviado pelos alunos, o 
que os possibilita avaliar a percepção e capacidade de apropriação dos conceitos de cuidado 
trabalhados semanalmente, bem como as impressões junto às práticas compartilhadas em 
conjunto com a equipe do CnaR por parte de cada estagiário.
Realizamos reuniões mensais com os preceptores, os alunos e a coordenação do PET-Saúde 
UFF, com reflexões acerca da prática do estágio, que vão de discussão de casos até aprofun-
damentos conceituais de promoção do cuidado e suas interfaces com o conceito de Inter-
profissionalidade. Em oficinas bimestrais com os acadêmicos, os preceptores da Fundação 
Municipal de Saúde de Niterói do PET UFF e os professores da UFF que coordenam o PET-
-Saúde, trabalharmos temas sinérgicos com a prática docente assistencial e avaliamos a 
participação e mobilização dos alunos nas atividades.
Recursos
Os utilizados já estão inseridos na dinâmica de trabalho do CnaR: insumos de saúde, um 
carro e recursos humanos do CnaR. Além disso, contemplam-se bolsas de estágio PET no 
valor de R$ 400,00 para os alunos e bolsa de preceptoria no valor de R$ 550,00 para os 
profissionais preceptores.
Experiências em Educação Pemanente em Saúde: 
O Fazer em Ato do Estado do Rio de Janeiro
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Referências Bibliográficas
BARR, H. Interprofessional education: the genesis of a global movement. London: Centre 
for Advancement of Interprofessional Education; 2015.
FURTADO, J. P. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a colaboração 
entre disciplinas e profissões. Interface, Botucatu, v. 11, n. 22, p. 239-255,

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