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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 UNIDADE 1 – NOTAS INTRODUTÓRIAS E FINANÇAS EMPRESARIAIS ............... 4 1.1 Definindo formalmente e dividindo as finanças ..................................................... 4 1.2 Descrição do mercado financeiro e sua organização ........................................... 6 1.2.1 Intermediação financeira ................................................................................ 6 1.3 Caracterização do sistema financeiro nacional ................................................... 11 1.3.1 Subsistema normativo .................................................................................. 13 1.3.2 Subsistema de intermediação ...................................................................... 18 1.3.3 O papel dos intermediários financeiros ......................................................... 20 UNIDADE 2 – CARACTERIZAÇÃO DAS FONTES DE RECURSOS ...................... 22 2.1 Aspectos introdutórios......................................................................................... 22 2.2 Descrição da estrutura de capital ........................................................................ 22 2.2.1 Conhecendo a alavancagem financeira ........................................................ 23 2.3 Descrição do capital de terceiros ........................................................................ 28 2.3.1 Conhecendo as principais fontes de capital de terceiros .............................. 28 UNIDADE 3 – RISCO, RETORNO E APLICAÇÕES NO CONTEXTO EMPRESARIAL ........................................................................................................ 38 3.1 Aspectos introdutórios......................................................................................... 38 3.2 Definição formal e tipos de riscos ....................................................................... 38 3.2.1 Interpretação da aversão ao risco ................................................................ 40 3.2.2 Análises de risco: uma visão introdutória ..................................................... 40 3.3 Definição formal de retorno e mensuração ......................................................... 42 UNIDADE 4 – ORÇAMENTO E APLICAÇÕES NA GESTÃO EMPRESARIAL ....... 44 4.1 Aspectos introdutórios......................................................................................... 44 4.2 Fundamentação do orçamento empresarial ........................................................ 45 4.3 Descrição do Planejamento e do Controle de Resultados (PCR) ....................... 52 4.3.1 Variáveis que influenciam diretamente no planejamento orçamentário ........ 55 4.4 Lista de Conceitos .............................................................................................. 62 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64 2 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos à discussão envolvendo o mundo das “finanças” no contexto organizacional e, por que não falar, no contexto pessoal. É sabido por todos nós, que quando se fala em dinheiro, o negócio propriamente muda, ou seja, se indagássemos qual seria a parte mais sensível do seu corpo, qual seria a sua resposta? E se perguntássemos qual a parte mais sensível em uma organização? Para os dois casos, não muito distante, a resposta seria o bolso, porque quando se trata de dinheiro e, por conseguinte, de finanças, damos uma outra atenção. Grosso modo, de acordo com Ross (2002), o termo finança tem origem na França, do termo francês finance e está diretamente relacionado ao compromisso que assume um indivíduo para responder à sua obrigação para com outro indivíduo. É interessante comentar que tal conceito também pode ter relação com as posses, aos bens e aos cofres do Estado (propriamente falando tesouro nacional). De outra forma, segundo o dicionário Aurélio (2002), no linguajar do nosso cotidiano, entendemos como finanças a interpretação do estudo da circulação do dinheiro entre os indivíduos (particulares), as organizações (empresas) ou os vários Estados. Consequentemente, pode-se notar que as finanças nascem como um ramo da ciência econômica, que se dedica fielmente na avaliação de como são obtidos e geridos os fundos em linhas gerais, ou em outras palavras, as finanças tratam da gestão das quantidades monetárias. Figura 1: Interpretação prática das finanças no cotidiano atual. 3 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir de www.shutterstock.com. Especificamente falando, poderíamos comentar sobre finanças pessoais, finanças corporativas e finanças públicas, no âmbito macro. Dessa forma, quando se fala em finanças pessoais, poderíamos encará-la como a quantia de dinheiro que necessita uma família ou um lar para a sua peculiar subsistência. Os indivíduos, obviamente, devem analisar como obter esse dinheiro e como resguardá-lo em casos imprevistos (desemprego, dívidas com saúde, entre outros). De outro modo, no contexto familiar, poderíamos aplicar as finanças com relação às operações de poupança, de despesas e de investimentos. Contrariamente, quando se comenta sobre finanças corporativas, temos que aqui, ela trabalha com as formas que as organizações possuem para gerar valor via o uso de recursos financeiros, tais como, investimento, financiamento, benefícios, dividendos, entre outros. No contexto público, poderíamos entender que as finanças públicas estão relacionadas com a política fiscal de um Estado. Isso nos diz que o governo obtém fundos via cobrança de impostos, sendo esse dinheiro reinvestido na sociedade através das despesas públicas (construção de hospitais e escolas, cuidados de higiene, saúde, entre outras). Independentemente do contexto abordado, sabe-se que no mundo moderno, os indivíduos ou organizações trabalham no sentido principal de reduzirem custos e/ou despesas e/ou dispêndios, bem como, maximizar receitas e/ou lucros, dessa forma, é de fundamental importância o entendimento da gestão financeira e das estratégias diretamente atreladas ao mercado empresarial. Neste sentido, o objetivo do nosso módulo é apresentar algumas das principais definições, metodologias e técnicas da área financeira aplicada à gestão organizacional e pessoal, bem como, alguns dos principais conceitos sobre o mercado financeiro nacional e internacional. 4 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 1 – NOTAS INTRODUTÓRIAS E FINANÇAS EMPRESARIAIS 1.1 Definindo formalmente e dividindo as finanças Quando comentamos de modo específico com relação ao mercado financeiro, é de fundamental importância entendermos em um primeiro momento o significado ou definição formal sobre Finanças, bem como,estar familiarizado com as suas peculiares divisões. Neste sentido, temos uma tendência natural de considerar que as finanças se relacionam de forma única com as organizações, ou a administração do dinheiro das empresas. Todavia, finanças não é somente isso, mas muito mais do que isso! Vamos verificar então? Segundo Gitman (2004), as finanças podem ser definidas formalmente como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Grosso modo, todos os indivíduos, organizações empresariais, organizações não governamentais e o próprio governo ganham/captam e gastam/investem pequenas ou grandes quantias de dinheiro. Dessa forma, pode-se afirmar que as finanças trabalham diretamente com os processos, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre indivíduos, empresas, organizações e governos. Como o dinheiro é um “objeto” de grande importância para as realizações do nosso dia a dia, seja a nível pessoal ou empresarial, o conhecimento sobre finanças é relevante para que as pessoas possam entender os impactos e benefícios da correta utilização desse “objeto”, cada vez mais escasso. Figura 2: Dinheiro – objeto fundamental para as finanças. Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir de www.shutterstock.com. 5 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Como qualquer outra área do conhecimento, a ciência das Finanças pode ser dividida em vários segmentos de atuação. Apresentamos a seguir algumas das principais áreas que têm se destacado e atraído constantemente a atenção de estudantes e profissionais, por serem excelentes oportunidades de carreira. São elas: Finanças Corporativas (ou Empresariais), Investimentos, Instituições Financeiras, Finanças Internacionais e, por último, Consultoria em Finanças Pessoais. Especificamente falando, de acordo com Fortuna (2009), tem-se que: o Finanças Empresariais – englobam o estudo da estrutura de ativos, a estrutura financeira ou planejamento e controle da gestão e obtenção de resultados de empresas e órgãos governamentais; o Investimentos – estão ligados com os ativos financeiros, tais como ações, debêntures, títulos públicos e privados, derivativos e outras obrigações. A dinâmica do Sistema Financeiro Nacional influencia de maneira direta essa área; o Instituições Financeiras – são aquelas que trabalham inicialmente com assuntos financeiros, como Bancos, Associações de Poupança e Empréstimo e Seguradoras, ou seja, no contexto geral, o que popularmente conhecemos como Instituições Financeiras. Essas instituições agem como intermediárias de recursos entre os agentes superavitários (que têm sobra de dinheiro) e os deficitários (que necessitam de recursos), por isso, necessitam de profissionais para uma grande variedade de tarefas relacionadas a finanças. Podem atuar na área de empréstimos, captação de recursos, seguros, previdência privada e capitalização, entre outras; o Finanças Internacionais – pode ser encarada como uma especialização que requer conhecimento em todas as áreas citadas, sua atuação envolve aspectos internacionais como taxa de câmbio, risco político e econômico, empréstimos internacionais, administração de carteira e análise de títulos de empresas sediadas em vários países; 6 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. o Consultoria em Finanças Pessoais – o Consultor de Finanças Pessoais (CFP), conhecido também como Planejador de Finanças Pessoais, tem um foco de atuação muito forte no planejamento financeiro. Sua atividade básica consiste em gerir as finanças pessoais para facilitar o alcance de objetivos econômico-financeiros pretendidos pelos clientes. Pode auxiliar na administração do orçamento doméstico, na análise e na busca de alternativas para endividamentos elevados, orientações sobre aplicação de recursos nas modalidades mais adequados para cada perfil de investidor. Orienta ainda na escolha de seguros e planos de aposentadoria. Essa é uma das áreas que mais se desenvolveram nos últimos anos. 1.2 Descrição do mercado financeiro e sua organização Vamos trabalhar nesta parte as principais questões referentes a um sistema financeiro organizado: intermediação financeira e sua segmentação, Sistema Financeiro Nacional, as funções e atribuições dos principais bancos e instituições financeiras. 1.2.1 Intermediação financeira Segundo Gitman (2004), em toda economia, por menos avançada e desenvolvida que seja, a intermediação de recursos financeiros cumpre um papel preponderante para a própria existência dos setores produtivos. De acordo com o Banco Central (2011), pode-se entender que a intermediação financeira consiste no processo de repasse de recursos dos agentes superavitários (que possuem sobras destes recursos) para os deficitários (que têm necessidade destes recursos). Tal fato é de suma importância para a realização de investimentos, alavancagem financeira nas empresas, aumento do poder de consumo, dinamização do mercado, dentre outros. O setor de intermediação financeira é constituído por quatro segmentos, classificados de acordo com as operações que realizam e os fins a que se destinam. Esses segmentos são geralmente designados como mercados e são divididos como descrito na sequência. 7 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. a) Conhecendo o mercado monetário Segundo Fortuna (2009), no mercado monetário se estabelece o nível de liquidez geral da economia determinado pelo suprimento de moeda (dinheiro). Os bancos centrais, na qualidade de autoridades monetárias, são os reguladores deste nível de estoque monetário. A fim de compatibilizar o nível destes estoques com a necessária liquidez da economia, as autoridades monetárias operam nesse mercado junto a uma rede de intermediários financeiros, através da qual injeta ou retira dinheiro do mercado. Dessa forma, as operações são de curto ou curtíssimo prazo, lastreando-se em títulos emitidos ou repassados pelos bancos centrais. Por outro lado, os bancos centrais cuidam da liquidez monetária geral da economia, enquanto que as instituições financeiras buscam manter em equilíbrio a sua liquidez própria. Além dessas questões, o mercado monetário tem papel importante na formação da taxa de juros através do controle da oferta de moeda e impactando diretamente no lado real da economia, fato esse que é demonstrado na teoria econômica pela análise das curvas IS-LM. Nessa análise, a curva LM representa a oferta e demanda de moeda (dinheiro) e a curva IS representa os níveis de produção de bens e serviços. No ponto em que essas duas curvas se encontram forma-se o equilíbrio do mercado macroeconômico, determinando-se a taxa de juros e o nível de produção. Figura 3: Conhecendo o mercado monetário. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 8 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode serreproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. É por essa razão que o Banco Central, através do Comitê de Política Monetária – COPOM –, estabelece a taxa de juros SELIC que influencia de forma direta a sociedade, pois essa taxa de juros é considera a base para todas as demais taxas do mercado. Saiba mais! A taxa SELIC é divulgada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Ela tem vital importância na economia, pois as taxas de juros cobradas pelo mercado são balizadas pela mesma. A taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no SELIC, na forma de operações compromissadas. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária. Fonte: https://www.portalbrasil.net/indices_selic.htm b) Conhecendo o mercado de crédito Segundo Fortuna (2009), o mercado de crédito consiste no segmento no qual se realizam as operações de crédito e financiamento do setor real da economia, podendo ser de curto, médio e longo prazo, destinando-se principalmente a cobrir eventuais necessidades de caixa, realização de operações correntes e de investimentos por parte das empresas e pessoas físicas. Figura 4: Conhecendo o mercado de crédito. Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir de www.shutterstock.com. 9 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Assim sendo, esse mercado possui uma grande importância pelo fato de realizar os empréstimos do sistema financeiro ao setor real da economia, realizando a ligação direta entre esses dois setores através de operações como: crédito direto ao consumidor (CDC), crédito rural, financiamento de atividades industriais, crédito imobiliário, entre outros. Pelos riscos envolvidos, tais operações são realizadas em bases contratuais através de regras amparadas pela lei. c) Conhecendo o mercado de capitais Segundo Fortuna (2009), no mercado de capitais são trabalhadas operações sem prazo definido, envolvendo principalmente a negociação de títulos representativos do capital ou da dívida de empresas de sociedade anônima. Os principais títulos negociados neste mercado são: ações (ordinárias e preferenciais), debêntures e commercial papers. Neste sentido, consiste em uma fonte para captação de um grande volume de recursos necessários para a realização de grandes investimentos cujo prazo de retorno geralmente é muito longo. No Brasil, é interessante ressaltarmos que a oferta primária de ações, bem como, as negociações secundárias, se dão por meio das corretoras via Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA). Figura 5: Conhecendo o mercado de capitais. Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir de www.shutterstock.com. Esse mercado necessita de elevado grau de governança corporativa para viabilizar um bom relacionamento entre investidores minoritários, controladores e 10 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. gestores das empresas. Para isso, a BOVESPA criou um sistema denominado Novo Mercado que apresenta três níveis distintos e crescentes de governança corporativa, denominados: Nível 1, Nível 2 e Nível Novo Mercado. Com relação aos títulos específicos comercializados, podemos descrever de modo específico, segundo Gitman (2004) como segue: o ações – representam a menor parte do capital social de uma empresa que seja sociedade anônima (S.A.). As ações podem ser ordinárias (que dão direito a voto nas assembleias de acionistas) e preferenciais (que não têm direito a voto nas assembleias, porém recebem os dividendos, ou seja, as repartições dos lucros, primeiramente); o debêntures – são títulos de médio em longo prazo que as empresas S.A. lançam no mercado para arrecadar dinheiro para a realização de investimentos ou pagamento de dívidas. A diferença primordial em relação às ações é que aqueles que possuem debêntures são considerados credores da empresa, enquanto que os acionistas são proprietários da empresa; o commercial papers – são títulos de curto prazo lançados pelas empresas S.A. para arrecadar recursos. d) Conhecendo o mercado cambial Através desse mercado é que se realizam as operações de compra e venda de moedas estrangeiras conversíveis, preponderantemente daquelas que têm livre curso internacional, com as quais se liquidam as transações de importação e exportação de mercadorias e serviços, bem como a viabilização de transferências financeiras entre os países. 11 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 6: Conhecendo o mercado cambial. Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir de www.shutterstock.com. A oferta e demanda de moeda estrangeira no mercado cambial é que determinará a taxa cambial, que, pelo fato de influenciar diretamente a economia do país, poderá ser regulada pela autoridade monetária. Existem três tipos de taxa cambial: � flutuante – quando o próprio mercado, através da lei da oferta e demanda, determina a cotação da moeda; � banda cambial – o Banco Central estabelece um valor mínimo e máximo para a cotação; � fixa – o Banco Central estabelece o valor exato da cotação da moeda estrangeira. 1.3 Caracterização do sistema financeiro nacional Segundo Fortuna (2009), a estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) está alicerçada em três importantes leis: � Lei 4595 de 31 de dezembro de 1964 – conhecida como a lei da reforma bancária, que dispõe sobre a política e as Instituições Monetárias, Bancárias 12 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. e Creditícias, e cria o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil, determinando normas operacionais, rotinas de funcionamento e procedimentos de qualificação, pelas quais passou a reger-se à rede de instituições financeiras e de distribuição de investimentos; � Lei 4728 de 14 de julho de 1965 – que disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento; � Lei 6385 de 07 de dezembro de 1976 – que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários, cria a Comissão de Valores Mobiliários com atribuições próprias, passando também a absorver funções antes centralizadas no Banco Central como a legislação, fiscalização, registros e regulamentação diretamente ligados ao mercado de valores mobiliários, incluindo ações e debêntures. Tal estrutura é baseada principalmente no modelo americano Glass-Steagall Act com instituiçõesfinanceiras diferentes atendendo a funções distintas, tendo por intenção a completa segmentação do mercado financeiro. Dessa maneira, o Sistema Financeiro Nacional pode ser definido como um conjunto de órgãos de regulamentação e de instituições que operam os instrumentos financeiros do sistema com o objetivo básico de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. Importante ainda salientar que a Lei 4595/64 define as instituições financeiras da seguinte forma: consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira e custódia de valor de propriedade de terceiros. O Sistema Financeiro Nacional é composto por dois subsistemas: 1. subsistema normativo; 2. subsistema de intermediação. 13 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 1.3.1 Subsistema normativo É o componente do SFN que regula, estabelece normas de funcionamento e fiscaliza as instituições e os agentes que atuam no mercado financeiro e de capitais. É composto pelo Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. a) Conselho Monetário Nacional (CMN) É o órgão superior do subsistema normativo e de todo SFN, sendo composto por três membros: o Ministro da Fazenda; o Ministro do Planejamento, o Orçamento e Gestão; e o presidente do Banco Central. Consiste em um órgão normativo responsável pela fixação de diretrizes das políticas monetária, creditícia e cambial. O CMN possui um órgão de assessoria técnica para a formulação da política de moeda e de crédito denominado Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (COMOC) que se manifesta previamente sobre os assuntos a serem tratados. Existem ainda sete comissões consultivas, são elas: Normas e Organização do Sistema Financeiro, Mercados de Valores Mobiliários e de Futuros, Crédito Rural, Crédito Industrial, Endividamento Público, Crédito Habitacional e para Saneamento e Infraestrutura Urbana, Política Monetária e Cambial. Em termos de política econômica, o CMN objetiva: I. adaptar o volume dos meios de pagamento à real necessidade da economia e para o seu desenvolvimento; II. regular o valor da moeda combatendo os surtos inflacionários e deflacionários, bem como os problemas de ordem conjuntural na economia; III. regular o valor externo da moeda buscando o equilíbrio do balanço de pagamentos; IV. orientar a aplicação de recursos por parte das instituições financeiras a fim de promover um desenvolvimento harmônico da economia nacional; V. propiciar o aperfeiçoamento técnico dos instrumentos e instituições financeiras com vistas à maior eficiência do sistema; VI. zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; VII. coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública, seja interna ou externa. 14 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Além desses objetivos, o CMN possui as seguintes competências atribuídas pela Presidência da República: I. estabelecer condições para que o Banco Central emita papel-moeda, nos termos e limites estabelecidos, assim como as normas reguladoras do meio circulante; II. aprovar os orçamentos monetários do Banco Central, através dos quais se estimará a necessidade de moeda e crédito; III. fixar as diretrizes e normas de política cambial e monetária, inclusive às referentes à compra e venda de ouro e quaisquer operações em Direitos Especiais de Saques (DES) e moeda estrangeira; IV. disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em todas as suas formas; V. regular a constituição, funcionamento e fiscalização das instituições que exercem atividades no sistema financeiro, podendo ainda aplicar as penalidades previstas; VI. limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos, comissões e quaisquer formas de remuneração de operações e serviços do sistema financeiro, inclusive os prestados pelo Banco Central; VII. determinar a porcentagem máxima de recursos que uma instituição financeira poderá emprestar a um mesmo cliente ou grupo de empresas; VIII. estipular os índices de encaixes, imobilizações e relações patrimoniais que deverão ser observadas pelas instituições financeiras; IX. expedir as normas contábeis e estatísticas a serem observadas pelas instituições financeiras; X. delimitar, em períodos não inferiores a dois anos, o capital mínimo das instituições financeiras privadas, bem como a localização de suas sedes, agências e filiais; XI. regulamentar as operações de redesconto e empréstimos fixando limites, prazos e outras condições; XII. outorgar ao Banco Central o monopólio das operações de câmbio quando ocorrer grave desequilíbrio no balanço de pagamentos ou quando se detectar a iminência desse fato; 15 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. XIII. normatizar as transações com títulos públicos por parte do Banco Central; XIV. autorizar o Banco Central e as instituições financeiras públicas federais a efetuar a subscrição, compra e venda de ações e outros papéis emitidos ou de responsabilidade de sociedades de economia mista e empresas do Estado; XV. disciplinar as atividades das Bolsas de Valores e corretoras de fundos públicos; XVI. estatuir as normas para as operações das instituições financeiras públicas a fim de preservar sua solidez; XVII. aprovar o regimento interno e as contas do Banco Central, bem como decidir sobre seu orçamento e sistemas de contabilidade; XVIII. aplicar aos bancos estrangeiros que funcionem no país as mesmas vedações ou restrições equivalentes, que vigorem, nas praças de suas matrizes, em relação a bancos brasileiros ali instalados ou que nela desejem estabelecer- se; XIX. colaborar com o Senado Federal na instrução dos processos de empréstimos externos dos Estados, Distrito Federal e Municípios; XX. baixar normas que regulem as operações de câmbio; XXI. regular os depósitos a prazo das instituições financeiras e demais sociedades autorizadas a funcionar pelo Banco Central. b) Banco Central do Brasil (BACEN) É uma entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cumprindo e fazendo cumprir as atribuições estabelecidas pelo CMN. Responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por objetivos: zelar pela liquidez da economia, manter as reservas internacionais em nível adequado, estimular a formação de poupança, zelar pela estabilidade e promover permanentemente o aperfeiçoamento do sistema financeiro. As principais atribuições do BACEN podem ser relacionadas da seguinte forma: I. emitir papel-moeda e moeda metálica; II. executar os serviços do meio circulante; 16 Todos os direitos reservados aoGrupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. III. receber os recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; IV. realizar as operações de redesconto e empréstimos às instituições financeiras; V. regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; VI. efetuar as operações de compra e venda de títulos públicos federais através de leilões formais e informais; VII. exercer o controle de crédito; VIII. exercer a fiscalização das instituições financeiras; IX. autorizar o funcionamento das instituições financeiras; X. estabelecer as condições gerais para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; XI. vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; XII. controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. O BACEN tem um papel de suma importância na execução da política monetária no país. Em 1996, foi criado o Comitê de Política Monetária (COPOM) que tem por objetivo estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a meta da taxa básica de juros (SELIC). Desde a implantação do regime de metas de inflação, em 1999, como uma diretriz para a política monetária, as decisões do COPOM passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo CMN. As reuniões e decisões do COPOM impactam diretamente as expectativas do mercado e influenciam as tomadas de decisão dos setores real e monetário da economia. Você sabia? Caso a meta de inflação não seja atingida, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta Aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos. 17 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. De uma forma resumida, o BACEN pode ser considerado: Banco dos Bancos, gestor e executor do SFN, executor da política monetária, banco emissor e banqueiro do governo. c) Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Consiste em uma entidade auxiliar, autárquica, autônoma e descentralizada, mas vinculada ao governo, voltada para o desenvolvimento, disciplina, fiscalização e fortalecimento do mercado de valores mobiliários, basicamente ações e debêntures. Sua atuação abrange três importantes segmentos do mercado de capitais: as instituições do SFN que atuam neste mercado e no mercado de derivativos; as sociedades anônimas que tenham valores mobiliários em circulação; e os investidores neste mercado. Os principais objetivos da CVM são: I. proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores ou controladores de companhias ou de carteiras de valores mobiliários; II. evitar ou coibir quaisquer atividades de fraude ou manipulação de preços, oferta e demanda de valores mobiliários negociados no mercado; III. assegurar o pleno acesso do público às mais completas informações do mercado e das empresas; IV. assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; V. estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; VI. promover a expansão e o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários. Cabe à CVM disciplinar as seguintes matérias: � registro de companhias abertas; � registro de distribuições de valores mobiliários; � credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários; � organização, funcionamento e operação das bolsas de valores; � negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; 18 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. � administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários; � suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações; � suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretar recesso da bolsa de valores; � apuração, julgamento e punição de irregularidades cometidas no mercado de valores imobiliários; � enquadramento dos fundos de investimentos dos bancos de acordo com sua classe e tipo. Uma entidade como a CVM, bem organizada e atuante, auxilia de forma importante o mercado de investimentos e os valores mobiliários na economia. 1.3.2 Subsistema de intermediação Segundo Fortuna (2009), é neste subsistema que se realiza a principal função do sistema financeiro: a intermediação financeira; sendo constituído por uma série de instituições monetárias ou bancárias (que captam recursos por meio de depósitos à vista, ou seja, criam moeda escritural) e não monetárias ou não bancárias (que não recebem depósitos à vista). Dentre as instituições bancárias, destacam-se os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial, as cooperativas de crédito e as caixas econômicas. Nesse subsistema, vale salientar a figura dos agentes especiais, que são: a) Banco do Brasil (BB) Até a reforma bancária de 1964, o BB exerceu uma série de atividades típicas de uma autoridade monetária, desde então, passou a se tornar uma instituição financeira típica. Nos dias atuais, o BB é uma sociedade anônima de economia mista, tendo por principal acionista a União, que exerce atividades de um banco múltiplo tradicional. Porém, cabe salientar que o BB ainda possui algumas funções específicas como, por exemplo: principal executor da política oficial de crédito rural; execução da política de comércio exterior do Governo; recebimento de tributos e rendas federais; realização de pagamentos necessários e constantes do orçamento da União; 19 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. operação e centralização do Sistema de Compensação de Cheques e Outros Papéis (COMPE); e execução da política de preços mínimos de produtos agropecuários. b) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Criado em 1952, é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tendo por objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento e melhoria da competitividade da economia brasileira. Possui um foco de ação bem diversificado, podendo apoiar investimentos em todos os setores e a empresas de todos os portes. Além disso, realiza investimentos sociais direcionados à educação, à saúde, à agricultura familiar, ao saneamento básico, ao meio ambiente e ao transporte coletivo. O BNDES conta com duas subsidiárias integrais: FINAME (Agência Especial de Financiamento Industrial) que financia a comercialização de máquinas e equipamentos; e a BNDESPAR (BNDES Participações) que possibilita a subscrição de valores mobiliários a certos segmentos no mercadode capitais. Os recursos do BNDES são provenientes de seus fundos próprios, do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e de captações no exterior. O BNDES sempre teve uma participação efetiva na execução de políticas econômicas e industriais no Brasil como o Plano de Metas de JK e o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Atualmente, é o principal executor da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) que consiste em uma política industrial lançada em 2008, tendo como objetivo a sustentação de um longo ciclo de desenvolvimento produtivo apoiado no investimento, na inovação, na competitividade das empresas e na ampliação das exportações, através de uma série de medidas fiscais, de financiamento, poder de compra do governo, aprimoramento jurídico, regulação e apoio técnico (CANO e SILVA, 2010). c) Caixa Econômica Federal (CEF) É um dos principais agentes das políticas públicas do Governo Federal, voltada principalmente para o financiamento imobiliário e urbano, em especial no saneamento básico. A CEF centraliza as operações do FGTS, PIS, seguro- 20 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. desemprego, loterias federais, além de operar no crédito educativo e transferência de benefícios sociais. Sua atuação atinge as áreas relativas a bancos comerciais, sociedades de crédito imobiliário e de saneamento e infraestrutura urbana. 1.3.3 O papel dos intermediários financeiros Segundo Banco Central (2011), no arranjo do sistema financeiro, as principais instituições estão constituídas sob a forma de banco múltiplo (banco universal), que oferecem ampla gama de serviços bancários. Outras instituições apresentam certo grau de especialização, conforme exemplos a seguir: � bancos comerciais, que captam principalmente depósitos à vista e depósitos de poupança, sendo tradicionais fornecedores de crédito em curto e médio prazo para as pessoas físicas e jurídicas, especialmente capital de giro no caso das empresas; � bancos de investimento, que captam depósitos a prazo e são especializados em operações financeiras de médio e longo prazo para suprimento de capital fixo ou de giro das empresas. Seu maior objetivo é dilatar o prazo das operações de empréstimos e financiamentos às empresas. Não podem manter contas correntes e captam recursos pela emissão de CDB, RDB e pela venda de cotas de fundos de investimentos. Seus financiamentos são precedidos de cuidadosos estudos e avaliações do projeto e não podem realizar financiamento imobiliário; � caixas econômicas, que também captam depósitos à vista e depósitos de poupança e atuam mais fortemente no crédito habitacional; � bancos cooperativos e cooperativas de crédito, voltados para a concessão de crédito e prestação de serviços bancários aos cooperados, podendo atuar tanto no setor rural quanto no urbano. Podem se originar da associação de funcionários de uma empresa ou grupo empresarial, de profissionais de determinado segmento, de empresários, ou adotar a livre admissão de associados em uma área determinada de atuação; � sociedades de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo, também voltadas para o crédito habitacional; 21 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. � sociedades de crédito e financiamento, direcionadas para o crédito ao consumidor; � empresas corretoras e distribuidoras, com atuação centrada nos mercados de câmbio, títulos públicos e privados, valores mobiliários, mercadorias e futuros. Dentre as instituições relacionadas, ocupam posição de destaque no âmbito do sistema de pagamentos os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial, as caixas econômicas e, em plano inferior, as cooperativas de crédito. Essas instituições captam depósitos à vista e, em contrapartida, oferecem a seus clientes contas de depósito que são utilizadas pelo público em geral, pessoas físicas e jurídicas, para fins de pagamentos. 22 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 2 – CARACTERIZAÇÃO DAS FONTES DE RECURSOS 2.1 Aspectos introdutórios Aqui, estaremos discutindo a estrutura de capital de uma empresa, suas principais fontes de financiamento ou de recursos disponíveis no mercado, seus caminhos e os custos que menos impactam no grau de endividamento. Dessa maneira, segundo Fortuna (2009), recursos financeiros são imprescindíveis para a operação e para os investimentos de uma organização. Quem investe deseja ganhos, e tais ganhos devem maximizar a riqueza de quem investiu, portanto, é uma das funções de um bom gestor financeiro analisar e planejar bem o volume necessário de recursos para o dia a dia e decidir, de forma sensata, qual a melhor fonte de captação, com menores custos e melhores condições de pagamento. 2.2 Descrição da estrutura de capital De acordo com a literatura, envolvendo os grandes pesquisadores da Contabilidade, definem capital como um fundo de valores ou conjunto de bens, créditos e débitos colocados à disposição da empresa, com a finalidade de gerar resultados econômicos. Dessa forma, o capital de uma empresa tem suas origens no passivo e seus destinos ou investimentos no Ativo. Esse capital é fornecido por terceiros e pelos acionistas ou sócios. A parte dos acionistas ou sócios é representada pelo Capital Próprio. Segundo Gitman (2004), estrutura de capital é como a combinação da dívida em longo prazo e capital próprio mantidos pela empresa. Portanto, para fins de análise e tomada de decisões sobre estrutura de capital, são considerados somente os fundos permanentes e em longo prazo, pois as estruturas de capital, por serem de natureza estratégica, não são frequentemente alteradas. 23 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 7: Descrição da estrutura de capital. Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 2.2.1 Conhecendo a alavancagem financeira A alavancagem financeira ocorre quando o capital de terceiros produz efeitos sobre o patrimônio líquido. O processo é como se o capital de terceiros, utilizando-se de uma “alavanca”, produzisse efeitos (positivos ou negativos) sobre o patrimônio líquido da empresa. Assim sendo, para Gitman (2004), aumentos na alavancagem resultam em um crescimento no retorno e no risco, ao passo que suas diminuições resultam em uma diminuição no retorno e no risco. O montante de alavancagem na estrutura de capital da empresa pode alterar significativamente seu valor, ao afetar o retorno e o risco. As riquezas de uma empresa são geradas pelos ativos, estes financiados pelo capital próprio e de terceiros. Portanto, para aumentar a riqueza dos acionistas ou sócios, o Retorno sobre o AtivoTotal (RAT) deve ser superior ao Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RPL). Aplicação: Analisaremos a demonstração de resultado do quadro a seguir sob duas hipóteses: (1) Ativo Total, no valor de R$ 500.000, financiado integralmente pelo capital próprio. (2) 60% do Ativo Total (R$ 300.000) financiado pelo capital de terceiros e 40% (R$ 200.000) financiado pelo capital próprio. 24 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Dessa forma, temos como a Demonstração de Resultado Inicial: Vendas (-) Custos dos produtos vendidos (=) Lucro bruto (-) Despesas administrativas e de vendas (=) Lucro antes do Imposto de Renda e juros 1.000.000 (300.000) 700.000 (500.000) 200.000 São utilizadas as seguintes equações para medir as rentabilidades do Ativo e do Patrimônio Líquido: O Retorno sobre o Ativo Total (RAT) é medido com base no Lucro depois do Imposto de Renda e antes dos juros (LDIRAJ) em relação ao Ativo Total (AT). RAT = LDIRAJ AT O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RPL) é medido com base no Lucro Líquido (LL) em relação ao Patrimônio Líquido (PL). RPL= LL PL As demonstrações de resultados ajustados (após o imposto de renda e juros), sob as hipóteses 1 e 2, podem ser comparadas, conforme o quadro a seguir. 25 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Demonstração de Resultado Ajustado. Hipótese 1 Hipótese 2 Vendas (-) Custos dos produtos vendidos (=) Lucro bruto (-) Despesas administrativas e de vendas (=) Lucro antes do Imposto de Renda e juros 1.000.000 (300.000) 700.000 (500.000) 200.000 1.000.000 (300.000) 700.000 (500.000) 200.000 (-) Imposto de Renda (25%) (=) Lucro depois do IR e antes dos juros (-) Juros (+) Economia do IR sobre juros (25%) (=) Lucro líquido (50.000) 150.000 0 0 150.000 (50.000) 150.000 (105.000) 26.250 71.250 o Hipótese 1: Nessa hipótese, o PL é de R$ 500.000. As rentabilidades são as seguintes: RAT = 150.000 = 0,30 ou 30% 500.000 RPL = 150.000 = 0,30 ou 30% 500.000 o Hipótese 2: Nessa hipótese, o capital de terceiros é de R$ 300.000 e o patrimônio líquido é de R$ 200.000. As rentabilidades são as seguintes: RAT = 150.000 = 0,30 ou 30% 500.000 RPL = 71.250 = 0,35625 ou 35,625% 200.000 Na hipótese 1, o RAT é igual ao RPL (30%), pois não existe alavancagem financeira, por não estar sendo utilizado o capital de terceiros para financiar o ativo. 26 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Na hipótese 2, O RAT é de 30% (o mesmo da hipótese A), mas o RPL é de 35,625%, o que significa que existe alavancagem financeira favorável, pois o RPL é maior do que o RAT. Isso ocorre porque a empresa está financiando o ativo, utilizando o capital de terceiros que custa, nominalmente, 35% (R$ 105.000 / R$ 300.000 = 35%), mas, em termos efeitos, custa 26,25% (R$ 78.750 / R$ 300.000 = 26,25%), em consequência do benefício do Imposto de Renda, pois as despesas de juros são deduzidas da base de cálculo do Imposto de Renda. A seguinte demonstração de resultado, desdobrada em lucro líquido gerada pelo capital próprio e pelo capital de terceiros, vai facilitar a compreensão do efeito da alavancagem financeira. Pode-se verificar que a utilização de capital de terceiros gerou um lucro líquido adicional de R$ 11.250. Demonstração de Resultado desmembrado da Hipótese 2. Capital próprio (40%) Capital de terceiros (60%) Total (100%) Lucro antes do Imposto de Renda e juros (-) Imposto de Renda: 25% (=) Lucro depois do IR e antes dos juros (-) Juros (+) Economia do IR sobre juros: 25% (=) Lucro líquido 80.000 (20.000) 60.000 0 0 60.000 120.000 (30.000) 90.000 (105.000) 26.250 11.250 200.000 (50.000) 150.000 (105.000) 26.250 71.250 O Ativo Total gerou lucro antes do Imposto de Renda e juros de R$ 200.000. Pelas condições da hipótese 2, o capital próprio financiou 40% do Ativo Total e o capital de terceiros, 60%. Portanto, o lucro antes do Imposto de Renda e dos juros foi dividido proporcionalmente ao capital utilizado pelo Ativo Total. O lucro líquido de 27 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. R$ 11.250, gerado pelo capital de terceiros, pertence ao detentor do capital próprio, que “obteve” o lucro incremental sem fornecer o respectivo fundo. a) Grau de alavancagem financeira A análise do grau da alavancagem financeira (GAF) é um importante instrumento de gestão financeira. Porém, a análise adequada do GAF deve ser feita com base em demonstrações financeiras livres de efeitos inflacionários. O grau de alavancagem financeira (GAF) é calculado com a seguinte fórmula: GAF = RPL RAT Para calcular o Grau de Alavancagem Financeira (GAF), pode-se utilizar o RPL calculado com o lucro líquido antes do imposto de renda, mas, nesse caso, o RAT deve ser calculado com o lucro antes do imposto de renda. O GAF calculado será o mesmo que o calculado com o lucro líquido depois do imposto de renda. � Interpretando o GAF Os diversos graus de alavancagem financeira podem ser interpretados da seguinte maneira: GAF = 1: Alavancagem financeira nula. GAF > 1: Alavancagem financeira favorável. GAF< 1: Alavancagem financeira desfavorável. Utilizando os dados do exemplo anterior, pode-se calcular o GAF: Hipótese 1: GAF = 30% = 1 30% Alavancagem financeira foi nula. Hipótese 2: GAF = 35,625% = 1,1875 30% 28 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O GAF de 1,1875 significa que a alavancagem financeira é favorável em 18,75%, ou seja, o capital de terceiros está contribuindo para gerar um retorno adicional de 18,75% sobre o patrimônio líquido. Se o GAF for menor do que 1, a empresa precisa reavaliar sua estrutura de capital, pois ela está se descapitalizando, ou seja, a utilização de capital de terceiros não está gerando um retorno adicional satisfatório para a empresa. Essa análise é de suma importância para a empresa verificar o impacto real da utilização de capital de terceiros em sua estrutura de capital. Tais análises devem ser realizadas de forma regular para que uma alavancagem financeira desfavorável não comprometa o planejamento da organização.2.3 Descrição do capital de terceiros De acordo com Ross (2002), o custo do capital de terceiros é a taxa de retorno pela qual os investidores desejam ser remunerados pelo risco que estará correndo temporariamente, ao ceder seu capital ao tomador. Basicamente, o capital de terceiros pode ser obtido por meio de empréstimos, financiamentos e emissão de títulos de dívida. 2.3.1 Conhecendo as principais fontes de capital de terceiros Segundo Ross (2002), a estrutura de capital deve ser composta por fontes em longo prazo e permanentes, mas nem sempre essas fontes estão disponíveis, o que obriga empresas a financiarem suas atividades com recursos de curto prazo. O mais importante é realizar a correta conjugação entre necessidades e recursos de curto, médio e longo prazo. Isso significa que o gestor não pode desejar financiar necessidades de curto prazo com recursos em longo prazo, bem como, financiar necessidades em longo prazo com recursos de curto prazo. Ressalta-se que são inúmeras as modalidades de financiamento existentes no mercado financeiro. Para fins didáticos, as fontes de capital de terceiros podem ser divididas em financiamentos e empréstimos em moeda nacional e em moeda estrangeira. � Os financiamentos mais comuns em moeda nacional são: 29 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Empréstimos para capital de giro: por meio de um contrato, são estabelecidas as condições gerais e específicas da operação, como o valor, o vencimento e a taxa de juros. As garantias exigidas são as notas promissórias avalizadas, geralmente, por sócios ou diretores. Além das notas promissórias, podem ser exigidas garantias adicionais, como duplicatas, hipotecas e penhor mercantil. Desconto de títulos: os títulos descontados podem ser cheques pré-datados, duplicatas ou notas promissórias. O cedente do cheque, da duplicata ou da nota promissória transfere ao banco o direito de recebê-lo nos respectivos vencimentos, recebendo antecipadamente o valor líquido dos títulos, após descontados os juros. No vencimento, o devedor paga o valor do título ao banco, que baixa da responsabilidade do cedente. Na operação de desconto, o banco tem o direito de regresso, isto é, caso o devedor não pague o título no vencimento, o banco tem o direito de receber do cedente o valor do título acrescido de juros de mora e/ou multas. Seguem os tipos de descontos de títulos de crédito utilizados pelo mercado: Desconto comercial: conhecido também como desconto “por fora”. É o valor que se obtém pelo cálculo do juro simples sobre o valor nominal do compromisso que seja saldo nos períodos antes de seu vencimento. Sendo: Ac = valor atual (comercial); N = valor nominal; i = taxa de desconto; n = número de períodos antes do vencimento. Aplicação – Uma duplicata no valor nominal de R$ 30.000,00 é descontada à taxa de 2% a.m., 2 meses antes de seu vencimento. Calcular o valor descontado deste título pelo sistema de desconto comercial. Ac = 30.000 [1 – (0,02 x 2)] Ac = N [1 – (i . n)] 30 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Ac = 30.000 [1 – 0,04] Ac = 30.000 x 0,96 Ac = 28.800,00 Desconto bancário: consiste em uma variação do desconto comercial, no qual são acrescidas as taxas bancárias. Sendo: Ab = valor atual (bancário); h = taxa de despesas bancárias (comissões). Problema – Utilizando a mesma operação acima, vamos imaginar que agora existe uma taxa de despesas bancárias de 1%. Calcular o valor descontado deste título. Ab = 30.000 {1 – [(0,02 x 2) + 0,01]} Ab = 30.000 {1 – [0,04 + 0,01]} Ab = 30.000 {1 – 0,05} Ab = 30.000 x 0,95 Ab = 28.500 Desconto racional: conhecido também como desconto “por dentro”. Os descontos comercial e bancário existem apenas para facilitar os cálculos. Nessas operações, existe uma “taxa implícita” de juros, que deve ser calculada utilizando-se o conceito de capitalização composta. Podemos afirmar que, conceitualmente, existe apenas o desconto racional. Problema – Vamos continuar utilizando os dados do mesmo exemplo. Ar = 30.000 / (1 + 0,02)2 Ar = 30.000 / (1,02)2 Ar = 30.000 / 1,0404 Ar = 28.835,06 Ab = N {1 – [(i . n) + h]} Ar = N / (1 + i) n 31 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Hot money: esse tipo de empréstimo caracteriza-se por ser de curtíssimo prazo, geralmente de um dia a uma semana. A taxa de juros de hot money é baseada na taxa diária do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), acrescida de spread do banco e impostos. As vantagens desse tipo de empréstimo são de que a empresa tomadora pode ajustar melhor seu fluxo de caixa e possibilita uma mudança rápida de fonte de financiamento, caso outros tipos de financiamento se tornem mais vantajosos. A cobrança de impostos pode tornar o custo efetivo de hot money excessivamente alto, o que limita esse tipo de empréstimo a eventuais operações de ajustes de caixa. Saiba mais! Hot Money é um termo amplamente utilizado por instituições financeiras, é aplicado para dar sentido às operações de empréstimos de dinheiro em curto prazo, entre 1 a 29 dias. Fonte: https://www.emprestimoconsignado.com.br/capital-de-giro/hot-money-credito-para-giro-rapido/ Conta garantida: é, para a pessoa jurídica, o equivalente ao cheque especial utilizado por pessoa física. O banco abre uma conta de crédito para a empresa, que saca livremente o valor até o limite estabelecido e cobre o saldo devedor a qualquer tempo, até o vencimento do contrato. Os encargos financeiros são pagos periodicamente. A grande vantagem da conta garantida é que o tomador pode ajustar melhor sua necessidade de caixa. É importante para o gestor financeiro analisar com muita cautela os juros cobrados por este tipo de financiamento. Factoring: factoring é uma operação de fomento comercial, portanto, não sujeita a regulamentações do Banco Central. A operação consiste em ceder os direitos creditórios sobre duplicatas a empresas de factoring, recebendo em contrapartida o valor de face com deságio (que corresponde a juros e spread da operação). A grande vantagem dessa operação é que nela é feita a venda definitiva das duplicatas, portanto, sem o direito de regresso, diferentemente do desconto de títulos. 32 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Por ser uma operação com custo final mais alto do que as taxas geralmente praticadas pelos bancos, é utilizada com maior frequência por empresas de pequeno e médio porte que têm dificuldades de obter linhas de crédito em bancos. Saiba mais! Factoring (fomento mercantil ou comercial) é uma atividade comercialcaracterizada pela aquisição de direitos creditórios, por um valor à vista e mediante taxas de juros e de serviços, de contas a receber a prazo. Ela possibilita liquidez financeira imediata para micro e pequenas empresas, e não deve ser confundida com a operação praticada pelos bancos. Fonte: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-o-que-e- factoring,7b1a5415e6433410VgnVCM1000003b74010aRCRD Debêntures: títulos emitidos por sociedades anônimas de capital aberto, com a aprovação da emissão por Assembleia Geral Extraordinária, para captar recursos de médio e longo prazo no mercado financeiro. As condições gerais e específicas sob as quais foi emitida a debênture constam de um documento chamado Escritura de Emissão, com registro em cartório. As debêntures podem ser remuneradas com juros e prêmios sobre valores atualizados monetariamente, ou com taxas de juros prefixadas. As taxas de remuneração são repactuadas periodicamente. Caso não se chegue a um acordo quanto à taxa de remuneração do novo período, a empresa deve resgatar os títulos. O prazo de resgate não deve ser inferior a um ano. Alguns tipos de debêntures permitem a conversão em ações, quando isso ocorre, o debenturista torna-se um acionista, ou seja, ele deixa de ser um credor para se tornar um proprietário da empresa. Recursos do BNDES: boa parte dos recursos em longo prazo existentes em moeda nacional é fornecida pelo Sistema BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), dentro das políticas operacionais estabelecidas para cada setor de atividade econômica. O Sistema BNDES é formado pelo próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e suas subsidiárias: Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES Participações S.A. (BNDESpar). 33 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O sistema BNDES pode operar diretamente com o financiado, mas a maioria das operações é intermediada pelas instituições financeiras credenciadas. Em alguns casos, o BNDESpar participa do capital social de empresas consideradas estratégicas ou com projetos prioritários. Os encargos dos financiamentos são baseados em Taxa de Juros em Longo Prazo (TJLP), apurada com base em uma cesta de moedas, acrescida de spread específico para cada linha de financiamento, mais a comissão do agente repassador. Algumas das linhas de financiamento são: • financiamento de máquinas e equipamentos de fabricação nacional (Finame); • financiamento à exportação de máquinas e equipamentos (Finamex); • financiamento para subscrição de aumento de capital social; • garantia de subscrição de valores mobiliários. � Os financiamentos em moeda estrangeira são: Adiantamento sobre contratos de câmbio – ACC Nesse tipo de operação, os exportadores, com base em contrato de fornecimento ou pedido de compra, vendem a termo os valores em moeda estrangeira que serão gerados pela futura exportação, recebendo antecipadamente o valor equivalente em moeda local, convertido pela taxa de câmbio da data da operação. Antes do embarque da mercadoria, a operação recebe o nome de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), mas após o embarque, essa operação passa a chamar-se Adiantamento sobre Contrato de Exportação (ACE). Por ser um incentivo financeiro à exportação, o custo dessa operação é, geralmente, mais baixo do que a taxa de mercado. Resolução 2.770 (Antiga Resolução 63) Operação regulamentada pelo Banco Central através da qual os bancos repassam aos tomadores locais, em moeda estrangeira, os recursos captados no exterior por meio de lançamento de bônus e outros instrumentos financeiros. O 34 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. prazo máximo do repasse não pode exceder o vencimento do empréstimo original, mas o banco pode repassar o recurso por um prazo menor. O banco local cobra do tomador uma comissão de repasse, que pode ser antecipada ou paga juntamente com os juros, e pode estar embutida na taxa de juros. Financiamento de Importação Os bens adquiridos no exterior podem ser financiados por bancos do exterior. Em vez de o importador desembolsar as compras à vista, o banco do exterior paga à vista ao exportador e o importador fica devendo a esse banco do exterior. No vencimento do financiamento, o importador fará a remessa financeira pela compra de mercadorias. Geralmente, o custo final desse tipo de financiamento é mais atraente do que de outros tipos, pois o risco do financiador não receber é menor do que em empréstimos feitos em moeda. O prazo de financiamento varia de alguns meses a até um ano, raramente ultrapassando esse prazo. Export Note O exportador emite uma nota promissória em dólar com lastro em futuros créditos de exportação e faz a cessão de direitos sobre o crédito com base em um contrato. Pela cessão do direito creditório, o exportador recebe à vista o valor em moeda nacional, convertido pela taxa de câmbio do dia. Quando a empresa exportadora recebe o dólar da exportação no futuro, converte-o em moeda nacional e resgata a nota promissória emitida em dólar convertida em moeda nacional pela taxa de câmbio do dia do resgate, acrescida de juros. Eurobônus Também denominados de Euronotes e Eurobonds são títulos emitidos por empresas em dólar, fora dos Estados Unidos. Notes são títulos emitidos com prazos inferiores a dez anos; a partir desse prazo, os títulos são chamados bônus (bonds, em inglês). 35 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Existem dois tipos de títulos, quanto às taxas de juros, as Fixed Rate Notes são títulos lançados com taxas de juros fixas e as Floating Rate Notes são títulos lançados com taxas de juros flutuantes. Por gerarem despesas fixas relativamente altas (serviços jurídicos especializados, confecção de prospectos de lançamento e oferta, registro da emissão em uma bolsa internacional, remuneração dos agentes financeiros, além da comissão de administração e venda de títulos proporcional ao valor da emissão), os Eurobônus são lançados com valores, geralmente, acima de US$ 50 milhões. Sendo assim, são recursos disponíveis somente a grandes empresas. Arrendamento mercantil O arrendamento mercantil (leasing, em inglês) é uma forma de financiamento de bens do Ativo Imobilizado. A ampla aceitação dessa modalidade de financiamento pelas empresas está baseada no princípio de que o lucro é gerado pela utilização do bem e não por sua propriedade. A operação de leasing consiste em uma empresa arrendadora adquirir um bem do fabricante (ou comerciante) escolhido pela arrendatária e arrendá-lo a esta mediante o recebimento de prestações periódicas (que podem ser mensais, trimestrais, entre outras). O bem adquirido fica contabilizado como Ativo Permanente da arrendadora até sua eventual venda para a arrendatária. O objeto do arrendamento pode ser: bens móveis ou imóveis, novos ou usados, de fabricação nacional ou estrangeira,contratado em moeda nacional ou em moeda estrangeira, com as arrendadoras nacionais ou estrangeiras. Basicamente, existem duas modalidades de leasing: financeiro e operacional. Leasing financeiro O leasing financeiro equivale à operação de financiamento de médio ou longo prazo em que a arrendatária paga, geralmente, prestação mensal. Ao final do contrato, que não pode ser rescindido antecipadamente, a arrendatária terá o direito de adquirir o bem por um valor previamente combinado denominado Valor Residual Garantido (VRG). 36 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para bens com vida útil de até cinco anos (veículos, equipamentos de informática, entre outros) e de três anos para os com vida útil superior a cinco anos (móveis e utensílios, maquinarias em geral, entre outros). A conservação e a manutenção do bem são de responsabilidade da arrendatária. No Brasil, somente as sociedades de arrendamento mercantil (empresas de leasing) podem praticar as operações de leasing financeiro, pois essa modalidade de arrendamento está sujeita à regulamentação do Banco Central. Leasing operacional O leasing operacional é uma operação de locação em que a arrendatária (locatária) paga uma taxa de arrendamento periódica (semanal, mensal, trimestral, entre outras) à arrendadora (locadora). A manutenção do bem arrendado nessa modalidade é de responsabilidade da locadora. O bem é devolvido à locadora ao final do contrato, ou a qualquer tempo (se assim estiver previsto no contrato). Caso a locatária desejar adquirir o bem, o preço de venda será estabelecido de acordo com valor de mercado. Nessa modalidade de arrendamento não existe um prazo mínimo obrigatório. Portanto, a duração de um contrato de locação poderia ser de apenas alguns meses (ou dias). O prazo do contrato de locação, ou a opção de devolução a qualquer tempo, dependerá da natureza e espécie do bem objeto de locação, pois existem bens de difícil comercialização no mercado de bens usados e com alta taxa de obsolescência. Não há necessidade de a empresa locadora ser uma sociedade de arrendamento mercantil para exercer as atividades de leasing operacional, pois essa modalidade de arrendamento não está sujeita à regulamentação do Banco Central. A título de exemplo, as empresas de locação de veículos “adquirem” os veículos por meio de leasing financeiro e os arrendam por meio de leasing operacional. Lease back A operação de lease back (ou de sale lease back) consiste em uma empresa vender bem de seu imobilizado a uma empresa de leasing, arrendando-o 37 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. simultaneamente, na modalidade de leasing financeiro. Ocorre a troca de propriedade, mas, na prática, o bem continuará sendo utilizado normalmente pela antiga empresa proprietária até o final do contrato de arrendamento, quando ela exercerá (se for do seu interesse) a opção de aquisição pelo VRG. É uma forma de financiamento de capital de giro utilizada por empresas bastante imobilizadas. 38 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 3 – RISCO, RETORNO E APLICAÇÕES NO CONTEXTO EMPRESARIAL 3.1 Aspectos introdutórios O gestor na área financeira, como da área empresarial, deve compreender de maneira satisfatória os dois determinantes mais importantes do valor de um ativo: o risco e o retorno. Toda decisão financeira, seja em uma microempresa ou em um grande conglomerado empresarial, apresenta certas características de risco e retorno que formarão uma combinação única levando a um impacto direto sobre o preço de um ativo. O risco pode ser visto com relação a um ativo único ou com relação a um conjunto/agrupamento de ativos – que neste caso é denominado portfólio. Vamos nesta unidade estudar as definições básicas de risco e retorno e suas relações. 3.2 Definição formal e tipos de riscos De acordo com Gitman (2001) e Ross (2002), risco pode ser definido como a probabilidade de perda financeira. Ativos com chances maiores de perda são vistos como mais arriscados do que aqueles com chances menores de perdas Em suma, refere-se à variabilidade de retornos associada a um dado ativo. Aplicação – Um título da dívida pública (do governo) que garante a seu portador R$ 100,00 de juros após 30 dias possui um baixíssimo nível de risco, afinal não há variabilidade associada ao retorno. Seu único risco seria um calote do governo no momento do pagamento dos juros (o que é muito pouco provável de ocorrer). Já um investimento equivalente em ações de uma determinada empresa pode apresentar rendimentos dos mais diversos tipos e valores, algo em torno de R$ 0 até R$ 200,00, por exemplo, porém é considerado muito arriscado devido à alta variabilidade do seu resultado. Porém, o gestor deve estar atento a um fato importante: no mercado financeiro, a palavra “risco” muitas vezes é usada apenas para indicar a possibilidade de perda/diminuição ou manutenção do estado atual, excluindo a possibilidade de ganho/ retorno/crescimento. É necessário ter em mente que o risco 39 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. tem relação direta com retorno, por isso, risco mais alto indica possibilidade de retornos mais altos. Segundo Fortuna (2009), os mais importantes tipos de riscos existentes no mercado financeiro são descritos a seguir: • Risco do Ativo: parte da incapacidade de se prever o retorno de um determinado ativo, origina-se do próprio perfil deste ativo. Exemplificando, o fato de optar pelo investimento em ações da Petrobras significa que o investidor estava exposto às flutuações do preço do petróleo ou aos riscos operacionais das plataformas de prospecção da empresa. Assim, este risco é particular ao ativo escolhido (no caso, as ações da Petrobras), e distinto do risco que correria se, ao invés, tivesse adquirido ações da Vale do Rio Doce, comprado CDB ou investido em imóveis. A melhor forma de reduzir a exposição ao risco de um determinado ativo é efetivamente diversificar os investimentos. • Risco de Mercado: contrariamente do risco de ativo que, como mencionado a priori, pode ser minimizado através da diversificação, o mesmo não acontece com o risco de mercado. Isso não quer dizer que a diversificação deva ser abandonada, mas apenas que, a partir de um determinado momento, de nada adianta aumentar o número de ativos em que se investe, pois o risco de mercado permanece inalterado. Isso significa que os investidores devem estar preparados para o fato de que existe uma parcela do risco de mercado sob a qual não se tem como influir, e a qual estão sujeitos
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