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DEFINIÇÃO DE TRABALHO: FORMAS DE ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL DO TRABALHO Trabalho – um dos fatores de produção, é toda atividade humana voltada para a transformação da natureza, com o objetivo de satisfazer uma necessidade. O trabalho é uma condição específica do homem e, desde suas formas mais elementares, está associado a um certo nível de desenvolvimento dos instrumentos de trabalho (grau de aperfeiçoamento das forças produtivas) e da divisão da atividade produtiva entre os diversos membros de um agrupamento social. O trabalho assalariado é típico do modo de produção capitalista, no qual o trabalhador, para sobreviver, vende ao empresário sua força de trabalho em troca de um salário. Essa forma de trabalho foi analisada por Marx e Engels, partindo do conceito de “valor-trabalho” elaborado por David Ricardo e Adam Smith. Segundo esse conceito, o trabalho incorporado ao produto é o elemento comum a toda espécie de mercadoria, fenômeno que determina as relações de troca. Na análise marxista, a capacidade de trabalho recebe a denominação de trabalho abstrato, e sua realização prática na produção é o trabalho concreto. A medida para avaliar o trabalho concreto, incorporado, é dada pelo tempo social necessariamente gasto na produção da mercadoria. E isso, ainda segundo Marx, é dado não apenas pelo trabalho individual, mas sobretudo pelo trabalho social, em determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas. Elemento essencial na medida do valor das mercadorias, o trabalho necessariamente social é o eixo em que se estrutura a teoria da mais-valia de Marx (SANDRONI, 1999, p. 609). Trabalho [...] todo esforço físico, ou mesmo intelectual, na intenção de realizar ou fazer coisa. No sentido econômico e jurídico, porém, trabalho não é simplesmente tomado nesta acepção física: é toda ação, ou esforço, ou todo desenvolvimento ordenado de energias do homem, sejam psíquicas, ou sejam corporais, dirigidas com um fim econômico, isto é, para produzir uma riqueza, ou uma utilidade, suscetível de uma avaliação, ou apreciação monetária. Assim, qualquer que seja a sua natureza, e qualquer que seja o esforço que o produz, o trabalho se reputa sempre um bem de ordem econômica, juridicamente protegido (DE PLÁCIDO E SILVA, 1978, p. 1573). Para o direito, o que caracteriza uma relação de trabalho são a comprovada existência dos seguintes elementos: • Pessoalidade: o contrato de trabalho exige uma relação entre empregador e empregado que deve ser pessoa física como determina a CLT. O trabalho deve ser desempenhado pela própria pessoa física contratada, ou seja, não pode ser substituída por outra. • Não eventualidade ou habitualidade: esse elemento se refere à continuidade da prestação de trabalho pela pessoa física a seu empregador, ou seja, há exigência de que a relação entre as partes se prolongue no tempo. Em 2017, a Reforma Trabalhista ocorrida no Brasil regulou a existência de trabalho eventual, conforme veremos mais à frente. • Subordinação: o empregado recebe orientações e diretrizes profissionais do empregador e deve cumpri-las na execução do trabalho. Nenhum empregado estará obrigado a cumprir ordens que o coloquem em risco ou que ofendam sua integridade física, psicológica ou moral. • Onerosidade: o empregado deve receber salário pelos serviços prestados ao empregador. É um direito do trabalhador e um dever do empregador. • Alteridade: quem assume os riscos do êxito ou fracasso da atividade econômica é o empregador conforme estipulado no artigo 2º da CLT. O empregado não pode correr riscos decorrentes da atividade econômica, ou seja, sua remuneração não pode estar condicionada ao sucesso da atividade empresarial do empregador ainda que, em alguns casos, parte da remuneração possa ser paga com repartição dos resultados positivos como acontece no pagamento de comissões pela venda de produtos ou serviços. Mas isso não pode ocorrer de forma integral porque, se for assim, não estará caracterizada a relação de emprego. A lei permite a contratação de empregados de formas diferentes como, por exemplo, aprendiz, empregado em domicílio, em regime de teletrabalho, empregado doméstico, empregado rural, trabalhador temporário, trabalhador avulso, trabalhador eventual, estagiário e trabalhador autônomo. As novidades implementadas no direito brasileiro pela Reforma Trabalhista de 2017 são: Empregado em regime de teletrabalho: o teletrabalho não se resume ao trabalho realizado pelo empregado em seu domicílio porque pode ser prestado em outros lugares como, por exemplo, em coworking ou espaços de compartilhamento que são criados para que as pessoas possam compartilhar os equipamentos necessários para seu trabalho (computadores, impressoras, água, luz, sala de reuniões, bancadas de escritório etc.). Trabalhador por tempo parcial:Esse regime de trabalho foi modificado pela entrada em vigor da Reforma Trabalhista de 2017. O artigo 58-A da CLT, alterado pela reforma, define trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a 30 horas semanais sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a 26 horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. As férias dos empregados em regime parcial serão concedidas em períodos que vão de 12 a 30 dias, a depender do número de faltas do empregado durante o período aquisitivo. Os empregados contratados em tempo parcial também poderão converter 1/3 do período de férias em abono pecuniário. No tocante às horas extras, os trabalhadores em regime de até 30 horas semanais não poderão realizá-las e os em jornada de 26 horas poderão realizar no máximo 6 horas extras por semana. De acordo com a lei, o salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada em relação aos empregados que cumpre, nas mesmas funções, tempo integral. O objetivo da lei é garantir a proporcionalidade dos salários entre trabalhadores em regime de tempo integral com aqueles em regime de tempo parcial. Formas de organização empresarial A primeira forma de organização empresarial ou industrial mais conhecida e estudada foi chamada de modelo fordista ou, simplesmente, fordismo. Foi criada por Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, empresa norte- americana criada em 1914. Esse sistema foi utilizado por grande parte das indústrias no século XX, especialmente entre os anos 1920 e 1970, tornando-se bastante conhecido e estudado. As principais características do método fordista de produção industrial são: • produção em massa, produzir cada vez mais com menor custo e aumento de lucro; • trabalho em linhas de montagem automatizadas, modelo de esteiras rolantes, com processos de produção padronizados que permitiam a aceleração da produção e o barateamento dos custos; • trabalhadores especializados em uma única atividade e que não conhecem o processo integral de produção e, em consequência, aceleração da produção e alienação do trabalhador; • produção acelerada viabiliza menor tempo para o produto chegar ao mercado de consumo. Frederick Taylor, norte-americano, engenheiro, que escreveu importante obra denominada Os princípios da administração científica, publicada em 1911. Taylor viveu no período entre 1856 e 1915 e influenciou de tal forma os modelos de produção do século XIX que é reconhecido como o pai da administração científica. Tinha uma grande vantagem para construir suas análises e estudos: ele havia começado sua vida profissional como operador de máquinas e cursou engenharia no período noturno. Pode, portanto, aliar a experiência prática com o conhecimento científico, o que viabilizou as propostas do que, mais tarde, seriam conhecidas como sistema taylorista ou, simplesmente, taylorismo. As principais características do taylorismo são: • utilizarsempre métodos científicos testados no processo de produção e abandonar os métodos empíricos e improvisados; • selecionar os trabalhadores a partir de suas melhores aptidões e treiná-los para desempenhar sua tarefa; • exercer rigoroso controle sobre o trabalho executado para verificar se estão sendo atendidas as regras determinadas; • criar uma disciplina para a execução do trabalho, ou seja, etapas que deverão ser rigorosamente cumpridas; • singularizar as funções dos trabalhadores, de forma que cada um execute apenas uma tarefa do processo de produção industrial. Três profissionais da área da indústria automobilística japonesa estudaram o sistema de produção fordista e concluíram que era possível modificá-lo para aumentar a produção e diminuir significativamente os custos, grande objetivo que norteava os estudos que eles estavam fazendo. Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013) apresentaram seus estudos para a fábrica automotiva Toyota que decidiu implementar o sistema. O Toyotismo tem por objetivo a sincronia entre o fornecimento de matéria-prima, a produção dos veículos e a distribuição para o mercado consumidor. Seus pontos fundamentais são, portanto, rapidez, flexibilidade e pontualidade. Criaram um sistema que ficou conhecido como just-in-time, ou seja, “no tempo certo”. Os fornecedores de matéria-prima deveriam concordar em produzir dessa forma, sem venda antecipada de grande quantidade de componentes, mas com fornecimento apenas no momento da fabricação do veículo. Assim, podemos resumir o sistema de produção toyotista a partir das seguintes características: • produção a partir da existência de demanda; • redução dos estoques ou estoques flexíveis; •diversificação de produtos distribuídos para o mercado; • uso intensivo de tecnologia principalmente na automação das etapas de produção; • uso de mão de obra multifuncional e qualificada
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