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T001: ADOÇÃO INICIAL DA LEI Nº. 11.638/07 E DA LEI Nº 11.941/09 Nesta unidade temática, você vai aprender: A compreender os motivos para adoção das Normas Internacionais de Contabilidade. Com o desenvolvimento dos mercados globalizados, a contabilidade passa ser a linguagem de comunicação entre as diversas empresas e entre os diversos países, em uma linguagem não uniforme, devido às diferentes regras contábeis de cada nação. Nesse sentido, os padrões internacionais de contabilidade vêm a minimizar tais diferenças com a finalidade de melhorar a comparabilidade entre as empresas e para que as informações possam ser mais úteis e compreendidas em qualquer parte do mundo. No Brasil, esse movimento se deu com o advento da Lei 11.638/07, pela qual o Brasil passou a adotar as chamadas “Normas Internacionais de Contabilidade” que, desde então, passaram a reger a contabilidade societária vigente em nosso país, da mesma forma que em outras 166 jurisdições. Contexto da Internacionalização da Contabilidade Por ser uma ciência social aplicada, a Contabilidade é fortemente influenciada pelo meio em que está inserida. Os fatores sociais, econômicos, tecnológicos, políticos, entre outros, têm impacto direto nas práticas contábeis. Por consequência, a linguagem adotada para evidenciação da informação contábil acaba não sendo homogênea e apresentando variações, devido às diferentes práticas contábeis existentes entre os países do mundo. Essas diferenças de práticas contábeis são geralmente observadas quando as demonstrações contábeis de uma determinada empresa são preparadas de acordo com as normas contábeis de outro país. Um exemplo clássico é a empresa alemã Daimler Benz AG, que, nas demonstrações de 1993, exibia um lucro de US$ 370 milhões pelas regras locais alemãs. Contudo, ao elaborar as mesmas demonstrações pelas normas norte-americanas (US-GAAP), exibiu um prejuízo de US$ 1 bilhão. Inegavelmente, isso constitui um motivo de desconforto para a empresa e seus investidores, que ficam em dúvida sobre o verdadeiro valor da companhia. O desenvolvimento de um mercado de capitais mundial fica, dessa forma, prejudicado pela existência de desarmonização contábil, conforme evidencia o caso da Daimler-Benz AG. Além disso, essa limitação também ocorre pelo fato de as empresas terem que expressar e ajustar suas demonstrações segundo certas normas contábeis para poderem ofertar seus títulos em outras bolsas do mundo. Tudo isso provoca dispêndios de tempo e de dinheiro. A desarmonização prejudica também a análise dos usuários dessas demonstrações, pois não há comparabilidade. Assim, os usuários precisam conhecer primeiro as características das normas contábeis locais para poderem analisar e decidir com mais suporte. Nesse sentido, surge um movimento internacional de harmonização das normas contábeis pelos principais organismos mundiais de contabilidade, com o objetivo de estabelecer um conjunto de normas contábeis, a fim de reduzir as diferenças entre os padrões contábeis entre os diferentes países, aumentando a comparabilidade das informações contábeis em nível mundial reportadas pelas entidades, contribuindo com o fluxo de investimento internacional entre as organizações e reduzindo os custos de divulgação das informações contábeis. Harmonização versus Padronização Contábil O processo de harmonização das normas contábeis tem como intenção aproximar e possibilitar comparações entre as demonstrações contábeis, sendo ainda flexível, preservando as particularidades inerentes a cada país, convergindo extremos e universalizando procedimentos e normas de registro contábil. Já a padronização contábil é mais rigorosa, pois busca igualar a informação e não admite flexibilidade em seus conceitos, e é a determinação de procedimentos que devem obrigatoriamente ser seguidos pelas companhias. O Brasil no Processo de Convergência O movimento teve início no ano de 2000, quando foi encaminhado à Câmara de Deputados o Anteprojeto de Lei de reforma da Lei 6.404/76 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A atual legislação brasileira necessitava adequar-se à nova realidade mundial e às normas internacionais de contabilidade. Em 13 de julho de 2007 foi publicada a Instrução CVM nº 457/07, que tornava obrigatório às companhias de capital aberto apresentar, a partir do exercício social findo em 31 de dezembro de 2010, suas demonstrações financeiras consolidadas adotando o padrão contábil internacional (IFRS – International Financial Reporting Standards), de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board – IASB, que foram trazidos para a realidade brasileira pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Em 28 de dezembro de 2007, passados sete anos de tramitação na Câmara de Deputados, o Projeto de Lei (PL) número 3.741/00 foi aprovado pelo Senado Federal e, em 28 de dezembro de 2007, foi sancionado pelo Presidente da República, tornando-se a Lei 11.638/07, que modificou a Lei 6.404/76. A contabilidade brasileira começou a derrubar as barreiras que a impediam de adotar os padrões internacionais de contabilidade. A citada Lei não significou, exatamente, adoção das normas internacionais, mas um marco inicial para o processo de convergência e início da adoção dos novos padrões na contabilidade brasileira. Assim, a Lei 11.638/07 ajudou o Brasil a seguir o caminho de diversos países e realizar mudanças nos sistemas contábeis, convergindo-os com as normas internacionais e permitindo maior comparabilidade das informações. A reformulação foi proposta com a intenção, principalmente, de se alcançar os seguintes aspectos, conforme mencionado pela CVM: corrigir impropriedades e erros da Lei societária de 1976; adaptar a Lei às mudanças sociais e econômicas decorrentes da evolução do mercado; fortalecer o mercado de capitais, mediante implementação de normas contábeis e de auditoria internacionalmente reconhecidas. Um dos maiores desafios enfrentados neste processo foi a desvinculação da nossa contabilidade societária dos aspectos tributários, pois nossas normas eram extremamente conservadoras, justamente derivada do nosso complexo sistema tributário. Em dezembro de 2008, 11 meses após a entrada em vigor da nova Lei, editou-se a Medida Provisória 449/08 (MP) para corrigir algumas falhas apresentadas, principalmente tendo em vista o conflito com o imposto de renda e o código civil, transformada na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009. A Lei 11.941/09 criou o Regime Tributário de Transição, que basicamente resolveu o conflito com o imposto de renda: nenhuma alteração oriunda do processo de convergência às Normas Internacionais de Contabilidade deveria gerar impactos tributários. O objetivo central da Lei 11.638/07 e da Lei 11.941/09 foi o de atualizar a legislação societária brasileira, possibilitando a convergência das práticas contábeis adotadas no Brasil com as normas internacionais de contabilidade que são emitidas pelo International Accounting Standards Board – IASB, e permitir que novas normas e procedimentos contábeis sejam expedidos pela CVM com base nas normas internacionais de contabilidade. Essas alterações foram desde os demonstrativos contábeis obrigatórios até uma mudança de paradigmas, em que nossa contabilidade é desvinculada dos fins fiscais. Agora temos muito clara uma contabilidade societária com foco nas informações apresentadas aos usuários da contabilidade, e, em separado, uma apuração fiscal conforme as regras estabelecidas pela Receita Federal do Brasil. Na prática, em razão dos seguintes fatores: i) a tradução das IFRSs e dos IASs em vigor pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC; ii) a normatização desses pronunciamentos pelos órgãos competentes pela regulação da contabilidade financeira no Brasil, através da Comissão de Valores Mobiliários – CVM e do Conselho Federalde Contabilidade - CFC; e iii) negociação entre empresas e governo sobre a questão da neutralidade tributária oriunda dos ajustes decorrentes da adoção das normas internacionais de contabilidade, resultando na Lei 11.941/09, que entrou em vigor em 2010, e com a edição da Medida Provisória 627, em novembro de 2013, que foi convertida na Lei 12.973, de maio de 2014, às primeiras demonstrações financeiras elaboradas pelas companhias abertas brasileiras no padrão full IFRS foram publicadas apenas no período findo em 31 de dezembro de 2010. Dessa maneira, foi somente a partir dessas demonstrações financeiras de 2010, publicadas em 2011, que essas companhias passaram a declarar conformidade com o IFRS em suas demonstrações financeiras consolidadas e em conformidade com os CPCs em suas demonstrações financeiras individuais, e os auditores independentes passaram a opinar que as demonstrações financeiras [...] apresentam adequadamente [...] a posição patrimonial e financeira [...], o desempenho consolidado de suas operações e os seus fluxos de caixa [...], de acordo com as normas internacionais de relatório financeiro (IFRS) emitidas pelo International Accounting Standards Board – IASB, e com práticas contábeis adotadas no Brasil. De acordo com o pronunciamento técnico CPC 37 (R1) - Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade, que faz correlação com o IFRS 1, First-time Adoption of Internacional Financial Reporting Standards, o procedimento contábil apropriado à adoção das normas internacionais de contabilidade pela primeira vez requer a elaboração e apresentação de um balanço patrimonial de abertura em IFRS do período mais remoto para o qual a entidade apresenta informação contábil comparativa. Portanto, a entidade deve reconhecer e mensurar ativos, passivos e patrimônio líquido na data de transição em conformidade com o IFRS. Sabendo-se que o primeiro conjunto completo de demonstrações contábeis elaboradas pelas companhias abertas brasileiras se refere ao exercício findo em 31 de dezembro de 2010 e que as empresas precisaram reapresentar pelo menos um ano retroativo em conformidade com o IFRS para fins de comparabilidade, a data de transição foi 1º de janeiro de 2009. Dessa forma, em 2011 as companhias publicaram as demonstrações contábeis de 2010 e de 2009 em conformidade com o IFRS, tendo reconhecido os ajustes de transição em contrapartida do patrimônio líquido na data de transição, em 1º de janeiro de 2009. T002: ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO CONTÁBIL-FINANCEIRO Neste capítulo, a abordagem centra-se na Estrutura Conceitual e sua relevância para convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. As Normas Internacionais de Contabilidade são elaboradas pelo International Accounting Standard Board (IASB), que é oórgão normalizador independente da Fundação IFRS. Seus membros são responsáveis pelo desenvolvimento e publicação das International Financial Reporting Standards (IFRS) e pela aprovação de interpretações das IFRS desenvolvidas pelo Comitê de Interpretações IFRS. No Brasil, o marco legal para o processo de harmonização às normas internacionais de contabilidade foi a promulgação da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007, com a mudança da Lei das Sociedades por Ações, 6404/76, pois possibilitou à contabilidade brasileira adesão aos padrões internacionais, mais especificamente, aos padrões definidos pelo IASB. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, criado pela resolução CFC 1.055/05, foi concebido pela união de esforços e comunhão de objetivos da Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC), Bolsa de Valores de São Paulo (BM & Bovespa), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) e Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), que tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos, suas interpretações e orientações sobre procedimentos de contabilidade societária e divulgação de informações dessa natureza que permitam a emissão de normas pelas entidades reguladoras brasileiras. O CPC 00 foi recepcionado pelo CFC em 2011, e tem como propósito alinhar as práticas contábeis brasileiras às preconizadas internacionalmente e, neste contexto, apresenta os conceitos basilares para convergência das normas contábeis aos padrões internacionais. Em 1° de novembro de 2019, a Coordenadoria Técnica do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tornou pública a aprovação do PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 00 (R2), que passou a viger a partir de janeiro de 2020. Assim, a Estrutura Conceitual institui as bases para pronunciamentos que contribuem com a transparência, ao aperfeiçoar a comparabilidade internacional e a qualidade de informações financeiras, fortalecendo a prestação de contas com a redução da lacuna existente entre provedores de capital e tomadores desse capital. Os pronunciamentos elaborados com suporte na Estrutura Conceitual fornecem informações sobre quão eficiente e eficazmente a administração cumpre suas responsabilidades no uso dos recursos econômicos da entidade. Favorece a eficiência econômica auxiliando investidores na identificação de oportunidades e riscos no mundo, o que concorre para melhorar a alocação de capital. Para os negócios, a utilização de linguagem contábil confiável reduz o custo de capital e os custos de relatórios internacionais. Esses pronunciamentos como fonte de informações mundialmente comparáveis são de vital importância para os órgãos reguladores mundiais. 1 Relatório financeiro para fins gerais: objetivo Considerando o texto da norma, ou seja, do CPC 00 (R2), o objetivo revela-se como base da estrutura conceitual e as características qualitativas de informações financeiras úteis a condição restritiva de custo sobre tais informações. O conceito de entidade que relata a informação, reconhecimento e desreconhecimento, mensuração e divulgação são decorrência lógica do objetivo. Nesse contexto, define que o objetivo do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações financeiras sobre a entidade que reporta e sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade. Evidencia que são decisões envolvendo: a) Comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; b) Conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou c) Exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. Em análise, destaca que essas decisões dependem dos retornos que os existentes e potenciais investidores, credores por empréstimos e outros credores esperam e exemplifica como: dividendos, pagamentos de principal e juros ou aumentos no preço de mercado. As expectativas dos investidores, credores por empréstimos e outros credores quanto aos retornos dependem de sua avaliação do valor, da época e da incerteza (perspectivas) de futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade. Dependem também de sua avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. Investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, precisam de informações para ajudá-los a fazer essas avaliações. Outro destaque da norma coloca que investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, para validar suas avaliações precisam de informações, sobre: a) Os recursos econômicos da entidade, reivindicações contra a entidade e alterações nesses recursos e reivindicações; b) A eficiência e eficácia da administração e do órgãode administração da entidade no cumprimento de suas responsabilidades sobre o uso dos recursos econômicos da entidade. No pronunciamento, destaca-se que investidores, credores por empréstimos e outros credores potenciais e existentes não podem exigir que as entidades forneçam informações de forma direta a eles. Tem de se basear em relatórios financeiros para fins gerais e isso os caracteriza como principais usuários aos quais se destinam os relatórios financeiros. Os mencionados relatórios financeiros não fornecem e sequer podem fornecer a totalidade das informações financeiras que esses usuários necessitam e, para tanto, precisam considerar informações concernentes, de outras fontes para suprir a necessidade dessas informações. Relatórios financeiros para fins gerais não têm como propósito apresentar o valor da entidade que reporta, e sim fornecer informações que contribuam para auxiliar aos usuários na estimativa do valor da entidade que reporta. Usuários primários individuais necessitam e aspiram informações distintas e com possibilidades de serem conflitantes. No desenvolvimento dos pronunciamentos, a busca centra-se no fornecimento de informações que atendam à necessidade do maior número de principais usuários (CPC 00 (R2)). Consoante ao CPC 00 (R2)), a administração da entidade também tem interesse em informações financeiras sobre a entidade, mas não tem necessidade de ter como suporte os relatórios financeiros para fins gerais, pois a ela é oportunizada obter internamente as informações de que precisa. Reguladores e o público também podem fazer uso de relatórios financeiros para fins gerais, mas a Norma esclarece que, na sua essência, não são direcionados a esses grupos. Em grande medida, conforme a norma, relatórios financeiros assentam-se em estimativas, julgamentos e modelos e não em representação exata e a Estrutura Conceitual define os conceitos subjacentes a essas estimativas, julgamentos e modelos. Conceitos são: a meta que os responsáveis pela elaboração se esmeram para atingir. Ressalta-se na norma que a visão da Estrutura Conceitual de relatório financeiro ideal é improvável de ser atingida, nomeadamente, no curto prazo, pois demanda tempo compreender, aceitar e implementar novos formatos de análises das transações e outros eventos. Entretanto, estabelecer uma meta a ser atingida é essencial para evolução do relatório financeiro com a finalidade de aperfeiçoar sua utilidade. 2 Características qualitativas de informações financeiras úteis Relatórios financeiros fornecem informações sobre os recursos econômicos da entidade que reporta, reivindicações contra a mesma entidade e os efeitos de transações e outros eventos e condições que alteram esses recursos e reivindicações. Na Estrutura Conceitual, as informações são referenciadas como informações sobre os fenômenos econômicos. Existem relatórios financeiros que incluem também material explicativo sobre as expectativas e estratégias da administração para a entidade que reporta e outros tipos de informações prospectivas. As características qualitativas de informações financeiras úteis se aplicam a informações financeiras fornecidas nas demonstrações contábeis, bem como a informações financeiras fornecidas de outras formas. O custo, que é uma restrição generalizada sobre a capacidade da entidade que reporta de fornecer informações financeiras úteis, se aplica de forma similar. Contudo, as considerações, ao se aplicarem as características qualitativas e a restrição de custo, podem ser diferentes para tipos diferentes de informações. Por exemplo, aplicá-las a informações prospectivas pode ser diferente de aplicá-las a informações sobre recursos econômicos e reivindicações existentes e a alterações nesses recursos e reivindicações. (CPC 00 (R 2)item 2.3) Informação contábil financeira relevante é a capacidade que essa informação tem de fazer a diferença na tomada de decisão e representar com fidedignidade implica representar o que se propõe representar. Para ser fidedigna, a informação precisa ser completa, neutra e livre de erro. A utilidade das informações financeiras é ampliada se forem comparáveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis. Características qualitativas fundamentais Em análise ao CPC 00 (R2), tem-se que as características qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna. A figura, na sequência, ilustra as características qualitativas fundamentais das informações financeiras úteis. Figura 1: Características qualitativas Fundamentais. A figura a seguir ilustra os atributos da relevância. Figura 2: Atributos da relevância. Informações financeiras relevantes devem ser capazes de fazer diferença nas decisões tomadas pelos usuários. Informações podem ser capazes de fazer diferença em uma decisão, ainda que alguns usuários optem por não utilizá-las ou já tenham conhecimento delas a partir de outras fontes. Informações financeiras são capazes de fazer diferença em decisões se tiverem valor preditivo, valor confirmatório ou ambos, pois informações que possuem valor preditivo, muitas vezes, possuem também valor confirmatório Informações financeiras têm valor preditivo se podem ser utilizadas como informações em processos empregados pelos usuários para prever resultados futuros. Informações financeiras não precisam ser previsões ou prognósticos para ter valor preditivo. Informações financeiras com valor preditivo são aplicadas por usuários ao fazer suas próprias previsões. Informações financeiras têm valor confirmatório se fornecem feedback sobre avaliações anteriores (CPC 00 (R2)). Informação material significa que sua omissão, distorção ou obscuridade pode influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários de relatórios financeiros para fins gerais tomam com base nos relatórios. De outro modo, materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade. Tem como base a natureza, magnitude ou ambas, itens aos quais as informações se referem no contexto do relatório financeiro da entidade individual. Como consequência, não se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que pode ser material em uma situação específica. A figura, na sequência, apresenta os atributos da representação fidedigna. Figura 3: Atributos da representação fidedigna. Relatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras e números e, para serem úteis, informações financeiras devem representar fenômenos relevantes e também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que buscam representar. Para representar de forma perfeitamente fidedigna, a representação deve ter três atributos: completa, neutra e isenta de erros. Representação fidedigna inclui todas as informações necessárias para que o usuário tenha a compreensão dos fenômenos que estão sendo representados. Já a representação neutra não pode ser tendenciosa na seleção ou apresentação das informações financeiras, não possui inclinações, é imparcial, não é enfatizada ou deixa de ser enfatizada e também não pode ser manipulada, ou seja, deve ser livre de vieses favoráveis ou desfavoráveis. A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. O exercício de prudência significa que ativos e receitas não estão superavaliados e passivos e despesas não estão subavaliados. (CPC 00 (R2) item 2.16) Do mesmo modo, conforme a norma, exercitar a prudência não permite subavaliação de ativos ou receitas, ou superavaliação de passivos ou de despesas. Divulgação com essas distorções podem conduzir à superavaliação ou subavaliação de receitas ou despesas em períodos futuros. Aplicação das características qualitativas fundamentais pressupõe que, informaçõesfinanceiras, tanto devem ser relevantes quanto fornecer representação fidedigna do que pretendem representar para serem úteis. Nem a representação fidedigna de fenômeno irrelevante, nem a representação não fidedigna de fenômeno relevante auxiliam os usuários na tomada de boas decisões. Características qualitativas de melhoria Comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade de informações que sejam tanto relevantes como forneçam representação fidedigna do que pretendem representar. As características qualitativas de melhoria podem auxiliar também na determinação qual de duas formas deve ser utilizada para representar o fenômeno caso se considere que ambas fornecem informações igualmente relevantes e representação igualmente fidedigna desse fenômeno. Considerando o CPC 00 (R2), as características qualitativas de melhoria são: Informações sobre a entidade que reporta são mais úteis se puderem ser comparadas a informações similares sobre outras entidades e similares à própria entidade no que se refere a outro período ou a outra data. Capacidade de verificação: A capacidade de verificação auxilia na garantia aos usuários que as informações representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem representar. Capacidade de verificação significa que observadores diferentes, bem informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo, de que a representação específica é representação fidedigna. Significa disponibilizar informações aos tomadores de decisões a tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões. Classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso as torna compreensíveis. Existem fenômenos, inerentemente complexos e de difícil compreensão. Excluir informações sobre esses fenômenos dos relatórios financeiros pode facilitar a compreensão das informações, entretanto, esses relatórios seriam incompletos e, portanto, possivelmente distorcidos. Aplicar as características qualitativas de melhoria é um processo iterativo que não segue uma ordem prescrita. Em algumas circunstâncias, determinada característica qualitativa de melhoria pode ter de ser diminuída para maximizar outra característica qualitativa de melhoria. 3 Demonstrações contábeis e a entidade que reporta e elementos das demonstrações contábeis Demonstrações contábeis têm por objetivo fornecer informações financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade que reporta que sejam úteis aos usuários das demonstrações contábeis na avaliação das perspectivas para futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade que reporta e na avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. (CPC 00 (R2)). Essas informações são fornecidas conforme item 3.3 da referida norma: a) No balanço patrimonial, ao reconhecer ativos, passivos e patrimônio líquido; b) Na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente, ao reconhecer receitas e despesas; e c) Em outras demonstrações e notas explicativas, ao apresentar e divulgar informações sobre: I. Ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas reconhecidos, incluindo informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes desses ativos e passivos reconhecidos; II. Ativos e passivos que não foram reconhecidos incluindo informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes deles; III. Fluxos de caixa; IV. Contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio e distribuições a eles; V. Os métodos, premissas e julgamentos utilizados na estimativa dos valores apresentados ou divulgados, e mudanças nesses métodos, premissas e julgamentos. Período de relatório, perspectiva e premissa de continuidade operacional As demonstrações contábeis são elaboradas para um período de tempo específico (período de relatório) e fornecem informações sobre: a) Ativos e passivos; b) Receitas e despesas para o período de relatório. A perspectiva adotada nas demonstrações contábeis considera que as demonstrações contábeis fornecem informações sobre transações e outros eventos observados do ponto de vista da entidade que reporta como um todo, e não do ponto de vista de qualquer grupo específico de investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes ou potenciais, da entidade. Demonstrações contábeis são normalmente elaboradas com base na hipótese de que a entidade que reporta está em continuidade operacional e continuará em operação no futuro previsível. Dessa forma, presume-se que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de entrar em liquidação ou deixar de negociar. Se existe essa intenção ou necessidade, as demonstrações contábeis podem ter que ser elaboradas em base diferente. Em caso afirmativo, as demonstrações contábeis descrevem a base utilizada. Elementos das demonstrações contábeis Os elementos das demonstrações contábeis definidos pela Estrutura Conceitual CPC 00 (R2) são: a) Ativos, passivos e patrimônio líquido que se referem à posição financeira da entidade que reporta; b) Receitas e despesas, que se referem ao desempenho financeiro da entidade que reporta. Esses elementos estão vinculados aos recursos econômicos, reivindicações e mudanças em recursos econômicos e reivindicações abordadas no capítulo um. O Quadro 1, na sequência, apresenta os elementos das demonstrações contábeis. Ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados; recurso econômico é um direito que tem potencial de produzir benefícios econômicos, a análise centra-se em três aspectos de tais definições, conforme CPC 00 (R2): Direitos que têm o potencial de produzir benefícios econômicos assumem muitas formas, incluindo: a) Direitos que correspondem à obrigação de outra parte que podem ser: direitos de receber caixa, direitos de receber produtos ou serviços, direitos de trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis e direitos de beneficiar-se de obrigação de outra parte para transferir um recurso econômico se ocorrer evento futuro incerto especificado. b) Direitos que não correspondem à obrigação de outra parte, tais como direitos sobre bens corpóreos, imobilizado ou estoques e direitos de utilizar propriedade intelectual. Passivo, consoante o CPC 00 (R2), é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. Para que exista passivo, três critérios devem ser satisfeitos: a) A entidade tem uma obrigação; b) A obrigação é de transferir um recurso econômico; e c) A obrigação é uma obrigação presente que existe como resultado de eventos passados. Ativo e passivo: unidade de conta é o direito ou o grupo de direitos, a obrigação ou o grupo de obrigações, ou o grupo de direitos e obrigações aos quais se aplicam critérios de reconhecimento e conceitos de mensuração. Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. (CPC 00 (R2)). Direitos sobre o patrimônio líquido são direitos sobre a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. De outra forma, são reivindicações contra a entidade que não atendem à definição de passivo. Essas reivindicações podem ser estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares, e incluem, na medida em que não atendem à definição de passivo: a) Ações de diversos tipos emitidas pela entidade; b) Algumas obrigações da entidade de emitir outro direito sobre o patrimônio líquido. Receitas são aumentos nos ativos ou reduções nos passivos que resultam em aumentos no patrimônio líquido,exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio. Despesas são reduções nos ativos ou aumentos nos passivos que resultam em reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio. Decorre dessas definições de receitas e despesas que contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio não são receitas, e distribuições a detentores de direitos sobre o patrimônio não são despesas. Receitas e despesas são os elementos das demonstrações contábeis que se referem ao desempenho financeiro da entidade. Os usuários das demonstrações contábeis precisam de informações tanto sobre a posição financeira da entidade como de seu desempenho financeiro. 4 Reconhecimento, desreconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação Analisando o CPC 00 (R2), tem-se que reconhecimento é o processo de captação para inclusão no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente de item que atenda à definição de um dos elementos das demonstrações contábeis, ou seja, ativo, passivo, patrimônio líquido, receita ou despesa. Reconhecimento envolve refletir o item em uma dessas demonstrações, isoladamente ou em conjunto com outros itens, em palavras e por meio do valor monetário, e incluir esse valor em um ou mais totais nessa demonstração. O valor pelo qual ativo, passivo ou patrimônio líquido é reconhecido no balanço patrimonial é referido como o seu valor contábil. A mesma norma define em seu item 5.2: O balanço patrimonial, demonstração do resultado e a demonstração do resultado abrangente refletem o ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas reconhecidos da entidade em sumários estruturados que se destinam a tornar as informações financeiras comparáveis e compreensíveis. Uma característica importante das estruturas desses sumários é que os valores reconhecidos em uma demonstração estão incluídos nos totais e, se aplicável, nos subtotais que vinculam os itens reconhecidos na demonstração. Desreconhecimento é a exclusão de parte ou da totalidade de ativo ou passivo reconhecido no balanço patrimonial da entidade. O desreconhecimento, regra geral, acontece quando esse item não atende mais à definição de ativo ou passivo: a) Para o ativo, o desreconhecimento regularmente ocorre quando a entidade deixa de ter o controle da totalidade ou de parte do ativo reconhecido; b) Para o passivo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade não possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte do passivo reconhecido (CPC 00 (R2)). Os elementos reconhecidos nas demonstrações contábeis são quantificados em termos monetários. Isso exige a seleção de uma base de mensuração. A base de mensuração é uma característica identificada que exemplificando pode ser: custo histórico, valor justo ou valor de cumprimento de item sendo mensurado. Aplicar a base de mensuração a ativo ou passivo cria uma mensuração para esse ativo ou passivo e para as respectivas receitas e despesas (CPC 00 (R2)). Bases de mensuração, consoante o CPC 00 (R2)). Fornece informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações derivadas do preço da transação ou outro evento que os originou. As mensurações ao valor atual fornecem informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações atualizadas para refletir condições na data de mensuração. É o preço que seria recebido pela venda de ativo ou que seria pago pela transferência de passivo em transação ordenada entre participantes do mercado na data de mensuração. Valor em uso e valor de cumprimento: Valor em uso é o valor presente dos fluxos de caixa ou outros benefícios econômicos que a entidade espera obter do uso de ativo e de sua alienação final. Valor de cumprimento é o valor presente do caixa, ou de outros recursos econômicos que a entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir a obrigação. O custo corrente de ativo é o custo de ativo equivalente na data de mensuração, compreendendo a contraprestação que seria paga na data de mensuração mais os custos de transação que seriam incorridos nessa data. O custo corrente de passivo é a contraprestação que seria recebida pelo passivo equivalente na data de mensuração menos os custos de transação que seriam incorridos nessa data. Ao selecionar uma base de mensuração, é necessário considerar a natureza das informações que a base de mensuração produzirá tanto no balanço patrimonial como na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. 4.2 Apresentação e divulgação como ferramentas de comunicação A entidade que relata, comunica informações sobre seus ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas apresentando e divulgando informações em suas demonstrações contábeis (CPC 00 (R2)). A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis torna essas informações mais relevantes e contribui para uma representação fidedigna de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade. Também aprimora a compreensibilidade e comparabilidade das informações nas demonstrações contábeis. A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis requer, conforme o CPC OO (R2): a) Concentrar-se em princípios e objetivos de divulgação e apresentação em vez de concentrar-se em regras; b) Classificar informações de maneira a agrupar itens similares e separar itens diferentes; c) Agregar informações de tal modo que não sejam obscurecidas por detalhes desnecessários ou por agregação excessiva. 5 Conceitos de capital e manutenção de capital Consoante ao CPC 00 (R2), a conceituação de capital financeiro é adotada pela maioria das entidades na elaboração das suas demonstrações contábeis. Considerando o conceito de capital financeiro, como caixa investido, ou poder de compra investido, capital é sinônimo de ativos líquidos ou patrimônio líquido da entidade. Considerando o conceito de capital físico, tal como capacidade operacional, o capital é apontado como a capacidade produtiva da entidade e pode ter como parâmetro, as unidades de produção diária. Selecionar o conceito de capital adequado para a entidade deve ter como base as necessidades dos usuários das demonstrações contábeis. Nesse contexto, se os usuários tiverem interesse na manutenção do capital nominal investido ou no poder de compra do capital investido, o conceito de capital financeiro deve ser adotado. Se, no entanto, os interesses dos usuários estiverem centrados na capacidade operacional da entidade, o conceito a ser adotado é o de capital físico. O conceito escolhido indica o objetivo a ser alcançado na determinação do lucro, mesmo que existam dificuldades de mensuração ao operacionalizar o conceito (CPC 00 (R2)). Conceitos de manutenção de capital e determinação do lucro Os conceitos de capital originam os seguintes conceitos de manutenção de capital, em conformidade com o CPC 00 (R2), 2019, item 8.3): a) Manutenção de capital financeiro Sob esse conceito, o lucro é auferido somente se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no final do período exceder o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no início do período, após excluir quaisquer distribuições para, e contribuições de sócios durante o período. A manutenção de capital financeiro pode ser mensurada em unidades monetárias nominais ou em unidades de poder aquisitivo constante. b) Manutenção de capital físico Sob esse conceito, o lucro é auferido somente se a capacidade produtiva física (ou capacidade operacional) da entidade (ou os recursos ou fundos necessários para alcançar essa capacidade) no final do período exceder a capacidade produtivafísica no início do período, após excluir quaisquer distribuições para, e contribuições de sócios durante o período. Dessa forma, para a mesma norma, o conceito de manutenção de capital concerne à forma pela qual a entidade define o capital que busca manter. O capital representa um elo entre os conceitos de capital e os conceitos de lucro, já que apresenta um ponto de referência para a mensuração de lucro. É condição essencial para distinguir retorno sobre o capital da entidade e seu retorno de capital. Apenas os ingressos de ativos que excedam os montantes necessários para manutenção do capital podem ser considerados como lucro, ou seja, como retorno sobre o capital. Para manutenção do conceito de manutenção do capital físico exige a adoção do custo corrente como base de mensuração. Já o conceito de manutenção de capital financeiro não requer o uso de uma base específica de mensuração, a escolha da base em conformidade com esse conceito vai depender do tipo de capital financeiro que a entidade procura manter. A principal diferença entre os dois conceitos de manutenção de capital está no tratamento dos. Em termos gerais, a entidade terá mantido o seu capital se tiver tanto capital no fim do período quanto tinha no início do período. Qualquer valor acima daquele necessário para manter o capital no início do período representa lucro. Sob o conceito de manutenção de capital financeiro, em que o capital é definido em termos de unidades monetárias nominais, o lucro representa o aumento no capital monetário nominal ao longo do período. Já sob o conceito de manutenção de capital físico, quando o capital é definido em termos de capacidade produtiva física, o lucro representa o aumento desse capital ao longo do período. T003: REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS (IMPAIRMENT) Nesta unidade temática, você vai aprender: Conhecer e aplicar o tratamento contábil do Impairment de Ativos. O Conselho Federal de Contabilidade aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 01, emitindo a NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, cujo objetivo é estabelecer procedimentos que a entidade deve aplicar para assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de recuperação. Esse Pronunciamento Técnico trata sobre um importante assunto oriundo das Normas Internacionais de Contabilidade (IAS 36 Impairment of Assets) e traz definições, fatores que ajudam a identificar se os ativos podem estar desvalorizados, tratamento do reconhecimento e mensuração das perdas e também especifica quando a entidade deve reverter um ajuste para perdas por desvalorização e estabelece as divulgações requeridas. Vamos estudá-lo! Redução ao Valor Recuperável de Ativos (impairment) Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso. É o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devam advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. É o montante pelo qual o valor contábil de um ativo ou de unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável. Unidade geradora de caixa É o menor grupo identificável de ativos que gera entradas de caixa, entradas essas que são em grande parte independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos de ativos Identificação de Ativos Desvalorizados O ativo não deve figurar nas demonstrações contábeis das entidades por valores superiores àqueles que sejam passíveis de serem recuperados através do uso em sua atividade ou pelo seu valor de venda. Os ativos de uma entidade devem ser avaliados, pelo menos na ocasião da elaboração das Demonstrações Financeiras Anuais, quando houver alguma indicação de que seus ativos ou conjunto de ativos tiveram perda econômica significativa. Caso venha a ser comprovada essa perda, a entidade deve proceder com o reconhecimento dessa eventual perda nos registros contábeis. Importante salientar quais ativos estão sujeitos à aplicação do teste de recuperabilidade ou impairmente test: Bens do Imobilizado; Investimentos; Intangível; Imóveis para fins de alocações, desde que não submetidos ao valor justo. Portanto, um ativo será submetido ao teste de impairment, sempre que houver alguma indicação de que houve desvalorização. Importante: o Goodwill e demais Intangíveis com vida única indefinida DEVEM ser testados anualmente, independentemente de existir indicação. Esses indicativos podem ser obtidos através de fontes internas e externas, como veremos a seguir, lembrando que os mesmos não são exaustivos, a entidade poderá identificar outras indicações ou fontes de informação. Evidência disponível de obsolescência ou de dano físico de um ativo; Mudanças significativas, com efeito adverso sobre a entidade, ocorreram durante o período, ou devem ocorrer em futuro próximo, na extensão pela qual, ou na maneira na qual, um ativo é ou será utilizado. Essas mudanças incluem o ativo que se torna inativo ou ocioso, planos para descontinuidade ou reestruturação da operação à qual um ativo pertence, planos para baixa de ativo antes da data anteriormente esperada e reavaliação da vida útil de ativo como finita ao invés de indefinida; Evidência disponível, proveniente de relatório interno, que indique que o desempenho econômico de um ativo é ou será pior que o esperado. Há indicações observáveis de que o valor do ativo diminuiu significativamente durante o período mais do que seria de se esperar como resultado da passagem do tempo ou do uso normal; Mudanças significativas com efeito adverso sobre a entidade ocorreram durante o período, ou ocorrerão em futuro próximo, no ambiente tecnológico, de mercado, econômico ou legal, no qual a entidade opera ou no mercado para o qual o ativo é utilizado; As taxas de juros de mercado ou outras taxas de mercado de retorno sobre investimentos aumentaram durante o período, e esses aumentos provavelmente afetarão a taxa de desconto utilizada no cálculo do valor em uso de um ativo e diminuirão materialmente o valor recuperável do ativo; O valor contábil do patrimônio líquido da entidade é maior do que o valor de suas ações no mercado. O pronunciamento técnico CPC 01 define valor recuperável como “o maior valor entre o valor justo líquido de despesas de venda de um ativo ou de unidade geradora de caixa e o seu valor em uso”. Portanto, se o valor recuperável for maior que o valor contábil, não haverá desvalorização a ser reconhecida. Agora vocês devem estar se perguntando: como estabelecer o valor líquido de venda e também o valor em uso de um ativo, para se chegar no valor recuperável? Pois bem, o valor líquido de venda de um ativo pode ser obtido através de um contrato de compra e venda realizado entre partes independentes, deduzindo-se as despesas necessárias para que essa venda ocorra, ou, quando não existir contrato, a empresa deverá olhar para o mercado ativo onde o bem é negociado ou tentar verificar e comparar operações semelhantes. Entretanto, se não for possível chegar ao valor líquido de vendas, o valor em uso pode ser utilizado como seu valor recuperável. As despesas com a baixa, exceto as que já foram reconhecidas como passivo, devem ser deduzidas ao se mensurar o valor justo líquido de despesas de alienação. Exemplos desses tipos de despesas são as despesas legais, tributos, despesas com a remoção do ativo e gastos diretos incrementais para deixar o ativo em condição de venda. Entretanto, as despesas com demissão de empregados e as associadas à redução ou reorganização de um negócio em seguida à baixa de um ativo não são despesas incrementais para baixa do ativo. Já o valor em uso é obtido através de análise financeira, através da demonstração de fluxos de caixa do ativo, tendo os seguintes elementos refletidos no cálculo: Estimativa dos fluxosde caixa futuros que a entidade espera obter com esse ativo; Expectativas acerca de possíveis variações no montante ou no período de ocorrência desses fluxos de caixa futuros; Valor do dinheiro no tempo, representado pela atual taxa de juros livre de risco; Preço pela assunção da incerteza inerente ao ativo (prêmio); Outros fatores, tais como falta de liquidez, que participantes do mercado iriam considerar ao precificar os fluxos de caixa futuros esperados da entidade, advindos do ativo. A estimativa do valor em uso de um ativo envolve os seguintes passos: a) Estimar futuras entradas e saídas de caixa derivadas do uso contínuo do ativo e de sua baixa final; e b) Aplicar a taxa de desconto apropriada a esses fluxos de caixa futuros. Mensuração do valor recuperável de ativo intangível com vida útil indefinida Lembre-se que um ativo intangível com vida útil indefinida deve ser testado, no mínimo, uma vez ao ano, comparando o seu valor contábil com seu valor recuperável, independentemente de haver, ou não, alguma indicação de que possa existir redução ao valor recuperável. Entretanto, o mais recente cálculo detalhado do valor recuperável de tal ativo, efetuado em período anterior, pode ser utilizado no teste do valor recuperável para esse ativo no período corrente, desde que todos os seguintes critérios sejam atendidos: Se o ativo intangível não gerar entradas de caixa decorrentes do uso contínuo, que são, em grande parte, independentes daquelas decorrentes de outros ativos ou de grupo de ativos, sendo o ativo, portanto, testado para fins de valor recuperável como parte de unidade geradora de caixa à qual pertence, e os ativos e passivos que compõem essa unidade não tiverem sofrido alteração significativa desde o cálculo mais recente do valor recuperável; O cálculo mais recente do valor recuperável tiver resultado em valor que exceda o valor contábil do ativo com uma margem substancial; e Baseado em análise de eventos que ocorreram e em circunstâncias que mudaram desde o cálculo mais recente do valor recuperável, for remota a probabilidade de que a determinação do valor recuperável corrente seja menor do que o valor contábil do ativo. Reconhecimento e Mensuração da Perda por Desvalorização Sempre que o valor recuperável for inferior ao seu valor contábil, uma perda deverá ser reconhecida por essa desvalorização. Se o ativo não tiver passado por nenhum processo de reavaliação (antiga reserva de reavaliação, extinta com a Lei 11.638/07), a perda irá diretamente para o Resultado do período. Nos casos dos ativos que passaram por um processo de reavaliação (aquelas empresas que mantiveram a conta no Balanço), a baixa deverá ser feita na própria conta reserva reavaliação. Se o valor recuperável do ativo for menor que o seu valor contábil, a diferença existente entre esses valores deve ser ajustada pela provisão para perdas (redutora ativo) em contrapartida ao resultado do período. No caso de ativos reavaliados, o montante da redução deve reverter uma reavaliação anterior, sendo debitada em reserva do PL. Caso essa reserva seja insuficiente, o excesso deverá ser contabilizado no resultado do período. Após o reconhecimento da perda por desvalorização, a despesa de depreciação, amortização ou exaustão dos ativos desvalorizados deve ser calculada em períodos futuros pelo novo valor contábil apurado, ajustado ao período de sua vida útil remanescente. Reversão da Perda por Desvalorização A entidade deve avaliar na data de encerramento do balanço se há alguma indicação, com base em fontes externas e internas de informação, que uma perda por desvalorização reconhecida em períodos anteriores deva ser reduzida ou eliminada. Em caso positivo, a provisão constituída deve ser revertida total ou parcialmente a crédito no resultado do período, desde que anteriormente debitada. Nos casos em que tenha sido debitada a reserva de reavaliação, essa deverá ser recomposta. Dicas Importantes: Jamais um ativo deverá ter seu valor contábil inicial aumentado em função de aumento do valor recuperável, pois isso seria uma reavaliação de ativos, o que é proibido. A reversão tem como limite as perdas já reconhecidas, ou seja, no máximo o ativo voltaria ao seu valor contábil original. Não se aplica a reversão no caso de perda no ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). O Goodwill (boa vontade ou bom será, em inglês) surge apenas em aquisição ou combinação de negócios. Ele representa o valor que uma empresa adquirente está disposta a pagar além do valor justo dos ativos e passivos da empresa que está sendo adquirida. Vejamos o exemplo abaixo: O valor contábil de qualquer empresa é obtido por meio do seu PL, que reflete tudo que a empresa tem (no ativo) menos tudo aquilo que a empresa deve (seu passivo). Em nosso exemplo, a empresa que está sendo adquirida tem contábil / PL de R$10 milhões. Durante a negociação, a empresa que está sendo adquirida passa por uma avaliação, onde especialistas fazem uma avaliação (valuation) para se chegar ao valor justo dessa empresa (que não estará refletido simplesmente pelo PL, devido ao valor dos ativos intangíveis que aquela empresa possui, como: reputação da marca, carteira de clientes etc.). Suponhamos que nessa avaliação o valor justo ou de mercado dessa empresa vale R$13 milhões. Portanto, os R$3 milhões de diferença entre o valor do PL e o Valor Justo é chamado de “Ágio”. Se, mesmo sabendo seu valor justo, a empresa adquirente resolve comprar tal empresa por um valor superior ao seu valor justo – por exemplo, R$ 15 milhões, surge o chamado “goodwill”, que é um ágio sobre a expectativa de rentabilidade futura, ou seja esse valor pago a mais do que o “ágio”, na visão da empresa adquirente, irá trazer um retorno ainda maior para ela. Nesse exemplo, a contabilização deve ser reconhecida em três parcelas distintas, valor do PL (R$10 milhões), mais o Ágio (R$3 milhões), mais o Goodwill (R$2 milhões), conforme ilustrado na figura abaixo: Figura 1: Divisão entre o Valor Contábil, o Ágio e o Goodwill. A entidade deve divulgar as seguintes informações para cada classe de ativos: a) Omontante das perdas por desvalorização reconhecido no resultado do período e a linha da demonstração do resultado na qual essas perdas por desvalorização foram incluídas; b) O montante das reversões de perdas por desvalorização reconhecido no resultado do período e a linha da demonstração do resultado na qual essas reversões foram incluídas; c) O montante de perdas por desvalorização de ativos reavaliados reconhecido em outros resultados abrangentes durante o período; d) O montante das reversões das perdas por desvalorização de ativos reavaliados reconhecido em outros resultados abrangentes durante o período. Demais divulgações necessárias devem ser pesquisadas na íntegra no pronunciamento técnico. T004: ATIVO INTANGÍVEL Nesta unidade temática, você vai aprender: A conhecer e aplicar o tratamento contábil para os ativos intangíveis. O grupo de contas denominado Intangível surgiu através da Lei 11.638/07, que estudamos no primeiro capítulo da disciplina. O Pronunciamento Técnico – CPC 04, transformado em norma pelo CFC através da NBC TG 04 – Ativo Intangível, determina como as entidades devem seguir essas novas definições para o novo tratamento contábil dos ativos intangíveis, quais os critérios para seu o reconhecimento e mensuração, bem como efetuar as divulgações específicas referentes a esses ativos. As entidades, frequentemente, despendem recursos ou contraem obrigações com a aquisição, o desenvolvimento, a manutenção ou o aprimoramento de recursos intangíveis como conhecimento científico ou técnico, projeto e implantação de novos processos ou sistemas, licenças, propriedade intelectual, conhecimento mercadológico, nome, reputação, imagem e marcas registradas. Exemplos de itens que se enquadram nessascategorias amplas são: softwares, patentes, direitos autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, listas de clientes, direitos sobre hipotecas, licenças de pesca, quotas de importação, franquias, relacionamentos com clientes ou fornecedores, fidelidade de clientes, participação no mercado e direitos de comercialização. Porém, nem todos itens descritos se enquadram na definição de Ativo Intangível. Então, vamos estudar bem o assunto! Definições e Identificação A definição utilizada no pronunciamento técnico CPC 04 para um ativo intangível é “um ativo não monetário identificável e sem substância física”, ou seja, incorpóreo. Vamos analisar essa definição por partes: ... é um ativo não monetário ... Ativo Monetário é aquele representado por dinheiro ou por direitos a serem recebidos em uma quantia fixa ou determinável de dinheiro. Logo, um dos requisitos para enquadrarmos determinado ativo como intangível é que esse ativo seja não monetário, ou seja, não deve ser representado por dinheiro ou por direitos que gerem dinheiro. Essa característica é fundamental na definição de Ativo Intangível. Esse aspecto se torna necessário porque o ativo é imaterial/incorpóreo. Os ativos corpóreos/materiais não precisam ser identificáveis porque nós conseguimos tocar, enxergar o ativo. Por outro lado, os ativos intangíveis não podem ser tocados, não os visualizamos. Logo, a característica de identificação é fundamental para a existência de um ativo intangível. Existem três características que devem ser atendidas para que um item seja identificado como ativo intangível: Ativo de ser separável, isto é, capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja individualmente ou em conjunto com um contrato, ativo ou passivo relacionado; ou, então, Resulte de direitos contratuais ou de outros direitos legais, quer esses direitos sejam transferíveis, quer sejam separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações, como, por exemplo, as concessões. Quando a entidade detém o poder de obter benefícios econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Benefícios Econômicos Futuros: Receita da venda de produtos ou serviços. Para que um item seja classificado como "Ativo Intangível", exige-se que a entidade demonstre que ele atende: a) A "Definição" de Ativo Intangível (itens 8 a 17 do pronunciamento); e b) Os critérios de "reconhecimento" (itens 21 a 23 do pronunciamento). Esse requerimento é aplicável a custos incorridos inicialmente para adquirir ou gerar internamente um Ativo Intangível e aos custos incorridos posteriormente para acrescentar algo, substituir parte ou recolocá-lo em condições de uso. Portanto, podemos concluir que não são todos os ativos intangíveis que serão reconhecidos no balanço patrimonial. Vejamos quais são esses critérios de reconhecimento: Um Ativo Intangível deve ser reconhecido apenas se: a) For provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e b) O custo do ativo possa ser mensurado com segurança. A entidade deve avaliar a probabilidade de geração dos benefícios econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis que representem a melhor estimativa da administração em relação ao conjunto de condições econômicas que existirão durante a vida útil do ativo. A entidade utiliza seu julgamento para avaliar o grau de certeza relacionado ao fluxo de benefícios econômicos futuros atribuíveis ao uso do ativo, com base nas evidências disponíveis no momento do reconhecimento inicial, dando maior peso às evidências externas. O CPC 04 informa que, às vezes, é difícil avaliar se um ativo intangível gerado internamente se qualifica para o reconhecimento, devido às dificuldades para: Identificar se, e quando, existe um ativo identificável que gerará benefícios econômicos futuros esperados; Determinar com confiabilidade o custo do ativo. Em alguns casos, não é possível separar o custo incorrido com a geração interna de ativo intangível do custo da manutenção ou melhoria do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente ou com as operações regulares (do dia a dia) da entidade. Nesse sentido, o CPC 04 estabelece que, além de atender às exigências gerais de reconhecimento e mensuração inicial de ativo intangível, a entidade deve aplicar os requerimentos e orientações a seguir a todos os ativos intangíveis gerados. Nenhum ativo intangível resultante de pesquisa deve ser reconhecido. Os gastos com pesquisa devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos. O CPC 04 explica que durante a fase de pesquisa de projeto interno a entidade não está apta a demonstrar a existência de ativo intangível que gerará prováveis benefícios econômicos futuros. Portanto, tais gastos devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos. O CPC 04 destaca os seguintes exemplos de atividades de pesquisa: a) Atividades destinadas à obtenção de novo conhecimento; b) Busca avaliação e seleção final das aplicações dos resultados de pesquisa ou outros conhecimentos; c) Busca de alternativas para materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços; d) Formulação, projeto, avaliação e seleção final de alternativas possíveis para materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou aperfeiçoados. Já os gastos com desenvolvimento devem ser reconhecidos somente se a entidade puder demonstrar todos os aspectos enumerados a seguir: a) Viabilidade técnica para concluir o ativo intangível de forma que ele seja disponibilizado para uso ou venda; b) Intenção de concluir o ativo intangível e de usá-lo ou vendê-lo; c) Capacidade para usar ou vender o ativo intangível; d) Forma como o ativo intangível deve gerar benefícios econômicos futuros. Entre outros aspectos, a entidade deve demonstrar a existência de mercado para os produtos do ativo intangível ou para o próprio ativo intangível ou, caso esse se destine ao uso interno, a sua utilidade; e) Disponibilidade de recursos técnicos, financeiros e outros recursos adequados para concluir seu desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; f) Capacidade de mensurar com confiabilidade os gastos atribuíveis ao ativo intangível durante seu desenvolvimento. Observe que o objetivo dessas exigências estabelecidas pelo CPC 04 é identificar se o ativo intangível é capaz de gerar benefícios econômicos futuros. O CPC 04 destaca os seguintes exemplos de atividades de desenvolvimento: a) Projeto, construção e teste de protótipos e modelos pré-produção ou pré-utilização; b) Projeto de ferramentas, gabaritos, moldes e matrizes que envolvam nova tecnologia; c) Projeto, construção e operação de fábrica-piloto, desde que já não esteja em escala economicamente viável para produção comercial; d) Projeto, construção e teste da alternativa escolhida de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas e serviços novos ou aperfeiçoados. Os critérios acima se aplicam à pesquisa e desenvolvimento internos. Se a empresa adquirir um projeto de pesquisa de outra empresa, deverá classificá-lo como intangível. Atenção: marcas, títulos de publicações, listas de clientes e outros itens similares, gerados internamente, não devem ser reconhecidos como ativos intangíveis. Ex: a marca Coca Cola não pode ser registrada no Balanço da Coca Cola devido ao fato de a marca ter sido gerada pela própria Coca Cola. Os gastos incorridos com marcas, títulos de publicações, listas de clientes e outros itens similares não podem ser separados dos custos relacionados ao desenvolvimento do negócio como um todo. Dessa forma, esses itens não devem ser reconhecidos como ativos intangíveis. Agora, se a Coca Cola comprar, por exemplo, a “Guaraná Antártica”, o valorpago pela marca será ativado como um intangível, pois se trata de uma aquisição separada. Logo, a Companhia Coca- Cola pode mensurar com confiabilidade o valor pago pela marca e, portanto, atende ao critério de reconhecimento. Normalmente, o preço que a entidade paga para adquirir separadamente um ativo intangível reflete sua expectativa sobre a probabilidade de os benefícios econômicos futuros esperados, incorporados no ativo, serem gerados a seu favor. Em outras palavras, a entidade espera que haverá benefícios econômicos a seu favor, mesmo que haja incerteza em relação à época e ao valor desses benefícios econômicos. Portanto, a condição de probabilidade que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade é sempre considerada atendida para ativos intangíveis adquiridos separadamente. Além disso, o custo de ativo intangível adquirido em separado pode normalmente ser mensurado com confiabilidade, sobretudo quando o valor é pago em dinheiro ou com outros ativos monetários. Ágio Derivado da Expectativa de Rentabilidade Futura Gerado Internamente Nos termos do CPC 04, o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo. O CPC 04 explica que esse ágio não é reconhecido como ativo porque não é um recurso identificável (ou seja, não é separável nem advém de direitos contratuais ou outros direitos legais) controlado pela entidade que pode ser mensurado com confiabilidade ao custo. Por fim, o Pronunciamento informa que as diferenças entre o valor justo da entidade e o valor contábil de seu patrimônio líquido, a qualquer momento, podem incluir uma série de fatores que afetam o valor justo da entidade. No entanto, essas diferenças não representam o custo dos ativos intangíveis controlados pela entidade. Segundo o CPC 04, vida útil é: a) O período de tempo no qual a entidade espera utilizar um ativo; b) O número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo. Nos termos do CPC 04, a entidade deve avaliar se a vida útil de ativo intangível é definida ou indefinida e, no primeiro caso, a duração ou o volume de produção ou unidades semelhantes que formam essa vida útil. A entidade deve atribuir vida útil indefinida a um ativo intangível quando, com base na análise de todos os fatores relevantes, não existe um limite previsível para o período durante o qual o ativo deverá gerar fluxos de caixa líquidos positivos para a entidade. A contabilização de ativo intangível baseia-se na sua vida útil. Um ativo intangível com vida útil definida deve ser amortizado, enquanto a de um ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado. Muitos fatores devem ser considerados na determinação da vida útil de ativo intangível, inclusive: a) A utilização prevista de um ativo pela entidade e se o ativo pode ser gerenciado eficientemente por outra equipe de administração; b) Os ciclos de vida típicos dos produtos do ativo e as informações públicas sobre estimativas de vida útil de ativos semelhantes, utilizados de maneira semelhante; c) Obsolescência técnica, tecnológica, comercial ou de outro tipo; d) A estabilidade do setor em que o ativo opera e as mudanças na demanda de mercado para produtos ou serviços gerados pelo ativo; e) Medidas esperadas da concorrência ou de potenciais concorrentes; f) O nível dos gastos de manutenção requerido para obter os benefícios econômicos futuros do ativo e a capacidade e a intenção da entidade para atingir tal nível; g) O período de controle sobre o ativo e os limites legais ou similares para a sua utilização, tais como datas de vencimento dos arrendamentos/locações relacionados; h) Se a vida útil do ativo depende da vida útil de outros ativos da entidade. O CPC 04 também destaca que podem existir tanto fatores econômicos como fatores legais influenciando a vida útil do ativo intangível. Os fatores econômicos determinam o período durante o qual a entidade receberá benefícios econômicos futuros, enquanto os fatores legais podem restringir o período durante o qual a entidade controla o acesso a esses benefícios. Nesse sentido, a vida útil a ser considerada deve ser a menor dos períodos determinados por esses fatores. Segundo o CPC 04, a existência dos seguintes fatores, entre outros, indica que a entidade está apta a renovar os direitos contratuais ou outros direitos legais sem custo significativo: a) Existem evidências, possivelmente com base na experiência, de que os direitos contratuais ou outros direitos legais serão renovados. Se a renovação depender de autorização de terceiros, devem ser incluídas evidências de que essa autorização será concedida; b) Existem evidências de que quaisquer condições necessárias para obter a renovação serão cumpridas; c) O custo de renovação para a entidade não é significativo se comparado aos benefícios econômicos futuros que se espera fluam para a entidade a partir dessa renovação. Caso esse custo seja significativo, quando comparado aos benefícios econômicos futuros esperados, o custo de “renovação” deve representar, em essência, o custo de aquisição de um novo ativo intangível na data da renovação. A amortização é a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado. A amortização segue a mesma lógica de contabilização da depreciação, porém, de aplicabilidade nos bens imateriais. Destaca-se que nem todos os bens do ativo intangível estão sujeitos à amortização. Assim, o fator que determina a aplicação ou não da amortização é a vida útil do intangível. Um ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado, enquanto aqueles com vida útil definida devem ser amortizados. Para os bens de vida útil indefinida aplica-se, no entanto, o teste de recuperabilidade, ao final de cada exercício social. Nos termos do CPC 04, o valor amortizável de ativo intangível com vida útil definida deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada. Início da amortização: a amortização deve ser iniciada a partir do momento em que o ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando se encontrar no local e nas condições necessárias para que possa funcionar da maneira pretendida pela administração. Término da amortização: a amortização deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda ou incluído em um grupo de ativos classificado como mantido para venda ou, ainda, na data em que ele é baixado, o que ocorrer primeiro. Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo. Assim, está claro que inicialmente o ativo intangível deve ser reconhecido pelo custo (incorrido). Após o seu reconhecimento inicial, um ativo intangível deve ser apresentado ao custo, menos a eventual amortização acumulada e a perdas acumuladas por impairment. T005: ATIVO IMOBILIZADO. Nesta unidade temática, você vai aprender Objetivo, alcance e definições do CPC 27 (R4); Reconhecimento, custos iniciais e custos subsequentes; Mensuração no reconhecimento: elementos do custo e mensuração do Custo; Depreciação. Na maioria das empresas, o Ativo Imobilizado representa um significativo percentual do total do ativo, razão pela qual a gestão eficaz deste grupo patrimonial da empresa, se reveste de fundamental importância. Estabelecer o adequado tratamento contábil para ativos imobilizados é o propósito do CPC 27(R4), de maneira que os usuários das demonstrações contábeis possam distinguir com clareza a informação sobre o investimento da entidade em seu ativo imobilizado, bem como suas alterações. Tópicos de extrema relevância a serem considerados, quando do registro contábil do ativoimobilizado são o reconhecimento dos ativos, a determinação de seus valores contábeis, os valores de depreciação e perdas por desvalorização a serem reconhecidos, relacionados a estes itens. Neste contexto, o estudo tem por finalidade evidenciar e apresentar as determinações do CPC 27 (R4) - Imobilizado, para que se tenha a compreensão do adequado tratamento do registro contábil do Ativo Imobilizado nas entidades 1 Objetivo, alcance e definições do CPC 27 (R4) O CPC 27 (R4) apresenta, inicialmente, seu objetivo, alcance e definições que vão nortear as entidades para a correta aplicação da norma no registro contábil deste ativo, permitindo aos usuários das informações contábeis o discernimento da informação sobre o investimento da entidade em seus ativos imobilizados. Em seu item 1(um), o CPC 27 (R4), define que o objetivo da norma é: O objetivo desta Norma é estabelecer o tratamento contábil para ativos imobilizados, de forma que os usuários das demonstrações contábeis possam discernir a informação sobre o investimento da entidade em seus ativos imobilizados, bem como suas mutações. Os principais pontos a serem considerados na contabilização do ativo imobilizado são o reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores contábeis e os valores de depreciação e perdas por desvalorização a serem reconhecidas em relação aos mesmos. Assim, a norma supracitada defende que os usuários das informações contábeis tenham acesso às informações sobre o ativo imobilizado da entidade, que lhes permita perceber a extensão dos investimentos neste item patrimonial. O item 2 (dois) do CPC 27 (R4) determina que a norma deve ser aplicada quando do registro contábil de ativos imobilizados, à exceção da exigência de outra norma que permita tratamento contábil diferente. Esclarece, ainda, em quais situações não deve ser utilizada. Estabelecendo os termos e os significados específicos, O CPC 27 (R4) em seu item 6 (seis): a) Planta portadora é uma planta viva que: É utilizada na produção ou no fornecimento de produtos agrícolas; É cultivada para produzir frutos por mais de um período; Tem uma probabilidade remota de ser vendida como produto agrícola, exceto para eventual venda como sucata. Valor contábil é o valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável acumuladas. Custo é o montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo de qualquer outro recurso dado para adquirir um ativo na data da sua aquisição ou construção, ou ainda, se for o caso, o valor atribuído ao ativo quando inicialmente reconhecido de acordo com as disposições específicas de outras normas, como, por exemplo, o CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações. Valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, menos o seu valor residual. Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Valor específico para a entidade (valor em uso) é o valor presente dos fluxos de caixa que a entidade espera (i) obter com o uso contínuo de um ativo e com a alienação ao final da sua vida útil ou (ii) incorrer para a liquidação de um passivo. Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. Perda por redução ao valor recuperável é o valor pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável. Ativo imobilizado é o item tangível que: É mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e Se espera utilizar por mais de um período. Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens. Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda de um ativo e seu valor em uso. Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil. Vida útil é: o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo. 2 Reconhecimento, custos iniciais e custos subsequentes Destaca o CPC 27 (R4) que o custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e tão somente se: For provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; O custo do item puder ser mensurado confiavelmente. A mesma norma determina que sobressalentes, peças de reposição, ferramentas de uso interno serão classificados como ativos imobilizados quando a entidade espera usá-los por mais de um período. Se sua utilização acontecer somente relacionada com itens do ativo imobilizado, o registro contábil do item também deve ser classificado como imobilizado. O CPC 27 (R4) ressalta que não determina a unidade de medida para o reconhecimento de um item do imobilizado, sendo necessário exercer o julgamento, quando da aplicação dos critérios de reconhecimento, considerando as especificidades da entidade. Define ainda que a entidade deve avaliar segundo esse princípio de reconhecimento os custos de ativos imobilizados no momento em que são incorridos. Os referidos custos incluem custos incorridos inicialmente para a aquisição ou construção de um item do ativo imobilizado e os custos posteriores para renovar, substituir partes ou mesmo os custos de manutenção desse item do imobilizado. Custos iniciais e custos subsequentes Esclarece a norma que itens do ativo imobilizado podem ter sua aquisição relacionada a razões de segurança ou ambientais. Essa aquisição, mesmo que não aumente diretamente os benefícios futuros de um item específico já constante do ativo imobilizado, é capaz de ser necessária para obtenção de benefícios econômicos futuros em outros ativos. Esses itens são qualificados para o reconhecimento como ativo, pois permitem à entidade a obtenção de benefícios econômicos futuros desses ativos. Exemplificando: uma indústria pode instalar novos processos químicos de manuseio com a finalidade de atender às exigências ambientais para produção e armazenagem de produtos químicos perigosos; as melhorias e benfeitorias realizadas nas instalações devem ser reconhecidas como ativo imobilizado, pois sem estas melhorias, a entidade não estaria em condições de fabricar e vender os produtos químicos. Não obstante, o valor contábil resultante desse ativo dos ativos relacionados deve ter a redução ao valor recuperável revisada em consonância com o CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos.(CPC 27 (R4)) Custos subsequentes O princípio do reconhecimento prevê que os custos com reposição (manutenção) só devem ser reconhecidos como ativo imobilizado se a entidade espera utilizá-los por mais de um período. Por essa razão os custos de manutenção periódica são reconhecidos no resultado da entidade quando incorridos. Os custos de manutenção periódica são, principalmente, os custos de mão de obra e de produtos consumíveis, e podem incluir o custo de pequenas peças. O propósito desses gastos apresenta, muitas vezes, a descrição de reparo e manutenção de um item do ativo imobilizado. A mesma norma destaca que partes de alguns itens do ativo imobilizado podem necessitar substituição em intervalos regulares. Um forno pode necessitar de novo revestimento após determinado tempo de utilização, ou o interior dos aviões, como assentos e
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