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Teorias da personalidade

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Teorias da personalidade
Introdução
Psicopatologia → estudo dos estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental.
É um conceito amplo e complexo, envolve diversas áreas do conhecimento – biológicas, neurociências, psicanálise, psicologia, sociologia, filosofia, linguística, entre outros. 
→ natureza essencial da doença mental – causas, mudanças funcionais e estruturais e formas de manifestação. 
Funções psíquicas
Consciência → vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior. 
· atividade integradora → “sustentação” das demais funções psíquicas
· conhecimento do próprio eu e do mundo externo.
Atenção → avaliar a consciência → “operadores” 
· atenção → seleciona dentre os vários estímulos, aquele que será apreendido no momento – filtro de informações para a consciência
· vigilância, concentração, seletividade
Orientação → capacidade de orientar-se com relação a si e ao ambiente. 
· integra a consciência
· autopsíquica (consciência do eu) e alopsíquica (voltada ao mundo exterior, tempo e espaço
Memória → capacidade de adquirir, armazenar e evocar informações. 
· importante recurso cognitivo 
· responsável pela nossa identidade pessoal e ações cotidianas
· funções executivas, pensamento e o aprendizado
Sensação → fenômeno passivo gerado por estímulos químicos, físicos e biológicos originados fora do organismo → alterações nos órgãos receptores.
Percepção → processo de transformação desses estímulos sensoriais em tomada de consciência dos objetos e fatos exteriores ao indivíduo.
· a senso-percepção é a união destas duas dimensões
Pensamento → operação mental que utiliza de conhecimentos adquiridos, combina-os logicamente e produz uma outra nova forma de conhecimento.
· esse processo começa com a sensação e termina com o raciocínio dialético
É formado através de elementos sensoriais, imagens perceptivas e representações. 
· conceitos → elemento puramente cognitivo – cadeira
· juízos → relações significativas entre os conceitos – cadeira + sua utilidade)
· raciocínio → relação entre juízos, redundando numa conclusão).
Pode ser avaliado de acordo com: seu curso (modo como flui, velocidade, ritmo), sua forma (arquitetura dos conteúdos) e conteúdo (tema, assunto)
Linguagem → principal instrumento de comunicação e fundamental na elaboração e na expressão do pensamento. 
· afirmação do eu, em oposição ao mundo
Afetividade → capacidade individual de experimentar o conjunto de fenômenos afetivos (tendências, emoções, paixões, sentimentos). 
· humor → tônus afetivo basal do indivíduo em determinado momento.
Vontade: → relacionada com as esferas instintiva, afetiva e intelectual (avaliar, julgar, analisar, decidir) e com o conjunto de valores, princípios, hábitos e normas socioculturais do indivíduo. 
· forças instintivas inconscientes e da esfera afetiva + valores culturais conscientes e ao desejo (anseio, de natureza consciente ou inconsciente, que visa sempre algo, que busca sempre a sua satisfação).
· ato volitivo (ou ato de vontade) pode ser expresso por “eu quero” ou “eu não quero”. 
· ato motor são as alterações da psicomotricidade.
Personalidade
→ A personalidade é a combinação da experiência com a hereditariedade, com um padrão único de conexões neuronais no encéfalo.
Definições:
→ É o modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas. (Widiger, 2011). 
→ É o conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência (Bastos (1997b). 
Tipologia humana → integração de várias dimensões e aspectos relacionados à personalidade, como as noções de constituição corporal, temperamento, caráter e traços de personalidade (Cloninger; Gottesman, 1987; Livesley et al., 1993; Berrios, 1996)
Constituição corporal
Teoria → presença de conjunto de propriedades morfológicas, metabólicas, bioquímicas, hormonais, transmitidas ao indivíduo principalmente pelos mecanismos genéticos e que se correlacionariam com a personalidade → biotipologia.
· aparência física, o perfil dos gestos, voz, o estilo dos movimentos → influência nas experiências psicológicas individuais
Obs: não há uma biotipologia cientificamente bem aceita e consensual → hipótese 
Temperamento
É o conjunto de particularidades psicofisiológicas e de padrões de reação psicológica inatos, de base neurobiológica, que diferenciam um indivíduo de outro.
· determinado por fatores genéticos ou constitucionais precoce → base genético-neuronal da personalidade.
Ex: tendência à passividade, hipoatividade, baixa reatividade – astênico – ou –ativos, forte tendência à iniciativa e a reagir prontamente aos estímulos ambientais – estênicos. 
· observação nas primeiras semanas de vida – bebês
Obs: a do temperamento de uma pessoa, em estado puro, original, é extremamente difícil, senão impossível, pois o temperamento inato se integra ao caráter (interação com os pais e sociedade) para formar a personalidade total. 
Caráter
É o conjunto de elementos da personalidade de base psicossocial e sociocultural. 
· aspectos da experiência psicológica do indivíduo que desde cedo incidem sobre seu temperamento
· resultado do temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e sociocultural
Obs: muitas vezes o temperamento (tendências inatas iniciais) e o caráter (conjunto de reações exibidas pelo indivíduo), não coincidem.
· interferência de funções intelectuais (discriminativas, críticas e judicativas) e de inibições e hábitos criados pela educação. 
Às vezes o caráter se desenvolve no sentido oposto ao do temperamento → sobrecompensação psíquica – um indivíduo com caráter exibicionista e teatral esconde um temperamento tímido e fóbico ou um caráter agressivo e audaz encobre um temperamento medroso e angustiado.
Padrões de personalidade
A primeira tipologia desenvolvida na história da medicina e da psicologia foi a da escola hipocrático-galênica. 
Medicina do médico da Grécia Antiga Hipócrates de Cós – escola hipocrática – essencialmente ambientalista → dieta, clima, influência dos ventos.
· tipos humanos básicos, doença e saúde → presença equilibrada dos quatro humores essenciais: o sangue, a bílis, a fleuma (ou linfa) e a atrabílis (ou bílis negra). 
Tipologia de Carl Gustav Jung (1875-1961) → obra Tipos psicológicos
As duas atitudes básicas são a extroversão e a introversão → movimento e direção fundamental da energia psíquica (libido) na vida de cada pessoa. 
Extroversão → a libido flui sem dificuldade em direção aos objetos externos. 
Introversão → a libido recua perante os objetos do mundo externo, voltando-se para seu interior – o mundo externo é ameaçador ou sem importância, as satisfações e referências provêm do próprio mundo interno. 
Outros elementos do psiquismo (pensamento, sentimento, percepção, intuição) entram na composição do tipo de personalidade que resultará ao final. 
No Brasil, estão disponíveis dois testes de personalidade segundo as teorias de personalidade de Jung: o Questionário de Avaliação Tipológica (QUATI) e o Teste de Wartegg.
Sigmund Freud (1856- 1939) – teoria da psicanálise “séc XX – freudiano”
Teoria → determinismo psíquico → os processos mentais são encadeados, mesmo que não haja consciência dessa continuidade.
Estrutura da personalidade – analogia com um iceberg:
1. consciente → informações que chegam à consciência – ponta do iceberg
2. pré-consciente → ou subconsciente → memórias que podem ser acessadas facilmente – parte pouco submersa
3. inconsciente → não podem ser acessados pela consciência, a não ser em situações especiais – informações descartadas, eventos traumáticos – parte inferior do iceberg, totalmente submersa 
 
Dentro do inconsciente, há as pulsões – impulsos ou instintos – com uma fonte, finalidade, pressão e objeto para chegar a uma finalidade.
· contém o ID, que é como uma criança mimada
· pulsão de vida → busca pelo prazer – sua fonte de energia éa libido ou desejo
· pulsão de morte → busca pelo isolamento, destruição
A psique tem o objetivo de balancear, minimizar o desprazer e maximizar o prazer.
Obs: Freud destaca a importância de fortalecer o ego, aprendendo assim a lidar com os impulsos do ID e com as pressões próprias ou externas do superego.
Ansiedade → causada pelo conflito entre os impulsos do ID, as limitações impostas pela realidade do EGO e a ameaça de punição do SUPEREGO → frustração (libido contida) ou retomada de experiências traumáticas. 
Mecanismos de defesa → estratégias para lidar com essas limitações ou encarar a realidade e assim evitar a ansiedade. 
· projeção, formação reativa, racionalização, negação, isolamento, deslocamento, regressão, sublimação (essência da civilização), recalque ou repressão. 
Teoria → a personalidade é moldada pelo modo como a criança é gratificada pela sua libido → energia “vital-sexual” e passa por diversas fases psicossexuais:
1. fase oral → fonte de prazer são a boca e o ato de sucção – amamentação – primeiro ano de vida
· ponto de partida de toda a vida sexual, o ideal jamais atingido
· suprimento das necessidades fisiológicas (sede e fome) e afetivas
Caráter oral → avidez no tomar e no receber; não suporta a privação e dificuldades com a rejeição, passivo – TIPO ERÓTICO
· dependente, sem iniciativa, passivo e acomodado.
2. fase anal → interesse e prazer da criança em reter e expelir as fezes – segundo ao terceiro ano de vida. 
Caráter anal → ordenadas (organizadas), econômicas (avareza) e obstinadas – inclinações para a ira e a vingança, forma unilateral de enfrentar os problemas – TIPO COMPULSIVO
· retenção ou expulsão abrupta de seus afetos, atos e pensamentos 
· equilíbrio entre os impulsos e as normas sociais (elogio x chamar atenção)
· traços de caráter obsessivo e compulsivo – desejo de controlar a si mesmo e aos outros
· fantasias de onipotência e pensamento mágico
3. fase fálica → interesse crescente por seus próprios genitais – dos 3 aos 5 anos.
· phalus do menino e “ausência” do phalus na menina
Complexo de Édipo → conflito da criança marcado por amor e desejo ao progenitor do sexo oposto e ódio e rivalidade ao progenitor do mesmo sexo. 
· represália → castração, de destruição daquilo que julga ser o mais valioso em seu ser. 
Caráter fálico → narcisista, exibicionismo físico e mental, ou à inibição amedrontada em desejar qualquer coisa que lhe seja de valor – TIPO NARCISISTA
· agressivo, intrometido, merecedor de penetrar em qualquer espaço 
As fixações infantis da libido e a tendência à regressão determinam tipos de neuroses como o perfil de personalidade do adulto. 
· introjeção (sobretudo inconsciente) → determinada pelas relações familiares da criança pequena com seus pais e destes com ela. 
5–12 anos → latência – repressão dos desejos sexuais persistentes. 
Puberdade → fase genital – desejo sexual adulto (complexos edipianos – perturbações)
Neurose → distúrbio psíquico pelo recalque imperfeito e o medo da manifestação.
· mascarados pelos sintomas neuróticos
· desejos reprimidos – abusos (fisiológicos, afetivos e sexuais)
· tipos → histérica, obsessiva, fóbica, atual 
Psicose → origem orgânica e comprometimento neurobiológico
· conflitos com o meio externo
· desconexão com a realidade
· não se percebe como doente
· paranoia (delírio), esquizofrenia e alterações severas do humor
Gordon Allport (1897-1967) – psicólogo humanista norte-americano → traços de personalidade – tendências, características estáveis e determinantes para a personalidade do indivíduo. 
· estados → aspectos temporários e breves por fatores externos circunstanciais
1. cardiais → disposições penetrantes e marcantes – autoritário, sádico, tímido)
2. centrais → amplas áreas (não sua totalidade) – honestidade,, generosidade
3. secundários → menos significativas, consistentes
Hipótese léxica fundamental (HLF) → traçar por perguntas ou afirmações com elementos semânticos da linguagem cotidiana, usando adjetivos (inseguro, irritado, ousado, vingativo). 
· fatores → agrupamentos matemáticos de traços individualizados. 
Ex: Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI-2-RF) → 567 afirmações “certas” ou “erradas”) com duração de 90 a 120 minutos. 
R. B. Cattel e H. J. Eysenck → métodos empíricos e psicométricos
Neuroticismo → instabilidade emocional, tensão, tendência à ansiedade e à depressão → oposição com estabilidade emocional (tolerância à frustração, calma, autoestima).
→ alterações na neurotransmissão de serotonina e noradrenalina, substância branca, amígdala em si e na regulação da amígdala pelas áreas pré-frontais.
Extroversão → atividade, assertividade, energia, entusiasmo, busca dos outros e socialização → oposição com introversão, timidez, desconfiança e afetividade restrita. 
· Psicoticismo → experiências incomuns, percepção estranha, expressão anormal das emoções, negligência em relação a si mesmo e excentricidade. 
Modelo dos cinco grandes fatores ou Big Five → 
1. extroversão/introversão
2. neuroticismo/estabilidade emocional
3. responsabilidade/desinibição
4. sociabilidade/antagonismo
5. abertura à experiência/fechamento
Responsabilidade/consciência/realização → organizados, autodisciplinados, necessidade de realização, confiáveis/previsíveis.
· oposição → desinibição/falta de direção – irresponsabilidade, a impulsividade, a exposição a riscos, o descuido, a negligência e o hedonismo. 
→ integridade das áreas pré-frontais dorsolaterais, ínsula e o córtex do cíngulo anterior. 
Antagonismo → insensíveis, hostis, não cooperativas, manipuladoras, inescrupulosidade, cinismo, grandiosidade e busca de atenção.
· oposição → empatia, honestidade, prestatividade, confiança e perdão.
→ conectividade global do cérebro, inibição de impulsos agressivos – volume da amígdala
Abertura → curiosas, imaginativas, buscam a novidade e a variedade, complexidade, consciência dos próprios sentimentos, tolerantes e criativas. 
· oposição → fechamento, convencional, ter interesses limitados, não imaginativos, não criativos, não reflexivos.
É um modelo de personalidade consistente em distintos contextos socioculturais, grupos e faixas etárias → Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) – abordagem de pessoas com dificuldades e limitações em suas personalidades.
Cloninger (1994) → modelo psicobiológico de temperamento e caráter
Dimensões ou fatores de temperamento: 
1. Procura por novidade (novelty seeking) → novidade, a recompensa potencial e o alívio da monotonia – sistemas dopaminérgicos de recompensa.
 
2. Evitação de danos (harm avoidance) → temeroso, pessimista, familiar e o previsível vias serotonérgicas. 
3. Dependência de gratificação ou recompensa (reward dependence) → dependência de apoios emocionais e intimidade, sensíveis às sugestões e pressão social – vias noradrenérgicas. 
4. Persistência (persistence) → ambição, tenacidade e perseverança
Dimensões ou fatores de caráter:
1. Autodirecionamento (self-directedness) → autônoma, responsável x culpar os outros e não ter objetivos na vida pessoal. 
2. Cooperatividade (cooperativeness) → soluções conciliatórias, tolerante, x vingativo e preconceituoso. 
3. Autotranscendência (self-transcendence) → espiritualidade, autoaceitação x egocêntrico, preso a aspectos exclusivamente materialistas da existência.
Transtornos mentais
Introdução
A psiquiatria é o ramo da medicina que estuda o diagnóstico e o tratamento de transtornos que afetam a mente, ou a psique. 
O comportamento humano é o produto da atividade encefálica, e o encéfalo é o produto de dois fatores que interagem: a hereditariedade e o ambiente. 
· atualmente → quebra da dicotomia corpo e mente – saúde física e mental
Abordagem psicossocial
Avanço → psiquiatria como uma disciplina médica voltada para o tratamento dos transtornos do comportamento humano. 
Sigmund Freud (1856-1939) – neurologista e psiquiatra austríaco – teoria da psicanálise de Freud:
1. muito da vida mental é inconsciente (além da percepção consciente)2. as experiências passadas, em especial da infância, modelam como a pessoa sentirá e responderá ao longo de sua vida.
Teoria → o transtorno mental resulta de um conflito de elementos conscientes e inconscientes da psique e para resolver esse conflito, deve-se ajudar o paciente a desvendar os segredos escondidos em seu inconsciente – incidentes (abuso sexual, físico ou mental) que ocorreram na infância e foram suprimidos pela consciência.
B. F. Skinner (1904-1990) – psicólogo – hipótese de que os comportamentos são respostas ao ambiente que são aprendidas. 
Teoria → behaviorismo – comportamentos observáveis e seu controle pelo ambiente. 
A probabilidade de um tipo de comportamento ocorrer aumenta quando ele satisfaz uma ânsia ou produz prazer (reforço positivo) e diminui quando as consequências são não prazerosas ou insatisfatórias (reforço negativo). 
→ os transtornos mentais são comportamentos mal-adaptados que foram aprendidos e o tratamento consiste em tentativas ativas de “desaprender” por meio de modificações do comportamento, pela introdução de novos tipos de reforços comportamentais. 
Obs: a psicoterapia não é apropriada para todos os transtornos mentais e muitas vezes reforça o estigma de que o transtorno mental pode ser curado com “força de vontade”.
Transtornos do Humor
Humor → termo médico para estado emocional ou afetivo. 
São similares às emoções, mas são sentimentos subjetivos relativamente estáveis, com duração mais longa, ligados à sensação de bem-estar da pessoa
A cada ano, mais de 9% da população sofrerá de um dos transtornos do humor.
Bases biológicas
Hipótese monoaminérgica → níveis de liberação de neurotransmissores do tipo “monoaminas” – noradrenalina e/ou serotonina – no encéfalo.
Artigo → Ação dos Neurotransmissores Envolvidos na Depressão, 2020
Artigo → Neurobiologia da depressão, 2010
Alterações morfofuncionais:
1. córtex pré-frontal (PFC) 
· ventromedial → fluxo sanguíneo aumentado – dor (física), a ansiedade e as ruminações depressivas.
· orbital lateral → atividade aumentada → supressão e modulação das respostas emocionais para compensar o excesso de atividade límbica.
· dorsolateral → diminuição da atividade metabólica e da substância cinzenta – apatia, lentificação psicomotora e alterações da atenção e da memória de trabalho.
2. Hipocampo
Geralmente diminui em massa e é vulnerável a neurotoxicidade induzida pelo stress.
3. Amígdala
Apresentam atividade e tamanho aumentados – imprimir um valor emocional positivo ou negativo aos estímulos surpreendentes,
4. Córtex anterior do cíngulo
Apresenta desregulação da motivação e da resposta autónoma simpática.
5. Hipotálamo
Polimorfismos no gene CLOCK + atividade circadiana do núcleo supra-quiasmático → insônia + alterações no eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HPA).
· núcleo estriado → recompensa (falta de hedonismo)
Estresse:
A resposta fundamental ao stress é o hormônio liberador de corticotrofina (CRH)
e o sistema locus coeruleus-noradrenalina (LC-NA) e as extensões periféricas efetoras: o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HPA) e a divisão simpática do sistema nervoso autónomo.
As citocinas pró-inflamatórias (TNFa, IL-1b e IL-6) ativam a micróglia (aumento da própria produção), aumentam a resistência central aos glicocorticóides, alteram os neurônios dopaminérgicos, noradrenérgicos e serotoninérgicos do tronco cerebral, levam à apoptose neuronal e alterações da interacção glia-neurônio.
BDNF – Fator neurotrófico derivado do cérebro. 
Os principais neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia da depressão são a 5-hidroxitriptamina (5-HT) – serotonina – e norepinefrina (NE).
→ redução quantitativa dos neurotransmissores
→ as células pós-sinápticas capturam menores concentrações de NE e 5-HT
→ aumento dos níveis de monoaminoxidase cerebral (enzima que degrada aminas biogênicas)
→ polimorfismos em genes da enzima triptofano-5-hidroxilase (TPH) → redução de síntese da
5-HT
· a recaptação desses neurotransmissores permanece atuando de modo fisiológico.
5-HT → aminas biogênicas – descarboxilação do aminoácido essencial triptofano.
· síntese pelo SNC, células enterocromafins (TGI), neurônios do sistema nervoso entérico, plaquetas, parede dos vasos sanguíneos, hipotálamo, células imunes
· receptores pós-sinápticos específicos → receptores 5-H
Norepinefrina (NE) → catecolaminas – a partir do aminoácido tirosina.
· tirosina → enzima tirosina hidroxilase → hidroxilação → (L-DOPA → descarboxilação pela enzima DOPA descarboxilase) → dopamina. 
A dopamina pode ser secretada na corrente sanguínea ou sofrer uma hidroxilação pela enzima dopamina β-hidroxilase) e ser convertida em norepinefrina
· locus coeruleus (LC – núcleo do tronco encefálico)
· aumento da atividade do locus coeruleus – estresse → estado de vigília
Fatores associados → fatores biológicos, genéticos e psicossociais – multifatorial.
Menopausa → queda dos hormônios estrogênio e progesterona.
O estrogênio estimula os neurônios → aumento da atividade de receptores neurogênicos nas 
membranas celulares.
· aumento da biossíntese de NE e 5-HT
· inibição da MAO (monoaminoxidase) – enzima responsável por catabolizar neurotransmissores 5-HT e NE. 
Depressão Maior
É o transtorno do humor mais comum, afetando 6% da população todos os anos. 
Os principais sintomas são: humor deprimido e a diminuição do interesse ou prazer em todas as atividades. 
Diagnóstico:
· sintomas devem estar presentes todos os dias durante um período de pelo menos 2 semanas, sem qualquer relação óbvia com situações de luto
· perda de apetite (ou aumento do apetite)
· insônia (ou hipersônia)
· fadiga
· sentimento de inutilidade e de culpa
· redução na capacidade de concentração
· pensamentos recorrentes de morte
Para que seja diagnosticado o TDM, de acordo com o
DSM-V (2014), o paciente deve ter, no mínimo, cinco sintomas
(Quadro 2) em um período de duas semanas, sendo esses, em
grande parte, descritos por relatos subjetivos ou observações
de pessoas próximas ao paciente. Entre esses cinco sintomas,
há, ao menos, humor deprimido ou a perda de interesse/prazer.
Raramente duram mais de 2 anos, embora o transtorno apresente um curso crônico e sem remissão em cerca de 17% dos pacientes. 
· sem tratamento, retorna em 50% dos casos e, após três ou mais episódios, as probabilidades de recorrência aumentam para mais de 90%. 
Uma outra expressão da depressão, que aflige 2% da população adulta, é chamada de distimia – mais leve , porém com curso crônico e “arrastado”, raramente desaparece de forma espontânea. 
· ambos são 2x mais comuns em homens que mulheres
Transtorno Bipolar
É uma doença recorrente do humor e consiste em episódios repetidos de mania, ou episódios mistos de mania e depressão, também chamado de transtorno maníaco-depressivo. 
Mania (palavra francesa para “louco” ou “maluco”) → período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável. 
· autoestima inflada ou grandiosidade
· redução da necessidade de sono
· loquacidade aumentada ou sentimento de pressão para continuar falando
· fuga de ideias ou sensação de que os pensamentos passam rápido
· distração
· aumento da atividade direcionada a objetivos
· julgamento inadequado
Outros comportamentos → compras excessivas, comportamento desinibido ou ofensivo, promiscuidade sexual.
Diagnóstico: há dois tipos de transtorno bipolar. 
1. tipo I → caracterizado pelos episódios maníacos (com ou sem crises de depressão maior) e ocorre em cerca de 1% da população, afetando igualmente homens e mulheres.
2. tipo II → cerca de 0,6% da população – caracterizado por hipomania, uma forma mais leve de mania, sem julgamentos ou desempenho inadequados. 
· aumento na eficiência, nas habilidades e na criatividade 
· sempre associado a episódios de depressão maior
Obs: quando a hipomania é alternada com períodos de depressão que não são suficientemente graves “maior” (menos sintomas e de menor duração), o transtorno é denominado ciclotimia.

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