Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO EM ACUPUNTURA E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA COMO AVALIAR E FECHAR DIAGNÓSTICOS DE FORMA SEGURA, RÁPIDA E PRECISA GUSTAVO LIMA Informações de responsabilidade Aviso de responsabilidade Atualmente, em todas as áreas e em especial na área da saúde, encontramos constantes mudanças. Assim torna-se importante que o leitor esteja atento para se manter sempre atualizado de modo a adequar-se as novas pesquisas e as informações que surgem à medida que o conhecimento se amplia. Do mesmo modo, uma formação reconhecida e de boa qualidade, apoiada na experiência prática é fundamental. É de responsabilidade do leitor o uso das informações aqui contidas. Em qualquer caso de insegurança, deve-se buscar a orientação de um especialista em saúde para determinar as melhores condutas para promoção da saúde. O autor e o editor não assumem qualquer responsabilidade em relação a qualquer dano ou prejuízo as pessoas ou a propriedades, em virtude das informações, usos e opiniões contidos nessa publicação. Dedicatória Dedico esse livro aos Mestres, visíveis e invisíveis, internos e externos que com seus corações amorosos e suas mentes sábias e seu espírito inquebrantável, lutam com toda a força de vontade para o bem da humanidade. Dedico em especial ao Mestre que existe dentro de ti. Que ele possa florescer e ajudar incontáveis pessoas. Assim como eu também fui infinitamente ajudado. Por fim, são inúmeros os nomes de amigos, colegas e familiares que me ajudaram a escrever essa obra... Dedico essa ultima linha a cada um de vocês... meus Mestres do Coração! Antes de tudo, um pedido... Peço que você dedique algum tempo para avaliar e comentar essa obra tanto na Amazon, quanto na Internet. Essa publicação está sob constante revisão e cada comentário pode ser incorporado às novas edições. Assim você viabiliza sua participação na construção de um livro cada vez melhor e mais atual. Respeitando a política do editor, as novas versões vão estar disponíveis para você da melhor forma possível. As avaliações positivas, publicadas na Amazon, além de permitirem, manter os bons conteúdos, ajudam outras pessoas. Elas também estimulam a publicação de outros materiais no futuro! É meu desejo ajudar continuamente para que você alcance mais sucesso e felicidade! Contudo, se você tiver uma avaliação negativa, crítica, ou encontrou algum erro no livro, sinta-se livre para usar meu e-mail pessoal: dr.gustavolima@gmail.com . Faço questão de resolver qualquer problema e te ajudar rapidamente. Agradeço seu tempo e cuidado em me enviar suas observações! Muita Luz Conteúdo Informações de responsabilidade mailto:dr.gustavolima@gmail.com Copyright Aviso de responsabilidade Dedicatória Antes de tudo, um pedido... Introdução Como usar melhor esse livro CAPÍTULO 1 – C omo é feita a Avaliação? CAPÍTULO 2 – Quais são os passos fundamentais da avaliação? Inspeção ou Observação Interrogatório ou Inquérito Exame Audio-Olfativo Palpação Interpretação dos Sinais e Sintomas Identificação dos Padrões de Desarmonia Fechamento do Diagnóstico Estabelecimento da estratégia terapêutica e conduta CAPÍTULO 3 – Como conduzir uma (SUPER) sessão de avaliação? Quais os cuidados que fazem a diferença antes de iniciar a sessão? O primeiro contato A preparação do ambiente A recepção do paciente Quais fatores influenciam o início da sessão? A interação terapeuta-paciente Construindo uma boa relação terapeuta-paciente A Aliança Terapêutica como fator de sucesso A técnica e a arte da primeira sessão CAPÍTULO 4 - Como usar um protocolo para avaliar de forma completa? Chave de Interpretação do Protocolo 1 – Descrição do contexto inicial 1.1 – Dados sóciométricos. 1.2 – Primeiras impressões gerais sobre o cliente e sua maneira de contato. 1.3 – Motivos da Consulta & Principais Queixas 1.4 – Histórico Pessoal, Fatos Significativos e Tratamentos 1.5 – Antecedentes patológicos e familiares 2 – WANG SHEN - Inspeção. 2.1 – Shen & Estado Mental 2.2 – Compleição Facial 2.3 – Aspecto Geral do Corpo 2.4 – Inspeção da Língua 2.5 – Observações livres e desenhos 3 – WEN ZHEN – Interrogatório 3.1 – Sobre a Dor (características e localização) 3.2 – Sobre o Suor ou a Transpiração 3.3 – Frio e Calor (Calafrios e Febre) 3.4 – Audição e Visão 3.5 – Sobre o Sono e Sonhos 3.6 – Sobre a Sede, Apetite e Sabores Bucais 3.7 – Sobre a Micção e as Matérias Fecais 3.8 – Sobre a Menstruação, leucorréias e partos 3.9 – Emoções, estilo de vida, lar e ambiente de trabalho 4– QUIE ZHEN – Palpação 4.1 – Exame do Pulso 4.2 – Pontos Shu-Mo 4.3 – Palpação do corpo e notas finais 5 – Observações finais do Protocolo e da Chave de Interpretação CAPÍTULO 5 – Como interpretar corretamente os dados colhidos? Primeiro passo: Classifique os sinais nos sistemas Segundo passo: Defina o diagnóstico de cada sistema Terceiro passo: Faça uma descrição diagnóstica do paciente Quarto passo: Tratar o paciente e reavaliar periodicamente CAPÍTULO 6 – Resolvendo as dificuldades e trilhando em direção à Maestria! Qual é a diferença entre Padrão e Doença? O que fazer se o mesmo sinal indicar patologias muito diferentes? Devo tratar com base no padrão ou com base na doença? CAPÍTULO 7 – Presentes e Bônus para aqueles que vão além! Protocolos especiais para Equilíbrio e Diagnóstico Sintomas “Aleluia” – Sintomas que fecham diagnósticos Mensagem Final Referências Sobre o Autor Introdução Eu não tive apenas um mestre. Desde quando eu comecei meus estudos eu fui abençoado com a presença de vários! Um era uma pessoa muito tida como muito rígida, que não gostava de qualquer tipo de distração durante suas aulas. Pois, por uma característica pessoal, tinha uma grande dificuldade de falar em público e dominar o idioma ocidental. A maioria dos seus alunos o consideravam um péssimo professor. Mas para mim, que chegava mais cedo, prestava toda atenção e participava do pequeno grupo que se dedicava a estudar com afinco... ele se mostrou um excelente professor, mestre e amigo. Dedicava-se a explicar quantas vezes fosse necessário. Disponibilizava novos recursos e com um olhar divertido e um sorriso maroto contava aquele segredo que fazia pensar totalmente diferente. Era aquele guia que te ajudava a avançar meses de estudo em poucas horas. Para ele, a medicina tradicional chinesa não era apenas um conhecimento técnico, mas uma arte de curar por meio dos valores e da disciplina. Outro mestre era uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci. Ele era completamente dedicado ao estudo da medicina oriental e também (por lazer) da medicina ocidental. Era o tipo de pessoa que devorava um assunto complexo em pouco tempo e tinha uma energia fora de série. Dava a impressão que ele não dormia. Um bom tempo depois eu descobri que ela apenas dormia poucas horas por dia e nunca parecia ter qualquer cansaço. Sua capacidade de avaliação desafiava a de outros profissionais e não raras vezes ele propunha um diagnóstico e conduta clínica completamente diferentes que, apesar de não parecer fazerem sentido no momento inicial, se mostravam verdadeiros e promoviam a uma nova maneira de ajudar os pacientes. Outros mestres eram mais próximos, outros mais distantes... Alguns mestres já tinham escrito diversos livros. Outros dedicavam a passar seu conhecimento de forma oral, assim como tinham aprendido. Outros, devo confessar, já tinham até morrido e só pude receber sua orientação pelo seu esforço em deixar algo que perdurasse e ajudasse os as pessoas no futuro. Enfim, fui abençoado em ter muitos mestres, mais do que eu poderia citar. E é por gratidão a eles que eu escrevi esse pequeno manual. O objetivo desse livro é te ajudar a fechar diagnósticos em Medicina Tradicional Chinesa (MTC) de forma fácil, rápida e com precisão. Ele foi construído organizando as orientações de vários mestres e autores. De modo a você ter um roteiro detalhado de como fazer um diagnóstico oriental passo-à-passo. Embora o título pareça pomposo,acredito que aqui estão os fundamentos para você estruturar seu pensamento clínico de modo a construir um processo organizado e que te permita chegar, no futuro, à maestria. Provavelmente você, como muitos estudantes, já percebeu que seu curso de acupuntura tenha algumas lacunas e que falta algum “elemento de ligação” entre as diferenças matérias. Acredite esse sentimento é muito comum. Em parte eu acredito que isso seja por que no Brasil, os cursos sejam relativamente curtos e as matérias muitas vezes desconectadas. Não se preocupe. Já passei por isso, sei que você irá passar e superar isso também. Esse livro foi escrito para te ajudar a conectar esses pontos em algo eficaz para a saúde de seus pacientes. Acho importante dizer que nesse livro vou usar os termos Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e Acupuntura como sinônimos. Farei isso para simplificar e facilitar seu aprendizado do que realmente é importante. Percebo, também, que a maioria dos pacientes não conhecem a diferença desses termos e na pratica clínica os dois são usados como se fossem a mesma coisa, o que não é verdade. Acredito que você já saiba ou em breve irá descobrir essa diferença e poderá perdoar o uso dos dois como sinônimos nessa publicação. Escrevi esse livro por perceber (e acreditar) que a capacidade de fechar um diagnóstico é uma das principais competências que um profissional da saúde deve ter. Mas, infelizmente, é o conhecimento que os estudantes da medicina oriental mais têm dificuldade em assimilar. Incontáveis alunos se formam sem ter domínio de como fazer diagnósticos. E por conta dessa deficiência amargam muitas dificuldades em seu desenvolvimento profissional. Pois é essa capacidade que permite saber o “onde está” e o “para onde se deve ir” no processo de auxílio ao paciente. Arrisco-me a dizer que só o domínio dessa competência, praticamente já pode garantir o seu sucesso profissional! Imagine, por exemplo, uma situação onde um especialista só sabe tratar uma patologia, como as lombalgias. Mas apesar da ignorância dele em tratar outras condições, esse profissional consegue fazer uma ótima avaliação e assim consegue encaminhar com excelência todos os pacientes que não sofrem de lombalgias. Pode apostar que a agenda desse profissional estará lotada em pouco tempo! Este livro foi desenvolvido para te ajudar! Não importa se você é um estudante ou um profissional formado há muitos anos. A principal motivação, que me levou a escrever esse livro, foi perceber que muitos especialistas (já formados), não têm um método completo ou conhecem realmente de como é feito o diagnóstico oriental. Eles são obrigados a praticar uma espécie de acupuntura mista entre o modelo oriental e ocidental, com uma medicina preenchendo as lacunas deixadas pela outra. Muitos estudantes, por não terem um modelo estruturado, infelizmente, acabam se prendendo a uma pequena parte da MTC e não utilizam muitas das potencialidades dessa medicina milenar. Aprofundar o domínio desse conhecimento vai te permitir realizar um tratamento mais completo e promover uma verdadeira transformação da saúde e da qualidade de vida de seus pacientes. Esse livro foi escrito para realmente melhorar a vida de milhares de pacientes. Ao ter sido abençoado com a orientação de vários mestres, percebi que a essência do trabalho de um mestre está no amor. Promover o bem e o crescimento da humanidade é o que norteia o trabalho de um sábio. Acredito que dedicar essas linhas, a aumentar a sua capacidade de fazer um excelente diagnóstico além de ser uma forma de te ajudar, é uma maneira realmente importante de melhorar a saúde e a qualidade de vida para incontáveis pessoas! Como usar melhor esse livro Para facilitar seu aprendizado, vamos começar explorando alguns pontos práticos e pouco discutidos da arte de avaliação. Depois entramos em uma parte teórica e pratica, onde conheceremos um método simples e eficaz de fazer a avaliação. Na terceira e última parte, vamos descobrir como se faz para organizar esses dados e compreender o que está acontecendo com seu paciente, na visão da medicina oriental. Para ser um bom profissional você terá que ter um domínio satisfatório das teorias básicas da MTC e das causas de patologia. Na verdade quanto mais você souber dessas matérias melhor será sua atuação como especialista. É esse conhecimento que te dá uma visão geral do organismo, de como ele funciona e o que pode dar errado. Não é objetivo deste manual ensinar todo esse conteúdo. Estou partindo do pressuposto que você já tem algum conhecimento dessas matérias. Se em algum momento da leitura, você se sentir inseguro ou não entender algo (por falta de algum conhecimento básico) é melhor você parar estudar um pouco melhor o que ficou faltando antes de continuar a usar esse livro. Mas não se preocupe! Apenas pare, estude o que falta e continue o processo! Na verdade a maioria das pessoas que começam a estudar a MTC tem lacunas nas bases teóricas e filosóficas. Estudar a arte de diagnóstico é uma excelente maneira de perceber o que está faltando e estudar o que realmente é mais importante. Perceba que as necessidades reais dos seus pacientes são ótimos motivadores e indicadores do que realmente é fundamental! Sugiro que você nunca negligencie uma formação sólida. Tenha a consciência que sua capacidade de avaliar irá crescer na mesma proporção em que você aprofundar seu conhecimento nas teorias de base da MTC. E que sua capacidade de ajudar seus pacientes será mensurada diretamente pelos seus resultados nessas duas habilidades. Esse livro também pressupõe que você já estudou ou tenha tido aulas práticas sobre o diagnóstico oriental. Aqui você não irá encontrar imagens com as cores da língua ou da cútis, por exemplo. Estou considerando que você já tenha uma noção desse conhecimento e que só não saiba como transformá-lo em um diagnóstico eficaz. Mas se esse não for o seu caso e você estiver na estaca zero nesse conhecimento, novamente, não se preocupe! Tenho um segredo para você: Mesmo que essa formação tenha sido incompleta ou que você já tenha esquecido algo, provavelmente você será capaz de reconhecer os principais sinais. Se não, busque aprende-los à medida que for encontrando as descrições no livro. Dessa forma, você pode usar esse livro como um guia/mestres de estudos! E Acredite, é muito mais fácil aprender algo quando você já tem uma idéia de como aquilo será usado em um contexto maior. A dica de ouro é: nesse método de avaliação, observamos diferentes sinais de forma integrada. De modo que, se você não dominar um deles, nada impede a observação e interpretação do sinal seguinte. Busque aprender, revisar ou relembrar o que (você perceber) que está “faltando”. E se apóie naqueles conteúdos que você domina mais. Provavelmente você ira se surpreender com os resultados e com a velocidade que você vai conseguir fazer diagnósticos. Mesmo que tenha algumas lacunas na sua formação, esse livro vai te ajudar a aplicar esses conhecimentos de forma harmônica para fazer um diagnostico eficaz. Mas lembre-se! Se você sempre perceber algum grau de insegurança de como reconhecer algum sinal específico, é importante buscar esse aprendizado. Procure mestres, amigos mais experientes, faça uma reciclagem ou participe de um ambulatório... Enfim, descubra a sua maneira! Quanto mais vezes você observar um sinal, mais fácil será reconhecer as alterações patológicas. Acredite: os verdadeiros especialistas em Medicina Tradicional Chinesa são pessoas sempre dispostas a aprender e encontrar formas de ajudar seus pacientes. Na minha percepção não há como se aprofundar verdadeiramente nessa arte, sem uma percepção mais taoista e amorosa da vida! Terminadas essas considerações, vamos nos tornar mestres no processo de avaliação! CAPÍTULO 1 – C omo é feita a Avaliação? É mais fácil montar um quebra-cabeça quando você já uma visão do todo. Para ficar mais fácil para você, vamos começar delineando uma visão geral do processo de avaliação e diagnóstico em MTC. Nessa partedo livro busque apenas compreender de forma geral: (1) o que é cada parte do processo de avaliação; (2) onde cada parte deve ser usada; (3) como elas se relacionam e (4) a importância relativa de cada uma. Montando em sua mente esse quadro geral, você poderá fazer uma avaliação com facilidade. De forma geral toda a avaliação começa com o registro e observação dos: sinais, sintomas e características do paciente. A maioria dos especialistas realiza uma sessão de diagnóstico para recolher esses dados. Alguns dados terão uma relevância maior ou menor de acordo com os problemas do paciente e os objetivos do tratamento. Após o registro desses dados é feita a interpretação do significado clínico de cada um dos sinais, dos grupos de sinais e sintomas específicos do cliente. O objetivo dessa interpretação é formar uma visão energética do paciente como um todo. O significado clínico de cada um dos sinais varia de acordo com vários fatores. Por exemplo, uma febre pode ter um significado diferente se ela é ou não acompanhada de calafrios. Uma patologia pode ser considerada superficial ou profunda de acordo com a constituição do paciente. Para a Medicina Tradicional Chinesa não existe uma análise isolada de um ou apenas poucos fatores. Quanto maior for a sua capacidade de integrar coerentemente os diferentes sinais e características dos seus pacientes, melhor será sua capacidade de diagnóstico. São esses conjuntos de sinais e sintomas já interpretados que permitem identificar os Padrões de Desarmonia. Em outras palavras: o padrão energético predominante no momento da avaliação é identificado pela totalidade dos sinais, sintomas e características do paciente. Há diversos padrões diferentes e eles são divididos em grupos para facilitar o diagnóstico e o tratamento. Portanto não se assuste se um paciente apresentar diferentes padrões que se combinam. Na prática clínica, estes padrões podem ser priorizados (ou não) de acordo com a decisão e experiência do especialista em medicina chinesa. É por esse motivo que é relativamente comum acupunturistas apresentarem diagnósticos aparentemente diferentes de um mesmo paciente. O mais interessante é que mesmo sendo “diagnósticos diferentes”, no geral as condutas clínicas são coerentes e os resultados são alcançados por diferentes caminhos e até de diferentes formas. Isso já foi testado e comprovado por pesquisas científicas. Aproveite esse conhecimento para ser mais criativo e atento nas suas avaliações. Não se prenda achando que há apenas uma única maneira correta de avaliar e tratar determinado paciente. Após a identificação do(s) Padrão(ões) de Desarmonia é “fechado” o processo de diagnóstico. Os próximos passos são: estabelecer uma estratégia e começar o tratamento. A partir daí o paciente é submetido aos procedimentos pertinente e deve ser reavaliado de acordo com o julgamento do especialista. Particularmente, eu não costumo “fechar” o diagnóstico de forma definitiva na primeira sessão. Eu gosto de observar como o paciente reage e vou adaptando a conduta e aprofundando o diagnóstico no decorrer do tratamento. Faço isso para ajustar continuamente o meu tratamento à evolução das condições dos meus pacientes. Outros especialistas preferem “fechar” o diagnóstico, realizar um grupo de sessões, para depois reavaliarem o paciente. Desse modo podem padronizar melhor as sessões e tratar condições de forma direcionada. Não acredito que haja uma única forma correta. Escolha a maneira que melhor se adapta para você, seu paciente e sua prática clínica. Uma última observação é que no final do livro eu coloquei algumas técnicas (super testadas) e dicas práticas (valiosas) para você conseguir fechar um diagnóstico e começar um tratamento de forma eficaz. Aproveite! � RESUMO: Partes do processo de avaliação: 1) Registro dos sinais e sintomas 2) Análise e interpretação dos sinais e sintomas 3) Identificação dos Padrões de Desarmonia Partes do processo de tratamento: 1) Escolha da estratégia de tratamento 2) Escolha da, freqüência, técnicas, fitoterápicos e etc. 3) Implementação 4) Acompanhamento e/ou reavaliação (quando o ciclo se reinicia) CAPÍTULO 2 – Quais são os passos fundamentais da avaliação? Muitas pessoas confundem o processo de registro dos sinais e sintomas como sendo o processo de avaliação como um todo. Como você acabou de ver, esse é apenas uma parte do trabalho. Normalmente na sessão de avaliação o especialista usa uma ficha de atendimento estruturada e busca de diferentes formas, sinais e sintomas que permitam compreender o processo de adoecimento do paciente. Seguindo esses passos e usando uma ficha estruturada você será capaz de identificar o padrão de desarmonia atual, as causas da doença e estabelecerá as condutas de tratamento dos seus pacientes. Relembrando o estudo das bases da MTC aprendemos que são quatro os principais métodos de diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa. Na 61ª Dificuldade do Nan Jing eles são chamados de períodos do exame. Seja qual for a maneira que você aprendeu, são eles: INSPEÇÃO ou OBSERVAÇÃO INTERROGATÓRIO ou INQUÉRITO EXAME AUDIO-OLFATIVO (Diagnóstico pela Audição e pela Olfação) PALPAÇÃO O princípio básico de todos eles é o mesmo: Como as relações do interior aparecem no exterior, por meio da observação das modificações externas provenientes da doença, podemos compreender as causas e a natureza interna da patologia . Portanto, nosso desafio é encontrar manifestações visíveis de algo que a princípio é invisível (a doença/patologia/desarmonia). Semelhante a um detetive que busca pistas de um criminoso que ele não sabe quem é. Se ele consegue achar e organizar as pistas da maneira correta, ele encontra o bandido e resolve o caso. Emocionante! Não acha!? Cada parte do exame é importante e cada uma tem suas características em particular. Como os diferentes instrumentos e técnicas do detetive. Só por meio da utilização sinérgica de todas é que se pode estabelecer diagnóstico correto. Nenhuma delas é mais importante do que as outras e negligenciar isso, pode comprometer o sucesso da análise e assim do tratamento. Por esse motivo, vamos aprofundar um pouco em cada uma delas antes de continuar. Inspeção ou Observação Muitos consideram essa a “parte mágica” do processo de avaliação, pois ela permite conhecer a doença e o paciente apenas pela observação, sem perguntar ou tocar em nada. Na antiguidade esse era considerado o diferencial do clínico superior. Essa é a primeira técnica usada e uma das que permitem maior obtenção de informações. Por isso acho ela é tão importante. Normalmente são observados vários fatores como: - O corpo em geral : forma do corpo; movimentos; constituição física... - A mente, o Espírito e as Emoções : comportamento; o raciocínio; emotividade... - As partes do corpo : a cor da face; os olhos; os cabelos; os membros; o tórax; as costas; o abdômen ; as orelhas... - A língua : cor; formato; saburra... - e etc .: Iris, cicatrizes... Não se assuste! Vamos aprofundar esse conhecimento no momento adequado, mas desde já é importante você ter cuidado em não focar demais em umas poucas peculiaridades ou ficar olhando demais o todo. Com a prática busque desenvolver um bom-senso ou visão sintética que te permita aprofundar nos sinais em particular, sem perder a visão do todo. Se não você conhecer todos esses fatores (listados acima), busque inicialmente desenvolver apenas uma ou duas dessas potencialidades. Pessoas fazem diagnósticos maravilhosos apenas conhecendo bem a leitura da íris, por exemplo. Acrescente os outros fatores de observação aos poucos. Mas lembre-se de não se fechar apenas na observação ou apenas em um deles. Ignorando outros sinais e sintomas. Isso pode prejudicar em muito a sua capacidade de diagnóstico. O mesmo pode ser dito para outras partes do exame. Um sinal é apenas um sinal e não um diagnóstico por si só. Mantendo essa idéia em mente, vamos para a próxima parte da avaliação: Interrogatório ou Inquérito Acredito que essa é uma daspartes mais delicadas do processo de diagnóstico. Pois é nessa parte que o terapeuta e o paciente podem trocar algo de suas “almas”. É nessa parte que há o intercâmbio “verbal” entre aquele que ajuda e o que é ajudado de modo a se consolidar a Aliança Terapêutica. Os resultados que serão obtidos são influenciados pela forma que acontece o encontro entre o especialista e o paciente. Para mim, mais que a capacidade técnica é o estabelecimento desse vínculo, que permite que o processo de cura aconteça. Observe que nas outras partes do diagnóstico o paciente tem um papel mais passivo. A troca entre terapeuta e seu paciente é menor. Uma boa definição de diálogo é o encontro de dois “LOGOS”, de duas inteligências; ( dia = duas; logos = inteligências). Essa parte do ato de diagnóstico permite que o processo de saúde aconteça não só pelos elementos técnicos, mas também pelos elementos humanos. Compreendo que verdadeira essência do encontro e do sucesso terapêutico está na vivencia de valores como: o cuidado, a disciplina, a compaixão, o respeito, a responsabilidade e etc. Se você cultivar essas virtudes, seu crescimento profissional e pessoal certamente o levará em direção a uma carreira (e vida) mais plena e feliz. De forma técnica, é nessa parte que você tem a possibilidade de obter uma grande quantidade de informação e compreender o processo de adoecimento ao longo do tempo. Pode-se, por exemplo, descobrir a provável origem da doença, mesmo que os sinais iniciais já tenham desaparecido. É possível descobrir como seu paciente se relaciona com os fatores de adoecimento. Você também pode usar essa parte do processo para estabelecer relações, diferenciar síndromes e conhecer as possibilidades terapêuticas e cognitivas do paciente. Enfim, aproveita e vai fundo! Exame Audio-Olfativo Talvez você já tenha percebido que a há diferentes nomes para essa parte do exame. Não se assuste, pois isso também acontece com outros termos traduzidos da medicina oriental. No caso desse termo em particular, acredito que parte da “confusão” seja por que o caractere chinês para ouvir e cheirar seja o mesmo. Ouvir (a audição) nos ajuda a compreender o paciente pela forma que ele fala e pelos sons que emite. Podemos obter diversas informações como: o estado energético do paciente, seu estado emocional, a profundidade de alguns fatores patogênicos e etc... Da mesma forma a olfação pode permitir obter informações gerais sobre o paciente e/ou sobre o processo de adoecimento. Os tipos constitucionais podem apresentar odores característicos. Algumas secreções, o hálito, o suor dentre outros cheiros, podem ajudar a identificar o fator patogênico. Lembre-se de desconsiderar cheiros de perfumes e afins, para não prejudicar sua avaliação. Uma dica é perceber o cheiro do paciente quando tira parte da roupa para a aplicação ou no momento que você retorna a sala que o paciente ficou “relaxando” se o ambiente for adequado, nesses dois momentos você terá grandes chances de perceber melhor os cheiros. Alguns autores consideram essa uma parte secundária do exame. Eu não penso assim. Por serem dimensões amplas, optei por distribuí-las em todo o protocolo. Assim você não vai encontrar nenhuma parte exclusiva para elas na ficha de avaliação. Os pontos de análise ficaram misturados de propósito com outros itens. Por isso use os espaços livres ou o verso da ficha para fazer anotações quando elas forem importantes para a compreensão do caso. Palpação Nessa parte do diagnóstico o clínico toca o corpo do paciente. Na visão clássica da medicina chinesa são consideradas duas regiões principais para esse diagnóstico: o pulso e o abdômen.O pulso é um dos métodos mais elaborados e complexos de avaliação. O domínio desse método pode demorar anos, mas vale à pena. A avaliação do abdômen é mais simples e objetiva. Não se deve negligenciar a palpação de outras regiões, que devem ser avaliadas de acordo com o caso. A palpação dos locais e pontos de dor, por exemplo, é fundamental e podem fornecer informações únicas para o processo terapêutico. Dependendo do caso também é importante apalpar os meridianos e outras partes do corpo, como: as costas, as orelhas, as mãos e os pés e etc. Lembre-se que o toque é um contato muito pessoal. Devendo ser realizado com cuidado, ética e critério. Ele pode trazer informações valiosas bem como pode gerar diversos problemas se for feito de forma inadequada. Respeito e bom senso são fundamentais. Interpretação dos Sinais e Sintomas Após a coleta de dados chega o momento onde o avaliador relaciona o significado clínico dos diferentes sinais/sintomas do paciente. Só por meio da análise em conjunto desses vários fatores que se é possível organizar o caso segundo a MTC. Como no inicio não sabemos o padrão de desarmonia do paciente, não podemos interpretar os sinais de forma isolada. É preciso observá-los como um todo para se compreender o significado de cada sinal em particular no processo de saúde e doença do paciente. Como vamos dedicar um capítulo inteiro para fazer a interpretação dos dados colhidos, não há motivo para você se preocupar com isso agora. Identificação dos Padrões de Desarmonia O objetivo do processo de avaliação na MTC é descobrir o Padrão de Desarmonia do seu paciente. Como outros termos com diferentes traduções da MTC, você vai encontrar autores usam a tradução “Padrão Sindrômico” ou simplesmente de “Padrão”. Não se preocupe com isso. O mais importante para você nesse momento, é perceber que a idéia básica é que é mais importante se descobrir qual é o padrão de desequilíbrio do paciente do que se descobrir a doença (nos termos ocidentais). Na verdade esse é um raciocínio muito interessante, pois as doenças são vistas como manifestações “superficiais” e “temporárias” dos padrões energéticos do organismo. Sendo assim, equilibrando esses padrões as doenças deixam de existir. Por isso dizem que a acupuntura pode tratar todas as doenças, mesmo aquelas que são totalmente desconhecidas. Pois o nosso foco não está na doença mais sim no padrão de desequilíbrio energético do paciente. É por esse motivo que mesmo em casos onde a acupuntura não seja capaz de curar a doença, ela se torna uma excelente terapia complementar para melhorar o equilíbrio energético e a qualidade de vida do paciente. O Padrão de Desarmonia funciona como uma síntese de todos os sinais, desequilíbrios e doenças daquele indivíduo. Alguns padrões podem trazer, inclusive, explicações sobre a personalidade e funcionamento psicofísico do paciente. Uma vez que se identifica um padrão praticamente já se identifica o princípio de tratamento e fica fácil estabelecer a estratégia terapêutica. Explicando dessa maneira parece muito simples. Mas como o Padrão é uma síntese de vários fatores e de “todos” os desequilíbrios do indivíduo, é preciso avaliar como um todo antes de se ter certeza que se identificou o padrão correto. Talvez para você pareça ser difícil em um primeiro momento, mas te asseguro que com a prática, você vai fazer isso com facilidade. Outro fator importante e que nem sempre é ensinado, é que os padrões podem ser divididos em sistemas ou categorias. Os desequilíbrios dos pacientes normalmente abrangem características de várias dessas categorias. Você vai ter que definir qual é a melhor maneira de organizar e interpretar os dados observados de acordo com seus conhecimentos e as características de cada paciente. Por isso vale a pena você dominar o maior número possível delas, embora possa haver algumas alterações, as principais categorias são: Oito Princípios Qi, Xue (Energia e Sangue) e Jin-Ye (Fluidos Corporais) Zang-FU (Órgãos Internos) Fatores Patogênicos Fatores Exógenos (febris) Doze Meridianos Oito Meridianos Extraordinários Cinco Elementos Um livro que pode te ajudar a aprofundar esse assunto é o Diagnóstico na Medicina Chinesa , de Giovanni Maciocia e Julian Scott; Você pode comprar esse livro na Amazon peloseguinte link: http://amzn.to/2sCdqZi Fechamento do Diagnóstico Finalmente, após descobrir o Padrão Geral de Desarmonia, está praticamente pronto o diagnóstico. Mas mesmo assim, resolvi escrever sobre essa parte em separado, para te ajudar a perceber algumas considerações úteis, garantir uma boa avaliação e conseqüentemente uma boa prática clínica. http://amzn.to/2sCdqZi A primeira é com relação ao processo de fechamento de diagnóstico: Lembre-se que ele pode ser interpretado como um processo contínuo e não definitivo. Provavelmente você não terá conseguido obter todas as variáveis de seu paciente na primeira sessão. De modo que é importante você se habituar a sempre investigar a evolução do seu paciente. Segundo, é importante saber que você pode eleger inicialmente apenas duas ou mais categorias de diagnóstico e tratamento em detrimento das demais. Você não precisa dominar ou usar todas! Tente perceber aquelas que melhor explicam o desequilíbrio do seu paciente e que você também saiba utilizar. É melhor priorizar no que você é bom do que errar aonde você é fraco. Não se preocupe com isso no início, com o tempo você vai dominar cada vez mais padrões e técnicas. Fazendo isso, desde agora, você já terá melhores chances de ajudar o seu paciente e obter sucesso e tranqüilidade profissional. Por último e talvez por ser o mais importante, é nesse momento que você constrói uma descrição sucinta do que está acontecendo com seu cliente. Essa é uma técnica para ajudar a ter foco e atuar de forma coerente com seu paciente. Vamos dedicar o capítulo 05 para te explicar melhor essa etapa. Estabelecimento da estratégia terapêutica e conduta Estabelecido o diagnóstico, cabe ao clínico decidir qual a estratégia para se vencer a doença e recuperar a harmonia do paciente. É nesse momento que você decide que armas e estratégias você vai usar para “prender seu criminoso”. Lembra da metáfora do detetive!? As condutas sempre deverão ser coerentes com a estratégia. E com o tempo isso se tornará tão natural e automático que você praticamente não terá que pensar para realizar essa etapa. Só para ilustrar como isso acontece, observe o seguinte exemplo: um paciente com deficiência de energia YIN do SHEN (Rins) com ascensão do FOGO do GAN (Fígado), provavelmente vai ser tratado com uma estratégia de nutrição e tonificação do YIN do SHEN e/ou com uma estratégia de drenagem (resfriamento) desse FOGO do GAN (Fígado). A conduta pode incluir: pontos de acupuntura, orientação dietética e fitoterapia chinesa. RESUMO: O processo de avaliação consiste de 5 partes: 1. Observação e Registro dos Sinais e Sintomas – Você vai ter que registrar os sinais oriundos das quatro partes do exame: 1.1. Inspeção ou Observação do paciente 1.2. Interrogatório ou Inquério 1.3. Exame Audio-Olfativo 1.4. Palpação 2. Interpretação dos Sinais e Sintomas – Você vai interpretar esses sinais e sintomas de acordo com seus significados para a MTC; 3. Identificação dos Padrões de Desarmonia – Você vai agrupar os significado dos sinais e sintomas em padrões que explicam o desequilíbrio do seu paciente; 4. Fechamento do Diagnóstico – Você vai definir que padrões são mais importantes para seu paciente e criar uma síntese energética do problema; 5. Estabelecimento da estratégia terapêutica e conduta – Nessa parte você vai definir como vai tratar seu paciente, que estratégias vai usar, que pontos, técnicas, freqüência... CAPÍTULO 3 – Como conduzir uma (SUPER) sessão de avaliação? Gosto de dizer aos meus alunos que: não existem mistérios, apenas particularidades. Observe que uma sessão de avaliação em acupuntura ou medicina chinesa respeita os mesmos cuidados que qualquer avaliação clínica ocidental. Nesse capítulo, além de nos aprofundar ainda mais no processo de avaliação oriental, vou trazer algumas contribuições específicas oriundas da junção das técnicas orientais com as técnicas ocidentais e da minha experiência pessoal. Dessa forma você terá uma síntese de como um terapeuta (um pouco mais) experiente organiza os elementos para obter sucesso nas suas sessões de avaliação. Não se prenda a essas considerações, pegue as melhores idéias para você, ignore as que não fizerem sentido e enriqueça o seu atendimento. Se você tiver novas idéias ou comentários sinta-se livre para compartilhar na parte de avaliação desse livro na Amazon ou nas minhas redes sociais. Cada contribuição feita dessa forma fica disponível para ajudar outras pessoas. E as observações consideradas mais pertinentes podem ser incorporadas nas próximas edições. Quem sabe você não se torna uma das próximas referencias desse livro!? Enfim, o mais importante é: Cabe a cada profissional adaptar os procedimentos que ele já conhece às técnicas específicas da MTC. Um ponto fundamental, que normalmente eu vejo ser negligenciado nos livros e manuais é o cuidado com a Ética. Infelizmente, muitos profissionais acreditam que a Ética se restringe às normas e condutas definidos pelos códigos de ética. Eles são importantes, devem ser respeitados mais só isso não é tudo. A avaliação, como todo o processo terapêutico, é um encontro de duas (ou mais) pessoas e esse encontro só poderá ser realmente profundo e transformador, se ambos estiverem norteados por uma Ética interna verdadeira. A personalidade do especialista tem uma influencia determinante no grau de sucesso de suas intervenções. De forma geral, um clínico que venceu o vício do cigarro, ou outro que conseguiu mudar sua dieta e hábitos de exercício e assim tenha emagrecido, terão mais poder de mudar as atitudes dos seus clientes em relação ao tabagismo ou a obesidade do que terapeutas que fumam ou são obesos. E, embora isso não esteja em nenhum código de ética, é, para mim, um bom exemplo de comportamento verdadeiramente ético. Sempre que você crescer e for realmente coerente com um aspecto de sua vida, a sua capacidade de atuar como profissional da saúde para ajudar as outras pessoas aumentará também. Portanto não negligencie esse aspecto. Nesse capítulo, vamos explorar alguns pontos que eu gosto de abordar em minhas aulas e consultorias, pois são pontos que me ajudaram a conseguir resultados surpreendentes. Até hoje eu não vi todas essas informações escritas em uma única obra de acupuntura. Fique atento à elas, é praticamente garantido que elas vão ajudar você também! Quais os cuidados que fazem a diferença antes de iniciar a sessão? O primeiro contato Seu paciente pode ter chegado até você por diferentes motivos e por diversos caminhos. Mas certamente, se ele está marcando uma consulta com você, ele tem algum objetivo. Descobrir o mais cedo possível esse objetivo é fundamental. Muitas vezes os terapeutas iniciantes (a alguns não tão iniciantes assim) negligenciam o poder que essa informação pode ter para um bom planejamento do processo terapêutico. Por enquanto, basta ter em mente que a avaliação começa antes do cliente chegar à sala de avaliação e que essa informação facilitará todo o processo. Especialmente se você for um terapeuta iniciante, busque descobrir qual o interesse do seu paciente o mais cedo possível. Se ele decidir marcar contigo após uma conversa informal é bem provável que você já saiba o motivo. Desse modo, por exemplo, você já pode estudar as patologias que seu futuro cliente vai trazer para serem tratadas. Fazendo isso na avaliação você poderá fazer perguntas mais pertinentes. Além disso, também se torna possível orientar o paciente com relação a exames, vestuário ou qualquer outra coisa que possa favorecer a sessão de avaliação. Em nossa clínica, os terapeutas têm a orientação geral de ligar para todos os pacientes que marcam uma primeira consulta com a secretária. Esse contato do especialista permite dar segurança ao paciente e favorece em muito o processo de avaliação.Os clientes, em geral, não são treinados para saber o que é mais importante no processo de tratamento. E no que diz respeito a uma medicina pouco conhecida, como é o caso das medicinas orientais (ayuverdica, Chinesa, tibetana...), esse problema é ainda mais freqüente. Se você se dedicar pessoalmente a garantir que os seus pacientes tragam as informações necessárias, suas chances de sucesso na primeira sessão serão maiores. Muitos pacientes não trazem exames relevantes ou não consideram importante trazer os nomes das medicações que utilizam. Ou então, vem com uma vestimenta que dificulta o exame ou a aplicação das agulhas. Um simples telefonema prévio pode evitar muitos problemas! Outro fator que também é muito negligenciado em outros manuais de avaliação em MTC, são as diferenças culturais. Por exemplo, pacientes árabes podem restringir que suas esposas sejam vistas ou tocadas por terapeutas do sexo masculino. Ou pacientes de uma determinada cultura podem valorizar um sinal em detrimento de outros. Fique especialmente atento a cada paciente de uma cultura ou nível social diferente. Uma observação atenta e sem preconceitos é outro fator que resolve muitos problemas. Há um grande benefício em buscar “os motivos” do seu paciente antes de iniciar o processo terapêutico: você demonstra interesse pela pessoa e sua dificuldade. Na maioria das vezes, só esse fator já favorece grandemente o relacionamento clínico. A pessoa sente que está sendo atendida por um especialista que tem interesse pelo bem dela. E que esse interesse do terapeuta existe independe do espaço clínico ou do pagamento da sessão. Ela se sentirá mais segura e provavelmente estará mais preparada para contar a sua problemática no momento da avaliação. Muitas vezes isso também ajuda quando é necessário encaminhar o caso. A pessoa se sente acolhida como pessoa e não como cliente e estará mais aberta para eventuais encaminhamentos quando for necessário. RESUMO: Descubra o quanto antes os motivos do primeiro contato e/ou os problemas gerais do paciente; Prepare-se de acordo com essas informações; Oriente seu paciente de acordo com essas informações; Estabeleça um bom relacionamento ao buscar essas informações. A preparação do ambiente Aqui vale a regra de não pecar pelo excesso e nem pela falta. A saúde, na visão oriental é um estado de equilíbrio e harmonia. Do mesmo modo, o ambiente deve expressar esse equilíbrio para ser um local adequado para a recuperação da saúde. Vale à pena considerar cada detalhe do ambiente para realizar um bom processo de ajuda. O seu ambiente é seu “território”. É onde você pode ajudar as pessoas a lutarem pela saúde. Se prepará-lo de forma estratégica, certamente suas chances serão melhores. A avaliação em acupuntura e em medicina tradicional chinesa exige muito pouco material, mas alguns itens podem fazer muita diferença: Iluminação: a sala deve ter uma boa iluminação para permitir fazer uma correta observação do paciente. O ideal é a luz natural proveniente de um dia ensolarado. Pois alguns sinas da língua, do SHEN (espírito) e da Iris, por exemplo, mudam de acordo com o tipo de luz. Como nem sempre isso é possível, recomendo a utilização simultânea de lâmpadas incandescentes (luz amarela) com lâmpadas frias (luz branca). Sempre vale a pena uma luz dimerizada, ter um bom foco de luz e até uma lanterna. Uma dica é você testar o ambiente antes, para ter certeza que você terá uma iluminação correta e que te previna de ficar fadigado ao longo do dia. Som: O ideal é um ambiente mais silencioso do que barulhento. Muitas clínicas usam som ambiente. Ele pode ajudar ou atrapalhar. Um volume muito alto pode dificultar o processo de audição (WEN ZHEN). Observe que alguns estilos musicais mudam o estado emocional do paciente facilitando ou dificultando o atendimento. Nunca me esqueci de um paciente que me procurou após abandonar o tratamento com outro acupunturista pelo fato do mesmo sempre tocar um bom tango argentino durante as sessões. Modelos, bonecos, mapas... Sempre é bom ter modelos anatômicos e mapas na sala de avaliação. Eles podem ser usados tanto para dar explicações para os pacientes quanto para se colher informações relevantes. Um paciente, por exemplo, pode se sentir mais confortável de mostrar primeiro o local dor em um modelo do que em seu corpo. O modelo de acupuntura em especial, com as linhas dos meridianos, ajuda a identificar relações sutis das patologias com partes do corpo. Outros materiais: nunca é demais se lembrar de se explorar a criatividade e o bom senso. Brinquedos sempre ajudam com crianças. Um travesseiro da maca pode ajudar a entender e explicar sobre postura ao dormir e etc. Se você já puder deixar alguns materiais preparados, certamente sua avaliação terá uma qualidade melhor. RESUMO: Prepare o ambiente antes Equilibre os objetos e materiais para fazer um bom atendimento Iluminação e som devem ser adequados Use modelos anatômicos e mapas Deixe outros materiais preparados, caso seja necessário A recepção do paciente Da mesma forma que você avalia seu cliente, seu cliente avalia você. Por esse motivo é interessante criar no seu espaço um ambiente coerente com seu trabalho. De acordo com essa visão, se você tiver uma ou mais secretárias, também é importante considerá-las como “co-terapeutas”. Os pacientes às vêem como parte da equipe. Elas fornecem informações, criam ou destroem expectativas, recebem e “preparam” seu paciente para o atendimento. Por tudo isso é importante treiná-las para: Garantir que elas sigam os preceitos éticos (em especial o sigilo) Que elas tenham uma boa cortesia e atenção aos pacientes Elas saberem lidar com pacientes difíceis Que elas forneçam informações adequadas Identificar e ajudar em situações de emergência (normalmente nas emergências vale a regra: “quem não ajuda, atrapalha”) Por melhor que tenha sido a formação de sua secretária (ou equipe) sempre vale à pena se certificar pessoalmente desses aspectos. No geral os cursos não são bons e mesmo que sejam e ela tenha uma grande experiência, é importante ajustar a conduta dela a sua maneira de avaliar e tratar seus pacientes. Revisões periódicas desses cuidados garantem a qualidade e evitam uma série de problemas. Os mesmos cuidados com o ambiente de avaliação podem ser aplicados para o ambiente da recepção. Gosto de ressaltar aqui a importância do mobiliário. Ele não é só uma peça de decoração e de conforto é também um fator importante na avaliação do seu paciente. Ele deve ser ergonômico e confortável para que seu paciente fique livre de dores e à vontade. Observe como seu paciente se senta. Isso já diz muito sobre seus hábitos, personalidade e energia. No caso de problemas de coluna, uma das queixas mais comuns em acupuntura, a maneira que o paciente está sentado na sala de espera deve ser observada. Ela normalmente é mais freqüente na vida do paciente do que a maneira que ele se senta na sala da avaliação. A postura também pode ajudar a identificar o estado psicológico e energético do seu paciente. Uma dica é rapidamente, sem perder a primeira impressão do paciente, identificar se ele está Yin ou Yang nos aspectos físicos e psicológicos. Do mesmo modo, como ele se movimenta, fala contigo, te observa e aperta sua mão ajudam a identificar o Shen do paciente. É nesse primeiro contato que se estabelece o papel de terapeuta e paciente. Se você se colocar de forma negligente em relação a isso é bem provável, que em várias situações, você perca o manejo de seu paciente. Mas se você observar esse aspecto, desde o início, é bem provável que você seja visto como um bom profissional. RESUMO: Ajuste a recepção como uma extensão da sala de avaliação e atendimento Prepare sua equipe ou secretária de forma adequada Os móveis devem ser ergonômicos Observe e avalie o pacientedesde o primeiro momento Quais fatores influenciam o início da sessão? Embora pelo nosso conceito a sessão de avaliação já comece no primeiro contato entre terapeuta e paciente. Trataremos agora dos fatores que mais influenciam o sucesso do processo de avaliação em si. Em outras palavras, trataremos agora dos fatores mais presentes nos primeiros minutos que o cliente entra na sala e se senta a frente do especialista. O motivo de dedicar uma parte inteira do livro para esse assunto é que ele é de grande importância para o sucesso das partes seguintes. Talvez por algum motivo sua preparação prévia tenha falhado, talvez por algum motivo não tenha sido muito bom seu fechamento da sessão... mas, se você conseguiu marcar uma excelente impressão no início da sessão, provavelmente seu cliente se sentirá seguro e manterá uma relação contigo, independente, de perceber alguns problemas. Há alguns ditados que expressam bem a importância desse momento: “Você não terá uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão.” “O começo é o momento mais importante.” “A primeira impressão é a que fica.” Acredito que há verdade nesses dizeres e vejo que as maiorias das pessoas se comportam de acordo com eles. Portanto, minha sugestão é que você se torne um mestre em primeiros contatos. Pois é nesse momento onde maiores serão suas oportunidades de perceber a individualidade do paciente, estabelecer as regras do relacionamento clínico, dar o ritmo do tratamento e, principalmente, fazer um primeiro bom diagnóstico. Lembre- se que mesmo que alguma percepção mude com o passar do tempo, o que é muito desejável, provavelmente será a qualidade do primeiro contato que determinará a qualidade geral da relação. Você provavelmente vai notar que de acordo com sua maneira de avaliar, as características ambientais e o momento do inicio de sua relação com cliente, alguns desses fatores poderiam ser colocados nos tópicos anteriores. Não se preocupe, essa foi apenas uma divisão didática, a maestria ocorrerá quando você conseguir trazer a essência dessas considerações de forma adaptada e coerente com sua maneira única de avaliar e trabalhar em prol da saúde dos seus clientes. A interação terapeuta-paciente O paciente observa cada detalhe do processo de interação e do comportamento do especialista para construir uma percepção de quem está conduzindo o tratamento e das possibilidades de cura. O mesmo ocorre com o especialista. Os conhecimentos da psicologia moderna demonstram que essa construção ocorre de forma simultânea tanto em níveis conscientes quanto inconscientes. O clínico é o único nessa relação que tem o dever e a possibilidade de explorar esses aspectos de forma consciente. Na grande maioria dos processos terapêuticos são esses fatores que determinam o sucesso do tratamento. É responsabilidade do profissional de saúde o controle dessa relação, para que ela ocorra da melhor forma possível e possibilite maiores chances de sucesso no processo terapêutico. Embora esse importante aspecto não seja geralmente abordado nos livros de acupuntura e medicina chinesa, considero adequado dedicar alguns parágrafos sobre o assunto. Minha experiência como professor demonstra que mesmo na pós-graduação muitos alunos não estão preparados para manejar essa relação. Minha experiência como especialista e consultor, infelizmente, também evidência que muitos profissionais nunca tiveram um treinamento adequado. Desejo que esse não seja o seu caso que você possa se sentir livre para “pular” as próximas páginas. Se, contudo esse for seu caso, considere as próximas páginas apenas como uma primeira leitura. É impossível esgotar esse tema nesses poucos parágrafos. Se você tiver interesse, escreva-me pedindo mais informações. Estou preparando mais sobre esse assunto e quero poder adaptá-lo a suas necessidades e interesses. Feitas essas considerações, podemos finalmente, entrar em nosso tema: Construindo uma boa relação terapeuta-paciente A construção da relação é baseada nos significados que o paciente e o terapeuta têm sobre a doença. Portanto, identificar esses significados ajuda a construir a relação e permite que a adesão do paciente seja maior. KLEINMAN (1978) sugeriram oito perguntas que podem ajudar a identificar os significados que as doenças tem para o paciente. Você não precisa decorar ou usar todas, mas vale a pena ter algumas delas em mente: PERGUNTAS PARA EXPLORAR O SIGNIFICADO DA DOENÇA (com adaptações) 1. O que você acha que causou seu problema (ou seu adoecimento)? 2. Porque você acha que seu problema (ou desequilíbrio) começou em determinado momento? 3. O que você acha que a sua doença faz a você? Na sua percepção como ela atua? O que você faz para melhorar? 4. Quais são os principais problemas que ela te causou? 5. O quanto sua doença é ruim para você? 6. Você acredita que seu problema durará muito tempo ou que cederá logo? 7. Quanto tempo você acredita que sua recuperação (ou tratamento) pode demorar? 8. Que tipo de tratamento você deseja receber? 9. O que você mais teme em relação ao seu problema? 10. Quais são os resultados (mais importantes) que você espera obter após o tratamento (ou com o tratamento)? Como você já deve ter observado, algumas dessas perguntas podem ajudar a nortear o tratamento clínico. A comunicação entre especialista e paciente ocorre durante todo o processo terapêutico, de modo que você terá várias oportunidades de explorar esses aspectos. Você pode e deve reavaliar continuamente as reações do paciente de modo a ajustar sua conduta e comunicação ao desenvolvimento do tratamento e da relação terapêutica. O seu comportamento como a sua apresentação pessoal também ajudará a determinar como o paciente se relacionará com você. Imagine que você é um paciente que fará uma consulta com dois médicos. O primeiro se move agitadamente, fala por meio de gírias e está: com o cabelo bagunçado; calçando um tênis; barba por fazer; jaleco amarrotado e desabotoado; sem gravata... O segundo se move com tranqüilidade, fala de forma suave e correta e está com o cabelo penteado, limpo e bem cortado; barba feita; jaleco bem ajustado, passado, abotoado e limpo; gravata arrumada; sapato social e etc... Qual dos dois causa uma melhor impressão em você? Qual dos dois parece que é o mais profissional? Se você fosse arriscar, qual dos dois você tenderia a apontar como melhor especialista ou que tem melhor formação? Certamente, a aparência não diz o quanto um profissional é competente ou bem preparado. Mas, pode apostar, é um dos fatores que mais influencia essa percepção por parte do paciente que ainda não conhece o trabalho e competência do profissional. Outro fator importante é chamado pela psicologia de Contratransferência. Esse termo serve para denominar as reações inconscientes que surgem no profissional da saúde em relação ao seu paciente. O paciente também nutre essas reações inconscientes em relação ao profissional da saúde só que esse processo é chamado de Transferência. Esse é um assunto vasto e não será discutido aqui. Mas você deve estar atento a ele para se proteger e proteger seu paciente. De forma prática, fique atento sempre que você ou um paciente se comportar de forma não usual. Também observe seus sentimentos e reações com relação ao seu paciente. Sempre que esses fatores não parecerem naturais ou quando eles gerarem qualquer tipo de sentimento exagerado ou problema é sinal que algo está errado. O aconselhamento com um colega ou profissional de psicologia ou de psiquiatria pode ser um recurso valioso. Sugiro desde já que você procure estudar sobre esse assunto em manuais de psicologia e psiquiatria. A Aliança Terapêutica como fator de sucesso Para mim o principal objetivo da primeira sessão, mais do que realizar um diagnóstico é estabelecer uma boa Aliança Terapêutica . Sem ela o tratamento não ocorre, quer você tenha feito um bom diagnóstico,quer não. Esse termo se refere ao estabelecimento de uma relação saudável entre o profissional da saúde e o cliente que procura ajuda. Ambos precisam entender que há diferenças de papeis e responsabilidades que permitirão que o trabalho se desenvolva. Um paciente pode contar coisas para seu terapeuta que ele não contaria para qualquer pessoa, do mesmo modo um terapeuta pode falar coisas que o paciente não acataria se viessem de outra pessoa. Assim o comprometimento do profissional em dar seu melhor para o restabelecimento da saúde do seu paciente cria uma relação especial. Muitas vezes, nos livros de acupuntura e medicina oriental a aliança terapêutica ocorre por meio de um relacionamento tipo: “Mestre- Discípulo”. Em determinados contextos esse modelo também aparece na cultura ocidental. Mas não recomendo que os profissionais busquem ativamente estabelecer esse tipo de relacionamento. Esse modelo geralmente não é corretamente compreendido pela cultura ocidental, o que gera distorções maléficas. Minha sugestão é que você ajude seu paciente a encontrar o seu “Mestre Interior”, em vez de um “mestre exterior”. Isso ajuda ele ter autonomia o que e muito melhor do que estimular uma personalidade dependente da opinião de terceiros. Se você ficou atento a esses fatores e tem um grau razoável de conhecimento, bom senso, educação, ética e sensibilidade. É muito provável que você consiga construir excelentes relacionamentos terapêuticos na maioria das vezes. Não espere construir em todas às vezes, pois isso pode ser impossível. Relaxe e faça o seu melhor com alegria e coerência consigo mesmo. Mantenha em mente de que esse é um conhecimento que pode ser apreendido e aprimorado no decorrer do tempo. RESUMO: O paciente também avalia o profissional da saúde Tanto o profissional quanto o paciente estabelecem uma percepção consciente e inconsciente um do outro O terapeuta é responsável por manejar a relação para viabilizar o sucesso clínico A construção da relação também depende do significado que o paciente tem sobre sua doença e processo de adoecimento O comportamento e a apresentação pessoal passam informações para o cliente É importante identificar a Contratransferência e a Transferência para evitar que elas prejudiquem a relação terapêutica Estabelecer uma boa Aliança Terapêutica é o principal objetivo da primeira sessão A técnica e a arte da primeira sessão Apresentarei agora um roteiro de primeira sessão. O objetivo desse roteiro é dar uma visão geral para o especialista em formação, bem como, permitir o aprofundamento do especialista já formado. Fique à vontade para alterar e adaptar o roteiro de acordo com sua técnica e necessidade. Passos Explicações 1. Receba o paciente (preferencialmente na sala de recepção) – Cumprimente-o com profissionalismo e “energia”. Fazendo isso você demonstra cortesia e acolhimento o que favorece o vínculo do paciente. Se você conseguir observá-lo na recepção poderá ter mais informações. 2. Comece o diálogo perguntando algo trivial e/ou oferecendo algo de graça para o cliente (exemplos: água, chá, ir ao banheiro, cadeira para sentar...) Essa parte serve para “quebrar o gelo”. Oferecer algo para o cliente cria um estado inconsciente de maior abertura, vínculo e segurança. 3. Se apresente primeiro. Explique quem você é (formação), o que faz (técnicas) ou dê instruções sobre a avaliação. Conhecer sua formação dá mais segurança. Explicar sobre a técnica ou as instruções direcionam o relato do paciente sobre o problema e mantêm o foco do trabalho. 4. Comece a avaliação com perguntas As perguntas abertas dão respostas mais amplas e completas abertas: “o que posso fazer para ajudar?”; “o que te trouxe aqui?”; “o que vêm te prejudicando?”; etc. que as perguntas fechadas. Elas deixam o paciente mais à vontade e permitem a identificação de outras queixas e dos significados das doenças. 5. NUNCA APLIQUE TESTES “DE GAVETA” ou se prenda a perguntas investigativas automáticas tipo interrogatório policial. Tudo que for perguntado deve ter um por que. O principal objetivo na primeira sessão é a formação da Aliança Terapêutica. Ela surge em uma relação individual e autêntica. Reduzir seu paciente a um esquema dificulta a criação desse tipo de vínculo. 6. Mantenha o ritmo da sessão, explorando sistematicamente as doenças, queixas e histórico do paciente. Faça isso até fechar a parte escrita do Protocolo de Avaliação. Conforme você for explorando as queixas do seu paciente, use perguntas mais fechadas e específicas. Elas também ajudam a manter o ritmo de trabalho (produtivo), o que favorece a percepção do seu compromisso em ajudar. 7. Faça a avaliação física Só quando tiver estabelecido à confiança do seu paciente é que é interessante tocá-lo. Tocar é um contato em uma esfera “intima” o cliente não deve se sentir invadido. 8. Faça a primeira aplicação ou atendimento Se for adequado já comece o trabalho/aplicação terapêutica isso diminui a ansiedade do paciente e ajuda a avaliar a técnica/conduta empregada. Dedicamos mais à frente, um tópico do livro para ensinar o terapeuta iniciante a começar mesmo que ele não tenha ainda fechado o diagnóstico. 9. Passe uma tarefa/responsabilidade para o paciente Aumenta o comprometimento e favorece a idéia que o paciente também responsável pelo tratamento e recuperação da sua saúde. 10. Acompanhe seu paciente até a recepção/saída e conforme o caso, entregue seu: cartão, receita, brinde... Esse pequeno ato fortalece o vínculo e passa para o paciente a informação de que ele sempre sairá “ganhando” algo. Ele ficará mais atento aos ganhos internos e externos. O que é particularmente importante, pois em muitos casos, a melhora ocorre de forma sutil. Evidentemente esse roteiro deve ser adaptado a sua realidade e a sua pessoa. Como especialista e consultor aprendi que cada terapeuta, clínica e paciente são únicos. Aplicar esse roteiro sem refletir sobre essas variáveis é pior do que não usar nenhum roteiro. Coloquei-o como exemplo simplificado de um roteiro de trabalho. Você pode (e deve) elaborar seu próprio roteiro para melhorar a primeira sessão de atendimento. Lembre-se de ser flexível com os passos, que podem mudar dependendo da sua realidade, de imprevistos e principalmente de seu paciente. Ficarei grato de receber suas idéias e contribuições para fazer um atendimento ainda melhor. Um conceito que ajuda muito em várias situações de planejamento e intervenção em saúde é lembrar que: riscos podem ser transformados em oportunidades. Estruturar teu atendimento exige um esforço que evidenciará alguns riscos que muitas vezes passam despercebidos. E isso é muito bom! Observe as dificuldades como chances de fazer melhor e ser melhor. Atualmente, por exemplo, usamos em nossa clínica um tipo de agulha de melhor qualidade, mais fina e flexível, que as usualmente utilizadas nos atendimentos de acupuntura. Fizemos isso para diminuir o risco de lesões, mas isso logo se tornou a oportunidade ao propiciar um atendimento mais seguro, confortável e indolor. Hoje temos pacientes nos procuram por saberem desse pequeno, mais importante, diferencial. RESUMO: Estruture o roteiro de seu atendimento; Busque aumentar as chances de se criar uma sólida Aliança Terapêutica; Busque aumentar as oportunidades de observar seu paciente; Comece o trabalho terapêutico o mais cedo possível; Transforme riscos em oportunidades! CAPÍTULO 4 - Como usar um protocolo para avaliar de forma completa? Agora entramos na prática da avaliação oriental. Como já foi comentado, um dos principais objetivos desse livro é o aprimoramento da técnica de avaliação por meio do uso do Protocolo de Avaliação. Essa é uma ferramenta estruturada, desenvolvida para que você possa avaliar seu paciente e ainda aprender as principais variáveis do exame oriental. Ela está disponível em www.curaacupuntura.com.br/site/livro. E recomendo que você imprima uma versão agora mesmo para melhorar sua experiência na leitura desse capítulo. No capítulo 05 você aprenderá a fechar o diagnóstico e organizar o pensamento clínico, com base nas informações colhidas e estruturadas por meio desse protocolo. Para você conseguir tirar o máximo da ferramenta é importante você ter em mente algumas informações: O Protocolo de Avaliação foi elaborado com base em algumas obras: Diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa , escrito por B. Auteroche & P. Navailh (Organização Andrei Editorial LTDA; 2ª Edição - 1992) que traz uma visão mais clássica, estabelecendo de forma pormenorizada a relação sutil entre a arte do diagnóstico, a saúde e a doença; Acupuntura e Fitoterapia Chinesa Clássica , do Prof. DR. Guilherme E. F. Carvalho (Taba Cultural Editora; 1ª Edição – 2003) sintetiza de forma coerente grande parte do http://www.curaacupuntura.com.br/site/livro conhecimento médico oriental permitindo, uma compreensão clara e estruturada dessa medicina; Diagnóstico na Medicina Chinesa – Um Guia Geral, escrito por Giovanni Maciocia (Editora Roca LTDA; 1ª Edição – 2006) apresenta uma extensa revisão e interpretação dos sinais e sintomas pela medicina chinesa; (SUPER!) IMPORTANTE: Para não encher a parte seguinte do texto com as referencias de cada uma dessas obras, optei por colocar as indicações de autoria de forma mais simplificada próxima de cada tabela ou início de cada sessão. Não é meu objetivo realizar qualquer tipo de plágio. Mas sim reunir e organizar informações para facilitar o aprendizado de qualquer estudante sério. Por esse motivo coloquei as páginas onde você poderá encontrar as informações (de forma mais completa) nos livros de referencia. Recomendo que você compre e leia essas obras. Elas realmente podem ajudar você a se tornar um grande profissional. Ao comprar essas obras, você devolve a ajuda que recebeu e propicia que surjam novas publicações. Aproveite a lei da causa e efeito ao seu favor! Use esse link para comprar com preço justo ou descontos: Diagnóstico na Medicina Chinesa – AUTEROCHE & NAVAIL http://amzn.to/2rj4CDJ Diagnóstico na Medicina Chinesa – MACIOCIA http://amzn.to/2sCdqZi http://amzn.to/2rj4CDJ http://amzn.to/2sCdqZi O Instrumento de Avaliação é inicialmente dividido em duas partes , a saber: Protocolo de Avaliação : é a ficha de avaliação para a condução do processo de diagnóstico estruturado. Ele deve ser usado no momento da avaliação do paciente. A ficha pode ser baixada em: www.curaacupuntura.com.br/site/livro ; Chave do Protocolo de Avaliação : apresenta de forma pormenorizada, os itens de diagnóstico incluindo sua significância clínica; permitindo, após a coleta dos dados, seja feita a interpretação item a item dos sinais observados. A chave está colocada na íntegra nesse capítulo e sua numeração é a mesma do Protocolo de Avaliação. O leitor que já conhece a literatura básica perceberá que a parte das tabelas utilizadas neste instrumento são estruturadas de acordo com os esquemas da obra do Prof. Dr. Guilherme E. F. Carvalho. Contudo a informação foi revisada, ampliada e ajustada para que pudesse facilitar sua utilização na clínica diária. De qualquer forma, recomendo o livro Acupuntura e Fitoterapia Chinesa Clássica (do Prof. Guilherme Carvalho) como um excelente guia resumo de grande parte da teoria da medicina oriental. As alterações feitas nestas tabelas bem como, outros itens do exame, foram delineados, principalmente, a partir das obras dos Professores Giovanni Maciocia e de B. Auteroche & P. Navailh, livros que devem ser consideradas como referências básicas de aprofundamento. Outras alterações foram elaboradas por meio da experiência pessoal do autor, fruto do cuidado e da observação de milhares de atendimentos. http://www.curaacupuntura.com.br/site/livro Notar-se-á também que não há, no Protocolo de Avaliação , uma das quatro partes clássicas do exame: WEN ZHEN (Audição-Olfação). Por motivos de organização, os itens desta parte foram divididos entre as demais. Outra importante diferença é que a ficha de avaliação começa com o interrogatório da história e da queixa do cliente, etapa que de acordo com as obras clássicas, só seria feita em um momento posterior do exame. Essa alteração foi feita para: adequar o exame à prática clínica ocidental e permitir um olhar mais direcionado do terapeuta, bem como dar tempo para a etapa de WANG ZHEN (Observação). Certamente, no futuro você poderá desenvolver seu próprio protocolo. Esse é um passo importante no aprimoramento de qualquer profissional. Mas por enquanto, mesmo que seu curso de especialização já tenha lhe dado outro protocolo, sugiro usar o que é proposto neste livro. Pois posso afirmar, que a maioria dos protocolos utilizados nas escolas do país não inclui uma chave de avaliação tão completa e que obrigue realmente o estudante a pensar da maneira oriental. A melhor maneira é começar fazendo uma auto avaliação. Baixe o protocolo, e se auto avalie da melhor forma que puder. Depois avalie seus colegas de curso, ou amigos ou familiares. Quando você tiver dominado a estrutura básica da ferramenta, você terá o domínio e a segurança para conseguir excelentes resultados com seus pacientes. Poderá até voltar para o protocolo de sua escola e trazer novas sínteses ou melhorias no mesmo. Caso o protocolo de sua escola seja realmente completo como esse, ótimo! Você poderá fazer um estudo comparado e se desenvolver ainda mais na arte da avaliação. E se você quiser (e puder) mandar o material vai ser maravilhoso! Meus contatos estão no final do livro e na pagina: www.curaacupuntura.com.br/site/livro . http://www.curaacupuntura.com.br/site/livro Terminadas as explicações básicas, vamos apresentar a Chave do Protocolo de Avaliação: Chave de Interpretação do Protocolo A Chave do Protocolo de avaliação apresenta “item a item” a interpretação e o significado clínico dos itens apresentados no Protocolo. Em praticamente todos os tópicos você verá quatro partes fundamentais: Número do item; Nome do item; Forma, sinais, características... Como aparece ou o que observar; Significado clínico; (geralmente em negrito) Observe essas informações com cuidado, para que você não se confunda na hora de anotar e interpretar os dados. Esse é um erro muito comum. Mesmo entre profissionais experientes, por exemplo, vemos muitas pessoas confundindo sintomas com o nome das doenças. 1 – Descrição do contexto inicial 1.1 – Dados sóciométricos. Diversas informações interessantes para a saúde podem ser obtidas apenas lendo esses dados. Sequem alguns exemplos A observação da hora, local e data do nascimento pode ajudar se você quiser usar técnicas como a cronoacupuntura. Os dados de nascimento também podem trazer informações sobre doenças da primeira infância e aspectos pré- natais O local onde o paciente reside e a sua profissão podem contribuir para determinados tipos específicos de desequilíbrios ou hábitos. Lembro-me de uma divertida situação, onde um carteiro, paciente meu, estranhou a recomendação do médico para fazer caminhadas várias vezes na semana. 1.2 – Primeiras impressões gerais sobre o cliente e sua maneira de contato. Qual a primeira impressão que o terapeuta tem? Como o cliente se move, conversa, escuta e como ele se comporta nesse contato? Isso é importante porque você rapidamente se acostuma com o jeito do cliente e passa a não observar detalhes que podem ser significativos ao longo do tempo. Use esse espaço, também para registrar o interesse do cliente no tratamento: pontualidade, freqüência, assiduidade. Essas informações ajudam muito em casos de desequilíbrios emocionais. 1.3 – Motivos da Consulta & Principais Queixas Recomendo anotar, preferencialmente usando algumas das palavras do cliente, pois isso favorece o contato terapêutico. Caso já exista, registre o diagnostico anterior e disfunção relatada, bem como sua fonte. É nesse momento que você começainternamente a estabelecer os objetivos do tratamento e sua capacidade de ajudar. Recomendo que você compartilhe os objetivos do tratamento com seu cliente, pois isso pode aumentar a eficácia do tratamento. Espere o momento certo da sessão para fazer isso e se for possível, pergunte os objetivos do cliente. Pessoalmente eu escolho o momento certo de fazer isso caso a caso dependendo do ritmo da sessão, do nível cognitivo e da personalidade do cliente. 1.4 – Histórico Pessoal, Fatos Significativos e Tratamentos Faça uma síntese das relações do histórico com o quadro atual. Além de procurar as causas das patologias, procure por sucessos e fracassos dos tratamentos já tentados. Busque entender como a pessoa está lidando com o problema e a natureza geral do mesmo. 1.5 – Antecedentes patológicos e familiares Esse campo é importante para diagnosticar problemas congênitos. Observar também problemas nas histórias e constelações familiares, bem como, predisposições do ambiente atual (fatores patogênicos). Alguns princípios de patologias se deslocam entre as pessoas próximas e até entre as gerações, observe isso com cuidado. 2 – WANG SHEN - Inspeção. (p.1 – MACIOCIA; p. 134 – CARVALHO; p. 147 – AUTEROCHE & NAVAILH) Um dos principais princípios do diagnóstico oriental estabelece que devido às relações entre Zang Fu e a superfície do corpo, às alterações do interior refletem/aparecem no exterior do corpo. Assim, observando com atenção o exterior, podemos compreender o que está acontecendo no interior do corpo. 2.1 – Shen & Estado Mental (p.27 – MACIOCIA; p. 134 – CARVALHO; p. 147 – AUTEROCHE & NAVAILH) 2.1.1 Shen Forte/Normal: pessoa com energia, mais entusiasmo, olhos vivos, brilhantes, tendo o esplendor do “shen” (vivacidade), aspecto geral de saúde, consciência clara, elocução distinta, respostas rápidas, respiração regular, gestos normais, cor brilhante no rosto, cooperação, personalidade estável e direcionada. Significado clínico: Enfermidade leve; Prognostico bom; Boa estabilidade em caso de fatores patogênicos emocionais; 2.1.2 Shen Fraco/Perdido: falta de entusiasmo/cooperação, olhos sem brilho, olhar fixo, apatia, reações lentas, respiração irregular, gestos deficientes ou anormais, cor esmaecida do rosto, pensamento lento. Significado clínico: Enfermidade grave; Prognostico ruim; Pessoa mais suscetível a problemas de todas as naturezas, inclusive mentais/emocionais. 2.1.3 Falso Shen: o paciente, após um período de grave deficiência, manifesta um aumento súbito do shen e da vitalidade. Exemplo de sinais: a voz baixa e torna-se forte, o doente fala com energia e volubilidade; o estado mental melhora subitamente; a face toma cor; a inapetência transforma-se em bulimia; a tristeza em alegria; Significado clínico: “ Melhora antes do Fim”; Prognostico muito severo. 2.1.4 Demência com apatia: apatia; fala pobre e espaçada; mente lenta e embotada; expressões emocionais não congruentes com a situação. Muito comum no atendimento de pacientes psiquiátricos e cada vez mais comum nos dias de hoje. É importante investigar se o paciente está usando alguma medicação e se usa/abusa de outras substâncias. Significado clínico: Corresponde ao Qi das mucosidades se aglomerando e isolando o Shen do Coração. 2.1.5 Demência agitada: grande agitação; gritos; agressões; violência; dificuldade de reconhecer pessoas próximas. Significado clínico: Fogo das mucosidades perturbando o Coração. 2.1.6 Tremor - Epilepsia: tremores involuntários nos membros ou no corpo, estado físico de agitação, nos casos mais graves corresponde ao SHEN que se manifesta em ataques epiléticos; perda dos sentidos; quedas repentinas; espasmos no rosto e os olhos; tremor nos lábios, corrimento de saliva; forte agitação espasmódica dos membros. Significado clínico: Trata-se de mucosidade obstruindo os orifícios do Coração e o Vento do Fígado agitando-se no interior . 2.2 – Compleição Facial (p.33 – MACIOCIA; p. 134 – CARVALHO; 150 – AUTEROCHE & NAVAILH) 2.2.1 PÁLIDA/BRANCA: Face com cor esmaecida e pálida. Significado clínico: Deficiência, má circulação ou perda de Qi e de Xue. Padrão de Vazio; Plenitude de Yin; Deficiência de Yang; Síndrome de frio; Síndrome dolorosa. 2.2.1.1 Rosto branco brilhante com edema subcutâneo = falta de Yang QI; 2.2.1.2 Rosto branco pálido sem edema = falta de sangue nutriente (Yin QI). 2.2.2 AMARELADA: Face com tons amarelados, indicando deficiência das funções do baço. Significado clínico: Síndrome de Mucosidade ou Umidade; Deficiência do QI do PI e/ou do WEI; Síndrome de icterícia. 2.2.2.1 Rosto amarelo, brilhante = Calor-Umidade; 2.2.2.2 Rosto amarelo, baço/apagado = Umidade-Frio . 2.2.3 AVERMELHADA: A face avermelhada costuma representar 3 síndromes: 2.2.3.1 Rosto inteiramente avermelhado = Síndrome de Calor Cheio ( excesso de Yang perverso nos Zang Fu) ; 2.2.3.2 Parte superior do rosto avermelhada = Síndrome de Calor Vazio ( TA Inferior em Vazio e Frio, com subida do Yang QI aparente) ; 2.2.3.3 Apenas maças do rosto vermelhas = Falso Calor ( vazio de Yin e excesso de Yang ). 2.2.4 AZULADA/ESVERDEADA: Mais comum em regiões com invernos mais rigorosos ou pacientes expostos ao Frio. Significado clínico: Síndrome de frio; Síndrome de dor; Estase de Xue; Síndrome convulsiva (especialmente em crianças). 2.2.5 PRETA: Face escurecida e tendendo para a cor negra em pontos isolados ou como um todo. Significado clínico: Forte deficiência do Rim; Síndrome de frio; Estase de Xue; Síndrome de retenção de líquidos; Estagnação de QI e XUE; TANYIN . 2.2.5.1 Órbitas negras = estagnação de água por vazio de Rins e/ou nas leucorréias nas quais o Frio e a Umidade se acumulam no triplo aquecedor inferio; 2.2.5.2 Rosto enegrecido e ressequido = estado crônico de deficiência de Jing dos Rins . 2.2.6 CARACTERÍSTICAS: Espaço destinado para o registro de outros sinais de interesse e sinais levantados com base no diagnóstico facial. À medida que se especializar use esse espaço para registrar suas observações e aprofundamentos. 2.3 – Aspecto Geral do Corpo ( p. 152 – AUTEROCHE & NAVAILH) 2.3.1 Robutez X Fraqueza: avalie a compleição física geral, AUTEROCHE & NAVAILH, sintetizam bem esse aspecto: “ se o interior estiver florescente, o exterior será robusto; se o interior estiver declinante, o exterior será fraco”. Significado clínico: 2.3.1.1 Corpo Robusto = força, saúde e plenitude no interior; 2.3.1.2 Corpo Fraco = deficiência no interior dificuldade de ter/manter a saúde. 2.3.2 Gordura X Magreza: 2.3.3 Obesidade = QI deficiente, TANYIN ou Umidade ; 2.3.4 Gordo, pele branca sem brilho e mente pesada = Yang QI deficiente; 2.3.5 Magro, rosto cavado, peito estreito, pele ressequida = Yin XUE insuficiente ; 2.3.6 Magreza extrema, corpo descarnado = Jing esgotado ; 2.3.7 Deformidades: Avaliar insuficiências congênitas. Exemplo: “tórax em quilha” e cifose são devidos a uma perda de QI do pulmão, fraqueza do PI e WEI e falta de Jing do SHEN . Observe as relações dessas características com a patologia do paciente. 2.3.8 Porte e Movimentos: “ O Yang rege o movimento, o Yin rege o repouso”, o fato de se mover corresponde a um sintoma Yang o fato de ficar quieto corresponde a um sintoma Yin. Desequilíbrios nos movimentos podem dar excelentes informações sobre o desequilíbrio energético do paciente. 2.4 – Inspeção da Língua Essa é uma
Compartilhar