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1ª fase – irresponsabilidade: não responsabilização do Estado pelos atos praticados por seus agentes, decorrente do absolutismo e da ideia “the king can’t do no wrong”. O Estado criava o Direito, mas não se submetia a ele. 2ª fase – previsão legal: O Estado passa a responder pelos danos causados por atos de seus agentes, desde que haja previsão legal expressa daquela situação ensejadora do dever de indenizar. Passa-se, então, ao Estado de Direito. 3ª fase – fase civilista: a responsabilidade do Estado se baseia nos critérios do Direito Civil de responsabilidade subjetiva, sendo necessário provar o dolo ou culpa do agente que atuou em nome do Estado. 4ª fase – responsabilidade subjetiva baseada na culpa do serviço: para que haja responsabilidade do Estado, é necessário comprovar que o dano decorreu da má prestação do serviço no caso concreto. Ainda é utilizada pelo Direito brasileiro excepcionalmente. 5ª fase – responsabilidade objetiva: hoje, para fins de responsabilidade civil do Estado, não é mais relevante a comprovação de qualquer elemento subjetivo. A responsabilidade objetiva se baseia em 3 elementos: conduta de um agente; dano ao particular; e nexo de causalidade entre conduta e dano. ⤿ É a regra no Direito brasileiro desde a Constituição de 1946. A CF/88 inovou por abarcar, além do Estado, as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço público. ⤿ Pode decorrer da teoria do risco administrativo ou da teoria do risco integral. a) Teoria do risco administrativo: a atividade administrativa é arriscada, e no momento que o Estado assume esse risco, ele se responsabiliza pelos eventuais danos que decorram desse risco. Por essa teoria, admitem-se excludentes de responsabilidade. É adotada majoritariamente no Brasil. b) Teoria do risco integral: enxerga o Estado como garantidor universal, não admitindo excludentes de responsabilidade. É adotada excepcionalmente: ⤿ Dano nuclear; ⤿ Dano ambiental: em caso de dano ambiental, o Estado responde com base na teoria do risco integral. Contudo, se o dano decorrer de omissão, a responsabilidade do Estado será de execução subsidiária, isto é, o primeiro a ser cobrado será o poluidor direto (terceiro); ⤿ Ataques terroristas/crimes cometidos a bordo de aeronaves brasileiras; ⤿ DPVAT. ⤿ A responsabilidade do Estado é objetiva, ao passo que a responsabilidade do agente é subjetiva (responsabilidade regressiva). ⤿ A Constituição não diferencia terceiros usuários de terceiros não usuários, de modo que, em ambos os casos, a responsabilidade do Estado e da prestadora de serviço público será objetiva. ⤿ Empresas estatais que exploram a atividade econômica (não fornecedoras de serviço público) têm sua responsabilidade regida pelo direito privado. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 2.1 Elementos da responsabilidade → O elemento subjetivo é irrelevante para fins de responsabilização estatal. Ademais, o Estado responderá independentemente de a conduta do agente ser ilícita ou não. ⤿ Quando a conduta é ilícita, o que vai justificar a responsabilidade do Estado é o princípio da legalidade. Por outro lado, quando a responsabilidade civil do Estado decorre de um ato lícito, o fundamento da responsabilidade é o princípio da isonomia. • Teoria do risco social: as restrições gerais da vida em sociedade não geram direito a indenização. → A responsabilidade do Estado por atos lícitos depende da comprovação de um dano anormal e específico a um particular. • Teoria do duplo efeito do ato administrativo: um mesmo ato gera efeitos diferentes para pessoas diferentes, de modo que um particular não pode embasar seu pedido de indenização no simples fato de outro ter sido indenizado, ainda que pelo mesmo ato. a) Conduta: conduta de agente público atuando nessa qualidade, ou pelo menos se valendo dela. ⤿ Também vale para o agente de fato: é aquele que não está investido regularmente na qualidade de agente, mas ostenta uma aparência regular e atua como se agente fosse. Abrange o agente putativo e o agente necessário. b) Dano: a conduta do agente deve causar um dano jurídico, isto é, um dano a um bem jurídico protegido, ainda que exclusivamente moral. Quando o dano decorre de uma conduta lícita, ele deve, ainda, ser um dano anormal e específico. c) Nexo de causalidade: demonstração de que a conduta do agente deu causa ao dano. ⤿ Teoria da causalidade adequada: para que haja responsabilidade do Estado, é necessário comprovar que a conduta do agente público, por si só, foi suficiente para ensejar o dano. ⤿ Teoria da interrupção do nexo causal: sempre que o dano decorrer de eventos posteriores que o ensejaram diretamente, o nexo causal é interrompido entre a conduta do Estado e o evento danoso. ⤿ Excludentes do nexo de causalidade: caso fortuito/força maior; culpa exclusiva da vítima. Nesses casos, a responsabilidade do Estado é afastada. → Responsabilidade do Estado por omissão do agente: a responsabilidade é subjetiva decorrente da culpa do serviço, ou seja, é necessário demonstrar que o dano decorreu da má execução do serviço. • Teoria do risco criado/suscitado: em determinadas hipóteses, o Estado cria uma situação de risco, e dessa situação de risco decorre um dano. Nesses casos, a responsabilidade do Estado é objetiva ainda que não haja conduta direta do agente. ⤿ Essa responsabilidade estará caracterizada sempre que o Estado tiver algo ou alguém sob sua custódia. (ex: presidiário que mata outro dentro da prisão; aluno que lesiona outro no recreio de uma escola pública; preso que comete crime na saída temporária). ⤿ Nas situações de custódia, o fortuito pode ser dividido em 2 espécies: 1. Fortuito interno: é uma situação fortuita que decorre logicamente da situação de custódia e depende dela para que possa acontecer; 2. Fortuito externo: é uma situação absolutamente alheia à custódia. * A responsabilidade do Estado só estará descaracterizada nos casos de fortuito externo. Deve-se demonstrar que a custódia é uma condição sem a qual o dano não ocorreria (conditio sine qua non). ↳ Exceção (STF): suicídio no estabelecimento prisional, apesar de ser um fortuito externo (alheio à custódia), enseja responsabilização objetiva do Estado. • Teoria da dupla garantia (STF): é garantia da vítima a possibilidade de cobrar do Estado, à luz da responsabilidade objetiva, mas o agente público também tem a garantia de só poder ser cobrado pelo Estado em ação de regresso, em razão do princípio da impessoalidade. → Nas ações de reparação civil em face do Estado, o entendimento majoritário é de que não é possível a denunciação a lide do agente (STF). - Isso porque a vítima tem uma garantia de que, naquele processo, só serão discutidos elementos objetivos, e a denunciação a lide em face do agente causaria uma ampliação do mérito para discutir elementos subjetivos (dolo/culpa), o que dificultaria o direito de indenização da vítima. → Assim, o Estado deve se responsabilizar primeiro, para, posteriormente, propor a ação de regresso contra o agente público. As ações contra a Fazenda Pública, em geral, tem prazo prescricional de 5 anos, inclusive as ações de reparação civil, conforme legislação específica. A ação de regresso em face do agente público não é imprescritível, devendo respeitar o prazo prescricional de 3 anos, conforme o Código Civil. a) Dano decorrente da má execução da obra: → Se a obra estiver sendo executada pelo Estado, a responsabilidade será objetiva. Nos casos em que o Estado contrata um particular (empreiteiro) para executar a obra, por não se tratar de pessoa jurídica de direito público ou prestador de serviço público,a responsabilidade será regida pelo Direito privado. ⤿ Nesses casos, para que haja responsabilidade do Estado, é necessário provar a omissão no dever de fiscalização do contrato. b) Dano decorrente da obra em si: → Nos casos em que o dano decorre da obra efetivamente considerada, que é executada regularmente, a responsabilidade é sempre do Estado e sempre objetiva, sendo irrelevante quem está executando a obra. Em regra, os atos jurisdicionais não ensejam o dever de indenizar do Estado, vez que as decisões judiciais são recorríveis. ⤿ Exceção: o art. 5º, LXXV da CF prevê que o Estado indenizará aquele que ficar preso por erro judicial e aquele que ficar preso além do tempo fixado em sentença (omissão administrativa). - Nesses casos, o entendimento majoritário é que cabe ação regressiva em face do magistrado, desde que se comprove que ele agiu de forma dolosa. Em se tratando de lei propriamente dita (sentido formal e material), a regra também é a irresponsabilidade do Estado. Contudo, se a lei causar um dano direto a alguém e for declarada inconstitucional, haverá responsabilização estatal.
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