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Problemas de Gênero - Resumo Judith Butler / Feminismo & Subversão da identidade Cap 1 do livro: Sujeitos de sexo / gênero / desejo - Considera o status da “mulher” como sujeito do feminismo e da distinção sexual entre sexo e gênero. Poder como produtivo, produzindo os sujeitos. Cap 2 do livro: Proibição, psicanálise, e a produção da matriz heterossexual - analisa alguns textos do estruturalismo, psicanálise e feminismo quanto ao tabu do incesto como mecanismo que tenta reforçar identidades de gênero internamente coerentes e discretas dentro da estrutura heterossexual. Cap 3 do livro: Atos corporais subversivos - discute Julia Kristeva, Foucault, Wittig. Constrói a ideia de gênero como performatividade. ____________________________ Resumo de forma geral: Butler vai discutir o saber, as teorias, tem como objeto de análise as noções do pensamento ocidental, discute a própria filosofia e teorias sociais. Traz uma concepção de gênero refletindo e questionando a ideia de uma identidade mulher. O sujeito passa então a ser um sujeito contextualizado, não somos sujeitos completos, nós vamos sendo constituídos pelas relações, as relações continuarão nos constituindo como sujeito, pelo contexto que vivemos em termo de classe, gênero, raça, mas pelas relações também entre o “eu” e “outro”. Sobre “Mulheres” como sujeito do feminismo “Se alguém “é” uma mulher, isso certamente não é tudo o que esse alguém é” O termo não logra ser exaustivo, não porque os traços predefinidos de gênero da “pessoa” transcendam a parafernália específica de seu gênero, mas porque o gênero nem sempre se constitui de maneira coerente ou consistente em diferentes contextos históricos, e porque o gênero estabelece interseções com modalidades raciais, classistas, étnicas, sexuais, e regionais de identidades discursivamente constituída. (p.20) O que somos? Como pensamos o ser mulher, o ser o gênero. Como a formação política do feminismo aparece em uma fala / pensamento neoliberal, que é caudatário dessa noção de sujeito como autônomo, que escolhe, decide, etc… A mulher não precisa ser idêntica, não precisa se unir no idêntico, essa ideia de coalizão aparece quando esse feminismo dos anos 80 / 90 vai mostrando as diferenças das mulheres e suas vivências ( diferenças de vivências entre mulheres lésbicas, entre mulheres negras, etc…) A coalizão surge quando se assume que as vivências são diferentes, mas isso não muda o fato de que aquela pessoa é de fato uma mulher, e podemos reunir pautas que unem, como violência doméstica, etc… Não conseguimos mais pensar no A MULHER (uma identidade fixa), porque precisamos pensar na ideia de que a imagem de uma mulher subsume outras diferenças entre mulheres (de raça, classe, etc…) Faz muito essa reflexão a partir de Foucault. O masculino e feminino não estão colados em corpos de homens e mulheres, eles variam histórica e socialmente, nosso pensamento ocidental foi colonialista, a gente não agregou outras culturas à nossa. O masculino e feminino não precisam estar colados em corpos de homens e mulheres, pois não há o homem, ou a mulher. São corpos mutáveis socialmente! Se mulher não é uma categoria estável, focaliza o gênero e suas análises relacionais. Apresenta uma ideia de que essa matriz heterossexual, a heterossexualidade produz um gênero, não no sentido histórico, mas sim em um raciocínio lógico. Ela dita uma linha lógica entre sexo, desejo, gênero, e prática sexual. Uma sexuação binária. Butler quer mostrar que a lógica não funciona necessariamente dessa forma, o pensamento ocidental não funciona necessariamente dessa forma. Há um grande imaginário de homem ativo e mulher passiva que Butler questiona e inverte o raciocínio. Ela vai estar dizendo que ao bagunçar essa linha lógica da matriz heterossexual, as situações em que temos as discordâncias entre sexo, gênero, desejo, e prática, são as situações que vão colocar em cheque a binaridade do gênero, que vão provocar para pensar em que medida o gênero se passa a ser realmente algo binário. PERFORMATIVIDADE - A nossa construção cotidiana, o nosso ato cotidiano de se constituir, de aprender a ser mulher, é o que vai constituindo o gênero. É um ato, não é um sujeito antes, ele (o gênero) se constitui na ação na forma de uso e construção dos corpos, nas relações sociais. Só que os modelos simbólicos vem desse pensamento binário que é produzido pelo poder, que está nessa heteronormatividade. Quando performamos o gênero em nosso cotidiano, vamos deslocando metáforas e coerências que imaginamos, elementos masculinos podem aparecer em corpos femininos desestruturando essa matriz heterossexual. Esse poder da heteronormatividade é o que está produzindo a estrutura binária do gênero. Como Butler enxerga lésbicas? Como ela questiona Freud, Lacan? Questiona as teorias sobre sujeito, e uma natureza que existia antes da cultura, fora da cultura, independente da cultura. Isso não faz sentido para ela. Questiona teorias que o sujeito parece estar inteiro, dado, íntegro, onde o sujeito “escolhe”. Aponta os problemas das intersecções, das mulheres negras, lésbicas, do feminismo da mídia, que o empoderamento individual daquela mulher livre, autônoma, “gostosa” vai ser a saída para as mulheres se empoderem. Butler não quer buscar a origem do gênero, sua “verdade íntima”, sexo gênero desejo aparece como a origem do que a gente é, mas é uma formação específica de poder, a crítica genealógica se recusa a buscar as origens do gênero, as verdades íntimas do desejo feminino, uma identidade sexual íntima ou autêntica, ela investiga as apostas políticas. Instituições que definem, essas instituições definidoras seriam o falogocentrismo e a heterossexualidade compulsória. Cap.1 Butler quer mostrar o fato que a teoria feminista precisa entender melhor a categoria “mulheres”, já que ao mesmo tempo que o feminismo tenta defender e lutar pelas mulheres, o feminismo constrange a ideia do que é uma mulher. Quem são as mulheres que podem ser emancipadas no feminismo? Que mulher o feminismo representava? O feminismo começa dizendo que as mulheres são constrangidas pelo casamento heterossexual, mas que coloca toda a opressão nessa figura genérica que é o patriarcado, e que imagina todas as mulheres sofrendo essa mesma opressão. Escapa dessa definição uma construção de mulher, que são mulheres em relações heteronormativas, brancas de classe média/alta, pois, as mulheres negras, ou lésbicas, e de classe social baixa, não se enquadram nessa universalidade que o feminismo propõe. As mulheres que esse feminismo construiu foram algumas mulheres, e assim, o feminismo construiu quem era o modelo hegemônico de mulher que o próprio feminismo produziu. Ela mostra um poder de definição quem era a mulher que estava inserida no próprio feminismo, o próprio feminismo que estava defendendo as mulheres tem poder para definir a mulher. Ela questiona a integridade, seguindo este modelo, há uma imagem de um “antes” não histórico do sujeito, como se houvesse uma pessoa, natural, que é formada / dada antes da cultura, ou da sociedade, e que todas juntas fazem então esse “acordo social”. Decorre dessa problemática de se pensar um “homem universal”, e logo em seguida então “uma mulher universal”. O gênero não existe em si. As feministas ocidentais estavam atribuindo sua lógica ocidental a outras sociedades sem antes verificar como elas eram. Ordem compulsória do sexo / gênero / desejo Distinção entre sexo e gênero pretende afastar a idéia da “biologia como destino”. Querem sair da idéia de que a opressão está vinculada ao sexo, ao sistema reprodutivo da natureza. Rompe essa idéia de que o sexo está para gênero, assim como a natureza para a cultura. O Sexo é tão culturalmente construído como o gênero, ele não está antes da cultura, a diferença sexual é desde o início “gênero”. Diferenciamos o modo que as pessoas são pensados com uma base biológica, mas essa construção já é simbólica, histórica, cultural. Se o caráter imutável do sexo é contestável, talvez o próprio construtochamado “sexo” seja tão culturalmente construído quanto ao gênero; a rigor, talvez o sexo sempre tenha sido o gênero, de tal forma que a distinção entre sexo e gênero revela-se absolutamente nenhuma. Se o sexo é ele próprio uma categoria tomada em seu gênero, não faz sentido definir o gênero como a interpretação cultural do sexo. O gênero não deve ser meramente concebido como a inscrição cultural de significado num sexo previamente dado (uma concepção jurídica); tem de designar também o aparato mesmo de produção mediante o qual os próprios sexos são estabelecidos. Resulta daí que o gênero não está para a cultura, como o sexo para a natureza; ele também é o meio discursivo / cultural pelo qual “a natureza sexuada” ou “um sexo natural” é produzido e estabelecido como “pré-discurssivo”, anterior à cultura, uma superfície politicamente neutra sobre a qual age a cultura. não há um sujeito antes ou fora da cultura / relações sociais que o constituem Gênero: as ruínas circulares do debate contemporâneo Limites do discurso cultural hegemônico do gênero é baseado em estruturas binárias, vistas como universais, como base de uma racionalidade universal. A linguagem marca isso, pois ela já começa falando “menino ou menina?”, a binaridade já está imposta no pensamento. Ela cai nesse binário de homens x mulheres, e outras oposições que se encontram nesse raciocínio ocidental. Em que medida somos determinados e em que medida existe alguma agência? “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Mas como nos tornamos mulheres? Sendo construído / imposto pela linguagem, a gente precisa definir se somos menino ou menina. E Butler irá mostrar em como isso aparece em algumas teóricas feministas. Na Simone Dibuvoir, aparece a ideia do homem como a pessoa neutra, e a mulher como o outro, o homem marcado pela universalidade e a mulher presa no corpo, na Simone, a mulher não é livre pois o seu corpo é como uma armadilha (tanto que ela defende uma cultura de não ter filhos para se realizar como uma produtora de saber, como uma filósofa). O incômodo de Butler com outras teóricas do Feminismo é que o raciocínio destas se mantém no binário, do tipo o “homem” é uma coisa, e a mulher teria que ser outra. Não saímos dessa binaridade de homem x mulher. A Butler questiona essa binaridade, faz sentido a gente falar de Homem vs Mulher se somos atravessados por várias outras coisas? Podemos pensar gênero como uma relação entre sujeitos socialmente constituídos em contextos especificados. São relações não só entre homens e mulheres, e sim, entre todos os seus eixos de diferenças, em que esses atributos são constituídos socialmente, são relações sociais que são atravessadas por tudo isso. O patriarcado calca na volta dos homens vs mulheres e coloca a diferença na capacidade reprodutiva das mulheres, a noção de patriarcado está no corpo, este que reproduz. Butler quer que a gente vá além do corpo. As relações são desiguais não só por conta do gênero, mas sim, por conta da classe, raça, social, etc… Explicar sexo e gênero para a monografia a partir de Butler
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