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APLICACAO TEORIAS TECTONONICAS NO CENTRO-OESTE A PARTIR DE 1960 ADELIR JOSÉ STRIEDER SUMARIO 1. INTRODUCÃO 2. AS TEORIAS GEOTECTÓNICAS: características principais 2.1. A TEORIA GEOSSINCLINAL 2.2. A TEORIA DAS FAIXAS MÓVEIS 2.3. A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS APRECIAÇA0 DOS TRABALHOS DE GEOTECTÔNICA QUE ENVOLVEM O CENTRO-OESTE 3.1. A APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE GEOSSINCLINAL 3.2. A APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE FAIXAS MÓVEIS 3.3. A APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE TECTÔNICA DE PLACAS. DISCUSSA0 FINAL E RECOMENDAÇÕES AGRADECIMENTOS REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Artigo publicado no Boletim de Geologia da Sociedade Brasileira de Geologia, Núcleo Centro-Oeste. (1993) Boletim No. 16, pp 79-105 ABSTRACT This paper makes a first tentative to classify the most important papers on geotectonic evolution of the central Brazil area according the formally applied geotectonic theory. The paper was designed to cover publications since 1960' decada, just the period of most intensive geological working in Brazil. A large effort was developed to recover some papers and to study them taking in mind their stated geotectonic concepts. At this point, it was realized on the necessity of looking for the background references and ideas used by the Brazilian geologists. This is the scope of the second chapter of the paper, where the main characteristics of each tectonic theory are presented in order to understand their application in the Brazilian geologic literature. The third chapter is, then, devoted to analyse the selected papers in the light of their proposed geotectonic vinculation. It was found that, despite the change in the applied geotectonic theory and the acquisition of new data, there is not a clear cut in the proposed geological evolution for the continental Brazil territory; one can say that there is much similarities in the tectonic conceptions and in the described tectonic evolutions. It seems that there was not, in reality, a change in the tectonic conceptions, because one can easily find misuse of the tectonic proposals and descriptions without critical review of the original source. INTRODUÇÃO As hipóteses gerais sobre a estruturação e a evolução geotectônica da crosta terrestre estão baseadas em dois aspectos fundamentais: i) a profundidade do conhecimento geológico de uma determinada região e ii) o instrumental teórico utilizado para explicar a origem das estruturas geológicas observadas. A partir da sua formulação e da sua aceitação, as hipóteses geotectônicas parecem perder o vínculo com os aspectos desencadeadores e atuar de modo independente, pois passam a fornecer os critérios de investigação geológica; pode-se dizer que, a partir deste momento, as hipóteses geotectônicas passam a dirigir e a condicionar o aprofundamento do conhecimento geológico regional (em analogia à caracterização de Kuhn, 1975, pp.). No Brasil, o maior desenvolvimento da geologia se deu nas 3 últimas décadas, a partir da instalação dos cursos superiores em geologia. A partir do início da década de 1960, um maior número de levantamentos geológicos começou a convergir e permitiu a elaboração de uma primeira proposta formal sobre a estruturação tectônica da "plataforma" brasileira (Almeida 1959,1966,1967b; Ferreira 1968). Isto não significa que anteriormente não se utilizasse de conceitos tectônicos na caracterização e na descrição de unidades geológicas. A utilização de conceitos tectônicos era, contudo, feita para regiões, ou para unidades geológicas restritas; não se possuía um arcabouço tectônico do território brasileiro capaz de servir como referencial na caracterização de unidades locais. Com base na literatura geológica, pode-se atualmente distinguir a aplicação de três diferentes teorias geotectônicas ao Precambriano: 1) geossinclinal, 2) faixas móveis, e 3) tectônica de placas. No entanto, uma avaliação mais cuidadosa desta literatura geológica permitirá revelar que, a despeito da teoria geotectônica utilizada, existe uma bem marcada similaridade nas caracterizações regionais realizadas: similaridade evolutiva e similaridade de concepções tectônicas. Estas similaridades estão bem expressas nas questões que, não resolvidas, ultrapassam os limites de aplicação de cada uma das teorias abordadas. O exemplo mais marcante deste problema diz respeito à definição de um, ou de dois ciclos tectónicos na estruturação das faixas "Uruaçu" e "Brasília"; a discussão tem origem na interpretação de dados geocronológicos e na concepção do que é e quanto dura um cicio tectônico. Em maior, ou em menor grau, este tipo de discussão também pode ser observado em algumas outras faixas de dobramento. Diante deste quadro, observa-se que, ultimamente, muitos trabalhos de caráter local, ao buscarem um arcabouço geotectônico regional como referencial, têm aplicado equivocadamente as teorias geotectônicas; há outros, ainda, que têm negligenciado o uso de arcabouços geotectônicos como referencial. Isto decorre, em boa parte, i) da falta de uma maior familiaridade com os critérios e as concepções que fundamentam cada teoria geotectônica, ii) da orientação metodológica dada à investigação geológica e, como efeito de causa e conseqüência, iii) da pouca profundidade do conhecimento do arcabouço geológico regional para permitir extrapolações geotectônicas. Porém, também decorre da ausência de uma discussão e de uma sistematização da utilização das diferentes teorias geotectônicas no Brasil. Como passo inicial para superar estes problemas, é necessário analisar os critérios e as características fundamentais de cada teoria geotectônica e a sua aplicação na realidade do conhecimento geológico brasileiro, de modo a tornar claras as concepções geotectônicas presentes e os pontos de ruptura entre estas concepções. Embora, em determinadas ocasiões, apresente-se detalhes do instrumental teórico e da metodologia cientifica empregada em cada teoria, este artigo não pretende examinar e discutir estes pontos, nem fazer um acompanhamento da modificação histórica da utilização daquele instrumental; o artigo apenas os apresenta de acordo com a necessidade de mostrar o modo de compreender a estruturarão e a evolução geotectônica da crosta terrestre conforme comumente expresso nas formulações de cada teoria. No segundo capitulo, o artigo tentará sistematizar os trabalhos mais importantes que envolvem a apresentação, ou a proposição de um arcabouço geotectônico para o Centro-oeste brasileiro. Por meio da análise qualitativa da aplicação das teorias geotectônicas explicitadas em cada trabalho, este artigo buscará destacar as similaridades interpretativas e, deste modo, mostrar que os critérios de investigação geotectônica não foram fundamentalmente modificados, apesar da mudança de teoria tectônica. AS TEORIA GEOTECTÔNICAS: características principais Este capitulo pretende resgatar, de antemão, as principais concepções e características de cada uma das teorias geotectônicas. A apresentação não pretende discutir aspectos controversos da formulação de cada teoria, mas, a partir de referências acessíveis, salientar os pontos mais importantes que permitirão examinar a aplicação daquelas teorias e compreender alguns dos critérios empregados na elaboração das propostas de estruturação geotectônica para o Centro-oeste brasileiro. A TEORIA GEOSSINCLINAL Esta teoria foi formulada no interegno 1850-1900, por Hall, Danna e Haug (ver: Aubouin 1965); naquele período, discutiu-se amplamente o predomínio das forças verticais contra o das forçaas horizontais no desencadeamento das estruturas geológicas da crosta terrestre. A teor ia geossinclinal foi formulada sobre muitas das idéias que fundamentaram a Hipótese do Levantamento (ver: Beloussov 1971, pg. 46-53): atuação da forca da gravidade e da força de "bombeamento" dos materiais quentesa partir do núcleo da Terra. A apresentação das principais características da Teoria Geossinclinal, neste artigo, segue as formulações expostas por Beloussov (1971). Isto se deve ao fato de se ter constatado que as idéias e os critérios utilizados para interpretar a evolução geotectônica do território brasileiro durante a "fase" geossinclinal estão muito mais próximas das ponderações levantadas por Beloussov, do que aquelas expressas por Aubouin (1965). A geração de uma geossinclinal foi inicialmente considerada como um processo auto-governado (ver Wyllie 1971). Porém, o curso do desenvolvimento da Teoria Geossinclinal incorporou muitas outras proposições que buscavam explicar aspectos particulares dentro do problema maior a ser equacionado: os movimentos oscilatórios da crosta terrestre. Esta questão focalizou sobremaneira a atenção dos geólogos à época em que se começou a estudar mais profundamente as seqüências sedimentares na prospecção de petróleo. A partir de cada uma das hipóteses incorporadas, formulou-se um mecanismo gerador para a geossinclinal (Wyllie 1971, pg. 211-232). A primeira proposta para explicar o desencadeamento da geossinclinal baseou-se na idéia de que o acúmulo de sedimentos é capaz de produzir a sobrecarga necessária para arquear continuamente a crosta (Hipótese da Isostasia: ver Beloussov 1971, p. 790). Uma segunda proposta, de âmbito mais global, considerou que a pulsação da "massa sub-cortical do planeta" seria responsável por etapas alternadas de expansão (subsidência e formação da geossinclinal) e de contração (dobramentos e levantamentos) da crosta; esta proposta (Hipótese da Pulsação: ver Beloussov 1971, p. 791) chamou a atenção para o caráter periódico dos eventos tectónicos, o que foi muito utilizado para explicar os movimentos oscilatórios superpostos da geossinclinal. A remoção do magma em profundidade e a sua erupção na superfície, ligadas, ou não à migração e à desintegração de elementos radioativos, contribuiriam como mecanismo tanto para a subsidência, quanto para o levantamento; a migração de elementos radioativos e a formação de intrusões graníticas na crosta se desenvolvem de modo desigual: nas zonas de maior migração há uma estratificação por densidade, de modo que o material granítico se eleva e o material mais denso se "afunda" para formar levantamentos e subsidências internas e externas da geossinclinal (Hipótese da Radiomigracao; Beloussov 1971, pg. 793-794, 806-610). A desintegra aço radioativa, por outro ponto de vista, foi considerada capaz de gerar calor suficiente para produzir correntes de convecções subcorticais, que causariam levantamentos (correntes ascendentes), dobramentos (correntes com movimento horizontal) e subsidência (correntes descendentes); por esta hipótese (Correntes de Convecção: ver Dietz 1961,1968, Meyerhoff 1968), na década de 1960, considerou-se que poderia haver o “underthrust” de parte da crosta continental (p. ex.: Himalaias). A diferenciação do manto silicatado como resultado do resfriamento diferencial causa, em regiões de maior resfriamento e pressão, a contração das rochas magmáticas (gabros), que se convertem em eclogitos e formam uma geossinclinal na superficie terrestre; ao mesmo tempo, acredita-se que a diferenciação magmática, ao separar os elementos mais leves, causa a "flutuação" e elevação de massas graníticas e o afundamento do material mais denso (Hipótese da Undacão: van Bemmelen 1973). O próprio afundamento de "massas" eclogíticas no “material” subcortical pode desencadear uma geossinclinal. A principal característica de todas estas hipóteses era o conceito da unidade no desenvolvimento da estrutura terrestre (Beloussov 1971). Por este conceito, a causa que dava origem aos movimentos oscilatórios, às dobras, às falhas, etc.., era una; não se compreendia como conciliar esforços compressivos, tangenciais e distensivos em uma mesma situação tectônica. Em função principalmente deste conceito, as hipóteses da Contração e da Pulsação foram criticadas e abandonadas (Beloussov 1971, pg. 67-71). A Teoria Geossinclinal admite somente esforços verticais na formação das estruturas geológicas; os thrusts, as dobras e as nappes tem caráter secundário e tardio, pois se formam na Fase de Inversão da geossinclinal, por deslizamento gravitacional ao longo do talude dos levantamentos orogénicos (Hipótese dos Dobramentos por gravidade: Beloussov 1971, pg. 800-801). Num determinado período, inclusive a xistosidade horizontal de muitos maciços foi considerada como resultado de um alargamento horizontal e de uma compressão vertical da crosta como conseqüência da elevação da enorme massa de magma (Hipótese do Astenolito: ver Beloussov 1971, pp. 804¬606). De um modo geral, a geossinclinal é uma zona, ou um “cinturão de máxima fragmentação, mobilidade, permeabilidade e diferenciação da crosta e do manto superior, que experimentou intensa subsidência na fase inicial de seu desenvolvimento e intenso levantamento nos estágios finais” (Beloussov 1981). Ao grande movimento oscilatório que gera a geossinclinal, seguem-se movimentos verticais de menor escala, que dão origem a intrageossinclinais e a intrageanticlinais. A importante mudança da subsidência para o levantamento é uma INVERSÃO geral no regime tectônico. O desenvolvimento de um ciclo geossinclinal gera zonas tectônicas características; dentro delas, deve-se destacar o par eugeossinclinal e miogeossinclinal e as geanticlinais, formados durante o período de subsidência pelo “colapso” de uma plataforma. A presença de corpos básico-ultrabásicos em seqüências sedimentares é um elemento essencial para definir zonas eugeossinclinais. Estes corpos, de natureza ofiolítica, são considerados estarem alojados por processos tectônicos antes das deformações das rochas encaixantes; formam grandes lentes (lacólitos intrusivos ao longo de falhas) que dão origem a cinturões de dezenas, ou de milhares de quilômetros (serpentine belts: Hess 1939,1955). Enfatiza-se, às vezes, que a fase final de alojamento dos ofiolitos é determinada por processos tectônicos de natureza diapírica, normalmente após o seu resfriamento e serpentinização (Beloussov 1981): “se a estratificação regular de um complexo ofiolítico está rompida [...] isto é considerado como o resultado da deformação associada com as condições de movimento do ofiolito em direção à superfície (colapso do maciço mediano durante a fase de subsidência), ou com o seu rompimento e expulsão durante o fechamento da depressão” geossinclinal na crosta oceânica. A zona miogeossinclinal, por seu turno, é caracterizada por sedimentos terrígenos finos (folhelhos carbonosos) e por seqüências calcárias. Tanto a deformação, quanto o metamorfismo são fracos nesta zona; aliás, considera-se que a deformação e o metamorfismo apresentam uma diminuição de intensidade desde o maciço mediano até a plataforma. O maciço mediano é uma espécie de pequena plataforma no interior da geossinclinal, possui contatos por meio de falhas com a zona eugeossinolinal e tem uma estrutura composta por duas camadas: a) a camada Inferior é formada pelas rochas e pelas estruturas geradas em ciclos geossinclinais antigos e b) a camada superior é delgada, tem contatos de não-conformidade com a camada inferior e é constituída por sedimentos contemporâneos àqueles da zona geossinclinal circundante. Durante a fase de inversão (regime orogênico), predominam os esforços verticais de levantamento e há sedimentação fina, plataformal, de caráter regressivo (flysch); já, na fase de pós-inversão, a erosão atua mais do que o levantamento, disseca o relevo montanhoso e dá origem à sedimentação clástica grossa do tipo molassas continentais (Beloussov 1981). O levantamento orogênico é acompanhado por magmatismo, que decresce em intensidade na fase pós-inversão. A deformação é predominantemente vista comoresultado do movimento de blocos (Beloussov 1981): “os levantamentos orogênicos podem ser considerados como horst-anticlinórios, enquanto as depressões são consideradas como graben-sinclinórios”. Assim, é natural que se considere o regime de “rifteamento” como uma variante do regime orogênico. O desenvolvimento de um rift é provocado pela ação de forças dirigidas para cima, que causam, inicialmente, um arco, uma estrutura do tipo “antéclise convexa”; este arqueamento da crosta rígida gera esforços trativos e, de modo reflexo, um complexo sistema de grabens (Beloussov 1981). Por fim, é importante analisar as implicações tectônicas de uma característica fundamental da geossinclinal. Os movimentos oscilatórios são de diferentes magnitudes e se superpõem de modo complexo. Esta característica dos movimentos de primeira grandeza dos regimes geossinclinais é enfatizado pelo fato de que as estruturas dos ciclos subseqüentes se superpõem localmente, de modo discordante, sobre as estruturas anteriores; esta superposição gera um padrão em “zig-zag” num processo de expansão das plataformas às expensas dos cinturões geossinclinais (Beloussov 1981) A TEORIA DOS CINTURÕE5 MÓVEIS A teoria das faixas/cinturões móveis foi desenvolvida no período de conflito entre os conceitos e os fundamentos das teorias da geossinclinal e da tectônica de placas; ela surgiu como conseqüência da dificuldade em se extrapolar/documentar a ocorrência dos fenômenos associados tanto ao regime geosinclinal, quanto ao regime de convergência de placas para além de um limite aproximado de 500-600 Ma (Moody & Hill 1956,1964, Moody 1966, Anhaeusser et al. 1969). A “rara” ocorrência de estruturas, ou de associações petrotectônicas como registro destes regimes tectônicos nos terrenos precambrianos leva os pesquisadores a se dividirem em dois grupos, de acordo com o uso, ou a amplitude de aplicação do modelo de tectônica de placas descrita para o Fanerozóico (ver: Martin & Parada 1977a,b): a) "mobilistas", que consideram os processos de acresção e de subducção válidos para todo o Precambriano, e b) “fixistas”, que não acreditam na acresção e na subducção durante todo o Precambriano, mas num aumento gradual na mobilidade das placas litosféricas. Esta divergência se traduz, respectivamente, na aceitação, ou não, do uniformitarismo como princípio para a nova teoria de tectônica global em desenvolvimento. A Teoria dos Cinturões Móveis foi essencialmente elaborada pelos pesquisadores que advogavam um modelo “fixista” de tectônica de placas. Ela utiliza critérios metodológicos da teoria da tectônica de placas, principalmente com relação à utilização das estruturas deformacionais, mas ainda mantém muitos dos princípios da teoria geossinclinal. Segundo esta teoria, a evolução da crosta ocorreu, inicialmente, por processos de caráter predominantemente ensiálicos, sem expansão do assoalho oceânico, ou consumo de placas. No Proterozóico Superior, porém, começam a ocorrer pequenas separações de placas, que culminam na generalizada abertura dos oceanos e colisões de placas do Fanerozóico. Considera-se, então, que, ao invés do contínuo processo de acresção lateral, grandes placas continentais (“plataformas”) existiram desde o Proterozóico Inferior e que elas foram seccionadas e parcialmente destruídas/retrabalhadas por cinturões móveis lineares; “o retrabalhamento e o rejuvenescimento ocasionados por estes cinturões dá, agora, a impressão de que orógenos mais jovens envolvem núcleos antigos” (kröner 1977). O princípio de haver uma modificação no tipo de processo tectônico ao longo da evolução da crosta terrestre (não-uniformitarismo) foi introduzido durante o período de aplicação da teoria geossinclinal (Beloussov 1981), em razão da crescente dificuldade em caracterizar “típicas associações geossinclinais” nos terrenos cada vez mais antigos. Por este princípio, durante o Arqueano, não haveria uma diferenciação entre geossinclinal e plataforma (permobile stage): as rochas estariam indistintamente metamorfisadas acima do fácies anfibolito e intensamente deformadas. As seqüências de greenstone representariam produtos metamórficos de ambientes tipo eugeossinclinal ainda não completamente diferenciado. Após este estágio, começa a haver uma diferenciação em protogeossinclinios e em plataformas e a se desenvolver uma feição mais linearizada dos geossinclinios e uma polaridade dos eventos tectônicos; durante o Fanerozóico, já haveria a completa individualização de geossinclínios e de plataformas. Outro aspecto importante da crosta parece ter influenciado sobremaneira o desenvolvimento da Teoria dos Cinturões móveis: a lineari dade na disposição das unidades geológicas e das estruturas deformacionais. Num período anterior, durante a predominância da Teoria Geossinclinal, a linearidade na disposição das zonas tectônicas chamava a atenção dos pesquisadores, que a associavam com a formação de falhas primárias profundas. Porém, ao contrário da Teoria Geossinclinal, que dava destaque às falhas com movimento vertical, a Teoria dos Cinturões Móveis enfatiza os deslocamentos de natureza transcorrente. Pode-se dizer que o desenvolvimento desta teoria se deu juntamente com os primeiros estudos sobre zonas de cisalhamento e com a obtenção de imagens a partir de sensores remotos. Dentro deste contexto, os cinturões móveis foram caracterizados como feições lineares da crosta terrestre, que envolvem núcleos cratônicos (Anhaeusser et al. 1969). Os movimentos tectônicos dentro do cinturão móvel, são de caráter essencialmente transcorrente e o metamorfismo deve ser de médio a alto grau. A diferença para a Teoria Geossinclinal está na idéia de que haveria uma ampla crosta siálica já no Proterozóico Inferior, a qual seria retrabalhada e rejuvenescida em vários eventos tectônicos. Porém, mantém-se a idéia da superposição de eventos pela retomada de estruturas antigas; esta característica permite que o cinturão móvel tenha efeitos de deformação “policíclica/polifásica”. O cinturão deve, então, possuir trends estruturais e deformação coerentes com a sua extensão e mostrar efeitos de cristalização metamórfica, de migmatização e de granitização sintectônicas. Por estas características, é normalmente difícil estabelecer zoneamento metamórfico e alguns autores têm destacado, apenas, a justaposição de faixas de alto e de baixo grau metamórfico. Além destas características, o cinturão móvel está desvinculado da existência de espessas seqüências sedimentares depositadas em uma de suas fases evolutivas; ele pode se estabelecer sobre seqüências mais antigas, ou, simplesmente, sobre um “embasamento” ensiálico. Finas seqüências molassóides, contudo, podem ser relacionadas com a evolução dos cinturões móveis. O modelo "fixista" da tectônica de placas (Teoria dos Cinturões Móveis) retoma, ou incorpora sob outra configuração, muitos dos conceitos formulados pela Teoria Geossinclinal. O modelo, ao dirigir sua atenção somente para as feições lineares transcorrentes da crosta negligencia a importância de estruturas de cavalgamento, normalmente formadas em períodos anteriores e, por isso, parcialmente transpostas. A tectônica do tipo transcorrente ensiálica, com pequeno movimento relativo vertical entre os segmentos crustais, faz surgir algumas proposições interessantes: Katz (1962), por exemplo, considera os vários segmentos cratônicos arqueanos do Continente Gondwânico como megaparticulas (clastos) deformados, rompidos e imersos numa matriz de faixas móveis transformantes. As feições que resultam de um regime tectônico horizontal, entretanto, também foram descritas e analisadas em províncias arqueanas (p. ex.: Bridgewater et al. 1974, Coward et al. 1976); estas feições estão variavelmente transpostas e não haviam recebido um tratamento estrutural adequado. Mais recentemente, tem-se percebido que o processode convergência em nível ensiálico (subducção do tipo A) constitui a fase terminal de um processo muito mais amplo de convergência crustal. Por exemplo: o deslocamento da Índia em direção à Lurásia, após a ruptura de Gondwana, gerou uma série de terrenos acrescidos aos dois continentes durante o fechamento do oceano denominado Neo-Tethys (Schermer et al. 1984); com esta colisão, gerou-se um importante espessamento crustal por meio de nappes e de lâminas de cavalgamento e, no atual pós-arco, uma série de falhas transcorrentes como resultado do underthrusting da cunha do continente indiano (Tapponnier & Moinar 1976). Pode-se ver, então, que as falhas transcorrentes, em maior, ou em menor intensidade, se superpõem às estruturas iniciais do regime de convergência e estão associadas à sedimentação do tipo molassóide. Há, também, outros tipos de situações tectônicas onde a aplicação da Teoria dos Cinturões Móveis foi questionada dentro da sua própria época. Coward (1981), ao proceder a um maior detalhamento estrutural do Cinturão Damara e de seu braço costeiro norte, obtém um quadro tectônico muito diferente do fechamento de rifts continentais (junção tripla com um braço abortado) proposto por Martin & Parada (1977a,b) e por Parada (1979). Coward (1981) reconhece cavalgamentos com movimentação para SE e faz referência a corpos básicos e ultrabásicos na margem sul do cinturão, anteriormente já interpretados como zona de sutura. TEORIA DA TECTONICA DE PLACAS A teoria está fundamentalmente baseada na preponderância dos esforços horizontais na litosfera terrestre, como pode ser derivado a partir das hipóteses sobre o movimento das placas (Dewey & Bird 1970a-b, Elsasser 1971, Morgan 1972); estabelece, portanto, uma ruptura conceitual e uma fundamentação metodológica muito diferente daquelas compreendidas pelas teorias da geossinclinal e dos cinturões móveis. A Teoria da Tectônica de Placas considera os esforços verticais como secundários/complementares aos esforços horizontais ocasionados pelo deslocamento de placas litosféricas. Assim, embora se possa estabelecer alguma correlação quanto ao conteúdo litológico, as tentativas de correlação de zonas tectônicas individualizadas segundo estas diferentes teorias geotectônicas são muito precárias (ver Dewey & Bird 1970b, no caso da correlação entre tectônica de placas e a geossinclinal). A teoria da tectônica de placas foi inicialmente formulada com base na hipótese da deriva continental (Wegener 1912, ver: Beloussov 1971, Condie 1982); ela se baseou, principalmente, na possibilidade de justapor os atuais continentes num bloco único (Pangea) pelas semelhanças de formato, de estruturas geológicas e de conteúdo fossilífero de unidades sedimentares nos bordos continentais. A não aceitação inicial desta hipótese não impediu, contudo, que alguns pesquisadores (ver Cox 1973) continuassem a adquirir dados e a conduzir suas investigações no sentido de viabilizá-1a. As principais razões da não aceitação da hipótese da deriva continental relacionam-se com a interpretação dos dados geofísicos (McDonald 1964) e com a falta de um mecanismo aceitável para explicar a deriva. A aceitação da deriva continental tem início no período 1940-1960 com a publicação de dados geofísicos sobre a “expansão do assoalho oceânico” (Dietz 1961; ver Cox 1973), que passou a ser explicada pelo “arraste” de placas na base da litosfera e não mais pelo “arraste” no limite crosta-listosfera (Dietz 1961); assim, seria possível os continentes manterem a “raiz profunda” indicada pelos mapas gravimétricos. Os mecanismos utilizados para explicar o deslocamento das placas litosféricas (ver Cox 1973) resgatam, em outros moldes, hipóteses que foram, por algum tempo, independentes. Tem-se considerado que a principal força diretora do movimento das placas litosféricas são as correntes de convecção estabelecidas na astenosfera; devido à “ligação” (coupling, acoplamento) entre astenosfera e litosfera, o deslocamento lateral na parte superior da célula de convecção “arrasta” a placa litosférica consigo (viscous drag model: Hargraves 1978). No entanto, outros modelos consideram que a base da litosfera é importante limite térmico ao longo do qual ocorre “desligamento” (decoupling, desacoplamento); ou seja, considera-se que a astenosfera é pastosa e não transmite suficientemente os esforços cisalhantes horizontais. O movimento das placas litosféricas seria, então, causado por deslizamento gravitacional, que puxa as placas a partir das cadeias meso-oceânicas, e pelas mudanças de fases minerais com aumento de densidade, que tracionam as placas na zona de subducção (buoyancy model: Hargraves 1976). A compreensão de um outro fundamento tectônico foi ainda modificado com a introdução da Teoria da Tectônica de Placas: o conceito de unidade no desenvolvimento da estrutura terrestre e de relação e interdependência de seus vários aspectos. Por este princípio, há a necessidade de subordinar os diversos movimentos tectônicos a um único processo diretor, que tem bases conceituais diferentes para as diversas teorias geotectônicas. A grande dificuldade de aplicar o princípio tectônico acima, em outra época, vem da precariedade do conhecimento dos mecanismos deformacionais e da tentativa de generalizar a aplicação de um único tipo de esforço: compressivo horizontal (teoria da contração), ou movimentos verticais (teoria geossinclinal). No primeiro caso, era difícil explicar a existência de amplas regiões com predomínio de esforços distensionais, embora a teoria contracionista explicasse muito bem a existência de estruturas “em manto de carreamento”. Em contraposição, por dar exagerada importância aos movimentos oscilatórios verticais, a teoria geossinclinal simplesmente rejeitava a existência de amplos deslocamentos horizontais que introduziam importantes mudanças paleogeográficas. A Teoria da Tectônica de Placas, por seu turno, conseguiu articular os esforços tectônicos, os mecanismos e as estruturas deformacionais através do conceito de posicionamento tectônico dentro da placa litosférica; o avanço no conhecimento dos mecanismos deformacionais deu origem a uma nova compreensão dos processos tectônicos e as estruturas (compressivas, ou distensivas) passaram a ser entendidas dentro de um conceito de escala tectônica. O clássico ciclo geotectônico da teoria geossinclinal (pré-inversão → pós- inversão) pode estar compreendido na sequência progressiva de eventos relacionados às margens convergentes. Contudo, nesta posição tectônica, os corpos de serpentinito do “tipo alpino” e outros fragmentos de estruturas ofiolíticas alojados em rochas metassedimentares ganham um significado completamente novo: formam uma associação petrotectônica denominada melange oflolítica (Hsü 1968,1971, Gansser 1974), que é originada pela interação variável de processos sedimentares e tectônicos em zona de sutura continental. Assim, o alojamento dos fragmentos ofiolíticos em unidades sedimentares é consequência direta, ou indireta da deformação imposta às rochas na zona de convergência de duas placas litosféricas. O ciclo orogênico na Teoria da Tectônica de Placas, ao contrário da Teoria Geossinclinal, não requer uma sequência regular de eventos no espaço e no tempo; a seqüência de consumo e subsidência da placa, sedimentação, vulcanismo, deformação, plutonismo e “levantamento” diferencial varia significativamente, pois depende das várias interações possíveis entre as placas litosféricas convergentes. De um modo geral, admite-se dois modos pelos quais a orogênese pode ser iniciada: 1) pela convergência de placas em margens continentais estáveis com sedimentação tipo miogeossinclinal, a qual registra fenômenos de progressão marinha pouco antes do início da convergência (Dewey & Horsfield 1970); 2) pela colisão do tipo continente-continente, arco-arco, ou arco-continente;é caracterizada pela parada, ou pela relocacão da subducção (Burke et al. 1976). No processo colisional, de todo modo, são geradas grandes estruturas de cavalgamento e nappes, que introduzem mudanças paleogeográficas significativas nas unidades geológicas e que tem sido denominada de “tectônica de lâminas” (flake tectonics: Oxburgh 1972). Neste sentido, a tectônica de placas em zonas de convergência retoma, em outros princípios, as estruturas de “manto de carreamento” descritas à época da teoria da contração e sistematicamente negligenciadas na teoria geossinclinal. APRECIAÇÃO DOS TRABALHOS DE GEOTECTÔNICA QUE ENVOLVEM O CENTRO-OESTE As proposições sobre a estrutura tectônica do Brasil têm sido explicitamente feitas no curso das três últimas décadas. Esta apreciação pretende sistematizar os diversos artigos publicados sobre geotectônica que envolvam, de forma ampla, o Centro-Oeste brasileiro. A sistematização dos artigos permitirá 1) analisar a fundamentação, ou a concepção tectônica utilizada em cada época de predomínio de uma dada teoria geotectônica; 2) orientar o uso dos trabalhos sobre geotectônica, quando se fizer necessário um arcabouço referencial para entender aspectos de caráter local; 3) examinar o grau de desenvolvimento atual dos conceitos de geotectônica no Centro-Oeste; e 4) fazer algumas recomendações sobre o rumo necessário para o adequado conhecimento da estrutura tectônica do Centro-oeste dentro dos princípios da tectônica de placas. A sistematização, de acordo com a teoria geotectônica utilizada, resultou no seguinte agrupamento dos principais artigos: 1) Teoria Geossinclinal: Almeida (1957a-b,1968,1969), Costa & Angeiras (1971), Almeida et al. (1976,1977), 2) Teoria das Faixas Móveis: Wernick et al. (1979), Wernick & Fiori (1979), Almeida et al. (1960), Lesquer et al. (1981), Haralyi & Hasui (1981, 1982), Cordani & Brito Neves (1982), 3) Teoria da Tectônica de Placas: Pena (1974), Marini et al. (1979), Haralyi et al. (1985), Hasui & Haralyi (1985), Strieder & Nilson (1990). Os artigos relacionados em cada uma das teorias geotectônicas utilizam conceitos formais que possibilitam esta sistematização. Há de analisar, contudo, as características descritivas do enquadramento tectônico de determinadas unidades geológicas e das propostas de evolução geotectônica regional para que se possa compreender a concepção tectônica real que rege a apresentação de cada trabalho. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE GEOSSINCLINAL O primeiro esboço da organização tectono-estrutural do Centro-Oeste foi desenvolvido por F.F.M. de Almeida (1966,1967b,1968), de acordo com a concepção e os métodos da Teoria Geossinclinal. Inicialmente, o esboço distingue o Cinturão Geossinclinal Paraguaio entre o Cráton do São Francisco e o Cráton do Guaporé (Almeida 1965,1966,1967a; Cordani et al. 1968). Este geossinclínio estaria dividido em dois longos cinturões (Paraguai-Araguaia e Brasília) e um maciço mediano (Complexo Basal Goiano). O método seguia a distinção das zonas tectónicas mais importantes: maciço mediano, eugeossinclinal (Série Araxá) e miogeossinclinal até parageossinclinal. Esta estrutura tectônica era genericamente correlacionada ao Ciclo Baykaliano dos Urais (Precambriano s.l.). A implantação de um Centro de Pesquisas Geocronológicas em São Paulo (USP) levou à crescente aquisição de datações K/Ar e Rb/Sr. Já por ocasião da elaboração do Mapa Tectônico do Brasil (Ferreira 1968), o acúmulo de dados de caráter regional permitia a construção de isócronas Rb/Sr de referência e a classificação, por idades, de muitas das unidades geológicas então distinguidas. Naquele momento, Ferreira (1968) individualizou os principais ciclos de dobramentos: Transamazônico (2100 - 1800 Ma), Pré-Minas (1350 Ma), Minas (1300-900 Ma) e a Orogênese Brasiliana-Baykaliana (600 Ma). A obtenção de idades em torno de 1100-1000 Ma para algumas das rochas da “Série Araxá” levou Ferreira (1968), Almeida (1968) e Hasui & Almeida (1970) a separá-la do Ciclo Baykaliano. Desta forma, o par de zonas tectônicas (eu e miogeossinclinal) foi desmembrado e dois ciclos tectono-orogênicos geossinclinais passaram a estar parcialmente representados: o Ciclo Minas-Uruaçuano e o Ciclo Brasiliano. A separação dos ciclos Minas-Uruaçuano e Brasiliano-Baykaliano, no que diz respeito ao posicionamento da “Série Araxá” e à definição de uma evolução geotectônica para o Centro-oeste, não é muito clara neste primeiro instante. Neste aspecto, é interessante notar e compreender a caracterização de Almeida (1968): “as estruturas Araxaídes são mais antigas, embora ainda pertencentes ao Proterozóico Superior [...] (e) resultam de um evento tectono-orogênico que sugerimos denominar-se URUAÇUANO [...]”. A descrição evolutiva de Almeida (1968), no entanto, ainda conduz o leitor a imaginar um desenvolvimento coevo das duas zonas tectônicas: “a evolução ortogeossinclinal parece ter-se desenvolvido em direção às duas plataformas laterais, cujas coberturas manifestam fenômenos tectônicos relacionados com estádios estruturais tardios das faixas de dobramentos adjacentes”. Esta caracterização genérica é mantida, mas a “Série Araxa” passa a fazer parte do maciço mediano durante o Ciclo Brasiliano; o aparente “colapso” deste maciço gera apenas miogeossinclínios. As faixas, ou cinturões de dobramentos brasi1ianos são, então, caracterizados como faixas orogênicas (Almeida 1968) constituídas por três estádios estruturais: a) estádio inferior (“flysch”: sedimentação da fase de inversão), b) estádio intermediário (conglomerados, ou psamitos recobertos por seqüências carbonatadas) e c) estádio superior (“molassas”: sedimentaçao da fase pós-inversão). A leitura dos artigos desta fase mostra que os contatos entre as unidades geológicas eram, muitas vezes, empiricamente descritos como discordâncias, ou não- conformidades. Dobras holomórficas de grande amplitude e, principalmente, falhas inversas de cavalgamento alocadas na fase tardia da orogênese Brasiliana respondem por outra parte dos contatos entre as unidades geológicas. Domos e braqui-anticlinais expõem as unidades “inferiores” e mesmo o embasamento (Niquelândia, Cana Brava, ...), como conseqüência de levantamentos tectônicos posteriores: “não são simples altos topográficos existentes à época da sedimentação do quartzito Cristalina, mas estruturas tectônicas que se constituíram posteriormente à sedimentação Canastra” (Almeida 1968). Nesta nova linha interpretativa, Almeida et al. (1976) propõem um arcabouço tectono-estrutural geral para a América do Sul, no qual distinguem áreas “plataformais” (Plat. Sulamericana e Patagoniana), a Cadeia Andina e o foredeep Sub-andino. A ênfase maior é dada à Plataforma Sulamericana, que é dividida em áreas cratônicas e em cinturões de dobramento com relação ao Ciclo Brasiliano. Em prosseguimento, Almeida et al. (1977) aprofundaram a discussão sobre o arcabouço tectono-estrutural do território brasileiro, ao incluírem nas “Províncias Estruturais Brasileiras", as bacias sedimentares intracratônicas e a margem continental. Em ambos os trabalhos, são utilizados os conceitos e os fundamentos da Teoria Geossinclinal; portanto, as linhas gerais de descrição e de interpretação evolutiva são as mesmas de Almeida (1968). A separação dos ciclos Minas-Uruaçuano (1350-1000 Ma) e Brasiliano- Baykaliano (850 ± 100 Ma) não foi, entretanto, completamente aceita. Cordani et al. (1968,1973) julgam que não há elementos suficientes para estabelecer o Ciclo Uruaçuano independente do Brasiliano. Ao que parece, a distinção dos ciclos tectônicos baseava-se principalmente na não aceitação de um longo intervalo de duração para o Ciclo Orogênico Brasiliano. Costa & Angeiras (1971), ao contrário, admitem um ciclo geossinclinal- orogênico de longa duração para o Centro-Oeste e o comparam com os Urais, onde a evoluçãogeossinclinal Baykaliana teve uma duração aproximada de 800 Ma. Costa & Angeiras (1971) puderam, então, utilizar adequadamente o conceito de ciclo orogênico geossinclinal: “intervalo de tempo (transcorrido) desde o estágio geossinclinal até o estágio plataformal”. Na Plataforma Epi-Baykaliana do Brasil Central (Costa & Angeiras, 1971), a distinção de zonas tectônicas isópicas segue a teoria geossinclinal e considera principalmente o estilo estrutural e o seu comportamento evolucionário durante o ciclo orogênico. A distribuição de litofácies e a extensão geográfica atual das litofácies são os critérios mais adotados para a definição dos seus tectono-grupos. Assim, o acúmulo de novos dados geológicos regionais permitiu o aprofundamento da compartimentação tectónica: zona cratônica, pré-cratônica, miogeossinclinal, miogeo-anticlinal, sub-geo- anticlinal, eogeossinclinal, embasamento antigo (cadeia eugeo-anticlinal = maciço mediano). Posteriormente, Dardenne (1978) retoma a proposta de evolução tectônica da Faixa de Dobramentos Brasília (sentido Cordani et al. 1968) em um único ciclo geossinclinal-orogênico. Dardenne (1978) propõe a divisão da faixa em cinco zonas isópicas de acordo, unicamente, com o tipo de deformação imposta às unidades geológicas; embora se utilize dos conceitos e dos fundamentos geossinclinais, não considera a composição litológica e a evolução tectono-sedimentar que comumente orienta a distinção de zonas tectônicas nesta hipótese de trabalho. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE FAIXAS MÓVEIS Esta teoria geotectônica começa a ser mais discutida no final da década de 1970, período em que certamente estiveram em conflito duas concepções geotectônicas fundamentalmente distintas: a “verticalista” e a “horizontalista”. Esta teoria foi utilizada para caracterizar “faixas móveis” isoladas (Cordani 1978, Wernick & Fiori 1979) antes de se propor um arcabouço tectônico mais amplo, capaz de articular as várias entidades geotectônicas em território brasileiro. É importante destacar que, naqueles trabalhos preliminares, ao lado do novo tipo de caracterização introduzida, havia a preocupação de fixar os novos conceitos e critérios metodológicos. No entanto, pela caracterização das faixas, percebe-se que a teoria dos cinturões móveis, quando aplicada ao Centro-oeste, incorporou preferencialmente concepções trazidas da Teoria Geossinclinal, embora se afirme o “desligamento” dos mobile belts com relação à Teoria Geossinclinal (Cordani 1978). O “desligamento”, como percebido naquelas discussões, diz respeito à presença, ou à ausência de bacias sedimentares durante a evolução tectônica da faixa; ou seja, o “desligamento” diz respeito à diferença de constituição interna do cinturão e não à mudança dos conceitos tectônicos que regem a formulação das hipóteses envolvidas. A teoria dos cinturões móveis está baseada em aspectos tectônicos essencialmente verticais, dentro dos quais os cavalgamentos e as nappes são ainda estruturas secundárias, lateralmente descontinuas e geradas como conseqüência de ajustes tensionais num regime tectônico transcorrente. Os aspectos ressaltados são sempre o deslocamento longitudinal (transcorrência), a rotação e o basculamento de blocos tectônicos, de modo a criar condições para o aparecimento de bacias “longilíneas”, onde haja sedimentação do tipo geossinclinal. As correlações de estruturas deformacionais, em nível regional, estavam baseadas tão somente em trabalhos de caracterização/descrição e de hierarquização de superfícies e de lineações; elas incorporam, também, considerações sobre o “padrão estrutural”: estilo de dobras, vergência e orientação espacial. As correlações litológicas têm caráter mais amplo, pois, segundo a concepção desta teoria, um cinturão móvel pode incorporar litologias variadas, formadas em outros episódios tectônicos (retrabalhamento e remobilizacão nos vestigeosynclines). Neste aspecto, é dada mais importância à descrição e à correlação de rochas, principalmente de grau metamórfico médio a alto, do que às coberturas “plataformais”, ou geossinclinais, que ocorrem nos cinturões móveis. Percebe-se, então, que, mais do que estruturas sedimentares, a Teoria dos Cinturões Móveis colocou em evidência as estruturas deformacionais. Quanto a este aspecto, as descrições encontradas na literatura geológica brasileira têm associado uma superfície deformacional para cada ciclo tectônico; isso pode, por exemplo, ser sinteticamente percebido na colocação de Cordani (1978): “[...] a petrologia pode indicar se as rochas sofreram apenas a evolução metamórfica do cinturão - uma só cristalização sintectônica -, ou, então, se ocorreram vários estágios de cristalização. Nesses últimos casos, evidentemente, estaríamos observando rochas anteriores ao cinturão, que sofreram os processos geodinâmicos da unidade [...] Então, [...] se tivermos idades para associar a estruturas [...] podemos demonstrar inteiramente a história evolutiva da região, mostrando os vários episódios de cristalização, o resfriamento regional, indicar a existência de núcleos retrabalhados de embasamento, etc...”. A partir dos critérios expostos acima, as descrições tectônicas incorporam, essencialmente, hipóteses evolutivas com relação à época de formação, de metamorfismo, de posicionamento tectônico, de reativação, etc... das unidades geotectônicas maiores do Centro-Oeste brasileiro (ver: Wernick & Fiori 1979, Wernick et al. 1979, Almeida et al. 1980, Haralyi & Hasui 1981, Lesquer et al. 1981). E, porque as datações geocronológicas obtidas marcavam mais um padrão regional de referência, do que eventos deformacionais e/ou tectônicos específicos, era natural que surgissem interpretações evolutivas distintas. É dentro deste quadro, por exemplo, que se sugere vincular a “Faixa Uruaçu”, ou “Faixa Arará-Canastra”, ao Ciclo Transamazônico (Wernick & Fiori 1979, Wernick et al. 1979) e o Supergrupo Baixo Araguaia ao Ciclo “Uruaçuano” (Hasui et al. 1980). Uma interessante tentativa de aplicar os conceitos de faixas móveis deve-se a Wernick et al. (1979), que propuseram a indentação de cunhas rígidas (“Maciço de Guaxupé”) em faixas móveis rígido-plásticas circundantes, de modo a causar o desenvolvimento de zonas rúpteis de natureza transcorrente. Este modelo de evolução tectônica é particularmente baseado nas discussões e nas interpretações tectônicas desenvolvidas por Tapponnier & Moinar (1976) para os Himalaias. No entanto, deve ser observado que o processo de indentação de cunhas rígidas, conforme originalmente proposto, não se dá em “faixas móveis rígido-plásticas circundantes”, mas em regiões de convergência crustal com o desenvolvimento de um complexo arranjo de falhas de cavalgamento e, no final do ciclo, de falhas transcorrentes. Este exemplo reflete claramente o direcionamento da atenção para as feições finais do ciclo tectônico, conforme analisado no item “A Teoria do Cinturões Móveis”. A elaboração e a discussão de um arcabouço de cinturões móveis e de núcleos cratônicos para parte do território brasileiro ganhou maior qualidade com a apresentação de cartas gravimétricas (Almeida et el. 1980, Haralyi & Hasui 1981,1982; Lesquer et al. 1981). A correlação entre “faixas” de forte anomalia gravimétrica positiva e a ocorrência de unidades granulíticas, ou gnáissico-granulíticas vinha, no caso, corroborar a teoria dos cinturões móveis. As faixas com anomalia gravimétrica positiva são vistas como feições de alto ângulo com pequenos rejeitos verticais. Isso pode ser percebido na afirmação de que a forte anomalia gravimétrica do Centro-oeste goiano “indica um rejeito atual vertical do bloco meridional de cerca de 15 km e um espessamento crustal de cerca de 17 Km no bloco setentrional [...] (e) que não há indícios gravimétricos de que o bloco setentrional tenha, hoje, continuidade sob o bloco meridional” (Haralyi& Hasui 1981). Lesquer et al. (1981) chegam a comparar esta mesma anomalia gravimétrica às anomalias desenvolvidas nas regiões onde dois blocos continentais entram em colisão após a subducção de um domínio oceanico; “no entanto, (esclarecem aqueles autores) um modelo deste tipo negligencia o fato de que é possível explicar uma grande parte das anomalias pelos contrastes de densidade superficial: coberturas sedimentares leves de cráton e maciços granulíticos densos do Cinturão Alfenas”. Lesquer et al. (1981) refutam, ainda, a tectônica de colisão continental pela “ausência de índices característicos de uma zona de sutura (ofiolitos, metamorfismo HP-BT” e vulcanismo cálcio-alcalino). O aprimoramento das cartas gravimétricas permitiu definir zonas de descontinuidade, através das quais se articulam blocos crustais, e classificar as anomalias gravimétricas em quatro grupos (Haralyi & Hasui 1981,1982), dos quais os três mais importantes são interpretados em termos de tectônica transcorrente. Nesta circunstância, uma característica é usada para definir e para delimitar a extensão do cinturão móvel: “é necessário que ele tenha trends estruturais característicos e que mantenham uma direção estrutural específica”. Por este critério, o Cinturão Móvel Alfenas foi distinguido do Cinturão Móvel de Ceres, ambos articulados no “Acidente Tectônico de Pirenópolis” (Almeida 1981). A tectônica transcorrente é, contudo, capaz de desenvolver subducções-obducções incipientes em alguns locais. Haralyi & Hasui (1981) sugerem esta estrutura para a parte S-SW do Cinturão Alfenas, para o limite entre os blocos Porangatu e Cavalcante (Cinturão Móvel Ceres) e para o limite entre os blocos Dianópolis e Cavalcante- Porangatu. Para aqueles autores, “o conjunto configura uma imponente rede regional, com algumas direções gerais que, no esquema de Moody e Hill (1956), satisfazem a um regime de compressão principal NE-SW”. Porque os limites dos blocos expõem terrenos de alto grau (granulitos), muitos deles com “idade” arqueana/proterozóica inferior, e porque os contatos dos blocos correspondem a zonas de descontinuidade com espessamento crustal, interpretados dentro de um modelo essencialmente verticalista, Haralyi & Hasui (1981,1982) concluem que os dados de gravimetria indicam uma estrutura em blocos articulada no Arqueano. As reativações/regenerações Transamazônicas e Uruaçuanas levaram à formação das supracrustais. “Durante o Proterozóico, a geometria estrutural arqueana não foi destruída, a despeito da intensidade dos processos termo-tectônicos e (isso) levanta as restrições mais significantes para a convergência de placas e a subducção, favorecendo os modelos de evolução ensiálica” (Haralyi & Hasui 1982). Aqui, porém, persiste a polêmica surgida à época da Teoria Geossinclinal: a separação dos ciclos Uruaçuano e Brasiliano. Cordani & Brito Neves (1982) redefinem a Província Estrutural do Tocantins de Almeida et al. (1977) como uma entidade tectônica estruturada inteiramente durante o Ciclo Brasiliano, com o desenvolvimento de duas faixas móveis: a) Paraguai-Araguaia e b) Brasília. Consideram, no entanto, que os efeitos tectono-térmicos destas estruturas não foram suficientes para cancelar os registros de estruturas mais antigas, as quais, ao lado de terrenos granito-gnáissicos do Ciclo Brasiliano, formam o Maciço Central de Goiás (MCG); “neste caso, o MCG seria um mosaico de fragmentos cratônicos antigos, de diferentes origens, justapostos e superpostos pelos ciclos orogênicos do Proterozóico médio e superior”. Cordani & Brito Neves (1982) admitem, pela primeira vez, a possibilidade de ocorrência de amplos deslocamentos horizontais que modificaram as condições paleogeográficas dos terrenos envolvidos. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE TECTÔNICA DE PLACAS A utilização dos conceitos de tectônica de placas começou de modo disperso na literatura geológica brasileira, num período que durou aproximadamente dez anos. Os primeiros trabalhos se envolvem somente com o “novo” conceito de deriva continental conforme aplicado à separação do supercontinente Gondwana. Hurley et al. (1967) utilizam dados geocronológicos para verificar a continuidade dos ciclos Eburneano e Pan- Africano do “Escudo Guineano” no território brasileiro; esta correlação favoreceu a utilização da hipótese da deriva continental. A primeira tentativa de aplicação dos conceitos de convergência de placas no Centro-Oeste deve-se a Pena (1974). Para aquele autor, a atuação sincrônica de duas células de convecção com eixos de direção aproximada N10-30E e N50-70W explica as forças tangenciais que originaram a estruturação tectônica do Centro-Oeste. “Ao longo dos tempos, a força de eixo NE tem-se mostrado mais ativa, pois foi a causadora do encontro de duas placas siálicas, suportando bacias epicontinentais separadas por um microcontinente, num processo de sutura que teria durado 1000 m.a. [...] O resultado espacial final deste encontro é o mesmo daquele proposto por Almeida (1967), apenas há diferença na interpretação da gênese das zonas geossinclinais [...] A translação lateral das placas e posterior choque provocou o amarrotamento dos sedimentos contidos em suas margens continentais, fornecendo as forças tangenciais causadoras da grande deformação plástica [...] e das grandes falhas de empurrão com direção paralela à linha de sutura e as falhas de rasgamento perpendiculares a ela” (Pena 1974). Por estas transcrições, pode-se perceber uma ruptura na concepção e na fundamentação geotectônica. O trabalho do Projeto Goiânia II recebeu o suporte teórico do geólogo Avery Ala Drake Jr. (USGS), que publicou suas impressões muito mais tarde: janela estrutural de Caldas Novas e melange ofiolítica nos metassedimentos Araxá (Drake Jr. 1980). Com este suporte, Pena (1974) afirma que “as linhas de sutura marcariam antigas zonas de fossa tectônica, por onde poderia haver subida de material da astenosfera, formando hoje os corpos de serpentinito talcificados [...] O Maciço Central Goiano, separando as duas faixas geossinclinais [...] seria, nesse esquema, ou um microcontinente colocado entre duas placas maiores [...], ou seria formado por blocos falhados das margens continentais, acunhados entre os sedimentos que suportavam, em zona de fossa tectônica [...] A se aceitar a hipótese do microcontinente, essa faixa seria de idade anterior à dos geossinclínios laterais [...] No caso de se aceitar que teve evolução geológica paralela com a dos geossinclinios, deve-se considerar, então, que representa uma zona de fossa tectônica, por onde teria havido obducção de fragmentos do piso oceânico hoje representado pelos grandes maciços ...” Deve-se notar que o emprego do termo “geossinclínio”, por Pena (1974), é feito somente para designar uma depressão tectônica qualquer; o termo não parece ter a conotação genética da Teoria Geossinclinal. A segunda tentativa de aplicar conceitos de tectônica de placas ao Centro-Oeste brasileiro deve-se a Marini et al. (1979). Ao sugerirem idades para “padrões de dobramento e sistemas de falhamentos” de caráter geral, a descrição de Marini et al. (1979) também incorpora hipóteses evolutivas essencialmente baseadas em datações de caráter regional e isso faz com que “[...] a região da Faixa Brasília (constitua-se) numa faixa crítica de grande instabilidade, que sofreu sucessivas reativações, tendo se mantido como uma zona de fraqueza durante todo o tempo do precambriano, com superposição de faixas orogenéticas nos diferentes ciclos. A subsidência das bacias sucessivas deu-se segundo um mesmo eixo orientado submeridianamente, herdado de um primeiro importante evento tectônico de idade arqueana [...] No presente trabalho, é sugerido colisão continental e obducção de crosta simática arqueana e uma evolução parcialmente ensimática no Ciclo Uruaçuano e ensiálica durante o CicloBrasiliano” (Marini et al. 1979). O quadro da evolução geotectônica exposto por Marini et al. (1979) pode ser assim resumido: subducção e convergência acentuada de placas ocorreram somente no Arqueano, com o posicionamento dos maciços básico-ultrabásicos granulitizados e geração dos “greenstone belts” como seqüências pós-arco. No Proterozóico inferior, formaram-se as seqüências vulcano-sedimentares de Juscelândia, de Indaianópolis e de Palmeirópolis e os complexos acamadados, dobrados e metamorfizados da Serra dos Borges e da Malacacheta; estas unidades foram tectonicamente estáveis até o Proterozóico Médio, quando serviram de embasamento para a deposição do “Grupo” Serra da Mesa e, já durante um novo processo de subducção, do “Grupo” Araxá com seus corpos de serpentinito. As seqüências do Proterozóico Médio representam sedimentação continental em grabens ensiálicos cuja abertura “pouco teria ultrapassado o estágio proto-oceânico”; portanto, a subducção e o cavalgamento neste ciclo tectônico também foram pequenos, com nova “ascensão” e posicionamento dos maciços básico- ultrabásicos. No Proterozóico Superior, propõem uma “junção tríplice, na altura do Maciço de Guaxupé”, entre a Faixa Brasília e a Região Dobrada Sudeste, de modo que a Faixa Brasília corresponde a um rift continental (evolução ensiálica); “no final do Proterozóico Superior, inverteu-se o sentido dos esforços atuantes na região, iniciando- se a compressão da Faixa Brasília”, com o desenvolvimento de falhas inversas e de cavalgamento: “nas porções mais subsidentes da bacia e mesmo atingindo metassedimentos tidos como pertencentes ao embassamento (Grupo Araxá), desenvolveram-se, nessa ocasião, importantes falhamentos de empurrão, fazendo com que as unidades inferiores do Grupo Bambuí (e mesmo as sotopostas) cavalgassem por longas distâncias sobre as unidades superiores”. Marini et al. (1979), cientes dos problemas para estabelecer a separação entre as faixas Uruaçu e Brasília e mesmo entre os ciclos tectônicos Uruaçuano e Brasiliano, optam pela “possibilidade de que pelo menos parte dos metamorfitos tradicionalmente atribuídos ao Grupo Araxá correspondam, na realidade, à zona mais interna da Faixa Brasília”. Estes problemas e razões são os mesmos que levaram outros autores (p. ex.: Haralyi & Hasui 1981, Lesquer et al. 1981, Hasui & Haralyi 1985) a também advogar a idéia de que a Província Estrutural do Tocantins (s.l.) constitui uma “zona crítica” com sucessivas reativações segundo direções herdadas do arqueano. Ao lado disso, o constante uso de termos como “eixo de bacia”, “subsidência”, “ascenção/diapirismo”, além de várias referências a autores que utilizam as teorias Geossinclinal e Cinturões Móveis parece ter cunho conceitual. Pode-se dizer, a partir dos pontos expostos, que o artigo possui muitos fundamentos trazidos da Teoria Geossinclinal e que, dentro das circunstâncias de um momento de transição de idéias/hipóteses, a proposição dos rifts ensiálicos representa a melhor alternativa para acomodar as concepções da teoria geotectônica anterior. A idéia de que a convergência e a subducção crustal mais acentuada no Centro- Oeste se deu no Arqueano e que os episódios tectônicos do Proterozóico foram de natureza “essencialmente ensiálica” foi retomada por Haralyi et al. (1985) e por Hasui & Haralyi (1985). Aqueles autores reavaliam a interpretação das anomalias do tipo I de Haralyi & Hasui (1982); ou seja, associam a presença de feições de baixo ângulo com processos de cavalgamentos principalmente nas rochas de alto grau que cercam o Cráton de São Francisco (Paramirim) e marcam o limite de alguns outros blocos (Porangatu, Araguacema). As interpretações, então, se fazem deste modo: “a duplicação de níveis crustais profundos nos dois blocos, decorrente do cavalgamento, responde pela anomalia de massas positiva [...] O baixo gravimétrico corresponde a uma depressão linear na base do bloco cavalgado [...]” (Hasui & Haralyi 1985). “Essa compartimentação regional é, sem dúvida, da maior expressão e responde pela distribuição geral dos terrenos arqueanos. Assim é que os terrenos de alto grau, que incluem os cinturões granulíticos, formam faixas separando os terrenos de granito-greenstone” (Haralyi et al. 1985). As anomalias do tipo III, por sua vez, são “zonas de deslocamento” classificadas em várias direções, referidas ao Proterozóico Inferior e reativadas nos ciclos posteriores; destas, a mais importante é aquela relacionada à Inflexão dos Pirineus, que estaria representada por duas falhas com rejeitos opostos e que resulta um padrão complexo cujo “modelo crustal envolve cavalgamentos duplos” (Hasui & Haralyi 1985). As interpretações evolutivas de Haralyi et al. (1985) e de Hasui & Haralyi (1985), no entanto, também incorporam conceitos herdadas de modelos geotectônicos anteriores; isso pode ser percebido 1) pela aplicação da designação de cinturões móveis a algumas unidades geotectônicas que cercam o Cráton do São Francisco, 2) pela interpretação de que as sequências do Proterozóico Médio resultam de processo de distensão, embaciamento e abertura oceânica incipiente e 3) pela não admissão de processos colisionais no Proterozóico Médio e Superior, embora se admita a presença de “grandes empurrões [...] relacionados com a tectônica tardi-brasiliana a E e W do Cráton do São Francisco” (Haralyi et al. 1985). A partir da proposição da articulação regional de blocos tectônicos, a aplicação da Teoria da Tectônica de Placas foi restringida a regiões menores, onde se desenvolveram trabalhos de levantamento geológico básico. Os primeiros resultados relacionam-se com o “Supergrupo” Baixo Araguaia (“Faixa Araguaia”), onde Costa et al. (1988a,b) propõem uma colisão continental obliqua; ela gera um sistema imbricado de rampas obliquas de baixo ângulo, cujo transporte foi em direção NNW. A estas estruturas estão superpostas importantes zonas de cisalhamento dúctil com direção NNE, com caráter transcorrente sinistral (Lineamentos Transbrasilianos: Costa & Hasui 1988). É interessante, aqui, analisar a concepção de sutura crustal: ela parece ser entendida como uma linha (falha lístrica, rampa obliqua) que separa a Suíte Matança do Complexo Porto Nacional. A designação de “sutura crustal” não tem qualquer conotação com a identificação de uma associação petrotectônica do tipo melange ofiolítica. A caracterização de sutura crustal, dentro dos conceitos e dos critérios metodológicos da teoria da tectônica de placas, é feita num trabalho de detalhe junto à Inflexão dos Pirineus (Strieder & Nilson 1991). A associação petrotectônica descrita compõe-se de corpos de serpentinito com cromita podiforme e de corpos máficos tectonicamente encaixados nos metassedimentos Araxá; esta associação petrotectónica, por estar localizada junto a um forte gradiente gravimétrico (anomalia do tipo I de Hasui & Haralyi 1985), marca uma zona de sutura crustal (“tectonic trench”). A partir de uma detalhada análise estrutural, pode-se indicar que a pseudo-estratigrafia D1 da melange ofiolítica está recumbentemente dobrada (F2) segundo um plano axial estruturalmente reconstituído: 205-24NW; assim, as imbricações sigmoidais EW-WNW relacionadas à D3 e à Inflexão dos Pirineus são rampas laterais de uma lâmina de cavalgamento que sofreu deslocamento diferencial para E-ESE (Strieder 1990). Estes e outros dados permitem indicar que a Inflexão dos Pirineus é uma sintaxe tectônica desenvolvida, mais provavelmente, pelo underthrusting de uma placa continental com formato em cunha durante o Proterozóico Superior (Strieder & Nilson 1991). A correlação da melange ofiolítica do Arará com unidades litológicas que compõem o “Supergrupo” Baixo Araguaia sugere uma similaridade de constituição muito forte, de modo que aquela entidade tectônica também poderá vir a ser considerada como uma melange ofiolítica;resta, contudo, analisar mais detidamente a geologia estrutural do “Supergrupo” Baixo Araguaia para concluir sobre o movimento tectônico durante a convergência crustal. Strieder & Nilson (1991) entendem que toda a atual configuração tectônica do Centro-Oeste se deu no Proterozóico Superior e que as datações de caráter regional (isócronas de referência) devem, neste momento, ser substituídas por datações absolutas de episódios deformacionais em áreas selecionadas que passem por uma rigorosa análise estrutural. Dentro desta perspectiva, inclui-se o trabalho de Pimentel et al. (1992): a datação de uma unidade meta-riolítica na região de Pires do Rio (GO) forneceu idade de cristalização de 794+ 10 Ma, o que leva aqueles autores a concluírem, cautelosos, “que o Grupo Araxá, ao menos em parte, foi depositado no Proterozóico Superior”. Estes dados vêm, portanto, corroborar a conclusão de Strieder & Nilson (1991) a respeito de uma evolução tectônica conjunta para as unidades geológicas que compõem as faixas “Uruaçu” e “Brasília”. DISCUSSÃO FINAL E RECOMENDAÇÕES Ao que parece, as teorias geotectônicas estão baseadas em um aspecto, ou estrutura fundamental das unidades geológicas da crosta terrestre e são formuladas a partir de uma determinada região; posteriormente, a explicação do fenômeno geológico daquela região específica é expandida para explicar as feições em outras regiões quaisquer. Estes aspectos mostram que “a diversidade das hipóteses geotectônicas reflete tanto a evolução geral e a expansão do conhecimento geológico como a complexidade e os aspectos contraditórios dos processos tectônicos em si. Aqui está a debilidade e a consistência das diversas hipóteses: polarizam a atenção sobre um determinado aspecto do processo tectônico, mas não englobam o conjunto, ainda quando valorizam estes processos e promovem uma compreensão mais completa dos mesmos” (Beloussov 1971). Dentro destas condições, a Teoria da Tectônica de Placas permite explicar, de maneira mais completa, uma série de fenômenos tectônicos que não eram facilmente conciliáveis pelas teorias anteriores. O princípio da unidade no desenvolvimento da estrutura terrestre, sob a Teoria da Tectónica de Placas, parece ter sido reformulado ao considerar duas escalas tectono-estruturais diferentes: a) na escala mais global, como causa dos fenômenos tectônicos, permite articular, ou conciliar os esforços compressivos e os distensivos em nível de posições tectônicas (tectonic settings) formadas durante a deriva de uma placa litosférica; b) nas escala específica das posições tectônicas, desenvolvem-se fenômenos tectônicos também específicos que requerem a articulação de esforços principais e subordinados para gerar as estruturas geológicas. No Brasil, a polarização da atenção foi voltada, em princípio, para aspectos geológicos gerais e não para determinados aspectos do processo tectônico, porque se tentou articular o conhecimento geológico até então adquirido dentro das teorias tectônicas. É neste sentido que, por exemplo, o Centro-Oeste brasileiro foi geotectonicamente dividido dentro dos princípios da geossinclinal e se pode distinguir várias etapas de aquisição de informação e de refinamento desta divisão, desde Almeida (1965), até Costa & Angeiras (1971). A aquisição de dados geocronológicos, de caráter predominantemente referencial, ocasionou uma primeira ruptura importante na “estrutura geossinclinal” do Centro-Oeste: a divisão das faixas “Uruaçu e Brasília”, ou a separação temporal e tectônica do par mio e eugeossinclinal. A caracterização tectônica, a partir de então, embora ainda feita com os princípios da geossinclinal, não mais utiliza a divisão em zonas tectônicas elaboradas anteriormente e não formula uma hipótese evolutiva clara para as entidades geotectônicas definidas dentro dos princípios geossinclinais. Estas circunstâncias se mostraram favoráveis à aceitação e à utilização da Teoria dos Cintures Móveis. Na época em que são identificadas, no Brasil, várias associações tipo granite-greenstone belts cercadas por terrenos gnáissico-granulíticos, passou-se a utilizar princípios de tectônica transcorrente para articular os segmentos crustais que contém aquelas associações. A Teoria dos Cintures Móveis foi, desta forma, adequada para explicar a separação das faixas “Uruaçu e Brasília” e, em alguns casos, para propor uma idade ainda mais antiga (do Ciclo Transamazônico) para a faixa de metassedimentos Araxá. A divisão e a articulação de “segmentos crustais antigos” dentro dos princípios essencialmente verticalistas da Teoria dos Cintures Móveis foi auxiliada, num segundo momento, pela aquisição de dados geofisicos (Almeida et al. 1980, Haralyi & Hasui 1981, Lesquer et al. 1981, Haralyi & Hasui 1982). A utilização tanto da Teoria Geossinclinal, quanto dos Cinturões Móveis não deu, em momento algum, importância aos cavalgamentos e às nappes registrados no Centro- Oeste, porque eram consideradas estruturas “tardias”, secundárias e com pequeno deslocamento. A primeira mudança de atitude com relação a este tipo de estrutura se dá com Hasui & Haralyi (1985) e com Haralyi et al. (1985). Estes autores reavaliam as condições do modelamento gravimétrico da anomalia do tipo I a sul de Brasília, por perceberem que a foliação impressa nos metassedimentos Araxá tem mergulho essencialmente baixo; mantêm, contudo, a mesma concepção evolutiva dos seus trabalhos anteriores (Haralyi & Hasui 1981). A mudança de concepção tectônica é assinalada nos trabalhos de Pena (1974) e de Drake Jr. (1980). Porém, a ruptura com os conceitos tectônicos anteriores somente é realizada com os trabalhos de Strieder (1990) e de Strieder & Nilson (1991), porque tentam analisar em profundidade as implicações tectônicas de se caracterizar uma associação petrotectônica do tipo melange ofiolítica no Centro-oeste. A análise estrutural junto à Inflexão dos Pirineus (Strieder 1990) destacou a importância de grandes deslocamentos diferenciais de lâminas de cavalgamento e de nappes, durante um longo período de convergência de placas no Proterozóico Superior. Este tipo de estruturação tectônica da região Centro-Oeste parece resgatar o modelo inicial de Tapponnier & Moinar (1976), na medida em que a interrelação entre falhas de cavalgamento e falhas transcorrentes pode estar condicionada a justaposições irregulares, que resultam da não- combinação do formato das placas convergentes, ou do aprisionamento de pequenos arcos-de-ilha entre duas placas convergentes principais. Ao contrário do que se tem afirmado (precariedade dos mapeamentos geológico- estruturais e das datações especificas), parece que não houve, na realidade, uma mudança de concepção tectônica capaz de redirecionar os trabalhos geológicos e salientar feições estruturais até então negligenciadas. O entendimento e a formulação de uma proposta mais específica para a evolução geotectônica do Centro-Oeste, conforme assinala a utilização da Teoria da Tectônica de Placas para regiões de convergência crustal, somente será possível se os trabalhos de mapeamento forem direcionados à caracterização das lâminas de cavalgamento, à distinção dos terrenos alóctones e autóctones e à definição da constituição petrológica e da estrutura interna das diversas lâminas e terrenos individualizados. O levantamento destes dados tem profundas implicações no melhoramento da modelagem gravimétrica da região e no modelo geo-econômico previsional. Conforme é assinalado por Brito Neves & Cordani (1991), “as sínteses geotectônicas são necessárias, de tempos em tempos, para avaliar o grau do conhecimento científico de uma determinada região, para comparar e fazer correlações apropriadas e estender interpretações a partir de áreas bem conhecidas para áreas pouco conhecidas e para indicar as linhas principais de investigações futuras”. Entretanto, a apresentaçãode sínteses geotectônicas para o Centro-oeste, ou mesmo para o território brasileiro parece estar ainda muito carregada de formulações, conceitos e denominações desenvolvidas em período anterior ao da aplicação da Teoria da Tectônica de Placas. Pode-se dizer que ainda não há dados qualitativos, desvinculados das concepções geossinclinais e das faixas móveis, em número suficiente para permitir correlações regionalmente apropriadas e seguras que conduzam à apresentação de um novo arcabouço geotectônico para o Centro-oeste. É importante dar-se conta destes aspectos, pois isto limita proposições de cunho regional sem o devido suporte geológico. Por fim, é necessário salientar que o agrupamento dos diversos trabalhos segundo a hipótese geotectônica utilizada deve melhor orientar os pesquisadores no momento de usarem um arcabouço geotectônico como referencial para trabalhos mais específicos. Assim, por exemplo, pode-se evitar, na apreciação, ou na elaboração do arcabouço, a utilização de trabalhos fundamentados em hipóteses geotectônicas distintas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F.F.M. 1965. Geossinclineo Paraguaio. IN: 1ª Semana de Debates Geológicos, CAEG/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pp. 88-109, Porto Alegre (RS). ALMEIDA, F.F.M. 1966. Origem e Evolução da Plataforma Brasileira. IN: 2ª Semana de Debates Geológicos, CAEG/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pp. 42-89, Porto Alegre (RS). ALMEIDA, F.F.M. 1967a. Observações sobre o Precambriano da Região Central de Goiás. IN: Congr. 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