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SANEAMENTO AMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ana Lizete Farias 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos entender o saneamento em sua perspectiva histórica, 
ou seja, como ocorreu a evolução do que hoje é uma das políticas de Estado 
mais importantes do ponto de vista dos governos de países em desenvolvimento. 
Nesse mesmo sentido também vamos olhar elementos relacionados à sua 
gestão, incluindo a situação brasileira. 
Com base nisso, poderemos começar a entender os aspectos 
relacionados aos principais processos de poluição e contaminação dos recursos 
hídricos que afetam os níveis aceitáveis de qualidade de água. Também 
aprenderemos sobre os fenômenos de eutrofização e autodepuração dos corpos 
da água na sua relação com as descargas de poluentes. Ainda sob esse 
panorama veremos os conceitos de esgoto e resíduos para entendermos sobre 
a necessidade em relação à gestão do saneamento. 
Em nossa prática, vamos nos debruçar sobre uma situação verídica e 
infelizmente bastante comum no Brasil para tentarmos responder a uma questão 
importante: por que, afinal, o Rio Tietê ainda continua poluído mesmo sendo um 
importante rio de um dos estados brasileiros mais ricos e desenvolvidos? Com 
base no que veremos nesta aula, poderemos compreender isso. 
TEMA 1 – PERSPECTIVA HISTÓRICA DO SANEAMENTO 
Ao nos depararmos com os primórdios acerca da origem do saneamento, 
voltamos a milhares de anos, quando os primeiros homens perceberam a relação 
entre a água suja, o acúmulo de lixo e as doenças. Aqui já é possível perceber 
a relação com a palavra sanear, que no latim significa “tornar saudável, higienizar 
e limpar”. 
Nesse registro histórico que demarca a preocupação com os resíduos ao 
longo do desenvolvimento da nossa civilização aparecem alguns marcos 
interessantes. Por exemplo: o mais antigo aterro sanitário na ilha de Creta, no 
Mar Mediterrâneo, antiga cultura a cerca de 3.000 a.C., onde o lixo era colocado 
em grandes covas, acondicionado em sucessivas camadas, cobertas por terra 
(De Feo, 2014). 
Centenas de anos mais tarde, tem-se como referência Atenas, em 500 
a.C., como a primeira cidade europeia a construir um aterro sanitário planejado 
 
 
3 
e possuindo leis específicas que determinavam que todo o lixo fosse removido 
para pelo menos dois quilômetros além dos portões da cidade (De Feo, 2014). 
Muitos fatos importantes aconteceram que foram assinalando a 
importância do saneamento, dentre os quais o mais significativo foi a Peste 
Negra, transmitida por meio da pulga de ratos, que infectou metade da população 
e dizimou cerca de 1/3 da população europeia entre o período de 1346 e 1353. Na 
China e na Índia, o panorama não foi diferente: mais de 23 milhões de pessoas 
foram levadas a óbito em menos de 12 anos (BBC, 2017). 
A partir do século XVI, o gerenciamento do resíduo urbano passa a ser 
uma preocupação cada vez maior para as administrações públicas. O marco do 
moderno gerenciamento de resíduos foi estabelecido na Inglaterra, em 1842 
quando Edwin Chadwick publica seu estudo “Relatório a respeito da pesquisa 
sobre a condição sanitária da população trabalhadora na Grã Bretanha” (Report 
of an Inquiry into the Sanitary Condition of the Labouring Population of Great 
Britain), o qual marcou o vínculo entre o aparecimento de certas doenças e as 
péssimas condições de saneamento das cidades, principalmente nos bairros 
mais pobres (Funasa, 2010). 
No Brasil, as ações para implantar uma cultura de natureza sanitária foram 
variáveis ao longo de seu território e nos séculos XIX e XX caracterizavam-se 
por comportamentos particulares em cada região. O enfrentamento e a 
prevenção das doenças endêmicas e epidêmicas que assolavam o país 
existiam, portanto, mas, pela falta de unidade de ações, resultaram no abandono 
e na marginalização das populações carentes, como se verifica ainda hoje 
(Rubinger, 2008). 
Por outro lado, ainda segundo Rubinger (2008), houve um despertar das 
elites para a consciência da interdependência sanitária segundo a qual todos os 
homens estavam ligados por um elo representado pelo agente causador da 
doença. É com base nessa compreensão que se daria o estabelecimento das 
principais características do saneamento no Brasil, principalmente na década de 
1970, por meio da implementação, pelo governo militar, do Plano Nacional de 
Saneamento Básico (Planasa). 
O Planasa iniciou em 1971, significando uma evolução dos serviços de 
água e esgoto no Brasil, com maior nível de atuação na região Sul e Sudeste, 
onde a questão demográfica urbana era mais agravante (Funasa, 2015). 
 
 
4 
Com a crise econômica, no início dos anos 80, e a promulgação da 
Constituição de 1988, o poder sobre as políticas de saneamento saem 
gradativamente da União, passando a se concentrar em nível de município. 
Dessa forma, organismos de investimento como o Banco Nacional da Habitação, 
que estavam à frente dos investimentos em saneamento no Brasil, perdem a 
força e, com a extinção do BNH, é o prenúncio do Planasa em 1986 (Juntos pela 
Água, 2018). 
Em 1997, surge a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, 
sancionada pela Lei n. 9.433/97, estabelecendo, por conseguinte, o Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A PNRH define a água como 
um bem de domínio público, de disponibilidade limitada e dotada de valor 
econômico, cuja gestão deve ser descentralizada e participativa, priorizando os 
usos múltiplos (Brasil, 1997). A partir da criação da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, a gestão dos recursos hídricos passou a ser responsabilidade não só 
da esfera federal, mas também dos 26 estados e do Distrito Federal. Atualmente 
também é responsável pelos mais de 200 comitês de bacia hidrográfica 
espalhados pelo território nacional (OCDE, 2015). 
No ano de 2000 foi criada a Agência Nacional de Águas, para fazer 
cumprir os objetivos e diretrizes da PNRH por meio da regulação do acesso e do 
uso dos recursos hídricos de domínio da união através das outorgas, 
monitoramento dos rios do Brasil em conjunto com os Estados, coordenação da 
implantação da PNRH e elaboração /participação em estudos estratégicos em 
nível municipal, estadual e federal (Brasil, 2000). 
Em 2007 é promulgada a Lei 11.445/07, mais conhecida como a Lei de 
Saneamento, estabelecendo, então, as diretrizes para todo o setor, tendo como 
diretrizes a universalização ao acesso aos serviços de abastecimento de água, 
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos; 
segurança, qualidade e regularidade destes serviços; articulação com as 
políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à 
pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e 
outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de 
vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; adoção de 
métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e 
regionais; eficiência e sustentabilidade econômica, incentivando a utilização de 
tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos 
 
 
5 
usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; adoção de medidas 
de fomento ao uso racional do consumo de água; controle social e transparência; 
e integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos 
hídricos (Brasil, 2007). 
A lei atribui ao Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, a 
responsabilidade pela elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico 
(Plansab), instituindo também a universalização como meta. 
TEMA 2 – SITUAÇÃO BRASILEIRA 
A história da implantação do saneamento no Brasil mostra fatores que 
dificultaram o progresso ao longo dos anos bem como impediram (e ainda 
impedem) o desenvolvimento dessa área, que, por isso, não atingiu crescimento 
expressivo duranteesse período. Dentre esses, podemos citar a falta de 
planejamento adequado, o volume insuficiente de investimentos, a deficiência na 
gestão das companhias de saneamento, a baixa qualidade técnica dos projetos 
além das dificuldade para obter financiamentos e licenças para as obras (Juntos 
pela Água, 2018). 
Dessa forma, em pleno século XXI, a situação do saneamento no Brasil 
ainda requer maior estabilidade institucional além de uma articulação mais 
efetiva com as áreas da saúde pública, gestão de recursos hídricos e 
planejamento urbano (Heller, 2007). Mas, por outro lado, não é possível negar 
que a aprovação da Lei Nacional de Saneamento, como vimos no tema anterior, 
inaugurou um novo ciclo do saneamento no Brasil, que passa a cobrir uma 
histórica lacuna na legislação desse setor após aproximadamente 30 anos de 
debates. 
Além da aprovação dessa lei, outros fatos também demarcaram uma 
aparente nova fase do setor como a criação do Plano de Aceleração do 
Crescimento (PAC), pelo governo federal, o qual estabeleceu a destinação de 
40 bilhões de reais, entre 2007 e 2010, para alcançar o atendimento, até 2010, 
de 86% das residências brasileiras com abastecimento de água, 55% com redes 
coletoras de esgoto e 47% com disposição adequada de resíduos sólidos; e o 
estabelecimento da gestão de serviços públicos por meio da contratação de 
consórcios públicos (Brasil, 2007; WSP-LAC, 2007 citado por Rubinger, 2008). 
Mesmo assim, dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações 
sobre Saneamento (SNIS) (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2018) que se referem ao 
 
 
6 
ano de 2016 e divulgados apenas em 2018 revelam que o saneamento tem 
avançado no país nos últimos anos, mas pouco, conforme mostram os números: 
 Em 2016, 83,3% da população era abastecida com água potável e 35 
milhões de brasileiros (16,7% dos brasileiros) ainda não tinham acesso 
ao serviço. Em 2011, o índice de atendimento era de 82,4%. E, portanto, 
em cinco anos a evolução foi de 0,9 pontos percentuais. 
 Em relação à coleta de esgoto, 51,9% da população tinha acesso ao 
serviço em 2016, mas, por outro lado, mais de 100 milhões de pessoas 
(48,1%,) utilizavam medidas alternativas para lidar com os dejetos – seja 
utilizando uma fossa, seja jogando o esgoto diretamente em rios. Nesse 
caso, em 2011, o percentual de atendimento era de 48,1% e constata-se 
um avanço de 3,8 pontos percentuais. 
 Em 2016, 44,9% do esgoto gerado no país era tratado. Em 2011, o índice 
era de 37,5% — uma evolução de 7,4 pontos percentuais. 
O que se percebe então é que os números de esgoto são piores que os 
de água no país, principalmente como já vimos pela falta de prioridade nas 
políticas públicas bem como o maior custo de investimento e de dificuldade nas 
obras, dentre tantos motivos. Dessa maneira, mesmo apresentando maior alta 
entre os indicadores, o acesso ao tratamento no país continua baixo, implicando 
o aumento crescente de problemas ambientais e sanitários. 
TEMA 3 – PRINCIPAIS FENÔMENOS DE POLUIÇÃO 
Os corpos d´água sofrem todos os impactos das atividades 
antropogênicas ao longo da bacia, da qual recebem materiais, sedimento e 
poluentes, refletindo os usos e ocupação do solo nas áreas vizinhas (Tundisi; 
Shaskraba, 1999). Para que possamos compreender melhor o que são esses 
impactos e quais suas consequências, antes precisamos entender os seguintes 
conceitos, de acordo com Feitosa (2008): 
Quadro 1 – Conceitos relacionados aos impactos sobre as águas 
CONCEITOS RELACIONADOS AOS IMPACTOS SOBRE AS ÁGUAS 
ÁGUA SUBTERRÂNEA Solução diluída de inúmeros elementos e compostos 
sólidos, líquidos ou gasosos em proporções diversas, 
provenientes do ar (durante o processo de condensação 
e precipitação), dos solos e das rochas (nas quais 
circula ou é armazenada) e do contato com as 
atividades humanas. 
 
 
7 
POLUIR (LATIM POLLUERE = SUJAR) Alteração artificial da qualidade físico-química da água, 
suficiente para superar os limites ou padrões 
preestabelecidos para determinado fim. 
POLUENTE Toda e qualquer substância que ameaça a saúde, a 
segurança e o bem-estar (questões econômicas) traz 
prejuízo para a vida aquática, altera as características de 
águas receptoras para determinados fins ou modifica 
normas de qualidade preestabelecidas. 
ÁGUA POLUÍDA Conceito que depende do ponto de vista do qual se 
encara o problema, ou seja, uma água pode ser 
considerada poluída para um determinado fim e não para 
outro. 
ÁGUA CONTAMINADA Possui organismos patogênicos, substâncias tóxicas 
e/ou radioativas, em teores prejudiciais à saúde do 
homem. Assim, toda água contaminada é poluída, mas 
nem toda água poluída (desde que não afete a saúde do 
homem) é contaminada. 
Fonte: Feitosa, 2008. 
 Então, com base nesse quadro, podemos ver que, em relação à 
distribuição espacial, a poluição e a contaminação que pode originar podem ser: 
 Pontual – quando a fonte está concentrada numa pequena superfície; 
 Difusa – quando a fonte de contaminação se estende, mesmo com baixa 
concentração, sobre uma grande superfície, como é o caso de áreas de 
irrigação ou áreas urbanas, ou do transporte por via atmosférica; 
 Linear – quando a fonte de contaminação é um rio ou canal. 
A poluição ainda pode ter origem química, física ou biológica, sendo que 
em geral a adição de um tipo desses poluentes altera também as outras 
características da água e, por isso, o conhecimento das interações entre essas 
interações é de extrema importância para que se possa lidar da melhor forma 
possível com as fontes de poluição. 
As águas são poluídas, basicamente, por dois tipos de resíduos: os 
orgânicos, formados por cadeias de carbono ligadas a moléculas de oxigênio, 
hidrogênio e nitrogênio, e os inorgânicos, que têm composições diferentes. 
 Os resíduos orgânicos normalmente têm origem animal ou vegetal e 
provêm dos esgotos domésticos e de diversos processos industriais ou 
agropecuários, são biodegradáveis e, portanto, destruídos naturalmente por 
microrganismos. 
Já os resíduos inorgânicos vêm de indústrias – principalmente as 
químicas e petroquímicas – e não podem ser decompostos naturalmente. 
Destes, os mais comuns são o chumbo, o cádmio e o mercúrio. 
 
 
 
 
 
8 
TEMA 4 – EUTROFIZAÇÃO 
Conforme encontramos em Wetzel (1993), a eutrofização é um dos 
estados da sucessão natural dos ecossistemas aquáticos, por meio do qual, à 
medida que o tempo passa e os nutrientes vão se acumulando, ocorre um 
desenvolvimento cada vez maior das populações de fitoplâncton, observando-
se com frequência o florescimento de algas. De uma maneira mais simples, a 
eutrofização é o excesso de nutrientes no ambiente aquático e que, na maior 
parte das vezes, é causada pelo homem gerando consequências negativas 
sobre a qualidade da água. 
A eutrofização pode acontecer de forma natural e ser bastante lenta, em 
processos que podem durar dezenas de anos para se estabelecer. Entretanto, 
quando esse processo é acelerado, há um aumento desordenado na produção 
de biomassa, impossibilitando a sua incorporação pelo sistema aquático com a 
mesma velocidade e provocando, assim, um desequilíbrio ecológico. Denomina-
se esse processo de eutrofização cultural (Souza, 1993). 
Tundisi (1986) ensina que a eutrofização não natural é causada 
principalmente pelas seguintes atividades: despejos de esgotos domésticos, 
despejos de atividades agrícolas, poluição do ar e queda do material da 
atmosfera (sob a forma de partículas junto com a água de chuva), vegetação 
remanescente em represas não desmatadas antes do fechamento. 
As principais consequências sobre os sistemas aquáticos estão 
relacionados ao aumento da biomassa e da produção primária do fitoplâncton, à 
diminuição de diversidade de espécies, à diminuição da concentração de 
oxigênio dissolvido, à diminuição na concentração de íons, ao aumento do 
fósforo total no sedimento e ao aumento da frequência de florações decianobactérias (Tundisi, 1986). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 1 – Detalhe de uma lagoa poluída que mostra a eutrofização. A 
biomassa de algas e as cianobactérias estão em meio a pontas de cigarro e 
outros resíduos. 
 
Créditos: Mary O’Neill/Shutterstock. 
TEMA 5 – ESGOTO E RESÍDUOS 
Após a utilização da água para os mais diversos fins, há 
consequentemente a alteração das suas características naturais, incorporando 
inúmeras substâncias cuja constituição é vinculada à finalidade para a qual foi 
empregada. Como temos visto ao longo da nossa aula, a devolução direta ao 
meio ambiente, especialmente em corpos de água, causa problemas ambientais 
e problemas relacionados à saúde das pessoas e animais, pela transmissão de 
doenças causadas por germes patogênicos presentes nos dejetos humanos. 
Os despejos provenientes das diversas modalidades de uso da água são 
chamados, então, de esgotos, águas servidas ou águas residuárias. 
Costumam ser classificados de acordo com a sua origem em dois grupos 
principais: esgotos domésticos e esgotos industriais, como mostra o quadro a 
seguir: 
Quadro 2 – Grupos de esgoto 
GRUPOS DE ESGOTO 
DOMÉSTICOS INDUSTRIAIS 
Composição essencialmente orgânica, compreendendo 
as águas que contêm a matéria originada pelos dejetos 
humanos no esgotamento de peças sanitárias e as águas 
servidas provenientes das atividades domésticas, tais 
como banho, lavagens de pisos, utensílios, roupas. 
Incluem também os efluentes das instalações sanitárias 
Composição pode variar de orgânica a mineral, 
geralmente mais rica em sólidos dissolvidos minerais do 
que os esgotos domésticos. Compreendem os resíduos 
orgânicos de indústria de alimentos, matadouros, e 
outras com predominância da agroindústria; as águas 
residuárias procedentes de indústrias de metais, 
 
 
10 
de estabelecimentos comerciais, de empresas e 
instituições. 
químicas e outras; as águas residuárias procedentes de 
indústrias de cerâmica, água de refrigeração e de tantos 
outros ramos da indústria. Nos efluentes industriais há 
uma fração, associada às instalações sanitárias dos 
funcionários e aos refeitórios, usualmente com 
características similares aos dos esgotos domésticos. 
Águas negras Águas cinza 
proveniente das 
instalações sanitárias, 
contendo fezes e urina 
proveniente de banhos, 
lavagens e demais usos 
domésticos 
Fonte: Elaborado pela autora. 
Os resíduos sólidos, segundo Funasa (2015), são um conjunto 
heterogêneo de materiais, substância, objeto ou bem descartado resultante de 
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe 
proceder ou se está obrigado a proceder nos estados sólido ou semissólido, bem 
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem 
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou 
exijam, para isso, soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da 
melhor tecnologia disponível. 
Por conter em sua constituição grande quantidade de matéria orgânica, 
os resíduos sólidos servem de abrigo e alimento para diversos organismos vivos, 
o que possibilita, ainda, a proliferação de mosquitos que se desenvolvem em 
água acumulada em latas, vidros e outros recipientes abertos. Existe a 
possibilidade de contaminação do homem pelo contato direto com os resíduos 
sólidos ou por meio da massa de água poluída, por serem fontes contínuas de 
micro-organismos patogênicos. 
As consequências imediatas dos despejos de esgotos e resíduos em 
corpos d´água se relacionam às Doenças Relacionadas a um Saneamento 
Ambiental Inadequado (DRSAI), que atingem as populações vulneráveis e de 
baixa renda, em que se destacam as diarreias (Funasa, 2010). 
Estas doenças representam mais de 90% das hospitalizações por DRSAI, 
tendo, portanto, o mais importante impacto na ocupação da rede hospitalar, 
entretanto outros grupos aumentaram a proporção de internações no período: 
malária, dengue, leishmanioses e leptospirose, embora com comportamento 
diferente entre as regiões do país, demandando procedimentos e atenção 
especializadas (Funasa, 2010). 
NA PRÁTICA 
Saiba mais 
Por que São Paulo ainda não conseguiu despoluir o rio Tietê? 
 
 
11 
Com 56 metros de largura e 26 km de leito canalizado dentro de São 
Paulo, o rio Tietê é uma das primeiras paisagens a cumprimentar quem chega à 
cidade pelo aeroporto de Guarulhos ou pelas rodovias Anhanguera e 
Bandeirantes. 
E não é uma paisagem agradável: o cheiro de esgoto, o aspecto sujo e a 
falta de vida aquática tornam evidente que o maior rio do Estado está morto no 
trecho em que passa pela região metropolitana. 
A mancha de poluição – onde a oxigenação é praticamente 0% – ocupa 
hoje 130 km, entre as cidades de Itaquaquecetuba, a leste da capital, e 
Cabreúva, a noroeste. Os dados são do monitoramento da ONG SOS Mata 
Atlântica. 
É preciso ter, no mínimo, 5% de oxigenação para que haja peixes em um 
rio. O ideal é em torno de 7%. 
A tentativa do governo do Estado de limpar o curso d'água começou há 
25 anos, em 1992, após uma ampla campanha popular feita pela SOS Mata 
Atlântica e pela Rádio Eldorado, em que foram colhidas 1,2 milhão de 
assinaturas. 
O Projeto Tietê foi então lançado com financiamento do BID (Banco 
Interamericano de Desenvolvimento) e BNDES (Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social). O governador à época, Antônio Fleury 
Filho, chegou a dizer que beberia água do rio ao fim da iniciativa. Em 1993, a 
gestão prometeu publicamente limpar o rio até 2005. 
Mas 25 anos e US$ 2,7 bilhões (R$ 8,8 bilhões) depois, ele está longe de 
ser despoluído. 
Afinal, o que deu errado? 
Fonte: Mori, 2017. 
O cenário do Rio Tietê é um dos retratos acerca das dificuldades da 
implantação do saneamento no Brasil: falta de planejamento adequado; a 
deficiência na gestão das companhias de saneamento, a baixa qualidade técnica 
dos projetos, necessidade de maior estabilidade institucional, além de uma 
articulação mais efetiva com as áreas da saúde pública, gestão de recursos 
hídricos e planejamento urbano. Um rio e seu ecossistema em lenta agonia pela 
poluição. 
 
 
12 
FINALIZANDO 
Ao final da nossa aula, observamos que a origem do saneamento remonta 
a milhares de anos. Também compreendemos as dificuldades para implantar 
uma cultura de natureza sanitária e os principais marcos e leis ao longo da 
história. 
Na situação brasileira, olhamos para um cenário de uma realidade 
complexa cujos números de esgoto são piores que os de água no país, 
implicando o aumento crescente de problemas ambientais e sanitários. 
Também aprendemos que os principais fenômenos de poluição que estão 
relacionados à água estão relacionados aos resíduos orgânicos e inorgânicos, o 
fenômeno da eutrofização (excesso de nutrientes no ambiente aquático) e os 
conceitos de esgoto e resíduos e as consequências dentro do amplo sistema de 
gestão do saneamento. 
Em nossa prática, com base no caso emblemático do Rio Tietê, podemos 
refletir sobre os conceitos vistos em aula acerca das dificuldades da implantação 
do saneamento no Brasil: falta de planejamento adequado, deficiência na gestão 
das companhias de saneamento, baixa qualidade técnica dos projetos, 
necessidade de maior estabilidade institucional, além de uma articulação mais 
efetiva com as áreas da saúde pública, gestão de recursos hídricos e 
planejamento urbano. O texto também mostrou os aspectos de poluição que 
conduzem o rio a uma lenta agonia em toda a sua imensa bacia hidrográfica. 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 9.433 de 8 de janeiro de 1997. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 9 jan. 1997. 
_____. Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 18 jul. 2000. 
_____. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 8 jan. 2007. 
DEFEO, G. et al. The Historical Development of Sewers Worldwide. 
Sustainability, v. 6. n. 6, 2014 Disponível em: <https://www.mdpi.com/2071-
1050/6/6/3936/htm>. Acesso em: 22 jan. 2019. 
FEITOSA, F. A. C. Hidrogeologia: conceitos e aplicações. 3. ed. rev. e ampl. 
Rio de Janeiro: CPRM: LABHID, 2008. 
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde. Impactos na saúde e no sistema 
único de saúde decorrente de agravos relacionados a um saneamento 
ambiental inadequado. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2010. 
_____. Manual de Saneamento. 4. ed. Brasília: Funasa, 2015. 
HELLER, L. Basic sanitation in Brazil: lessons from the past, opportunities from 
the present, challenges for the future. Journal of Comparative Social Welfare 
(Special Issue) – Comparative experiences in the provision of water and 
sanitation services: challenges and opportunities for achieving universal access. 
v. 23, n. 2, p. 141–153, Oct. 2007. 
IBEJI, M. Black Death: the disease. BBC, 17 fev. 2011. Disponível em: 
<http://www.bbc.co.uk/history/british/middle_ages/blackdisease_01.shtml>. 
Acesso em: 22 jan. 2019. 
JUNTOS PELA ÁGUA. Saneamento no Brasil. Juntos pela Água, 2018. 
Disponível em: <https://www.juntospelaagua.com.br/saneamento-no-brasil/>. 
Acesso em: 22 jan. 2019. 
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Diagnóstico dos serviços de água e esgotos – 
2016. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 2016. Disponível 
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14 
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