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O Presidente Costa e Silva adoece e acaba afastado (agosto/1969) O Vice Pedro Aleixo é impedido de assumir por ser Civil. Uma Junta Militar assume o poder e governa até a escolha do novo presidente (outubro de 1969) Eleito em 1969, o general Emílio Garrastazu Médici iniciou o período de maior perseguição e repressão política aos opositores do regime. As ações políticas estariam então assentadas no binômio (Exército) + (Tecnocratas) Enquanto, nos aspectos políticos e sociais, a repressão aos opositores do Regime era severa, na área econômica, o Governo Médici foi marcado pelo , conduzido pelo ministro da Fazenda, Delfim Netto. Alguns elementos que explicam o “Milagre”: Conjuntura internacional de expansão do capitalismo (capitais disponíveis) Política de juros baixos (estimulando a entrada de créditos interessados em investimentos) Redução ou isenção da carga tributária aos investimentos estrangeiros. Baixos custos de produção com o controle sobre os salários (“arrocho”) Aumento do consumo interno para as classes médias e para a elite) Houve uma conciliação de interesses do capital internacional (direcionado para a indústria de bens duráveis) e a inciativa privada nacional (bens de consumo não duráveis), com o Estado mantendo o papel de responsável pela Indústria de Base. O projeto de crescimento econômico, a partir de estratégias de , dirigida pelo Estado autoritário, associado aos interesses da burguesia nacional e internacional, não alcançou a possibilidade de expansão sustentável, acabando por ficar à mercê das tendências e variações externas, em um cenário muito instável e perigoso para a economia brasileira. Grande crescimento da economia. Inflação moderada (para os padrões brasileiros). Modernização da Indústria de Base, de Bens de Consumo Duráveis, Telecomunicações e Energia. Grandes investimentos de multinacionais estrangeiras. Política de “arrocho salarial”, resultando em aumento da concentração de renda. Obras estatais faraônicas (gigantescas e caras) Aumento da dívida externa. As usinas Hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí e a rodovia transamazônica estavam entre as grandes obras que projetavam o “Brasil Grande” dos militares. Também a Ponte Rio-Niterói e a Usina Nuclear de Angra dos Reis (Angra I e II) expressavam a ideologia da prosperidade, assim como a Perimetral Norte e a Colombo-Sales A realização de grandes obras fazia parte do projeto Por outro lado, as construções faraônicas, apesar de serem importantes, deixaram um rastro de estagnação econômica, dívida externa e pesados impactos ambientais. O elevado crescimento econômico favorecia um clima de euforia nacional, estimulando um nacionalismo ufanista, presente em vários slogans utilizados pelo governo. A vitória na Copa do Mundo de Futebol, no México, em 1970, foi amplamente utilizada como propaganda, associada ao sucesso do Governo Militar e ao Milagre Econômico Brasileiro. Por outro lado, o Governo Militar fazia intensa propaganda contra os “subversivos”, chamando-os de terroristas e antipatriotas; Trechos censurados no Jornal O Estado de S. Paulo Charge ironizando os recortes da censura à imprensa O Brasil recebia influência do cenário externo tanto do anticomunismo americano quanto do movimento socialista cubano, ambos desdobramentos da Guerra Fria. (sequestros de diplomatas estrangeiros e assaltos a banco). (Araguaia – PA e Xambioá – GO) Sugestão de Filmes abordando o período Principais grupos: ALN, AP, MR-8, VPR, VAR-PALMARES, PCBR. Carlos Marighela – ALN Capitão Carlos Lamarca VAR - PALMARES A ALN (Aliança Libertadora Nacional, sob a liderança de Carlos Marighella, agiu entre 1968/69 a partir das guerrilhas urbanas, até o assassinato de Marighella, em setembro de 1969. A VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, atuou na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, até 1973. Outro movimento de guerrilha se organizou no Brasil Central, na região do Araguaia, sob a organização de grupos ligados ao PCdoB, tentando o apoio local na resistência ao governo militar. Militantes dos movimentos de guerrilha, mortos pela repressão da Ditadura. Imagem à esquerda: Marighela, morto em uma emboscada em novembro de 1969. Imagem central: Lamarca, morto no interior da Bahia em setembro de 1971. Imagem à direita, invasão do “aparelho” clandestino de militantes da ANL, mortos pela ação policial em abril de 1973 O Governo Militar respondia com violência aos grupos de resistência que ameaçavam a estrutura do poder. Advogados, Professores, escritores, artistas e intelectuais foram perseguidos, torturados ou assassinados. Órgãos do SNI (Serviço Nacional de Informações) CIE – Centro de Informações do Exército CENIMAR – Centro de Informações da Marinha CISA – Centro de Informações Da Aeronáutica Para saber mais: http://memoriasdaditadura.org.br/repressao/ Os militares procuraram sempre atuar a partir de uma “legalidade autoritária”. Para combater qualquer um que contestasse o regime mais diretamente, os chamados “subversivos”, não deveria haver limite jurídico, ético ou moral. Assim, principalmente a partir de 1968, o Estado brasileiro patrocinou uma repressão ao mesmo tempo legal e ilegal, baseada em censura, vigilância, tortura sistemática, prisões ilegais e desaparecimentos. http://memoriasdaditadura.org.br/repressao/ Anúncio politicamente incorreto da Philips: em uma época em que o regime militar usava a tortura para reprimir. O projeto da Doutrina de Segurança Nacional obrigava a sociedade a pagar um preço caro e lamentável por anos de ausência de liberdade plena, seja política ou cultural. Charge ironizando as práticas de tortura utilizadas para obter informações ou confissões dos prisioneiros políticos. O “pau-de-arara” era a forma de tortura mais comum utilizada. Foto da ficha de Dilma Rousseff no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, registrada em janeiro de 1970. O regime militar brasileiro implementou o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), gestado desde o governo Castelo Branco, para expandir as fronteiras internas do Brasil, criando cidades, ampliando os negócios, as rodovias e o escoamento de matérias-primas. Essa expansão significou assassinato individual e coletivo, perseguição, criminalização, prisão e tortura de lideranças indígenas que lutavam por seus territórios ou que tivessem comportamento considerado inadequado frente à política de desenvolvimento do governo. Fundação Nacional do Índio – FUNAI (1967) Substituiu o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), voltando-se para a integração dos indígenas à sociedade dos brancos. Plano de Integração Nacional – PIN (1970) Defendia a expansão capitalista no país por meio de grandes obras de infraestrutura, resultando na remoção de populações e terras indígenas pelo caminho. . + = Rodovia Transamazônica: afetou 29 povos indígenas, exterminando quase totalmente os Jiahui e os Tenharim. Rodovia Cuiabá-Santarém: reduziu os Panará a menos de cem pessoas, que foram transferidas para o Parque Indígena do Xingu. Para saber mais: http://memoriasdaditadura.org.br/indigenas/ http://memoriasdaditadura.org.br/indigenas/ Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estatísticas históricas do Brasil; Anuário estatístico do Brasil, 1997. Adaptado de: FREIRE, Américo. História em curso: o Brasil e suas relações com o mundo ocidental. São Paulo: Ed. do Brasil, 2004 O governo não apresentava preocupação com o aumento da capacidade brasileira de gerar tecnologia própria e alcançar autonomia gradual diante dos grandes capitalistas internacionais. O objetivo era o crescimento rápido, aproveitando as chances da oferta de crédito internacional. Dos quase cem milhões de brasileiros, em 1970, apenas 20% constituíam mercado de consumo, mesmo o Brasil estando em expansão. A maioria da população vivia deforma miserável, distante dos benefícios da cidadania, em razão da forte concentração de renda que, como vimos, beneficiava uma minoria. Somada ao forte endividamento externo, a concentração de renda fragilizava a sustentabilidade do Milagre, expondo a economia brasileira às variações externas. A , na medida em que pressionou pela elevação do preço do petróleo no mercado internacional, provocou um efeito dominó na atividade econômica, criando um colapso no modelo brasileiro. Jornal O Globo de 07 de Outubro de 1973, Matutina, Geral, página 22 Revista Exame de 19 de Outubro de 1973, charge ironizando o aumento dos combustíveis Jornal Folha de São Paulo de 27 de Outubro de 1973, Política, página 2 Sob os impactos da Crise do Petróleo, Ernesto Geisel assume e promete executar a abertura democrática de forma , pressionado pela crise econômica e pelos interesses da elite empresarial e das camadas populares, que não se mantinham mais em condições de manipulação e controle pelo discurso ufanista de outrora. Jornal O Globo, 15 de março de 1973, Política, página 22 Em função da Crise do Petróleo, o modelo político econômico que sustentava o Regime Civil-Militar no Brasil perdia apoio e popularidade. O contexto internacional de distensão da Guerra Fria e o declínio das ditaduras na América Latina também contribuíam para o enfraquecimento do modelo autoritário brasileiro, refletindo na derrota eleitoral em 1974. RESULTADOS OFICIAIS DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS, POR PARTIDO POLÍTICO (BRASIL, 1966/1982 – EM %) SENADO FEDERAL ARENA MDB B & N 1966 44,7 34,2 21,1 1970 43,7 28,6 27,7 1974 34,7 50 15,3 1978 35 46,4 18,6 1982* 36,5 50 13,5 CÂMARA DOS DEPUTADOS ARENA MDB B & N 1966 50,5 28,4 21 1970 48,4 21,3 30,3 1974 40,9 37,8 21,3 1978 40 39,3 20,7 1982* 36,7 48,2 15,1 ASSMEBLEIAS ESTADUAIS ARENA MDB B & N 1966 52,2 29,2 18,6 1970 51 22 26,8 1974 42,1 38,3 18,9 1978 41,1 39,6 19,3 1982* 36 47,2 16,8 Fonte: TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE) Mapas Eleitorais em Estatísticas, 1966/1982. Disponível em www.tse.org.br Em razão dos impactos da crise, o MDB obteve expressiva votação nas eleições legislativas, realizadas em novembro de 1974, ampliando as pressões pela redemocratização do Brasil, como podemos observar no quadro abaixo. http://www.tse.org.br/ A indicação de Geisel representou um triunfo dos “castelistas” e uma derrota da “linha dura”. Seria equivocado pensar, porém, que ele tivesse recebido o mandato de uma corrente no interior das Forças Armadas favorável à liberalização do regime. No âmbito da corporação, Geisel foi escolhido pela sua capacidade de comando e suas qualidades administrativas. Pesou também na escolha o fato de o futuro presidente ser irmão do ministro do Exército, Orlando Geisel, embora ele tenha realizado a política dos duros. De fato, os conceitos de “linha dura” em oposição aos “castelistas”, representantes de uma linha mais “branda”, não correspondem à verdade histórica é já foram devidamente desconstruídos pela documentação editada no livro “Tortura nunca mais” e pelos relatórios da Comissão Nacional da Verdade.
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