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Administração de Materiais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Brena Bezerra Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Gestão de Armazenagem • Contextualização; • Introdução; • Tipos de Armazéns; • Espaço, Conservação de Mercadorias e Equipamentos; • Procedimentos Administrativos. · Apresentar a importância da Gestão de Armazenagem, tecnologias envolvidas e tipos de armazenagem OBJETIVO DE APRENDIZADO Gestão de Armazenagem Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Gestão de Armazenagem Contextualização O Almoxarifado, que pode ser chamado também de Armazém ou Depósito, é um local dentro da Empresa ou na Rede de Suprimentos, apropriado para guardar os materiais de maneira que eles estejam protegidos e bem conservados (PALOESCHI, 2014; DIAS, 2009). Tais armazéns podem ser terceirizados ou de propriedade da própria Empresa que os utilizam. O que irá definir a terceirização ou a primarização é a estratégia adotada pela Empresa. Segundo Paoleschi (2014), o Processo de Armazenagem envolve as atividades ne- cessárias para administrar o espaço necessário para o recebimento, movimentação, manutenção, expedição de matérias-primas e produtos para o seu local de destino. O planejamento de um espaço de armazenagem deve contemplar aspectos referentes à localização, dimensões físicas, equipamentos de movimentação de mercadorias, Sistemas de Informação e mão de obra disponível. Um método adequado de estocagem proporciona uma diminuição nos custos de operação, preserva a qualidade dos produtos estocados, acelera o ritmo dos trabalhos e reduz o risco de acidentes de trabalho e o desgaste nos equipamentos de movimentação (DIAS, 2010). Importante! Apesar de semelhantes, os conceitos de armazenagem e estocagem possuem diferen- ças. Armazenagem está ligada a “guardar” os produtos já prontos e o trânsito entre distribuidores e comerciantes (varejista ou atacadista), permitindo o depósito de tais produtos antes da entrega final ao consumidor. Já a estocagem está ligada ao depósti- so, e apenas o depósito, de matérias-primas, produtos semiacabados, materiais de con- sumo e produtos acabados. Importante! Todas as atividades de manuseio e armazenagem dos materiais devem ser feitas utilizando Técnicas Administrativas de Gestão que possam minimizar os custos, otimizar a produtividade e fornecer informações precisas sobre como está o almo- xarifado (PAOLESCHI; 2014). As pessoas que trabalham em um almoxarifado devem ter postura transparente em relação a suas atividades e conhecer todos os procedimentos de controle utilizados. O gestor deve ter cuidado especial com a qualidade dos materiais sob sua guarda e a acuracidade do estoque. Acuracidade é a precisão e a exatidão de dados e informações. A acuracidade de estoque é o processo de apuração e análise do estoque físico real com os números que estão registrados no Sistema de Informação da Empresa. Uma acuracidade de 100% prevê que os números registrados no Sistema sejam extatamente iguais aos disponiveis no estoque fisico real. Ex pl or 8 9 Ao longo desse material, iremos desenvolver os conceitos referentes à localização de depósitos, planejamento e layout do espaço, procedimentos internos de controle, movimentação de mercadorias e medidas de segurança necessárias para evitar acidentes de trabalho. Introdução Nesta Unidade, iremos estudar um pouco sobre armazéns e armazenagem. Os armazéns acomodam os materiais da Empresa e também precisam ser administrados, já devem atender as necessidades da Empresa. Os investimentos em armazéns são altos e podem absorver quantidade conside- rável do capital da Empresa. Dessa forma, a estratégia da quantidade de armazéns, sua localização e uma boa organização do espaço são fundamentais para que a Empresa gaste somente o necessário. Vamos estudar? Boa leitura! Tipos de Armazéns A localização de um armazém, seu tipo, tamanho e quantidade ao longo de uma Cadeia de Suprimentos é um importante fator para as Empresas definirem seu nível de serviço e sua estratégia de atendimento de demanda (BALLOU, 2006). Para a administração de estoques, é importante conhecer o tipo de instalações nas quais os armazéns podem se alocar e cada um desses locais tem uma função específica dentro da estrutura de armazenagem de uma Empresa ou Organização. Podemos categorizar os tipos de armazéns da seguinte maneira: • Centro de Distribuição; • Galpões; • Pátios; • Silos. A seguir, cada um dos tipos de armazéns serão detalhados. Centro de Distribuição Um Centro de Distribuição (CD) é uma estrutura física construída para arma- zenar produtos, de maneira que eles fiquem organizados e que sejam, a partir desse ponto, distribuídos para outras Empresas ou para os clientes finais. 9 UNIDADE Gestão de Armazenagem Fisicamente, um prédio para a construção de um CD, deve ser ausente de colu- nas ou de estruturas internas fixas (CASTIGLIONI; PIGOZZO, 2014). Essa caracte- rística permite maior espaço de armazenamento e maior liberdade de organização do espaço interno. Essa estrutura deve ser centralizada, tendo uma localização estratégica para facilitar as operações de distribuição de maneira que os custos sejam minimizados e a entrega seja realizada de maneira eficiente. Em um CD acontece atividades relacionadas ao recebimento, separação e expedição de materiais. Técnicas de endereçamento, codificações de itens e sinalizações de movimentação de cargas e equipamentos são essenciais para a organização desse espaço e serão melhor detalhadas no decorrer deste Material. Operacionalizar um Centro de Distribuição é uma atividade de grande complexidade. Você pode acessar o link a seguir para aprender alguns detalhes sobre o funcionamenro de um dos Centros de Distribuição da Empresa Amazon, que é a maior Empresa varejista do Planeta: https://goo.gl/4qhDKi. Ex pl or Galpões O Galpão ou Depósito é a estrutura predial que irá abrigar um Almoxarifado ou Centro de Distribuição. A escolha desse prédio deve estar alinhada com as neces- sidades da Empresa, isto é, a Empresa deve escolher o tamanho, as divisões e os aspectos prediais adequados ao tipo de produto que está produzindo.Galpões para produtos alimentícios, por exemplo, devem possuir cuidados como controle de infestações de bichos e microorganismos, que podem contaminar a comida. Já determinados produtos inflamáveis devem estar acomodados conforme as Legislações específicas exigidas, para a segurança contra explosões e/ou incêndios. O link a seguir fornece importantes dicas para a escolha de um Galpão de Armazenamento: https://goo.gl/ADFvjK” e excluir as chaves.Ex pl or Pátios Os Pátios são áreas descobertas, pavimentadas, com zonas de empilhamento e vias de acesso para movimentação de equipamentos demarcadas. Num pátio, geralmente, ficam alocadas mercadorias de grande peso unitário, pilhas de minérios em estado bruto ou veículos. A Figura 1 apresenta um exemplo de pátio de estocagem de madeiras de uma Empresa fabricante de papel e celulose. 10 11 Figura 1 – Pátio de Estocagem de madeiras Fonte: iStock/Getty Images Silos Os Silos são estruturas verticais ou horizontais construídas de concreto ou aço, que tem o objetivo de armazenar grandes quantidades de grãos, cereais ou até mesmo rações animais. Um silo possui esteiras, moegas, sistemas de peneiramento e balanças. Os itens guardados, geralmente, não são ensacados, ou seja, são armazenados à granel. A Figura 2 apresenta uma estrutura de um silo. Figura 2 – Agrupamento de Silos Fonte: iStock/Getty Images Espaço, Conservação de Mercadorias e Equipamentos O sucesso operacional de um Almoxarifado ou Centro de Distribuição está di- retamente relacionado à existência de um bom layout ou arranjo físico, que con- templa aspectos referentes aos espaços de movimentação e alocação dos materiais e dos equipamentos utilizados na movimentação de cargas (PAOLESCHI, 2014). 11 UNIDADE Gestão de Armazenagem O layout tem por objetivo planejar e integrar os caminhos dos componentes, decidindo onde serão posicionadas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal do Almoxarifado ou do Centro de Distribuição em questão. A Figura 3 apresenta um modelo planejado de um arranjo físico para um Almo- xarifado. Iremos perceber que existem diversas demarcações referentes ao espaço. Tais marcações serão devidamente explicadas nos próximos tópicos desta Unidade. Ainda conforme Paoleschi (2014), um bom sistema de layout deve contemplar as seguintes características: • Distância mínima: a distância entre as operações deve ser a menor possível, para agilizar os processos, evitando esforços inúteis, confusões e custos: Figura 3 – Modelo de layout de almoxarifado Fonte: Paoleschi, 2014 12 13 • Obediência ao fluxo das operações: a área delimitada deve permitir o livre trânsito de homens e equipamentos de maneira organizada. Retornos e cruza- mentos que causam congestionamentos nas vias devem ser evitados; • Espaço racionalizado: utilizar o espaço disponível da melhor maneira possível. Uma boa opção é simular diferentes propostas de utilização de espaço, até decidir qual será a organização final; • Segurança e satisfação: deve-se garantir a satisfação e a segurança dos fun- cionários, produtos e comunidade do entorno, para que não ocorram aciden- tes de trabalho e/ou acidentes ambientais; • Flexibilidade: considerar no projeto as possibilidades de mudanças advindas da evolução tecnológica. Identifi cação do espaço O espaço de um Armazém deve ser devidamente identificado e sinalizado abudan- temente, para que os itens nele alocados sejam localizados de maneira fácil e rápida. Essa identificação pode ser chamada, também, de endereçamento e deve ser de fácil entendimento pelos funcionários que trabalham no espaço. A correta identi- ficação dos armazéns permite que o funcionário tenha clareza dos locais em que se deve guardar e retirar mercadorias, colaborando com a organização e evitando erros de endereçamento (CASTIGLIONI; PIGOZZO, 2014). Paoleschi (2014) aponta que a organização do Armazém deve estar vinculada ao arranjo físico existente, indicando a área física designada para cada item e as regras de armazenamento referentes a emplilhamento máximo, peso, embalagens e o tipo de equipamentos utilizados na movimentação. A identificação e a organização do armazém deve ser realizada da seguinte maneira: armazém, quadra, rua, prateleira e gaveta. Por exemplo: uma identificação A1-Q3-RB-PG-0234 indica que o item está guardado no Armazém 1, na Quadra 3, na Rua B, Prateleira G e na Gaveta 0234. Preservação e conservação de materiais A preservação e a conservação dos materiais está ligada diretamente a como eles são guardados nos depósitos. De acordo com Dias (2009), as dimensões dos produtos podem determinar como eles serão guardados. As maneiras mais comuns para o depósito dos materiais são por meio de: • Caixas: podem ser de madeira, plástico ou papelão; ideiais para guardar itens de pequena dimensões; • Prateleiras: podem ser de madeira ou aço e são úteis para guardar peças maiores, apoio de gavetas ou caixas; 13 UNIDADE Gestão de Armazenagem • Racks: construídos para guardar peças longas e estreitas, como tubos, barras, vergalhões etc. Eles também podem ser montados sobre rodas para a locomo- ção da estrutura; e • Empilhamento: consiste em aproveitar ao máximo o espaço vertical, colocan- do caixas umas sobre as outras. A primeira caixa costuma ser colocada em um pallet para permitir a movimentação dessa carga empilhada. Além das possíveis práticas de armazenamento, algumas classes de materiais devem ter alguns cuidados especiais durante o seu depósito. Por exemplo, os pro- dutos perecíveis devem seguir regulamentações específicas do Governo Federal, Estadual e Municipal. Por se tratarem de produtos in natura, semipreparados ou preparados para consumo, os armazéns devem ter uma estrutura climatizada com um controle de variação de temperatura, de acordo com a necessidade dos produ- tos estocados (PAOLESCHI, 2014). Os produtos devem ser identificados para manter a rastreabilidade das remessas e o estoque deve ser controlado pelo sistema PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) (PAOLESCHI; 2014). Além dos produtos perecíveis, existem regulamentações para produtos farma- cêuticos, inflamáveis e com composições químicas perigosas para o ser humano, entre outras. Para cada um desses tipos de materiais, as Legislações são específicas e o Gerente do Armazém deve se adequar a elas. Conheça com maiores detalhes a Resolução 16/78 da ANVISA, que estabelece diretrizes para a armazenagem de produtos perecíveis – acesse o link: https://goo.gl/KdpnX5. Ou- tros produtos que requerem cuidados especiais para armazenagem são os farmacêuticos, regulamentados pela Portaria 802/1998 – veja no link: https://goo.gl/vn7R3E e os produ- tos perigosos (combustiveís, líquidos inflamáveis, etc) – para acesso de normas e notícias: https://goo.gl/ow6sLT. Ex pl or Movimentação de cargas A movimentação de materiais está relacionada ao transporte de materiais de um Armazém para o outro (por exemplo, de um CD para o almoxarifado da Empresa) ou de um Armazém para o cliente final. Esse é um processo que deve ocorrer de forma otimizada, conservando o estado do produto e preservando a segurança dos trabalhadores envolvidos nessa tarefa (FRANCISCHINI; GURGEL, 2009). A movimentação de materiais requer que um conjunto de boas práticas seja seguido para que essa atividade ocorra da melhor maneira possível. De acordo com Dias (2009), podemos citar práticas como: • Obediência aos fluxos estabelecidos; • Manter a mínima distância para transportes; 14 15 • Garantir a segurança dos trabalhadores; • Estabeler instruções padronizadas para o manuseio dos produtos e equipamentos; • Utilizar a máxima capacidade dos equipamentos; • Utilizar ao máximo os espaços disponíveis. Os equipamentos de movimentação de carga podem ser classificados, de acorco com Dias (2009), como: • Transportadores: correias, correntes, fitas metálicas, roletes, roscas; • Elevadores de cargas: guindastes, pontes rolantes, talhas, monovias, elevadores;• Veículos industriais: carrrinhos, transportadores de todos os tipos (empilhadeiras, por exemplo), tratores e veículos para transporte de cargas a granel; • Equipamentos de pesagem, posicionamento e controle: plataformas (fixas e móveis), rampas, equipamentos de transferência etc.; • Contêineres e estruturas de suporte: vasos, tanques, suportes, plataformas, estrados, pallets, suportes para bobinas e equipamentos para embalagem. Francischini e Gurgel (2009) sugerem alguns cuidados que devem ser tomados durante a carga, descarga e movimentação de materiais. Deve-se evitar empurrar os produtos com as mãos diretamente, sem o apoio de carrinhos, e é recomendado o uso de pallets em empilhadeiras. Produtos a serem expedidos devem estar livres de sujeiras e apresentar um aspecto semelhante à produção mais recente. As operações de carga e descargas devem acontecer em condições que evitem o acúmulo de água nos produtos e, em caso de chuva, obviamente, devem ser feitas em espaços cobertos. Segurança do armazém Compõe a parte de segurança do Armazém o conjunto de atividades e procedi- mentos promovidos de forma sistemática que envolvem medidas para combate a incêndio, roubos, furtos e acidentes de trabalho (FRANCISCHINI; GURGEL, 2009). As principais medidas para garantir a segurança do espaço de armazenagem, tanto do patrimônio, quanto das pessoas da equipe, podem ser: • Restringir o acessso ao Armazém apenas a pessoas autorizadas; • Equipar o prédio com trancas, cadeados e Sistema de Vigilância; • Sinalizar corredores, escadas e saídas de emergência; • Proteger as áreas de ventilação com telas para evitar a entrada de animais; • Inspecionar periodicamente as extensões e os equipamentos elétricos; • Garantir que os equipamentos de proteção contra incêndio estejam dentro do prazo de validade. Eles devem ser periodicamente inspecionados para que tenham sua eficiência garantida; 15 UNIDADE Gestão de Armazenagem • Os funcionários devem ser treinados para utilizar os equipamentos de combate a incêndio e demais equipamentos de combate. Recomenda-se a formação de uma brigada de incêndio; • Limpeza e organização são essenciais para previnir incêndios ou acidentes de trabalho de qualquer natureza. Para a prevenção de incêndios, deve-se tomar alguns cuidados referentes ao seu combate. Cada classe de material tem um tipo de extintor adequado e tais classes são definidas de acordo com seu agente causador. Os extintores Classe A são adequados para apagar incêndios em materiais de fácil combustão como borracha, madeira, papel, algodão e similares. Os de classe B são utilizados para apagar incêndios em líquidos inflamáveis, e os de Classe C são adequados para apagar incêndios causados por equipamentos e redes elétricas. Quanto ao posicionamento, os extintores devem ficar a uma altura de 1,80 metro do chão e deve ter uma sinalização pintada no piso de 1m² abaixo do local onde o extintor está instalado. Procedimentos Aministrativos Os procedimentos administrativos se referem às etapas que uma Empresa pre- cisa gerenciar para o correto transporte e armazenamento dos materiais, a fim de atender as necessidades dos clientes e da Empresa e reduzir os custos de produção. A seguir, serão apresentadas as etapas. Recebimento de materiais As atividades de recebimento de materias estão relacionadas às atividades de recepção, entrada física em estoque e sistema, garantindo que os materiais sejam recebidos de acordo com as especificações solicitadas para o fornecedor (FRANCISCHINI; GURGEL, 2009; PAOLESCHI; 2014). O recebimento de materiais deve ser uma atividade padronizada. Cada Empresa deve criar seu próprio padrão, adequado a suas rotinas e necessidades. Aqui, neste capítulo, será proposto um conjunto de boas práticas baseado em Francischini e Gurgel (2009) e Paoleschi (2014). O primeiro passo a ser feito antes de se descarregar o material é verificar se o material que chegou ao veículo está de acordo com as descrições presentes na Nota Fiscal e se os dados referentes ao pedido de compra constam na NF, para garantir, assim, a rastreabilidade do Material. Essa verificação deve confirmar ou não se existem caixas danificadas, se a quantidade de volumes está de acordo com 16 17 o citado na nota, se o produto é aquele especificado na nota, verificar o peso bruto e a tara para conferência. A etapa descrita também pode ser chamada de triagem. Ela faz parte do início do recebimento e pode determinar se uma carga será aceita ou não. A rejeição acontece quando existem divergências de quantidades ou descumprimento de termos contratuais (deve ser feita de maneira formalizada, registrando no verso da Nota Fiscal os motivos para o não aceite da mercadoria). Caso a mercadoria seja aprovada na triagem, ela está liberada para o descarre- gamento e a conferência dos materiais. Essa conferência deve verificar se as quan- tidades declaradas na Nota Fiscal estão de acordo com as quantidades entregas (conferência quantitativa) e se as mercadorias recebidas estão num bom estado de conservação (conferência qualitativa). A conferência qualitativa pode ser feita por meio de uma inspeção em 100% dos itens recebidos, por amostragem, ou até por ensaios destrutivos ou não destrutivos. Já a conferência quantitativa pode ser feita mediante a contagem unitária dos itens, cálculos – em caso de embalagens padronizadas, pesagens e medições. A última etapa do processo de recebimento é a regularização. Nessa fase, é realizado o registro no Sistema de Informações da Empresa e o arquivamento dos documentos envolvidos no processo de recebimento: Nota Fiscal, conhecimento de transporte rodoviário, documentos referentes a contagem realizada e a inspeção de qualidade, especificações de compras, catálogos técncios e desenhos (quando são enviados). Os itens descarrregados após a conferência devem cadastrados no Sistema de Informação do Armazém e ser destinados para a guarda em seus endereçamentos. Devolução de itens A devolução de materiais pode acontecer por dois motivos: podem ser devol- vidos itens do Armazém para o fornecedor ou do usuário final para o Armazém. Essas são duas situações que exigem procedimentos diferentes. As devoluções do Armazém para o fornecedor, segundo Paoleschi (2014), são feitas quando são constatadas irregularidades irreparáveis ou entregas em quanti- dades em excesso. Essas mercadorias são devolvidas acompanhadas de Nota Fiscal emitida pela Empresa compradora. Recomeda-se a realização dessa operação em até 10 dias após o recebimento desses materiais, pois, depois desse prazo, o ven- dedor pode realizar a cobrança dos valores referentes a ele. Já o procedimento de devolução de itens do usuário final para o Armazém pode variar de Empresa para Empresa. Geralmente, em caso de indústrias, o cliente que retirou a peça para uso deve entregar a mercadoria ao almoxarifado, que fará um registro eletrônico de retorno para o seu endereço ou para a devolução para o fornecedor. Em outras Empresas, esse funcionário poderá ser obrigado a solicitar o registro eletrônico da devolução antes de entregar a peça no almoxarifado. Seja qual 17 UNIDADE Gestão de Armazenagem for o fluxo estabelecido, ele deve ser o simples possível para não gerar desperdícios referentes à movimentação desnecessária dos trabalhadores. Inventário O registro de estoques de uma Empresa deve ser preciso, informando as quantidades dos materiais que chegaram e saíram da Empresa ou do estoque. Segundo Dias (2009), é importante para a Empresa realizar periodicamente contagens físicas de seus itens em estoque, para verificar questões referentes a discrepâncias em dinheiro entre o estoque físico e o contábil, discrepâncias em quantidade entre o que está registrado no Sistema e as quantidades reais no Depósito e a apuração do valor total do Estoque Contábil para os Balanços Contábeis. Os inventários podem ser gerais ou rotativos. O inventário geral, conforme Dias (2009), sãorealizados no fim do ano fiscal (geralmente, antes de 31 de dezembro) e todos os itens presentes no Almoxarifado são contados de uma só vez. É um processo que pode ser longo e impossibilitar reconciliações ou mesmo análises de causas de divergências mais profundas. O inventário rotativo (conhecido também como contagem cíclica) visa a distribuir as contagens ao longo do ano, separando os materias em grupos (PAOLESCHI, 2014; DIAS, 2009). Sobre a distribuição da contagem durante ao ano, Dias (2009) defende uma divisão em três grupos baseados no custo e no posicionamento estratégico. Quanto mais caro e estratégico, mais auditado o material será. O primeiro grupo seria auditado três vezes ao ano; o segundo grupo duas vezes ao ano e o terceiro grupo uma vez ao ano (conforme o inventário geral). Já Paoleschi (2014) defende a separação em quatro grupos, seguindo os mesmos critérios de Dias (2009) para a divisão, porém com prazos e nomenclaturas diferentes. O grupo A seria auditado mensalmente, o grupo B bimestralmente, o grupo C trimestralmente e o grupo D teria uma auditoria a cada quadrimestre. Para auxiliar na criação desses grupos, sugere-se a utilização da Curva ABC, ferramenta melhor detalhada na próxima Unidade. Uma vez definida a modalidade do inventário, deve-se planeá-lo e prepará-lo. Dias (2009) afirma que, nessa etapa, devem ser definidos os participantes, os horários em que cada um irá trabalhar, a documentação de registro de contagem (os cartões de inventário) e as documentações para movimentações de materiais durante o processo de inventário. A arrumação física das Áreas e dos itens inventariados devem ser feitas da melhor maneira possível, agrupando produtos iguais, deixando os corredores (ruas) 18 19 livres para circulação, fixando os cartões de inventário nos itens inventariados e isolando os produtos que não serão inventariados (DIAS, 2009). É importante, também, que todo e qualquer equipamento necessário para a realização do inventário já esteja disponível para uso antes da data estabelecida, assim como os mapas de estoque informando as quantidades registradas no sistema de controle e valores unitários e totais. Ainda, de acordo com Dias (2009), nos dias em que o inventário for realizado é recomendado que não sejam feitas movimentações de materiais, sejam elas de retirada ou de recebimento. Mercadorias em expedição, que não foram despachadas, devem ser isoladas e mercadorias prontas, que não se encontram no depósito, devem ser tranferidas para lá o mais rápido possível. O ideal é a suspensão de todas as atividades de rotina e que o inventário aconteça full time. A seguir, serão descritas as atividades do inventário propriamente dito, conforme Dias (2009): 1. Contagem do estoque: todo item inventariado deve ser contado ao me- nos duas vezes, por duas equipes diferentes. A primeira equipe irá realizar a contagem no ato de fi xação do cartão de inventário no lote contado. Após a fi nalização dessa contagem, a equipe deve entregar as anotações realizadas ao responsável por ela. Esse responsável irá destinar tais ano- tações para a segunda equipe de contagem, que irá realizar uma reconta- gem. Se as quantidades estiverem iguais na primeira e na segunda conta- gem, o inventário para o item está correto. Caso estejam diferentes, uma terceira contagem se faz necessária, por uma equipe diferente. A Figura 4 apresenta um modelo para o cartão de inventário: Figura 4 – Cartão de inventário Fonte: Dias, 2009 19 UNIDADE Gestão de Armazenagem As partes referentes à identificação do item inventariado (código, descrição e local) e a data de contagem devem ser preenchidas antes de se iniciar a contagem dos itens. É imporatante, após as contagens, a assinatura do conferente (campo conferido) e do resposável pela contagem (campo visto); 2. Reconciliações e ajustes: nesta etapa, deve-se elaborar as justificativas para as divergências encontradas entre o estoque contábil e o inventaria- do. Esta justificativa deve ser formalizada num documento que pode ser chamado de “Controle de Divergências de Inventário”, conforme pode ser visto no Quadro 1. As alterações no Sistema de Controle só podem ser feitas após a emissão de uma relação com todas as aprovações de alterações. Esta relação só pode ser gerada por meio de um controle de divergências preenchido de forma correta e devidamente auditado por todas as partes envolvidas no inventário. Quadro 1 – Exemplo de Controle de Divergência de Inventário. Controle de divergências de inventário Data: 02/03/2014 Cód. Descrição Und. Valor unit. (R$) Estoque Sistema Estoque Inventário Diferença (+) (-) A3254 Parafuso 1” X 3” aço carbono PC 1,32 1254 1257 (+) 3 A3255 Parafuso 1” X 3” inox PC 1,87 325 324 (-) 1 Coord. Inventário: Conferido por: Contabilidade: Aprovado por: Fonte: baseado em Dias, 2009 Controle de saída de itens Esta parte está relacionada às autorizações e aos procedimentos que devem ser cumpridos para a retirada de materiais (piking) de um Armazém, seja para o consumo interno (movimentação interna), seja para a venda ou mesmo para a transferência entre almoxarifados. A movimentação interna tem a função de permitir o abastecimento da pro- dução, não deixando faltar itens para as atividades de produção. Paoleschi (2014) lembra de algumas regras para que esse processo possa ser realizado de maneira que permita o total controle de movimentações. É estabelecido que a produção é a resposável pela realização das reservas e retiradas dos itens necessários. As reservas (ou requisições) de itens do almoxarifado podem ser feitas de dife- rentes maneiras. A mais usual é requisitar os itens por meio do Sistema de Infor- mação, informando os itens e as quantidades necessárias. 20 21 O Sistema irá gerar um código de reserva por meio do qual o atendente do armazém irá visualizar os itens solicitados e proceder com a separação desse mate- rial. A retirada é realizada pela produção após apresentar o código de reserva nos balcões de atendimento do armazém. Esse código serve como um rastreador de movimentações de mercadorias. A transferência entre almoxarifados e as vendas pode assumir um processo semelhante ao de movimentação interna. Na transferência entre almoxarifados, o requisitante, ao invés de ser a produção, será outro almoxarifado da Empresa. Às vezes, a mesma Empresa pode ter almoxarifados em filiais com CNPJs di- ferentes. Nesse caso, deve ser emitida uma Nota Fiscal de simples remessa para formalizar a saída e o recebimento que, por sua vez, deve seguir os procedimentos normais de entrada de mercadoria no novo depósito. Já as vendas são expedidas de acordo com as solicitações dos clientes finais. O ar- mazém, nesse caso, recebe as informações dessas solicitações do Departamento Co- mercial e providencia a embalagem, a identificação e a separação para a expedição. Na expedição, é feita uma conferência dos itens separados pelo almoxarifado. Após essa etapa, é providenciada a emissão de uma Nota Fiscal de venda, que será encaminhada junto com a mercadoria para o cliente final. O controle dessas ope- rações pode ser feito a partir da numeração da Nota Fiscal emitida. Devolução interna Às vezes, um item pode ser retirado em quantidades maiores que as necessárias ou mesmo requisitadas por engano. Essas devoluções também devem ser registradas, pois auxiliam no controle de estoque A devolução de um item em condições de uso pode evitar a compra de um novo item, gerando, assim, economia para a Empresa. O processo de devolução interna, no nível do Sistema de Informação, pode ser realizado tanto pela Produção, quanto pelo Almoxarifado. O mais comum, é o Departamento de Produção operacionalizar esse processo. Deve ser gerada uma solicitação de devolução, informando ao Sistema o núme- ro de reserva, o item e a quantidade devolvida. Após isso, a peça deverá ser devol- vidaao almoxarifado, juntamente, com a informação do número da solicitação de devolução. O funcionário do armazém dará baixa nesta solicitação e devolverá a peça ao seu endereçamento correto. 21 UNIDADE Gestão de Armazenagem Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Organização e gestão do almoxarifado em Empresas de pequeno porte, Inovação e tecnologia OLIVEIRA, Alexandre de; GOMES, Mariana Inácio; ALMEIDA, Raul Calix. Organiza- ção e gestão do almoxarifado em Empresas de pequeno porte, Inovação e tecnologia, Curitiba (PR), v. 1, n. 1, 2017. Centros de distribuição: armazenagem estratégica RODRIGUES, Gisela Gonzaga; PIZZOLATO, Nélio Domingues. Centros de distribuição: armazenagem estratégica. XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Anais... Ouro Preto: Abepro, 2003; Vídeos NATURA – Centro de distribuição São Paulo NATURA – Centro de distribuição São Paulo. Acesso em: 18 jun. 2018; https://youtu.be/6m7h_2-DsM8 Leitura Arranjos operacionais voltados à armazenagem e distribuição: análise das alternativas de armazenamento e distribuição da produção de uma indústria de refrigerantes instalada no estado de Mato Grosso do Sul SILVA, Frederico Thiado da; SILVA, Devanildo Braz da. Arranjos operacionais voltados à armazenagem e distribuição: análise das alternativas de armazenamento e distribuição da produção de uma indústria de refrigerantes instalada no estado de Mato Grosso do Sul, Qualitas Revista Eletrônica, Campina Grande (PB), v. 18, n. 2, 2017. 22 23 Referências BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5ª edição. Porto Alegre: Bookman, 2006. 616 p. BLOG LOGÍSTICA. Por que os centros de distribuição são uma vantagem competitiva para Empresa? 2017. Disponível em: <https://www.bloglogistica. com.br/mercado/centros-de-distribuicao-sao-uma-vantagem-competitiva>. Acesso em: 16 jun. 2018. CASTIGLIONI, J. A. M.; PIGOZZO, L. Transporte e Distribuição. São Paulo: Érica, 2014. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2009. FRANCISCHINI, Paulino G. GURGEL, Floriano do Amaral. Administração dos materiais e patrimônio. São Paulo: Thompson Pioneira, 2002. 309 p. LWARCEL Celulose. 2016. Disponível em: <http://www.lwarcel30anos.com. br/galeria/>. Acesso em: 16 jun. 2018 PAES, Eduardo. Manual de Rotinas e Procedimentos sobre gestão de estoques no município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/317751/DLFE- 190805.pdf/CSIL_10_03_02_manual_rotina_estoque_com_capa.pdf>. PAOLESCHI, B. Almoxarifado e Gestão de Estoques: Do recebimento, guarda e expedição à distribuição do estoque. 2.ed. São Paulo: Érica, 2014. SILOS CÓRDOBA. Silos de fundo plano: Silo para o armazenamento prolongado de grandes quantidades de grãos. Disponível em: <https://siloscordoba.com/pt- br/produtos/silos/silos-fundo-plano/>. Acesso em: 16 jun. 2018. SISTEMAS de Armazenagem. Entendendo as diferenças entre armazenagem e estocagem. 2016. Disponível em: <http://www.sistemadearmazenagem.com. br/entendendo-as-diferencas-entre-armazenagem-e-estocagem/>. Acesso em: 16 jun. 2018. 23
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