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127 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Unidade IV 7 GESTÃO DE RISCOS FINANCEIROS Um dos conceitos mais importantes quanto à gestão financeira é que o gestor financeiro tem como uma de suas principais responsabilidades a criação de valor para o acionista ou proprietário da empresa. Para isso, ele precisa decidir onde, como e quanto investir. Como vimos anteriormente, as principais decisões financeiras de um gestor são as decisões de investimento e de financiamento, em que o retorno esperado é o principal indicador de tomada de decisão. Um investimento (e financiamento ligado a ele) é realizado em função do retorno esperado, ou seja, está baseado na expectativa de obter lucro. No entanto, o retorno esperado pode variar devido a diversos fatores, como, por exemplo, o gerenciamento do projeto, a disponibilidade de matéria-prima e mão de obra adequada, o comportamento do mercado consumidor, as variações na legislação do setor e as políticas econômicas. O sucesso de um projeto de investimento está relacionado com o impacto desses fatores, o que determina o risco do investimento (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Os diversos fatores de risco que influenciam o retorno dos investimentos podem ser agrupados, conforme suas características, em: • Risco financeiro: é o risco de a empresa não ser capaz de saldar suas obrigações financeiras existentes (pagamento a fornecedores, impostos a recolher, contas a pagar, duplicatas a pagar) (GITMAN, 2010; LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). • Risco econômico (risco do negócio): é o risco de a empresa não ser capaz de bancar seus custos operacionais (água, luz, internet, folha de pagamento) (GITMAN, 2010; LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). • Risco país: é o risco relacionado às decisões de política econômica, as leis do país e as condições de estabilidade econômica e inflacionária (GITMAN, 2010; LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Não é possível eliminar os riscos. Dessa forma, o que se busca é descobrir quais são os riscos do investimento e definir quanto a empresa deseja se expor a eles. A gestão de riscos financeiros busca, portanto, identificar, mapear e criar estratégias para reduzir os riscos financeiros que envolvem a operação de uma empresa. Assim, a gestão de riscos financeiros visa calcular a probabilidade de um imprevisto ou problema afetar a empresa, medindo as ameaças às quais a empresa está sujeita. 128 Unidade IV Para reduzir a probabilidade de que os riscos financeiros aconteçam e comprometam a empresa, a gestão de riscos financeiros busca estruturar planos ou diretrizes a serem seguidos, ou seja, determina uma política de aceitação de riscos financeiros. A gestão de riscos financeiros permite identificar quais riscos a empresa pode assumir e quais riscos a empresa quer evitar. As políticas de aceitação de risco podem ser usadas pelos gestores para garantir que a tomada de decisão seja inteligente, assertiva e estratégica, sempre levando em consideração os objetivos e as metas da empresa. Portanto, o principal objetivo da gestão de risco financeiro é definir uma estratégia de ação para evitar ou minimizar prejuízos. Saiba mais Para conhecer mais sobre o assunto e compreender a importância da gestão de riscos financeiros, assista: WEBINAR: gestão de riscos financeiros em meio à crise. 2020. 1 vídeo (1h 22 min). Publicado pelo canal ISAE Escola de Negócios. Disponível em: https://bit.ly/3h1yNex. Acesso em: 8 ago. 2021. 7.1 Conceitos básicos de risco financeiro Como vimos anteriormente, as decisões financeiras não são tomadas de forma a ter certeza dos resultados. Assim, a incerteza sempre deve ser considerada de forma significativa nas operações do mercado financeiro. Uma decisão tomada sob situação de risco é aquela na qual a incerteza de um evento pode ser quantificada mediante a distribuição de probabilidades dos diversos resultados previstos. Dessa forma, risco pode ser entendido como a capacidade de mensurar o estado de incerteza de uma decisão mediante o conhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de determinados resultados ou valores (ASSAF NETO, 1992). Em outras palavras, o risco está diretamente associado às probabilidades de ocorrência de determinados resultados em relação a um valor médio esperado de retorno de um investimento. Uma forma mais simples de entender a definição de risco é: “Risco é a chance de perda financeira” (GITMAN, 2010, p. 203). Como vimos, o risco financeiro é o risco associado à capacidade de a empresa liquidar seus compromissos financeiros. Entre os riscos financeiros, alguns afetam diretamente os administradores e os acionistas (ou proprietários). No quadro a seguir, vemos algumas fontes de risco que afetam as empresas, segundo Gitman (2010), e que precisam ser avaliadas ao tomar decisões de investimento. 129 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Quadro 13 – Principais fontes de risco que afetam os administradores financeiros e os acionistas Fonte de risco Descrição Riscos específicos da empresa Risco operacional A possibilidade de que a empresa não seja capaz de cobrir seus custos operacionais. Seu nível é determinado pela estabilidade das receitas da empresa e pela estrutura de seus custos operacionais (fixos versus variáveis). Risco financeiro A possibilidade de que a empresa não seja capaz de fazer frente a suas obrigações financeiras. Seu nível é determinado pela previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e por suas obrigações financeiras de custo fixo. Riscos específicos do acionista Risco de taxa de juros A possibilidade de que mudanças nas taxas de juros afetem negativamente o valor de um investimento. A maioria dos investimentos perde valor quando a taxa de juros aumenta e ganha valor quando a taxa cai. Risco de liquidez A possibilidade de que um investimento não possa ser facilmente liquidado a um preço razoável. A liquidez é afetada de modo significativo pela extensão e profundidade do mercado em que um investimento costuma ser negociado. Risco de mercado A possibilidade de que o valor de um investimento caia devido a fatores de mercado que independem do investimento em si (como acontecimentos econômicos, políticos e sociais). De modo geral, quanto mais o valor de um investimento reage ao mercado, maior seu risco; e quanto menos reage, menor o risco. Riscos da empresa e do acionista Risco de evento A possibilidade de que algum evento inteiramente imprevisto exerça efeito significativo sobre o valor de uma empresa ou de um investimento específico. Esses acontecimentos raros, como uma ordem governamental para a retirada do mercado de um medicamento popular, costumam afetar grupos pequenos de empresas ou investimentos. Risco de câmbio A exposição dos fluxos de caixa futuros a flutuações da taxa de câmbio. Quanto maior a chance de flutuações indesejadas da taxa de câmbio, maior o risco dos fluxos de caixa; portanto, menor o valor da empresa ou do investimento. Risco de poder aquisitivo A possibilidade de que uma mudança nos níveis de preços causada pela inflação ou deflação possa afetar negativamente os fluxos de caixa e o valor da empresa ou investimento. Normalmente, empresas ou investimentos cujos fluxos de caixa movam-se de maneira semelhante aos níveis gerais de preços apresentam baixo risco de poder aquisitivo, enquanto aquelas cujos fluxos de caixa não acompanhem os níveis gerais de preço apresentam elevado risco de poder aquisitivo. Risco tributário A possibilidade de que sobrevenham mudanças desfavoráveis na legislação tributária. Empresas e investimentos cujo valor seja sensível a mudanças da legislação tributária são mais arriscados. Adaptado de: Gitman (2010, p. 204). Considerando que o risco financeiro reflete a probabilidade de o resultado de um investimento não ser o que foi previsto, quanto maior for o risco financeiro, tanto maiores são as chances de o resultado ser diferente do esperado. Observação Não há investimento livre de risco, porque o futuro é incerto. Paraavaliar o risco financeiro, tomamos como base a variabilidade do retorno do investimento. 130 Unidade IV Lembrete Retorno é o ganho ou prejuízo total que se tem com um investimento ao longo de um determinado período de tempo. Costuma ser medido na forma de distribuições de caixa durante o período considerado mais a variação de valor. O cálculo do retorno de um investimento é geralmente realizado utilizando o desvio-padrão calculado sobre os retornos esperados. 7.2 Análise de risco A análise de risco é feita a partir de cálculos elaborados para determinar o grau de exposição da empresa a riscos potenciais. Por meio desses cálculos, o grau de exposição da empresa ao risco é calculado de forma quantitativa. Esses cálculos consideram diversos fatores, visando determinar a probabilidade de um evento crítico acontecer e, assim, prever as perdas financeiras que isso pode ocasionar. Esses cálculos permitem medir com mais precisão o risco, o que pode auxiliar nas tomadas de decisão de uma empresa. Fazer a análise de risco financeiro permite a uma empresa decidir de forma mais apurada se deseja assumir os riscos (postura mais arrojada) ou evitá-los (postura mais conservadora). As opções que uma empresa tem perante o risco são exploradas no quadro a seguir. Quadro 14 – Postura perante o risco Opção Postura Evitar o risco Essa é a postura mais conservadora e que pode parecer a melhor. No entanto, na maioria das vezes, ganhos e lucratividade estão diretamente ligados à exposição ao risco. Apenas aceitar o risco Uma vez analisado, se o risco for considerado tolerável, a empresa pode aceitá-lo e se preparar para o caso de ele efetivamente acontecer. Aceitar o risco, mas reduzi-lo Nesse caso, a empresa pode considerar o risco aceitável somente se forem tomadas medidas antecipadamente para minimizar a chance de problemas ocorrerem. Transferir o risco Quando possível, a empresa pode aceitar o risco e transferir as possíveis consequências para um terceiro. Isso pode ser feito com a contratação de um seguro, por exemplo. Aceitar o risco e explorá-lo Essa é a opção mais comum no mercado financeiro, em que a empresa conhece o risco e decide aumentar sua exposição a ele mediante investimentos que podem oferecer maior rentabilidade. As análises quantitativas de risco são feitas, de forma geral, levando em consideração todos os riscos conhecidos e a probabilidade de eles ocorrerem. Portanto, o risco pode ser definido como a medida da variação dos possíveis retornos, refletindo as probabilidades de um resultado ocorrer (GITMAN, 2010; ASSAF NETO, 1992). Porém, segundo Assaf Neto (1992), na prática, as decisões financeiras não são tomadas em ambiente de total certeza com relação a seus resultados. Por isso, como as decisões estão voltadas 131 GESTÃO FINANCEIRA DE TI para o futuro, é imprescindível a introdução da variável incerteza como um dos aspectos mais significativos da análise de risco. As probabilidades de um evento ocorrer são estimadas em função de dados históricos, ou seja, se utilizam informações de ocorrências do evento no passado para estimar a probabilidade de o evento ocorrer no futuro. Essa distribuição de probabilidades é chamada de distribuição de probabilidades objetiva. Quando não há dados históricos, as probabilidades são estimadas por opiniões pessoais (estimativas em função da experiência pessoal) ou utilizando como base probabilidades de eventos semelhantes. Esta distribuição de probabilidades é chamada de distribuição de probabilidades subjetiva e indica um estado de incerteza. 7.2.1 Análise de risco sob condições de incerteza Quando a distribuição de probabilidades de um evento não pode ser avaliada, há condição de incerteza. Portanto, o risco é uma quantificação de probabilidades conhecidas de um evento ocorrer, enquanto a incerteza lida com a falta de informações a respeito de um evento. Quando é necessária a tomada de decisão sob condições de incerteza, podemos utilizar alguns métodos de análise, como vemos no quadro a seguir. Quadro 15 – Métodos de análise de investimento em condições de incerteza Método Aplicação Análise de sensibilidade Consiste em verificar o reflexo da variação de um elemento de entrada ou saída de caixa no VPL ou no TIR do projeto de investimento. Taxa de desconto ajustada ao risco Esse método inclui uma taxa de risco à taxa de desconto do VPL. Matriz de decisão Utiliza tabelas que relacionam os possíveis resultados (ou custos) com os diferentes cenários (expectativas de inflação, juros, condições climáticas e outros). Lembrete Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa que iguala o Valor Presente dos recebimentos e dos gastos em um projeto. Valor Presente Líquido (VPL) é uma fórmula utilizada para determinar o Valor Presente de pagamentos futuros, descontados a uma taxa de juros apropriada e subtraído o custo do investimento inicial. 132 Unidade IV Como exemplo de utilização do método, vamos considerar um projeto de investimento com os seguintes dados (BRITO, 2004): Investimento inicial = R$ 100.000,00 Previsão de vendas = 1.000 unidades/período Preço de venda = R$ 100,00/unidade Custo variável = R$ 40,00/unidade Custo fixo = R$ 20.000,00/período Valor residual no final de 5 anos = R$ 30.000,00 Taxa Mínima de Atratividade = 20% ao período Modelo de análise de sensibilidade 1ª Etapa – Cálculo do VPL ou TIR da previsão inicial do investimento Para isso, precisamos calcular a taxa que anula o Valor Presente dos fluxos de caixa do projeto. 0I Investimento inicial R$ 100.000,00= = Vendas 1 .000 unid. x R$ 100,00 R$ 100.000,00/período= = Custo variável R$ 40,00 x 1.000 unid. R$ 40.000,00= = Custo fixo = R$ 20.000,00 tFC Caixa líquido R$ 100.000,00 –R $ 40.000,00 –R $ 20.000,00 R $ 40.000,00/período= = = n = 5 anos Valor residual no final de 5 anos = R$ 30.000,00 i = Taxa Mínima de Atratividade = 20% ao período 133 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Esses dados podem ser representados conforme o diagrama da figura a seguir. R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 R$ 40.000,00 Anos R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 543210 Figura 31 – Diagrama de fluxo de caixa do investimento Utilizamos a fórmula para cálculo do VPL, como já visto: ( ) n t 0t t 1 FC VPL I 1 i= = − + ∑ Substituímos os valores na fórmula para obter o valor de VPL: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 2 3 4 5 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000 30.000 VPL 100.000 1 0,20 1 0,20 1 0,20 1 0,20 1 0,20 += + + + + − + + + + + VPL R$ 31.680,81= 2ª Etapa – Determinar os percentuais de variações possíveis de entrada ou saída de caixa e recalcular o VPL considerando as variações determinadas a) Alteração nas vendas em – 10% e – 20% Como as vendas são reduzidas em 10%, em vez de vender 1.000 unidades, serão vendidas – 10%, ou seja: 10 Vendas 1.000 1.000 900 unidades 100 = − × = 0I R$1 00.000,00= Vendas 900 unid. x R$ 100,00 R$ 90.000,00/período= = 134 Unidade IV Custo variável R$ 40,00 x 900 unid. R$ 36.000,00= = Custo fixo R$ 20.000,00= tFC Caixa líquido R$ 90.000,00 – R$ 36.000,00 – R$ 20.000,00 R$ 34.000,00/período= = = Como as vendas são reduzidas em 20%, em vez de vender 1.000 unidades, serão vendidas – 10%, ou seja: 20 Vendas 1.000 1.000 800 unidades 100 = − × = 0I R$ 100.000,00= Vendas 800 unid. x R$ 100,00 R$ 80.000,00/período= = Custo variável R$ 40,00 x 800 unid. R$ 32.000,00= = Custo fixo R$ 20.000,00= tFC Caixa líquido R$ 80.000,00 – R$ 32.000,00 – R$ 20.000,00 R$ 28.000,00/período= = = Com esses novos valores, podemos construir a tabela a seguir. Tabela 13 Alteração nas vendas Período 1 Período 2 Período 3 Período 4 Período 5 VPL - 10% 34.000,00 34.000,00 34.000,00 34.000,00 64.000,00 13.737,14 - 20% 28.000,00 28.000,00 28.000,00 28.000,00 58.000,00 - 4.206,53 b) Alteração nos custos fixos em + 10% e + 20% Vendas 1 .000 unid. x R$ 100,00 R$ 100.000,00/período= = Custo variável R$ 40,00 x 1.000 unid. R$ 40.000,00= = 10 Custo fixo 10% R$ 20.000,00 R$ 20.000,00R$ 22.000,00 100 + = + × = tFC Caixa líquido R$ 100.000,00 – R$ 40.000,00 – R$ 22.000,00 R$ 38.000,00/período= = = 135 GESTÃO FINANCEIRA DE TI 20 Custo fixo 20% R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 24.000,00 100 + = + × = tFC Caixa líquido R$ 100.000,00 – R$ 40.000,00 – R$ 24.000,00 R$ 36.000,00/período= = = Com esses novos valores, podemos construir a tabela a seguir. Tabela 14 Alteração no custo fixo Período 1 Período 2 Período 3 Período 4 Período 5 VPL + 10% 38.000,00 38.000,00 38.000,00 38.000,00 68.000,00 25.699,59 + 20% 36.000,00 36.000,00 36.000,00 36.000,00 66.000,00 19.718,36 c) Alteração nos custos variáveis em + 10% e + 20% Vendas 1 .000 unid. x R$ 100,00 R$ 100.000,00/período= = 10 Custo variável R$ 40,00 x 1.000 unid. R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 44.000,00 100 = = + × = Custo fixo R$ 20.000,00= tFC Caixa líquido R$ 100.000,00 – R$ 44.000,00 – R$ 20.000,00 R$ 36.000,00/período= = = Vendas 1 .000 unid. x R$ 100,00 R$ 100.000,00/período= = 20 Custo variável R$ 40,00 x1 .000 unid. R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 48.000,00 100 = = + × = Custo fixo R$ 20.000,00= tFC Caixa líquido R$ 100.000,00 – R$ 48.000,00 – R$ 20.000,00 R$ 32.000,00/período= = = Com esses novos valores, podemos construir a tabela a seguir. Tabela 15 Alteração nos custos variáveis Período 1 Período 2 Período 3 Período 4 Período 5 VPL + 10% 36.000,00 36.000,00 36.000,00 36.000,00 66.000,00 19.718,36 + 20% 32.000,00 32.000,00 32.000,00 32.000,00 62.000,00 7.755,92 136 Unidade IV d) Alteração no valor residual em - 10% e - 20% 10 Valor residual no final de 5 anos R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 27.000,00 100 = − × = 20 Valor residual no final de 5 anos R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 24.000,00 100 = − × = Com esses novos valores, podemos construir a tabela a seguir. Tabela 16 Alteração no valor residual Período 1 Período 2 Período 3 Período 4 Período 5 VPL - 10% 40.000,00 40.000,00 40.000,00 40.000,00 67.000,00 30.475,18 - 20% 40.000,00 40.000,00 40.000,00 40.000,00 64.000,00 29.269,55 3ª Etapa – Construção dos gráficos para facilitar a análise Dessa forma, podemos observar quais variáveis têm maior influência no retorno do investimento, como apresentado na figura a seguir. A) C) B) D) Figura 32 – Gráficos de influência das variáveis no retorno (VPL) 137 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Analisando os gráficos, fica fácil perceber que as variações que provocam a maior queda no VPL são as quantidades vendidas e as alterações no custo variável. Portanto, os esforços de desempenho do projeto de investimento deverão ser utilizados para minimizar a queda nas vendas e controlar o aumento dos custos variáveis. É importante observar que uma queda das vendas em 20% representa um VPL negativo. Portanto, deve-se decidir se esse é um risco a ser assumido ou não. Observação Note que, ao construir os gráficos, é importante utilizar a mesma base nos eixos para facilitar a comparação dos resultados. Modelo de análise da taxa de desconto ajustada ao risco Nesse método, somamos uma taxa de risco (p) à taxa de desconto do VPL original (io). Assim, utilizando os mesmos dados, mas adicionando uma taxa de risco de 15%, temos: 0i i p 0,20 0,15 0,35 ou 35%= + = + = Agora, com esse novo valor, calculamos o VPL: ( ) n t 0t t 1 FC VPL I 1 i= = − + ∑ Substituímos os valores na fórmula para obter o valor de VPL: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 2 3 4 5 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000 30.000 VPL 100.000 1 0,35 1 0,35 1 0,35 1 0,35 1 0,35 += + + + + − + + + + + VPL R$ 4.511,14= − Como o VPL calculado com a inclusão da taxa de risco é negativo, isso significa que o projeto de investimento resultará em prejuízo. Portanto, o projeto deve ser rejeitado. Modelo de análise utilizando matrizes de decisão Matrizes de decisão são tabelas que relacionam os possíveis resultados em diferentes cenários. Cenários são expectativas futuras diferentes para índices de inflação, taxas de juros e outras variáveis que podem influenciar os resultados. 138 Unidade IV Assim, a partir dos dados que são colocados em uma tabela chamada de matriz de decisão, a análise é realizada tomando em consideração uma entre as cinco regras de decisão: • Maximin: decide pela máxima receita dos piores resultados. • Maximax: decide pela alternativa de melhor resultado entre os melhores resultados. • Regra de Hurwicz: atribui pesos para as duas regras anteriores e decide pelo melhor resultado obtido com a média ponderada entre os piores e os melhores resultados. • Razão insuficiente ou Regra de Laplace: supõe que todos os resultados têm a mesma probabilidade de ocorrer e utiliza a média aritmética de cada cenário, decidindo pelo de maior média. • Mínimo arrependimento ou Regra de Savage: zera os melhores resultados de cada cenário e calcula quanto deixaria de ganhar caso tivesse escolhido outra opção. Para exemplificar, vamos considerar um investimento em safras de agricultura. Nesse caso, um fator importante que temos de levar em consideração é a condição do clima no período, uma vez que muitas chuvas, granizo, seca e outros fatores influenciam diretamente nos resultados. Na tabela a seguir, chamada de matriz de decisão, temos exemplos de resultados para três tipos de culturas diferentes em função das condições climáticas. Tabela 17 – Resultados em função das condições climáticas Condição climática Cultura Boa Média Ruim A 100 70 30 B 72 60 50 C 90 90 25 Fonte: Brito (2004). Qual seria a melhor cultura para investir em função das informações contidas na tabela? Para analisar, utilizamos as cinco regras de decisão; assim, vamos verificar os resultados para cada uma delas. Maximin Para essa regra, selecionamos os piores resultados de cada alternativa, como na tabela a seguir. 139 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Tabela 18 – Seleção dos piores resultados Condição climática Cultura Boa Média Ruim A 100 70 30 B 72 60 50 C 90 90 25 A partir dessa seleção, escolhemos o melhor entre os piores resultados. Assim, a cultura a ser escolhida seria a cultura B, pois, no pior cenário, é a que traria os melhores resultados, reduzindo, portanto, o risco. Essa escolha é feita quando o investidor é pessimista e avesso ao risco, pois o que importa para ele é obter o maior retorno quando as condições não são favoráveis. Maximax Para essa regra, selecionamos os melhores resultados de cada opção de cultura, como na tabela a seguir. Tabela 19 – Seleção dos melhores resultados Condição climática Cultura Boa Média Ruim A 100 70 30 B 72 60 50 C 90 90 25 A partir dessa seleção, escolhemos o melhor entre os melhores resultados. No caso, é a opção A. Assim, a cultura a ser escolhida seria a cultura A, pois é a que traria os melhores resultados independentemente do cenário. Essa escolha é feita quando o investidor é otimista e propenso ao risco, pois o que importa para ele é obter o maior retorno possível. Regra de Hurwicz Essa regra atribui pesos para as duas regras anteriores, decidindo pelo melhor resultado obtido com a média ponderada entre os piores e os melhores resultados. Para isso, a regra considera que cada investidor tem um grau de otimismo e de pessimismo. Assim, supondo que o agricultor seja 40% otimista e 60% pessimista, aplicamos esses pesos às melhores e piores condições climáticas, respectivamente, e somamos os resultados obtidos. Os resultados são apresentados na tabela a seguir. 140 Unidade IV Resultado A 100 0,4 30 0,6 58= × + × = Resultado B 72 0,4 50 0,6 58,8= × + × = Resultado C 90 0,4 25 0,6 51= × + × = Tabela 20 – Resultados da Regra de Hurwicz Condição climática Cultura Boa Peso Ruim Peso Resultado A 100 0,4 30 0,6 58 B 72 0,4 50 0,6 58,8 C 90 0,4 25 0,6 51 A partir desses resultados, escolhe-se o melhor entre todos. Nesse caso, seria a opção B. Razão insuficiente ou Regra de Laplace Essa regra supõe que todos os resultados têm a mesma probabilidade de ocorrer e utiliza a média aritmética para tomada de decisão, como apresentado natabela a seguir. 100 70 30 Média aritmética A 66,67 3 + += = 72 60 50 Média aritmética B 60,67 3 + += = 90 90 25 Média aritmética C 68,33 3 + += = Tabela 21 – Resultados da regra da razão insuficiente Condição climática Cultura Boa Média Ruim Média aritmética A 100 70 30 66,67 B 72 60 50 60,67 C 90 90 25 68,33 A partir desses resultados, escolhe-se o melhor entre todos. Nesse caso, seria a opção C. 141 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Mínimo arrependimento (Minimax) ou Regra de Savage Essa regra zera os melhores resultados de cada cenário e calcula quanto deixaria de ganhar caso tivesse escolhido outra opção. Considera que o investidor pode ter um arrependimento por ter escolhido errado. Devemos, portanto, criar uma matriz do arrependimento, que consiste em zerar os melhores resultados para cada cenário e calcular quanto deixaria de ganhar caso tivesse escolhido outra opção. Iniciamos, então, escolhendo os melhores resultados para cada cenário, como na tabela a seguir. Tabela 22 – Escolha dos melhores resultados Condição climática Cultura Boa Média Ruim A 100 70 30 B 72 60 50 C 90 90 25 Maior valor 100 90 50 A partir daí, zeramos esses resultados na matriz e subtraímos os valores na tabela pelo maior valor de cada cenário. Tabela 23 – Zerando os melhores resultados Condição climática Cultura Boa Média Ruim A 0 90-70=20 50-30=20 B 100-72=28 90-60=30 0 C 100-90=10 0 50-25=25 Agora selecionamos o pior caso de cada opção, como na tabela a seguir. Tabela 24 – Escolha do pior caso de cada opção Condição climática Cultura Boa Média Ruim Pior caso A 0 20 20 20 B 28 30 0 30 C 10 0 25 25 A partir desses resultados, escolhe-se o menor valor na matriz, pois é o que representa o menor arrependimento. Nesse caso, a escolha seria a opção A. 142 Unidade IV Agora, vamos analisar todos os resultados utilizando cada uma das regras, como mostra o quadro a seguir. Quadro 16 – Resultados usando todas as regras Regra Opção escolhida Maximin A Maximax B Hurwicz B Laplace C Minimax A Podemos observar que todas as opções são válidas, dependendo da regra escolhida. Assim, o investidor deverá escolher a regra que melhor represente o seu projeto. Os métodos de análise citados possuem uma desvantagem, que é o fato de alterar apenas o valor de uma variável. A análise de cenários é um método que remedia essa desvantagem. Esse modelo permite a mudança simultânea de valores para várias variáveis a fim de construir um cenário alternativo, que pode ser otimista ou pessimista. A análise de cenários utiliza modelos matemáticos mais sofisticados que utilizam iterações e distribuições de probabilidades para simulações de cenários. Por esse motivo, esse modelo não será objeto de nosso estudo. 7.3 Risco e retorno Uma decisão de investimento é baseada na análise de risco e retorno, lembrando que o risco é a variação dos retornos esperados, e o retorno são as probabilidades de ocorrência. Portanto, a decisão de investimento é tomada em função do valor esperado de riqueza promovida pelo investimento e de seu desvio-padrão, sendo que o primeiro fator deve ser maximizado, e o segundo, minimizado. Como o parâmetro base para decisão é o retorno do mercado, e o mercado é considerado eficiente, a curva dos retornos representa a fronteira eficiente para comparação com as curvas de retorno e varia conforme o perfil de risco assumido pela empresa. Isso fica mais fácil de entender se observarmos a figura a seguir, em que vemos as curvas de rendimento para um investimento de $ 1 (um dólar) no final do ano de 1925 até o ano de 2007 em diferentes tipos de investimento do mercado financeiro. É importante observar que o investimento mais arriscado é justamente o que deu o maior rendimento (ações de pequenas empresas), e o menos arriscado foi o de menor rendimento (inflação – como exemplo, investimento em caderneta de poupança). 143 GESTÃO FINANCEIRA DE TI $ 20.000 $ 10.000 $ 1.000 $ 100 $ 10 $ 1 $ 0 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985 1995 2005 Final do ano Letras do Tesouro Inflação $11,72 $20,19 $78,78 $3.246,39 $15.091,10 Títulos de longo prazo do Tesouro Ações de grandes empresas 31 de dezembro de 1925 a 31 de dezembro de 2007 Ações de pequenas empresas Ín di ce Figura 33 – Um investimento de $ 1 em diferentes tipos de carteiras: 1925-2007 (final do ano 1925) Fonte: Ross et al. (2013, p. 395). Quando uma empresa precisa decidir a respeito de um investimento, ela precisa levar em consideração o retorno que teria se investisse esse mesmo valor no mercado financeiro, ponderando o tempo de retorno, o risco envolvido e os retornos futuros (após o retorno). Ainda observando a figura, apesar de o investimento em ações de pequenas empresas ter apresentado um rendimento superior a todos os demais ao longo de todo o período, podemos observar que nos primeiros anos o valor das ações oscilou muito e rendeu menos do que as Letras do Tesouro no mesmo período. Portanto, um investimento em ações de pequenas empresas apresenta um risco maior. Na gestão de investimentos, a decisão por quanto de risco se vai assumir depende do retorno esperado. Assim, quanto maior o risco a ser assumido, maior deve ser o retorno. 144 Unidade IV A relação risco-retorno pode ser apresentada graficamente, como na figura a seguir. Figura 34 – Gráfico da relação risco-retorno O retorno do investimento pode ser de três tipos: • Retorno esperado (ex ante): é o retorno mínimo esperado pelos investidores. • Retorno exigido: é o retorno esperado. • Retorno real (ex post): é o retorno real do investimento. Quanto à origem do retorno, pode ser proveniente do valor do ativo (valorização do ativo em função do investimento realizado) e do fluxo de caixa esperado (remuneração). Para calcular os retornos, utilizamos a seguinte equação: t t 1 t t 1 P P C k P − − − += Em que: k = retorno esperado P = preço do ativo t = tempo C = caixa ou fluxo recebido do ativo 145 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Vamos analisar dois investimentos em ações de empresas para entender o procedimento. Suponhamos que foram realizados investimentos em ações das empresas BBB e MMM, conforme a tabela a seguir. Tabela 25 – Investimento em ações Título BBB MMM Preço atual do ativo Pt 2,20 2,10 Preço inicial do ativo Pt-1 1,80 1,75 Receita no período Ct 0,65 0,55 Calculamos o retorno usando a equação: t t 1 t t 1 P P C k P − − − += Para a ação da empresa BBB: 2,20 1,80 0,65 k 0,58 ou 58% 1,80 − += = Para a ação da empresa MMM: 2,10 1,75 0,55 k 0,51 ou 51% 1,75 − += = Comparando os resultados, vemos que as ações da empresa BBB apresentaram melhor retorno no período. Saiba mais Para aumentar os conhecimentos em análise de riscos, visite: ANÁLISE DE RISCOS FINANCEIROS. In: DICIONÁRIO Financeiro. [s.l.]. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3lTO6JD. Acesso em: 11 ago. 2021. 8 GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO Os principais objetivos da gestão financeira são reduzir o custo do financiamento e garantir que existam fundos suficientes para as operações da empresa. Para isso, deve lidar com o planejamento, organização e controle das atividades financeiras. 146 Unidade IV Como vimos anteriormente, os recursos financeiros entram na empresa por meio das decisões de financiamento (passivo) e são alocados mediante as decisões de investimento (ativo). A gestão financeira escolhe, assim, as melhores fontes para obter financiamento e decide quais as melhores opções para investimento, com o objetivo de aumentar a riqueza da empresa e seus acionistas (ou proprietários). No entanto, para que essas decisões tenham efeito, é preciso controlar habilmente as operações da empresa de forma a obter os resultados esperados. Portanto, a gestão financeira engloba as decisões de financiamento, as decisões de investimento e as decisões operacionais. 8.1 Conceitos de gestão de curto e de longo prazo A gestão financeira de longo prazo é a que lida com as decisões de financiamento e de investimento.Sua missão é alcançar a estrutura financeira ótima (obter o melhor equilíbrio possível entre capitais próprios e de terceiros) e garantir a rentabilidade para os investimentos da empresa, sempre com o objetivo de maximizar o valor da empresa. A gestão financeira de curto prazo lida com as operações diárias da empresa, são as decisões operacionais, visando o uso eficiente dos recursos obtidos na atividade da empresa para a geração de lucro por meio dos investimentos realizados. 8.2 Planejamento de curto prazo O planejamento financeiro é um plano que estabelece como os objetivos financeiros de uma empresa devem ser alcançados, ou seja, é uma previsão do que deve ser feito no futuro (ROSS et al., 2013). A gestão financeira de curto prazo diz respeito, principalmente, à análise das decisões que afetam o ativo e o passivo circulantes, e costuma ser chamada de administração do capital de giro, ou administração do circulante. O planejamento financeiro de curto prazo abrange o planejamento operacional, especificando ações financeiras de curto prazo e o impacto previsto dessas ações. Geralmente, esse planejamento cobre períodos de um a dois anos (alguns autores, como Ross et al. (2013), consideram o período de um ano) e usa como principais informações a previsão de vendas e dados operacionais e financeiros (GITMAN, 2010). Segundo Gitman (2010), o planejamento financeiro de curto prazo começa com a projeção de vendas, e, a partir dessa projeção, são desenvolvidos planos de produção que levam em conta os prazos de espera (preparação da produção) e estimativas de matérias-primas necessárias para a produção. Depois de planejada a produção, podem ser estimadas as despesas diretas (folha de pagamento, custos fixos e despesas operacionais) e ser elaborada uma demonstração de resultado inicial e um orçamento de caixa. Finalmente, com essas informações, é possível desenvolver um Balanço Patrimonial pró-forma. Esse processo pode ser mais bem entendido observando a figura a seguir. 147 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Previsão de vendas Planos de produção Demonstração do resultado pró-forma Orçamento de caixa Balanço patrimonial pró-forma Plano de financiamento de longo prazo Plano de investimento em ativo imobilizadoBalanço patrimonial do período corrente Processo de planejamento financeiro de curto prazo (operacional) Informações necessárias Resultado para análise Figura 35 – Processo de planejamento de curto prazo Fonte: Gitman (2010, p. 107). O planejamento financeiro de curto prazo serve como estrutura de suporte na tomada de decisões, contribuindo para solucionar problemas de caixa que possam surgir como consequência de reduções de receitas ou de aumentos no volume de pagamentos. Além disso, auxilia na programação de desembolsos e de investimentos com base na liquidez e na rentabilidade (ASSAF NETO, 2014). 8.3 Administração do caixa, de crédito e de estoques A administração dos recursos financeiros de curto prazo lida com os recursos aplicados nas atividades operacionais que dão movimentação aos ativos permanentes e, por serem de curto prazo, necessitam de grande agilidade em sua gestão (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). As finanças de curto prazo dizem respeito principalmente à análise das decisões que afetam o ativo e o passivo circulantes e, em geral, envolvem entradas e saídas de caixa que ocorrem em um ano ou menos (ROSS et al., 2013). A gestão financeira de curto prazo lida com a administração dos ativos circulantes da empresa (caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoque) e dos passivos circulantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar), visando um equilíbrio entre risco e retorno e contribuindo, assim, para a maximização do valor da empresa. Segundo Ross et al. (2013), atividades que aumentam o caixa são chamadas de fontes de caixa, enquanto atividades que diminuem o caixa são chamadas de usos do caixa. Algumas atividades aumentam naturalmente o caixa, e outras o diminuem, como podemos observar nos exemplos apresentados no quadro a seguir. 148 Unidade IV Quadro 17 – Atividades que aumentam ou diminuem o caixa Atividades que aumentam o caixa Atividades que diminuem o caixa Aumento do passivo não circulante (tomar empréstimos a longo prazo) Diminuição do passivo não circulante (pagar dívidas de longo prazo) Aumento do patrimônio líquido (aumentar o capital próprio com emissão de ações) Diminuição do patrimônio líquido (recomprar algumas ações) Aumento do passivo circulante (tomar um empréstimo de 90 dias) Diminuição do passivo circulante (pagar um empréstimo de 90 dias) Diminuição dos outros ativos circulantes (vender estoques mediante pagamento à vista) Aumento de outros ativos circulantes (comprar estoques à vista) Diminuição do ativo não circulante (vender alguma propriedade) Aumento do ativo não circulante (comprar alguma propriedade) Fonte: Ross et al. (2013). Observando o quadro, vemos que as fontes de caixa sempre envolvem o aumento de uma conta do passivo ou a diminuição de uma conta do ativo. Isso porque, para aumento do passivo, é preciso obter dinheiro por meio de empréstimos ou venda de um direito de participação no capital na empresa; e para diminuição de um ativo é preciso vender ou liquidar um ativo. Ambos os casos consistem em um fluxo de entrada de caixa. Um fluxo de saída de caixa, por outro lado, envolve a diminuição de um passivo por meio de seu pagamento, ou o aumento de um ativo por meio de uma compra. O ciclo de caixa está vinculado ao ciclo operacional da empresa e, por conseguinte, à administração de estoque. Esse é um processo cíclico dos ativos circulantes que se inicia com o ciclo operacional por meio da aquisição de matéria-prima para produção (empresa industrial) ou de mercadorias (empresa comercial), e se finaliza no recebimento pela venda do produto final (ROSS et al., 2013). O objetivo da gestão financeira a curto prazo é gerir os ativos circulantes (caixa, duplicatas a receber, estoques) e os passivos circulantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar, contas a pagar), visando a um equilíbrio entre lucratividade e risco. A diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante é o capital de giro, que é o dinheiro necessário para a manutenção do negócio. Esse dinheiro fica disponível em caixa permitindo seu uso no cumprimento das obrigações empresariais. Os elementos que compõem o capital de giro não apresentam sincronização temporal entre as atividades (compras, produção, vendas, recebimentos e pagamentos). Assim, é importante conhecer como as atividades ocorrem para poder alocar adequadamente os valores necessários e efetivar seu controle. Podemos observar esse ciclo na figura a seguir. 149 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Armazenagem (recebimento) Armazenagem (início de) Ciclo operacional total Ciclo de caixa (financeiro) Cobrança Compra (pedido) Fabricação (início de) Venda Figura 36 – Ciclo operacional e ciclo financeiro Adaptada de: Assaf Neto (1992). Observando a figura, podemos perceber que a gestão do caixa, do crédito e dos estoques estão interligadas. O capital de giro (capital circulante, ativo circulante) representa o valor dos recursos aplicados pela empresa para movimentar o ciclo operacional. O ciclo operacional compreende o espaço de tempo que vai desde a entrada da matéria-prima (indústria) ou dos produtos para venda (comércio) no estoque da empresa até a venda dos produtos e respectivo recebimento. Em uma empresa de serviços não há estoque de bens, portanto, o ciclo é menor. Podemos visualizar melhor o ciclo operacional e o ciclo de caixa na figura a seguir. Momento da entrada da matéria-prima no estoque Momento da venda a prazo dos bens produzidos Ciclo operacional Ciclo de caixa Momento da cobrança dos valores a receber Idade média do estoque Pagamento Período médio de cobrança Recebimento Período médio de pagamento Tempo Figura 37 – Ciclo operacional e ciclode caixa Fonte: Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 371). 8.3.1 Administração do caixa A denominação caixa engloba os ativos de liquidez imediata, que são o dinheiro e os saldos em contas-correntes bancárias. Assim, o caixa representa os valores que a empresa pode utilizar a qualquer momento. 150 Unidade IV Para maximizar a rentabilidade de uma empresa, deveria haver uma sincronização entre pagamentos e recebimentos para que não fosse necessário o estoque de recursos financeiros no caixa. No entanto, esse é um cenário de difícil realização. Os motivos para uma empresa manter dinheiro em caixa são, basicamente, os apresentados no quadro a seguir. Quadro 18 – Motivos para uma empresa manter dinheiro em caixa Motivos de manutenção de caixa Para efetuar pagamentos Transação Operações normais Precaução Despesas imprevistas (diferença entre fluxo monetário real e projetado, desfalques etc.) Especulação Oportunidades especulativas (compra de estoques a preço convidativo etc.) É preciso salientar que a manutenção de valores em caixa significa não efetuar aplicação em operações mais rentáveis e uma desvalorização do poder aquisitivo. Dessa forma, o saldo do caixa ideal deveria ser o mínimo possível, o que se obtém mediante um planejamento adequado. A gestão de caixa consiste no acompanhamento, controle e direcionamento do fluxo de caixa, ou seja, da movimentação de entradas e saídas dos recursos. Existem alguns modelos teóricos de gestão do caixa que podem ser utilizados, no entanto, é preciso ajustá-los para cada empresa. Esses modelos têm como objetivo ajudar a determinar a quantidade de caixa que uma empresa deve manter. Modelo do caixa mínimo operacional Esse modelo deve ser utilizado como um parâmetro inicial para determinação do caixa mínimo operacional. Ele visa determinar o montante necessário para financiar a falta de sincronização entre as entradas e saídas de recursos financeiros. Observação O caixa mínimo deve ser suficiente para efetuar pagamentos quando as entradas esperadas (recebimentos) não ocorrerem. 151 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Vamos analisar a figura a seguir para compreender melhor. Prazo de estocagem das matérias-primas Prazo de produção Estocagens de produtos acabados RecebimentoVenda Tempo Prazo de recebimento das vendas Prazo de estocagem dos produtos acabados ProduçãoPagamento Prazo de pagamento a fornecedores Compra de matéria-prima 2 meses 1 mês 1 mês 1 mês 2 meses Figura 38 – Ciclo de caixa de empresa industrial Adaptada de: Assaf Neto (2014, p. 637). Pela observação da figura, podemos determinar o ciclo operacional (7 meses) e o ciclo de caixa (5 meses), conforme salientado na figura a seguir. Prazo de estocagem das matérias-primas Prazo de produção Estocagens de produtos acabados RecebimentoVenda Tempo Prazo de recebimento das vendas Prazo de estocagem dos produtos acabados ProduçãoPagamento Prazo de pagamento a fornecedores Compra de matéria-prima 2 meses 1 mês 1 mês Ciclo de caixa (5 meses) (Necessidade de recursos) Ciclo operacional (7 meses) 1 mês 2 meses Figura 39 – Ciclo operacional e ciclo de caixa Adaptada de: Assaf Neto (2014, p. 637). Tomando por base um período de um ano (12 meses), podemos determinar o giro de caixa, ou seja, o número de vezes que o caixa de uma empresa gira (se renova) em um determinado período dividindo 12 (um ano) pelo ciclo de caixa encontrado: 12 Giro de caixa 2,4 5 = = 152 Unidade IV Quanto menor for o ciclo de caixa, maior será o giro de caixa e, portanto, menor será a necessidade de recursos monetários disponíveis. Ou, quanto maior o giro de caixa, menor a necessidade de caixa mínimo operacional. O giro de caixa é uma medida de eficiência na administração de caixa. O objetivo da gestão de caixa é prover a máxima liquidez imediata possível sem apresentar valores significativos de recursos disponíveis. Assim, quanto mais próximo de 12 for esse valor, menor a quantidade de recursos inativos. Com esses dados, podemos calcular o caixa mínimo operacional (ASSAF NETO, 2014): Desembolsos totais esperados no período Saldo mínimo de caixa Giro de caixa no período = Assim, para exemplificar, supondo que a empresa tenha uma previsão de desembolso de R$ 50.000,00 no período, o saldo mínimo de caixa será de: R$ 50.000,00 Saldo mínimo de caixa R$ 20.833,33 2,4 = = Portanto, o gestor deve manter R$ 20.833,33 como estoque de recursos financeiros no caixa. Observação Quando uma empresa consegue aumentar o prazo de pagamento a fornecedores e reduzir o prazo de recebimento dos seus clientes, ela reduz o ciclo operacional. Dessa forma, reduz o ciclo de caixa e aumenta o giro de caixa, diminuindo a necessidade de caixa mínimo. Algumas desvantagens do método: • Pode levar a valores superestimados ou insuficientes devido à sazonalidade (período de produção e vendas) do negócio. • Não considera o lucro gerado no exercício ou os rendimentos de aplicações financeiras (redução do caixa mínimo). • Os valores são projetados em moeda constante (não considera a inflação). • Não incorpora a variável incerteza. 153 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Modelo de Baumol Esse modelo presume que as entradas e saídas de caixa podem ser previstas com precisão e que uma carteira de títulos negociáveis atua como um reservatório para suprir os saldos de caixa transacionais. Dessa forma, a empresa administra os recursos do caixa com base no custo de conversão dos títulos negociáveis em caixa (custo de conversão) e no custo de manter caixa (custo de oportunidade). Para facilitar o entendimento, vamos observar os gráficos da figura a seguir. Tempo Tempo Desembolso na situação original Desembolso com aplicações 1 10 0 $ $ Figura 40 – Modelo de Baumol Observamos que, em vez de efetuar os pagamentos previstos em determinado período, os valores podem ser utilizados conforme as necessidades previstas, enquanto o montante que estaria no caixa é aplicado e permite obtenção de rendimento. Portanto, considerando um investimento de curto prazo qualquer, uma empresa pode aplicar parte do recebimento inicial nesse investimento e, com o tempo, sacar o dinheiro existente na conta do investimento para cumprir suas obrigações. É preciso observar que o investimento proporcionará uma receita financeira (recebimento de juros), porém, cada operação de aplicação e resgate apresentará um custo. Para uso desse modelo, é preciso partir do pressuposto que a empresa possui recebimentos periódicos e desembolsos constantes e diários. A melhor estratégia em termos de rentabilidade será dada pela maximização da relação entre os ativos e os custos da transação de aplicação: Max (A × i - N × b) Em que: A = caixa e aplicação financeira (é possível alocar os recursos em um ou em outro) i = rentabilidade da aplicação N = número de resgates da aplicação financeira b = custo da transação de aplicação e resgate 154 Unidade IV Para calcular o número de resgates da aplicação financeira, usamos a equação: 0,5 i R N b × ×= Em que: R = montante recebido no período O valor de cada resgate é dado por: R Resgate N = Por fim, como os desembolsos diários são constantes e conhecidos, o saldo médio de caixa é dado por: R b Saldo médio de caixa 0,5 i ×= × Esse modelo possui algumas limitações: • pressupõe que a empresa tem um ritmo de desembolso constante; • pressupõe que não há recebimentos durante o período de projeção; • não é previsto um saldo de segurança. Modelo de Miller-Orr Esse modelo parte da suposição da existência de dois ativos, caixa e aplicação financeira, assim como o modelo de Baumol. No entanto, considera que o fluxo de caixa é incerto. Esse modelo é considerado o mais realista e apropriado para lidar com ambientes de incerteza. Assim como no modelo de Baumol, de acordo com o comportamento do fluxo de caixa no tempo, poderá existir transferência de recursos do caixa para investimento de curto prazo ou do investimento para ocaixa. No modelo de Miller-Orr, é importante determinar um saldo mínimo e um saldo máximo admitido de caixa (ASSAF NETO, 2014). Para isso, o modelo estabelece três pontos para o gerenciamento do caixa: o caixa mínimo, o ponto de retorno e o ponto máximo. O caixa mínimo (L) é determinado pela administração da empresa baseado na aversão ou propensão ao risco. Em situação de propensão ao risco, L = 0. 155 GESTÃO FINANCEIRA DE TI O ponto de retorno (z), ou valor ótimo do caixa, é o valor após cada resgate ou após cada aplicação e é dado pela equação: 3 0,75 b Variância z L i × ×= + Em que: b = custo da transação de aplicação e resgate i = rentabilidade da aplicação Variância = variância dos saldos líquidos diários de caixa calculada a partir da série histórica da empresa O ponto máximo h é dado por: h = L + 3 × z A empresa permite que o saldo de caixa varie entre h e L. Desde que o saldo fique entre esses valores, a empresa não realiza qualquer transação. Quando o saldo ultrapassa h, a empresa compra h - z unidades de títulos negociáveis (faz uma aplicação financeira) tirando o excesso do caixa, reduzindo o saldo de caixa para z. Da mesma forma, quando o saldo de caixa ultrapassa m, a empresa deve vender títulos no valor de z - L (resgata a aplicação financeira), aumentando o saldo de caixa para z. Em ambas as situações, o saldo de caixa volta para z. O limite inferior m é determinado em função do risco de falta de caixa que a empresa está disposta a tolerar. O gráfico da figura a seguir ilustra o funcionamento do modelo. Limite superior Tempo Limite inferiorSa ld o de c ai xa ($ ) Nível de retornoZ 0 t1 t2 h L Figura 41 – Modelo de Miller-Orr Fonte: Assaf Neto (2014, p. 646). Esse modelo tem como vantagens o fato de levar em consideração a dispersão do fluxo de caixa e de possuir uma regra clara de valor máximo e valor mínimo no caixa. 156 Unidade IV Como desvantagens, o modelo apresenta: • dificuldade de determinar o valor mínimo; • não leva em consideração a sazonalidade; • não considera o fluxo de caixa projetado futuro no resgate e na aplicação. 8.3.2 Administração de crédito Um componente importante do ciclo de conversão de caixa é o prazo médio de recebimento, que representa o período de tempo médio entre uma venda a prazo e a conversão do pagamento em fundos que a empresa possa usar (GITMAN, 2010). Ao vender bens e serviços, uma empresa pode exigir que o pagamento seja antecipado ou na data da venda, ou pode conceder crédito aos clientes na forma de um prazo para pagamento. O ideal seria realizar todas as vendas com pagamento antecipado, porém as empresas costumam utilizar o oferecimento de um prazo para pagamento (crédito) como uma forma de incentivo de vendas. A concessão de crédito tem custos associados. Existe a probabilidade de o cliente não pagar ou de atrasar o pagamento. Além disso, a empresa tem de assumir os custos de carregamento das contas a receber. Por esses motivos, a empresa precisa ponderar entre os benefícios de um aumento de vendas e os custos de conceder crédito para isso (ROSS et al., 2013). Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010): • A concessão de crédito deve ser suportada pela existência ou obtenção de recursos para financiá-la, pois interfere no equilíbrio econômico-financeiro da empresa. • Quanto maior o volume de vendas a crédito e o prazo médio de cobrança, maior será a necessidade de capital de giro. • O custo do financiamento deve ser agregado aos custos dos produtos. Para a maioria das empresas, os valores a receber representam uma parte significativa de seus ativos circulantes, exercendo grande influência na rentabilidade. Esses valores dependem do comportamento das vendas e da formulação de políticas de crédito. As políticas de crédito são base da gestão de valores a receber e servem para definir como o crédito é concedido. Para isso, envolvem a definição de padrões de crédito, prazos de concessão, riscos envolvidos, garantias exigidas e diretrizes de crédito (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Para definir as políticas de crédito, as empresas levam em consideração as condições presentes e expectativas futuras da situação econômico-financeira da empresa, das condições da economia e do mercado em que empresa atua, sempre revisando essas condições. 157 GESTÃO FINANCEIRA DE TI A seguir, vemos componentes importantes na definição de políticas de crédito. Lembrete É melhor não vender do que vender e não receber. Padrões de crédito Os padrões de crédito são as condições mínimas que o cliente deve possuir para receber crédito da empresa. Essas condições estão relacionadas com o risco de não recebimento do todo ou de parte do valor da venda e influenciam diretamente as vendas, como podemos observar no quadro a seguir (GITMAN, 2010; LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Quadro 19 – Influência das políticas de crédito Variável Influência Vendas Quando as condições mínimas de vendas são muito exigentes, elas restringem o crédito dificultando a realização de vendas. Padrões menos exigentes permitem a realização de maiores vendas. Valores a receber A facilitação das vendas indica um aumento na necessidade de recursos para financiamento de valores a receber. Riscos Padrões menos exigentes aumentam os riscos de não recebimento, aumentando o risco de perdas. O estabelecimento de uma política de crédito envolve: a análise dos padrões de crédito, o prazo de concessão, os descontos financeiros por pagamentos antecipados e as políticas de cobrança. As principais características desses elementos podem ser observadas no quadro a seguir. Quadro 20 – Características dos elementos básicos da política de crédito Elemento Característica Análise dos padrões de crédito São requisitos de segurança mínimos que devem ser atendidos pelos clientes para que se conceda crédito. De forma geral, agrupam-se os clientes em diversas categorias de risco para mensurar o custo das perdas associadas às vendas realizadas para clientes com características semelhantes. O custo é calculado pela probabilidade de perdas pelo não recebimento das vendas efetuadas a prazo. Prazo de concessão Período de tempo concedido ao cliente para pagamento das compras realizadas. Esse prazo varia conforme a influência de diversos fatores (geralmente maior em empresas de produtos sazonais) e depende da política adotada pela concorrência, das características do mercado consumidor, da natureza do produto vendido, da conjuntura econômica, de metas internas da empresa (giro dos ativos, políticas de estoques etc.), do prazo de pagamento a fornecedores etc. Descontos financeiros por pagamentos antecipados Abatimento no preço de venda efetuado quando os pagamentos das compras realizadas forem feitos à vista ou a prazos bem curtos. Esses descontos são concedidos visando ao aumento das vendas, à redução de necessidades de caixa e à redução do risco (clientes duvidosos). Políticas de cobrança Critérios adotados visando ao recebimento na data do vencimento. Podem ser utilizadas várias técnicas de cobrança, desde ligações telefônicas até medidas judiciais. Quanto maior o atraso no recebimento de uma conta, maior o esforço de cobrança. 158 Unidade IV 8.3.3 Administração de estoques Os estoques costumam representar um valor considerável no total dos investimentos nas empresas industriais e comerciais. Em geral, demandam altos volumes de recursos (imobilizados) aplicados em itens de baixa liquidez, assim, as empresas precisam promover uma rápida rotação em seus estoques para aumentar sua rentabilidade e manter sua liquidez (ASSAF NETO, 2014). Nas empresas industriais, os estoques são representados por matérias-primas, componentes, insumos, produtos em processo e os acabados, e a gestão dos estoques é plena. Nas empresas comerciais, são representados pelos bens comercializáveis, e a gestão dos estoques limita-se aos produtos prontos para serem vendidos (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM,2010). Como são os ativos de menor liquidez de uma empresa, é importante administrar os estoques, uma vez que o giro mais lento do estoque impacta diretamente no fluxo de caixa da empresa (porque as duplicatas vencem mesmo se o produto ainda não foi vendido) (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Os pontos de vista dos diversos administradores em uma empresa industrial costumam ser diferentes com relação aos estoques. Para o gestor financeiro, é importante manter o estoque em um nível mínimo, de forma que o dinheiro da empresa não seja investido desnecessariamente. Já para o gestor de marketing, é interessante ter um estoque bem grande para poder atender rápido a todos os pedidos e evitar atrasos por falta de produtos. Todos os gestores envolvidos devem encontrar um ponto de equilíbrio entre suas expectativas de forma a não penalizar a empresa. Segundo Assaf Neto (2014), os fatores que influenciam mais diretamente os investimentos em estoques conforme o tipo de estoque são os observados no quadro a seguir. Quadro 21 – Fatores que influenciam os investimentos em estoques Mercadorias de produtos acabados Produtos em elaboração Matérias-primas e embalagens Materiais de consumo e almoxarifados Demanda Natureza Economia de escala Investimento necessário Extensão do ciclo de produção Nível de desenvolvimento tecnológico da produção Prazo de entrega Nível de requisição Natureza física Problemas com importação Peculiaridades operacionais e administrativas Adaptado de: Assaf Neto (2014, p. 679). O controle de estoque costumava ser realizado manualmente utilizando planilhas (e ainda há empresas que o fazem assim). Atualmente, há diversas ferramentas que permitem não só o gerenciamento dos estoques, mas também o gerenciamento de todo o sistema, desde a compra de matérias-primas, armazenamento, produção, até a entrega ao cliente. Há diversas técnicas/ferramentas eficazes de gestão do estoque. As mais utilizadas estão descritas no quadro a seguir. 159 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Quadro 22 – Técnicas e ferramentas para controle de estoques Técnica/ferramenta Característica ERP (Enterprise Resource Planning) Ferramenta que permite otimizar o fluxo de informações e integrar dados de todos os setores da empresa por meio de softwares específicos de controle de estoque, utilizados para analisá-los. SRM (Supplier Relationship Management) Software de gestão do relacionamento com fornecedores que utiliza um conjunto de ações para otimizar a relação da empresa com os fornecedores, permitindo a tomada de decisões com base no fluxo de entrada e saída dos produtos. Just in Time Técnica de controle de estoque que visa produzir, armazenar ou comprar insumos somente quando necessário. Dessa forma, mantém o estoque no menor nível possível, reduzindo os custos. PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) Utiliza o conceito de que as mercadorias mais antigas no estoque devem ser vendidas primeiro. Muito utilizado em indústrias alimentícias. Essa técnica otimiza o ciclo de vida das mercadorias, permitindo uma reposição mais rápida. UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair) Técnica inversa à PEPS. Indicada somente para empresas fora do segmento de produtos perecíveis. Custo médio Técnica que permite conhecer o valor da mercadoria a partir do valor dos produtos vendidos e os que estão em estoque. Por meio do custo médio de cada produto, é possível saber o valor real do estoque no período, facilitando a gestão. Ciclo PDCA Plan (planejar) Do (executar) Check (checar) Act (atuar) Técnica utilizada para a solução de problemas específicos, como estoque acumulado sem saída, pedidos feitos em atraso, quantidades conferidas na entrada que não batem com a quantidade de itens disponíveis etc. Nela, identifica-se qual dos problemas tem alcance mais negativo na gestão de estoque e determina-se o que está causando esse problema, traçando um plano para sua solução (plan), executando esse plano (do), checando as consequências (check) e aplicando a solução (act). Curva ABC Técnica de classificação dos itens de acordo com o seu grau de importância em três categorias: A, B e C. Baseada no Princípio de Pareto, essa classificação indica que 80% dos efeitos desejados são obtidos a partir de 20% das causas ou ações empregadas em prol de determinado objetivo. Em outras palavras, de todo o estoque, 20% dos itens serão os que representarão 80% da lucratividade. Giro de estoque Permite saber quantas vezes o estoque foi renovado no período de um mês ou se ainda há produtos que não tiveram saída. Kanban Técnica que garante que um processo só será feito após a conclusão de outros processos dependentes. Dessa forma, evita o acúmulo de peças ou tarefas obsoletas, fazendo com que o estoque não tenha acúmulo de produtos desnecessários. Controle dos estoques: curva ABC A curva ABC é uma das técnicas mais utilizadas para definir uma política de compra dos estoques, com ênfase especial para os itens mais representativos em termos de volume (ASSAF NETO, 2014). Essa técnica se baseia no Princípio de Pareto, também chamado de regra 80/20, que afirma que em amplo universo de itens, 20% a 30% deles detêm de 70% a 80% da representatividade do conjunto (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Essa curva demonstra a representatividade dos elementos estocados, mediante constatações históricas em que a importância dos estoques é medida em relação ao volume físico demandado e a sua participação no total dos investimentos efetuados (ASSAF NETO, 2014). Podemos observar essa curva na figura a seguir. 160 Unidade IV Categoria C Categoria B Categoria A 50% 97% Itens (%)15% 100% 100% 80% Pa rt ic ip aç ão n o in ve st im en to e m e st oq ue (% ) Figura 42 – Curva ABC Fonte: Assaf Neto (2014, p. 698). No gerenciamento de estoque, deve-se dividir os itens em três grupos em ordem decrescente de importância quanto ao valor dos investimentos feitos em cada grupo: A, B e C (ASSAF NETO, 2014; GITMAN, 2010; LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010; ROSS et al., 2013), conforme o quadro a seguir. Quadro 23 – Gerenciamento de estoque por curva ABC Grupo A B C Itens que exigem maior investimento monetário. Itens que respondem pelo segundo maior investimento. Itens que exigem um investimento relativamente pequeno. Em geral, compreende 20% dos itens mantidos em estoque e requer 80% do investimento. Em geral, compreendem 20% dos investimentos em estoques e 20% dos itens. Em geral, compreende grande quantidade e variedade de itens de produtos e menores investimentos. Controlados diariamente com maior intensidade devido ao elevado investimento monetário. Controlados por meio de verificações periódicas de seus níveis, provavelmente semanais. Controlados com técnicas simples. 161 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Resumo Um dos conceitos mais importantes quanto à gestão financeira é que o gestor financeiro tem como uma de suas principais responsabilidades a criação de valor para o acionista ou proprietário da empresa. Para isso, ele precisa decidir onde, como e quanto investir, sendo que o retorno esperado é o principal indicador de tomada de decisão. Os diversos fatores de risco que influenciam o retorno dos investimentos podem ser agrupados conforme suas características em: risco econômico ou risco do negócio, risco financeiro e risco país. Risco financeiro é o risco de a empresa não ser capaz de saldar suas obrigações financeiras existentes (pagamento a fornecedores, impostos a recolher, contas a pagar, duplicatas a pagar). Risco econômico (risco do negócio) é o risco de a empresa não ser capaz de bancar seus custos operacionais (água, luz, internet, folha de pagamento). E risco país é o risco relacionado às decisões de política econômica, as leis do país e as condições de estabilidade econômica e inflacionária. Não é possível eliminar os riscos. A gestão de riscos financeiros busca, portanto, identificar, mapear e criar estratégiaspara reduzir os riscos financeiros que envolvem a operação de uma empresa. Dessa forma, a gestão de riscos financeiros visa calcular a probabilidade de um imprevisto ou problema afetar a empresa, medindo as ameaças às quais a empresa está sujeita. O risco está diretamente associado às probabilidades de ocorrência de determinados resultados em relação a um valor médio esperado de retorno de um investimento. A análise de risco é feita a partir de cálculos elaborados para determinar o grau de exposição da empresa a riscos potenciais. Por meio desses cálculos, o grau de exposição da empresa ao risco é calculado de forma quantitativa. Esses cálculos consideram diversos fatores visando determinar a probabilidade de um evento crítico acontecer e, assim, prever as perdas financeiras que isso pode ocasionar. Esses cálculos permitem medir com mais precisão o risco, o que pode auxiliar nas tomadas de decisão de uma empresa. As análises quantitativas de risco são feitas, de forma geral, levando em consideração todos os riscos que são conhecidos, e as probabilidades de eles ocorrerem são conhecidas. Alguns métodos de análise são: análise de sensibilidade; taxa de desconto ajustada ao risco; e matrizes de decisão. 162 Unidade IV Uma decisão de investimento é baseada na análise de risco e retorno, lembrando que risco é a variação dos retornos esperados, e retorno são as probabilidades de ocorrência. Quando uma empresa precisa decidir a respeito de um investimento, ela precisa levar em consideração o retorno que teria se investisse esse mesmo valor no mercado financeiro, ponderando o tempo de retorno, o risco envolvido e os retornos futuros (após o retorno). O retorno do investimento pode ser de três tipos: retorno esperado (ex ante), que é o retorno mínimo esperado pelos investidores; retorno exigido, que é o retorno esperado; e o retorno real (ex post), que é o retorno real do investimento. Os principais objetivos da gestão financeira são reduzir o custo do financiamento e garantir que existam fundos suficientes para as operações da empresa. Para isso, deve lidar com o planejamento, organização e controle das atividades financeiras, englobando as decisões de financiamento, as decisões de investimento e as decisões operacionais. A gestão financeira de longo prazo é a que lida com as decisões de financiamento e de investimento. Sua missão é alcançar a estrutura financeira ótima (obter o melhor equilíbrio possível entre capitais próprios e de terceiros) e garantir a rentabilidade para os investimentos da empresa, sempre com o objetivo de maximizar o valor da empresa. A gestão financeira de curto prazo lida com as operações diárias da empresa, são as decisões operacionais, visando o uso eficiente dos recursos obtidos na atividade da empresa para a geração de lucro mediante os investimentos realizados. A gestão financeira de curto prazo diz respeito, principalmente, à análise das decisões que afetam o ativo e o passivo circulantes, e costuma ser chamada de administração do capital de giro, ou administração do circulante. O planejamento financeiro de curto prazo começa com a projeção de vendas, e, a partir dessa projeção, são desenvolvidos planos de produção que levam em conta os prazos de espera (preparação da produção) e estimativas de matérias-primas necessárias para a produção. Depois de planejada a produção, podem ser estimadas as despesas diretas (folha de pagamento, custos fixos e despesas operacionais) e podem ser elaborados uma demonstração de resultado inicial e um orçamento de caixa. Finalmente, com essas informações, é possível desenvolver um balanço patrimonial pró-forma. 163 GESTÃO FINANCEIRA DE TI O planejamento financeiro de curto prazo serve como estrutura de suporte na tomada de decisões, contribuindo para solucionar problemas de caixa que possam surgir como consequência de reduções de receitas ou de aumentos no volume de pagamentos. As finanças de curto prazo dizem respeito principalmente à análise das decisões que afetam o ativo e o passivo circulantes e, em geral, envolvem entradas e saídas de caixa que ocorrem em um ano ou menos. A gestão financeira de curto prazo lida com a administração dos ativos circulantes da empresa (caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoque) e dos passivos circulantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar), visando um equilíbrio entre risco e retorno e contribuindo, assim, para a maximização do valor da empresa. As atividades que aumentam o caixa são chamadas de fontes de caixa, enquanto atividades que diminuem o caixa são chamadas de usos do caixa. O ciclo de caixa está vinculado ao ciclo operacional da empresa e, por conseguinte, à administração de estoque. Esse é um processo cíclico dos ativos circulantes que se inicia com o ciclo operacional por meio da aquisição de matéria-prima para produção (empresa industrial) ou de mercadorias (empresa comercial), e se finaliza no recebimento pela venda do produto final. A diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante é o capital de giro, que é o dinheiro necessário para a manutenção do negócio. Esse dinheiro fica disponível em caixa, permitindo seu uso no cumprimento das obrigações empresariais. Os elementos que compõem o capital de giro não apresentam sincronização temporal entre as atividades (compras, produção, vendas, recebimentos e pagamentos), assim, é importante conhecer como as atividades ocorrem para poder alocar adequadamente os valores necessários e efetivar seu controle. Os motivos para uma empresa manter dinheiro em caixa são, basicamente, para transação, para precaução e para especulação. A gestão de caixa consiste no acompanhamento, controle e direcionamento do fluxo de caixa, ou seja, da movimentação de entradas e saídas dos recursos. Existem alguns modelos teóricos de gestão do caixa que podem ser utilizados, no entanto, é preciso ajustá-los para cada empresa. Esses modelos têm como objetivo ajudar a determinar a quantidade de caixa que 164 Unidade IV uma empresa deve manter, e são: modelo do caixa mínimo operacional; modelo de Baumol; e modelo de Miller-Orr. A concessão de crédito tem custos associados. Existe a probabilidade de o cliente não pagar ou de atrasar o pagamento. Além disso, a empresa tem de assumir os custos de carregamento das contas a receber. Por esses motivos, a empresa precisa ponderar entre os benefícios de um aumento de vendas e os custos de conceder crédito para isso. As políticas de crédito são base da gestão de valores a receber e servem para definir como o crédito é concedido. Para isso, envolvem a definição de padrões de crédito, prazos de concessão, riscos envolvidos, garantias exigidas e diretrizes de crédito. Os padrões de crédito são as condições mínimas que o cliente deve possuir para receber crédito da empresa. Essas condições estão relacionadas com o risco de não recebimento do todo ou de parte do valor da venda e influenciam diretamente as vendas. O estabelecimento de uma política de crédito envolve: a análise dos padrões de crédito, o prazo de concessão, os descontos financeiros por pagamentos antecipados e as políticas de cobrança. Os estoques costumam representar um valor considerável no total dos investimentos nas empresas industriais e comerciais. Em geral, demandam altos volumes de recursos (imobilizados) aplicados em itens de baixa liquidez; assim, as empresas precisam promover uma rápida rotação em seus estoques para aumentar sua rentabilidade e manter sua liquidez. Como são os ativos de menor liquidez de uma empresa, é importante administrar os estoques, uma vez que o giro mais lento dele impacta diretamente no fluxo de caixa da empresa. Há fatores que influenciam mais diretamente os investimentos em estoques, conforme o tipo de estoque. Há diversas técnicas/ferramentas de gestão eficaz do estoque. As mais utilizadas são: ERP (Enterprise Resource Planning); SRM (Supplier Relationship Management);Just in Time; PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair); UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair); Custo Médio; Ciclo PDCA – Plan (planejar), Do (executar), Check (checar), Act (atuar); Curva ABC; Giro de estoque; e Kanban. 165 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Exercícios Questão 1. Tomadas de decisão de investimentos sob condições de incerteza fazem parte da rotina de gestores. Os métodos de análise de risco financeiro permitem aos gestores decidir se desejam assumir os riscos de um investimento, adotando uma postura mais arrojada, ou evitá-los, adotando uma postura mais conservadora. Entre esses métodos de análise de risco está a utilização de matrizes de decisão. Uma matriz de decisão é uma tabela que relaciona os possíveis resultados para cada uma das alternativas de investimento, sob diferentes cenários. A partir da matriz a análise de risco é realizada, tomando em consideração um entre os cinco critérios de decisão: Maximin, Maximax, Regra de Hurwicz, Regra de Laplace ou Regra de Savage. Sobre esses critérios de decisão, analise as afirmativas. I – O critério Maximax, um método conservador de tomada de decisões, avalia as alternativas de investimento pelo máximo retorno possível associado a cada uma delas. II – O critério Maximin, um método conservador de tomada de decisões, avalia as alternativas de investimento pelo mínimo retorno possível associado a cada uma delas. III – A Regra de Hurwicz supõe que todos os possíveis cenários futuros têm a mesma probabilidade de ocorrer, utilizando a média aritmética simples entre os retornos de cada cenário para a tomada de decisão. Assinale a alternativa correta: A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: a Regra Maximax, de fato, avalia cada alternativa de investimento pelo máximo retorno. No entanto, é utilizada por investidores otimistas e propensos ao risco, pois leva-os a investir na alternativa que oferece o maior retorno possível, mesmo que isso signifique correr mais riscos. Esse, portanto, não é um método conservador, mas sim arrojado. 166 Unidade IV II – Afirmativa correta. Justificativa: a Regra Maximin é bastante conservadora, devendo ser utilizada por gestores pessimistas em relação a cenários futuros. O critério avalia cada alternativa de investimento pelo mínimo retorno possível associado a ela. Dessa forma, o gestor opta pela alternativa de investimento que, no pior cenário futuro, geraria o maior retorno. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: a Regra de Hurwicz estabelece uma relação entre otimismo e pessimismo para a escolha da melhor alternativa de investimento. Para isso, são atribuídos pesos para as duas regras anteriores (Maximin e Maximax), decidindo-se pela alternativa que apresenta a maior média aritmética ponderada entre eles. A descrição apresentada na afirmativa diz respeito à Regra de Laplace, não à Regra de Hurwicz. Questão 2. (Enade 2018) Os dirigentes de uma empresa que industrializa máquinas para o setor calçadista pretendem aumentar a oferta de novos equipamentos. Atualmente, todos os controles operacionais da empresa são executados de forma manual, havendo muito pouca interação entre os setores. Os diretores acreditam que investimentos em recursos tecnológicos poderiam proporcionar bons resultados para a empresa, principalmente com o aumento das atribuições de cada departamento, que ocorrerá a partir da oferta de novos produtos. Considerando essa situação, avalie as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas. I – A implantação de um programa ERP (Enterprise Resource Planning) nessa empresa contribuirá para a agilidade e a eficácia no planejamento, no controle e na tomada de decisão. Porque II – O programa ERP, dispondo da tecnologia necessária ao armazenamento e ao fluxo das informações de negócios, permitirá a integração entre os departamentos da empresa. A respeito dessas afirmativas, assinale a opção correta. A) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. C) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As afirmativas I e II são proposições falsas. Resposta correta: alternativa A. 167 GESTÃO FINANCEIRA DE TI Análise da questão Atualmente, há diversas ferramentas tecnológicas que permitem o gerenciamento de todo o sistema de uma organização, incluindo a compra de matérias-primas, os estoques e a produção até a entrega ao cliente. Entre essas ferramentas, está o Enterprise Resource Planning (ERP). O ERP é um software de gestão que permite acesso integrado aos dados de uma organização, facilitando a comunicação entre os seus diversos setores. Ele possibilita a realização de diagnósticos sobre as medidas necessárias para a redução de custos e para o aumento de produtividade. Na empresa citada no contexto da questão, atualmente, há muita pouca interação entre os setores. Os diretores estão dispostos a investir em recursos tecnológicos, como o ERP, que permitirá a integração entre os departamentos da empresa e, consequentemente, contribuirá para a agilidade e a eficácia no planejamento, no controle e na tomada de decisão. Temos, portanto, que as afirmativas I e II são ambas verdadeiras. Como a integração justifica o aumento da agilidade e da eficácia, II justifica corretamente I. 168 Referências Audiovisuais ANÁLISE de investimentos e VPL. [s.d.]. 1 vídeo (9 min). Publicado pelo canal Fabricando Resultados. Disponível em: https://bit.ly/3m5uti3. Acesso em: 9 ago. 2021. COMO calcular o payback. [s.d.]. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Fabricando Resultados. Disponível em: https://bit.ly/37zY4r8. Acesso em: 9 ago. 2021. DEMONSTRAÇÕES financeiras (contabilidade). 2019. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Professor Quintino. Disponível em: https://bit.ly/3AogjfJ. Acesso em: 9 ago. 2021. GRANDE demais para quebrar. Direção: Curtis Hanson. EUA: HBO Films, 2011. 99 min. ROI: o que é ROI? Como calcular o ROI? [s.d.]. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Instituto Montanari. Disponível em: https://bit.ly/3yDqlZW. Acesso em: 9 ago. 2021. TAXA Interna de Retorno (TIR): o que é? Como calcular? 2020. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal João André Arcanjo Lino. Disponível em: https://bit.ly/3s8CFyE. Acesso em: 9 ago. 2021. WEBINAR: gestão de riscos financeiros em meio à crise. 2020. 1 vídeo (1h 22 min). Publicado pelo canal ISAE Escola de Negócios. Disponível em: https://bit.ly/3h1yNex. Acesso em: 8 ago. 2021. Textuais ANÁLISE DE RISCOS FINANCEIROS. In: DICIONÁRIO Financeiro. [s.l.]. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3lTO6JD. Acesso em: 11 ago. 2021. ANTUNES, M. A.; PROCIANOY, J. L. Os efeitos das decisões de investimentos das empresas sobre os preços de suas ações no mercado de capitais. Revista de Administração, [s.l.], v. 38, n. 1, p. 5-14, 2003. Disponível em: https://bit.ly/3kpD7Fs. Acesso em: 11 ago. 2021. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. ASSAF NETO, A. Os métodos quantitativos de análise de investimentos. São Paulo: Fipecafi, 1992. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017. ATIVO E PASSIVO. In: DICIONÁRIO Financeiro. [s.l.]. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3fOW7eZ. Acesso em: 9 ago. 2021. BERBEL, J. D. S. Introdução à contabilidade e análise de custos. [s.l.]: Editora STS, 2017. 169 BRIGHAM, E. F.; EHRHARD, M. C. Administração financeira: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. BRITO, A. M. de. O processo de análise do risco e incerteza no retorno de investimentos, 2004. CHIAVENATO, I. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. DINHEIRO
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