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Topografia e Georreferenciamento Professor Especialista Orlando Donini Filho Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per- mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP D683t Donini Filho, Orlando Topografia e georreferenciamento / orlando Donini Filho. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 136 p.: il. Color. 1. Topografia. 2. Medição de superfícies. 3. Geodésia. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 526.9 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professor Esp. Orlando Donini Filho ● Graduação em Licenciatura (2011). ● Bacharelado (2015) em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá. ● Pós-Graduação em Georreferenciamento de Imóveis Rurais pelo Departamento de Engenharia Civil na Universidade Estadual de Maringá (2014). ● Atualmente é docente na instituição: Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie ministra as disciplinas de Topografia e Geoprocessamento; ● Docente na UNINGÁ ministra as disciplinas de Topografia, Geoprocessamento e Georreferenciamento. ● Diretor Técnico da Empresa ImageAgro Monitoramentos, profissional na área de Meio Ambiente e Geotecnologias. ● Experiência na área de Geociências, com ênfase em Geocartografia, Topografia, Geomorfologia, Geoprocessamento, Sensoriamento Remoto e Hidrologia. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6252381357517520 http://lattes.cnpq.br/6252381357517520 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre a topografia e o georreferenciamento, ou seja, o conjunto de princípios, métodos, aparelhos e convenções utilizados para a determinação dos contornos, dimensões e da posição relativa de uma faixa da superfície terrestre. Além de conhecer seus principais conceitos e definições vamos explorar as mais diversas aplicações de utilizar a topografia e o georreferenciamento dentro da engenharia. Em cada unidade, você conhecerá um pouco da topografia e georreferenciamento, sendo os seguintes temas: ● Na unidade I vamos conhecer Introdução a Topografia e ao Sistemas de Referências, sendo os mesmos estudados a geodésia e a cartografia. ● Já na unidade II você irá saber mais sobre Planimetria e Altimetria. ● Na sequência, na unidade III falaremos a respeito Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto. ● Em nossa unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) e Georreferenciamento. Nos encontramos durante as unidades da apostila, bons estudos. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências UNIDADE II ................................................................................................... 28 Planimetria e Altimetria UNIDADE III .................................................................................................. 54 Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto UNIDADE IV .................................................................................................. 86 Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 3 Plano de Estudo: ● Introdução a Topografia; ● Geodésia; ● Cartografia. Objetivos da Aprendizagem: ● Estabelecer a importância dos levantamentos topográficos e como eles podem ser realizados; ● Conceituar as dimensões da Terra, a posição de pontos da terra sobre sua superfície e a modelagem no campo de gravidade; ● Conceituar e analisar a produção mapas, plantas, gráficos e tabelas de uma determinada localidade. UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências Professor Esp. Orlando Donini Filho 4UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências INTRODUÇÃO Olá acadêmicos (as). A Topografia é a base de todo projeto de engenharia. Ela é responsável por mensurar uma porção da área de estudos para projetos de engenharia (civil, agrícola, urbanística e ambiental), no qual obtém informações sobre a dimensão (área e perímetro) e a forma de relevo (altimetria). Nesta unidade iremos conhecer os conceitos de Topografia e suas aplicações nas áreas de engenharia. Após os conceitos básicos, aprofundaremos no estudo da Geodésia (estudo da forma e dimensões da Terra), e da Cartografia (confecção de plantas, cartas ou mapas). Assuntos fundamentais para estudo da localização geográfica e de referência para todo o conteúdo das unidades. A todos, um excelente estudo! 5UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 1. INTRODUÇÃO A TOPOGRAFIA A Topografia (do grego topos (lugar) e graphein (descrever), é a ciência aplicada com o objetivo de representar uma porção do terreno numa folha. A Topografia permite a representação da forma, posição e suas dimensões (figura 1): ● A representação da forma do terreno, refere-se sobre o relevo, em que aparecerão os contornos, elevações e depressões do terreno; ● Na posição, será registrado a sua localização (local da porção do terreno) e das benfeitorias existentes e dos detalhes que estão em seu interior (cercas, postes, bueiros, árvores, rios, vales, etc.); ● Das dimensões, refere-se dos limites da propriedade e as suas dimensões (área e perímetro). 6UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURA 1 - PLANTA TOPOGRÁFICA Fonte: O autor (2022). 1.1 Divisão da Topografia A figura 2, mostra a divisão da Topografia. FIGURA 2 - DIVISÕES DA TOPOGRAFIA Fonte: O autor (2022). 7UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências ● Topometria: estuda os processos clássicos de medição de distâncias, ângulos e desníveis, cujo objetivo é a determinaçãode posições relativas de pontos. A topometria é dividida em planimetria e altimetria. ● Topologia: estudo e representação das formas do relevo. ● Planimetria: as informações advêm do levantamento planimétrico, cujo determina a posição planimétrica dos pontos levantados, ou seja, suas coordenadas planas (X e Y ou Latitude e Longitude). ● Altimetria: as informações advêm do levantamento altimétrico, onde determina a posição altimétrica dos pontos levantados, ou seja, a sua altitude ou cota (coordenada Z). 1.2 História da Topografia FIGURA 3 - DOIS AGRIMENSORES MEDINDO O CAMPO COM A TRENA ENROLADA NO BRAÇO, PARA ESTIMAR A COLHEITA E CALCULAR A PARTE QUE CABE AO FARAÓ. Fonte: APAIXONADOS POR HISTÓRIA. Empregos no Egito Antigo – Parte I. 2018. Disponível em: https:// apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/96/empregos-no-egito-antigo-parte-1. Acesso em: 06 out. 2022. Na Idade Antiga (de 4.000 a.C a 476 d.C), obtém registros históricos de que a agrimensura é umas das velhas artes praticadas pelo homem. Os mais antigos vestígios da aplicação da agrimensura, remonta ao Antigo Egito. Heródoto (1.400 a.C.), descreve em seus apontamentos, os trabalhos de demarcação de terra às margens do rio NiloS. A figura 3 representa o trabalho do agrimensor, um funcionário nomeado pelo faraó com a tarefa de avaliar os prejuízos das cheias e restabelecer as fronteiras entres as diversas propriedades, como também estivar a colheita e calcular a parte que cabe ao faraó. Essas civilizações desenvolveram técnicas de agrimensura, não apenas na preocupação com o posicionamento e registro do ambiente, mas também com a implantação de um projeto, ou seja, a locação de uma obra já planejada, como nas grandes construções de aquedutos, açudes, diques e canais de irrigação (TULER e SARAIVA, 2013). 8UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURA 4 - PONTE DO AQUEDUTO DE SEGÓVIA Fonte: Tuler e Saraiva (2014). Para diversas aplicações topográficas, os romanos utilizavam três instrumentos de medida, a groma, dioptra e o chorobate (figura 5). “A groma é um esquadro óptico ou esquadro de agrimensor que divide o espaço em quatro quadrantes e serve para o traçado de linhas retas e ângulos retos”. A dioptra é um instrumento de medida angular através de operações de visadas goniométricas horizontais servindo para nivelamentos de terrenos, agrimensura, aqueodutos, entre outros e o chorobate é um equipamento que permite a medida de diferença de nível entre pontos”. FIGURA 5 - (A) - GROMA; (B) - DIOPTRA; (C) - CHOROBATE Figura (A) Fonte: KAPPA, F. La Groma. 2020. Disponível em https://www.giornalelavoce.it/la-groma-383233. Acesso em: 11 out. 2022. 9UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências Figura (B) Fonte: A) Venturi, 1814 e Vincent, 18586. B) Schöne, 18992. Figura (C) Fonte: O Chorobate. Disponível em https://arenes-webdoc.nimes.fr/en/construction/build/in-all-its-splen- dor/a-surveyor-s-tools/the-chorobate/. Acesso em: 11 out. 2022. Nesta época a prática de medição e representação do ambiente foi denominado pelos gregos de Topografia (topo = lugar ou ambiente; grafia = desenho ou representação gráfica), utilizando esta ciência para o posicionamento, registro do ambiente, implantação e locação de uma obra. Como também surgiu a Geodésia, ciência que estuda e objetiva determinar a forma e dimensões da Terra. A Cartografia, ciência que trata da representação cartográfica de uma extensa área terrestre, em um plano horizontal, ou seja, a confecção de mapas para registrar as conquistas obtidas e estudar estratégias de combate obtendo um grande avanço nesta ciência. A partir da época da Idade Média (476 d.C a 1453 d.C) ao mundo contemporâneo (dias atuais), ocorreu o surgimento de novos equipamentos e uma nova era referente a Topografia. 10UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências Primeiramente a expansão marítima europeia, ocorrido no século XV, foi um passo inicial para a revolução comercial entre as nações e na transposição dos mares. Os navegadores para não perder a orientação, utilizaram o Astrolábio (figura 6), utilizado para medir a posição das estrelas, determinando o seu posicionamento. Isto ocorreu devido aos avanços na Cartografia e Astronomia. FIGURA 6 - ASTROLÁBIO A partir da Revolução Industrial, século XVIII e XIX, os instrumentos topográficos passaram por modernizações. O italiano Ignazio Porro inventou o taqueômetro, utilizado para a medida de ângulos e distâncias horizontais e verticais de um terreno. Outro fator importante que ocorreu, foi o estudo da fotogrametria, criado pelo por Aimé Laussedat, que obtém medidas de distâncias e dimensões do terreno através da fotografia, extraindo o levantamento da topografia e altimetria do ambiente (TULER e SARAIVA, 2013). No século XX, pelo aparecimento da informática e da eletrônica, os equipamentos mecânicos foram substituídos pelos eletrônicos. O aparecimento do medidor eletrônico de distância (MED), aumentou a precisão das distâncias, de centímetros para milímetros. Atualmente os equipamentos utilizados pelos engenheiros agrimensores para a extração de informações tridimensionais do ambiente são: Estação Total, Sistema de Navegação Global de Satélites (GNSS), Nível Digital, Laser Scanner e Drones (figura 7). 11UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURA 7 (A) Teodolito Eletrônico (B) Nível (C) Estação Total 12UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências (D) Receptor Geodésico (E) Drone 1.3 Equipamentos Topográficos Neste capítulo, discutiremos os principais equipamentos utilizados pelo topógrafo para a coleta e processamento dos dados coletados. 1.3.1 Teodolito Eletrônico Teodolito é um equipamento topográfico utilizado na Topografia, Geodésia e Agrimensura, que destina fundamentalmente a medir ângulos horizontais e verticais, porém pode obter distâncias horizontais e verticais por meio da taqueometria. 13UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências Os teodolitos possuem dois modelos, um ótico-mecânico e o eletrônico. A diferença entre estes teodolitos consiste na substituição do leitor ótico de um círculo graduado por um sistema de captores eletrônicos, os ângulos aparecem no display do equipamento. A norma NBR 13133 (ABNT, 1994), classifica os teodolitos de acordo com o desvio padrão da precisão angular. Conforme a tabela abaixo: TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS TEODOLITOS Fonte: NBR 13133 (ABNT, 1994). Na realização de um levantamento topográfico (descrição de um lugar), necessitamos da medição dos ângulos e distâncias horizontais e verticais para determinar sua área total e forma do relevo (planície, montanhoso, planalto, relevo ondulado). 1.3.2 Estação Total A estação total, trata-se da combinação dos recursos do teodolito eletrônico, um distanciômetro eletrônico, um microprocessador e um sistema de armazenamento dos dados (TULER e SARAIVA, 2014), ou seja, os ângulos e distâncias horizontais e verticais são obtidas no momento da medição e armazenados no sistema. Os dados obtidos no levantamento são armazenados no sistema e são descarregados no computador (usb ou bluetooth) e manuseados em softwares específicos de Topografia. Atualmente as estações totais é o equipamento mais frequentes nas obras, de fato substituindo o teodolito, por realizar os trabalhos de levantamentos topográficos mais rápidos, confiáveis e precisos. Utilizado nas obras civis, monitoramento de estruturas, topografia, terraplenagem, locação, mineração, entre outros. A norma NBR 13133 (ABNT, 1994), classifica as estações totais de acordo com o desvio padrão da precisão angular e linear. Conforme a tabela abaixo: CLASSE DOS TEODOLITOS DESVIO PADRÃO DA PRECISÃO ANGULAR Precisão baixa ≤ ± 30” Precisão média ≤ ± 07” Precisão alta Precisão alta ≤ ± 02” 14UNIDADE I Introdução a Topografia e aoSistema de Referências TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DAS ESTAÇÕES TOTAIS Fonte: NBR 13133 (ABNT, 1994, p. 06) 1.3.3 Nível O nível é um equipamento utilizado na topografia, na demarcação de terraços, nivelamento de terrenos, entre outros. O objetivo deste equipamento é determinar a diferença de nível entre dois pontos a partir de leituras em miras topográficas (réguas de 4 metros graduada de centímetro em centímetro). As principais partes de um nível são: luneta, nível de bolha, sistemas de compensação (para equipamentos automáticos) e dispositivos de calagem, mais os acessórios como tripé (base de sustentação ao equipamento) e a mira topográfica. FIGURA 8 - NÍVEL ÓPTICO E A MIRA TOPOGRÁFICA EM FORMA DE RÉGUA GRADUADA; Quanto ao funcionamento, os equipamentos podem ser classificados em ópticos, digitais e a laser. Nos digitais, a leitura na mira é efetuada automaticamente empregando miras em código de barra. Nos níveis lasers, o equipamento lança um feixe de raios laser no plano horizontal, invisível ou visível, e em 360°. Este feixe pode ser captado por um sensor acoplado, ou a uma mira, ou a alguma máquina de terraplanagem. Se visível, o feixe pode ser visto diretamente sobre a mira. CLASSE DAS ESTAÇÕES TOTAIS DESVIO PADRÃO PRECISÃO ANGULAR DESVIO PADRÃO PRECISÃO LINEAR Precisão baixa ≤ ± 30” ± (5mm + 10 ppm x D) Precisão média ≤ ± 07” ± (5mm + 5 ppm x D) Precisão alta ≤ ± 02” ± (3mm + 3 ppm x D) 15UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências A operação topográfica para a determinação da diferença de nível entre dois pontos é denominada de nivelamento geométrico, a norma NBR 13133 define como: Nivelamento que realiza a medida da diferença de nível entre pontos do terreno por intermédio de leituras correspondentes a visadas horizontais, obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos referidos pontos NBR 13133 (ABNT, 1994). A norma NBR 13133 (ABNT, 1994), classifica os níveis com o desvio padrão de 1 km de duplo nivelamento. Conforme a tabela abaixo: TABELA 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS Fonte: NBR 13133 (ABNT, 1994, p. 06). 1.3.4 Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) O Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), nome concebido em 1991, durante a 10ª conferência de Navegação Aérea. O GNSS é um sistema de constelação de satélites que orbitam a Terra a grande altitude que emitem continuamente sinais de rádio, onde o receptor é um equipamento capaz de ler as informações emitidas pelos satélites em órbita, determinando sua posição tridimensional, ou seja, sua latitude, longitude e altitude em qualquer superfície terrestre e independentemente do estado atmosférico (ALVES e MONICO, 2011). Para o melhor entendimento da utilização desta tecnologia, utilizaremos como exemplo o sistema criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o pioneiro a implementar um sistema de posicionamento e navegação à escala global, designado de NAVSTAR/GPS (NAVgation System with Time And Ranging/ Global Positioning System). FIGURA 9 - SISTEMA DE NAVEGAÇÃO GLOBAL POR SATÉLITES (GNSS) CLASSE DE NÍVEIS DESVIO – PADRÃO Precisão baixa > ± 10 mm/km Precisão média ≤ ± 10 mm/km Precisão alta ≤ ± 3 mm/km Precisão muito alta ≤ ± 1 mm/km 16UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências O sistema GPS, implementado na década de 70, a sua utilização inicial foi para fins de uso militar (navegação e geodésia) e, consequentemente, para o uso da comunidade civil (Topografia). Este sistema é constituído por três componentes ou segmentos que são: o segmento espacial, de controle e o terrestre (ou usuário). O segmento espacial, formado pelos vários satélites operacionais. Estão numa altitude de 20.200 km, dispostos em seis planos orbitais diferentes, com uma inclinação de 55° relativamente ao plano do equador com quatro a cinco satélites por plano orbital. Cada satélite completa uma órbita em cerca de 12 horas. Os sinais enviados pelos satélites, são ondas em duas frequências de rádio. A onda portado L1 com uma frequência de 1575,42 MHz modulados com o código C/A (coarse acquisition), e a onda portadora L2 com uma frequência de 1227,60 MHz (MCCOMARK, 2016). O Segmento de controle são estações terrestres, responsáveis pelo fornecimento de informação aos satélites e seu monitoramento. O segmento terrestre (ou do utilizador), formado pelos diferentes tipos de receptores de uso civil e militar, sendo o equipamento responsável pela captação das ondas de rádio e da descodificação das mensagens emitidas pelos satélites, determinando a sua posição. (MONICO, 2008). O sistema GPS é agora parte do Sistema de Posicionamento Global por Satélites (GNSS), o GNSS russo é denominado GLONASS (Global Naya Navigatsionnaya Sputnikova System). O GALILEO é o GNSS construído pela União Europeia (UE), a China o sistema COMPASS. Como explica Mccomark (2016, p. 251), “A União Europeia, assim como a Rússia, decidiu desenvolver seu próprio sistema de posicionamento independente, de modo que ela não tenha que confiar em um sistema que não esteja em seu controle”. O topógrafo utiliza esta tecnologia para levantamentos topográficos, georreferenciamento, construção e rodovias. Sendo a principal ferramenta para obter pontos geodésico de alta precisão para o referenciamento do levantamento ao sistema de referência vigente do país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é o órgão responsável pela especificação e normas gerais para levantamentos geodésicos no território brasileiro. 1.3.5 Fotogrametria com Drones ou Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) A fotogrametria, ASP apud Tempa (2000, p. 02) “é a arte, ciência e tecnologia de obter informações de confiança sobre objetos e do meio ambiente com o uso de processos de registro, medições e interpretações das imagens fotográficas e padrões de energias eletromagnética registrados”. Já a fotogrametria digital é uma tecnologia com objetivo de aquisição de informações geométricas, radiométricas e semânticas de objetos no espaço tridimensional, a partir de imagens digitais bidimensionais (HEIPKE, 1995 apud PREOSCK, 2006). 17UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências A aplicação da fotogrametria pode ser dividida em fotogrametria métrica e/ ou interpretativa. A fotogrametria interpretativa está relacionada ao reconhecimento e identificação de objetos e o julgamento do seu significado, como o estudo da localização, condições de estradas, rios, natureza do uso do solo, vegetação, hidrografia, agricultura, entre outras aplicações. A fotogrametria métrica, consiste em determinar o posicionamento relativo de pontos (coordenadas geodésicas), sendo possível determinar (em razão das técnicas de processamento da fotogrametria), as distâncias, ângulos, áreas, volumes, elevações, tamanho real do objeto, como também a elaboração de cartas planialtimétricas, mosaicos e ortofotos (TEMBA, 2000). Na fotogrametria, possui um estudo relacionado a Fotogrametria aérea (ou aerofotogrametria), na qual as fotografias do terreno são tomadas por uma câmara de precisão montada em uma aeronave ou Drone. Drone é um veículo aéreo não tripulado e controlado remotamente, sendo utilizados pelas empresas atualmente para mapeamento interpretativa e/ou métrica. São equipamentos de médio a baixo custo, sendo mais acessível aos profissionais e empresas que utilizam a fotogrametria aérea para a realização dos serviços técnicos da agrimensura e engenharia. FIGURA 10 – AEROFOTOGRAMETRIA 18UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 2. GEODÉSIA Os sistemas de referência, são utilizados para descrever as posições de objetos. Quando é necessário identificar a posição de uma determinada informação na superfície da Terra são utilizados os Sistemas de Referência Terrestres ou Geodésicos. Estes por sua vez, estão associados a uma superfície que mais se aproxima da forma da Terra. 2.1 Formasda Terra Já é sólido o conhecimento de que a Terra possui um formato arredondado, mais precisamente possui a forma de um geoide, forma arredondada com diversas irregularidades em sua superfície. Os mapas são, em sua grande maioria, representações de elementos da superfície terrestre confeccionados sobre uma superfície plana. Mas como se representa algo redondo em uma superfície plana? É nesse contexto que surgem as projeções cartográficas, as quais serão apresentadas no próximo item. Há séculos, sabe-se que a Terra não é uma superfície plana, mas sim um corpo esférico não perfeito, de forma arredondada, um geoide. Por ser esférica, a representação de elementos distribuídos por sua superfície em um plano resulta em distorções inevitáveis. Para melhor trabalhar essas distorções adotou-se uma figura mais próxima do formato da Terra e mais fácil de ser trabalhada matematicamente, o elipsoide de revolução (IBGE). 19UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURA 11 - COMPARAÇÃO ENTRE O GEOIDE, ESFERA PERFEITA O ELIPSOIDE DE REVOLUÇÃO Fonte: ESPECIFICAÇÕES PARA PRODUÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS. Sistema geodésico de referência e Datum. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3s9sVVL. Acesso em: 29 de abril de 2022. A figura 11, mostra três formas de representação da Terra, para o trabalho do geoprocessamento diz respeito ao uso de sistemas de referência, tema a ser discutido no próximo tópico. 20UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 3. CARTOGRAFIA Primeiramente, cabe-nos definir o conceito de cartografia. No sentido etimológico da palavra, cartografia deriva do grego (carta+o+gr gráphō), vem a ser o registro das cartas, dos mapas. A palavra mapa (mappa) tem origem na civilização cartaginesa, que denominava “toalha de mesa”, em que eram feitos os registros de rotas de comerciantes dessa civilização. Já a denominação carta, tem origem egípcia, e tem como referência o papel (ROSA, 2004). Alguns autores tratam os termos mapa e carta como sinônimos, porém veremos adiante as diferenças entre esses tipos de representação cartográfica. Ainda, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, conceitua as cartas e mapas como: Representação gráfica sobre uma superfície plana, dos detalhes físicos, naturais e artificiais, de parte ou de toda a superfície terrestre - mediante símbolos ou convenções e meios de orientação indicados, que permitem a avaliação das distâncias, a orientação das direções e a localização geográfica de pontos, áreas e detalhes -, podendo ser subdividida em folhas, de forma sistemática, obedecido um plano nacional ou internacional. Esta representação em escalas médias e pequenas leva em consideração a curvatura da Terra, dentro da mais rigorosa localização possível relacionada a um sistema de referência de coordenadas (ABNT, 1994, p. 02). 21UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências REFLITA O objetivo da cartografia é representar de forma gráfica (símbolos) elementos espaciais, que se manifestam no espaço geográfico (elementos físicos, sociais ou econômicos), com o intuito de fornecer ao leitor informações mais próximas à realidade espacial, com determinado grau de generalização estabelecido (escala), o qual possa fornecer aos usuários informações quanto a localização, distâncias e dimensão dos atributos apresentados. Fonte: O autor (2022). 3.1 Projeção cartográfica Com o intuito de possibilitar a representação da superfície terrestre em um plano, desenvolveu-se as projeções cartográficas, que podem ser conceituadas como um conjunto de técnicas e formas que possibilitam a representação da superfície terrestre em mapas, de forma a diminuir ao máximo as distorções. As projeções cartográficas são um conjunto de linhas (paralelos e meridianos) que formam uma grade sobre a qual são representados os atributos espaciais. As projeções cartográficas estão baseadas em cálculos matemáticos complexos, que possibilitam a transferência de pontos notáveis da superfície terrestre utilizando figuras geométricas como superfícies de projeção (FITZ, 2008). Em relação à superfície de projeção, as projeções cartográficas podem ser classificadas como cilíndricas, azimutal (ou plana) e cônica. FIGURA 12 - TIPO DE SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO 22UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências As projeções também podem ser classificadas em relação às distorções que apresentam, nesse sentido dividem-se em conformes (ou isogonais), equidistantes, equivalentes (ou isométricas) e afiláticas (ou arbitrárias). As projeções também podem ser classificadas em relação à posição da superfície de projeção, podendo ser equatoriais (normais ou diretas), polares, transversas e oblíquas. REFLITA As projeções cartográficas mostram uma faceta poderosa da cartografia. Ao escolher a projeção cartográfica a ser utilizada, o produtor do mapa pode realçar atributos que seja de seu interesse, ou até mesmo esconder ou diminuir elementos, assim, influenciando os leitores dos mapas. Com isso, percebe-se o poder da cartografia. Fonte: O autor (2022). 3.2 Sistema UTM O sistema UTM segue as características de uma projeção conforme, cilíndrica, trans- versa e secante. O sistema UTM segue as características de uma projeção conforme, cilíndrica, transversa e secante. O sistema de UTM permite o posicionamento de qualquer ponto na superfície terrestre. A figura 13 demonstra a divisão do sistema, o mundo está́ dividido em 60 fusos, e cada um se estende por 6° de longitude com um meridiano central se dividindo em duas partes de 3° de amplitude, numerados de 1 a 60 a partir do antimeridiano de Greenwich. No sentido Norte- Sul, a divisão é feita em segmentos de 8° de amplitude da latitude, adotando-se letras de “C” a “X”, excluindo-se “I” e “O” (zonas). O uso da projeção UTM é verificado entre os paralelos 84° N e 80° S, pois a distorção nos polos é muito grande (TULLER e SARAIVA, 2016). 23UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURE 13 - FUSOS E ZONAS UTM Fonte: COMMONS WIKIMEDIA. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/w/index. php?curid=1601744. Acesso em: 10 out. 2022. A unidade das coordenadas é o metro tendo como origem o Equador e o Meridiano Central. No hemisfério Sul, o sistema possui o valor 10.000.000,00 m no Equador para a coordenada Norte, decrescendo para o Sul. E o valor 500.000,00 m no Meridiano Central para a coordenada Leste, decrescendo para Oeste e crescendo para Leste. No hemisfério Norte, o sistema difere apenas na coordenada Norte, possuindo o valor de 0,00 m no Equador, crescendo para o Norte. As Coordenadas UTM definem posições bidimensionais e horizontais. A figura 15 mostra as coordenadas representadas em cada fuso. 24UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURA 14 - COORDENADAS UTM Fonte: Tuller e Saraiva (2014). No Brasil, possui 8 fusos do sistema UTM. Os fusos variam do 18 ao fuso 25. O que isto quer dizer para o mapeamento? Quando você estiver realizando um levantamento topográfico utilizando o receptor geodésico, você configura o equipamento para registrar as coordenadas no sistema UTM. Por isso, a região que estiver mapeando, deve estar configurado no fuso que a representa. Por exemplo, em Paranavaí – Pr, o fuso utilizado é o 22, já em Cuiabá – MT usa-se o fuso 21. 25UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências FIGURA 15 - FUSOS E ZONAS UTM NO BRASIL Fonte: Tuller e Saraiva (2013). 26UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, apresentamos os principais conceitos da Topografia e sua importância nos projetos de engenharia. Você já sabe a diferença dos levantamentos planimétricos e altimétricos, também como os equipamentos utilizados para a obtenção de dados da área de estudo. As informações levantadas, são pontos coletados com os equipamentos topográficos paraobtenção de suas coordenadas, no qual apresentamos nesta unidade os conceitos e formas da representação da Terra. Como o produto final de um levantamento topográfico é a planta topográfica, e para gerar a planta, foram discutidos as projeções cartográficas e o sistema UTM. Estes são os principais temas, para aprender a topografia e ser um profissional da área de agrimensura. Um campo técnico em expansão e utilizadas em diversos trabalhos. Já imaginou o potencial deste serviço? 27UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Fundamentos de Geodésia e Cartografia Autor: Marcelo Tuler Editora: Bookman. Sinopse: O livro apresenta os conceitos de sistemas de referência e cartografia de forma simples e didática. LIVRO Título: Fundamentos de Topografia Autor: Marcelo Tuler. Editora: Bookman. Sinopse: Livro didático demonstrando os principais aplicações e métodos da Topografia FILME/VÍDEO Título: Topografia do Futuro: Técnicas, Processos e Desafios Ano: 2016. Sinopse: Este vídeo mostra a evolução dos equipamentos topo- gráficos e as novas técnicas de levantamento. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XV3fgbZmGGU 28 Plano de Estudo: ● Planimetria; ● Altimetria; ● Representação do Relevo. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os conceitos e aplicações dos levantamentos planialtimétricos; ● Compreender os tipos de levantamentos executados; ● Estabelecer a importância dos levantamentos topográficos aos projetos de engenharia. UNIDADE II Planimetria e Altimetria Professor Esp. Orlando Donini Filho 29UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 29UNIDADE II Planimetria e Altimetria INTRODUÇÃO As obras e projetos de engenharia que são executas como a construção de casas, pontes, estradas, edifícios, loteamentos, túneis, redes de saneamentos entre outras, tem que se conhecer a superfície (terreno) que será realizado o projeto. O conhecer o terreno, queremos dizer, conhecer a topografia do terreno. Iremos aprender os métodos e processos para realizar o levantamento topográfico e obter as informações das dimensões do terreno (planimetria) e da sua forma do relevo (altimetria). Será discutido e apresentado os métodos para realizar as medições de distâncias horizontais e verticais, ângulos horizontais e verticais e orientação para determinar as coordenadas topográficas da área de estudo para a elaboração da planta topográfica. Desejo a você um excelente estudo! 30UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 30UNIDADE II Planimetria e Altimetria 1. PLANIMETRIA A topografia tem como o objetivo a determinação das dimensões e posição relativa como também a forma do relevo referente a uma porção limitada do relevo. 31UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 31UNIDADE II Planimetria e Altimetria Neste tópico conheceremos as técnicas e processos relacionados ao estudo da planimetria, ou seja, a determinação da posição planimétrica através do levantamento planimétrico, conforme a NBR 13133 define: Levantamento dos limites e confrontações de uma propriedade, pela determinação do seu perímetro, incluindo, quando houver, o alinhamento da via ou logradouro com o qual faça frente, bem como a sua orientação e a sua amarração a pontos materializados no terreno de uma rede de referência cadastral, ou, no caso de sua inexistência, a pontos notáveis e estáveis nas suas imediações. Quando este levantamento se destinar à identificação dominial do imóvel, são necessários outros elementos complementares, tais como: perícia técnico-judicial, memorial descritivo, etc (NBR 13133, p. 03). Analisando o conceito do levantamento planimétrico, nesta unidade iremos descrever os principais conceitos da planimetria que são: ● Métodos de medições de distâncias horizontais; ● Métodos de medições de ângulos horizontais; ● Orientação; ● Memorial descritivo. A partir destes conhecimentos, saberemos como realizar o mapeamento da área em estudo para a determinação das suas dimensões como a sua orientação, elaborando como produto final a planta topográfica planimétrica. No qual é utilizada para fins de aplicação de usucapião, memorial descritivo, loteamentos, perícia técnico judicial, entre outros. 1.1 Métodos de medições de distâncias horizontais A determinação das distâncias horizontais possui dois métodos, o método direto e o indireto. Iniciaremos os conceitos pelo método direto e em seguida o método indireto. 1.1.1 Método direto As distâncias são determinadas percorrendo-se o alinhamento, o equipamento utilizado para a sua determinação é denominado diastímetro, conhecido como trena (figura 1). 32UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 32UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 1 – TRENA Na operação das medições das distâncias horizontais, deve-se mensurar e de ter-se o cuidado de avaliar a projeção horizontal dos pontos considerados. Este cuidado das distâncias horizontais se deve ao fato os alinhamentos são representados em um plano horizontal, para que isso ocorra são utilizados a baliza para manter-se o alinhamento (figura 2). FIGURA 2 - BALIZA TOPOGRÁFICA COM NÍVEL DE CANTONEIRA Fonte: UFSC (2016). A figura 3 e 4 mostra os cuidados e a forma correta a se mensurar a distância entre o alinhamento. A partir desta boa prática evita erros de mensurações para a determinação das distâncias entre dois pontos. 33UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 33UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 3 - MÉTODO DE MEDIÇÃO DIRETA - LANCE ÚNICO Fonte: UFPR (2012). FIGURA 4 - MÉTODO DE MEDIÇÃO DIRETA, UTILIZANDO VÁRIOS LANCES Fonte: UFPR (2012). Os erros mais comuns das medições diretas são: ● Erro da verticalidade da baliza – refere-se à ocorrência de inclinar a baliza para frente ou para trás. Para evitar este erro, utiliza-se o nível de bola acoplado na baliza (figura 2) ● Erro de catenária – erro relacionado ao estender a trena com comprimento nominal maior que 20 metros, ocasionado pelo peso da trena (figura 5). 34UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 34UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 5 - ERRO DE CATENÁRIA Fonte: Tuler (2014). ● Erro do comprimento nominal da trena; ● Erro da horizontalidade do diastímetro. FIGURA 6 - ERRO DA HORIZONTALIDADE Fonte: Tuler (2014). Estas são os erros e a metodologia para a realização da medição de distâncias horizontais pelo método direto. 35UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 35UNIDADE II Planimetria e Altimetria 1.1.2 Método Indireto A determinação das distâncias horizontais, são obtidas por meio de visadas utilizando equipamentos no qual são determinadas sem percorrer o alinhamento. As técnicas utilizadas são: ● Taqueometria; ● Medição eletrônica de distâncias; ● Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS). 1.1.2.1 Taqueometria Os equipamentos utilizados para esta técnica são o teodolito e a mira topográfica, que além de medir ângulos, acumula, também, a função de medir oticamente as distâncias horizontais e verticais. São feitas as leituras processadas na mira com auxílio dos fios estadimétricos, bem como o ângulo de inclinação do terreno, lido no limbo vertical do aparelho (Dicionário inFormal) FIGURA 7 – TEODOLITO E MIRA TOPOGRÁFICA. A determinação da distância horizontal pela taqueometria utiliza as informações do ângulo zenital e das leituras estadimétricas obtidas na mira topográfica. 36UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 36UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 8 - CORRESPONDÊNCIA VISUAL Fonte: Taqueometria (2016). A fórmula da determinação da distância horizontal é a seguinte: Dh = 100 × (Fs-Fi) × sen²Z , em que: ● Dh=Distância horizontal ● Fs e Fi = Fio superior e Fio inferior ● Z = ângulo zenital 1.1.2.2 Medição Eletrônica de Distâncias(MED) A medição eletrônica de distâncias ou distânciometro eletrônico, baseia-se no tempo que leva a onda eletromagnética para percorrer a distância de ida e volta, entre o equipamento de medição e o refletor. O equipamento utilizado para esta metodologia é a Estação Total e a baliza com o prisma. FIGURA 8 – ESTAÇÃO TOTAL E PRISMA 37UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 37UNIDADE II Planimetria e Altimetria 1.1.2.3 Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) O GNSS tem como objetivo, determinar sua posição, ou seja, as suas coordenadas geográficas. A partir de pontos levantados com o GNSS, o alinhamento entre dois pontos levantados, se obtém a informação da distância horizontal entre os pontos. FIGURA 9 - GNSS 1.2 Método de medições de ângulos horizontais Em relação aos ângulos medidos em Topografia, são classificados em: 1.2.1 Ângulos horizontais Os ângulos horizontais são medidos em ângulos internos, externos e deflexão. FIGURA 10 - 1. ÂNGULO INTERNO; 2. ÂNGULO EXTERNO; 3. DEFLEXÃO Fonte: Brandalize (2001). 1) 3) 2) 38UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 38UNIDADE II Planimetria e Altimetria 1.2.2 Ângulos verticais Os ângulos verticais estão relacionados ao movimento da luneta do equipamento. Os ângulos podem ser: ● Com origem no horizonte, no qual recebe o nome de ângulo vertical variando de 0° a 90° ascendente ou descendente. ● Com origem no Zênite, no qual recebe o nome de ângulo zenital, variando de 0° a 360° FIGURA 11 - ÂNGULOS VERTICAIS OU ZENITAL Fonte: UFPR (2012). 1.2.3 Ângulos de orientação Os ângulos de orientação, está relacionado ao alinhamento da área mapeada em relação ao Norte. Sabe-se que possuímos o Norte Geográfico e o Norte Magnético, então deve-se saber qual dos sistemas está sendo utilizado no mapeamento, que tem como referência a geração de informações de alinhamento para a geração de matrículas de imóveis, faixas de servidão, entre outros. A partir da orientação pelo Norte Magnético ou Norte Geográfico, assista o vídeo Norte Verdadeiro, Norte Magnético e a Declinação Magnética (link: https://www.youtube. com/watch?v=pT7Iu_S7Mxg) para sanar dúvidas sobre este conteúdo. https://www.youtube.com/watch?v=pT7Iu_S7Mxg https://www.youtube.com/watch?v=pT7Iu_S7Mxg 39UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 39UNIDADE II Planimetria e Altimetria Na Topografia, os ângulos de orientação são utilizados os Rumos e Azimutes. Os Rumos são contados a partir da direção norte (N) ou sul (S) do meridiano (verdadeiro ou magnético), no sentido horário ou anti-horário, variando de 0° a 90° e sempre acompanhados da direção ou quadrante em que se encontram (NE, SE, SO, NO). O Azimute (verdadeiro ou magnético) são contados a partir da direção norte (N) ou sul (S) do meridiano, no sentido horário - azimutes à direita, ou, no sentido anti-horário - azimutes à esquerda, variando sempre de 0° a 360°. O vídeo intitulado ENGENHARIA TOPOGRAFIA (SURVEYING) - Tutorial Azimute e Rumo (Azimuth and Bearing), link: https://www.youtube.com/watch?v=AWe5DdTCE8s, explica sobre a conversão do Rumo e Azimute e os conceitos gerais. Não deixa de assistir essas videoaulas. FIGURA 12 - AZIMUTE E RUMO Fonte: UFPR (2012). 1.3 Memorial descritivo Documento necessário para descrever uma propriedade de terra, deve possuir dados mínimos específicos como: nome do proprietário, localização e nome da propriedade (se existir). No memorial deve-se haver um método de escrita mínimo elaborado por um profissional técnico, no qual cita-se as dimensões do lote, através do perímetro, distâncias e ângulos entre os alinhamentos, nome dos confrontantes de cada trecho e área total. O vídeo “Memorial descritivo para topografia?” do autor Adenilson Giovanini (link: https://www.youtube.com/watch?v=w3qJcbj8rfs) explica a importância do Memorial descritivo na topografia, não deixa de assistir!! https://www.youtube.com/watch?v=AWe5DdTCE8s https://www.youtube.com/watch?v=w3qJcbj8rfs 40UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 40UNIDADE II Planimetria e Altimetria 1.4 Métodos de levantamento planimétrico Os tópicos anteriores, conhecemos os métodos para a determinação de medições de ângulos e distâncias horizontais. A partir deste conhecimento, iniciaremos o conhecimento do levantamento planimétrico, no qual representa o conjunto de processos e operações para obter as informações da área de estudo e ser representado numa planta topográfica. Para que um levantamento topográfico, ocorra com eficiência a sua execução, deve ter no mínimo, as seguintes fases (ABNT, 2021): ● Planejamento e seleção de métodos e aparelhagem; ● Apoio Topográfico; ● Levantamento de detalhes; ● Cálculo e ajustes; ● Original Topográfico; ● Desenho Topográfico; ● Relatório Técnico. Essas fases citadas acima são importantes para uma ótima execução do trabalho e uma entrega de produto com qualidade. A seguir, iremos mostrar o método mais empregado no levantamento topográfico planimétrico conhecido como poligonação (caminhamento). Uma poligonal consiste em uma série de linhas consecutivas em que são conhecidos os comprimentos e direções, obtidos através de medições em campo. O levantamento de uma poligonal é realizado através do método de caminhamento, percorrendo-se o contorno de um itinerário definido por uma série de pontos, medindo-se todos os ângulos, lados e uma orientação inicial. De acordo com a NBR 13133, a poligonal é classificada em poligonal fechada, aberta e enquadrada. A poligonal fechada, parte de um ponto com coordenadas conhecidas e retorna ao mesmo ponto (figura 13). Sua principal vantagem é permitir a verificação de erro de fechamento angular e linear. Este tipo de levantamento é utilizado para medições de médias a grandes áreas, sendo utilizado para determinar a planta perimétrica, usucapião, entre outros. FIGURA 13 - POLIGONAL FECHADA 41UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 41UNIDADE II Planimetria e Altimetria A poligonal enquadrada parte de dois pontos com coordenadas conhecidas e acaba em outros dois pontos com coordenadas conhecidas (figura 14). Permite a verificação do erro de fechamento angular e linear. Utilizado para aplicações de túneis e ferrovias. FIGURA 14 - POLIGONAL ENQUADRADA A poligonal aberta parte de um ponto com coordenadas conhecidas e acaba em um ponto cujas coordenadas deseja-se determinar (figura 15). Não é possível determinar erros de fechamento, portanto, devem-se tomar todos os cuidados necessários durante o levantamento de campo para evitá-los. Utilizado para aplicações de rodovias, saneamento entre outros. FIGURA 15 - POLIGONAL ABERTA Como também um método muito utilizado, definido como secundário, é a irradiação, no qual os pontos irradiados são determinados por um ângulo e uma distância a partir de um ponto da poligonal principal (aberta, fechada ou enquadrada). FIGURA 16 – IRRADIAÇÃO 42UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 42UNIDADE II Planimetria e Altimetria 2. ALTIMETRIA A altimetria se destaca em obras de terraplenagem, projetos de rede de esgoto, projeto de estradas, planejamento e diversas aplicações, no qual seu princípio fundamental é a determinação da altimetria do relevo como também a materialização de superfícies de referências de nível. A altimetria é a parte da Topografia que trata dos métodos e instrumentos empregados no estudo e na representação do relevo. Na altimetria, possui dois conceitos de cota e ou altitude. A cota é a distância medida ao longo da vertical de um ponto até um plano de referência qualquer e altitude ortométrica: é a distância medida na vertical entre um ponto da superfície física da Terra e a superfície de referência altimétrica (nível médio dos mares). FIGURA 17 - COTA E ALTITUDE Fonte: UFPR (2012). 43UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema deReferências 43UNIDADE II Planimetria e Altimetria O objetivo é determinar a diferença de nível entre dois pontos, conforme mostra a figura 17. Para a determinação da diferença de nível, realiza-se o levantamento altimétrico. São quatro métodos que são empregados para a determinação das altitudes ou cotas dos pontos levantados, que são: nivelamento geométrico, nivelamento trigonométrico, nivelamento taqueométrico, barométrico e por GNSS. Agora iremos ver os dois processos de execução de levantamento altimétrico mais utilizados na Topografia. 2.1 Nivelamento Geométrico É um dos métodos mais aplicados na execução de terraplenagem e estradas. O equipamento utilizado para esta operação são o nível e a mira topográfica. FIGURA 18 – NÍVEL E MIRA TOPOGRÁFICA O nível é um aparelho que consta de uma luneta telescópica com um ou dois níveis de bolha, sendo este conjunto instalado sobre um tripé. A característica principal do nível é o fato do mesmo possuir movimento de giro somente em torno de seu eixo principal. A mira topográfica é uma peça com 4,00 metros de altura, graduada de centímetro em centímetro, destinada a ser lida através da luneta do aparelho. O vídeo intitulado “ENGENHARIA TOPOGRAFIA AGRIMENSURA - Leitura da Régua Graduada ou Mira - Nivelamento Geométrico” explica como realizar a leitura da mira topográfica para a realização do nivelamento geométrico (https://www.youtube.com/ watch?v=wappYkcQjuk). Como sabe-se, o objetivo principal do nivelamento geométrico é a determinação da cota ou altitude dos pontos de interesse. Portanto, se desejarmos determinar a cota de um ponto “RN - 2” qualquer, basta fazermos duas leituras sobre a mira. Uma leitura (RN - 1) estado a mira colocada sobre o ponto de cota conhecida ou adotada (o qual, chamamos de Referência de Nível - RN); e uma outra leitura tomada na mira estacionada agora sobre o ponto (RN - 2), do qual se deseja determinar a cota. https://www.youtube.com/watch?v=wappYkcQjuk https://www.youtube.com/watch?v=wappYkcQjuk 44UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 44UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 19 - NIVELAMENTO Supondo-se que a leitura do fio médio realizado no RN-1 foi de 1,545 m (no qual se chama-se na topografia de visada a ré, que está relacionado ao primeiro ponto a ser lido e ser como referência para o levantamento), e a leitura no ponto RN – 2 foi de 0,875 metros (conhecido como visada a vante), obtém-se a diferença de nível (DN) entre os dois pontos realizando a subtração dos valores medidos. DN = 1,545 - 0,875 = 0,67 metros. O exemplo acima, denomina-se nivelamento geométrico simples, no qual o equipamento é instalado em uma posição, e a partir desta posição visualiza-se todos os pontos a serem medidos. Caso não seja possível medir todos os pontos, é necessário realizar a mudança de posição do equipamento, no qual teremos o nome de nivelamento geométrico composto. A seguir mostraremos um exemplo. Analisando a figura 20, vemos que o equipamento possui duas posições a “I” e a “II”, e temos que determinar as cotas/altitudes dos pontos A, B, C, D, E, F e G. Neste exemplo temos a informação que a Cota do ponto “A” é de 100,00 metros (lembre-se que sempre temos que ter uma cota/altitude de um ponto, para que ele seja referência de nível do levantamento). Então, seguimos a seguintes etapas para o levantamento: FIGURA 20 - NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO Fonte: Pastana (2010). 45UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 45UNIDADE II Planimetria e Altimetria Instala-se o equipamento numa posição que possa visualizar o máximo de pontos possível. Neste exemplo foi instalado e nivelado na posição “I” I. Após a instalação, deve-se colocar a mira topográfica e realizar a leitura do fio médio no ponto de referência altimétrica, ou seja, o ponto que possui o valor de cota/altitude, no qual denominamos de “ré”, sendo então o ponto “A”. No exemplo, fez se a leitura do ponto “A” de 1,820 m. II. Após feita a leitura da ré, iremos realizar a leitura das vantes (ponto B e C), devido ser os pontos que são visualizados na posição “I” em que está instalado o equipamento. III. Para dar continuidade no levantamento, devemos realizar as leituras dos pontos D ao G, como não foi possível realizar a leitura destes pontos, na posição “I” do equipamento instalado, modificou-se a posição do equipamento no ponto “II”. Após instalado e nivelado na sua nova posição, deve-se realizar a primeira leitura, que será a sua Ré em relação a posição “II”. No exemplo sendo o ponto “C”. IV. Após a ré da posição “II”, realiza-se a leitura das vantes, sendo os pontos D ao G, finalizando as leituras, finaliza-se o levantamento. Lembre-se toda vez que mudar a posição do equipamento, deve-se dar a ré em qualquer ponto que já foi feita a medição. Para a anotação dos dados levantados, utilizamos a caderneta de campo para realizarmos os cálculos. As fórmulas utilizadas são: I. PR = Altitude/CotaRÉ + Leitura do fio médioRÉ, em que “PR”, significa plano de referência. II. Altitude/CotaVANTE = PR- Leitura do fio médioVANTE TABELA 1 – NIVELAMENTO GEOMÉTRICO - LEITURA Fonte: Pastana (2010), adaptado pelo autor. PONTO VISADO PLANO DE REFERÊNCIA (PR) LEITURA DA MIRA COTAS/ALTITUDES OBSERVAÇÕES Ré Vante A 101,82 1,820 100 B 3,725 8,095 C 8,904 0,833 3,749 8,071 D 2,501 6,403 E 2,034 6,870 46UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 46UNIDADE II Planimetria e Altimetria Cálculo do nivelamento. 1) Aparelho estacionado na posição (I): PR1 = 10,000 + 1,820 = 11,820 m, que é a cota do Plano de Referência (PR) na posição (I), CotaB = 11,820 - 3,725 = 8,095m; CotaC = 11,820 - 3,749 = 8,071m. Após a leitura à vante ao ponto “C”, mudou-se o aparelho para a posição (II) 2) Aparelho estacionado na posição (II): PRII = 8,071 + 0,833 = 8,904 m; CotaD = 8,904 − 2,501 = 6,403; CotaE = 8,904 − 2,034 = 6,870; CotaF = 8,904 − 3,686 = 5,218; CotaG = 8,904−3,990 = 4,914, onde conclui-se o nivelamento. O nivelamento geométrico é o levantamento mais preciso em relação a altimetria. Para complementar o conhecimento teórico e prática não deixe de assistir o vídeo Nivelamento Geométrico? do autor Adenilson Giovanini (https://www.youtube.com/ watch?v=W4KwNRi7k3Y), e como também para conhecer os outros métodos utilizados assistir o vídeo “Os 4 Métodos de Nivelamento Topográfico existentes” que se encontra neste link (https://www.youtube.com/watch?v=7DSCaRwlbDo). Não deixem de assistir estes vídeos, pois eles são complementares a sua formação. https://www.youtube.com/watch?v=W4KwNRi7k3Y https://www.youtube.com/watch?v=W4KwNRi7k3Y https://www.youtube.com/watch?v=7DSCaRwlbDo 47UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 47UNIDADE II Planimetria e Altimetria 3. REPRESENTAÇÃO DO RELEVO O relevo da superfície terrestre é uma feição contínua e tridimensional. Existem diversas maneiras para representar o mesmo, sendo as mais usuais as curvas de nível, os pontos cotados e perfil. Independentemente do processo de representação do relevo, ele deve satisfazer as seguintes condições: realçar da forma mais expressiva possível as formas do relevo; permitir determinar com precisão a cota ou altitude de qualquer ponto no terreno e permitir elaborar projetos geométricos a partir da representação. O perfil longitudinal e/ou transversal são utilizados em projetos de rodovias, ferrovias, vias urbanas, pois o traçado do perfil, permite ter a escolha do melhor traçado das vias, estudo da drenagem, volumes de jazidas, estudo e definição do greide de projeto, inclinação de taludes e terraplenagem. 3.1 Perfil O perfil é a representação gráfica das diferenças de nível, cota ou altitude obtidas num nivelamento. A representação é feita por meio do eixo das coordenadas, onde colocamos no eixo X (abscissas) as distâncias entre os pontos e no eixo Y (ordenadas) as cotasou altitudes. 48UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 48UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 21 - PERFIL LONGITUDINAL, A PARTIR DAS CURVAS DE NÍVEL Fonte: Tuler (2014). 3.2 Ponto Cotado É a forma mais simples de representação do relevo; as projeções dos pontos no terreno têm representado ao seu lado as suas cotas ou altitudes. Normalmente são empregados em cruzamentos de vias, picos de morros, etc. 49UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 49UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 22 - PONTOS COTADOS Fonte: O autor (2022). 3.3 Curvas de nível A forma mais utilizada para a representação do relevo. Podem ser definidas como linhas que unem pontos com a mesma cota ou altitude. A distância vertical ou equidistância vertical entre as curvas de nível é definida pela escala do desenho. FIGURA 23 - RELAÇÃO ESCALA E EQUIDISTÂNCIA VERTICAL ENTRE AS CURVAS DE NÍVEL Fonte: UFPR (2012). As curvas de nível devem ser numeradas para que seja possível sua leitura. Para isso tem-se as curvas mestras e as auxiliares. As curvas mestras são obrigatórias ser representadas o valor de sua altitude e ter uma tonalidade mais forte ou linha mais grossa. A cada cinco curvas aparece uma mestra. As curvas auxiliares são linhas mais finas e tonalidade mais fraca. 50UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 50UNIDADE II Planimetria e Altimetria FIGURA 24 - PLANTA TOPOGRÁFICA COM CURVAS DE NÍVEL Fonte: O autor (2022). O vídeo “Engenharia topografia (surveying) altimetria – Relevo – Curva de nível” –(https://www.youtube.com/watch?v=wN_hju1IMZ0&list=PLrN4WrTg3wmoHhxphLGdLjrt- MSA6dym8p&index=4), mostra visualmente os processos de elaboração das curvas de nível manualmente como as formas de relevo existentes. Lembre-se, não deixe de assistir as aulas citadas aqui. Elas complementam seu conhecimento. https://www.youtube.com/watch?v=wN_hju1IMZ0&list=PLrN4WrTg3wmoHhxphLGdLjrtMSA6dym8p&index=4 https://www.youtube.com/watch?v=wN_hju1IMZ0&list=PLrN4WrTg3wmoHhxphLGdLjrtMSA6dym8p&index=4 51UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 51UNIDADE II Planimetria e Altimetria SAIBA MAIS A planimetria e altimetria são essenciais para que possamos conhecer a superfície de um terreno. Este conhecimento auxiliar a desenvolver bons projetos de engenharia. A área de infraestrutura rodoviária utiliza os levantamentos planialtimétricos de forma regular, ficando aqui um bom nicho de trabalho ao futuro engenheiro. Outra área interessante para atuar com o domínio das ferramentas topográficas, é o saneamento básico, pois as redes de água e redes de esgoto são na maioria do tipo subterrâneas, tendo assim temos a necessidade de conhecer muito bem o solo e onde serão aplicadas as redes. Fonte: O autor (2022). REFLITA Como estamos na quantidade e qualidade dos serviços de água e esgoto no Brasil? Acesse o link do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e faça uma boa leitura do Diagnóstico de 2019: Fonte:http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/ae/2019/Diagnostico_AE2019.pdf http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/ae/2019/Diagnostico_AE2019.pdf 52UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 52UNIDADE II Planimetria e Altimetria CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos esta unidade do estudo da planimetria e altimetria. Com isso você aprendeu os principais métodos para realizar o levantamento topográfico e suas formas de representação. Estes levantamentos citados, são a base para os projetos de engenharia e sua execução. É importante buscar a prática destes conceitos em campo, através do envolvimento na elaboração de projetos e execução de obras, visto que a topografia fica muito mais fácil quando estamos nas atividades em campo. A leitura de projetos que utilizam a estrutura do planialtimétrico é essencial para o profissional de engenharia, lembrando que muitas vezes somos líderes de equipe e precisamos ter o conhecimento necessário para executar as tarefas apresentadas, com confiança e qualidade. Nós veremos na próxima unidade. Bons estudos. 53UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 53UNIDADE II Planimetria e Altimetria MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Fundamentos de Topografia Autor: Marcelo Tuler. Editora: Bookman. Sinopse: Livro didático demonstrando os principais aplicações e métodos da Topografia. FILME/VÍDEO Título: Levantamento topográfico planialtimétrico Ano: 2021. Sinopse: Resumo de aplicação de conceitos de planialtimetria Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=jonsCB- lHXEM&ab_channel=AdenilsonGiovanini 54 Plano de Estudo: ● Geoprocessamento; ● Sistema de Informação Geográfica – SIG; ● Dados Geográficos. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar o uso de geoprocessamento e sistema de informação geográfica; ● Compreender os tipos de aplicações do geoprocessamento e do sistema de informação geográfica na atualidade; ● Estabelecer a importância da do sistema de informação geográfica e do geoprocessamento nas áreas de civil, agronomia e arquitetura. UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto Professor Esp. Orlando Donini Filho 55UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto INTRODUÇÃO Em novembro do ano de 2015, uma tragédia ambiental ocorreu pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, localizado em Mariana, região central de Minas Gerais. Para o conhecimento do impacto ambiental da área atingida pelos rejeitos, o uso da tecnologia geoprocessamento, foi de fundamental importância devido ao rápido acesso e compartilhamento das informações espaciais. Como no caso de Mariana, como outros relacionados aos recursos terrestres, o geoprocessamento (ciência que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para a análise de informações geográficas), trouxe significativos avanços no monitoramento e desenvolvimento de pesquisas, ações de planejamento, gestão, manejo e ação imediata, mensurando o impacto e tomando medidas de ação imediata relacionados a estrutura do espaço geográfico. O geoprocessamento, integra as etapas de levantamentos (topográficos, sensores remotos e sistema de navegação por satélite), tratamento e análise dos dados levantados, produção (produção de mapeamentos, laudos e memoriais) e implantação. das informações espaciais. Os mapas elaborados desta ocorrência, serviu como base para determinar áreas em que foram mais afetadas e locais em que poderiam encontrar vítimas. Estes mapas estão diretamente ligados ao estudo da Cartografia, pois os mapas foram as primeiras formas de comunicação gráfica da humanidade, com o intuito de registrar a localização dos atributos essenciais à sua sobrevivência. Nesta unidade, o acadêmico será capaz de definir e conhecer os conceitos de geoprocessamento e de sistema de informação geográfica, suas aplicações e sua relação com a sociedade. 56UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 1. GEOPROCESSAMENTO 1.1 Definição O geoprocessamento, etimologicamente quer dizer “Geo” (terra; superfície ou espaço) e processamento (de processar informações). Rocha (2000, p. 210) define geoprocessamento como: Uma tecnologia transdisciplinar, que, através da axiomática da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para a coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados. Neste contexto, o geoprocessamento utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de cartografia, recursos naturais, transportes, comunicação, planejamento urbano e rural. Assista o vídeo Geoprocessamentodo programa ação e meio ambiente disponível no link (https://www.youtube.com/watch?v=m5LLDaYsXhY) explicando a importância desta ferramenta nos dias de hoje. Portanto, o sistema de geoprocessamento é o destinado ao processamento de dados referenciados geograficamente (ou georreferenciados), desde a sua coleta até a geração de saídas na forma de mapas convencionais, relatórios, arquivos digitais, etc., devendo prever recursos para sua estocagem, gerenciamento, manipulação e análise. https://www.youtube.com/watch?v=m5LLDaYsXhY 57UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 1.2 Principais componentes do geoprocessamento O geoprocessamento, como uma ferramenta multidisciplinar, ela agrega diversas ferramentas, a figura 1 mostra os principais componentes do geoprocessamento, em que cada componente terá uma breve explicação para o melhor entendimento do acadêmico. FIGURA 1 - PRINCIPAIS COMPONENTES DO GEOPROCESSAMENTO Fonte: O autor (2022). 1.2.1 Cartografia A Associação Cartográfica Internacional define a cartografia como: conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base o resultado de observações diretas ou da análise da documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão e representação de objetos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como sua utilização (ACI, 1966, p. 25). A relação da cartografia com o geoprocessamento está relacionada com o espaço geográfico, pois ela preocupa-se em apresentar um modelo de representação de dados para os processos que ocorrem no espaço geográfico. O estudo da cartografia será melhor detalhado no item 1.5 desta unidade 58UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 1.2.2 Geodésia Geodésia é o estudo da forma e dimensões da Terra, o seu estudo é necessário para construir mapas acurados. De acordo com a definição de Friedrich Robert Helmert (1880), Geodésia é a ciência de medida e mapeamento da superfície da Terra, e das variações temporais da superfície da Terra e sua gravidade (ZANETTI, 2007). A geodésia atualmente se divide em: ● Geodésia Geométrica: realiza operações geométricas sobre a superfície terrestre (medidas angulares e de distâncias); ● Geodésia Física: realiza medidas gravimétricas que conduzem ao conhecimento detalhado do campo da gravidade; ● Geodésia Celeste: utiliza técnicas espaciais de posicionamento, como satélite artificiais. A Geodésia se relaciona com o geoprocessamento devido os modelos da forma da Terra, utilizado atualmente os modelos de elipsoide de revolução. 1.2.3 Informática Antigamente a elaboração de mapas, de produtos cartográficos ou de cartas topográficas e também na produção de relatórios através de sobreposição de informações eram feitos a manualmente. Com o avanço da informática (softwares e hardwares) surgiu a possibilidade de se integrar vários dados e mapas e analisá-los em conjunto, possibilitando análises complexas e a criação de bancos de dados. O acadêmico deve possuir conhecimentos básicos de informática para a o entendimento das ferramentas a serem utilizadas nos softwares de geoprocessamento, sendo indispensável nos dias de hoje. 1.2.4 Sistema de Informação Geográfica (SIG) Sistema de Informação Geográfica é um poderoso conjunto de ferramentas para coleta, armazenamento, recuperação, transformação e visualização de dados espaciais do mundo real para um conjunto de propósitos específicos (BURROUGH e MCDONNELL, 1998), ou seja, é um sistema que processa dados gráficos e não gráficos (alfanuméricos) com ênfase a análises espaciais e modelagens de superfícies. As ferramentas de geoprocessamento estão incluídas dentro dos softwares de SIGs, onde será discutido na Unidade II. 59UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 1.2.5 Sensoriamento Remoto Sensoriamento Remoto é a ciência e a arte de obter informações sobre um objeto (alvo), área ou fenômeno através da análise de dados adquiridos por um dispositivo (sensor) que não está em contato direto com o objeto, área ou fenômeno sob investigação. FIGURA 2 - PRINCÍPIO BÁSICO DO SENSORIAMENTO REMOTO Fonte: Matheus (2013). Através deste conceito, podemos exemplificar que através de uma imagem de satélite e das técnicas de geoprocessamento, pode delimitar-se a dimensão de uma área que sofre desmatamento, ou análise do crescimento urbano, entre outros. 1.2.6 Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) São sistemas que estabelecem o posicionamento geoespacial através do uso de satélites artificiais. Estes sistemas permitem que receptores sobre a superfície terrestre possam determinar a sua localização em comparação com os sinais dos satélites, adquirindo sua posição, ou seja, suas coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude). Existe uma gama de aplicações do sistema GNSS, alguns deles como levantamentos topográficos, georreferenciamento, agricultura de precisão, entre outros. A figura 3 demonstra o princípio de funcionamento do GNSS para a determinação de sua posição. 60UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 3 - DETERMINAÇÃO DO POSICIONAMENTO ATRAVÉS DO SISTEMA GNSS Fonte: Giovanini (2020). 1.2.7 Topografia e levantamento de campo A topografia significa a descrição do lugar, que tem a finalidade de determinar o contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, desconsiderando a curvatura da esfericidade da Terra. A topografia é a base de qualquer projeto de engenharia, como obras viárias, edifícios, planejamento urbano e rural, irrigação, entre outros. 1.3 Aplicações do geoprocessamento As aplicações do geoprocessamento, está relacionada com as áreas técnicas ligadas as informações espaciais, como a Topografia, Sensoriamento Remoto, Cartografia, Sistema de Informação Geográfica e Sistema de Navegação Global por Satélites (GNSS). 1.3.1 Políticas Públicas Para as ações do planejamento urbano, as identificações das características e dos recursos naturais e culturais, de cada parcela de um município, ou seja, o cadastro geoambiental, do uso do solo, rede viária, rede de serviços, entre outros. Por exemplo, para a construção de um novo posto de saúde, verifica-se a densidade demográfica, a renda média e a área de abrangência dos postos existentes, em que com a geomática pode manipular as informações, podendo identificar determinadas características de acordo com seu objetivo. 61UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto A figura 4 representa um estudo realizado no Uruguai na gestão de trabalho de campo consistindo na implementação anual de aproximadamente 40.000 visitas a agregados familiares socialmente vulneráveis em todo o país. O objetivo era conformar um banco de dados georreferenciado completo de domicílios-alvo, a fim de melhorar a implementação de políticas sociais . FIGURA 4 - QGIS NO TRABALHO: IDENTIFICANDO CASAS EM ASSENTAMENTOS INFORMAIS PARA IMPLEMENTAR O TRABALHO DE CAMPO Fonte: D´Angelo, Detomasi e Hahn (2017). 1.3.2 Planejamento e Monitoramento Ambiental A expansão agropecuária que ocorre no Brasil, especificamente na região Amazônica, tem um impacto ambiental devido ao desmatamento da floresta. Para o monitoramento e planejamento de ações para controlar o desmatamento ilegal, o uso de imagens de satélites, fotografias aéreas com seu estudo permite acompanhar a evolução do desmatamento numa análise temporal das imagens. 62UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 5 - AVANÇO DO DESMATAMENTO EM RONDÔNIA Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Governo Federal. Disponível em:http://www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_arquivos/V_seminario_semsipam.pdf. Acesso em: 23jun. 2022. 1.3.3 Agricultura A utilização do geoprocessamento na agricultura, foi o passo inicial para o estudo da Agricultura de Precisão. Por exemplo, em sua propriedade, o proprietário produz soja, para obter maior rendimento na sua produção em sua área, coleta informações como a amostragem do solo e mapa da área. Após a coleta, na análise das informações, ou seja, no processamento das informações são gerados laudos e mapas de aplicação das regiões cujo necessitam maior aplicação de insumos agrícolas para a correção do solo e plantio. Após o plantio, o uso de imagens áreas e das técnicas de sensoriamento remoto, são utilizadas como ferramenta de monitoramento da evolução do plantio, intervindo nas áreas onde tem maior déficit, aplicando adubos e pulverização. 1.3.4 Obras Civis Na construção ou ampliação de uma rodovia em um determinado local, o uso do geoprocessamento possibilita aos planejadores as diferentes informações geográficas na área a ser analisadas como a vegetação, rios, construções e relevo. Essas informações são apresentadas em formas de mapas, aumentando na sua qualidade e confiabilidade. A figura 6 representa uma análise de áreas instáveis que podem ocorrer deslizamento de terra. 63UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 6 - MAPA DE ÁREAS ALTAMENTE INSTÁVEIS (VERMELHO) PROPENSAS A DESLIZAMENTOS DE TERRA Fonte: Cosentino e Penninca (2015). 1.4 Softwares Os softwares são programas de computador com a finalidade de difundir os conceitos e procedimentos metodológicos voltados para a criação, visualização, gerenciamento, elaboração e análise das informações geográficas. Os principais softwares utilizados no Brasil atualmente são: TABELA 1 - PRINCIPAIS SOFTWARES DE GEOMÁTICA UTILIZADOS NO BRASIL. SOFTWARE DESCRIÇÃO ArcGis Utilizados para criar, importar, editar, buscar, mapear, analisar e publicar informações geográficas. Um dos softwares mais utilizados atualmente na gestão pública municipal. Para mais informações sobre o software consultar https://www.img.com.br/pt-br/home AutoCad Map Utilizado para a criação e gerenciamento de dados espaciais, possibilita criar, gerir e produzir mapas, integrar dados e efetuar análises de Sistema de Informação Geográfica (SIG). ENVI É um software de processamento de imagens desenvolvido com língua de IDL (Interactive Data Language). Tem funções exclusivas como visualizador n-dimensional, funções de ortorretificação, elaboração de mosaicos e carta imagem, sofisticadas ferramentas de processamento de imagens, visualização e análises de Modelos Digitais de Terreno, entre outras. 64UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto Fonte: Rosa (2014). QuantumGis O QGIS é um Sistema de Informação Geográfica (SIG) de Código Aberto licenciado segundo a Licença Pública Geral GNU. Junto com o QGIS, possuem o GRASS (Geographical Resources Analysis Support System) um sistema de código aberto para processamento de imagens. É um software baseado em formato de vetor e rastear, com funções voltadas para processamento de imagens, análise estatística, análise e modelagem espacial, produção de mapas e gráficos e boa interface com banco de dados. Para mais informações visite o site https://qgis.org/pt_BR/ site/index.html. SPRING O SPRING é um SIG (Sistema de Informações Geográficas) no estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais. Os objetivos do projeto SPRING são construir um sistema de informações geográficas para aplicações em Agricultura, Floresta, Gestão Ambiental, Geografia, Geologia, Planejamento Urbano e Regional. Fornecer um ambiente unificado de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto para aplicações urbanas e ambientais. Para mais informações acesse: http:// www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html Esse é o software que será utilizado nas práticas no decorrer da disciplina. Entrar no site e baixar a versão 2.18. http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html 65UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 2. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – SIG 2.1 Definição Analisando o conceito de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), extraímos que a informação é um conjunto de registros e dados interpretados e dotados de significado lógico. O sistema define-se como um conjunto integrado de elementos interdependentes, estruturado de tal forma que estes possam relacionar-se para a execução de uma determinada função (FITZ, 2008). E com relação a geográfica, refere-se à superfície da Terra e ao que está próximo da superfície. No contexto apresentado, define-se SIG como: é de um conjunto organizado de hardware, software e, dados geográficos e pessoal capacitado, desenvolvido para capturar, armazenar, atualizar, manipular e apresentar, por meio de um produto final cartográfico, a espacialização das informações referentes geograficamente (CÂMARA et al., 1997, p. 197) O objetivo principal do SIG é permitir a análise de informações georreferenciadas do modo mais eficiente, dinâmico e rápido, auxiliando na tomada de decisões. Câmara e Ortiz apud Garcia (2014), apresenta três características sobre os SIG que são: ● Sistemas que possibilitam a integração, numa única base de dados, de diferentes informações geográficas, oriundas de diferentes fontes (dados climatológicos, geomorfológicos, imagens de satélite, censo demográficos, etc.) ● Mecanismos que possibilitam a recuperação, a manipulação e a visualização dos dados, por meio de um conjunto de algoritmos de manipulação e análise; ● Oferecem variadas ferramentas que permitem a combinação de diversas informações para a elaboração de mapeamentos derivados. 66UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto SAIBA MAIS Um exemplo de aplicação de SIG, como ferramenta de solução de problemas e auxilio na tomada de decisões, podemos avaliar o risco de desmoronamento junto as rodovias (informação espacial), se conhecermos a forma com que a estabilidade de uma encosta é impactada por fatores como características subsuperficiais rasas , porosidade, solo, estrutura entre outros, e quanto o lugar que se encontra os riscos de desmoronamento. O SIG é uma ferramenta para solucionar esse problema, conteria conhecimento sobre as encostas na forma de mapas digitais, e os programas executados pelo SIG expressariam o conhecimento geral de como com condições de tempo extremas influenciariam a probabilidade de movimentos de massa das encostas. Fonte: O Autor (2022). O SIG se torna uma grande ferramenta pois se relaciona com os programas assistidos por computador (CAD), cartografia computadorizada, sistema de gerenciamento de dados e sistemas de informação de sensoriamento remoto. O SIG ele pode ser utilizado para realizar pesquisas e superposições espaciais que geram novas informações devido a essas relações com essas tecnologias. FIGURA 7 - O SIG E RELAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS Fonte: McComark et al. (2019). 67UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 2.2 Breve Histórico do SIG Em 1854, o Dr. John Snow, conhecido como o pai da epidemiologia, superpôs o mapa da cidade de Londres com a localização de poços de água da cidade e as áreas onde as mortes por cólera eram particularmente prevalecentes (figura 8). Isso permitiu à cidade encontrar e fechar os poços perigosos (MCCOMARCK et al., 2019). FIGURA 8 - MAPA ELABORADO PELO DR. JOHN SNOW PARA REMEDIAR O SURTO DE CÓLERA Fonte: Barros (2013). Este exemplo mostra a sobreposição de dados, como o mapa de Londres, relacionando com a localização dos poços e as áreas em que as mortes por cólera prevaleciam. Isto é uma característica básica da utilização doSIG, realizada de forma manualmente. Atualmente, com o avanço da tecnologia, o primeiro desenvolvimento do SIG foi o Sistema de Informação Geográfica do Canadá na década de 1960, criado como um sistema computadorizado de mensuração de mapas relacionados a identificação dos recursos naturais da nação e seus potenciais (LONGLEY et al., 2013). O SIG se difundiu mais quando se adaptou a necessidade de realizar a criação de mapas automaticamente por computadores, suprindo as necessidades de cartógrafos e geógrafos reduzindo o tempo e os custos para a elaboração. O sensoriamento remoto também teve parte no desenvolvimento do SIG, como uma fonte de tecnologia e de dados, como a série do satélite Landsat, fornecendo imagens para identificação e monitoramento dos recursos naturais. 68UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto A partir da década de 1980, devido ao barateamento dos computadores e dos softwares, se caracterizou pela ampliação da integração entre usuários e SIGs, no qual são utilizados por diversas empresas que utilizam informações espaciais, têm departamentos dedicados ao SIG como a agricultura, exploração de petróleo, controle dos recursos naturais, socioeconômicos e controle do uso da terra (FILHO e IOCHPE, 1996). 2.3 Componentes do SIG A aplicação real do SIG, integra equipamentos (hardware), dados, programas computacionais (software), recursos humanos e métodos (figura 9). FIGURA 9 - COMPONENTES DO SIG Fonte: Longley et al. (2013). Os equipamentos (hardware) utilizados em SIG, são os computadores, notebooks, impressoras, scanners, entre outros produtos de hardware. O software é programa de computador que possa a ser utilizado, através dele é possível manipular as ferramentas e funções para a geração da informação geográfica. Há diversos softwares no mercado, como softwares livres e privados, para conhecer os principais softwares gratuitos atualmente utilizados acesse: https://www.geoaplicada. com/blog/softwares-sig-gratuitos/. As pessoas, são compostas pelos desenvolvedores, operadores e administradores do sistema, como também desenvolvem novas ferramentas para a soluções de casos reais. Elas devem possuir um conhecimento técnico para operar o sistema. http:////www.geoaplicada.com/blog/softwares-sig-gratuitos/ http:////www.geoaplicada.com/blog/softwares-sig-gratuitos/ 69UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto Os procedimentos (metodologia), são os processos realizados através do software SIG para a geração de novas informações espaciais. Os dados são as informações espaciais, no qual é dividido em dados espaciais e dados de atributos. As ferramentas utilizadas no Sistema de Informação Geográfica, algumas são mais avançadas e outras mais básicas. Destas ferramentas deve-se conhecer as utilizadas como frequência que são o buffer, clipe, merge, dissolve, union, extract by mask. Para saber mais acesse: https://forest-gis.com/2020/03/as-10-ferramentas-de-geoprocessamento-que- -todo-analista-gis-precisa-conhecer.html/ A figura 10, representa a arquitetura do SIG, citamos um exemplo para facilitar o entendimento sobre esta arquitetura. Imaginamos que devemos elaborar um mapa de implementação de uma empresa. Com base neste exemplo, a interface será a interação do software SIG com o usuário. Com relação a integração e entrada dos dados, o profissional deve conhecer onde buscar as informações necessárias para o seu projeto, como censo censitário, renda per capita, regiões estratégicas, entre outros e como levantamento de campo. As funções e processamento, refere- se à manipulação, edição dos dados para obter novas informações ou ajustá-lo de acordo com sua necessidade de acordo com as ferramentas de geoprocessamento disponíveis. Os dados adquiridos e os novos gerados, ficam armazenados num sistema de banco de dados geográficos, sendo possível a sua recuperação, no qual o profissional visualiza e realiza a impressão (plotagem) das informações espaciais que cabe ser necessária a representar no mapa. FIGURA 10 - ARQUITETURA DO SIG https://forest-gis.com/2020/03/as-10-ferramentas-de-geoprocessamento-que-todo-analista-gis-precisa-conhecer.html/ https://forest-gis.com/2020/03/as-10-ferramentas-de-geoprocessamento-que-todo-analista-gis-precisa-conhecer.html/ 70UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 2.4 Aplicações do sistema de informação geográfica Os sistemas de informações geográficas, são utilizadas em órgãos públicos, nos níveis federal, estadual e municipal, em instituto de pesquisa, empresas de prestação de serviços (como água, energia, recursos naturais) e em empresas privadas. Segundo Ramirez apud Filho e Iochope (1996) divide-se em cinco grupos obtendo diversas aplicações conforme a tabela abaixo. TABELA 2 - APLICAÇÕES DO SIG FONTE: FILHO E IOCHPE, 1996. FIGURA 11 - MAPA DE FLUXO ATENDIMENTO PARA QUIMIOTERAPIA Fonte: Ribeiro (2017). GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO Ocupação Humana Planejamento e gerenciamento urbano Saúde e educação Transporte Segurança 71UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 12 - MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA Fonte: Barros (2018). GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO Uso da Terra Agricultura Classificação de solos e vegetação Gerenciamento de bacias hidrográficas Planejamento de barragens Cadastramento de propriedades rurais Levantamentos planialtimétricos Mapeamento do uso da terra 72UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 13 - MAPA DE UNIDADES GEOMORFOLÓGICOS Fonte: MundoGeo, (2016). GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO Uso dos recursos naturais Controle do extrativismo vegetal e mineral Classificação de poços petrolíferos Planejamento de oleodutos e gasodutos Distribuição de energia elétrica Identificação de mananciais Gerenciamento costeiro e marítimo 73UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 14 - MAPA DE CONCENTRAÇÃO DE ÁREA DESMATADA NO ESTADO DE MATO GROSSO, BR Fonte: ICV (2018). REFLITA O SIG, é uma ferramenta de apoio para uso das entidades pública e privada, na qual se utiliza para o auxílio na tomada de decisões em seus projetos. Fonte: O Autor (2022). GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO Meio ambiente Controle de queimadas Estudos de modificações climáticas Acompanhamento de emissão e ação dos poluentes Gerenciamento florestal se desmatamento e reflorestamento GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO Atividades econômicas Planejamento de marketing Pesquisas sócio-econômicas Distribuição de produtos e serviços Transporte de máteria prima e produtos; 74UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 3. DADOS GEOGRÁFICOS Para a produção de informações geoespaciais no sistema de informação geográfica, é necessário nutrir o sistema com os dados sobre o mundo real. Neste tópico, veremos as características gerais dos dados geográficos a partir de três componentes fundamentais conforme a tabela abaixo. TABELA 3 - COMPONENTES FUNDAMENTAIS DE BANCO DE DADOS Fonte: Câmara et al. (1997). Os dados espaciais descrevem a localização geográfica de várias entidades tais como as áreas de código de endereçamento postal, limites municipais e estradas em termos de latitude e longitude ou outro sistema de coordenadas. Um dado não-espacial é uma propriedade ou característica que pode ser usada para descrever certa coisa ou feição. Ele pode ser numérico (censo populacional, unidades habitacionais etc.) ou pode ser textual (o nome de uma zona postal, da unidade residencial etc.) (MCCOMARK et al., 2019). COMPONENTES CARACTERÍSTICAS Dados não-espaciais Descreve o fenômeno sendo estudado, tais como o nome e o tipo da variável Dados espaciais Informando a localização espacial do fenômeno, ou seja, seu georreferenciamento, associadaa propriedades geométricas e topológicas Dados temporais Identificando o tempo para o qual tais dados são considerados, isto é, quando foram coletados e sua validade 75UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 3.1 Dados espaciais A estrutura dos dados espaciais pode ser representada no modelo matricial ou vetorial, a ser discutida nos tópicos seguintes. 3.1.1 Estrutura vetorial Fitz (2008), especifica que a estrutura vetorial é composta por três elementos gráficos, sendo ponto, linha e polígonos e utiliza um sistema de coordenadas para sua representação. Nesta estrutura, os dados não espaciais estão relacionados com a estrutura vetorial representando suas informações, como exemplo a consulta do valor do IPTU de cada propriedade urbana, sendo que as informações referentes ao IPTU são dadas não espaciais composto na tabela de atributos composta dos elementos representativos da estrutura vetorial. 3.1.2 Ponto São representados por um vértice, ou seja, por apenas um par de coordenadas que define a localização de objetos que não apresentam área nem comprimento. FIGURA 15 - MAPEAMENTO DE DADOS TABULARES DAS TAXAS DE ROUBOS EM EXETER, INGLATERRA Fonte: Longley et al. (2013). 3.1.2.1 Linha Representados pelo menos por dois vértices ligados que geram polígonos abertos e expressam elementos que tem comprimento, como estradas, rios, avenidas, pontes etc. 76UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto A figura 16 representa o mapeamento da distribuição de água, representado pelas linhas vermelhas e azuis, identificando sua ligação com as propriedades e como também realizar o gerenciamento e monitoramento de alguma ocorrência e futuras ampliações do sistema. As linhas são utilizadas juntamente com os pontos para representar as estruturas das redes. FIGURA 16 - GERENCIAMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA Fonte: Longley et al. (2013). As geometrias das linhas são determinadas por uma série de pares de coordenadas. Para uma única linha reta são necessários apenas dois pares de coordenadas para a sua descrição (figura 17): FIGURA 17 - REPRESENTAÇÃO DA LINHA COM AS COORDENADAS Fonte: McComarck et al. (2019). 77UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 3.1.2.2 Polígono São utilizadas para representar elementos do mundo real, que possuem área e perímetro e podem ser representados graficamente, são representados por pelo menos três vértices conectados, sendo que o primeiro vértice possui uma coordenada idêntica à do último (figura 18). São itens contínuos bidimensionais (2D), utilizados para a definição de limites, como uso e cobertura do solo, limites político-administrativos dos municípios e estados etc. FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO DE POLÍGONO NA ESTRUTURA VETORIAL Fonte: McComarck et al. (2019). 3.1.3 Estrutura matricial ou raster Essa estrutura de dados matricial é representada por uma matriz bidimensional, composta por linhas e colunas, onde cada elemento desta estrutura é contém um número inteiro ou real, podendo ser negativo ou positivo. Na qual cada elemento (célula), denominada pixel (picture element). FIGURA 19 - REPRESENTAÇÃO MATRICIAL OU RASTER Fonte: ESRI (2019). 78UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto Cada pixel representa uma área no terreno e apresenta um valor, objeto ou condição que é encontrado na localização, bem como valores que definem o número da coluna e o número da linha, correspondendo as coordenadas x e y, como também apresenta um valor z que pode indicar, por exemplo, uma cor ou tom de cinza a ele atribuído (IBRAHIN, 2014). Um fator importante neste modelo é referente a resolução espacial, que corresponde à dimensão linear mínima da menor unidade do espaço geográfico (pixel), ou seja, quanto menor a dimensão dos pixels, maior a resolução da área e, consequentemente, maior a quantidade de memória necessária para armazená-las (FILHO e IOCHPE, 1996). FIGURA 20 - RESOLUÇÃO ESPACIAL DE IMAGENS DE SATÉLITE E FOTOGRAFIA ÁREA REPRESENTANDO O TAMANHO DO PIXEL Fonte: CEPSRM (2019). Analisando a figura 20, cada pixel, possui sua dimensão bidimensional, ilustrando o contraste visual e a distinção dos elementos urbanos. Na imagem, Ikonos II consegue distinguir os elementos como ruas, áreas residenciais e industrial, entre outros. 79UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto Já há imagem Landsat, que possui a resolução de 30 metros (que cada pixel tem a dimensão de 30 x 30 metros, ou seja, 900 m²), fica difícil identificar quais tipos de elementos que possui na imagem, dificultando a sua interpretação. Os dados matriciais ou raster são oriundos do sensoriamento remoto, imagens de satélite, fotografias áreas digitais, mapas digitalizados (escaneados). 3.1.4 Comparação entre a estrutura de dados matricial x vetorial Nenhuma das duas classes de representação de dados é melhor em todas as condições ou para todos os dados, depende do objetivo do estudo para saber qual será o melhor dado a ser utilizado. A tabela abaixo mostra as características dos dados raster e vetor. TABELA 4 - COMPARAÇÃO DE RASTER E VETOR Fonte: IBRAHIN (2014). CARACTERÍSTICAS RASTER VETOR Estrutura dos dados Simples Complexa Topologia Baixa definição Boa definição Requisito de armazenagem Grande para a maioria dos dados sem compressão Pequena para a maior parte dos dados Saída gráfica Baixa definição Boa definição Conversão do sistema de coordenadas Pode ser lenta, devido ao volume, e requer reamostragem Simples Manipulação de dados Não possível Fácil Precisão posicional Degraus contornando células. Depende da resolução adotada. Limitado somente pela qualidade posicional de levantamento. Visualização Lenta Rápida Relações espaciais entre objetos Relacionamentos espaciais devem ser inferidos Relacionamentos topológicos entre objetos disponíveis Análise e modelagem Superposição e modelagem mais fáceis Álgebra de mapas é limitada. Fronteiras (figura 21) As fronteiras das imagens são descontínuas (efeito serrilhado) Fronteiras das imagens são contínuas (feições regulares) Aplicação Zoneamento, gestão ambiental, diagnósticos, manejo, etc. Redes, concessionárias de água, esgoto, energia, telefone, etc. 80UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 21 - ESTRUTURA VETORIAL E RASTER Fonte: FITZ (2008). 3.2 Dados não espaciais Os dados não espaciais, ajudam a descrever as características do objeto espacial, que estão ligados ao objeto espacial através de identificadores, fornecendo informações qualitativas ou quantitativas. Seu armazenamento se dá através das tabelas de atributos. FIGURA 22 - INFORMAÇÃO DE DADOS NÃO ESPACIAIS Fonte: Lino e Ferreira (2021). 81UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto 3.3 Principais dados geográficos 3.3.1 Mapas temáticos e cadastrais Os mapas temáticos podem ser representados na forma matricial ou vetorial, em que sua região geográfica é representada por um polígono (vetorial) segundo ao seu tema, como por exemplo, uso do solo, aptidão agrícola, entre outros. Em relação ao raster o polígono é representado pelas células (pixel) de tamanho fixo. Os mapas temáticos e cadastrais eles possuem uma diferença, como explica Câmara et al. (1997, p.120): Em mapas temáticos, os polígonos apresentados são resultado de funções de análise e classificação de dados e não correspondem a elementos identicáveis do mundo real. Mapas cadastrais, ao contrário, apresentam objetos identicáveis (por exemplo, lotes de terreno). Por exemplo, os lotes de uma cidade são elementos do espaço geográfico que possuem atributos (por exemplo, proprietário, valor venal, IPTU devido). Os dados são em geral armazenados usando umarepresentação topológica. 3.3.2 Redes Em Geoprocessamento, o conceito de rede denota as informações associadas a serviços de utilidade pública, como água, luz e telefone; redes relativas a bacias hidrográficas; e rodovias. 3.3.3 Modelos numéricos de terreno Os modelos numéricos de terreno (MNT), são comumente associados a altimetria. Os MNT são utilizados para trabalhos com bacias hidrográficas, estabelecimento de perfis topográficos (na área de rodovias e barragens), elaboração de mapas de orientação de vertentes, confecção de zoneamentos climáticos, entre outros (CÂMARA et al., 1997). Para a geração do MNT de acordo com Fitz (2008): ● Realizar um levantamento dos dados disponíveis e procurar caracterizar espacialmente. Normalmente, trabalha-se com dados pontuais (altitudes, pluviosidade, temperaturas, etc.) ou com isolinhas (linhas de mesmo valor: isoietas, isotermas, etc.); ● Introduzir os dados no sistema (digitalização/vetorização); ● Traçar as respectivas isolinhas a partir dos dados pontuais (dispostos em tabela); ● Estabelecer as configurações de interpolação dos pontos; ● Aplicar o módulo do respectivo software para a geração do modelo. 82UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto FIGURA 23 Fonte: (A)Felgueiras (2001); (B e C) Neto (2016). A) MNT Imagem - Extraída da imagem do satélite SRTM (B) MNT na representação de curvas de nível (C) MNT gerado através da interpolação dos dados altimétricos 83UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso do sistema de informações geográficas e do geoprocessamento, está em crescente utilização na realidade, pois as atividades humanas sempre são desenvolvidas em alguma localidade geográfica. A utilização desta ferramenta, tem como grande potencial nas análises e definições dos problemas geográficos, como também na interpretação, apresentação dos resultados obtidos como auxilio na tomada de decisões. Concluindo, nesta unidade você adquiriu os conhecimentos básicos da utilização do geoprocessamento e do sistema de informação geográfica, sabendo identificar o uso desta ferramenta. 84UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto LEITURA COMPLEMENTAR O livro Anatomia de Sistemas de Informações Geográficas de Gilberto Câmara, disponível em: http://www.dpi.inpe.br/geopro/livros/anatomia.pdf, enfatiza as principais aplicações e conceitos do sistema de informação geográfica. Esta leitura complementa informações processamento de dados, arquitetura do SIG, o sistema SPRING, entre outros. http://www.dpi.inpe.br/geopro/livros/anatomia.pdf 85UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Aplicação do Sistema de Informações Geográficas em Estudos Ambientais Autor: Monika Christina Portella Garcia. Editora: InterSaberes. Sinopse: O uso de mapas, imagens de satélite e informações georreferenciadas é cada vez mais frequente em nosso cotidiano. Considerando isso, a presente obra trata de elementos importantes para a compreensão da cartografia, dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) e da espacialização de informações. O objetivo é proporcionar ao leitor o aprofundamento de seus estudos sobre o assunto, além de estimulá-lo a realizar novas pesquisas envolvendo a cartografia e o geoprocessamento. FILME/VÍDEO Título. Velozes e Furiosos 8 Ano: 2017. Sinopse: Dom e Letty estão curtindo a lua de mel em Havana, mas a súbita aparição de Cipher atrapalha os planos do casal. Ela logo arma um plano para chantagear Dom, de forma que ele traia seus amigos e passe a ajudá-la a obter ogivas nucleares. Tal situação faz com Letty reúna os velhos amigos, que agora precisam enfrentar Cipher e, consequentemente, Dom. E como fio condutor da trama é utilizado um software de SIG chamado Olho de Deus para encontrar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. 86 Plano de Estudo: ● Princípios do Sensoriamento Remoto; ● Espectro Eletromagnético; ● Comportamento Espectral; ● Programas Espaciais dos Alvos; ● Aerofotogrametria. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar o uso do sensoriamento remoto; ● Compreender a importância do espectro eletromagnético no sensoriamento remoto; ● Aprender sobre o impacto do comportamento dos espectros no sensoriamento remoto. UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Professor Esp. Orlando Donini Filho 87UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento INTRODUÇÃO Com o desenvolvimento da urbanização e do crescimento demográfico, acarretou em um processo de degradação ambiental acelerada em processo foi intensificado para a construção da cidade, principalmente nas regiões tropicais. O desmatamento das florestas para a obtenção de madeiras para o carvão vegetal ou para a expansão agropecuária tem sido umas das causas da degradação ambiental nos dias de hoje. A cobertura vegetal garante a proteção dos solos contra a erosão e recarga dos lençóis freáticos, sendo que seu uso irracional, devido ao aumento populacional e a crescente demanda por alimentos, tem levado a comunidade científica a buscar soluções para um uso mais eficiente do solo. Esses fatores, juntamente com as necessidades de planejamento de cada região do país levaram a um aprimoramento de técnicas e equipamentos ligados a essa finalidade e nesse contexto surge o sensoriamento remoto e o georreferenciamento. Essas técnicas são usadas no apoio à tomada de decisão na gestão de recursos naturais, meteorologia, agricultura e gestão florestal de precisão e ordenamento do território. O grande potencial de utilização destas tecnologias se dá ao grande número de imagens captadas pelo numeroso conjunto de satélites para a observação da Terra que orbitam o nosso planeta, onde muitas estão liberadas gratuitamente, sendo uma ferramenta de baixo custo para o planejamento do território e em conjunto com as técnicas de georreferenciamento (a utilização de Sistema Global de Navegação por Satélite - Global Navigation Satelitte System – GNSS), obtém-se melhor aplicação de monitoramento e demarcação. O Sistema GNSS, vem sendo muito utilizado para a realização de levantamentos de estabelecimento e densificação de redes geodésicas, locação e monitoramento de obras de engenharia, levantamentos cadastrais, entre outros serviços. Devido a sua precisão e acurácia, o levantamento por GNSS passou a ser muito utilizada para levantamentos topográficos cadastrais para áreas urbanas e rurais. 88UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Como também a crescente utilização de drones para mapeamento, a utilização de técnicas de aerofotogrametria no qual é a ciência de obter medidas através das fotografias aéreas, no qual pode-se aplicar nos estudos de projetos de estradas, inventário florestal e mineral, arqueologia, geologia, planejamento e cadastro urbano e rural. Nesta ciência, pode-se extrair produtos como cartas topográficas, feições planimétricas e altimétricas, modelos digitais do terreno, mapas temáticos, fotografias aéreas, mosaico, entre outros. A utilização de imagens orbitais, a aerofotogrametria e técnicas de georreferenciamento, vem em crescente demanda nas análises ambientais, no qual a cada ano se tornando uma prática cada vez mais frequente nas análises de processos como a fiscalização e a degradação da vegetação natural, de florestas e outros fatores que podem modificar a vegetação natural. Pois tem a capacidade de fazer o registro de dados da superfície e também da dinâmica da paisagem. Contudo nesta unidade, o estudante aprenderá os conhecimentos básicos do sensoriamento remoto, GNSS, aerofotogrametria e suas aplicações, componentes do sensor e aquisição de imagensorbitais em relação ao projeto de estudo. 89UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 1. PRINCÍPIOS DO SENSORIAMENTO REMOTO 1.1 Histórico Sensoriamento Remoto (SR) pode ser entendido como a medição e a coleta de informações sobre um objeto ou área geográfica por um dispositivo de registro (sensor) que não esteja em contato físico ou íntimo com o objeto ou fenômeno em estudo, tendo como o produto final uma imagem ou fotografia (COLWELL, 1960). Inicialmente, as coletas de informações sobre uma área geográfica eram realizadas através da Fotogrametria, e o seu início deu-se com a invenção da câmera fotográfica, sendo utilizada em aeronaves suborbitais, definida como, “a arte ou ciência de obter medidas confiáveis por meio da fotografia” (AMERICAN SOCIETY OF PHOTOGRAMMETRY, 1952; 1966 apud JENSEN, 2009, p. 03). Colwell (1960) define a Interpretação Fotográfica como: “o ato de examinar imagens fotográficas para fins de identificar objetos e julgar sua significância”. As primeiras aplicações de Fotogrametria foram extremamente de uso militar, com as fotos obtidas consistiam em um valioso material informativo, reconhecendo as posições inimigas e sua infraestrutura. A origem do termo sensoriamento remoto, remonta a um artigo no começo dos anos de 1960 por Evelyn L. Pruitt e seus colaboradores (JENSEN, 2009). Devido à ocorrência da corrida espacial, estavam iniciando os primeiros lançamentos de satélite na plataforma orbital sendo instalados câmeras ou sensores a bordo para a observação da Terra. 90UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Rudorff (2004, p. 01) cita que: um sensor a bordo do satélite gera um produto de sensoriamento remoto denominado de imagem ao passo que uma câmara aerofotográfica, a bordo de uma aeronave, gera um produto de sensoriamento remoto denominado de fotografia aérea. Em 1960, foi a época da corrida espacial que pela primeira vez o homem pode ir ao espaço e observar a Terra e tomar as primeiras fotos da superfície terrestre usando câmeras fotográficas manuais. A Missão GT-4 do programa Gemini que teve como objetivo específico de mapeamento geológico, obtendo fotografias em preto e branco na escala de 1:350.000 descobrindo novas feições geológicas que não demonstravam nas escalas de 1:250.000. Essas foram as primeiras experiências realizadas, alavancando o aperfeiçoamento e estudo do sensoriamento remoto. Portanto eram utilizadas câmeras especiais como a Hasselblad, cada uma com filmes pancromáticos com filtros vermelho e verde e filmes infravermelhos (MENESES e ALMEIDA, 2012) No final da década de 60, foram testados os sensores imageadores, equipamentos com capacidade de recobrir a superfície terrestre e de armazenar ou transmitir para a Terra os dados coletados. Um dos fatores importantes dos sensores, foi a capacidade de obterem imagens simultânea em várias faixas do espectro eletromagnético. A vantagem do sensor imageador por satélites foi como cita Meneses e Almeida (2012, p. 02): [...] sua capacidade de imagear em curto espaço de tempo toda a superfície do planeta e de uma maneira sistemática, dado que um satélite fica continuamente orbitando à Terra. Essa forma de cobertura repetitiva, obtendo imagens periódicas de qualquer área do planeta, propicia detectar e monitorar mudanças que acontecem na superfície terrestre. No ano de 1970 foi lançado o primeiro satélite denominado Earth Resources Technology Satellite (ERTS-1), posteriormente batizado como Landsat, lançado pela NASA, com o objetivo de obter imagem dos recursos naturais da Terra, para análise ambientais de diversos ecossistemas terrestres. Destes programas espaciais realizados surgiram outros, como o SPOT (satélite francês), European Space Agency – ERS – 1 (União Europeia), RADARSAT (Canadá), e muitos outros, procurando atender as suas necessidades específicas para aplicação de monitoramento de suas áreas geográficas de interesse. No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE é o órgão responsável pela difusão da ciência do Sensoriamento Remoto, sendo o pioneiro a utilizar estas tecnologias, projetando o Brasil como a nação pioneira no hemisfério sul a dominar esta tecnologia. Meneses e Almeida (2012), cita que em 1972 o INPE investiu em pesquisas de sensoriamento remoto, como a Missão 96, com parceria com a NASA, que realizou um levantamento aerotransportado com diversos tipos de sensores imageadores na região do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais. 91UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento O Brasil, em conjunto com a China, entra no seleto grupo de países com domínio da tecnologia de sensoriamento remoto de recursos terrestres, com o lançamento dos satélites CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). O satélite CBERS 1 foi lançado em 14 de outubro de 1999, e o CBERS 2 foi lançado em 21 de outubro de 2003 e o CBERS-2B lançado em 19 de setembro de 2007. Em 9 de dezembro de 2013, foi lançado o CBERS 3, porém não entrou em funcionamento devido uma falha no satélite. Contudo, em 7 de dezembro de 2014, foi lançado o CBERS 4. Os lançamentos da série de satélites CBERS trouxe significativos avanços científicos ao país, devido a utilização das imagens para o uso ao meio ambiente e recursos naturais (INPE, 2018). 1.2 Definições 1.2.1 Sensoriamento remoto Sensoriamento Remoto é uma ciência aplicada na obtenção de imagens sobre um objeto sem tocá-lo, sendo uma definição mais globalizada sobre a utilização do Sensoriamento Remoto. Uma definição mais específica como cita Jensen (2009, p. 04): Sensoriamento Remoto é o registro de informações das regiões do ultravioleta, visível, infravermelho e micro-ondas do espectro eletromagnético, sem contato, por meio de instrumentos como câmeras, escâneres, lasers, dispositivos lineares e/ou matriciais localizados em plataformas tais como aeronaves ou satélites, e a análise da informação adquirida por meio visual ou processamento digital de imagens. Esta definição explica em afirmar que o objeto imageado é registrado pelo sensor por meio de medições da radiação eletromagnética. Meneses e Almeida (2012) cita que senso- res que obtém imagens, mas que não seja pela detecção de radiação eletromagnética não deve ser classificado como sensoriamento remoto. Estas atividades envolvem a detecção, aquisição e análise, interpretação e extração de informações da energia eletromagnética emitida ou refletida pelos objetos terrestres e registradas pelos sensores remotos. 1.3 Radiação Eletromagnética A REM foi concebida por James Clerk Maxwell (1831-1879), como sendo uma onda eletromagnética que se desloca no espaço à velocidade da luz (300.000 km/s). Todos os objetos acima do zero absoluto (-273°C) emitem energia eletromagnética, sendo o Sol a fonte inicial da energia eletromagnética, ou seja, a energia emitida por um objeto como o Sol ou a Terra é uma função de sua temperatura, quanto maior sua temperatura maior a quantidade de energia que emana do objeto (MENESES e ALMEIDA, 2012). 92UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Para o estudo e aplicação das técnicas de Sensoriamento Remoto, o principal componente de fonte de energia eletromagnética é o Sol, que ilumina ou fornece energia ao objeto de interesse, em seu percurso até a Terra, atravessa e interage com a atmosfera e depois com os objetos na superfície terrestre (Figura 1). A radiação refletida dos objetos (vegetação, geologia, cidade, etc.) depende de suas características estabelecendo uma distinção entre os objetos. Essa distinção será visível quando o sensor do satélite a bordo recolhe e grava a radiação refletida dos objetos e da atmosfera (GARCIA; BRONDO e PÉREZ, 2012). FIGURA 1 - PROCESSO DE EMISSÃO DA REM E CAPTAÇÃO DA MESMA POR PARTEDO SATÉLITE ORBITAL Fonte: Antunes (2012). A energia captada pelo sensor é transmitida a uma estação recepção e processamento na qual os dados fornecidos são convertidos em imagem. A imagem convertida é distribuída gratuitamente ou particularmente aos usuários onde consiste em integrar e aplicar a informação extraída da imagem em procedimentos de caracterização e avaliação da zona de estudo. 93UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 2. ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Espectro Eletromagnético são as regiões da REM conhecidas pelo homem. Isaac Newton provou que a radiação solar poderia ser separada em um espectro colorido como uma arco-íris, realizando um experimento da decomposição da luz branca através de um prisma (Figura 2). Experiências comprovaram que determinada cor é constituída de várias energias de comprimento de ondas diferentes. Por exemplo, todas as energias do espectro eletromagnético, com comprimentos de onda entre 446 a 490 nanómetros (nm, 10-9), provocam no sistema visual humano a sensação de cor azul. A partir desta experiência o homem propôs a divisão do espectro eletromagnético (Figura 2). FIGURA 2 - DISPERSÃO DA LUZ BRANCA EM SEIS CORES ESPECTRAIS AO ATRAVESSAR O PRISMA E SEUS RESPECTIVOS COMPRIMENTOS DE ONDA Fonte: Meneses e Almeida (2012). 94UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento O espectro eletromagnético varia desde as radiações gama de comprimentos de onda de ordem de 10-6 micrómetros (mn), até ondas de rádio da ordem de 100 m. O conjunto de todas essas radiações forma o espectro eletromagnético (Figura 3). Na pesquisa em sensoriamento remoto especificamos uma região particular do espectro eletromagnético, por exemplo a luz azul, identificando um comprimento de onda. Este comprimento de onda no espectro eletromagnético é chamado de banda, canal ou região. As faixas espectrais mais utilizadas em sensoriamento remoto são a da luz visível, infravermelho próximo, infravermelho de ondas curtas, infravermelho médio, infravermelho termal e do micro-ondas. Meneses e Almeida (2012) explica que a radiação eletromagnética de cada comprimento de onda interage de forma distinta com os objetos terrestres, isto porque, os objetos apresentam diferentes características estruturais e de composição física. Estes como sendo fatores responsáveis na escolha do sensor remoto, pois os sensores são capazes de detectar e registrar radiações das regiões não visíveis do espectro eletromagnético, desde o ultravioleta às micro-ondas. FIGURA 3 - DIVISÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Fonte: Souza et al. (2018). 95UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Através do conhecimento da divisão do espectro eletromagnético é possível compreender a interação destas faixas com os objetos, apresentando suas características espectrais. A Tabela 1 demonstra a divisão do espectro eletromagnético. TABELA 1 - DIVISÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO NA FAIXA DO VISÍVEL Fonte: Meneses e Almeida (2012). COMPRIMENTO DE ONDA (ΜM) COR DA LUZ REFLETIDA O,380 – 0,455 Violeta 0,455 – 0,482 Azul 0,482 – 0,487 Azul – esverdeado 0,487 – 0,493 Azul – verde 0,493 – 0,498 Verde – azulado 0,498 – 0,530 Verde 0,530 – 0,559 Verde – amarelado 0,559 – 0,571 Amarelo – verde 0,571 – 0,576 Amarelo – esverdeado 0,576 – 0,580 Amarelo 0,580 – 0,587 Laranja – amarelado 0,587 – 0,597 Laranja 0,597 – 0,617 Laranja – avermelhado 0,617 – 0,760 Vermelho 96UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 3. COMPORTAMENTO ESPECTRAL A radiação solar incidente na superfície terrestre interage e sofre alterações com o material que compõe o objeto, sendo parcialmente refletido, absorvido e transmitido. Esses fatores fazem com que cada alvo terrestre tenha a sua própria assinatura espectral. Para Moraes (2002, p. 16): Os objetos interagem de maneira diferenciada espectralmente com a energia eletromagnética incidente, pois os objetos apresentam diferentes propriedades físico-químicas e biológicas. Estas diferentes interações é que possibilitam a distinção e o reconhecimento dos diversos objetos terrestres sensoriados remotamente, pois são reconhecidos devido a variação da porcentagem de energia refletida em cada comprimento de onda. O conhecimento dos comportamentos espectral dos objetos é muito importante para a escolha da região do espectro sobre a qual pretende-se adquirir dados para a determinada aplicação, como no estudo da vegetação, de solos, rochas e água. Ao melhor entendimento dos comportamentos espectral dos objetos, está relacionado à sua fonte de radiação neste caso o Sol, assim a radiação solar que incide no topo da atmosfera, sendo parte desta radiação espalhada e/ou refletida pelas partículas das atmosferas, outra parte atravessa e atinge o objeto (ROSENDO, 2005). Entretanto, como acontece com qualquer objeto sobre qual incida certa quantidade de radiação eletromagnética, três fenômenos que descrevem os processos de interação que são de reflectância, transmitância e absorção (ROSA, 2003). 97UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Quando se trata de Sensoriamento Remoto orbital, para obter informações sobre o objeto em estudo, a variável em estudo é geralmente estimada pela quantificação da parte refletida que registram somente a radiação refletida ou emitida pelos alvos da superfície. Ponzoni e Shimabukuro (2009, p. 17) explica que reflectância “é uma propriedade de um determinado objeto em refletir a radiação eletromagnética sobre ele incidente e é expressa através dos chamados de Fatores de Reflectância (ρ)”, conclui-se que o Fator de Reflectância ou Reflectância Espectral representa a quantidade de energia eletromagnética refletida por um dado objeto, utilizado para avaliar as propriedades de reflexão da radiação de um objeto, independentemente das intensidades da radiação incidente em uma dada região espectral. Para se obter os valores de Fator de Reflectância, deve-se realizar um cálculo mediante a aplicação da equação 1 (ROSA, 2003). =LE Em que: ● = é o Fator de Reflectância ● L = é a intensidade média do fluxo radiante refletido. ● E = é o fluxo de radiação incidente A Figura 4, demonstra um gráfico que ilustra a relação entre a reflectância espectral e o comprimento de onda dos objetos em estudo se dá o nome de assinatura espectral. FIGURA 4 - REFLECTÂNCIA ESPECTRAL DE DIFERENTES MATERIAIS Fonte: Jensen (2009). 98UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Analisando a Figura 4, temos a grama Centipede e a Turfa artificial, para podermos diferenciá-los, analisando as porcentagens de reflectância, a porção ideal para discriminar, seria a utilização do espectro da região do infravermelho próximo (700 a 900 nm), pois a turfa reflete apenas 5 por cento de energia incidente no infravermelho próximo, quanto a grama Centipede reflete 35 por cento nesta mesma região do infravermelho próximo. Na imagem infravermelho preto e branco mostrasse a grama Centipede em tons brilhantes e a turfa artificial em tons mais escuros, segundo Jensen (2009). Segundo Moraes (2002), muitos pesquisadores com o intuito de melhor interpretar as imagens de satélite, fazem análise de medidas de reflectância dos objetos terrestres em experimento de campo e laboratório, obtendo uma melhor compreensão da relação existente entre o comportamento espectral dos objetos e suas propriedades. 3.1 Aplicações do sensoriamento remoto A utilização da ciência do Sensoriamento Remoto, está cada vez mais difundida no Brasil, para a extração de informação sobre os recursos da Terra, ou seja, qualquer informação concernente à vegetação, solos, minerais, rochas, água e infraestrutura urbana, bem como certas características atmosféricas. Taisinformações podem ser úteis para a modelagem do ciclo global do carbono, da biologia e bioquímica dos ecossistemas, de aspectos dos ciclos globais da água e da energia, da variabilidade e precisão do clima, da química atmosférica, das características da Terra sólida, das estimativas populacionais, e do monitoramento da mudança de uso da terra e desastres naturais (JENSEN, 2009). A figura 5 mostra a transformação da paisagem do Mar de Aral utilizando imagem produzida pelo satélite Landsat. FIGURA 5 - MAPA DA TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM DO MAR DE ARAL EM 1971 (LANDSAT 1 -À ESQUERDA) E EM 2009 (LANDSAT 5 - À DIREITA) Fonte: Matheus (2017). 99UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 3.2 Sensores remotos Os sensores remotos são equipamentos capazes de detectar e registrar a energia eletromagnética refletida ou emitida (em determinadas faixas do espectro eletromagnético) pelos elementos da superfície terrestre, ou seja, transformá-la em um sinal elétrico e registrá-las, de tal forma que este possa ser armazenado ou transmitido em tempo real para posteriormente ser convertido em informações que descrevem as feições dos objetos que compõem a superfície terrestre. As variações de energia eletromagnética da área observada podem ser coletadas por sistemas sensores imageadores ou não-imageadores (MAIO et al., 2008). Sensores imageadores fornecem como produto uma imagem, ou uma cena da região, ou um alvo de interesse. Nesses casos, evidentemente, teremos um sensor imageador, isto é, seus dados são diretamente convertidos numa imagem onde fornecem informações sobre a variação espacial da resposta espectral da superfície observada. Por exemplo, temos os scanners e as câmeras fotográficas como equipamentos imageadores (Figura 6). FIGURA 6 - (A) - FOTOGRAFIA AÉREA; (B) - IMAGEM SATÉLITE Fonte: Bosquilia (2017). Já os sensores não imageado não geram imagem da superfície sensoriado, como exemplo o espectrorradiômetros (assinatura espectral) e radiômetros (saída em dígitos ou gráficos). Essenciais para aquisição de informações precisas sobre o comportamento espectral dos objetos (LORENZZETTI, 2015). 100UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 7 - (A) ESPECTRORRADIÔMETRO. (B) - ASSINATURA ESPECTRAL Fonte: Pedrali et al. (2016). Os sensores também são classificados em função da fonte de energia (figura 8), sendo passivos (não possuem fonte própria de radiação, ou seja, mede a radiação solar refletida ou radiação emitida pelos alvos), e ativos (possuem sua própria fonte de radiação eletromagnética, trabalhando em faixas restritas do espectro). FIGURA 8 - (A) SISTEMA PASSIVO. (B) SISTEMA ATIVO - RADAR Fonte: Alves (2016). E como são os sistemas sensores? A figura 9, representa as principais partes de um sensor, que são, o coletor (recebe a energia através de uma lente, espelho, antenas, etc), filtro (é o componente responsável pela seleção da faixa espectral da energia a ser medida), detetor (capta a energia coletada de uma determinada faixa do espectro), processador (processa o sinal registrado através do qual se obtém o produto) e produto ou saída (contém a informação necessária ao usuário). 101UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 9 - COMPONENTES DO SENSOR Fonte: Maio et al. (2008). A escolha do tipo de sensor remoto a ser utilizado e dos dados a serem coletados por eles é fundamentalmente dependente do tipo de informação que estamos interessados em obter, como também a qualidade de um sensor geralmente é especificada pela sua capacidade de obter medidas detalhadas da energia eletromagnética, ou seja, as características dos sensores estão relacionadas com a resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal. A resolução espacial (figura 10) representa a capacidade do sensor distinguir objetos. Ela indica o tamanho do menor elemento (pixel) da superfície individualizado pelo sensor. A resolução espacial depende principalmente do detector, da altura do posicionamento do sensor em relação ao objeto. 102UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 10 - RESOLUÇÃO ESPACIAL Fonte: Santos e Souza (2014). A resolução espectral (figura 11) refere-se à largura espectral em que opera o sensor. Portanto, ela define o intervalo espectral no qual são realizadas as medidas, e consequentemente a composição espectral do fluxo de energia que atinge o detector. Quanto maior for a medida num determinado intervalo de comprimento de onda melhor será a resolução espectral. FIGURA 11- RESOLUÇÃO ESPECTRAL Fonte: Agrosmart (2016). 103UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento A resolução radiométrica (figura 12) que se refere à capacidade do sensor discriminar intensidade da energia refletida ou emitida pelos objetos (rochas, solos, vegetação, água, etc.). Ela determina o intervalo de valores (associados a níveis de cinzas) que é possível para representar uma imagem digital. FIGURA 12 - RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA FONTE: MELO (2002). A resolução temporal está relacionada com a receptividade com que o sistema sensor pode adquirir informações referente ao objeto. A tabela abaixo exemplifica o sistema sensor TM do satélite LANDSAT-5 representando as suas respectivas resoluções. TABELA 2 - RESOLUÇÃO TEMPORAL, ESPACIAL, RADIOMÉTRICA E ESPECTRAL DO SATÉLITE LANDSAT 5 SENSOR TM Fonte: O autor (2022). RESOLUÇÃO TEMPORAL 16 dias RESOLUÇÃO ESPACIAL 30 m -120 m (banda 6) RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA 8 bits (256 níveis de cinza) RESOLUÇÃO ESPECTRAL Banda 1 -0,45 - 0,52 Banda 2 - 0,52 - 060 Banda 3 - 0,63 - 0,69 Banda 4 - 0,76 - 0,90 Banda 5 - 1,55 - 1,75 Banda 6 - 10,74 - 12,5 Banda 7 - 2,08 - 2,35 104UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Para a melhor interpretação dos dados, o profissional deve ter o conhecimento das condições experimentais como: fonte de radiação, efeitos atmosféricos, características do sensor, geometria e aquisição de dados, tipos de processamento e o estado do objeto. No próximo tópico, o estudante conhecerá os principais satélites a bordo e suas principais características para seu uso. Outro fator importante a ser observado é o nível de aquisição dos dados, o sensor pode ser mantido em nível orbital (satélites) ou suborbital (acoplados em aeronaves ou mantidos em nível do solo). Sendo que ao nível do solo, a aquisição de dados é realizada através dos radiômetros ou espectrorradiômetros. No nível da aeronave, os dados podem ser adquiridos por sistemas fotográficos ou radar e do sistema de varredura óptico-eletrônico. E ao nível orbital é realizada por meio de sensores acoplados em satélites artificiais (MAIO et al., 2008). FIGURA 13 - NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DE DADOS Fonte: Maio (2008). Ao nível orbital, permite a repetitividade (resolução temporal) das informações, bem como um melhor monitoramento dos recursos naturais para grandes áreas da superfície terrestre. 105UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento SAIBA MAIS O site http://stuffin.space/ cataloga todos os objetos que estiverem girando em órbita da Terra. O mapa demostra os objetos em torno da Terra são representados por pontos azuis (corpos de foguetes), vermelhos (satélites) e cinzas (detritos em geral). Também é possível visualizar apenas certos grupos de dispositivos, como os que nos enviam sinal de GPS, do GLONASS (o sistema de posicionamento global russo), da Iridium (uma empresa de telefonia por satélite), entre outros. http://stuffin.space/ 106UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 4. PROGRAMAS ESPACIAIS DOS ALVOS Neste tópico será apresentado os principais satélitesem órbita utilizados em sensoriamento remoto. 4.1 Satélites Artificiais Um satélite é um objeto que se desloca em círculos, em torno de outro objeto. Existem satélites naturais como a Lua, que gira em torno da Terra, e existe os satélites artificiais, construídos pelo homem, que se deslocam-se na órbita da Terra ou em outro corpo celeste com o propósito de coletar e transmitir informações dos astros, os quais estão orbitando (MOREIRA, 2011). FIGURA 14 - ÓRBITA DE SATÉLITES ARTIFICIAIS Fonte: Florenzano (2011). 107UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento SAIBA MAIS No livro Iniciação em Sensoriamento Remoto de Tereza Gallotti Florenzano, o capítulo 2, explica sobre os satélites artificiais e suas principais características. Os desenvolvimentos dos satélites artificiais tiveram no início da década de 50, sendo que o primeiro satélite artificial a ser lançado foi o SPUTINIK I, lançado no dia 4 de outubro de 1957 pela União Soviética. Em fevereiro de 1958, o Estados Unidos lançou o EXPLORER I. Após essa conquista tecnológica, diversos satélites foram construídos para diferentes finalidades como: telecomunicações, espionagem, experimentos científicos (Astronomia e Astrofísica, Planetologia, Ciências da Terra, Atmosfera e Clima), meteorologia, observação da Terra e os satélites de posicionamento, como por exemplo, o Sistema de Posição Global - GPS (FLORENZANI, 2011). 4.2 Categorias de satélites Os satélites artificiais são agrupados em categorias, de acordo com os objetivos para quais foram criados. Existem os satélites militares, científicos, os de comunicação, os meteorológicos e os de recursos naturais. 4.2.1 Satélites militares Os satélites militares se iniciaram na década de 1950, com o objetivo de obter fotografias para o reconhecimento do território do inimigo (SPUTINIK e EXPLORER I). Como também os satélites de posicionamento, na qual tinha a finalidade de saber a localização dos seus aviões, navios e tropas, no caso do Sistema de Posicionamento Global (GPS). 4.2.2 Satélites recursos naturais Os satélites de recursos naturais foram desenvolvidos para auxiliar o homem na busca de informações científicas, voltados a coleta de dados sobre a Terra (atmosfera, oceano e parte sólida). Os principais satélites de observação da Terra, são os satélites Terra, Aqua, Landsat, Ikonos, SPOT e CBERS. 108UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento SAIBA MAIS O livro Iniciação em Sensoriamento Remoto de Tereza Galotti Florenzano, o capítulo 2 descreve os principais programas de satélites artificiais e do programa espacial brasileiro, explicando suas principais características (resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal) e aplicações desses satélites no monitoramento dos recursos naturais. SAIBA MAIS Os governos do Brasil e da China assinaram em 06 de Julho de 1988 um acordo de parceria envolvendo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial) para o desenvolvimento de um programa de construção de dois satélites avançados de sensoriamento remoto, denominado Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Acesse o site: http://www.cbers.inpe.br/sobre/index.php e conheça sobre o CBERS e sua aplicação no monitoramento dos recursos naturais. 4.2.3 Satélite meteorológico Dos satélites meteorológicos é possível obter imagens da cobertura das nuvens sobre a Terra, por meio das quais observamos fenômenos meteorológicos como por exemplo, frentes frias, geadas, furacões e ciclones. Esses têm grande importâncias para prevenção desses fenômenos naturais evitando perdas humanas, como também está associado às mudanças climáticas. Os principais satélites meteorológicos são o Goes e Noaa (norte americanos), Meteosat (europeu), Elektro (russo), GMS (japonês e Fengyun (chinês). No Brasil são utilizados os satélites norte-americanos (Goes e Noaa) e o europeu (Meteosat) para o mapeamento das condições climáticas. http://www.cbers.inpe.br/sobre/index. 109UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento SAIBA MAIS Mais informações sobre os satélites meteorológicos e suas aplicações podem ser encontradas no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos Fonte: https://www.cptec.inpe.br/ 4.3 GNSS Para melhor entendimento do Sistema de Navegação Global por Satélites (GNSS), será utilizado como exemplo o Sistema de Posição Global (GPS), no qual foi pioneiro na determinação da geolocalização em tempo real. Assista o vídeo Múltiplos uso do GNSS do programa Ciência Sem Limites https://www.youtube.com/watch?v=pqybZ_q9ILE, em que há a entrevista de um dos mais renomeados pesquisadores no estudo do GNSS, João Francisco Galera Monico explicando sobre o uso do GNSS. 4.3.1 Histórico e introdução ao GPS O Sistema de Posicionamento Global (GPS), surgiu através de dois projetos norte- americano, da marinha (U.S. Navy) e da força aérea (U.S. Air Force), sendo um sistema de navegação por sinais de rádio, desenvolvido pelo Departamento de Defesas do Estados Unidos (DoD) com o objetivo de fornecer a posição tridimensionalmente, de navegação e informações sobre o tempo atendendo toda a porção do globo terrestre em qualquer condição meteorológica a qualquer horário o ano inteiro. Os satélites transmitem sinais continuamente em duas frequências da banda L1 (1575,42 MHz) e L2 (1227,60 MHz), sobre as frequências são moduladas a mensagem de navegação sendo eles o código C/A modulado na onda L1 e o código P modulado nas duas ondas portadoras (SEGANTINE, 2005). No GPS há dois tipos de serviços, o SPS - Serviço de Posicionamento Padrão (Standard Positioning Service) e PPS - Serviço de Posicionamento Preciso (Precise Positioning Service). O SPS é um serviço de posicionamento e tempo padrão que está disponível a todos os usuários do globo, sem cobrança de qualquer taxa. Já o PPS é restrito ao uso militar e a usuários autorizados dos EUA (SEEBER, 2003). https://www.cptec.inpe.br/ https://www.youtube.com/watch?v=pqybZ_q9ILE 110UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 4.3.2 Características gerais do GPS O sistema GPS consiste de três segmentos principais, o espacial, controle e de usuários. 4.3.2.1 Segmento espacial O segmento espacial está relacionado aos satélites que estão na órbita da Terra. O sistema GPS consiste de 24 satélites distribuídos em seis planos orbitais igualmente espaçados (inclinação de 55° em relação ao Equador, e circulando a Terra aproximadamente a cada doze horas - figura), com quatro satélites em cada plano, numa altitude aproximadamente de 20.200 km. Esta configuração garante no mínimo que seja visualizado no mínimo quatro satélites em qualquer local da superfície física da Terra (MONICO, 2000). FIGURA 15 - (A) CONSTELAÇÃO DOS SATÉLITES; (B) PRINCÍPIO BÁSICO DE POSICIONAMENTO PELO GPS; (C) CONSTELAÇÃO DE LINHA DE BASE DOS SATÉLITES Fonte: SEEBER (2003). O sistema de satélites GPS, usa para a transmissão dos sinais de posicionamento por parte dos satélites, utiliza duas frequências de portadora, que são a frequência L1 (1.575,42 MHz de frequência e 19 cm de comprimento de onda) a frequência L2 (1.227,60 MHz de frequência e 24 cm de comprimento de onda). Os satélites GPS transmitem dois códigos conhecidos como coarse acquisition (C/A code) e de precisão (P-code). O código C/A é modulado só sobre a onda portadora L1, mas o código P é modulado em ambas portadoras (TIMBÓ, 2000). 4.3.3.2 Segmento de controle O segmento de controle tem a função de monitorar e controlar continuamente o sistema de satélites, determinar o sistema de tempo GPS, predizer as efemérides dos satélites, calcular as correções dos relógios dos satélites e atualizar periodicamente as mensagens de navegaçãode cada satélite (MONICO, 2000). 111UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 16 - ESTAÇÕES DE SEGMENTO DE CONTROLE GPS Fonte: SEEBER (2003). A figura 16 representa as estações de monitoramento que são a Estação de Controle Mestre (MCS), estações monitoradas (MS) localizadas em todo o mundo e antenas terrestres (GA) para o upload de dados para os satélites. O Segmento de Controle Operacional (OCS) para GPS consiste em o MCS perto de Colorado Springs (EUA), quatro estações monitoras e terra co-localizadas antenas na Ilha de Ascensão, Cabo Canaveral, Diego Garcia e Kwajalein, e dois estações de monitor em Colorado Springs e Havaí (Fig. 16). As estações de monitor e antenas de terra são operadas remotamente a partir da Estação de Controle Mestre (MONICO, 2000). A figura 17 mostra o processo da realização do controle dos satélites, em que as estações de monitoramento recebem as informações sobre o satélite, onde enviam os dados para a Estação de Controle Mestre, realizando as correções das efemérides e do relógio. Após a correção, às antenas terrestres encaminham as mensagens para o satélite. FIGURA 17 - ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO E CONTROLE DOS SATÉLITES Fonte: SEEBER (2003). 112UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 4.3.2.3 Segmento dos usuários O segmento dos usuários são necessários receptores de satélites para usar os sinais do GPS para fins de navegação e posicionamento geodésico. Um receptor GPS detecta os sinais transmitidos de um satélite GPS e converte os sinais em medições úteis (observáveis), sendo utilizados na aplicação de levantamentos topográficos, geodésia, SIG e navegação. Os receptores de navegação (figura 18) são utilizados para recreação (esportes, caminhada, navegação), navegação geral, vigilância, gerenciamento de frota e aplicações de SIG com requisitos de precisão moderada. Os receptores de navegação fazem a gravação das coordenadas obtidas, usualmente utilizam o código C/A tem precisão aproximadamente de 10 metros. FIGURA 18 - RECEPTOR DE NAVEGAÇÃO Fonte: Geomaster (2019). Os receptores geodésicos ou topográficos (figura 19) gravam os dados brutos das observáveis. As principais são as fases L1 e L2, sendo que sua precisão é centimétrica quando realizado o pós-processamento de dados. Às aplicações são voltadas para mapeamento (SIG), saneamento, cadastramento de feições de interesse, cadastramento urbano, cadastro elétrico, Cadastro Ambiental Rural (CAR), obras (grandes construções), levantamentos topográficos, georreferenciamento de Imóveis Rurais e posicionamento de alta precisão. 113UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 19 - RECEPTOR GEODÉSICO Fonte: Milan Topografia (2019). SAIBA MAIS Os receptores GNSS, possuem diversas marcas no mercado atual. A MUNDOGEO, empresa voltado a disseminar conhecimentos na área de geotecnologias. Acesse o site: https://mundogeo.com/ e desfrute das principais informações sobre os receptores geodésicos da atualidade. 4.4 Erros de Posicionamento em levantamento com o GPS As técnicas de levantamento realizadas com o Sistema GPS estão sujeitas a algumas fontes de erros. Segundo Monico (2000), as fontes causadoras dos erros são os satélites, a propagação do sinal, receptor/antena e estação. A tabela 1 mostra a relação entre as fontes causadoras e o erro. https://mundogeo.com/ 114UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento TABELA 1 – FONTE CAUSADORAS E O ERRO DO SISTEMA GPS Fonte: Monico (2000). 4.4.1 Métodos de posicionamento com o sistema GPS Segundo Segantine (2005, p. 300): O termo posicionamento diz respeito à posição de objetos relativos a um dado referencial. Quando o referencial é o centro de massa da Terra (geocentro), diz-se que o posicionamento é absoluto. Quando o referencial é um ponto materializado de coordenadas previamente conhecidas, diz-se que o posicionamento é relativo ou diferencial. Quando o objeto a ser posicionado está em repouso, diz-se que o posicionamento é estático e quando o objeto está em movimento diz-se que o posicionamento é cinemático. O posicionamento relativo, segundo Recomendações para Levantamentos Relativos Estáticos – GPS (IBGE, 2008) e o Manual Técnico de Posicionamento (INCRA, 2013, p. 70), “as coordenadas são determinadas em relação a um referencial materializado através de uma ou mais estações conhecidas”. O posicionamento relativo tem como objetivo determinar as coordenadas de um ponto desconhecido com o pós-processamento em relação a um ponto de coordenadas conhecidas. Sendo necessário que pelo menos dois receptores coletem dados simultaneamente em que um dos receptores ocupa uma estação de coordenadas conhecidas denominada estação de referência ou base. O outro receptor realiza as coletas de pontos onde se deseja determinar as coordenadas permanecendo estacionário num certo período de tempo, a Figura 20 mostra o método de posicionamento relativo (IBGE, 2008). FONTE ERRO Satélite Atraso entre as duas portadoras no hardware do satélite; Erro de órbita; Erro do relógio. Propagação do Sinal Refração troposférica; Refração ionosférica; Perdas de ciclo; Multicaminho Receptor/antena Erro de relógio; Erro entre os canais; Variação do centro de fase da antena. Estação Erro nas coordenadas; Multicaminho 115UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 20 - MÉTODO DE POSICIONAMENTO RELATIVO. ILUSTRAÇÃO DA LINHA DE BASE Fonte: INCRA (2013). No posicionamento relativo estático, tanto o receptor da estação de referência quanto a estação a determinar permanecem estacionários durante o levantamento. O período do tempo de rastreamento/observação é referente ao comprimento da linha de base que varia de 20 minutos até várias horas. Segundo o Manual Técnico de Posicionamento (INCRA, 2013), para levantamentos realizados com linha de base até 10 km, um período de 20 minutos é suficiente para resolver a solução de ambiguidades. Com o aumento da linha de base o período do tempo da permanência também aumenta. A Tabela 2 mostra as características técnicas para o posicionamento relativo estático. TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS PARA POSICIONAMENTO RELATIVO ESTÁTICO Fonte: Manual Técnico de Posicionamento (INCRA, 2013). LINHA DE BASE (KM) TEMPO MÍNIMO (MINUTOS) OBSERVÁVEIS SOLUÇÃO DE AMBIGUIDADE EFEMÉRIDES 0 – 10 20 L1 ou L1/l2 Fixa Transmitidas ou Precisas 10 – 20 30 L1/L2 Fixa Transmitidas ou Precisas 10 – 20 60 L1 Fixa Transmitidas ou Precisas 20 – 100 120 L1/L2 Fixa ou Flutuante Transmitidas ou Precisas 100 – 500 240 L1/L2 Fixa ou Flutuante Precisas 500 – 1000 480 L1/L2 Fixa ou Flutuante Precisas 116UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Existem outras técnicas para a realização dos levantamentos como o método relativo estático rápido, posicionamento relativo stop-and-go, posicionamento relativo cinemático, entre outros, sendo o relativo estático o mais utilizado para o georreferenciamento. O Posicionamento por Ponto Preciso (PPP), disponibilizado pelo IBGE a partir do site (www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/ppp), as coordenadas do vértice de interesse são determinadas de forma absoluta, portanto dispensa o uso de receptor base, como utilizado no método relativo. O serviço online disponibiliza os processamentos de dados no modo estático e cinemático. Permite aos usuários a obtenção de coordenadas com precisão centimétrica no Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SEGANTINE, 2005). Segundo o Manual do Usuário – Aplicativo Online IBGE-PPP (2013, p. 09), cita-se: No posicionamento com GNSS, o termo Posicionamento por Ponto Preciso normalmente refere-se à obtenção da posição de um ponto utilizando as observáveisda fase da onda portadora, coletadas por receptores de duas frequências e em conjunto com os produtos precisos (órbitas e erro dos relógios dos satélites), como por exemplo, aqueles disponíveis no IGS (International GNSS Service) ou NRCan. LEITURA COMPLEMENTAR O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) são os principais órgãos responsáveis sobre as informações, normas e procedimentos de realizar levantamentos utilizando o sistema GNSS. Acesse o documento técnico Recomendações para levantamento estático – GPS: https://bit.ly/3SlUTZf E o Manual Técnico de Posicionamento para Georreferenciamento de Imóveis Rurais Disponível em: https://sigef.incra.gov.br/static/documentos/manual_tecnico_ posicionamento_1ed.pdf. Para conhecer os principais métodos de levantamento em vigor no Brasil. http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/ppp https://bit.ly/3SlUTZf https://sigef.incra.gov.br/static/documentos/manual_tecnico_posicionamento_1ed.pdf https://sigef.incra.gov.br/static/documentos/manual_tecnico_posicionamento_1ed.pdf 117UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 5. AEROFOTOGRAMETRIA 5.1 Definição Aerofotogrametria é a arte ou ciência de realizar medições precisas por meio de fotografias aéreas (JENSEN, 2009). A ASP (1966), define como é a arte, ciência e tecnologia de obter informações de confiança sobre objetos e do meio ambiente com o uso de processos de registro, medições e interpretações das imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética registrados. O objetivo da aerofotogrametria é a medição sobre fotografias aéreas para a elaboração de cartas topográficas, cartográficas, geológicas, geomorfológicas, geográfico, entre outras. SAIBA MAIS A aerofotogrametria é uma subdivisão da fotogrametria, sendo que a câmara fotográfica (analógica ou digital) está acoplada na aeronave ou drone para a realização das fotografias. Para saber mais acesse: http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/891/introducao_a_fotogrametria.pdf http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/891/introducao_a_fotogrametria.pdf 118UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 5.2 Breve Histórico da fotogrametria A tabela abaixo apresenta as principais ocorrências na história da fotogrametria. TABELA 3 - PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DA HISTÓRIA DA FOTOGRAMETRIA FIGURA 21 - MOSAICO DE FOTOGRAMETRIA COM BALÃO Fonte: Guerra e Pilot apud Silva (2015). ANO OCORRÊNCIA 1848 O francês Aimé Laussedat (1819-1907) empregava o princípio da câmera clara para desenhar vistas geometricamente exatas de áreas levantadas. 1855 O termo Fotogrametria foi criado pelo geógrafo Kersten 1855 Gaspard Feliz Tournachon patenteou a ideia de usar fotografias áereas para mapeamento 1858 Primeira fotografia aérea usando um balão de 80 metros de altura próxima a Paris. 1881 O francês Edouard Gaston Deville (1849-1924) desenvolveu serviços de mapeamento com a aplicação da fotogrametria nas Montanhas Rochosas. O primeiro mapeamento de grande área foi cerca de 3300 km², numa escala de 1:40.000 e intervalo de curvas de nível de 33 metros. Realizado por fotogrametria terrestre 1890 Criada a Comissão da Carta Geral, posteriormente Serviço Geográfico do Exército e atualmente Diretoria do Serviço Geográfico Brasileiro (DSG), instituição responsável dos principais trabalhos de fotogrametria no Brasil, na qual é responsável pelo mapeamento sistemático do Brasil na escala de 1:25000 a 1/250000 1893 Albrecht Meydenbauer (1834-1921) introduziu na literatura internacional ao fotografar edificações de grande valor arquitetônico na Alemanha 1907 Criação da Austrian Society of Photogrammetry International Archives of Phtogrammetry por Eduardo Dolezal em Viena 1909 Criação da International Society of Photogrammetry (atual ISPRS - International Society of Photogrammetry and Remote Sensing) 1911 Capitão Cesare Tardivo (1870-1953) foi que obteve os primeiros resultados práticos por fotogrametria aérea tirada de um balão para a geração de um mosaico em Veneza. 119UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento Fonte: Silva (2015). SAIBA MAIS No Brasil, os órgãos responsáveis pelo mapeamento utilizando a aerofotogrametria, são a Diretoria do Serviço Geográfico Brasileiro (DSG), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR). Para saber mais sobre as informações e mapeamentos realizados, acesse o site do banco de dados do DSG (https://bdgex.eb.mil.br/mediador/#). 5.3 Conceitos básicos No estudo da fotogrametria ela se divide em fotogrametria métrica ou interpretativa. 5.3.1 Fotogrametria interpretativa A fotografia interpretativa consiste em obter dados qualitativos a partir de análise da fotografia aérea ou terrestre, e imagens de satélite, ou seja, objetiva o reconhecimento e identificação de objetos e determinar sua significância. (TOMASSELLI, 2004). ANO OCORRÊNCIA 1912 Primeiras fotografias aéreas de avião tomadas pela Royal Flyin Corps 1913 Primeiro congresso internacional de fotogrametria em Viena 1914-1918 Na primeira Guerra Mundial, as fotografias aéreas passaram a serem usadas intensamente para reconhecimento do campo inimigo. 1934 Criada a American Society of Photogrammetry 1934 - 1960 Nos anos seguintes a aerofotogrametria se consolidou como método ideal para grandes áreas até os dias atuais, incorporando os avanços tecnológicos na fabricação das câmeras, filmes, aeronaves e recursos computacionais 1960 Fotogrametria analítica com a introdução dos computadores. 1990 Fotografias começaram a ser digitalizadas e apareceram as primeiras aplicações da fotogrametria digital. https://bdgex.eb.mil.br/mediador/# 120UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 1. Métodos de fotointerpretação A foto-leitura, foto-análise e foto-dedução são as técnicas de fotointerpretação utilizadas. A foto-leitura é o reconhecimento direto de objetos feitos pelo homem e características do meio ambiente. Refere-se a visão vertical de construções, campos cultivados, rios, florestas, área urbana, entre outros, no qual é a técnica mais simples. A foto-análise é o ato de examinar o objeto através da separação e distinção de suas partes componentes. Um exemplo é a classificação da terra, no qual o objetivo principal é o de identificar estereoscopicamente as várias unidades do terreno e delinear todas as áreas homogêneas que indicam diferenças nas condições do solo. Cada área homogênea é analisada e comparada as outras, onde as áreas similares recebem símbolos iguais (TEMBA, 2000). A foto-dedução inclui todas as características da foto leitura e uma avaliação da estrutura geomorfológica (estudo das formas da superfície terrestre) da área. 5.3.2 Fotogrametria métrica A fotogrametria métrica consiste na leitura de medições de fotos e outras fontes de informação para determinar, de um modo geral, o posicionamento relativo de pontos, ou seja, informações quantitativas. Através das técnicas de processamento é possível determinar distâncias, ângulos, áreas, volumes, elevações, tamanho dos objetos, coordenadas, cartas planimétricas e altimétricas, mosaicos, ortofotos, entre outros (TEMBA, 2000). Na fotogrametria métrica a restituição é o conjunto de procedimentos para obter feições planimétricas e/ou altimétricas de uma determinada localidade, expressas na projeção ortogonal por meio de fotografias aéreas ou terrestres, após estabelecer uma equivalência geométrica entre o objeto e a imagem (RICIERI, 2016). 5.4 Fatores básicos da interpretação Para uma boa interpretação dos elementos presentes nas fotografias aéreas, segue- se algumas formas para interpretação como a forma, tamanho, padrão, textura e tonalidade. A forma é a identificaçãovisual das fotografias aérea vertical para a distinção dos elementos. 121UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 22 - FOTOGRAFIA ÁREA OBTIDA DE UMA AERONAVE REPRESENTANDO AS FORMAS DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS Fonte: Florenzano (2011). O tamanho dos objetos pode ser distinguido pelo tamanho relativo como mostra a figura 8. O padrão (figura 9) refere-se à combinação, de detalhes ou à forma que são características de muitos grupos de objetos, tanto natural como construídos pelo homem. FIGURA 23 - PADRÃO DE IMAGEM, COMO NA FIGURA OS PADRÕES DAS FORMAS DOS RIOS Fonte: FLORENZANO (2011). 122UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento A textura (figura 10) refere-se ao aspecto liso (e uniforme) ou rugoso dos objetos da imagem. Ela contém informações quantos às variações de tons de cinza /cor de uma imagem, sendo importante na identificação de unidades de relevo. A tonalidade é uma medida de quantidade relativa de luz refletida por um objeto e realmente registrada numa fotografia em preto e branco, princípio básico utilizado no sensoriamento remoto. FIGURA 24 - IMAGEM DE SATÉLITE (LANDSAT 7 BANDAS 3) DO MUNICÍPIO DE UBATUBA. PERCEBE-SE QUE A ÁREA URBANA REFLETE MAIS ENERGIA (TONALIDADE CLARA) DO QUE O OCEANO E A VEGETAÇÃO (TONALIDADE ESCURA) Fonte: Florenzano (2011). 5.5 Estereoscopia Duas perspectivas do mesmo objeto, vistas de posições diferentes, guardam, entre si, uma certa relação geométrica. Esta relação geométrica gerada por estas duas perspectivas de um mesmo objeto, é que possibilita as análises e geração de produtos cartográficos. Mesma situação geométrica que o cérebro fundirá as imagens sendo possível visualizar o espaço tridimensional. É a reprodução artificial da visão binocular natural. É a observação em 3ª dimensão de objetos fotografados em ângulos distintos (visto de centros perspectivos diferentes), por intermédio de instrumentos óticos dotados de lentes especiais como, por exemplo, o estereoscópio (IBGE, 1999). O estereoscópio é o Instrumento ótico capaz de permitir artificialmente a observação em 3ª dimensão das imagens que diante das lentes parecem estar situadas no infinito. Dessa forma, o observador recebe duas imagens homólogas de um mesmo objeto, um em cada olho, e o cérebro as funde em uma única imagem, estereoscopicamente. 123UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 25 - ESTEREOSCÓPIO DE ESPELHOS Fonte: GEOLOGIABR (2019). 5.6 Projeto fotogramétrico e mapeamento Para entender o processo de mapeamento através de fotografias aéreas individuais são adquiridas nas várias tomadas ao longo de uma linha de voo, representando a cobertura fotográfica ao longo da direção do voo (figura 12). FIGURA 26 - LINHA DE VOO PARA TOMADAS DAS FOTOGRAFIAS Fonte: USP (2019). A linhas de voo são locadas no mapa de tal maneira que faixas vizinhas tenham uma região comum de superposição denominados de lateral e longitudinal. A superposição lateral, geralmente é de 25 a 30 % da cobertura da foto. A superposição longitudinal refere-se a linha de voo que cobre uma área que se superpõe com as fotos anteriores em aproximadamente no mínimo 60% (TOMASSELLI, 2004). O recobrimento de 60%, tem como objetivo evitar a ocorrência de área sem fotografar na cobertura, que podem ocorrer devido às oscilações de altura de voo e da ação do vento (IBGE, 1999). 124UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento As finalidades básicas das superposições longitudinais e laterais de acordo com Tommaselli (2004) são: a primeira permitir a cobertura do terreno de dois pontos de vista distintos, o que permite a produção de estéreo pares para a observação e medição estereoscópica. A segunda finalidade é a construção de mosaicos e a terceira finalidade é a geração de pontos de apoio por métodos fotogramétricos, a fototriangulação (ou aerotriangulação). FIGURA 27 - (A) SUPERPOSIÇÃO LONGITUDINAL DA LINHA DE VOO. (B) SUPERPOSIÇÃO LATERAL DA LINHA DE VOO Fonte: IBGE (1999). 125UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento 5.6.1 Etapas do projeto fotogramétrico Tommaselli (2004) expõe as etapas para a realização de um bom planejamento para o mapeamento. As etapas são: ● Projeto fotogramétrico e plano de voo - nesta etapa, o profissional deverá saber qual equipamento será utilizado (aeronave ou drone), câmera fotográfica, horário, localização, orientação do voo, as superposições lateral e longitudinal (de acordo a finalidade do mapeamento); ● Pré-sinalização dos alvos - pontos demarcados na área de voo, servindo como apoio para a realização da aerotriangulação; ● Voo e tomadas dos fotogramas; ● Levantamento de campo - realizar o levantamento pela poligonação eletrônica (estação total), nivelamento geométrico ou trigonométrico ou por GNSS (receptor geodésico); ● Aerotriangulação - método fotogramétrico utilizado para determinação de pontos fotogramétricos, visando estabelecer controle horizontal e vertical através das relações geométricas entre fotografias adjacentes a partir de uma quantidade reduzida de pontos determinados pelo apoio suplementar, com a finalidade de densificar o apoio necessário aos trabalhos de restituição, após ajustamento. ● Restituição - É a elaboração de um novo mapa ou carta, ou parte dele, a partir de fotografias aéreas e levantamentos de controle. Através de um conjunto de operações denominado orientação, reconstitui-se, no aparelho restituidor, as condições geométricas do instante da tomada das fotografias aéreas, formando-se um modelo tridimensional do terreno, nivelado e em escala - modelo estereoscópico. Obtendo as informações de feições planimétricas, modelo digital do terreno (MDT), edição dos dados, ortofotos e exportação dos dados em diferentes formatos (IBGE, 1999). 5.7 Medição da escala de uma fotografia vertical A escala (E) é a razão entre o tamanho do objeto medido na fotografia aérea, ab, e o verdadeiro comprimento do objeto no mundo real, AB: Um exemplo refere-se a largura da calçada lateral da via, a qual foi medida e possui 1,8288 metros de largura no mundo real e 0,03048 cm na fotografia aérea. Aplicando na equação 1, obtém-se o valor de 1:6.000 126UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento A escala também pode ser determinada através da relação entre distância focal (f) e altitude acima do nível do solo (H), conforme mostra a figura 14. FIGURA 28 - GEOMETRIA DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL ADQUIRIDA SOBRE TERRENO RELATIVAMENTE PLANO Fonte: Jensen (2009). A escala pode ser expressa por: Como exemplo, uma fotografia aérea vertical é adquirida sobre terreno plano com uma câmera com distância focal de 30,48 cm e situada numa altitude de 18.288 m acima do nível do solo. Substituindo na equação (eq.2) o valor da escala é de 1:60000 Devemos considerar também a escala da fotografia aérea vertical adquirida sobre um terreno acidentado (figura 15) 127UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento FIGURA 29 - GEOMETRIA DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA SOBRE UM RELEVO ACIDENTADO Fonte: Jensen (2009). Devido o relevo ser acidentado, a escala da foto vai ter variação, ou será menor ou maior. A fórmula utilizada é pela relação de triângulos, obtendo a equação 3, em que f é a distância focal, H altitude do voo e h é a altitude do ponto. Por exemplo a altitude do ponto C é de 1.828,8 metros, do ponto B (elevação média) é de 2.438,4 metros e a do ponto D (maior elevação) é de 3.048,0 metros. A distância focal da câmara e de 152,4 mm e a altitude do voo é de6.096 metros. As escalas máxima, média e mínima são: 128UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e GeorreferenciamentoREFLITA A aerofotogrametria e o GNSS são ferramentas que podem ser utilizadas em conjunto envolvendo projetos de mapeamento, como também podem ser utilizados separados dependendo do projeto a ser executado. Fonte: FERREIRA, N. C. Apostila de Sistema de Informações Geográficas. 2006. Disponível em: http:// www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1414/apostila_sig.pdf. Acesso em 01 out. 2022. http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1414/apostila_sig.pdf http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1414/apostila_sig.pdf 129UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento CONSIDERAÇÕES FINAIS Os produtos gerados pelo sensoriamento remoto possuem grandes aplicações nas áreas de monitoramento ambiental, climatologia, solos, geologia, planejamento urbano e rural, entre outras aplicações. O conhecimento de qual satélite e sensor a ser utilizado é de fundamental importância para a aplicação dos estudos do meio ambiente. Como também a utilização do uso do GNSS e da Aerofotogrametria, no qual vem obtendo um crescimento devido a evolução tecnológica, enfatizando na agilidade do levantamento com elevada precisão. Discutiu os principais métodos de levantamento por GNSS e suas principais aplicações no geoprocessamento. Com relação a aerofotogrametria, conheceu os principais produtos a ser elaborados por esta ciência e os metodologia para o projeto fotogramétrico. Devido a sua agilidade e eficácia, os órgãos públicos e empresas privadas, estão utilizando estas ferramentas para o monitoramento, levantamentos planialtimétricos, mosaicos, modelo digital do terreno, cadastro multifinalitário entre outros produtos gerados pelo uso de sensoriamento remoto, GNSS e Aerofogrametria. 130UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento LEITURA COMPLEMENTAR O Global Positioning System (GPS) conhecido no Brasil como Sistema Global de Posicionamento, foi desenvolvido na década de 70 pelo departamento de defesa dos Estados Unidos da América, com propósito militar. Posteriormente, com a alta acurácia e tecnologia dos receptores, o GPS passou a ser utilizado nos mais variados segmentos civis, como navegação, aviação, topografia, controle de frotas e também na agricultura, como, por exemplo, na agricultura de precisão. Apesar dessa grande tecnologia, alguns erros fazem parte do sistema e variam em função do tipo de posicionamento/receptor. Os posicionamentos mais utilizados na agricultura são: absoluto, WADGPS (Wide Area Differential GPS) e RTK (Real Time Kinematic). O posicionamento absoluto é aquele em que as coordenadas são calculadas no próprio receptor sem auxilio de outro equipamento. Já o WADGPS processa informações que diminuem o erro por meio de estações base espalhadas no continente/região de interesse, que pode ser Estados Unidos da América, Europa ou mesmo o Brasil e são disponibilizados gratuitamente pelos governos ou cobrados por empresas particulares. Enquanto que o RTK utiliza o mesmo princípio do WADGPS, porém as estações base são locais. Dentre esses tipos de posicionamento, o absoluto possui o maior erro e varia de 3 a 10 m, sendo utilizado em operações como amostragem de solo, demarcação de talhões, identificação de pragas e doenças e mapas de colheita. O uso do WADGPS justifica- se para aplicação de insumos como pulverização, adubação e calagem, onde se admite um erro em torno de 0,20 a 1 m. Porém, a acurácia do RTK é de 2 cm, por essa razão é utilizado com piloto automático para operações de semeadura, plantio e colheita sistematizada. Atualmente, existe um novo tipo de RTK que dispensa o uso de estações locais e utiliza bases regionais para a correção do posicionamento, proporcionando um erro de 5 cm. Para cada tipo de posicionamento relacionado acima, existe um receptor adequado. Por exemplo, para posicionamento absoluto os receptores utilizados são aqueles mais simples, chamados de navegação ou receptores C/A. Entretanto, os receptores L1 são mais usados em WADGPS e possuem mais tecnologia que os receptores C/A, tendo uma antena diferencial que faz as correções necessárias para diminuição dos erros. Já os receptores mais modernos e com maior tecnologia, utilizados em agricultura de precisão, são os receptores L1/L2. Esses possuem um link de rádio para transmissão dos dados da estação base para a estação móvel (rover), que nada mais é do que o trator que está em movimento no campo. 131UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento As variações da acurácia, ou seja, o erro em campo, são causadas por fatores inerentes ao sistema que são relacionados aos satélites, à propagação do sinal, à estação do controle e ao receptor/antena. Os principais fatores que influenciam os erros são troposfera, ionosfera e multicaminhamento (reflexão) e causam mais ou menos acurácia dependendo das condições climáticas, estações do ano, topografia e construção civil. Por isso, conhecer as limitações de cada tipo de posicionamento/receptor é importante para seu uso correto e sucesso das operações em agricultura de precisão. Fonte: FAULIN, M. R. Erros do Sistema Global de Posicionamento (GPS). S/d. Disponível em: http://diadecam- po.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=26092&secao=Colunas%20e%20Artigos. Acesso em 02 out 2022. 132UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Fotogrametria Digital Autor: Luiz Coelho, Jorge Nunes Brito. Editora: EdUERJ. Sinopse: Leitura incrível, repleta de conceitos e explicações sobre a gama de conhecimentos que recaem sobre a temática. FILME/VÍDEO Título: Fotogrametria com Drones na Prática Ano: 2016 Sinopse: aborda os fundamentos da fotogrametria, utilizando o Drone ou Veículo Aéreo não tripulado (Vant) de acordo com o projeto fotogramétrico abordando sobre equipamentos, softwares e aplicativos utilizados para o planejamento de voo e processamento das imagens. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EgyBCTxLIqc 133 REFERÊNCIAS AGROSMART. Cubo hiperespectral. 2016. Disponível em: https://agrosmart.com.br/ cubo-hiperespetral/. Acesso em: 20 jun. 2022. ALVES, A. O. Sensoriamento remoto aplicado ao monitoramento ambiental. 2016. Dispo- nível em: https://docplayer.com.br/9975334-Sensoriamento-remoto-aplicado-ao-monitora- mento-ambiental.html. Acesso em: 20 ago. 2022. ANTUNES, Alzir Felippe Buffara. Fundamentos de Sensoriamento Remoto em Ambiente de Geoprocessamento. 2012. Disponível em: https://docs.ufpr.br/~felipe/apostilasr.pdf. Acesso em: 20 jul. 2022. ASP (American Society of Photogrammetry). 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Destacamos também a importância histórica dos equipamentos utilizados para a evolução, quanto a inovação e diferenciação no avanço tecnológico dos trabalhos baseada em critérios sólidos contribuem para o sucesso de uma análise profissional. Além dos aspectos teóricos que contribuíram profundamente para o entendimento dos assuntos aqui abordados, trouxe várias técnicas para uma melhor compreensão sobre Topografia e Georreferenciamento. Levantamos também aspectos históricos que nos levaram a chegar nas formulações, processos e técnicas que hoje aplicamos no dia a dia. Esse olhar para o passado para entender o presente e visualizar o futuro é algo inerente aos profissionais que pensam com eficiência e que estão antenados com as mudanças constante. Ao pensarmos em topografia, atualmente, não há como não associarmos com GPS, e o modo de comunicação com o ambiente que está sendo utilizado como pesquisa para tanto, temos que sempre levar em consideração o diálogo, o respeito e o ouvir nossos parceiros de trabalho, nossos colaboradores e todos aqueles que integram nossa equipe. A partir de agora acreditamos que você já esteja preparado para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver pesquisas, e trabalhos na área. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado! +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências UNIDADE II Planimetria e Altimetria UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e Georreferenciamento