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MANUAL_PRÁTICO_DE_DIAGNÓSTICO_EM_ACUPUNTURA

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MANUAL PRÁTICO DE
DIAGNÓSTICO EM
ACUPUNTURA E MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA
 
COMO AVALIAR E FECHAR
DIAGNÓSTICOS DE FORMA
SEGURA, RÁPIDA E PRECISA
 
GUSTAVO LIMA
 
 
Informações de responsabilidade
 
 
 
 
Aviso de responsabilidade
 
Atualmente, em todas as áreas e em especial na área da saúde,
encontramos constantes mudanças. Assim torna-se importante que o leitor
esteja atento para se manter sempre atualizado de modo a adequar-se as
novas pesquisas e as informações que surgem à medida que o conhecimento
se amplia. Do mesmo modo, uma formação reconhecida e de boa qualidade,
apoiada na experiência prática é fundamental. É de responsabilidade do
leitor o uso das informações aqui contidas. Em qualquer caso de
insegurança, deve-se buscar a orientação de um especialista em saúde para
determinar as melhores condutas para promoção da saúde. O autor e o
editor não assumem qualquer responsabilidade em relação a qualquer dano
ou prejuízo as pessoas ou a propriedades, em virtude das informações, usos
e opiniões contidos nessa publicação.
 
Dedicatória
 
Dedico esse livro aos Mestres, visíveis e invisíveis, internos e externos
que com seus corações amorosos e suas mentes sábias e seu espírito
inquebrantável, lutam com toda a força de vontade para o bem da
humanidade.
Dedico em especial ao Mestre que existe dentro de ti. Que ele possa
florescer e ajudar incontáveis pessoas. Assim como eu também fui
infinitamente ajudado.
 
Por fim, são inúmeros os nomes de amigos, colegas e familiares que me
ajudaram a escrever essa obra... Dedico essa ultima linha a cada um de
vocês... meus Mestres do Coração!
 
 
Antes de tudo, um pedido...
Peço que você dedique algum tempo para avaliar e comentar essa obra
tanto na Amazon, quanto na Internet. Essa publicação está sob constante
revisão e cada comentário pode ser incorporado às novas edições. Assim
você viabiliza sua participação na construção de um livro cada vez melhor e
mais atual. Respeitando a política do editor, as novas versões vão estar
disponíveis para você da melhor forma possível.
As avaliações positivas, publicadas na Amazon, além de permitirem,
manter os bons conteúdos, ajudam outras pessoas. Elas também estimulam
a publicação de outros materiais no futuro! É meu desejo ajudar
continuamente para que você alcance mais sucesso e felicidade!
Contudo, se você tiver uma avaliação negativa, crítica, ou encontrou
algum erro no livro, sinta-se livre para usar meu e-mail pessoal:
dr.gustavolima@gmail.com . Faço questão de resolver qualquer problema e
te ajudar rapidamente. Agradeço seu tempo e cuidado em me enviar suas
observações! Muita Luz
 
 
Conteúdo
Informações de responsabilidade
mailto:dr.gustavolima@gmail.com
Copyright
Aviso de responsabilidade
Dedicatória
Antes de tudo, um pedido...
Introdução
Como usar melhor esse livro
CAPÍTULO 1 – C omo é feita a Avaliação?
CAPÍTULO 2 – Quais são os passos fundamentais da avaliação?
Inspeção ou Observação
Interrogatório ou Inquérito
Exame Audio-Olfativo
Palpação
Interpretação dos Sinais e Sintomas
Identificação dos Padrões de Desarmonia
Fechamento do Diagnóstico
Estabelecimento da estratégia terapêutica e conduta
CAPÍTULO 3 – Como conduzir uma (SUPER) sessão de avaliação?
Quais os cuidados que fazem a diferença antes de iniciar a sessão?
O primeiro contato
A preparação do ambiente
A recepção do paciente
Quais fatores influenciam o início da sessão?
A interação terapeuta-paciente
Construindo uma boa relação terapeuta-paciente
A Aliança Terapêutica como fator de sucesso
A técnica e a arte da primeira sessão
CAPÍTULO 4 - Como usar um protocolo para avaliar de forma completa?
Chave de Interpretação do Protocolo
1 – Descrição do contexto inicial
1.1 – Dados sóciométricos.
1.2 – Primeiras impressões gerais sobre o cliente e sua maneira de
contato.
1.3 – Motivos da Consulta & Principais Queixas
1.4 – Histórico Pessoal, Fatos Significativos e Tratamentos
1.5 – Antecedentes patológicos e familiares
2 – WANG SHEN - Inspeção.
2.1 – Shen & Estado Mental
2.2 – Compleição Facial
2.3 – Aspecto Geral do Corpo
2.4 – Inspeção da Língua
2.5 – Observações livres e desenhos
3 – WEN ZHEN – Interrogatório
3.1 – Sobre a Dor (características e localização)
3.2 – Sobre o Suor ou a Transpiração
3.3 – Frio e Calor (Calafrios e Febre)
3.4 – Audição e Visão
3.5 – Sobre o Sono e Sonhos
3.6 – Sobre a Sede, Apetite e Sabores Bucais
3.7 – Sobre a Micção e as Matérias Fecais
3.8 – Sobre a Menstruação, leucorréias e partos
3.9 – Emoções, estilo de vida, lar e ambiente de trabalho
4– QUIE ZHEN – Palpação
4.1 – Exame do Pulso
4.2 – Pontos Shu-Mo
4.3 – Palpação do corpo e notas finais
5 – Observações finais do Protocolo e da Chave de Interpretação
CAPÍTULO 5 – Como interpretar corretamente os dados colhidos?
Primeiro passo: Classifique os sinais nos sistemas
Segundo passo: Defina o diagnóstico de cada sistema
Terceiro passo: Faça uma descrição diagnóstica do paciente
Quarto passo: Tratar o paciente e reavaliar periodicamente
CAPÍTULO 6 – Resolvendo as dificuldades e trilhando em direção à
Maestria!
Qual é a diferença entre Padrão e Doença?
O que fazer se o mesmo sinal indicar patologias muito diferentes?
Devo tratar com base no padrão ou com base na doença?
CAPÍTULO 7 – Presentes e Bônus para aqueles que vão além!
Protocolos especiais para Equilíbrio e Diagnóstico
Sintomas “Aleluia” – Sintomas que fecham diagnósticos
Mensagem Final
Referências
Sobre o Autor
 
 
 
 
Introdução
 
Eu não tive apenas um mestre. Desde quando eu comecei meus estudos
eu fui abençoado com a presença de vários!
Um era uma pessoa muito tida como muito rígida, que não gostava de
qualquer tipo de distração durante suas aulas. Pois, por uma característica
pessoal, tinha uma grande dificuldade de falar em público e dominar o
idioma ocidental. A maioria dos seus alunos o consideravam um péssimo
professor. Mas para mim, que chegava mais cedo, prestava toda atenção e
participava do pequeno grupo que se dedicava a estudar com afinco... ele se
mostrou um excelente professor, mestre e amigo. Dedicava-se a explicar
quantas vezes fosse necessário. Disponibilizava novos recursos e com um
olhar divertido e um sorriso maroto contava aquele segredo que fazia pensar
totalmente diferente. Era aquele guia que te ajudava a avançar meses de
estudo em poucas horas. Para ele, a medicina tradicional chinesa não era
apenas um conhecimento técnico, mas uma arte de curar por meio dos
valores e da disciplina.
Outro mestre era uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci.
Ele era completamente dedicado ao estudo da medicina oriental e também
(por lazer) da medicina ocidental. Era o tipo de pessoa que devorava um
assunto complexo em pouco tempo e tinha uma energia fora de série. Dava
a impressão que ele não dormia. Um bom tempo depois eu descobri que ela
apenas dormia poucas horas por dia e nunca parecia ter qualquer cansaço.
Sua capacidade de avaliação desafiava a de outros profissionais e não raras
vezes ele propunha um diagnóstico e conduta clínica completamente
diferentes que, apesar de não parecer fazerem sentido no momento inicial,
se mostravam verdadeiros e promoviam a uma nova maneira de ajudar os
pacientes.
Outros mestres eram mais próximos, outros mais distantes... Alguns
mestres já tinham escrito diversos livros. Outros dedicavam a passar seu
conhecimento de forma oral, assim como tinham aprendido. Outros, devo
confessar, já tinham até morrido e só pude receber sua orientação pelo seu
esforço em deixar algo que perdurasse e ajudasse os as pessoas no futuro.
Enfim, fui abençoado em ter muitos mestres, mais do que eu poderia citar.
E é por gratidão a eles que eu escrevi esse pequeno manual.
O objetivo desse livro é te ajudar a fechar diagnósticos em Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) de forma fácil, rápida e com precisão. Ele foi
construído organizando as orientações de vários mestres e autores. De modo
a você ter um roteiro detalhado de como fazer um diagnóstico oriental
passo-à-passo. Embora o título pareça pomposo,acredito que aqui estão os
fundamentos para você estruturar seu pensamento clínico de modo a
construir um processo organizado e que te permita chegar, no futuro, à
maestria.
Provavelmente você, como muitos estudantes, já percebeu que seu curso
de acupuntura tenha algumas lacunas e que falta algum “elemento de
ligação” entre as diferenças matérias. Acredite esse sentimento é muito
comum. Em parte eu acredito que isso seja por que no Brasil, os cursos
sejam relativamente curtos e as matérias muitas vezes desconectadas. Não
se preocupe. Já passei por isso, sei que você irá passar e superar isso
também. Esse livro foi escrito para te ajudar a conectar esses pontos em
algo eficaz para a saúde de seus pacientes.
Acho importante dizer que nesse livro vou usar os termos Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) e Acupuntura como sinônimos. Farei isso para
simplificar e facilitar seu aprendizado do que realmente é importante.
Percebo, também, que a maioria dos pacientes não conhecem a diferença
desses termos e na pratica clínica os dois são usados como se fossem a
mesma coisa, o que não é verdade. Acredito que você já saiba ou em breve
irá descobrir essa diferença e poderá perdoar o uso dos dois como
sinônimos nessa publicação.
Escrevi esse livro por perceber (e acreditar) que a capacidade de fechar
um diagnóstico é uma das principais competências que um profissional da
saúde deve ter. Mas, infelizmente, é o conhecimento que os estudantes da
medicina oriental mais têm dificuldade em assimilar. Incontáveis alunos se
formam sem ter domínio de como fazer diagnósticos. E por conta dessa
deficiência amargam muitas dificuldades em seu desenvolvimento
profissional. Pois é essa capacidade que permite saber o “onde está” e o
“para onde se deve ir” no processo de auxílio ao paciente.
Arrisco-me a dizer que só o domínio dessa competência, praticamente já
pode garantir o seu sucesso profissional! Imagine, por exemplo, uma
situação onde um especialista só sabe tratar uma patologia, como as
lombalgias. Mas apesar da ignorância dele em tratar outras condições, esse
profissional consegue fazer uma ótima avaliação e assim consegue
encaminhar com excelência todos os pacientes que não sofrem de
lombalgias. Pode apostar que a agenda desse profissional estará lotada em
pouco tempo!
Este livro foi desenvolvido para te ajudar! Não importa se você é um
estudante ou um profissional formado há muitos anos. A principal
motivação, que me levou a escrever esse livro, foi perceber que muitos
especialistas (já formados), não têm um método completo ou conhecem
realmente de como é feito o diagnóstico oriental. Eles são obrigados a
praticar uma espécie de acupuntura mista entre o modelo oriental e
ocidental, com uma medicina preenchendo as lacunas deixadas pela outra.
Muitos estudantes, por não terem um modelo estruturado, infelizmente,
acabam se prendendo a uma pequena parte da MTC e não utilizam muitas
das potencialidades dessa medicina milenar. Aprofundar o domínio desse
conhecimento vai te permitir realizar um tratamento mais completo e
promover uma verdadeira transformação da saúde e da qualidade de vida de
seus pacientes.
Esse livro foi escrito para realmente melhorar a vida de milhares de
pacientes. Ao ter sido abençoado com a orientação de vários mestres,
percebi que a essência do trabalho de um mestre está no amor. Promover o
bem e o crescimento da humanidade é o que norteia o trabalho de um sábio.
Acredito que dedicar essas linhas, a aumentar a sua capacidade de fazer um
excelente diagnóstico além de ser uma forma de te ajudar, é uma maneira
realmente importante de melhorar a saúde e a qualidade de vida para
incontáveis pessoas!
 
 
 
Como usar melhor esse livro
 
Para facilitar seu aprendizado, vamos começar explorando alguns pontos
práticos e pouco discutidos da arte de avaliação. Depois entramos em uma
parte teórica e pratica, onde conheceremos um método simples e eficaz de
fazer a avaliação. Na terceira e última parte, vamos descobrir como se faz
para organizar esses dados e compreender o que está acontecendo com seu
paciente, na visão da medicina oriental.
Para ser um bom profissional você terá que ter um domínio satisfatório
das teorias básicas da MTC e das causas de patologia. Na verdade quanto
mais você souber dessas matérias melhor será sua atuação como
especialista. É esse conhecimento que te dá uma visão geral do organismo,
de como ele funciona e o que pode dar errado. Não é objetivo deste manual
ensinar todo esse conteúdo. Estou partindo do pressuposto que você já tem
algum conhecimento dessas matérias. Se em algum momento da leitura,
você se sentir inseguro ou não entender algo (por falta de algum
conhecimento básico) é melhor você parar estudar um pouco melhor o que
ficou faltando antes de continuar a usar esse livro.
Mas não se preocupe! Apenas pare, estude o que falta e continue o
processo! Na verdade a maioria das pessoas que começam a estudar a MTC
tem lacunas nas bases teóricas e filosóficas. Estudar a arte de diagnóstico é
uma excelente maneira de perceber o que está faltando e estudar o que
realmente é mais importante. Perceba que as necessidades reais dos seus
pacientes são ótimos motivadores e indicadores do que realmente é
fundamental! Sugiro que você nunca negligencie uma formação sólida.
Tenha a consciência que sua capacidade de avaliar irá crescer na mesma
proporção em que você aprofundar seu conhecimento nas teorias de base da
MTC. E que sua capacidade de ajudar seus pacientes será mensurada
diretamente pelos seus resultados nessas duas habilidades.
Esse livro também pressupõe que você já estudou ou tenha tido aulas
práticas sobre o diagnóstico oriental. Aqui você não irá encontrar imagens
com as cores da língua ou da cútis, por exemplo. Estou considerando que
você já tenha uma noção desse conhecimento e que só não saiba como
transformá-lo em um diagnóstico eficaz.
Mas se esse não for o seu caso e você estiver na estaca zero nesse
conhecimento, novamente, não se preocupe! Tenho um segredo para você:
Mesmo que essa formação tenha sido incompleta ou que você já tenha
esquecido algo, provavelmente você será capaz de reconhecer os principais
sinais. Se não, busque aprende-los à medida que for encontrando as
descrições no livro. Dessa forma, você pode usar esse livro como um
guia/mestres de estudos! E Acredite, é muito mais fácil aprender algo
quando você já tem uma idéia de como aquilo será usado em um contexto
maior.
A dica de ouro é: nesse método de avaliação, observamos diferentes
sinais de forma integrada. De modo que, se você não dominar um deles,
nada impede a observação e interpretação do sinal seguinte. Busque
aprender, revisar ou relembrar o que (você perceber) que está “faltando”. E
se apóie naqueles conteúdos que você domina mais. Provavelmente você ira
se surpreender com os resultados e com a velocidade que você vai
conseguir fazer diagnósticos. Mesmo que tenha algumas lacunas na sua
formação, esse livro vai te ajudar a aplicar esses conhecimentos de forma
harmônica para fazer um diagnostico eficaz.
Mas lembre-se! Se você sempre perceber algum grau de insegurança de
como reconhecer algum sinal específico, é importante buscar esse
aprendizado. Procure mestres, amigos mais experientes, faça uma
reciclagem ou participe de um ambulatório... Enfim, descubra a sua
maneira! Quanto mais vezes você observar um sinal, mais fácil será
reconhecer as alterações patológicas. Acredite: os verdadeiros especialistas
em Medicina Tradicional Chinesa são pessoas sempre dispostas a aprender
e encontrar formas de ajudar seus pacientes. Na minha percepção não há
como se aprofundar verdadeiramente nessa arte, sem uma percepção mais
taoista e amorosa da vida!
Terminadas essas considerações, vamos nos tornar mestres no processo
de avaliação!
 
 
 
CAPÍTULO 1 – C omo é feita a Avaliação?
 
É mais fácil montar um quebra-cabeça quando você já uma visão do
todo. Para ficar mais fácil para você, vamos começar delineando uma visão
geral do processo de avaliação e diagnóstico em MTC. Nessa partedo livro
busque apenas compreender de forma geral: (1) o que é cada parte do
processo de avaliação; (2) onde cada parte deve ser usada; (3) como elas se
relacionam e (4) a importância relativa de cada uma. Montando em sua
mente esse quadro geral, você poderá fazer uma avaliação com facilidade.
De forma geral toda a avaliação começa com o registro e observação
dos: sinais, sintomas e características do paciente. A maioria dos
especialistas realiza uma sessão de diagnóstico para recolher esses dados.
Alguns dados terão uma relevância maior ou menor de acordo com os
problemas do paciente e os objetivos do tratamento.
Após o registro desses dados é feita a interpretação do significado
clínico de cada um dos sinais, dos grupos de sinais e sintomas específicos
do cliente. O objetivo dessa interpretação é formar uma visão energética do
paciente como um todo.
O significado clínico de cada um dos sinais varia de acordo com vários
fatores. Por exemplo, uma febre pode ter um significado diferente se ela é
ou não acompanhada de calafrios. Uma patologia pode ser considerada
superficial ou profunda de acordo com a constituição do paciente. Para a
Medicina Tradicional Chinesa não existe uma análise isolada de um ou
apenas poucos fatores. Quanto maior for a sua capacidade de integrar
coerentemente os diferentes sinais e características dos seus pacientes,
melhor será sua capacidade de diagnóstico.
São esses conjuntos de sinais e sintomas já interpretados que permitem
identificar os Padrões de Desarmonia. Em outras palavras: o padrão
energético predominante no momento da avaliação é identificado pela
totalidade dos sinais, sintomas e características do paciente.
Há diversos padrões diferentes e eles são divididos em grupos para
facilitar o diagnóstico e o tratamento. Portanto não se assuste se um
paciente apresentar diferentes padrões que se combinam. Na prática clínica,
estes padrões podem ser priorizados (ou não) de acordo com a decisão e
experiência do especialista em medicina chinesa.
É por esse motivo que é relativamente comum acupunturistas
apresentarem diagnósticos aparentemente diferentes de um mesmo
paciente. O mais interessante é que mesmo sendo “diagnósticos diferentes”,
no geral as condutas clínicas são coerentes e os resultados são alcançados
por diferentes caminhos e até de diferentes formas. Isso já foi testado e
comprovado por pesquisas científicas. Aproveite esse conhecimento para
ser mais criativo e atento nas suas avaliações. Não se prenda achando que
há apenas uma única maneira correta de avaliar e tratar determinado
paciente.
Após a identificação do(s) Padrão(ões) de Desarmonia é “fechado” o
processo de diagnóstico. Os próximos passos são: estabelecer uma
estratégia e começar o tratamento. A partir daí o paciente é submetido aos
procedimentos pertinente e deve ser reavaliado de acordo com o julgamento
do especialista.
Particularmente, eu não costumo “fechar” o diagnóstico de forma
definitiva na primeira sessão. Eu gosto de observar como o paciente reage e
vou adaptando a conduta e aprofundando o diagnóstico no decorrer do
tratamento. Faço isso para ajustar continuamente o meu tratamento à
evolução das condições dos meus pacientes. Outros especialistas preferem
“fechar” o diagnóstico, realizar um grupo de sessões, para depois
reavaliarem o paciente. Desse modo podem padronizar melhor as sessões e
tratar condições de forma direcionada. Não acredito que haja uma única
forma correta. Escolha a maneira que melhor se adapta para você, seu
paciente e sua prática clínica.
Uma última observação é que no final do livro eu coloquei algumas
técnicas (super testadas) e dicas práticas (valiosas) para você conseguir
fechar um diagnóstico e começar um tratamento de forma eficaz.
Aproveite! �
 
RESUMO:
Partes do processo de avaliação:
1) Registro dos sinais e sintomas
2) Análise e interpretação dos sinais e sintomas
3) Identificação dos Padrões de Desarmonia
Partes do processo de tratamento:
1) Escolha da estratégia de tratamento
2) Escolha da, freqüência, técnicas, fitoterápicos e etc.
3) Implementação
4) Acompanhamento e/ou reavaliação (quando o ciclo se reinicia)
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 – Quais são os passos
fundamentais da avaliação?
 
Muitas pessoas confundem o processo de registro dos sinais e sintomas
como sendo o processo de avaliação como um todo. Como você acabou de
ver, esse é apenas uma parte do trabalho. Normalmente na sessão de
avaliação o especialista usa uma ficha de atendimento estruturada e busca
de diferentes formas, sinais e sintomas que permitam compreender o
processo de adoecimento do paciente. Seguindo esses passos e usando uma
ficha estruturada você será capaz de identificar o padrão de desarmonia
atual, as causas da doença e estabelecerá as condutas de tratamento dos seus
pacientes.
Relembrando o estudo das bases da MTC aprendemos que são quatro os
principais métodos de diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa. Na 61ª
Dificuldade do Nan Jing eles são chamados de períodos do exame. Seja
qual for a maneira que você aprendeu, são eles:
INSPEÇÃO ou OBSERVAÇÃO
INTERROGATÓRIO ou INQUÉRITO
EXAME AUDIO-OLFATIVO (Diagnóstico pela Audição
e pela Olfação)
PALPAÇÃO
O princípio básico de todos eles é o mesmo: Como as relações do
interior aparecem no exterior, por meio da observação das modificações
externas provenientes da doença, podemos compreender as causas e a
natureza interna da patologia . Portanto, nosso desafio é encontrar
manifestações visíveis de algo que a princípio é invisível (a
doença/patologia/desarmonia). Semelhante a um detetive que busca pistas
de um criminoso que ele não sabe quem é. Se ele consegue achar e
organizar as pistas da maneira correta, ele encontra o bandido e resolve o
caso. Emocionante! Não acha!?
Cada parte do exame é importante e cada uma tem suas características
em particular. Como os diferentes instrumentos e técnicas do detetive. Só
por meio da utilização sinérgica de todas é que se pode estabelecer
diagnóstico correto. Nenhuma delas é mais importante do que as outras e
negligenciar isso, pode comprometer o sucesso da análise e assim do
tratamento.
Por esse motivo, vamos aprofundar um pouco em cada uma delas antes
de continuar.
 
Inspeção ou Observação
 
Muitos consideram essa a “parte mágica” do processo de avaliação, pois
ela permite conhecer a doença e o paciente apenas pela observação, sem
perguntar ou tocar em nada. Na antiguidade esse era considerado o
diferencial do clínico superior. Essa é a primeira técnica usada e uma das
que permitem maior obtenção de informações. Por isso acho ela é tão
importante.
Normalmente são observados vários fatores como:
- O corpo em geral : forma do corpo; movimentos; constituição
física...
- A mente, o Espírito e as Emoções : comportamento; o
raciocínio; emotividade...
- As partes do corpo : a cor da face; os olhos; os cabelos; os
membros; o tórax; as costas; o abdômen ; as orelhas...
- A língua : cor; formato; saburra...
- e etc .: Iris, cicatrizes...
Não se assuste! Vamos aprofundar esse conhecimento no momento
adequado, mas desde já é importante você ter cuidado em não focar demais
em umas poucas peculiaridades ou ficar olhando demais o todo. Com a
prática busque desenvolver um bom-senso ou visão sintética que te permita
aprofundar nos sinais em particular, sem perder a visão do todo.
Se não você conhecer todos esses fatores (listados acima), busque
inicialmente desenvolver apenas uma ou duas dessas potencialidades.
Pessoas fazem diagnósticos maravilhosos apenas conhecendo bem a leitura
da íris, por exemplo. Acrescente os outros fatores de observação aos
poucos. Mas lembre-se de não se fechar apenas na observação ou apenas
em um deles. Ignorando outros sinais e sintomas. Isso pode prejudicar em
muito a sua capacidade de diagnóstico. O mesmo pode ser dito para outras
partes do exame. Um sinal é apenas um sinal e não um diagnóstico por si
só.
Mantendo essa idéia em mente, vamos para a próxima parte da
avaliação:
 
Interrogatório ou Inquérito
 
Acredito que essa é uma daspartes mais delicadas do processo de
diagnóstico. Pois é nessa parte que o terapeuta e o paciente podem trocar
algo de suas “almas”. É nessa parte que há o intercâmbio “verbal” entre
aquele que ajuda e o que é ajudado de modo a se consolidar a Aliança
Terapêutica. Os resultados que serão obtidos são influenciados pela forma
que acontece o encontro entre o especialista e o paciente. Para mim, mais
que a capacidade técnica é o estabelecimento desse vínculo, que permite
que o processo de cura aconteça.
Observe que nas outras partes do diagnóstico o paciente tem um papel
mais passivo. A troca entre terapeuta e seu paciente é menor. Uma boa
definição de diálogo é o encontro de dois “LOGOS”, de duas inteligências;
( dia = duas; logos = inteligências). Essa parte do ato de diagnóstico
permite que o processo de saúde aconteça não só pelos elementos técnicos,
mas também pelos elementos humanos. Compreendo que verdadeira
essência do encontro e do sucesso terapêutico está na vivencia de valores
como: o cuidado, a disciplina, a compaixão, o respeito, a responsabilidade e
etc. Se você cultivar essas virtudes, seu crescimento profissional e pessoal
certamente o levará em direção a uma carreira (e vida) mais plena e feliz.
De forma técnica, é nessa parte que você tem a possibilidade de obter
uma grande quantidade de informação e compreender o processo de
adoecimento ao longo do tempo. Pode-se, por exemplo, descobrir a
provável origem da doença, mesmo que os sinais iniciais já tenham
desaparecido. É possível descobrir como seu paciente se relaciona com os
fatores de adoecimento. Você também pode usar essa parte do processo para
estabelecer relações, diferenciar síndromes e conhecer as possibilidades
terapêuticas e cognitivas do paciente. Enfim, aproveita e vai fundo!
 
Exame Audio-Olfativo
 
Talvez você já tenha percebido que a há diferentes nomes para essa parte
do exame. Não se assuste, pois isso também acontece com outros termos
traduzidos da medicina oriental. No caso desse termo em particular,
acredito que parte da “confusão” seja por que o caractere chinês para ouvir
e cheirar seja o mesmo.
Ouvir (a audição) nos ajuda a compreender o paciente pela forma que
ele fala e pelos sons que emite. Podemos obter diversas informações como:
o estado energético do paciente, seu estado emocional, a profundidade de
alguns fatores patogênicos e etc...
Da mesma forma a olfação pode permitir obter informações gerais sobre
o paciente e/ou sobre o processo de adoecimento. Os tipos constitucionais
podem apresentar odores característicos. Algumas secreções, o hálito, o
suor dentre outros cheiros, podem ajudar a identificar o fator patogênico.
Lembre-se de desconsiderar cheiros de perfumes e afins, para não
prejudicar sua avaliação. Uma dica é perceber o cheiro do paciente quando
tira parte da roupa para a aplicação ou no momento que você retorna a sala
que o paciente ficou “relaxando” se o ambiente for adequado, nesses dois
momentos você terá grandes chances de perceber melhor os cheiros.
Alguns autores consideram essa uma parte secundária do exame. Eu não
penso assim. Por serem dimensões amplas, optei por distribuí-las em todo o
protocolo. Assim você não vai encontrar nenhuma parte exclusiva para elas
na ficha de avaliação. Os pontos de análise ficaram misturados de propósito
com outros itens. Por isso use os espaços livres ou o verso da ficha para
fazer anotações quando elas forem importantes para a compreensão do caso.
 
 Palpação
 
Nessa parte do diagnóstico o clínico toca o corpo do paciente. Na visão
clássica da medicina chinesa são consideradas duas regiões principais para
esse diagnóstico: o pulso e o abdômen.O pulso é um dos métodos mais
elaborados e complexos de avaliação. O domínio desse método pode
demorar anos, mas vale à pena. A avaliação do abdômen é mais simples e
objetiva. Não se deve negligenciar a palpação de outras regiões, que devem
ser avaliadas de acordo com o caso. A palpação dos locais e pontos de dor,
por exemplo, é fundamental e podem fornecer informações únicas para o
processo terapêutico.
 Dependendo do caso também é importante apalpar os
meridianos e outras partes do corpo, como: as costas, as orelhas, as mãos e
os pés e etc. Lembre-se que o toque é um contato muito pessoal. Devendo
ser realizado com cuidado, ética e critério. Ele pode trazer informações
valiosas bem como pode gerar diversos problemas se for feito de forma
inadequada. Respeito e bom senso são fundamentais.
 
Interpretação dos Sinais e Sintomas
 
Após a coleta de dados chega o momento onde o avaliador relaciona o
significado clínico dos diferentes sinais/sintomas do paciente. Só por meio
da análise em conjunto desses vários fatores que se é possível organizar o
caso segundo a MTC. Como no inicio não sabemos o padrão de desarmonia
do paciente, não podemos interpretar os sinais de forma isolada. É preciso
observá-los como um todo para se compreender o significado de cada sinal
em particular no processo de saúde e doença do paciente.
Como vamos dedicar um capítulo inteiro para fazer a interpretação dos
dados colhidos, não há motivo para você se preocupar com isso agora.
 
Identificação dos Padrões de Desarmonia
 
O objetivo do processo de avaliação na MTC é descobrir o Padrão de
Desarmonia do seu paciente. Como outros termos com diferentes traduções
da MTC, você vai encontrar autores usam a tradução “Padrão Sindrômico”
ou simplesmente de “Padrão”. Não se preocupe com isso. O mais
importante para você nesse momento, é perceber que a idéia básica é que é
mais importante se descobrir qual é o padrão de desequilíbrio do paciente
do que se descobrir a doença (nos termos ocidentais).
Na verdade esse é um raciocínio muito interessante, pois as doenças são
vistas como manifestações “superficiais” e “temporárias” dos padrões
energéticos do organismo. Sendo assim, equilibrando esses padrões as
doenças deixam de existir. Por isso dizem que a acupuntura pode tratar
todas as doenças, mesmo aquelas que são totalmente desconhecidas. Pois o
nosso foco não está na doença mais sim no padrão de desequilíbrio
energético do paciente. É por esse motivo que mesmo em casos onde a
acupuntura não seja capaz de curar a doença, ela se torna uma excelente
terapia complementar para melhorar o equilíbrio energético e a qualidade de
vida do paciente.
O Padrão de Desarmonia funciona como uma síntese de todos os sinais,
desequilíbrios e doenças daquele indivíduo. Alguns padrões podem trazer,
inclusive, explicações sobre a personalidade e funcionamento psicofísico do
paciente. Uma vez que se identifica um padrão praticamente já se identifica
o princípio de tratamento e fica fácil estabelecer a estratégia terapêutica.
Explicando dessa maneira parece muito simples. Mas como o Padrão é
uma síntese de vários fatores e de “todos” os desequilíbrios do indivíduo, é
preciso avaliar como um todo antes de se ter certeza que se identificou o
padrão correto. Talvez para você pareça ser difícil em um primeiro
momento, mas te asseguro que com a prática, você vai fazer isso com
facilidade.
Outro fator importante e que nem sempre é ensinado, é que os padrões
podem ser divididos em sistemas ou categorias. Os desequilíbrios dos
pacientes normalmente abrangem características de várias dessas
categorias. Você vai ter que definir qual é a melhor maneira de organizar e
interpretar os dados observados de acordo com seus conhecimentos e as
características de cada paciente. Por isso vale a pena você dominar o maior
número possível delas, embora possa haver algumas alterações, as
principais categorias são:
 Oito Princípios
 Qi, Xue (Energia e Sangue) e Jin-Ye (Fluidos
Corporais)
 Zang-FU (Órgãos Internos)
 Fatores Patogênicos
 Fatores Exógenos (febris)
 Doze Meridianos
 Oito Meridianos Extraordinários
 Cinco Elementos
 
Um livro que pode te ajudar a aprofundar esse assunto é o
Diagnóstico na Medicina Chinesa , de Giovanni Maciocia e 
Julian Scott; Você pode comprar esse livro na Amazon peloseguinte link: http://amzn.to/2sCdqZi
 
Fechamento do Diagnóstico
 
Finalmente, após descobrir o Padrão Geral de Desarmonia, está
praticamente pronto o diagnóstico. Mas mesmo assim, resolvi escrever
sobre essa parte em separado, para te ajudar a perceber algumas
considerações úteis, garantir uma boa avaliação e conseqüentemente uma
boa prática clínica.
http://amzn.to/2sCdqZi
A primeira é com relação ao processo de fechamento de diagnóstico:
Lembre-se que ele pode ser interpretado como um processo contínuo e não
definitivo. Provavelmente você não terá conseguido obter todas as variáveis
de seu paciente na primeira sessão. De modo que é importante você se
habituar a sempre investigar a evolução do seu paciente.
Segundo, é importante saber que você pode eleger inicialmente apenas
duas ou mais categorias de diagnóstico e tratamento em detrimento das
demais. Você não precisa dominar ou usar todas! Tente perceber aquelas
que melhor explicam o desequilíbrio do seu paciente e que você também
saiba utilizar. É melhor priorizar no que você é bom do que errar aonde
você é fraco. Não se preocupe com isso no início, com o tempo você vai
dominar cada vez mais padrões e técnicas. Fazendo isso, desde agora, você
já terá melhores chances de ajudar o seu paciente e obter sucesso e
tranqüilidade profissional.
Por último e talvez por ser o mais importante, é nesse momento que
você constrói uma descrição sucinta do que está acontecendo com seu
cliente. Essa é uma técnica para ajudar a ter foco e atuar de forma coerente
com seu paciente. Vamos dedicar o capítulo 05 para te explicar melhor essa
etapa.
 
Estabelecimento da estratégia terapêutica e conduta
 
Estabelecido o diagnóstico, cabe ao clínico decidir qual a estratégia para
se vencer a doença e recuperar a harmonia do paciente. É nesse momento
que você decide que armas e estratégias você vai usar para “prender seu
criminoso”. Lembra da metáfora do detetive!? As condutas sempre deverão
ser coerentes com a estratégia. E com o tempo isso se tornará tão natural e
automático que você praticamente não terá que pensar para realizar essa
etapa.
Só para ilustrar como isso acontece, observe o seguinte exemplo: um
paciente com deficiência de energia YIN do SHEN (Rins) com ascensão do
FOGO do GAN (Fígado), provavelmente vai ser tratado com uma estratégia
de nutrição e tonificação do YIN do SHEN e/ou com uma estratégia de
drenagem (resfriamento) desse FOGO do GAN (Fígado). A conduta pode
incluir: pontos de acupuntura, orientação dietética e fitoterapia chinesa.
 
RESUMO:
 O processo de avaliação consiste de 5 partes:
1. Observação e Registro dos Sinais e Sintomas – Você
vai ter que registrar os sinais oriundos das quatro partes do exame:
1.1. Inspeção ou Observação do paciente
1.2. Interrogatório ou Inquério
1.3. Exame Audio-Olfativo
1.4. Palpação
2. Interpretação dos Sinais e Sintomas – Você vai
interpretar esses sinais e sintomas de acordo com seus significados
para a MTC;
3. Identificação dos Padrões de Desarmonia – Você vai
agrupar os significado dos sinais e sintomas em padrões que
explicam o desequilíbrio do seu paciente;
4. Fechamento do Diagnóstico – Você vai definir que
padrões são mais importantes para seu paciente e criar uma síntese
energética do problema;
5. Estabelecimento da estratégia terapêutica e conduta
– Nessa parte você vai definir como vai tratar seu paciente, que
estratégias vai usar, que pontos, técnicas, freqüência...
 
 
 
CAPÍTULO 3 – Como conduzir uma
(SUPER) sessão de avaliação?
 
Gosto de dizer aos meus alunos que: não existem mistérios, apenas
particularidades. Observe que uma sessão de avaliação em acupuntura ou
medicina chinesa respeita os mesmos cuidados que qualquer avaliação
clínica ocidental. Nesse capítulo, além de nos aprofundar ainda mais no
processo de avaliação oriental, vou trazer algumas contribuições específicas
oriundas da junção das técnicas orientais com as técnicas ocidentais e da
minha experiência pessoal. Dessa forma você terá uma síntese de como um
terapeuta (um pouco mais) experiente organiza os elementos para obter
sucesso nas suas sessões de avaliação.
Não se prenda a essas considerações, pegue as melhores idéias para
você, ignore as que não fizerem sentido e enriqueça o seu atendimento. Se
você tiver novas idéias ou comentários sinta-se livre para compartilhar na
parte de avaliação desse livro na Amazon ou nas minhas redes sociais. Cada
contribuição feita dessa forma fica disponível para ajudar outras pessoas. E
as observações consideradas mais pertinentes podem ser incorporadas nas
próximas edições. Quem sabe você não se torna uma das próximas
referencias desse livro!? Enfim, o mais importante é: Cabe a cada
profissional adaptar os procedimentos que ele já conhece às técnicas
específicas da MTC.
Um ponto fundamental, que normalmente eu vejo ser negligenciado nos
livros e manuais é o cuidado com a Ética. Infelizmente, muitos profissionais
acreditam que a Ética se restringe às normas e condutas definidos pelos
códigos de ética. Eles são importantes, devem ser respeitados mais só isso
não é tudo. A avaliação, como todo o processo terapêutico, é um encontro
de duas (ou mais) pessoas e esse encontro só poderá ser realmente profundo
e transformador, se ambos estiverem norteados por uma Ética interna
verdadeira.
A personalidade do especialista tem uma influencia determinante no
grau de sucesso de suas intervenções. De forma geral, um clínico que
venceu o vício do cigarro, ou outro que conseguiu mudar sua dieta e hábitos
de exercício e assim tenha emagrecido, terão mais poder de mudar as
atitudes dos seus clientes em relação ao tabagismo ou a obesidade do que
terapeutas que fumam ou são obesos. E, embora isso não esteja em nenhum
código de ética, é, para mim, um bom exemplo de comportamento
verdadeiramente ético. Sempre que você crescer e for realmente coerente
com um aspecto de sua vida, a sua capacidade de atuar como
profissional da saúde para ajudar as outras pessoas aumentará
também. Portanto não negligencie esse aspecto.
Nesse capítulo, vamos explorar alguns pontos que eu gosto de abordar
em minhas aulas e consultorias, pois são pontos que me ajudaram a
conseguir resultados surpreendentes. Até hoje eu não vi todas essas
informações escritas em uma única obra de acupuntura. Fique atento à elas,
é praticamente garantido que elas vão ajudar você também!
 
Quais os cuidados que fazem a diferença antes de iniciar a
sessão?
 
 O primeiro contato
 
Seu paciente pode ter chegado até você por diferentes motivos e por
diversos caminhos. Mas certamente, se ele está marcando uma consulta
com você, ele tem algum objetivo. Descobrir o mais cedo possível esse
objetivo é fundamental. Muitas vezes os terapeutas iniciantes (a alguns não
tão iniciantes assim) negligenciam o poder que essa informação pode ter
para um bom planejamento do processo terapêutico. Por enquanto, basta
ter em mente que a avaliação começa antes do cliente chegar à sala de
avaliação e que essa informação facilitará todo o processo.
Especialmente se você for um terapeuta iniciante, busque descobrir qual
o interesse do seu paciente o mais cedo possível. Se ele decidir marcar
contigo após uma conversa informal é bem provável que você já saiba o
motivo. Desse modo, por exemplo, você já pode estudar as patologias que
seu futuro cliente vai trazer para serem tratadas. Fazendo isso na avaliação
você poderá fazer perguntas mais pertinentes. Além disso, também se torna
possível orientar o paciente com relação a exames, vestuário ou qualquer
outra coisa que possa favorecer a sessão de avaliação.
Em nossa clínica, os terapeutas têm a orientação geral de ligar para
todos os pacientes que marcam uma primeira consulta com a secretária.
Esse contato do especialista permite dar segurança ao paciente e favorece
em muito o processo de avaliação.Os clientes, em geral, não são treinados
para saber o que é mais importante no processo de tratamento. E no que diz
respeito a uma medicina pouco conhecida, como é o caso das medicinas
orientais (ayuverdica, Chinesa, tibetana...), esse problema é ainda mais
freqüente.
Se você se dedicar pessoalmente a garantir que os seus pacientes tragam
as informações necessárias, suas chances de sucesso na primeira sessão
serão maiores. Muitos pacientes não trazem exames relevantes ou não
consideram importante trazer os nomes das medicações que utilizam. Ou
então, vem com uma vestimenta que dificulta o exame ou a aplicação das
agulhas. Um simples telefonema prévio pode evitar muitos problemas!
Outro fator que também é muito negligenciado em outros manuais de
avaliação em MTC, são as diferenças culturais. Por exemplo, pacientes
árabes podem restringir que suas esposas sejam vistas ou tocadas por
terapeutas do sexo masculino. Ou pacientes de uma determinada cultura
podem valorizar um sinal em detrimento de outros. Fique especialmente
atento a cada paciente de uma cultura ou nível social diferente. Uma
observação atenta e sem preconceitos é outro fator que resolve muitos
problemas.
Há um grande benefício em buscar “os motivos” do seu paciente antes
de iniciar o processo terapêutico: você demonstra interesse pela pessoa e
sua dificuldade. Na maioria das vezes, só esse fator já favorece
grandemente o relacionamento clínico. A pessoa sente que está sendo
atendida por um especialista que tem interesse pelo bem dela. E que esse
interesse do terapeuta existe independe do espaço clínico ou do pagamento
da sessão. Ela se sentirá mais segura e provavelmente estará mais preparada
para contar a sua problemática no momento da avaliação. Muitas vezes isso
também ajuda quando é necessário encaminhar o caso. A pessoa se sente
acolhida como pessoa e não como cliente e estará mais aberta para
eventuais encaminhamentos quando for necessário.
RESUMO:
 Descubra o quanto antes os motivos do primeiro contato e/ou os
problemas gerais do paciente;
 Prepare-se de acordo com essas informações;
 Oriente seu paciente de acordo com essas informações;
 Estabeleça um bom relacionamento ao buscar essas
informações.
 
A preparação do ambiente
 
Aqui vale a regra de não pecar pelo excesso e nem pela falta. A saúde,
na visão oriental é um estado de equilíbrio e harmonia. Do mesmo modo, o
ambiente deve expressar esse equilíbrio para ser um local adequado para a
recuperação da saúde. Vale à pena considerar cada detalhe do ambiente para
realizar um bom processo de ajuda. O seu ambiente é seu “território”. É
onde você pode ajudar as pessoas a lutarem pela saúde. Se prepará-lo de
forma estratégica, certamente suas chances serão melhores.
A avaliação em acupuntura e em medicina tradicional chinesa exige
muito pouco material, mas alguns itens podem fazer muita diferença:
 Iluminação: a sala deve ter uma boa iluminação para
permitir fazer uma correta observação do paciente. O ideal é a luz
natural proveniente de um dia ensolarado. Pois alguns sinas da língua,
do SHEN (espírito) e da Iris, por exemplo, mudam de acordo com o
tipo de luz. Como nem sempre isso é possível, recomendo a utilização
simultânea de lâmpadas incandescentes (luz amarela) com lâmpadas
frias (luz branca). Sempre vale a pena uma luz dimerizada, ter um
bom foco de luz e até uma lanterna. Uma dica é você testar o
ambiente antes, para ter certeza que você terá uma iluminação correta
e que te previna de ficar fadigado ao longo do dia.
 Som: O ideal é um ambiente mais silencioso do que
barulhento. Muitas clínicas usam som ambiente. Ele pode ajudar ou
atrapalhar. Um volume muito alto pode dificultar o processo de
audição (WEN ZHEN). Observe que alguns estilos musicais mudam
o estado emocional do paciente facilitando ou dificultando o
atendimento. Nunca me esqueci de um paciente que me procurou
após abandonar o tratamento com outro acupunturista pelo fato do
mesmo sempre tocar um bom tango argentino durante as sessões.
 Modelos, bonecos, mapas... Sempre é bom ter modelos
anatômicos e mapas na sala de avaliação. Eles podem ser usados tanto
para dar explicações para os pacientes quanto para se colher
informações relevantes. Um paciente, por exemplo, pode se sentir
mais confortável de mostrar primeiro o local dor em um modelo do
que em seu corpo. O modelo de acupuntura em especial, com as
linhas dos meridianos, ajuda a identificar relações sutis das patologias
com partes do corpo.
 Outros materiais: nunca é demais se lembrar de se
explorar a criatividade e o bom senso. Brinquedos sempre ajudam
com crianças. Um travesseiro da maca pode ajudar a entender e
explicar sobre postura ao dormir e etc. Se você já puder deixar alguns
materiais preparados, certamente sua avaliação terá uma qualidade
melhor.
RESUMO:
 Prepare o ambiente antes
 Equilibre os objetos e materiais para fazer um bom atendimento
 Iluminação e som devem ser adequados
 Use modelos anatômicos e mapas
 Deixe outros materiais preparados, caso seja necessário
 
 A recepção do paciente
 
 Da mesma forma que você avalia seu cliente, seu cliente
avalia você. Por esse motivo é interessante criar no seu espaço um
ambiente coerente com seu trabalho. De acordo com essa visão, se você
tiver uma ou mais secretárias, também é importante considerá-las como
“co-terapeutas”. Os pacientes às vêem como parte da equipe. Elas fornecem
informações, criam ou destroem expectativas, recebem e “preparam” seu
paciente para o atendimento. Por tudo isso é importante treiná-las para:
 Garantir que elas sigam os preceitos éticos (em
especial o sigilo)
 Que elas tenham uma boa cortesia e atenção aos
pacientes
 Elas saberem lidar com pacientes difíceis
 Que elas forneçam informações adequadas
 Identificar e ajudar em situações de emergência
(normalmente nas emergências vale a regra: “quem não ajuda,
atrapalha”)
Por melhor que tenha sido a formação de sua secretária (ou equipe)
sempre vale à pena se certificar pessoalmente desses aspectos. No geral os
cursos não são bons e mesmo que sejam e ela tenha uma grande
experiência, é importante ajustar a conduta dela a sua maneira de avaliar e
tratar seus pacientes. Revisões periódicas desses cuidados garantem a
qualidade e evitam uma série de problemas.
Os mesmos cuidados com o ambiente de avaliação podem ser aplicados
para o ambiente da recepção. Gosto de ressaltar aqui a importância do
mobiliário. Ele não é só uma peça de decoração e de conforto é também um
fator importante na avaliação do seu paciente. Ele deve ser ergonômico e
confortável para que seu paciente fique livre de dores e à vontade.
Observe como seu paciente se senta. Isso já diz muito sobre seus
hábitos, personalidade e energia. No caso de problemas de coluna, uma das
queixas mais comuns em acupuntura, a maneira que o paciente está sentado
na sala de espera deve ser observada. Ela normalmente é mais freqüente na
vida do paciente do que a maneira que ele se senta na sala da avaliação. A
postura também pode ajudar a identificar o estado psicológico e energético
do seu paciente. Uma dica é rapidamente, sem perder a primeira impressão
do paciente, identificar se ele está Yin ou Yang nos aspectos físicos e
psicológicos.
Do mesmo modo, como ele se movimenta, fala contigo, te observa e
aperta sua mão ajudam a identificar o Shen do paciente. É nesse primeiro
contato que se estabelece o papel de terapeuta e paciente. Se você se
colocar de forma negligente em relação a isso é bem provável, que em
várias situações, você perca o manejo de seu paciente. Mas se você
observar esse aspecto, desde o início, é bem provável que você seja visto
como um bom profissional.
RESUMO:
Ajuste a recepção como uma extensão da sala de avaliação e
atendimento
Prepare sua equipe ou secretária de forma adequada
Os móveis devem ser ergonômicos
Observe e avalie o pacientedesde o primeiro momento
 
Quais fatores influenciam o início da sessão?
 
Embora pelo nosso conceito a sessão de avaliação já comece no
primeiro contato entre terapeuta e paciente. Trataremos agora dos fatores
que mais influenciam o sucesso do processo de avaliação em si. Em outras
palavras, trataremos agora dos fatores mais presentes nos primeiros minutos
que o cliente entra na sala e se senta a frente do especialista.
O motivo de dedicar uma parte inteira do livro para esse assunto é que
ele é de grande importância para o sucesso das partes seguintes. Talvez por
algum motivo sua preparação prévia tenha falhado, talvez por algum motivo
não tenha sido muito bom seu fechamento da sessão... mas, se você
conseguiu marcar uma excelente impressão no início da sessão,
provavelmente seu cliente se sentirá seguro e manterá uma relação contigo,
independente, de perceber alguns problemas. Há alguns ditados que
expressam bem a importância desse momento:
 “Você não terá uma segunda chance de causar uma boa
primeira impressão.”
 “O começo é o momento mais importante.”
 “A primeira impressão é a que fica.”
Acredito que há verdade nesses dizeres e vejo que as maiorias das
pessoas se comportam de acordo com eles. Portanto, minha sugestão é que
você se torne um mestre em primeiros contatos. Pois é nesse momento onde
maiores serão suas oportunidades de perceber a individualidade do
paciente, estabelecer as regras do relacionamento clínico, dar o ritmo do
tratamento e, principalmente, fazer um primeiro bom diagnóstico. Lembre-
se que mesmo que alguma percepção mude com o passar do tempo, o que é
muito desejável, provavelmente será a qualidade do primeiro contato que
determinará a qualidade geral da relação.
Você provavelmente vai notar que de acordo com sua maneira de avaliar,
as características ambientais e o momento do inicio de sua relação com
cliente, alguns desses fatores poderiam ser colocados nos tópicos anteriores.
Não se preocupe, essa foi apenas uma divisão didática, a maestria ocorrerá
quando você conseguir trazer a essência dessas considerações de forma
adaptada e coerente com sua maneira única de avaliar e trabalhar em prol da
saúde dos seus clientes.
 
 A interação terapeuta-paciente
 
O paciente observa cada detalhe do processo de interação e do
comportamento do especialista para construir uma percepção de quem está
conduzindo o tratamento e das possibilidades de cura. O mesmo ocorre com
o especialista. Os conhecimentos da psicologia moderna demonstram que
essa construção ocorre de forma simultânea tanto em níveis conscientes
quanto inconscientes. O clínico é o único nessa relação que tem o dever e a
possibilidade de explorar esses aspectos de forma consciente. Na grande
maioria dos processos terapêuticos são esses fatores que determinam o
sucesso do tratamento. É responsabilidade do profissional de saúde o
controle dessa relação, para que ela ocorra da melhor forma possível e
possibilite maiores chances de sucesso no processo terapêutico.
Embora esse importante aspecto não seja geralmente abordado nos
livros de acupuntura e medicina chinesa, considero adequado dedicar
alguns parágrafos sobre o assunto. Minha experiência como professor
demonstra que mesmo na pós-graduação muitos alunos não estão
preparados para manejar essa relação. Minha experiência como especialista
e consultor, infelizmente, também evidência que muitos profissionais nunca
tiveram um treinamento adequado. Desejo que esse não seja o seu caso que
você possa se sentir livre para “pular” as próximas páginas.
Se, contudo esse for seu caso, considere as próximas páginas apenas
como uma primeira leitura. É impossível esgotar esse tema nesses poucos
parágrafos. Se você tiver interesse, escreva-me pedindo mais informações.
Estou preparando mais sobre esse assunto e quero poder adaptá-lo a suas
necessidades e interesses. Feitas essas considerações, podemos finalmente,
entrar em nosso tema:
 
 Construindo uma boa relação terapeuta-paciente
 
 A construção da relação é baseada nos significados que o
paciente e o terapeuta têm sobre a doença. Portanto, identificar esses
significados ajuda a construir a relação e permite que a adesão do paciente
seja maior. KLEINMAN (1978) sugeriram oito perguntas que podem ajudar
a identificar os significados que as doenças tem para o paciente. Você não
precisa decorar ou usar todas, mas vale a pena ter algumas delas em mente:
 PERGUNTAS PARA EXPLORAR O SIGNIFICADO DA
DOENÇA (com adaptações)
1. O que você acha que causou seu problema (ou seu
adoecimento)?
2. Porque você acha que seu problema (ou desequilíbrio)
começou em determinado momento?
3. O que você acha que a sua doença faz a você? Na sua
percepção como ela atua? O que você faz para melhorar?
4. Quais são os principais problemas que ela te causou?
5. O quanto sua doença é ruim para você?
6. Você acredita que seu problema durará muito tempo ou
que cederá logo?
7. Quanto tempo você acredita que sua recuperação (ou
tratamento) pode demorar?
8. Que tipo de tratamento você deseja receber?
9. O que você mais teme em relação ao seu problema?
10. Quais são os resultados (mais importantes) que você
espera obter após o tratamento (ou com o tratamento)?
Como você já deve ter observado, algumas dessas perguntas podem
ajudar a nortear o tratamento clínico. A comunicação entre especialista e
paciente ocorre durante todo o processo terapêutico, de modo que você terá
várias oportunidades de explorar esses aspectos. Você pode e deve reavaliar
continuamente as reações do paciente de modo a ajustar sua conduta e
comunicação ao desenvolvimento do tratamento e da relação terapêutica.
O seu comportamento como a sua apresentação pessoal também ajudará
a determinar como o paciente se relacionará com você. Imagine que você é
um paciente que fará uma consulta com dois médicos. O primeiro se move
agitadamente, fala por meio de gírias e está: com o cabelo bagunçado;
calçando um tênis; barba por fazer; jaleco amarrotado e desabotoado; sem
gravata... O segundo se move com tranqüilidade, fala de forma suave e
correta e está com o cabelo penteado, limpo e bem cortado; barba feita;
jaleco bem ajustado, passado, abotoado e limpo; gravata arrumada; sapato
social e etc... Qual dos dois causa uma melhor impressão em você? Qual
dos dois parece que é o mais profissional? Se você fosse arriscar, qual dos
dois você tenderia a apontar como melhor especialista ou que tem melhor
formação? Certamente, a aparência não diz o quanto um profissional é
competente ou bem preparado. Mas, pode apostar, é um dos fatores que
mais influencia essa percepção por parte do paciente que ainda não conhece
o trabalho e competência do profissional.
Outro fator importante é chamado pela psicologia de
Contratransferência. Esse termo serve para denominar as reações
inconscientes que surgem no profissional da saúde em relação ao seu
paciente. O paciente também nutre essas reações inconscientes em relação
ao profissional da saúde só que esse processo é chamado de Transferência.
Esse é um assunto vasto e não será discutido aqui. Mas você deve estar
atento a ele para se proteger e proteger seu paciente. De forma prática, fique
atento sempre que você ou um paciente se comportar de forma não usual.
Também observe seus sentimentos e reações com relação ao seu paciente.
Sempre que esses fatores não parecerem naturais ou quando eles gerarem
qualquer tipo de sentimento exagerado ou problema é sinal que algo está
errado. O aconselhamento com um colega ou profissional de psicologia ou
de psiquiatria pode ser um recurso valioso. Sugiro desde já que você
procure estudar sobre esse assunto em manuais de psicologia e psiquiatria.
 
 A Aliança Terapêutica como fator de sucesso
 
Para mim o principal objetivo da primeira sessão, mais do que realizar
um diagnóstico é estabelecer uma boa Aliança Terapêutica . Sem ela o
tratamento não ocorre, quer você tenha feito um bom diagnóstico,quer não.
Esse termo se refere ao estabelecimento de uma relação saudável entre o
profissional da saúde e o cliente que procura ajuda. Ambos precisam
entender que há diferenças de papeis e responsabilidades que permitirão
que o trabalho se desenvolva. Um paciente pode contar coisas para seu
terapeuta que ele não contaria para qualquer pessoa, do mesmo modo um
terapeuta pode falar coisas que o paciente não acataria se viessem de outra
pessoa. Assim o comprometimento do profissional em dar seu melhor para
o restabelecimento da saúde do seu paciente cria uma relação especial.
Muitas vezes, nos livros de acupuntura e medicina oriental a aliança
terapêutica ocorre por meio de um relacionamento tipo: “Mestre-
Discípulo”. Em determinados contextos esse modelo também aparece na
cultura ocidental. Mas não recomendo que os profissionais busquem
ativamente estabelecer esse tipo de relacionamento. Esse modelo
geralmente não é corretamente compreendido pela cultura ocidental, o que
gera distorções maléficas. Minha sugestão é que você ajude seu paciente a
encontrar o seu “Mestre Interior”, em vez de um “mestre exterior”. Isso
ajuda ele ter autonomia o que e muito melhor do que estimular uma
personalidade dependente da opinião de terceiros.
Se você ficou atento a esses fatores e tem um grau razoável de
conhecimento, bom senso, educação, ética e sensibilidade. É muito
provável que você consiga construir excelentes relacionamentos
terapêuticos na maioria das vezes. Não espere construir em todas às vezes,
pois isso pode ser impossível. Relaxe e faça o seu melhor com alegria e
coerência consigo mesmo. Mantenha em mente de que esse é um
conhecimento que pode ser apreendido e aprimorado no decorrer do tempo.
 
RESUMO:
O paciente também avalia o profissional da saúde
Tanto o profissional quanto o paciente estabelecem uma percepção
consciente e inconsciente um do outro
O terapeuta é responsável por manejar a relação para viabilizar o sucesso
clínico
A construção da relação também depende do significado que o paciente
tem sobre sua doença e processo de adoecimento
O comportamento e a apresentação pessoal passam informações para o
cliente
É importante identificar a Contratransferência e a Transferência para
evitar que elas prejudiquem a relação terapêutica
Estabelecer uma boa Aliança Terapêutica é o principal objetivo da
primeira sessão
 
A técnica e a arte da primeira sessão
 
Apresentarei agora um roteiro de primeira sessão. O objetivo desse
roteiro é dar uma visão geral para o especialista em formação, bem como,
permitir o aprofundamento do especialista já formado. Fique à vontade para
alterar e adaptar o roteiro de acordo com sua técnica e necessidade.
Passos Explicações
1. Receba o paciente
(preferencialmente na sala de
recepção) – Cumprimente-o
com profissionalismo e
“energia”.
Fazendo isso você demonstra
cortesia e acolhimento o que favorece
o vínculo do paciente. Se você
conseguir observá-lo na recepção
poderá ter mais informações.
2. Comece o diálogo
perguntando algo trivial e/ou
oferecendo algo de graça para
o cliente (exemplos: água,
chá, ir ao banheiro, cadeira
para sentar...)
Essa parte serve para “quebrar o
gelo”. Oferecer algo para o cliente
cria um estado inconsciente de maior
abertura, vínculo e segurança.
3. Se apresente
primeiro. Explique quem você
é (formação), o que faz
(técnicas) ou dê instruções
sobre a avaliação.
Conhecer sua formação dá mais
segurança. Explicar sobre a técnica
ou as instruções direcionam o relato
do paciente sobre o problema e
mantêm o foco do trabalho.
4. Comece a
avaliação com perguntas
As perguntas abertas dão
respostas mais amplas e completas
abertas: “o que posso fazer
para ajudar?”; “o que te
trouxe aqui?”; “o que vêm te
prejudicando?”; etc.
que as perguntas fechadas. Elas
deixam o paciente mais à vontade e
permitem a identificação de outras
queixas e dos significados das
doenças.
5. NUNCA
APLIQUE TESTES “DE
GAVETA” ou se prenda a
perguntas investigativas
automáticas tipo
interrogatório policial. Tudo
que for perguntado deve ter
um por que.
O principal objetivo na primeira
sessão é a formação da Aliança
Terapêutica. Ela surge em uma
relação individual e autêntica.
Reduzir seu paciente a um esquema
dificulta a criação desse tipo de
vínculo.
6. Mantenha o ritmo
da sessão, explorando
sistematicamente as doenças,
queixas e histórico do
paciente. Faça isso até fechar
a parte escrita do Protocolo de
Avaliação.
Conforme você for explorando as
queixas do seu paciente, use
perguntas mais fechadas e
específicas. Elas também ajudam a
manter o ritmo de trabalho
(produtivo), o que favorece a
percepção do seu compromisso em
ajudar.
7. Faça a avaliação
física
Só quando tiver estabelecido à
confiança do seu paciente é que é
interessante tocá-lo. Tocar é um
contato em uma esfera “intima” o
cliente não deve se sentir invadido.
8. Faça a primeira
aplicação ou atendimento
Se for adequado já comece o
trabalho/aplicação terapêutica isso
diminui a ansiedade do paciente e
ajuda a avaliar a técnica/conduta
empregada. Dedicamos mais à frente,
um tópico do livro para ensinar o
terapeuta iniciante a começar mesmo
que ele não tenha ainda fechado o
diagnóstico.
9. Passe uma
tarefa/responsabilidade para o
paciente
Aumenta o comprometimento e
favorece a idéia que o paciente
também responsável pelo tratamento
e recuperação da sua saúde.
10. Acompanhe seu
paciente até a recepção/saída
e conforme o caso, entregue
seu: cartão, receita, brinde...
Esse pequeno ato fortalece o
vínculo e passa para o paciente a
informação de que ele sempre sairá
“ganhando” algo. Ele ficará mais
atento aos ganhos internos e externos.
O que é particularmente importante,
pois em muitos casos, a melhora
ocorre de forma sutil.
 
Evidentemente esse roteiro deve ser adaptado a sua realidade e a sua
pessoa. Como especialista e consultor aprendi que cada terapeuta, clínica e
paciente são únicos. Aplicar esse roteiro sem refletir sobre essas variáveis é
pior do que não usar nenhum roteiro. Coloquei-o como exemplo
simplificado de um roteiro de trabalho. Você pode (e deve) elaborar seu
próprio roteiro para melhorar a primeira sessão de atendimento. Lembre-se
de ser flexível com os passos, que podem mudar dependendo da sua
realidade, de imprevistos e principalmente de seu paciente. Ficarei grato de
receber suas idéias e contribuições para fazer um atendimento ainda melhor.
Um conceito que ajuda muito em várias situações de planejamento e
intervenção em saúde é lembrar que: riscos podem ser transformados em
oportunidades. Estruturar teu atendimento exige um esforço que
evidenciará alguns riscos que muitas vezes passam despercebidos. E isso é
muito bom! Observe as dificuldades como chances de fazer melhor e ser
melhor. Atualmente, por exemplo, usamos em nossa clínica um tipo de
agulha de melhor qualidade, mais fina e flexível, que as usualmente
utilizadas nos atendimentos de acupuntura. Fizemos isso para diminuir o
risco de lesões, mas isso logo se tornou a oportunidade ao propiciar um
atendimento mais seguro, confortável e indolor. Hoje temos pacientes nos
procuram por saberem desse pequeno, mais importante, diferencial.
RESUMO:
Estruture o roteiro de seu atendimento;
Busque aumentar as chances de se criar uma sólida Aliança Terapêutica;
Busque aumentar as oportunidades de observar seu paciente;
Comece o trabalho terapêutico o mais cedo possível;
Transforme riscos em oportunidades!
 
 
 
CAPÍTULO 4 - Como usar um protocolo
para avaliar de forma completa?
 
Agora entramos na prática da avaliação oriental.
Como já foi comentado, um dos principais objetivos desse livro é o
aprimoramento da técnica de avaliação por meio do uso do Protocolo de
Avaliação. Essa é uma ferramenta estruturada, desenvolvida para que você
possa avaliar seu paciente e ainda aprender as principais variáveis do exame
oriental. Ela está disponível em www.curaacupuntura.com.br/site/livro. E
recomendo que você imprima uma versão agora mesmo para melhorar sua
experiência na leitura desse capítulo. No capítulo 05 você aprenderá a
fechar o diagnóstico e organizar o pensamento clínico, com base nas
informações colhidas e estruturadas por meio desse protocolo. Para você
conseguir tirar o máximo da ferramenta é importante você ter em mente
algumas informações:
O Protocolo de Avaliação foi elaborado com base em algumas obras:
 Diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa ,
escrito por B. Auteroche & P. Navailh (Organização Andrei
Editorial LTDA; 2ª Edição - 1992) que traz uma visão mais
clássica, estabelecendo de forma pormenorizada a relação sutil
entre a arte do diagnóstico, a saúde e a doença;
 Acupuntura e Fitoterapia Chinesa Clássica , do Prof.
DR. Guilherme E. F. Carvalho (Taba Cultural Editora; 1ª
Edição – 2003) sintetiza de forma coerente grande parte do
http://www.curaacupuntura.com.br/site/livro
conhecimento médico oriental permitindo, uma compreensão
clara e estruturada dessa medicina;
 Diagnóstico na Medicina Chinesa – Um Guia Geral,
escrito por Giovanni Maciocia (Editora Roca LTDA; 1ª Edição
– 2006) apresenta uma extensa revisão e interpretação dos
sinais e sintomas pela medicina chinesa;
(SUPER!) IMPORTANTE: Para não encher a parte seguinte
do texto com as referencias de cada uma dessas obras, optei por
colocar as indicações de autoria de forma mais simplificada
próxima de cada tabela ou início de cada sessão. Não é meu
objetivo realizar qualquer tipo de plágio. Mas sim reunir e
organizar informações para facilitar o aprendizado de qualquer
estudante sério. Por esse motivo coloquei as páginas onde você
poderá encontrar as informações (de forma mais completa) nos
livros de referencia. Recomendo que você compre e leia essas
obras. Elas realmente podem ajudar você a se tornar um grande
profissional. Ao comprar essas obras, você devolve a ajuda que
recebeu e propicia que surjam novas publicações. Aproveite a lei
da causa e efeito ao seu favor!
Use esse link para comprar com preço justo ou descontos:
Diagnóstico na Medicina Chinesa – AUTEROCHE & NAVAIL
http://amzn.to/2rj4CDJ
Diagnóstico na Medicina Chinesa – MACIOCIA
http://amzn.to/2sCdqZi
 
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O Instrumento de Avaliação é inicialmente dividido em duas partes , a
saber:
Protocolo de Avaliação : é a ficha de avaliação para a condução do
processo de diagnóstico estruturado. Ele deve ser usado no momento
da avaliação do paciente. A ficha pode ser baixada em:
www.curaacupuntura.com.br/site/livro ;
Chave do Protocolo de Avaliação : apresenta de forma
pormenorizada, os itens de diagnóstico incluindo sua significância
clínica; permitindo, após a coleta dos dados, seja feita a
interpretação item a item dos sinais observados. A chave está
colocada na íntegra nesse capítulo e sua numeração é a mesma do
Protocolo de Avaliação.
 
O leitor que já conhece a literatura básica perceberá que a parte das
tabelas utilizadas neste instrumento são estruturadas de acordo com os
esquemas da obra do Prof. Dr. Guilherme E. F. Carvalho. Contudo a
informação foi revisada, ampliada e ajustada para que pudesse facilitar sua
utilização na clínica diária. De qualquer forma, recomendo o livro
Acupuntura e Fitoterapia Chinesa Clássica (do Prof. Guilherme Carvalho)
como um excelente guia resumo de grande parte da teoria da medicina
oriental.
As alterações feitas nestas tabelas bem como, outros itens do exame,
foram delineados, principalmente, a partir das obras dos Professores
Giovanni Maciocia e de B. Auteroche & P. Navailh, livros que devem ser
consideradas como referências básicas de aprofundamento. Outras
alterações foram elaboradas por meio da experiência pessoal do autor, fruto
do cuidado e da observação de milhares de atendimentos.
http://www.curaacupuntura.com.br/site/livro
Notar-se-á também que não há, no Protocolo de Avaliação , uma das
quatro partes clássicas do exame: WEN ZHEN (Audição-Olfação). Por
motivos de organização, os itens desta parte foram divididos entre as
demais. Outra importante diferença é que a ficha de avaliação começa com
o interrogatório da história e da queixa do cliente, etapa que de acordo com
as obras clássicas, só seria feita em um momento posterior do exame. Essa
alteração foi feita para: adequar o exame à prática clínica ocidental e
permitir um olhar mais direcionado do terapeuta, bem como dar tempo para
a etapa de WANG ZHEN (Observação).
Certamente, no futuro você poderá desenvolver seu próprio protocolo.
Esse é um passo importante no aprimoramento de qualquer profissional.
Mas por enquanto, mesmo que seu curso de especialização já tenha lhe
dado outro protocolo, sugiro usar o que é proposto neste livro. Pois posso
afirmar, que a maioria dos protocolos utilizados nas escolas do país não
inclui uma chave de avaliação tão completa e que obrigue realmente o
estudante a pensar da maneira oriental.
A melhor maneira é começar fazendo uma auto avaliação. Baixe o
protocolo, e se auto avalie da melhor forma que puder. Depois avalie seus
colegas de curso, ou amigos ou familiares. Quando você tiver dominado a
estrutura básica da ferramenta, você terá o domínio e a segurança para
conseguir excelentes resultados com seus pacientes. Poderá até voltar para o
protocolo de sua escola e trazer novas sínteses ou melhorias no mesmo.
Caso o protocolo de sua escola seja realmente completo como esse, ótimo!
Você poderá fazer um estudo comparado e se desenvolver ainda mais na
arte da avaliação. E se você quiser (e puder) mandar o material vai ser
maravilhoso! Meus contatos estão no final do livro e na pagina:
www.curaacupuntura.com.br/site/livro .
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Terminadas as explicações básicas, vamos apresentar a Chave do
Protocolo de Avaliação:
Chave de Interpretação do Protocolo
 
A Chave do Protocolo de avaliação apresenta “item a item” a
interpretação e o significado clínico dos itens apresentados no Protocolo.
Em praticamente todos os tópicos você verá quatro partes fundamentais:
 Número do item;
 Nome do item;
 Forma, sinais, características... Como aparece ou o que
observar;
 Significado clínico; (geralmente em negrito)
Observe essas informações com cuidado, para que você não se confunda
na hora de anotar e interpretar os dados. Esse é um erro muito comum.
Mesmo entre profissionais experientes, por exemplo, vemos muitas pessoas
confundindo sintomas com o nome das doenças.
 
1 – Descrição do contexto inicial
1.1 – Dados sóciométricos.
Diversas informações interessantes para a saúde podem ser obtidas
apenas lendo esses dados. Sequem alguns exemplos
 A observação da hora, local e data do nascimento pode
ajudar se você quiser usar técnicas como a cronoacupuntura.
 Os dados de nascimento também podem trazer
informações sobre doenças da primeira infância e aspectos pré-
natais
 O local onde o paciente reside e a sua profissão podem
contribuir para determinados tipos específicos de desequilíbrios
ou hábitos. Lembro-me de uma divertida situação, onde um
carteiro, paciente meu, estranhou a recomendação do médico
para fazer caminhadas várias vezes na semana.
 
1.2 – Primeiras impressões gerais sobre o cliente e sua maneira de
contato.
Qual a primeira impressão que o terapeuta tem? Como o cliente se
move, conversa, escuta e como ele se comporta nesse contato? Isso é
importante porque você rapidamente se acostuma com o jeito do cliente e
passa a não observar detalhes que podem ser significativos ao longo do
tempo. Use esse espaço, também para registrar o interesse do cliente no
tratamento: pontualidade, freqüência, assiduidade. Essas informações
ajudam muito em casos de desequilíbrios emocionais.
 
1.3 – Motivos da Consulta & Principais Queixas
Recomendo anotar, preferencialmente usando algumas das palavras do
cliente, pois isso favorece o contato terapêutico. Caso já exista, registre o
diagnostico anterior e disfunção relatada, bem como sua fonte. É nesse
momento que você começainternamente a estabelecer os objetivos do
tratamento e sua capacidade de ajudar. Recomendo que você compartilhe os
objetivos do tratamento com seu cliente, pois isso pode aumentar a eficácia
do tratamento. Espere o momento certo da sessão para fazer isso e se for
possível, pergunte os objetivos do cliente. Pessoalmente eu escolho o
momento certo de fazer isso caso a caso dependendo do ritmo da sessão, do
nível cognitivo e da personalidade do cliente.
 
1.4 – Histórico Pessoal, Fatos Significativos e Tratamentos
Faça uma síntese das relações do histórico com o quadro atual. Além de
procurar as causas das patologias, procure por sucessos e fracassos dos
tratamentos já tentados. Busque entender como a pessoa está lidando com o
problema e a natureza geral do mesmo.
 
1.5 – Antecedentes patológicos e familiares
Esse campo é importante para diagnosticar problemas congênitos.
Observar também problemas nas histórias e constelações familiares, bem
como, predisposições do ambiente atual (fatores patogênicos). Alguns
princípios de patologias se deslocam entre as pessoas próximas e até entre
as gerações, observe isso com cuidado.
 
 
2 – WANG SHEN - Inspeção.
(p.1 – MACIOCIA; p. 134 – CARVALHO; p. 147 – AUTEROCHE &
NAVAILH)
Um dos principais princípios do diagnóstico oriental estabelece que
devido às relações entre Zang Fu e a superfície do corpo, às alterações do
interior refletem/aparecem no exterior do corpo. Assim, observando com
atenção o exterior, podemos compreender o que está acontecendo no
interior do corpo.
2.1 – Shen & Estado Mental
(p.27 – MACIOCIA; p. 134 – CARVALHO; p. 147 – AUTEROCHE &
NAVAILH)
 
 
 
2.1.1 Shen Forte/Normal: pessoa com energia, mais
entusiasmo, olhos vivos, brilhantes, tendo o esplendor do “shen”
(vivacidade), aspecto geral de saúde, consciência clara, elocução
distinta, respostas rápidas, respiração regular, gestos normais, cor
brilhante no rosto, cooperação, personalidade estável e direcionada.
Significado clínico: Enfermidade leve; Prognostico bom; Boa
estabilidade em caso de fatores patogênicos emocionais;
2.1.2 Shen Fraco/Perdido: falta de
entusiasmo/cooperação, olhos sem brilho, olhar fixo, apatia, reações
lentas, respiração irregular, gestos deficientes ou anormais, cor
esmaecida do rosto, pensamento lento. Significado clínico:
Enfermidade grave; Prognostico ruim; Pessoa mais suscetível a
problemas de todas as naturezas, inclusive mentais/emocionais.
2.1.3 Falso Shen: o paciente, após um período de grave
deficiência, manifesta um aumento súbito do shen e da vitalidade.
Exemplo de sinais: a voz baixa e torna-se forte, o doente fala com
energia e volubilidade; o estado mental melhora subitamente; a face
toma cor; a inapetência transforma-se em bulimia; a tristeza em
alegria; Significado clínico: “ Melhora antes do Fim”; Prognostico
muito severo.
2.1.4 Demência com apatia: apatia; fala pobre e espaçada;
mente lenta e embotada; expressões emocionais não congruentes com
a situação. Muito comum no atendimento de pacientes psiquiátricos e
cada vez mais comum nos dias de hoje. É importante investigar se o
paciente está usando alguma medicação e se usa/abusa de outras
substâncias. Significado clínico: Corresponde ao Qi das mucosidades
se aglomerando e isolando o Shen do Coração.
2.1.5 Demência agitada: grande agitação; gritos;
agressões; violência; dificuldade de reconhecer pessoas próximas.
Significado clínico: Fogo das mucosidades perturbando o Coração.
2.1.6 Tremor - Epilepsia: tremores involuntários nos
membros ou no corpo, estado físico de agitação, nos casos mais
graves corresponde ao SHEN que se manifesta em ataques epiléticos;
perda dos sentidos; quedas repentinas; espasmos no rosto e os olhos;
tremor nos lábios, corrimento de saliva; forte agitação espasmódica
dos membros. Significado clínico: Trata-se de mucosidade
obstruindo os orifícios do Coração e o Vento do Fígado agitando-se
no interior .
 
2.2 – Compleição Facial
(p.33 – MACIOCIA; p. 134 – CARVALHO; 150 – AUTEROCHE &
NAVAILH)
 
 
 
 
2.2.1 PÁLIDA/BRANCA: Face com cor esmaecida e
pálida. Significado clínico: Deficiência, má circulação ou perda de
Qi e de Xue. Padrão de Vazio; Plenitude de Yin; Deficiência de
Yang; Síndrome de frio; Síndrome dolorosa.
2.2.1.1 Rosto branco brilhante com edema subcutâneo
= falta de Yang QI;
2.2.1.2 Rosto branco pálido sem edema = falta de
sangue nutriente (Yin QI).
2.2.2 AMARELADA: Face com tons amarelados,
indicando deficiência das funções do baço. Significado clínico:
Síndrome de Mucosidade ou Umidade; Deficiência do QI do PI
e/ou do WEI; Síndrome de icterícia. 
2.2.2.1 Rosto amarelo, brilhante = Calor-Umidade;
2.2.2.2 Rosto amarelo, baço/apagado = Umidade-Frio .
2.2.3 AVERMELHADA: A face avermelhada costuma
representar 3 síndromes:
2.2.3.1 Rosto inteiramente avermelhado = Síndrome de
Calor Cheio ( excesso de Yang perverso nos Zang Fu) ;
2.2.3.2 Parte superior do rosto avermelhada = Síndrome
de Calor Vazio ( TA Inferior em Vazio e Frio, com subida do
Yang QI aparente) ;
2.2.3.3 Apenas maças do rosto vermelhas = Falso Calor
( vazio de Yin e excesso de Yang ).
2.2.4 AZULADA/ESVERDEADA: Mais comum em
regiões com invernos mais rigorosos ou pacientes expostos ao Frio.
Significado clínico: Síndrome de frio; Síndrome de dor; Estase de
Xue; Síndrome convulsiva (especialmente em crianças).
2.2.5 PRETA: Face escurecida e tendendo para a cor negra
em pontos isolados ou como um todo. Significado clínico: Forte
deficiência do Rim; Síndrome de frio; Estase de Xue; Síndrome
de retenção de líquidos; Estagnação de QI e XUE; TANYIN .
2.2.5.1 Órbitas negras = estagnação de água por vazio
de Rins e/ou nas leucorréias nas quais o Frio e a Umidade se
acumulam no triplo aquecedor inferio;
2.2.5.2 Rosto enegrecido e ressequido = estado crônico
de deficiência de Jing dos Rins .
2.2.6 CARACTERÍSTICAS: Espaço destinado para o
registro de outros sinais de interesse e sinais levantados com base no
diagnóstico facial. À medida que se especializar use esse espaço para
registrar suas observações e aprofundamentos.
 
2.3 – Aspecto Geral do Corpo
( p. 152 – AUTEROCHE & NAVAILH)
 
2.3.1 Robutez X Fraqueza: avalie a compleição física
geral, AUTEROCHE & NAVAILH, sintetizam bem esse aspecto: “ se
o interior estiver florescente, o exterior será robusto; se o interior
estiver declinante, o exterior será fraco”. Significado clínico:
2.3.1.1 Corpo Robusto = força, saúde e plenitude no
interior;
2.3.1.2 Corpo Fraco = deficiência no interior
dificuldade de ter/manter a saúde.
2.3.2 Gordura X Magreza:
2.3.3 Obesidade = QI deficiente, TANYIN ou
Umidade ;
2.3.4 Gordo, pele branca sem brilho e mente pesada
= Yang QI deficiente;
2.3.5 Magro, rosto cavado, peito estreito, pele
ressequida = Yin XUE insuficiente ;
2.3.6 Magreza extrema, corpo descarnado = Jing
esgotado ;
2.3.7 Deformidades: Avaliar insuficiências congênitas.
Exemplo: “tórax em quilha” e cifose são devidos a uma perda de QI
do pulmão, fraqueza do PI e WEI e falta de Jing do SHEN . Observe
as relações dessas características com a patologia do paciente.
2.3.8 Porte e Movimentos: “ O Yang rege o movimento, o
Yin rege o repouso”, o fato de se mover corresponde a um sintoma
Yang o fato de ficar quieto corresponde a um sintoma Yin.
Desequilíbrios nos movimentos podem dar excelentes informações
sobre o desequilíbrio energético do paciente.
 
2.4 – Inspeção da Língua
 
Essa é uma

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