Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O aumento das cirurgias bariátricas e suas consequências. Comunidade/público alvo: pessoas que buscaram a bariátrica para emagrecer, mesmo sem ter um problema de saúde grave referente ao peso. 4.1 Observação da Realidade: O Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgias bariátricas. Hoje, um em cada cinco brasileiros já é considerado obeso. Diante da dificuldade que tanta gente tem para eliminar os muitos quilos a mais (inclusive por questões genéticas) e de todos os perigos que a obesidade traz à saúde, logo a cirurgia se projetou como uma boa saída. O padrão de alimentação muda tão drasticamente após o procedimento que a pessoa pode desenvolver mecanismos negativos para compensar os excessos de antes. Alguns passam a beliscar o dia todo, outros induzem vômitos e há quem fique até com medo de comer. Para rever o relacionamento com a comida, não adianta fazer uma única consulta com o nutricionista e pegar a dieta do pós-operatório. É preciso trabalhar junto com o paciente como ele organiza as refeições e etc. O apoio psicológico também faz diferença, ajudando a pessoa a saciar suas emoções não só com a comida e a assumir uma postura mais ativa no tratamento — uma das metas é desconstruir a ilusão de que o bisturi resolve tudo. Há outros riscos a levar em conta. Um estudo brasileiro publicado na prestigiosa revista científica Nature chegou a um achado inédito no mundo: a parte do estômago que fica inutilizada após a cirurgia de by- pass gástrico (a mais realizada entre as bariátricas) pode virar uma fonte de problema. “Ela se torna um solo fértil para o desenvolvimento de um câncer em longo prazo”, diz o médico Dan Waitzbe coautor da pesquisa e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O experimento avaliou 20 mulheres submetidas ao by-pass e observou um aumento de processos inflamatórios e a expressão de genes favoráveis ao surgimento do câncer nessa parte desativada do estômago. Difícil imaginar que um pedaço escanteado e sem serventia pudesse sofrer com o refluxo de líquidos lá do intestino. 4.2 Pontos Chave: Aumento das cirurgias bariátricas Aumento de peso da população Consequências fisiológicas e psicológicas da cirurgia bariátrica Importância dos cuidados preventivos e priorização do tratamento primário adequado 4.3 Teorização: Aumento das cirurgias bariátricas Em todo o ano de 2018, foram realizadas 63.969 cirurgias bariátricas, sendo 49.521 pela saúde suplementar (planos de saúde), conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 11.402 cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 3.046 cirurgias particulares, (SBCBM, 2019). O número total de procedimentos realizados em 2018 é 4,38% maior do que em 2017, quando foram realizadas aproximadamente 61.283 mil cirurgias pelo SUS e ANS, (SBCBM, 2019). No entanto, para que se tenha ideia, o número total de cirurgias realizadas no ano passado representa 0,47% da população obesa elegível à cirurgia bariátrica e metabólica no Brasil, ou seja com Índice de Massa Corporal acima de 35, (SBCBM, 2019). A última pesquisa Vigitel – divulgada pelo Ministério da Saúde – apontou que 41,6 milhões de pessoas ou 19,8% da população possui IMC acima de 30. Destes, um terço ou 13,6 milhões, possuem IMC acima de 35, (SBCBM, 2019). Cirurgia bariátrica SUS O número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS saltou de 5.370 procedimentos em 2011 para 11.402 em 2018, um aumento de 112,33% em oito anos. No entanto, as 11.402 cirurgias feitas pelo SUS em todo o país no último ano representa apenas 1,16% do atendimento aos que necessitam. A população elegível para bariátrica pelo SUS é de 708 mil pessoas, (SBCBM, 2019). Em alguns estados e cidades a fila para cirurgia bariátrica pelo SUS pode levar 5 anos. Este é o caso, por exemplo, do Hospital de Clínicas (HC), em Campinas, com cerca de 1,5 mil pacientes na fila. No Rio de Janeiro, foram realizados apenas 30 cirurgias pelo SUS em 2018, (SBCBM, 2019). Excesso de peso e obesidade A obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. A prevalência de obesidade tem aumentado de maneira epidêmica em todas as faixas etárias nas últimas quatro décadas e, atualmente, representa um grande problema de saúde pública no mundo, ( MINISTÉRIO DA SAÚDE). A obesidade é de origem multifatorial que engloba diferentes dimensões: biológica, social, cultural, comportamental, de saúde pública e política. O desenvolvimento da obesidade decorre de interações entre o perfil genético de maior risco, fatores sociais e ambientais, por exemplo, inatividade física, consumo excessivo de calorias e de alimentos ultraprocessados, sono insuficiente, disruptores endócrinos, ambiente intrauterino, uso de medicamentos obesogênicos e status socioeconômico, dentre outros. Fatores genéticos, hormonais e relacionados ao ambiente em que estamos inseridos são exemplos de fatores que não estão sob nosso controle, o que faz ser um desafio perder peso para pessoas que vivem com excesso, ( MINISTÉRIO DA SAÚDE). De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2020), atualmente mais da metade dos adultos apresenta excesso de peso (60,3%, o que representa 96 milhões de pessoas), com prevalência maior no público feminino (62,6%) do que no masculino (57,5%), ( MINISTÉRIO DA SAÚDE). A obesidade está relacionada ao aumento do risco para outras doenças como as do coração, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doença do fígado e diversos tipos de câncer (como o de cólon, de reto e de mama), problemas renais, asma, agravamento da covid, dores nas articulações, entre outras, reduzindo a qualidade e a expectativa de vida. Além disso, as evidências apontam a obesidade como importante fator de risco para a forma grave e letal da Covid-19, ( MINISTÉRIO DA SAÚDE). Dado que a obesidade é influenciada por fatores biológicos e contextuais, são necessárias ações estruturantes e políticas públicas que visem a promoção da saúde, implementação de medidas de prevenção do ganho de peso excessivo, diagnóstico precoce e cuidado adequado às pessoas com excesso de peso, bem como, o estabelecimento de políticas intersetoriais e outras que promovam ambientes e cidades saudáveis, ( MINISTÉRIO DA SAÚDE). Consequências fisiológicas e psicológicas da cirurgia bariátrica Alterações respiratórias: Redução em quase 90% dos casos de asma e apnéia do sono. A redução das crises de asma foi atribuída à diminuição do refluxo gastroesofágico após o emagrecimento, (SciELO, 2007). Alterações cardiovasculares e dos lípides: Houve diminuição das pressões sistólicas e diastólicas com conseqüente diminuição do risco de hipertensão e infarto. Além disso, houve diminuição acentuada do colesterol total, dos triglicérides, do ácido úrico e aumento da fração HDL do colesterol, (SciELO, 2007).. Alterações endócrinas: Nos pacientes submetidos a gastroplastia com redução de peso, houve uma diminuição importante das taxas de diabetes e do risco de aparecimento da doença nos não diabéticos, (SciELO, 2007). Alterações gastrointestinais: Nos pacientes operados, as complicações gastrointestinais mais encontradas foram estenose da gastrojejunostomia, úlcera gástrica, fístulas gastrogástricas, obstrução intestinal de delgado,dumping, diarréia e vômitos. Também existe o risco de deficiências de ferro, vitamina B12, vitamina D e cálcio, (SciELO, 2007). Alterações psiquiátricas: Com a perda de peso, ocorre um aumento da auto-estima, melhora do relacionamento social, diminuição da ansiedade e da depressão, (SciELO, 2007). Importância dos cuidados preventivos e priorização do tratamento primário adequado Em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica,são necessárias avaliações regulares e cada consulta médica deve incluir: (PEDMED, 2020). avaliação da tendência / ganho de peso nível de atividade física avaliação da ingestão de vitaminas e minerais presença e controle de comorbidades (diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças reumatológicas, dentre outras) avaliar complicações da cirurgia bariátrica A rotina laboratorial anual deve incluir: (PEDMED, 2020). hemograma vitamina B1 e B12 hemoglobina glicada hormônios tireoidianos perfil lipídico outras vitaminas, quando houver suspeita de deficiência Após cirurgias com by-pass gástrico, deve-se também incluir: dosagem de folato, perfil de ferro, 25-OH-vitamina D, e zinco, (PEDMED, 2020). A base para a manutenção do novo peso deve ser o aconselhamento para mudança de estilo de vida. Devida à restrição da capacidade gástrica, os pacientes devem fracionar suas refeições, consumindo em média três refeições, e até dois lanches por dia. A dieta deve incluir de 80 a 100 g de proteína, para a prevenção de deficiência, (PEDMED, 2020). Casos que evoluam com novo ganho de peso (recuperação de aproximadamente 15% do peso total perdido após a cirurgia), podem necessitar de terapia medicamentosa, cirurgia endoscópica, ou cirurgia bariátrica revisional, (PEDMED, 2020). Sem a suplementação adequada, muitos pacientes submetidos a procedimentos bariátricos desenvolvem deficiências vitamínicas, mesmo anos após a realização da cirurgia. As razões para algumas dessas deficiências estão relacionadas à anatomia alterada pelo procedimento, diminuição da ingestão de nutrientes e rápida perda de peso. Por esta razão, todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica precisam tomar suplementação pelo resto da vida, através de complexos polivitamínicos contendo ferro, ácido fólico, tiamina, cálcio elementar, vitamina D e vitamina B12, (PEDMED, 2020). Bibliografia: https://aps.saude.gov.br https://aps.saude.gov.br https://farmaciaproderma.com.br https://pebmed.com.br https://www.sbcbm.org.br https://www.nutmed.com.br https://www.who.int https://www.paho.org https://bvsms.saude.gov.br https://aps.saude.gov.br/ https://aps.saude.gov.br/ https://farmaciaproderma.com.br/ https://pebmed.com.br/ https://www.sbcbm.org.br/ https://www.nutmed.com.br/ https://www.who.int/ https://www.paho.org/ https://bvsms.saude.gov.br/
Compartilhar