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CONTABILIDADE AVANÇADA A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Priscila de Azevedo Prudêncio Contabilidade Avançada / PRUDÊNCIO, P A - Multivix, 2020 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS Dados da Jorg S.A 67 Reversão da despesa financeira com JCP 74 Patrimônio Líquido em 31/12/X1 76 Parcela a tributar 78 Cálculo da CSLL 79 Demonstração do Resultado do Exercício 79 Balanço Patrimonial 85 Consolidação da Cia Delta e Cia Gama 94 Consolidação da Cia Delta e Cia Gama 96 Balanço Patrimonial antes da Consolidação da Cia Alfa com a Cia Beta 98 Consolidação da Cia Alfa e Cia Beta 99 Papel de Trabalho de Elaboração do Balanço Patrimonial Combinado da Cia Chave e Cia Asa 114 Exemplo de apresentação do Balanço Patrimonial Pro Forma (Em milhares de $) 121 Demonstração do Resultado Pro Forma 125 Balanço Patrimonial no reconhecimento inicial e no encerramento do exercício. 139 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS Qual o melhor investimentos? 13 Classificação dos investimentos temporários 15 Principais investimentos permanentes 18 Classificação dos investimentos permanentes no Balanço Patrimonial 18 Propriedade para investimento versus imobilizado 19 O que são coligadas? 24 Controle direto 24 Controle indireto 25 Sociedade controladora e suas controladas 25 Controle conjunto 26 Balanço Patrimonial das Companhias Beta e Cristais 28 Demonstração do Resultado do Exercício Companhias Beta e Cristais 30 Negócios 36 Incorporação da Cia Alfa com a Cia Beta 37 Situação da Cia Alfa e da Cia Beta antes da incorporação 39 Balanço Patrimonial após incorporação da Cia Beta pela Cia Alfa 40 Fusão da Cia Alfa com a Cia Beta 43 Balanço Patrimonial antes e após da fusão Cia Alfa com a Cia Beta 44 Cisão parcial e total 47 Balanço Patrimonial da Cia Alfa antes da realização da cisão 47 Balanço Patrimonial após cisão 49 Combinação de negócios versus aquisição de ativos 51 Balanço Patrimonial da Investidora Alfa 56 Patrimônio Líquido 62 Patrimônio Líquido 63 Reserva especial de dividendo obrigatório não distribuído versus reserva de lucros a realizar 65 Divisão dos dividendos 66 Lucro Líquido Ajustado 67 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Condições e limites da distribuição de dividendos mínimos obrigatórios 69 Demonstrações Contábeis 83 Consolidação das Demonstrações Contábeis 88 Demonstrações Contábeis Consolidadas 89 Exceções para a Consolidação 91 Diferença entre demonstrações combinadas e consolidadas 107 Diferenças entre demonstrações combinadas e consolidadas 108 Relação de controle 108 Controle Comum versus Administração Comum 110 Controle comum e administração comum 111 Ajustes de informações financeiras pro forma 123 O que seria moeda de apresentação? 130 Conversão de transação em moeda estrangeira para a moeda funcional 135 Uso da moeda de apresentação diferente da moeda funcional 140 Correção Monetária 144 Alcance da correção monetária parcial 146 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 10 1 INVESTIMENTOS E SEUS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 12 1.1 INTRODUÇÃO 12 1.2 INVESTIMENTOS 12 1.3 MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL 22 2 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS 36 2.1 INTRODUÇÃO 36 2.2 ASPECTOS LEGAIS E CONCEITUAIS DE INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO 37 2.3 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS 51 3 DIVIDENDOS E JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO 60 3.1 DIVIDENDOS 60 3.2 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO 71 4 DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS 82 4.1 INTRODUÇÃO 82 4.2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 82 4.3 CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 92 5 DEMONSTRAÇÕES COMBINADAS E INFORMAÇÕES FINANCEIRAS PRO FORMA 105 5.1 INTRODUÇÃO 105 5.2 DEMONSTRAÇÕES COMBINADAS 105 5.2 INFORMAÇÕES FINANCEIRAS PRO FORMA 115 5UNIDADE 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 6 CONVERSÃO E CORREÇÃO MONETÁRIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 129 6.1 INTRODUÇÃO 129 6.2 CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA MOEDA ESTRANGEIRA 129 6.3 CORREÇÃO MONETÁRIA 143 6UNIDADE 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Caro aluno, nesta disciplina você irá estudar os aspectos relacionados à Con- tabilidade Avançada dispostos em normas nacionais e internacionais. Serão vistos assuntos relacionados aos investimentos permanentes, temporários e aos critérios de avaliação desses investimentos. Além disso, serão abordados temas avançados dispostos no CPC, por exemplo, o CPC 15 – Combinação de Negócios. Para finalizar, iremos adentrar ao campo das Demonstrações Con- tábeis: consolidação, conversão e correção monetária. UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA > definir os conceitos sobre investimentos temporários e permanentes, além de apontar os principais critérios de avaliação dos investimentos; > revisar as diferenças entre coligadas, controladas e controle conjunto. Além disso, busca- se compreender o Método de Equivalência Patrimonial, seu conceito, cálculo e forma de apresentação. 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.Uem 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA 1 INVESTIMENTOS E SEUS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO A contabilidade tem passado por constantes mudanças ao buscar convergir com as normas internacionais de contabilidade. Ao longo dos anos, obser- varam-se alterações da lei das Sociedades Anônimas promovidas pela pro- mulgação da lei n. 11.638/07 e da lei n. 11.941/09. Ao longo dos capítulos, vamos estudar essas mudanças tratando dos aspectos da contabilidade avançada a partir do que manda essas leis e os Pronunciamentos Contábeis. Desse modo, estaremos preparados para os anseios das grandes companhias por profissionais capacitados. Iremos iniciar a disciplina tratando dos investimentos permanentes e tempo- rários, da contabilização, da avaliação e da divulgação desses investimentos. E o que são investimentos? Um investimento pode ser entendido como apli- cação do capital com a expectativa de rendimentos ou retornos futuros. São diversos os tipos de investimento, sendo que a escolha por algum vai variar de acordo com o esperado pela investidora. Nesse capítulo, veremos como esses investimentos devem ser reconhecidos e classificados pela contabilidade. Va- mos adiante! 1.2 INVESTIMENTOS Nesse primeiro tópico, vamos respirar fundo e rever alguns conceitos e a clas- sificação de investimentos temporários e de investimentos permanentes. Depois de preparar bem esse território, nós vamos avançar com a avaliação (mensuração) dos investimentos. Vamos lá iniciar! 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA 1.2.1 INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS Os investimentos temporários são aqueles que a empresa não pretende ficar com eles por um tempo indefinido ou definitivamente. Geralmente, opta-se por este tipo de investimento quando os recursos financeiros da empresa es- tão ociosos ou em excesso e podem ser aplicados (investidos) em instrumen- tos financeiros. Segundo o CPC 38, um instrumento financeiro é qualquer contrato que dê origem a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para outra entidade. Esses investimentos vão proporcionar rendimentos financeiros independen- tes dos auferidos pelas atividades operacionais normais da empresa, e tam- bém podem compensar perdas inflacionárias com as disponibilidades que ficariam paradas caso não fosse investido. QUAL O MELHOR INVESTIMENTOS? Fonte: Plataforma Deduca (2020). #PraCegoVer Na imagem, há uma gestora de investimentos decidindo qual a melhor opção de investimento a ser feito. Em sua mão esquerda, encontra-se dinheiro e em sua mão direita encontram-se imóveis. Além disso, ao fundo da imagem aparece um gráfico de barras e uma seta, fazendo uma alusão à evolução dos rendimentos. 14 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA São diversos os tipos de investimentos temporários, sendo que a escolha por qual investimento será realizado vai depender do tempo e da quantidade de recursos que estão à disposição para serem investidos. A seguir, veremos alguns exemplos de investimentos realizados no mercado financeiro, como CDBs, caderneta de poupança, fundos de investimentos e títulos representa- tivos no capital de outras sociedades. Avante! Fundos de investimento: é uma modalidade de investimento formada pela união de diversos investidores que buscam conquistar um determinado retorno financeiro do valor aplicado. Basicamente, um fundo de investimento funciona do seguinte modo: (a) cada participante compra uma ou mais cotas do fundo de investimento; (b) o gestor é o responsável por unir o montante de recursos adquiridos com as cotas e decidir onde investir esse montante; (c) cada cotista paga uma taxa administrativa que vai de acordo com cada fundo. Poupança: a poupança é um tipo de conta em que o depositário deixa o seu dinheiro guardado e recebe um percentual de retorno sobre esse valor aplicado. Ela é uma das modalidades mais utilizadas pelos brasileiros, apesar disso, ela é considerada um dos investimentos menos rentáveis. Certificado de Depósitos Bancários (CDB): o CDB funciona como um empréstimo do investidor para as instituições financeiras. Em troca do empréstimo, ele recebe o dinheiro acrescido de juros. Esse tipo de investimento é geralmente usado por pessoas físicas. Debêntures: é um título em que o investidor se torna o credor de uma empresa e recebe juros fixos e/ou variáveis ao longo do tempo. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Participações em outras sociedades: são investimentos realizados em outras sociedades com o objetivo de obter benefícios econômicos por um prazo estabelecido de tempo. Os investimentos temporários podem ser realizados no curto e no longo prazo. Portanto, a sua classificação contábil irá depender da intenção de prazo fixada pela empresa ou da sua data de vencimento. Lembre-se aluno de que no ativo circulante encontram-se as aplicações de recursos de curto prazo! Desse modo, investimentos de curto prazo irão ser classificados no ativo circulante, enquanto casos de maior prazo de realização são classifica- dos no ativo não circulante, mais especificamente no subgrupo Realizável no Longo Prazo. CLASSIFICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer No esquema, é apresentado a divisão entre a classificação dos investimentos no ativo circulante e ativo não circulante. À esquerda está o ativo circulante responsável pelos investimentos temporários a serem realizados até o final do exercício seguinte. No lado direito, encontra-se o ativo não circulante responsável pelos investimentos temporários a serem realizados após o final do exercício seguinte. ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE Investimentos temporários a serem realizados até o final do exercício seguinte. Subgrupo Realizável a Longo Prazo. Investimentos temporários a serem realizados após o final do exercício seguinte. 16 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Nem todas as participações em outras sociedades são classificadas em temporárias, pois quando o investidor decide por permanecer com essa aplicação por um tempo indeterminado ela é considerada como investimento estável sendo, portanto, classificado no subgrupo de Investimentos do Ativo Não Circulante. Os investimentos temporários, como as aplicações financeiras de liquidez imediata, a poupança e os CDBs devem ser atualizados pelos rendimentos a cada fato gerador, conforme o princípio da competência. Desse modo, cada rendimento deve ter o débito no valor do investimento e como crédito é reco- nhecida uma receita que irá influenciar o resultado do exercício. As participações temporárias em outras companhias devem ser atualizadas a valor justo no fechamento do balanço, debitando-se o ativo e creditando a conta de resultado nos casos de ganho com o investimento. Se o valor justo for menor que o valor do ativo, então debita-se o resultado do exercício e cre- dita uma conta retificadora de ativo. Muita informação, não é mesmo? Veja- mos um exemplo a seguir para facilitar o entendimento. a. Investimento inicial D: Participações Temporárias (ativo circulante) 2.000 C: Caixa 2.000 b. Ajuste a valor justo com um aumento hipotético de R$ 200 D: Participações temporárias (ativo circulante) 200 C: Resultado do exercício (Receita) 200 c. Ajuste a valor justo com uma redução hipotética de R$ 200 D: Resultado do exercício (Despesa) 200 C: Ajuste a valor justo (redutora de ativo) 200 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Valor justo maior do que valor do ativo, então reconhece uma receita no resultado doexercício. Valor justo menor do que valor do ativo, então reconhece uma despesa no resultado do exercício. Vejamos agora um exemplo de reconhecimento dos investimentos em CDBs. Suponha que uma empresa tenha investido R$ 10.000 em CDB prefixado, na data de 01/11/X1 com resgate para 180 dias. Os rendimentos foram prefixados no valor de R$ 800, desse valor 80 era relativo aos juros e os demais corres- ponderam à correção monetária. No setor de contabilidade da empresa, o reconhecimento inicial do investimento foi do seguinte modo: Débito: Aplicação Financeira (ativo circulante) 10.800 Crédito: Banco conta movimento 10.000 Crédito: Variações Monetárias ativas a vencer 720 Crédito: Juros ativos a vencer 90 1.2.2 INVESTIMENTOS PERMANENTES Os investimentos permanentes são aplicações consideradas estáveis e, geral- mente, financeiramente significativas. Alguns exemplos são as aplicações de recursos em bens que não fazem parte das atividades operacionais da em- presa. Outro exemplo de investimentos permanentes são as aquisições de quotas ou ações de sociedades. Essa aquisição costuma gerar uma relação de dependência técnica, financeira ou de controle administrativo da empresa. Veremos adiante mais sobre cada um desses investimentos permanentes. Pratique mais com outros exemplos dispostos no capítulo 2 do livro “Contabilidade Avançada”, de Osni Moura Ribeiro, 6ª edição de 2018. 18 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA PRINCIPAIS INVESTIMENTOS PERMANENTES Investimentos Permanentes ■ Propriedade para Investimento ■ Participações Permanentes em outras sociedades ■ Outros Investimentos Permanentes Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer O esquema resume quais são os três principais tipos de investimentos permanentes: propriedade para investimento, participações permanentes em outras sociedades e outros investimentos permanentes. As aplicações de recursos em bens que não fazem parte das atividades opera- cionais da empresa dizem respeito à propriedade para investimento. Segundo o CPC 28, propriedade para investimento é um terreno, edifício ou parte de um edifício, mantido para conseguir obter renda com o seu aluguel ou, até mesmo, com a sua valorização. Além disso, devemos considerar outros dois aspectos que vão determinar se uma propriedade é classificada como investimento: 1. o bem não é usado para a produção ou fornecimento de bens e serviços ligados às atividades operacionais da empresa e; 2. quando não se espera que ele seja vendido no decorrer do curso normal das atividades da empresa. A propriedade para investimento é classificada no Ativo, grupo Não Circulan- te e subgrupo Investimentos. Vamos visualizar, a seguir, como que o investi- mento fica classificado no Balanço Patrimonial. CLASSIFICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS PERMANENTES NO BALANÇO PATRIMONIAL Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta um quadro com o Balanço Patrimonial. Na primeira linha, encontra-se o grupo Ativo, posteriormente, o ativo circulante e o ativo não circulante. Dentro do ativo não circulante, encontra-se o subgrupo investimentos que é aquele onde deve ser classificada a propriedade para investimento. Propriedade para Investimento BALANÇO PATRIMONIAL 31/12/20X0 Ativo Ativo Circulante Ativo Não Circulante Investimentos 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Uma propriedade para investimento deve ser reconhecida no Ativo Não Circu- lante – Investimentos quando ela atender a dois requisitos simultaneamente: 1. prováveis benefícios econômicos futuros; 2. for possível avaliar confiavelmente o custo da propriedade. O reconhecimento inicial ocorre quando os custos são incorridos, sendo estes custos mensurados pelo valor de compra da propriedade para investimento, somada a qualquer dispêndio diretamente atribuível com a compra. Para finalizar, o entendimento sobre propriedade para investimento, temos que ressaltar que ela não deve ser confundida com os bens classificados no ativo imobilizado. PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO VERSUS IMOBILIZADO Propriedade para Investimento Imobilizado Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer O esquema apresenta a propriedade para investimento de um lado, um sinal de diferente no meio, e o ativo imobilizado do outro lado. Esse esquema enfatiza que não deve ser confundida a propriedade para investimento com o imobilizado. Propriedade para investimento é aquela mantida para obter renda com alu- guel ou com a sua valorização, e não se destina à manutenção das atividades da empresa. Já o ativo imobilizado é aquele mantido para o uso na produção ou no fornecimento de mercadorias ou serviços, também pode ser utilizado para aluguel, sendo relacionado com as atividades fins da empresa. Nos pro- nunciamentos contábeis, o conceito de Imobilizado e de Propriedade para Investimento cita o uso desses bens para auferir aluguel, mas devemos ter em mente a intenção com que se faz o aluguel em cada um deles. Ativo Imobilizado: o aluguel é empregado na manutenção das atividades da empresa, por exemplo, o aluguel feito a empregados. 20 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Ativo Investimento: o aluguel é uma operação da empresa para receber renda complementar. As participações permanentes em outras sociedades são os investimentos re- alizados na forma de participações no capital social de outra sociedade. Tais investimentos ocorrem por meio de quotas ou ações. Veremos, a seguir, algu- mas de participações permanentes: as sociedades coligadas, as sociedades controladas e as sociedades de controle conjunto. Por fim, os outros investimentos permanentes são aqueles que a empresa pretende manter indefinidamente e que não são usadas nas atividades da empresa, por exemplo, as obras de arte. 1.2.3 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS Os investimentos devem ser avaliados no momento em que ingressam no patrimônio e, posteriormente, devem ser atualizados no momento posterior a aquisição. Desse modo, vamos estudar a avalição de investimentos no mo- mento inicial e no momento posterior à aquisição. A Lei n. 6.404/1976, alterada pela lei n. 11.638/2007 e pela lei n. 11.941/2009, bem como as Normas Brasileiras de Contabilidade, preveem três métodos de ava- liação dos investimentos: método do custo, método do valor justo e método de equivalência patrimonial (MEP). Método do custo: avalia os investimentos atribuindo-lhes os respectivos valores originais das transações, ou seja, pelo custo de aquisição. Desse modo, os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos pelo caixa ou equivalente de caixa no momento da aquisição. 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Método o valor justo: é entendido como o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado. Método de Equivalência Patrimonial: é método contábil de atualização de valores dos investimentos feitos em coligadas, controladas e controle conjunto. É importante destacar que normalmente o valor de entrada de um investi- mento avaliado pelo método do custo, coincide com o valor de entrada de um investimento avaliado pelo método do valor justo (RIBEIRO, 2018). Os investimentos temporários devem ser avaliados inicialmente pelo seu va- lor de entrada, sendo o custo de aquisição acrescido de encargos incorridos na transação. Posteriormente, esses investimentos são ajustados ao valor jus- to, quando se tratar de aplicações negociáveis ou disponíveis para venda. Se impossível à obtenção do valor justo, ou o valor não puder ser mensurado com confiabilidade, permanecem pelo custoajustado ao valor provável de realização, se esse último for menor em relação ao custo. Se o valor realizável líquido for menor que o valor de custo, então reconhece uma perda estimada como redutora do ativo. A propriedade para investimento é avaliada incialmente pelo seu custo de aquisição, adicionando-se todos os gastos com a aquisição, conforme exposto pelo CPC 28. Após a aquisição deve ser realizada a avaliação ao valor justo, po- dendo existir casos que não há como justificar o não uso do valor de custo. Ainda que a empresa escolha pela avaliação pelo valor de custo, ela deve di- vulgar o valor justo em notas explicativas. 22 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Já as participações permanentes em outras sociedades podem ser avaliadas (mensuradas) por três métodos: método de equivalência patrimonial, méto- do do valor justo e método de custo. O método de equivalência patrimonial (MEP) permite avaliar a participação em outras sociedades do tipo coligadas, controladas, sociedades controladas em conjunto e sociedades que estejam sob controle comum. Esses investimentos sujeitos ao MEP são inicialmente avaliados pelo método do custo de aquisição. Além disso, segundo Ribeiro, Quando o custo de aquisição for diferente do valor de patrimônio líquido do investimento que está sendo adquirido, esse custo deverá ser desdobrado para evidenciar os seguintes valores: valor de patrimônio líquido (equivalência patrimonial), valor da mais valia ou da compra vantajosa (menos valia ou deságio) e ainda, o valor do ágio por expectativa de rentabilidade futura. (RIBEIRO, 2018, p. 71) Ao final do exercício social, esses investimentos devem ser atualizados para refletir as mudanças no balanço patrimonial da investida. Devido à sua com- plexidade, o MEP será visto mais adiante com mais detalhes. As sociedades que não se enquadram em coligadas e controladas devem ser avaliadas pelo preço de mercado, quando esse valor estiver disponível em um mercado ativo. Caso contrário, esses investimentos devem ser avaliados pelo custo de aquisição. Por fim, os outros investimentos permanentes, como as obras de arte, também são normalmente avaliados pelo custo de aquisição, aplicando-se o teste de recuperabilidade quando necessário. 1.3 MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL O Método de equivalência patrimonial, também chamado de MEP, é o mé- todo de contabilização usado para avaliação dos investimentos em socieda- des coligadas, controladas e sociedades pertencentes a um mesmo grupo ou sob controle comum. Nesse novo tópico, iremos iniciar os estudos com a con- ceituação de coligadas, controladas e controle conjunto. Em seguida, vamos aprender a usar o MEP para avaliação desses investimentos. Cabe destacar que os conhecimentos aqui dispostos são amplamente tratados pelo CPC 18 (R2). Vamos lá estudá-lo! 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA 1.3.1 COLIGADAS, CONTROLADAS E CONTROLE CONJUNTO As coligadas são entidades em que o investidor tem influência significativa e que não se configura como controlada ou participação em empreendimento sob controle conjunto (joint venture). Entende-se que há influência significati- va quando o investidor detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la. Além disso, o CPC 18 (R2) (2012) esclarece que se o investidor mantém, direta ou indiretamen- te, vinte por cento ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência significativa, a menos que possa ser demonstrado claramente o contrário. Contudo, se o investidor detém menos que vinte por cento de po- der de voto da investida, existe uma enorme possibilidade de que ele não tenha influência significativa, a menos que possa ser provado o contrário. Aluno, note que a influência significativa é relativa, pois podem existir casos em que o investidor detém de mais de 20% do capital votante e não tem influência significativa. E também podem existir casos em que o investidor detém de menos de 20% de capital votante e apresenta influência significativa, portanto, é considerada uma coligada. Outros requisitos também são usados para observar se existe a influência sig- nificativa do investidor, vejamos a seguir os dispostos no CPC 18 (R2) (2012): a. a participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões sobre dividendos e outras distribuições; b. a representação no conselho de administração ou na diretoria da in- vestida; c. operações materiais entre o investidor e a investida; d. intercâmbio de diretores ou gerentes; e. fornecimento de informação técnica essencial. 24 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA O QUE SÃO COLIGADAS? Exerce Influência Significativa Não tem o controle COLIGADAS Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer O esquema apresenta três círculos demonstrando que ter influência significativa somada a não exercer o controle é equivalente ao investimento em coligadas. Considera-se controlada a sociedade na qual existe a presença de uma con- troladora que, diretamente ou indiretamente, é titular de direitos de sócio. Es- ses direitos vão assegurar permanentemente à controladora a superioridade nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Para que exista o controle, a investidora deve ter direta ou indiretamente mais de 50% das ações com direito a voto da investida. Desse modo, percebemos que uma entidade pode controlar outra de modo direto ou de forma indireta, mas como funciona isso? Vejamos: • A Empresa X tem o controle direto de Empresa Y. Pressupõe que a Empresa X seja proprietária de mais de 50% do capital votante da Empresa Y. CONTROLE DIRETO Empresa X Controladora Empresa Y Controlada Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer No esquema, há um balão com a Empresa X (controladora), um balão com a Empresa Y (controlada) e uma seta que apresenta a influência da Empresa Controladora sobre a Controlada. • A Empresa X tem o controle indireto de Empresa Y. Observe no exemplo abaixo que a investidora controla da Empresa E que, por sua vez, controla a Empresa Y. Logo, a investidora X controla indiretamente a Y. 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA CONTROLE INDIRETO Empresa X Controladora Empresa E Controlada Empresa Y Controlada A empresa X detém 100% da E A empresa E detém 90% da Y Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer No esquema, há um balão que traz a Empresa X (controladora), um balão com a Empresa E (controlada) e uma seta que apresenta a influência da Empresa Controladora sobre a Controlada. Além disso, é apresentado um terceiro balão com a Empresa Y (controlada) ligada pela Empresa E. Desse modo, apresenta a influência que a Empresa X tem sobre a Empresa Y, a partir da empresa E. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir grupo de so- ciedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de ativi- dades ou empreendimentos comuns. As sociedades integrantes de um mes- mo grupo também serão avaliadas pelo MEP. Observe o exemplo: • A Empresa X tem o controle direto da Empresa Y e da Empresa E. Por sua vez, a Empresa E tem 5% do capital social na Empresa Y. SOCIEDADE CONTROLADORA E SUAS CONTROLADAS Empresa X Empresa E Empresa Y 5% Controle Controle Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer No esquema, há um balão com a Empresa X (controladora), um balão com a Empresa E (controlada) e um terceiro balão com a Empresa Y (controlada). A empresa X exerce controle direto sobre a Empresa E e EmpresaY. Enquanto empresa E tem 5% de participação sobre a Empresa Y. 26 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Vale ressaltar que mesmo a empresa E detendo apenas de 5% do capital da empresa Y, ela deve ter o seu investimento avaliado pelo MEP. Um empreendimento controlado em conjunto (joint venture) é um acordo entre partes em que elas têm o direito sobre os ativos líquidos desse acordo. Desse modo, essas partes vão deter o controle conjunto do negócio, compar- tilhando entre si o controle do negócio e a tomada de decisões. Vejamos um exemplo: • A Empresa X e a Empresa Y compartilham o controle da Companhia E. Assim, as duas detêm o controle conjunto da Empresa E. CONTROLE CONJUNTO Empresa E Empresa X Empresa Y 50% 50% Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer No esquema, há um balão que traz a Empresa X (controladora), um balão com a Empresa Y (controlada) e duas setas que ligam essas empresas à Empresa E. Coligada: o investidor tem influência significativa na investida, mas sem controlá-la. Controlada: o investidor detém, direta ou indiretamente, o controle da investida. 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Controle Conjunto: compartilhamento, contratualmente convencionado, do controle da investida. 1.3.2 MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL (MEP) O Método de Equivalência Patrimonial consiste em um método contábil de atualização de valores dos investimentos feitos em coligadas, controladas e controle conjunto. Os investimentos são inicialmente reconhecidos pelo custo e, posteriormente, devem ser feitos ajustes para refletir as alterações pós-aquisição na participação do investidor nos ativos líquidos da investida. Essa atualização é decorrente das alterações do patrimônio da investida e do percentual que o investidor tem de participação nos lucros ou prejuízos da investida. O MEP pode ser entendido também como uma forma de consolidação do ativo da investidora com a proporção do ativo líquido da investida que é de seu direito, e também a consolidação do resultado da investidora com a parte do resultado líquido da investida que lhe pertence. Parece complicado? Va- mos resolver um exercício para melhorar a compreensão. Exemplo 1: Suponha que a Companhia Cristais adquiriu em 01/01/X0 30% das ações do capital social da Companhia Beta pelo valor de R$ 150.000, passando a exercer influência significativa sobre essa última. Temos, a seguir, o Balanço Patrimonial das duas Companhias antes da aquisição. 28 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA BALANÇO PATRIMONIAL DAS COMPANHIAS BETA E CRISTAIS Cia Cristais Cia Beta ATIVO Circulante Disponível 900.000 500.000 Estoques 200.000 300.000 Não circulante Imobilizado Veículos 200.000 TOTAL ATIVO 1.100.000 1.000.000 PASSIVO Circulante Fornecedores 300.000 500.000 Patrimônio Líquido Capital Social 800.000 500.000 TOTAL PASSIVO 1.100.000 1.000.000 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o Balanço Patrimonial da Companhia Cristais e Companhia Beta. A Companhia Cristais tem o estoque avaliado em R$ 200.000. A companhia Beta tem o estoque avaliado em R$ 300.000 e o Patrimônio Líquido de R$ 500.000. Além disso, durante o exercício X0 ocorreram outras transações nas duas companhias: a. Transações Companhia Cristais Venda de todo o seu estoque para a empresa X pelo valor de R$ 240.000, à vista. b. Transações Companhia Beta Venda de todo o seu estoque inicial para a empresa Delta pelo valor de R$ 450.000, à vista. Com base nas informações apresentadas, percebe-se incialmente que se tra- ta de uma aquisição de coligada, pois houve a aquisição de 30% do capital e também gerou influência significativa. Com essa informação em mente, 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA vamos realizar agora o reconhecimento das transações ocorridas na Compa- nhia Cristais, inclusive da aquisição da Beta. a. Contabilização da aquisição da Beta Débito: Investimentos (Ativo não circulante) Crédito: Caixa 150.000 Lembre-se aluno de que o reconhecimento inicial do investimento em coligadas é pelo custo de aquisição. b. Contabilização da venda de mercadorias Débito: Caixa Crédito: Receita de Vendas 240.000 Débito: CMV Crédito: Estoques 200.000 Vamos agora realizar o reconhecimento dos eventos ocorridos na Compa- nhia Beta. c. Contabilização da venda de mercadorias Débito: Caixa Crédito: Receita de Vendas 450.000 Débito: CMV Crédito: Estoques 300.000 • No final do exercício social, antes da apuração do resultado do exercício da investidora, devemos fazer a avaliação do investimento pelo MEP. Vamos 30 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA agora realizar a avaliação pelo MEP e verificar no resultado da investidora a parte do resultado líquido da investida que lhe pertence. Para facilitar o entendimento, vamos elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) de cada uma das companhias. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO COMPANHIAS BETA E CRISTAIS DRE Beta DRE Cristais Receita de vendas 450.000 450.000 (-) CMV (300.000) (300.000 ) Resultado com Equivalência Patrimonial 45.000 (30% x 150.000) (=) Lucro Líquido 150.000 195.000 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o DRE da Companhia Cristais e Companhia Beta. A Companhia Beta teve lucro líquido de R$ 150.000, sendo R$ 450.000 de receita de vendas e R$ 300.000 de CMV. A companhia Cristais teve o lucro líquido de R$ 195.000, sendo R$ 450.000 de receita de vendas, R$ 300.000 de CMV, R$ 45.000 do Resultado com Equivalência Patrimonial. Observa-se que a companhia Beta apresentou um resultado líquido de R$ 150.000, desse modo, a companhia Cristais deve reconhecer no seu Balan- ço Patrimonial e na DRE o valor de 30% desse resultado (30% de 150.000 = 45.000). Como assim 30%? Esse é o valor que a investidora Cristais adquiriu do capital social da Companhia Beta. Como lançamento, temos o reconhe- cimento no resultado do exercício da investidora, observe a seguir como que fica esse lançamento. d. Contabilização do MEP na Cia Cristais Débito: Investimentos (ativo não circulante) Crédito: Resultado de Equivalência Patrimonial 45.000 A partir do exemplo elaborado, podemos analisar que os investimentos são inicialmente reconhecidos pelo valor de custo e posteriormente é aplicado o método de equivalência patrimonial que vai atualizar os valores desse inves- timento, com base nas mudanças ocorridas na companhia adquirida. Essas variações são reconhecidas no resultado do exercício da investidora e na res- pectiva conta de Investimentos do ativo não circulante. 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Se a investida obtiver lucro líquido, então deve ser reconhecida um ganho com equivalência patrimonial no resultado da investidora. Contudo, se a in- vestida obtiver prejuízo, deve ser reconhecida uma perda de equivalência pa- trimonial na DRE da investidora. Percentual de participação no capital social da investida x Lucro Líquido da investida = Ganho de Equivalência Patrimonial. Percentual de participação no capital social da investida x Prejuízo Líquido da Investida = Perda de Equivalência Patrimonial. A investidora e a investida podem realizar entre si transações de compra e venda de mercadorias. Nas operações de venda de ativos de uma investi- dora para uma coligada, os lucros são considerados como não realizados na proporção da participação da investidora. Desse modo, temos que se a in- vestidoraA vender para coligada B mercadorias com lucro de R$ 250, e sua participação na coligada é de 20%, então os lucros não realizados serão no montante de 20% de R$ 150 = R$ 50. A apuração da equivalência vai ocorrer do seguinte modo. Lucro da coligada B = 100.000, MEP = 100.000 x 20% = 20.000 D Investimento em B 20.000 Crédito: Resultado de Equivalência Patrimonial 20.000 Lucro não realizado = 50 Débito: Lucro não realizado (resultado) 50 Crédito: Lucro a realizar em transações com coligadas (retificadora de in- vestimento) 50 O lucro não realizado deverá ser reconhecido à medida que o ativo for ven- dido para terceiros, depreciado, ter baixa pelo teste de impairment ou sofrer baixa por qualquer outro processo. Vale ressaltar ainda que na investidora, não devem ser eliminadas na sua demonstração de resultado as parcelas da venda, custo de mercadoria ou produto vendido, tributos e outros itens que fazem parte da venda para a investida. 32 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Nos casos de venda da coligada para a investidora, os lucros considerados não realizados devem ser eliminados da seguinte forma: do valor da equivalência patrimonial calculada sobre o lucro líquido da investida é deduzida a integra- lidade do lucro que for considerado como não realizado pela investidora. Já nas operações de venda de ativos de controladas, os lucros não realizados são totalmente eliminados tanto nas operações de venda da controladora para a controlada, quanto da controlada para a controladora ou entre as controladas. 1.3.3 EXCEÇÕES E DESCONTINUIDADE DO MEP A entidade não é obrigada a avaliar os seus investimentos pelo método de equivalência patrimonial se a entidade for uma controladora que, se permi- tido legalmente estiver dispensada de elaborar demonstrações consolidadas ou se todos os seguintes itens forem observados, conforme o CPC 18 (R2): a) A entidade é controlada (integral ou parcial) de outra entidade, a qual, em conjunto com os demais acionistas ou sócios, incluindo aqueles sem direito a voto, foram informados a respeito e não fizeram objeção quanto a não aplicação do método da equivalência patrimonial. b) Os instrumentos de dívida ou patrimoniais da entidade não são negociados publicamente. c) A entidade não arquivou e não está em processo de arquivamento de suas demonstrações contábeis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou outro órgão regulador. 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA d) A controladora final ou qualquer controladora intermediária da entidade disponibiliza ao público suas demonstrações contábeis, em que as controladas são consolidadas ou são mensurados ao valor justo por meio do resultado de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 36. A entidade deve descontinuar o uso do método de equivalência patrimonial a partir da data em que o investimento deixar de ser uma coligada, controlada ou controle conjunto. E o que fazer com esse investimento? Se ele for classi- ficado como um ativo financeiro, a entidade deve avaliá-lo pelo valor justo. Além disso, se existir uma diferença entre o valor contábil registrado quando era um investimento avaliado pelo MEP e o valor justo, então deve ser reco- nhecida uma receita ou despesa. Valor justo maior que o valor contábil, então reconhece uma receita. Valor justo menor que o valor contábil, então reconhece uma despesa. Além dessa mudança, a entidade deve reclassificar o que tiver na conta do patrimônio líquido “Outros Resultados Abrangentes” da investidora. Os valo- res correspondentes vão ser reclassificados para o resultado (DRE) como re- ceita ou despesa de ajuste de reclassificação. Para saber mais sobre as exceções e descontinuidade do Método de Equivalência Patrimonial, bem como dos demais dispositivos sobre o tema, leia o CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto disposto no seguinte link: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/263_ CPC_18_(R2)_rev%2013.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/263_CPC_18_(R2)_rev%2013.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/263_CPC_18_(R2)_rev%2013.pdf 34 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Para finalizar a discursão sobre investimentos avaliados pelo MEP, devemos nos atentar para a distribuição de dividendos pela investida. Segundo o CPC 18 (R2), as distribuições recebidas da investida reduzem o valor contábil do investimento, do seguinte modo: Débito: Disponibilidades/Dividendos a receber. Crédito: Investimento em coligadas/controladas (Ativo não circulante). CONCLUSÃO Esta unidade apresentou os diferentes tipos de investimentos temporários e permanentes. Observamos ainda os três diferentes tipos de critério de avalia- ção desses investimentos: método do custo, método do valor justo e método de equivalência patrimonial. A partir disso, percebemos que os investimentos devem ser avaliados inicialmente pelo método de custo refletindo, portanto, o valor de entrada do investimento. Após isso, devem ser realizadas novas ava- liações que vão refletir a atualização nos valores dos investimentos. Notamos ainda que as coligadas, controladas e controle conjunto devem ser atualizados pelo método de equivalência patrimonial. Esse método permite a consolidação do ativo e do resultado da investidora com as mudanças ocorri- das o resultado líquido da investida. Por fim, destacamos que o estudo dos investimentos e seus critérios de ava- liação são de suma importância para as entidades que buscam fortalecer os seus rendimentos em ativos. UNIDADE 2 > Distinguir três diferentes formas de reestruturações societárias: incorporação, fusão e cisão. > Apontar aspectos normativos sobre a combinação de negócios, sua mensuração e as exceções. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA 2 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS 2.1 INTRODUÇÃO Esta unidade traz uma abordagem sobre as reorganizações societárias e a combinação de negócios. Uma combinação de negócios é uma operação ou outro evento em que um adquirente obtém o controle de um ou mais negó- cios. Vale destacar que o termo negócio aqui abordado não necessariamente se remete à aquisição de uma empresa. Esse novo conceito de combinação de negócio trata sobre a obtenção de con- trole pela adquirente, modificando o conceito anteriormente estabelecido no Brasil, que enquadrava a expressão ao conceito de reorganizações societárias, como: fusão, incorporação e cisão. Contudo, nem sempre essas três formas de reorganizações caracterizam-se como uma combinação de negócios, em razão de nem sempre haver transferência de controle nelas. NEGÓCIOS Fonte: Plataforma Deduca (2020) #PraCegoVer: Na imagem, temos um homem assinando um contrato. 37 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Nesta unidade, serão vistos os principais aspectos legais e conceituais dos três tipos de reorganização societárias e, posteriormente, os aspectos expos- tos no CPC 15 (R1) – Combinação de Negócios. Ao apresentar esses temas, temos a intenção de demonstrar o tratamento atual adotado para incorpora- ção, cisão, fusão e combinação de negócios. 2.2 ASPECTOS LEGAIS E CONCEITUAIS DE INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO A reorganização societária ocorre, em sua maioria, com o intuito econômico, na busca de se tornarem mais competitivas, de reduzir custos, ou até mesmo, trocarem estratégias de inovação entre si. Nesse tópico, nós iremos estudaraspectos conceituais, legais e contábeis de três diferentes formas de reorga- nização societária: incorporação, fusão e cisão. 2.2.1 INCORPORAÇÃO A incorporação é uma operação em que uma ou mais sociedades são absor- vidas por outra sociedade, que sucede essas anteriores em todos os direitos e obrigações. Desse modo, a empresa investidora adquire os ativos líquidos de uma ou mais sociedade investida, seja através da emissão de ações ou por meio de pagamento em moeda corrente, e essa última é extinta pela transfe- rência de seus ativos líquidos para a investidora. Nem sempre é fácil entender esses conceitos de primeira, então vamos agora analisar um exemplo para facilitar a compreensão. Suponha que a Cia Alfa in- corpora a Cia Beta; desse modo, espera-se que a Cia Beta seja extinta e todo o seu patrimônio seja repassado para a Cia Alfa, veja no esquema a seguir: INCORPORAÇÃO DA CIA ALFA COM A CIA BETA CIA ALFA CIA BETA CIA ALFA Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer O esquema apresenta a incorporação da Cia Beta pela Cia Alfa. Temos três balões representando a Cia Beta somada a Cia Alfa e, por fim, o resultado do terceiro balão é a Cia Beta. 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA No exemplo anterior, temos que a Cia Alfa é a incorporadora e a Cia Beta é a incorporada. A Cia Alfa vai suceder a Beta em seus direitos e obrigações. A Lei n. 6.404/76, artigo 277, informa que os processos legais da incorporação vão ocorrer do seguinte modo: § 1º A assembleia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. § 3º Aprovados pela assembleia-geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos de incorporação. (BRASIL, Lei n. 6.404, 1976) Se nenhuma das sociedades participarem do capital social da outra e a incor- poração foi feita a partir dos valores contáveis de cada uma, então temos o se- guinte procedimento contábil: os ativos e passivos da sociedade incorporada são transferidos para o patrimônio da incorporadora. Vamos praticar! Suponha novamente que a Cia Alfa decide tomar a Cia Beta em uma transa- ção de incorporação. Para isso, foram aprovados os protocolos da operação e foi realizada uma perícia para avaliar o patrimônio líquido da incorporada. No laudo apresentado, constatou-se que o valor contábil do Patrimônio Líquido é bem próximo com o valor de mercado, desse modo, foi tomado esse valor como base para a operação. Posteriormente, foi reformulado o estatuto da so- ciedade incorporadora e a operação foi concretizada, ficando a Beta incorpo- rada a Alfa. Observe, a seguir, a situação do patrimônio das duas companhias antes e depois da incorporação. 39 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SITUAÇÃO DA CIA ALFA E DA CIA BETA ANTES DA INCORPORAÇÃO BALANÇO PATRIMONIAL ANTES DA INCORPORAÇÃO CIA ALFA CIA BETA Ativo 80.000,00 40.000,00 Ativo Circulante Caixa 10.000,00 5.000,00 Ativo Não Circulante Imobilizado Imóveis 80.000,00 40.000,00 Depreciação Acumulada (10.000,00) (5.000,00) Passivo 80.000,00 40.000,00 Passivo Circulante Empréstimos a pagar 20.000,00 10.000,00 Patrimônio Líquido Capital 60.000,00 30.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o balanço patrimonial da Cia Alfa e da Cia Beta em que, respectivamente, apresentam Caixa de R$ 10.000 e R$ 5.000; Imóveis no valor de R$ 80.000 e R$ 40.000; Depreciação Acumulada deduzindo o valor de imóveis com os totais, respectivamente, R$ 10.000 e R$ 5.000. Além disso, apresentam Empréstimos a pagar nos valores de R$ 20.000 e R$ 10.000, respectivamente. E capital no valor de R$ 60.000 e R$ 30.000. O capital da incorporada (Cia Beta) foi absorvido pela incorporadora sendo, portanto, aumentado o capital dessa última. Observe, a seguir, como ficou constituído: 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA BALANÇO PATRIMONIAL APÓS INCORPORAÇÃO DA CIA BETA PELA CIA ALFA BALANÇO PATRIMONIAL APÓS A INCORPORAÇÃO – CIA ALFA Ativo 120.000,00 Ativo Circulante Caixa 15.000 Ativo Não Circulante Imobilizado Imóveis 120.000,00 Depreciação Acumulada (15.000,00) Passivo 120.000,00 Passivo Circulante Empréstimos a pagar 30.000,00 Patrimônio Líquido Capital 90.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o balanço patrimonial da Cia Alfa após a incorporação. Os valores que constam no balanço são: Caixa de R$ 15.000; Imóveis no valor de R$ 120.000; Depreciação Acumulada deduzindo o valor de imóveis em R$ 15.000. Além disso, são verificadas as contas de Empréstimos a pagar no valor de R$ 30.000 e capital social no valor de R$ 90.000. Observe que não se pode mais falar em Balanço Patrimonial da Cia Beta, pois os seus ativos e passivos foram assumidos pela Cia Alfa. Vale ressaltar que nes- sa operação foi considerado o valor contábil na transação. 41 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Nas transações de incorporação, pode ocorrer a presença de ágio por expectativa de rentabilidade futura e a mais valia. Esses aspectos serão vistos mais adiante. Vamos em frente! Os lançamentos contábeis realizados no processo de incorporação serão os seguintes: NA EMPRESA INCORPORADA (CIA BETA) • Pelo encerramento das contas do ativo. Débito: Conta de dissolução 45.000 Crédito: Caixa 5.000 Crédito: Imóveis 40.000 • Contas retificadoras dos elementos do ativo. Débito: Depreciação acumulada 5.000 Crédito: Conta de dissolução 5.000 • Pelo encerramento das contas do passivo. Débito: Empréstimos a pagar 10.000 Crédito: Conta de dissolução 10.000 • Pelo encerramento da conta de capital. Débito: Capital Social 30.000 Crédito: Conta de dissolução 30.000 É importante observar que foi utilizada uma conta transitória representativa da dissolução do patrimônio pela incorporação, isso também irá acontecer nos lançamentos da empresa incorporadora (Cia Alfa). 42 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA NA EMPRESA INCORPORADORA (CIA ALFA) • Transferência dos Ativos Débito: Caixa 5.000 Débito: Imóveis 40.000 Crédito: Incorporação (registro dos ativos) 45.000 • Transferência dos elementos do passivo Débito: Incorporação (registro dos passivos) 10.000 Crédito: Empréstimos a pagar 10.000 • Contas retificadoras dos elementos do ativo Débito: Incorporação (registro dos passivos) 5.000 Crédito: Depreciação Acumulada 5.000 • Aumento de Capital Débito: Incorporação (registro do patrimônio) 30.000 Crédito: Capital Social 30.000 2.2.2 FUSÃO A fusão é uma operação em que duas ou mais sociedades se unem para for- mar uma nova sociedade, que irá suceder as sociedades anteriores, assumin- do todos os seus direitos e obrigações. Quando as companhias Alfa e Beta resolvem unir seus patrimônios para formar uma nova Sociedade, chamada de C, esse processo é chamado de fusão. Veja uma notícia com a proposta de incorporação de ações envolvendo a Gol e a Smiles: https:// g1.globo.com/economia/noticia/2020/12/07/gol- faz-nova-proposta-de-incorporacao-de-acoes-da- smiles.ghtml. https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/12/07/gol-faz-nova-proposta-de-incorporacao-de-acoes-da-shttps://g1.globo.com/economia/noticia/2020/12/07/gol-faz-nova-proposta-de-incorporacao-de-acoes-da-s https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/12/07/gol-faz-nova-proposta-de-incorporacao-de-acoes-da-s https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/12/07/gol-faz-nova-proposta-de-incorporacao-de-acoes-da-s 43 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FUSÃO DA CIA ALFA COM A CIA BETA CIA ALFA CIA BETA CIA C Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer O esquema apresenta a fusão da Cia Alfa e da Cia Beta, formando a Cia C. Temos três balões representando a Cia Alfa somada a Cia Beta e, por fim, o resultado que é a Cia C. Assim como na incorporação, alguns processos legais são necessários para a realização da fusão, vejamos a seguir: a. aprovação do protocolo de fusão; b. após aprovação do protocolo de fusão, a Assembleia Geral das com- panhias envolvidas no processo deve nomear o perito que irá avaliar os patrimônios líquidos das sociedades; c. apresentação do laudo do perito; d. após a apresentação do laudo, os sócios serão convocados pelos admi- nistradores ou acionistas das sociedades para uma assembleia-geral, com o intuito de resolver sobre a constituição da nova sociedade; e. fica proibido aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do pa- trimônio líquido da sociedade de que fazem parte; f. após as etapas já citadas, fica constituída a nova companhia; g. os primeiros administradores da nova companhia vão promover o ar- quivamento e a publicação dos atos da fusão. A contabilização do processo de fusão ocorre de forma semelhante à incorpo- ração, as empresas que fazem parte do processo vão transferir seus ativos e passivos para o patrimônio da nova empresa que foi constituída. Desse modo, retomando o exemplo anterior, a Cia Alfa e a Cia Beta vão passar o seu patri- mônio para a Cia C. Vejamos, a seguir, como fica o balanço patrimonial antes e após a fusão. 44 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA BALANÇO PATRIMONIAL ANTES E APÓS DA FUSÃO CIA ALFA COM A CIA BETA SITUAÇÃO ANTES FUSÃO CIA ALFA CIA BETA Ativo 80.000,00 40.000,00 Ativo Circulante 80.000,00 40.000,00 Passivo 80.000,00 40.000,00 Passivo Circulante 20.000,00 1 0.000,00 Patrimônio Líquido – Capital 60.000,00 30.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL APÓS FUSÃO CIA C Ativo 120.000,00 Ativo Circulante 120.000,00 Passivo 12 0.000,00 Passivo Circulante 30.000,00 Patrimônio Líquido – Capital 90.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o balanço patrimonial da Cia Alfa e da Cia Beta antes da fusão. Os valores respectivos no balanço de cada uma delas são: Ativo Circulante em R$ 80.000 e R$ 40.000; Passivo Circulante no valor de R$ 20.000 e R$ 10.000; Patrimônio Líquido (Capital) em R$ 60.000 e R$ 30.000. Além disso, é apresentado o balanço patrimonial após a fusão com os seguintes valores: Ativo Circulante em R$ 120.000; Passivo Circulante no valor de R$ 30.000; Patrimônio Líquido (Capital) em R$ 90.000. Vejamos, agora, os lançamentos contábeis que devem ser efetuados nas em- presas fusionadas e na nova empresa constituída. 45 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 NAS EMPRESAS FUSIONADAS (EXEMPLO CIA ALFA E BETA) • Pelo encerramento das contas devedoras (ativo e retificadoras de passivo) Débito: Conta de dissolução Crédito: Contas do ativo • Pelo encerramento das contas credoras (passivos e retificadoras de ativo) Débito: Contas do passivo Crédito: Conta de dissolução • Pelo encerramento da conta de capital Débito: Contas do patrimônio líquido (transferência do patrimônio) Crédito: Conta de dissolução As contas retificadoras de ativo, por exemplo, a depreciação, não devem ser debitadas no encerramento das contas de ativo. Elas irão ser creditadas como ocorre no encerramento das contas de passivo. O mesmo ocorre para aquelas retificadoras do passivo. NA EMPRESA CONSTITUÍDA (EXEMPLO CIA C) • Transferência dos Ativos Débito: Contas do Ativo (Cia C) Crédito: Contas do ativo da Cia Beta Crédito: Conta do ativo da Cia Alfa • Transferência dos elementos do passivo Débito: Contas do passivo da Cia Alfa Débito: Contas do passivo da Cia Beta Crédito: Contas do Passivo (Cia C) 46 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA • Constituição do capital da nova empresa Débito: Conta de Capital Social Cia Alfa Débito: Conta de Capital Social Cia Beta Crédito: Capital (Cia C) Saiba mais sobre a fusão entre a Sadia e Perdigão. Observe que “nem tudo são flores”, pois a nova companhia teve que passar por diversas restrições para conseguir a aprovação da fusão: https:// migalhas.uol.com.br/quentes/137318/aprovada-- com-restricoes--fusao-entre-sadia-e-perdigao 2.2.3 CISÃO A cisão é uma operação em que uma companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, sendo elas constituídas para esse fim ou já existentes. A cisão pode ser parcial ou total. Quando houver a versão de todo o patrimônio da sociedade, extinguindo-a, então tem a ocorrência de uma cisão total. Temos a cisão parcial quando ocorre a divisão de partes do capital da sociedade. Segundo Vicenconti (2018, p.428), nas operações de cisão, podem ocorrer as seguintes situações: 1. cisão total com a criação de duas ou mais empresas novas; 2. cisão total com versão do patrimônio para empresas novas e parte para as empresas já existentes; 3. cisão total com versão do patrimônio para empresa já existente; 4. cisão parcial com versão de parte do patrimônio para sociedade nova; 5. cisão parcial com versão de parte do patrimônio para sociedade nova e empresa já existente. 6. cisão parcial com versão de parte do patrimônio para empresas já exis- tentes. https://migalhas.uol.com.br/quentes/137318/aprovada--com-restricoes--fusao-entre-sadia-e-perdigao https://migalhas.uol.com.br/quentes/137318/aprovada--com-restricoes--fusao-entre-sadia-e-perdigao https://migalhas.uol.com.br/quentes/137318/aprovada--com-restricoes--fusao-entre-sadia-e-perdigao 47 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CISÃO PARCIAL E TOTAL CIA BETA CIA ALFA CIA ALFA CIA BETA CIA C CIA ALFA Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer Os esquemas apresentam exemplos de cisão parcial e cisão total respectivamente. À esquerda, temos a cisão parcial, no exemplo mostra três balões em que temos a Cia Alfa se desmembrando na Cia Beta e na Cia Alfa. No lado direito, temos o exemplo de cisão total, em que temos a cia Alfa se desmembrando na Cia Beta e na Cia C, portanto, ela deixa de existir. Vamos utilizar o mesmo exemplo da incorporação e fusão para facilitar a compreensão sobre as três. Suponha que a Cia Alfa tenha decidido realizar sua cisão parcial, transferindo 20% do patrimônio para a sociedade chamada de Cia Beta. Os sócios das duas empresas procederam com todos os procedi- mentos legais e foi realizada a operação de cisão. Vejamos agora o patrimônio da companhia Alfa antes da realização de sua cisão. BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA ALFA ANTES DA REALIZAÇÃO DA CISÃO Balanço Patrimonial – CIA ALFA Ativo 80.000,00 Ativo Circulante Caixa 10.000,00 Ativo Não Circulante Imobilizado Imóveis 80.000,00 Depreciação Acumulada (10.000,00) Passivo 80.000,00 Passivo Circulante Empréstimos a pagar 20.000,00 Patrimônio Líquido Capital 60.000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o balanço patrimonial da Cia Alfa que apresenta as seguintes informações: Caixa de R$ 10.000; Imóveis no valor de R$ 80.000; Depreciação Acumulada deduzindo o valor de imóveis em R$ 10.000.Além disso, é apresentada a conta de Empréstimos a pagar no valor de R$ 20.000 e capital no valor de R$ 60.000. 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Os valores do ativo, passivo e capital da Cia Alfa foram transferidos em 20% para a Cia Beta, para tanto, utilizou-se como contrapartida uma conta transi- tória representativa da cisão parcial. Vejamos os lançamentos: LANÇAMENTOS NA EMPRESA CINDIDA • Pela transferência de parte do ativo Débito: Contas de Cisão Parcial 18.000 Crédito: Caixa 2.000 Crédito: Imobilizado 16.000 • Pela transferência de parte das contas retificadoras do ativo Débito: Depreciação Acumulada 2.000 Crédito: Contas de Cisão Parcial 2.000 • Pela transferência de parte das contas do passivo Débito: Empréstimo a pagar 4.000 Crédito: Conta Cisão Parcial 4.000 • Pela transferência de parte do capital Débito: Capital Social 12.000 Crédito: Conta Cisão Parcial 12.000 LANÇAMENTOS NA EMPRESA RESULTANTE DA CISÃO • Pela transferência de parte do ativo Débito: Caixa 2.000 Débito: Imobilizado 16.000 Crédito: Contas de Cisão Parcial 18.000 49 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Pela transferência de parte das contas retificadoras do ativo Débito: Contas de Cisão Parcial 2.000 Crédito: Depreciação Acumulada 2.000 • Pela transferência de parte das contas do passivo Débito: Conta Cisão Parcial 4.000 Crédito: Empréstimo a pagar 4.000 • Pela constituição do capital Débito: Conta Cisão Parcial – Conta Capital 12.000 Crédito: Capital 12.000 BALANÇO PATRIMONIAL APÓS CISÃO BALANÇO PATRIMONIAL APÓS A CISÃO CIA ALFA CIA BETA Ativo 64.000,00 16.000,00 Ativo Circulante Caixa 8.000,00 2.000,00 Ativo Não Circulante Imobilizado Imóveis 64.000,00 16 .000,00 Depreciação Acumulada (8.000,00) (2.000,00) Passivo 64.000,00 16.000,00 Passivo Circulante Empréstimos a pagar 16.000,00 4.000,00 Patrimônio Líquido Capital 48.000,00 12 .000,00 Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer A tabela apresenta o balanço patrimonial da Cia Alfa e da Cia Beta após a cisão, nele são apresentados os respectivos valores em cada companhia: Caixa de R$ 8.000 e R$ 2.000; Imóveis no valor de R$ 64.000 e R$ 16.000; Depreciação Acumulada deduzindo o valor de imóveis com os totais, respectivamente, R$ 8.000 e R$ 2.000. Além disso, apresentam a conta de Empréstimos a Pagar nos valores de R$ 16.000 e R$ 4.000, respectivamente. E capital social no valor de R$ 48.000 e R$12.000. 50 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Observa-se que o patrimônio da Cia Beta foi constituído com 20% da Cia Alfa em decorrência do processo de cisão. Caso a cisão fosse total, seriam realiza- dos os mesmos procedimentos contábeis, contudo seria considerado o per- centual de 100% para a transferência de patrimônio. Para fixar bem o assunto, vejamos agora resumo das três formas de reorgani- zações societárias: incorporação, fusão e cisão. 1. Incorporação: operação em que uma ou mais sociedades têm o seu patrimônio absorvido por outra. 2. Fusão: união entre duas ou mais sociedades para formar uma nova sociedade. 3. Cisão: operação em que uma sociedade transfere parcelas do seu patrimônio, ou o patrimônio total, para outra sociedade. As operações de reorganização societária só serão realizadas caso os peritos determinem que o valor do patrimônio ou patrimônio líquido a ser usado para a formação do novo capital social é, pelo menos, igual ao montante do capital a realizar. Os sócios ou acionistas das sociedades que passaram pelo processo de incorporação, fusão ou cisão receberão as ações que lhe couberem. Saiba mais sobre os aspectos legais dos processos de reorganização, veja o capítulo 14 do Livro “Contabilidade avançada e análises das demonstrações financeiras”, de Paulo Viceconti, 18ª edição de 2018. 51 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2.3 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS Combinação de negócios é uma operação em que se adquire o controle de um negócio. A norma que trata sobre combinação de negócios é o Pronun- ciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios. Esse pronunciamento passou pela primeira revisão em 2011 e, atualmente, é chamado de CPC 15 (R1), sendo o “R1” em alusão à primeira revisão. 2.3.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DE COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS Como já mencionado, a combinação de negócios ocorre com a aquisição do controle de um negócio, não sendo o termo negócio necessariamente a aqui- sição de uma empresa. A entidade deve determinar se uma operação é uma combinação de negócios pela aplicação da definição vista anteriormente. Caso os ativos adquiridos não constituem um negócio, a entidade deve con- tabilizar a operação ou o evento como aquisição de ativos. COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS VERSUS AQUISIÇÃO DE ATIVOS Combinação de Negócios Aquisição de ativos Fonte: Elaborado pela autora (2020). #PraCegoVer O esquema apresenta dois balões, em um está a combinação de negócio, no outro a aquisição de ativos. Observa-se também um sinal de diferente entre os dois balões. A entidade que realiza a combinação de negócios deve contabilizar cada tran- sação desse tipo pelo método de aquisição. A aplicação do método de aquisi- ção exige que a entidade identifique os seguintes itens, conforme exposto no CPC 15 (R1) (2011): 1. identificação do adquirente; 2. determinação da data de aquisição, ou seja, data em que o controle da adquirida é obtido; 3. reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis que foram ad- quiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na adquirida; e 4. reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente de compra vantajosa. 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Lembre-se aluno de que na combinação de negócios é adotada o método de aquisição. Esse método tem como base os quatro itens vistos anteriormente. O primeiro item do método de aquisição trata sobre a identificação do ad- quirente, o adquirente é aquele que obtém o controle da adquirida. Em cada combinação de negócios, uma das entidades envolvidas na combinação é identificada como o adquirente, além do CPC 15 (R1), as orientações do Pro- nunciamento Técnico CPC 36 – Demonstrações Consolidadas devem ser uti- lizadas para identificar o adquirente. A data de aquisição ou data que adquirente obtém o controle da adquirida, geralmente é a data em que o adquirente legalmente transfere: a contrapres- tação para o controle da adquirida; ou adquire os ativos e assume os passivos da adquirida. Na maioria das vezes, essa data pode ser a mesma data de fe- chamento do negócio, mas cabe destacar que ela não se limita a esse dia. A partir do dia da data de aquisição, o adquirente vai reconhecer os ativos identificáveis adquiridos e dos passivos assumidos. Ao realizar o reconheci- mento dos ativos e passivos, o adquirente deve se atentar para retirar desse valor o ágio por expectativa de rentabilidade futura, caso ele exista. A mensuração dos ativos identificáveis adquiridos e dos passivos assumidos deve ser realizada pelos valores justos na data da aquisição. A participação dos não controladores na adquirida deve ser realizada utilizando-se os critérios do valor justo ou pela participação proporcional nos montantes reconhecidos dos ativos líquidos identificáveis da adquirida. O Pronunciamento Técnico do CPC 15 (R1) prevê exceções aos princípios de reconhecimento e mensuração, vejamos essas exceções: Passivo Contingente Um passivo contingente assumido deverá ser reconhecido, se for uma obrigação presente, resultantede um evento passado e seu valor justo puder ser mensurado confiavelmente. 53 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Tributos sobre o lucro O adquirente deve reconhecer os efeitos potenciais de diferenças temporárias e de prejuízos fiscais da entidade adquirida existentes na data da aquisição e também daquelas originadas na aquisição. Benefícios a empregados A adquirente deve recenhecer e mensurar o ativo ou o passivo relacionado aos contratos da adquirida relativos a benefícios a empregados. Ativos de indenização O vendedor pode ser obrigado a idenizar o adquirente pelo resultado de uma incerteza ou contingência relativa a todo ou parte de seu ativo ou passivo. O adquirente deverá receconhecer então um ativo por indenização e também o item objeto da indenização. Direito readquirido O valor de direito readquirido deve ser mensurado pelo adquirente e reconhecido como ativo intangível. Transações com pagamento baseado em ações Um passivo pode ser mensurado em relação ao pagamento baseado em ações da adquirida na data da aquisição. Ativo mantido para venda Um ativo mantido para venda pela adquirente deve ser mensurado pelo valor justo menos as depesas necessárias para venda. 54 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Por fim, devem ser reconhecidos e mensurados o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou, se houver, o ganho proveniente de compra vantajosa. Vejamos, a seguir, como ocorre esse reconhecimento e como eles são mensurados. 2.3.1.1 ÁGIO POR RENTABILIDADE FUTURA Em determinados negócios, o adquirente pode pagar um valor acima do que vale os ativos líquidos da entidade adquirida, quando isso ocorre estamos diante do chamado ágio por rentabilidade futura. O maior valor que é pago decorre de uma expectativa existente, por parte daquele que está adquirindo o negócio, de uma rentabilidade futura que pode ser obtida com o negócio. O ágio por expectativa de rentabilidade futura, também chamado de Goo- dwill, é um ativo que representa a expectativa de benefícios econômicos fu- turos resultantes de ativos adquiridos em uma combinação de negócios. Esse valor dos ativos não pode ser individualmente identificado e separadamente reconhecido. Segundo o CPC 15 (R1) (2011), reconhecimento do goodwill ocorre na data da aquisição pelo valor da diferença positiva entre: a. a soma: (i) da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida; (ii) do montante de quaisquer participações de não controladores na ad- quirida; (iii) no caso de combinação de negócios realizada em estágios, o valor jus- to, na data da aquisição, da participação do adquirente na adquirida ime- diatamente antes da combinação. b. o valor líquido, na data da aquisição, dos ativos identificáveis adquiri- dos e dos passivos assumidos. O cálculo do ágio por rentabilidade futura pode ser entendido também, de uma maneira mais simplificada, pela diferença entre o custo de aquisição e o valor justo do investimento. 55 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O custo de aquisição do investimento é o valor que a investidora paga pela aquisição do negócio. Já o valor justo do investimento é equivalente ao proporcional do valor justo do montante do patrimônio da investida que foi adquirido pela a investidora. O valor justo do investimento vai considerar a proporção de participação do controle adquirido, por exemplo: se uma investidora adquiriu 90% do patri- mônio em uma investida e o patrimônio dessa última, na data da aquisição, estivesse estipulado a um valor justo de R$ 1.000, então o valor justo do inves- timento é de R$ 900 (R$ 1.000 x 90% = R$ 900). Lembre-se aluno de que o valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo, em uma transação não forçada entre participantes do mercado, na data de mensuração. O valor justo é o mesmo que o valor de mercado quando o mercado está disposto a pagar pelo investimento. Além do Goodwill existente no investimento, pode haver investimentos que ocorre a Mais Valia. A Mais valia representa a diferença positiva entre valor justo do investimento e o valor contábil do investimento. O seja, ela ocorre quando o valor justo é superior ao valor contábil do investimento que está sendo adquirido. Vejamos agora um exemplo para facilitar a compreensão. A companhia Alfa adquiriu 100% da companhia Beta por R$ 90.000. O valor justo do patrimônio líquido da Cia Beta é de R$ 70.000 e o seu valor contábil é de R$ 60.000. Desse modo, qual o valor do Goodwill e da Mais-valia gerada no investimento? GOODWILL = 90.000 – 70.000 = 20.000 Mais – valia = 70.000 – 60.000 = 10.000 56 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONTABILIDADE AVANÇADA Nas contas individuais da investidora, a Mais-valia e o Goodwill são classificados no ativo não circulante, mais especificamente no subgrupo de investimentos, em subcontas específicas para cada uma. Já no balanço consolidado, a Mais- -valia será eliminada contra os ativos e passivos que lhe deram origem e o Goodwill será transferido para o intangível, ficando em conta específica. Desse modo, no Balanço Patrimonial o exemplo anterior fica assim representado: BALANÇO PATRIMONIAL DA INVESTIDORA ALFA ATIVO Ativo não circulante Investimentos Participação em Beta Valor contábil do investimento 60.000 Mais Valia 10.000 Goodwill 20.000 Total 90.000 Fonte: Elaborada pela autora (2020) #PraCegoVer A tabela apresenta o subgrupo investimentos do Balanço Patrimonial da investidora Alfa. Nele, consta o valor contábil do investimento (R$ 60.000), o valor da Mais-valia (R$ 10.000), valor do Goodwill (R$ 20.000), e o total (R$ 90.000) que é equivalente à soma dos três. E se no lugar de 100%, a Cia Alfa tivesse adquirido 60% da Cia Beta? Então, terí- amos os seguintes cálculos para o ágio por rentabilidade futura e a Mais valia: GOODWILL = 90.000 – 42.000 = 48.000 Mais – valia = 42.000 – 36.000 = 6.000 Onde, 42.000 = 60% x 70.000, e 36.000 = 60% x 60.000 Teríamos ainda os seguintes lançamentos: Débito: Investimentos 36.000 Débito: Investimentos – Mais Valia 6.000 Débito: Investimento – Goodwill 48.000 Crédito: Disponibilidades 90.000 57 CONTABILIDADE AVANÇADA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Todos os cálculos efetuados para o reconhecimento do custo de aquisição, Mais valia e Goodwill devem ser informados e justificados nas notas explicati- vas. Vale ressaltar ainda que o Goodwill não é amortizado, pois tem a sua vida útil indefinida. Contudo, ele deve ser submetido ao teste de impairment que vai apurar o seu valor recuperável. 2.3.1.2 COMPRA VANTAJOSA A compra vantajosa, também chamada de deságio ou menos valia, corres- ponde à diferença positiva entre o valor justo dos ativos líquidos da investida e o custo de aquisição pago pela investidora. Para o cálculo da compra vanta- josa também se considera o valor proporcional adquirido pela investidora no patrimônio do negócio adquirido. E vamos de exemplo para fixar melhor esse conceito. Suponha que a Cia Alfa comprou 100% da Cia Beta. O valor pago pelo investimento, também chama- do de custo de aquisição, foi de R$ 600.000. Além disso, sabe-se que o valor justo dos ativos líquidos da investida era de R$ 700.000. Qual o valor do ganho com a compra vantajosa? Compra vantajosa – 700.000 – 600.000 = 100.000 A compra vantajosa representa ganho para a investidora e deve ser reconhe- cida no resultado do período, na data da aquisição. Desse modo, ela impacta o resultado do exercício e não figurará no Balanço. O CPC 15 (R1)
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