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Administração Pública I SST Bellan, Rosana Administração Pública I / Rosana Bellan Local: 2020 nº de p. : 11 Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Administração Pública I 3 Apresentação O Estado deve estar organizado de modo que seja capaz de promover o bem público. A organização estatal com a finalidade de gerir o bem público é denominado Administração Pública. Como o nome indica, designa os órgãos públicos em geral responsáveis por administrar o bem público, o que inclui a atuação direta nos serviços para a população. Vamos conhecer mais sobre a Administração Pública e o conceito e objetivo legal da Administração, bem como a divisão entre pessoas jurídicas da Administração direta e indireta, com enfoque na Administração direta. Administração pública O Estado tem por objetivo desenvolver atividades com o fim de promover o interesse público. Para isso, desempenha basicamente três funções: a legislativa, a judicial e a executiva (ou administrativa). Legislativa compreende fundamentalmente a elaboração de normas jurídicas para reger a vida em sociedade. Judiciária tem por finalidade resolver conflitos no intuito de pacificar as relações jurídicas e sociais. Administrativa tem a função de exercer atividades para implementar o bem comum dos indivíduos. 4 Assim, podemos afirmar que a Administração existe com o objetivo de atingir um dos fins públicos do Estado, qual seja, o de exercer atividades para o bem comum da sociedade. Para que isso seja possível, é necessária a existência de uma estrutura composta de pessoas físicas, pessoas jurídicas e órgãos. Para Di Pietro (2015), “a estrutura composta por órgãos, pessoas e seus agentes é designada de Administração Pública em sentido formal. Já as atividades exercidas por eles compreendem a Administração Pública em sentido material.” A Administração Pública, em sentido formal (orgânico ou subjetivo), compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes públicos encarregados de exercer a função administrativa. Já a Administração Pública em sentido material (objetivo ou funcional) compreende a própria atividade administrativa. (DI PIETRO, 2015). Atenção Organização da administração pública A Administração Pública se organiza e exerce suas atividades por meio de órgãos, pessoas jurídicas e pessoas físicas (agentes públicos). As pessoas jurídicas compreendem a administração direta e a indireta. A administração direta é composta pela própria pessoa do Estado e seus órgãos. Já a administração indireta é composta por outras pessoas jurídicas criadas pelo Estado para desenvolverem atividades específicas em seu nome. A criação de órgãos dentro da estrutura administrativa decorre da desconcentração da atividade. A criação de pessoas jurídicas, por outro lado, é uma forma de descentralização da atividade. 5 Administração Pública organizada por meio de órgãos e pessoas físicas e jurídicas Fonte: Deduca (2020) A desconcentração e a descentralização das atividades são formas adotadas para o melhor desempenho das suas funções e distribuição de competências. Mas, enquanto na desconcentração a repartição de atribuições dá-se por uma mesma pessoa jurídica, por meio da criação de órgãos públicos, na descentralização a repartição de atribuições ocorre entre pessoas diferentes (de uma pessoa para outra). Assim, o Estado cria pessoas jurídicas para exercer indiretamente, de forma descentralizada, as atribuições estatais. Administração direta A administração direta abrange, em sentido amplo, todos os órgãos do Estado encarregados de desempenhar a função administrativa, seja no Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas, ou seja na Defensoria Pública. 6 Em sentido estrito, a administração direta abrange apenas os órgãos integrantes do Poder Executivo de qualquer dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). O Estado brasileiro é uma pessoa jurídica de direito público. Ele é dividido em unidades federadas que são: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Atenção Órgãos públicos Segundo entendimento extraído da obra de Meirelles (2015), órgãos públicos são “[...] centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencerem”. Dito de outra forma, são centros de atribuições, instituídos por lei para o desempenho das funções estatais. Mas, quem efetivamente exerce essas atribuições dentro dos órgãos? Sendo eles um centro de atribuições, quem exerce essas atribuições são os agentes públicos. Assim, podemos dizer que a vontade dos órgãos é exercida por meio dos agentes públicos, chamados genericamente de servidores públicos. No intuito de explicar a relação existente entre os agentes públicos e a pessoa jurídica da qual fazem parte, foram desenvolvidas teorias do mandato, da representação e do órgão. Vamos conhecê-las melhor? Teoria do mandato Segundo a teoria do mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurídica a que pertence. Assim, a pessoa jurídica delegaria poderes ao agente, que atuaria em nome dela, como um mandatário. 7 Mandato Fonte: Deduca (2020) Essa teoria acabou não sendo aceita, pois só alguém com vontade própria pode delegar poderes, o que não é possível verificar na relação entre órgãos do Estado e seus agentes. Realmente, na medida em que a vontade do Estado é expressa pelos seus agentes, podemos afirmar que o Estado não possui vontade própria. Logo, não existe alguém acima do agente com aptidão para delegar poderes. Além disso, pelo contrato de mandato, quando o mandatário age com excesso de poder, aquele que delegou os poderes não responde por estes atos perante terceiros. Isso não acontece na relação com o Estado, que sempre tem responsabilidade pelos atos dos agentes públicos que se encontrem investidos no poder, na forma do art. 37, § 6º da Constituição Federal. Teoria da Representação 8 Por esta teoria, o agente público representa a vontade da pessoa jurídica. Ocorre que a representação legal tem por finalidade suprir a capacidade jurídica dos incapazes. Assim, dizer que a relação entre Estado e agente é de representação seria o mesmo que equipará-lo a um incapaz. Além do mais, como acontece na teoria do mandato, se o representante ultrapassar os poderes da representação, o Estado representado não poderia responder por estes atos perante terceiros. E o Estado, como já vimos, sempre responde pelos atos de agentes públicos investidos deste poder. Em razão destas questões, a teoria da representação também não foi aceita. Teoria do Órgão Pela teoria do órgão, a pessoa jurídica expressa sua vontade por meio dos seus órgãos. Desta maneira, quando os agentes expressam sua vontade, é como se a própria pessoa jurídica do Estado o fizesse. A teoria do órgão foi criada pelo alemão Otto Gierke, e a que melhor explica a relação existente entre Estado, seus órgãos e agentes, pois os atos praticados pelos agentes são responsabilidade da pessoa jurídica da qual pertencem. Curiosidade Mas, como já salientamos, somente podem ser creditados ao Estado, os atos praticados pelos agentes que se encontrem investidos no poder jurídico do Estado ou, como afirma Di Pietro (2015), que estejam aparentemente investidos de poder jurídico estatal, como acontece nas funções de fato. Em resumo, pela teoria do órgão, a pessoa jurídica age por meio de seus órgãos que a compõe, e estes por intermédio dos agentes públicos. Significa dizer que os agentes agem em imputação à pessoa jurídica a que pertencem, ou seja, os atos praticados pelos agentes são imputados à pessoa jurídica a qual pertencem: ao Estado. Outra questão muito importante em relação aos órgãos públicos é que eles não possuem personalidade jurídica própria. Por essa razão, sua atuação é imputada à pessoa jurídica da qual fazem parte, que possui personalidadejurídica e é dotada de capacidade para contrair direitos e obrigações. Se os órgãos não possuem personalidade jurídica, eles não podem demandar ou serem demandados em juízo. Excepcionalmente, entretanto, é possível que demandem em juízo, como acontece quando precisam defender suas atribuições e prerrogativas. 9 Classificação dos órgãos públicos Existe uma infinidade de órgãos públicos na estrutura pública brasileira. Os órgãos públicos podem ser classificados: Quanto à posição estatal, eles podem ser independentes, autônomos, superiores e subalternos. • Órgãos independentes: representam os três Poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário). Isso mesmo: os Poderes Legislativo, Executivo e Ju- diciário são órgãos do Estado. E estes órgãos dividem-se em outros órgãos. No Legislativo, por exemplo, temos o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas. No Judiciário, o Supremo Tribunal Federal e os demais tribunais e juízes. No Executivo, a Presidência da República, as Governadorias de Esta- do, e as Prefeituras. • Órgãos autônomos: representam a cúpula da Administração. Podemos citar os Ministérios, as Secretarias de Estado e de Municípios. • Órgãos superiores: exercem função de direção, controle e decisão. • Órgãos subalternos: possuem atribuições de mera execução e estão subordi- nados a outros órgãos mais elevados. Como exemplos temos os setores de expediente, de pessoal etc. • Quanto à estrutura, os órgãos podem ser simples e compostos: • Órgãos simples: possuem um só centro de competência. Exercem atribuições de forma concentrada, independentemente do número de cargos que o com- põe. • Órgãos compostos: reúnem outros órgãos em sua estrutura. Exemplo: um mi- nistério é composto por vários outros órgãos menores dentro da sua estrutu- ra. • Quanto à atuação funcional, os órgãos são classificados em singulares e co- legiados: • Órgãos singulares: quando as atribuições são concentradas em um único agente, seu chefe e representante. Exemplo: Pre- sidência da República. • Órgãos colegiados ou pluripessoais: são os que atuam pela manifestação conjunta de seus membros. Exemplo: Congresso Nacional e Órgão Pleno dos Tribunais. (MEIRELLES, 2015) 10 Falamos anteriormente que a principal característica dos órgãos públicos é a ausência de personalidade jurídica, característica própria de pessoas físicas ou jurídicas. Apesar de não possuírem personalidade jurídica, você já observou que muitos deles possuem CNPJ? Embora seja contraditório, pois o CNPJ, como o próprio nome indica, é o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, isso existe na prática por conta de uma exigência da Receita Federal do Brasil. Atenção Fechamento Por força constitucional o Estado brasileiro deve fornecer diversos serviços a seus cidadãos na promoção do bem comum. A administração da coisa pública para atingir essas finalidades não é simples, considerando o tamanho do Estado, territorial e economicamente, além da complexidade dos serviços prestados. Conhecemos neste estudo mais sobre a Administração Pública, com enfoque na Administração direta e reconhecemos as principais teorias que tratam dos órgão públicos e de suas classificações. 11 Referências DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
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