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A Geopolitica da Energia no Seculo -passeidireto

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A GEOPOLf TICA 
DA ENERGIA NO 
sECULO XXI 
Prefacio 
Amauri Pereira Leite 
A GEOPOLiTICA 
DA ENERGIA NO 
sECULO XXI 
Organizador 
Guilherme Sandoval Goes 
Aulores ·: 
.· 
' i,it :<:,/? ~, ,; . .· ' 
' :ti;'.;H~loisa Borges Bastos Esteve ,.. , 
' . . .· '. ". . ·~ . . 
a q~ ca~alhoBr~therho~d' 
,. •fit.;."· •·'• ' 
· ottis Guimaraes 
C -,::;,.;;'.-' < 
::o~tra}{;fii 
· · aro artins.t"' 
Apresenta~ao 
Este livro dedica-se a abordar a geopolftica da energia do seculo 
XXI. Aborda temas centrais na existencia da humanidade. Os seres 
humanos distinguem-se de tudo que os cerca por serem seres pro-
vidos de razao e de vontade. 
Assim qualquer ac;ao que exerc;am nao decorre de instinto. Os 
homens agem obedecendo a vontade ea razao. E ao faze-lo sempre 
praticam uma intervenc;ao. Toda intervenc;ao traz dentro de si um 
triangulo indissociavel, indissoluvel, que responde ao que fazer, ao 
como fazer e ao com que meios fazer. 0 que fazer e a polftica. 0 
como fazer e a estrategia. 0 com que meios fazer e o poder. Quando 
se pratica uma intervenc;ao se requer que se formatem numa mes-
ma unidade a politica, a estrategia e o poder. 
Quando se executa uma intervenc;ao sobre um espac;o se pra-
tica uma geointervenc;ao. Tem-se, entao, que buscar um triangulo 
que conjugue a geopolitica, a geoestrategia e o geopoder. A geopo-
litica e, portanto, o que fazer sobre um espac;o. A geoestrategia e 
como fazer para atender a geopolf tica. 0 geopoder e o conjunto dos 
meios disponibilizados para a geoestrategia atender a geopolf tica. 
Outro ponto importante a ser colocado e que foi so no seculo XVII 
que o homem pode iniciar sua libertac;ao do trabalho ao executar uma 
interven~o. Ate entao a intervenc;ao obrigava o homem a trabalhar, a 
se utilizar de seu corpo ou do corpo das bestas para faze-la. 
Essa libertac;ao decorreu do conhecimento que o homem teve de 
que ele poderia dar a natureza uma representac;ao numerica razoavel-
mente satisfat6ria e utilizando-se deste conhecimento poderia fazer 
ciencia e assim criar um novo meio para praticar uma intervenc;ao. O 
1 
VV:!_I ________________ A_Ge_o'--po_Ht_lca_d..:..a:::.:Energla 
lh . trado pela ciencia para se processar uma int me or me10 encon . erve 
_ ti . d h •mento do uso da energra posta na natureza t'I, ~ao 01 o o con ec1 d 1. · t nos capftulos este rvro - que b Unem-se, portan °, . . Usca 
_ d" ussao da geopoHtrca da energra, no es . , a apresenta~ao e a rsc . ,.. . 1 P1r1t opoHtica com a c1enc1a, pe a apropriar~ o de nossa epoca - a ge ,,.ao d 
• ....1. ta no espafO e na natureza, no mundo de h . a energia que esLd pos OJe, 
0 mundo do seculo XXI. , . 
lfti. da energia agora se desdobra em vanos ram E a geopo ca . . os: 
. d 30 que foi mmto 1mportante ao longo de t d na geopolitica o carv o 0 , 1 XIX· na geopolitica do petr6leo que dominou o seculo XX o secu o , 
1 
. e 
e ainda muito relevante; nas demais que a ~am voo ~o Infcio deste 
.1,.. .. a geopolitica da energia nuclear; a geopolft1ca da energia m1 emo. . 
solar; a geopolftica dos biocombustfv~is; a geopolft1ca da hidroe}e, 
tricidade; a geopolftica da energia e?hca e ~gora ,.a ~ova geopolftica 
dos insumos energeticos, como o lft10 e o h1drogemo. 
Foi com esses diversos conhecimentos onticos, abordando-os, 
que esse Jivro pretendeu construir a ontologia da geopolf tica da 
energia. Pode com a conjun~ao de espa~o com a natureza dar ca-
racteristicas distintas e dispares a cada um desses conhecimentos 
onticos, essas diversas geopoliticas, que quando reunidas sobre a 
moidura dessetrabalho formam a tela do quadro que retrata a geo-
polftica dos recursos energeticos. 
Um quadro que tern sua imagem em muta~ao constante, pois 
tern sua dinamica formada pelos recursos naturais disponiveis e 
pelas formas encontradas para sua apropria~ao. Mas isto s6 pode 
ser alcanfado e observado em decorrencia da geoestrategia empre-
gada pelos diversos atores na cena internacional e de seu geopo-
tencial existente no campo energetico, que se torna passivel de se 
transformar em geopoder. 
Dare Antonio da Luz Costa 
Engenheiro Civil P6s Graduado em Energia Nuclear e Analise de Sistemas; 
Mestre e Dout:or em Engenharia de Produfao; Ex-Coordenador de Centro de 
Estudos Estrateglcos da ESG; Ex-Vice Presidente do BN DES· Au tor de varios 
livros dentre os quals Estrategia Nacional e Fun~amentos para 0 
Estudo de Estrategia Naclonal e organlzador de vcfrios outros livros, 
' Prefacio 
A energia move O universo e, por conseguinte, o nosso planeta Ter-
ra. Na dinamica geopolftica do Sistema Internacional, os Estados 
buscam O desenvolvimento, de sorte a ampliar seu poder e promo-
ver a qualidade de vida de suas popula<;oes e isso se faz tambem 
por meio da gera<;ao e distribui<;ao das riquezas, que por sua vez 
nao se verifica sem a oferta de materias primas e energia. 
Esta obra trata justamente desses insumos tao importantes 
para a -estatura geopolftica de uma na<;ao. Nos capftulos seguintes, 
diferentes experts abordarao, entre outros, temas relacionados a 
gera<;ao de energia em seus diversos modais, vis a vis com as exi-
gencias de limpeza da atmosfera, no momento em que se acentuam, 
a nivel mundial, as exigencias de redu<;ao nas emissoes dos gases 
de efeito estufa, naquilo que se convencionou chamar de transi~ao 
para uma economia de baixo carbono. 
No primeiro capftulo Guimaraes aborda a geopolitica da ener-
gia de baixo carbono, assunto candente nas midias nacionais e 
internacionais, em virtude das cobran~as crescentes por parte da 
comunidade internacional, quanto a desacelera~ao do processo de 
mudan~as climaticas ora em andamento. 
0 autor comenta que uma transforma~ao energetica global ex-
traordinaria sera necessaria em prol de um processo de desacelera-
~ao exitoso e que essa transforma~ao mudara a dinamica de poder, 
no jogo geopolf tico entre as na~oes, destacando que a manuten~ao 
da paz entre as potencias depender.i de novos arranjos de seguran-
~a no Sistema Internacional. 
A Geopolftlca da Ener I I 
VIII 
b que os impactos geopolfticos de · - s relem ra ssa r1 Gmmarae d ,. da energia estao apenas come \les, 
carboniza~ao na pro u~arto nto ha que se fomentar urn aland() 
d'd s e que po a , ••1Plo rl ser enten 1 0 '. tendo em vista sua importancia \I~, temat1ca, no e bate sobre essa 'blicas para o setor. s4, 
. t de polfticas pu 
belec1men ° { lo Esteves, Stelling e Pacheco abo d 
gundo cap tu ' r alll No se .. etica e O planejamento estrategico o d questao energ , d Para tema a d que a energia, alem e seus aspectos c o , I XXI destacan o . orner secu o • 0 . s e politicos, caracteriza-se por ser urn . ' ciais, socioecon m1co at1vo 
Jtamente estrategico. . 
a b que a seguran~ nac10nal de um pafs esta profund Relem ram , . a-
. d .:\. sua seguran~a energetica e que nesse mornento d mente assoc1a a cl -- e 
. .. rgetica mundial, onde preocupa~oes com o meio arnbi 
tranSJ~O ene . .. __ , . en. 
I . am os pafses na dire~ao de uma gera~ao energetico deb . te impu SIOD . a1-
xo carbono, 0 planejamento energetico volta a ter papel extrernarnente 
importante para O Brasit tanto para o alcance ,de sua estrategia ener. 
getica quanto para a pr6pria garantia da seguran~a nacional. 
Nessa toada, analisam a questao energetica sob a 6tica de sua 
rela~ao com o planejamento estrategico integrado e suas implica-
~oes na defini~ao de arranjos regionais para seguran~a energetica, 
capazes de mitigar riscos e criar incentivos compartilhados entre 0 
Brasil e outras na~oes, atentando para o fato de que a garantia da 
seguran~ energetica nacional, alem de seu papel no desenvolvi-
mento, tambem se constitui numa variavel crucial para o planeja-
mento da defesa nacional. 
Reconhecendo as inumeras incertezas apontadas pelos fatos 
portadores de futuro, em especial, quanto ao ritmo da transi~ao 
energetica, os autores se propoe a explorar alternativas, de modo 
a colaborar no aprimoramento do processo de tomada de decisoes 
em polf ticas energeticas. 
E~ sequencia, f.astro eAlves abordam as implica~oes da transi~0 
energetica da matriz eletrica no Brasil e no mundo refletindo sobre 0 
processo de transi~o que tem como principal impulsionador a redu~ao 
dase~- de b~ oes PW5 J>Oluentes responsiveis pelo aquecimento glo 
Prefacio IX 
Apontam que o processo de transi~ao da matriz energetica de 
gera~ao eletrica, a nfvel mundial, num esfor~o crescente de descarbo-
niza~ao, pode ser decomposto em dois movimentos distintos: o au-
mento da participa~ao das fontes renovaveis, principalmente a e6lica 
e a solar e, no ambito da gera~ao termeletrica, particularmente na 
cobertura das intermitencias das renovaveis, a substitui~ao do car-
vao e do 6leo combustfvel pelo gas natural, muito menos poluente. 
Os autores observam que o processo de transi~ao no Brasil 
tern algumas peculiaridades se comparado ao resto do mundo, vis-
to que o pafs ja possui uma matriz predominantemente limpa, com 
aproximadamente 85% de sua gera~ao eletrica oriunda de fontes 
renovaveis, com destaque para as fontes hfdricas, enquanto a me-
dia mundial se aproxima desse valor, s6 que ao contrario, ou seja, 
cerca de 75% oriunda de fontes nao renovaveis, geradoras de gases 
do efeito estufa. 
Finalizam destacando que, segundo indicam as proje~oes ela-
boradas pela Empresa de Pesquisa Energetica (EPE), as fontes re-
novaveis alternativas e as termicas, principalmente a gas natural, 
serao as principais responsaveis pelo acrescimo de capacidade ins-
talada da matriz ~letrica brasileira nos pr6ximos anos. 
No quarto capitulo Costa examina e discute a evolu~ao da in-
dustria do petr6leo no Brasil e a posi~ao central da Petrobras nesse 
processo, abordando a geopolitica e suas intera~oes com as rela-
~oes internacionais e enfatizando os diversos significados desse 
inestimavel patrimonio conquistado pelo pais nessa trajet6ria de 
sessenta anos. 
O autor, em seu texto, expoe a posi~ao de destaque do Brasil e 
sua incomparavel riqueza em recursos naturais, ali destacados o pe-
tr6leo e o gas, como uma das potencias territoriais do mundo, fazen-
do parte do seleto grupo dos paises-baleia, juntamente com Russia, 
Canada, China, Estados Unidos da America, Australia e India. 
Destaca que, nesta segunda decada do seculo 21, sao desse grupo 
as duas maiores economias (EUA e China), as duas superpotencias 
militares (EUA e Russia) e uma terceira em ascensao (China). Tres 
v:_ ______________ ~A;..;:.G_eo..:.-po_llt_lc_ad_a_En_er.;__glanos~ 
omias (fndia, Brasil e Canada 
deles est:ao entre as dez maiores ec"'olnia e Russia). ) 
. . d • so (Austrc1 . 
e dois mmto pr6x1mos is d vi·sta class1co da geopolftica 
d ponto e • o Costa pontua que, 0 • . contrastavel vantagern coho. 
I . ossu1 uma m .,,. grupo dos pafses-ba e,a P ssa territorial em si, da Parr 
• d ivada da ma 1-
petitiva e estrateg1ca, er d otencial dos recursos natura; - olf tica e o P s cular configurafaO geop . mundial em acelerada globa 
d da econom1a . . , . 
e que, no atual perfo O • ao estrateg1ca dos terntorios e , a revaloriza~ 
liza~ao, esta em curso tern impulsionada pelo notavei . ue eles con , 
dos recursos naturais q sequente aumento da demanda cados e o con . 
alargamento dos mer d d Brasil em Defesa Nacional, Para I bilida e 0 
Ressalta a vu nera asto territ6rio, decorrente da baj. I defender seu v 
vigiar, contro are . 1 d uas For~as Armadas que se deve, so. • d d operac1ona e s 
xa capacI a e . d rsos ea inexistencia OU obsolescen. d , . suficienc1a e recu 
bretu o, am d . ·1"nc1·a e monitoramento e do equipamento · d ·stemas e v1gi a · 
c1a os s1 ,. . prometem a defesa da soberania do pais militar. carenc1as que com , . 
' · · lmente em regioes estrateg1cas, como as como um todo e espec1a ,. . 
fronteiras terrestres, a Amazonia e o Atlant1co ~ul. . 
enta que e dessa perspect1va, emmentemente 0 autor com , 
I'ti' portanto centrada nas potencialidades e vulnerabi-geopo I ca e, , _ , . ,. . . 
lidades do Brasil, face a configura~ao e a dmam1ca da luta por m-
fluencia e poder no atual cenario politico internacional que deve 
ser examinado o tema do petr6Ieo e da Petrobras e que, dentre as 
diversas geopolfticas ( das aguas, dos minerios, das florestas, dos 
oceanos, do clima, etc.), a da energia e principalmente a do petr6leo 
sao as que mais tern despertado a aten~ao dos especialistas e da 
mfdia, em especial a partir dos anos 2000, com o crescente entrela-
~amento das questoes ambientais globais, da crise energetica e dos 
conflitos internacionais. 
Costa analisa a mobiliza~ao polftica dos anos 1950, inspira· 
da pela defesa soberana dos interesses nacionais, que resultou na 
cria~ao da Petrobras, combinada a acertada decisao de estrutura-la 
como o nlJcleo criador e irradiador de avan~adas tecnologias quea 
tornaram lfder mundial na explora~o e produ~ao de petroleo eJII 
Prefacio XI 
aguas profundas e ultra profundas e viabilizaram a autossuficiencia 
nacional e finaliza ressaltando que o pafs deve fortalecer sua Defesa 
Nacional para defender seus interesses soberanos e que, sobretudo 
na crise atual, cabe aos brasileiros proteger o patrimonio represen-
tado pela Petrobras e sua estrategica cadeia produtiva, tecnol6gica 
e industrial. 
Na sequencia, nos deparamos justamente com a abordagem da 
grande dinamica geopolftica que se desenvolve no cora<;ao da Asia 
e sua interlocu<;ao com a Europa, onde Visentini desenvolve uma 
reflexao sobre a nova geopolf tica do seculo XXI e o ressurgimento 
das potencias terrestres na Eurasia. 
0 autor comenta que o desmembramento e desaparecimento da 
Uniao Sovietica, bem como o acelerado desenvolvimento industrial 
da China e da Asia Oriental, trouxeram a geopolf tica de volta ao de-
bate academico e diplomatico-securitario e alteraram seu conteudo. 
Pontua que a America estava desgastada e ocorreu o ressur-
gimento da Eurasia com tres componentes: a Uniao Europeia, a re-
cuperada Russia de Putin e a China em acelerado desenvolvimento 
economico, que, fundida em um s6 cenario, expandia a nova geopo-
litica para o Sul em desenvolvimento, gerando uma realidade em 
que o equilibrio entre potencias maritimas e terrestres come<;a a 
ser alterado. 
Na visao do autor, tal altera<;ao se da na medida em que ocorre 
o retorno de grandes Estados continentais (potencias terrestres ), 
os quais, indiretamente, representam um desafio aos cinco seculos 
de predominio dos lmperios Maritimos ( meta de dos quais de hege-
monia anglo-americana ). 
Visentini assevera que o mais importante, nesse processo, e 
que areas perifericas do sistema mun dial ( e da antiga geopolitica) 
se tornaram estrategicas como fornecedoras de recursos naturais 
( especialmente energeticos) e centros de crescimento demografico 
e economico, particularmente a Asia Oriental e, em menor medida, 
a Meridional, o que tern produzido uma nova configura~ao das rela-
~oes de poder regionais e globais. 
XII A GeopoUtlca da Energia n 
. d eflexoes o autor verffi' No prossegmmento e suas r ·- ca que 
'd d nvolvem na reg1ao par . as a~oes que os Estados Um os ese . ' a evitar 
d de desenvolv1mento auton o surgimento de polos de po er e _ 0 rnos n 
Asia acabam favorecendo uma razoavel acomoda,;ao das divergen~ 
' . • h O que aumenta a possibil'd cias de Beijing com seus vizm os, 
1 
ade de 
iano venha realmente a se consolidar. 0 
que um espa~o euras . ' que 
poderia alterar o equilfbrio internac1onal. -
i l 
. da traz importantes reflexoes sobre o protagon· o cap tu o am . _ . . ts. 
mo global chines, exemplificando com as reumoes t~1ena1s do Forum 
de Coopera~ao China-Africa, desde 2006, onde se reunem mais de 50 
chefes de Estado em Beijing e na Africa, alternativamente, Ian~ando 
uma especie de Plano Marshall para o continente africano. 
Em sequencia, seguindo o mesmo fio condutor que caracteriza 
esta obra, Aragao aborda tambem o tema da geopolf tica da energia 
e 
O 
avanfO das energias renovaveis, trazendo considera,;oes sabre 
os maiores produtores e consumidores de energias f6sseis no mun-
. do, os desdobramentoshist6ricos decorrentes dessa estrutura, a 
dinamica da transi,;ao energetica para uma economia de baixo car-
bono, os paises que estao mais avan,;ados nesse processo e como 
essa transi~o afeta a geopolitica do seculo XXI. . 
0 autor explica como se da a rela,;ao problematica envolvendo 
os pafses produtores, com destaque para os Estados Unidos, Arabia 
Saudita e Russia e os pafses consumidores de energias f6sseis. 
Aragao faz uma analise da conturbada rela,;ao entre o Oriente 
~edio, como grande exportador, e os maiores pafses importadores, 
~itando, entre outros, o exemplo do Ira e sua atual dependencia da 
1mporta - I -~o pe a China, que, recentemente, fechou um acordo com 
aquele pa1s que preci bt d' . ' sa o er 1v1sas para o pagamento de san~oes 
que lhe foram imposta 1 . . s pe os Estados Unidos e que, portanto, se 
constitu1 num grande ne , . .. . seguir' te gocio para o Ira, v1sto que dificilmente con· 
Ia r um grande mere d que retina. , a O para vender o excesso do petr6Ieo 
Na continua,;ao de suas fl ... 
ocorrendo a tr:a . .. re exoes, Aragao mostra como vertl 
ns1,;ao para as e . f nergias renovaveis em varios pa • 
Prefacio XIII 
ses que ja se adiantaram, prevendo um futuro que ja desponta no 
horizonte. Destaca a visao proativa da geopolftica chinesa, onde se 
verifica que varias empresas mineradoras, apoiadas pelo governo, 
estao trabalhando em muitos pafses, ao redor do mundo, com o ob-
jetivo de obter os insumos necessarios para liderar a produ~ao de 
paineis solares, baterias e turbinas e6licas. 
Enfatiza a importancia do ativo energetico, no tabuleiro geopo-
lftico das rela~oes internacionais citando, como exemplo, a timidez 
da rea~ao da Uniao Europeia quando da invasao da Crimeia pela 
Russia, em 2014, tendo em vista a forte dependencia em rela~ao ao 
fornecimento de gas natural por aquela grande potencia. 
Finaliza tecendo comentarios sobre outro exemplo que carac-
teriza a importancia de reservas energeticas no tabuleiro geopoliti-
co, que e o caso da China e seus interesses e estrategias especificas 
para o setor, bem como seu piano de longo prazo para a obten~ao 
da autossuficiencia energetica e conclui que essa movimenta~ao 
chinesa podera intensificar as tensoes com os Estados Unidos e ou-
tros paises, na corrida pelo dominio de fontes de energia f6sseis e 
renovaveis. 
Em sequencia, Goes e Cabral apresentam um estudo sobre a 
oceanopolitica e o Brasil como superpotencia energetica e alimen-
tar, com o objetivo de analisar a conexao epistemol6gica entre a po-
tencializa~ao do uso dos recursos do mar e o posicionamento do 
Brasil como uma superpotencia energetica e alimentar. 
Os autores se dispoem a examinar a reconfigura~ao da geopoli-
tica da energia no seculo XXI, que, como ja vimos em linhas anterio-
res se destacara pela transi~ao para a economia de baixo carbono. 
Comentam, em perspectiva hist6rica, que o poder mundial 
sempre foi exercido a partir da disputa de potencias hegemonicas, 
desde tempos antigos, entre Esparta e Atenas, passando pelas 
disputas entre as na~oes ibericas (Portugal e Espanha) e as na~oes 
contestadoras do Tratado de Tordesilhas (Fran~a, Inglaterra e 
Holanda), pelas duas grandes guerras mundiais, com a pax britanica 
sendo desafiada pelo poder germanico, ate finalmente alcan~ar a 
~~v_ _______________ A G_e...::op~ol:.::,:ftica da E I nergfa n OSd_ 1 
,'lll1~ ! 
. d elatensaoentreaexpansao i GuerraFriacaractenza ap . mackinct \ 
- 0 spyJanamana norte-americana etl;i~ , sovietica e a conten~a · i no mundo contemporaneo, 0 jogo : 
Entendem que, E d geoPO)f i 
. d der global entre os sta os Unidos ea Ch· ti~ I 
pela d1sputa O po . . d •na i . ·arios atuais, s1tua-se entro de um nov , ~11 ,1 em voga nos nottc1 . o arq , 
. eedita, de certa mane1ra, o paradigm U~~- I 
Po disrupttvo, que r . I'd d , a l'llack· i • 0 com tintas da estata I a e pos-mod •~. d riano-spymaman erna 
e e tal fato exigira, sem sombra de duvida · 
Destacam qu . . , Posir 
,. mo do Brasil, cnando ass1m um novo esp to. 
namento autono , . a~o ge 
. 1 os oceanos serao a ult1ma fronteira do d o. politico, no qua esen"ol 
. t brasileiro na medida em que podem transformar · vimen o ' nosso 
d otencial em poder de fato, nos campos da energia po er p e dos 
alimentos. 
E justamente nesse ponto, qual seja, no posicionamento 
tonomo do Brasil, que, tambe~ em perspectiva hist~r~ca, cabe :: 
comentario desafiador no sent1do de reconhecer a v1sao de futuro 
que os governantes do Brasil, da decada de 1970, tiveram ao lan~r 
no Sistema Internacional a decisao autonoma de incorporar ao seu 
mar territorial uma faixa de 200 milhas nauticas, ou 370 quilome. 
tros ao Iongo de todo o litoral brasileiro, o que acrescentou ao pafs 
uma vastidao de recursos minerais e pesqueiros, entre eles as jazj. 
das do pre-sal, algumas situadas ha 300 quilometros da costa. 
A Revista Brasileira de Politica Internacional, em seu volu-
me 42, numero 1, do primeiro semestre de 1999, traz um artigo 
intitulado "O mar territorial brasileiro de 200 milhas: estrategia e 
soberania, 1970-1982': onde Carvalho (1999) procura analisar e 
identificar o conjunto de for~as que contribufram, decisivamente, 
no alargamento do mar territorial brasileiro para 200 milhas marl· 
timas, em mar~o de 1970. 1 
Analisa a estrategia empreendida pela polf tica externa bra· 
sileira, em defesa de seu mar territorial de 200 milhas, durante o 
1 
Dispo~fvel em: https://doi,org/10,1590/S0034-73291999000iooo05. Acesso 
em 29 Jan. 2021. 
xv 
Prefacio 
,.,, ft' a em 1970 ate a con-perfodo que compreende a extensao mar 1m , ,.,, . , 
clusao dos trabalhos da III Conferencia das Na~oes Un1das sobre o 
Direito do Mar, em 1982. 
Comenta que o Decreto-lei n2 1.098, datado de 25 de mar~o d_e 
1970, foi O instrumento legal utilizado pelo governo para, em dec1-
sao unilateral e soberana, ampliar o mar territorial brasileiro para 
200 milhas, tomando o cuidado de assegurar um regime de liber-
dade de navega~ao entre a faixa de doze e duzentas milhas de dis-
tancia da costa para navios estrangeiros como "direito de passagem 
inocente': tradicionalmente considerado como elemento essencial 
do instituto do mar territorial. 
Carvalho destaca que, apesar das resistencias internas e prin-
cipalmente externas, particularmente das grandes potencias, a as-
sinatura da Conven~ao das Na~oes Unidas sobre o Direito do Mar 
assegurou ao Brasil a jurisdi~ao em uma faixa maritima, denomina-
da Zona Economica Exclusiva, ate 200 milhas de suas costas, pro-
longando-se sobre o solo e o subsolo do fundo do mar ate o limite 
exterior da plataforma continental. 
Salienta ainda que a III Conferencia das Na~oes Unidas sobre o 
Direito do Mar assegurou aos Estados litoraneos direitos soberanos, 
no fundo do mar, alem das 200 milhas e ate o limite exterior da pla-
taforma continental, o que, alem de confirmar as reivindica~oes bra-
sileiras, foram, ate mesmo, superiores ao que havia sido requerido. 
No decurso dessa obra, no artigo intitulado "O Hidrogenio 
como Vetor de Energia para o Brasil do Seculo XXI", Lameiras dis-
corre sobre energia, tra~a um panorama das fontes e das matrizes 
energeticas em nfvel global e nacional e, posteriormente, descreve 
as propriedades do hidrogenio, sua classifica~ao, segundo a forma 
de sua obten~ao, com origem mais ou menos limpa, em fun~ao da 
fonte de energia usada, seus desafios na produ~ao, armazenamen-
to, transporte e as possibilidades para seu uso energetico. 
Apresenta as politicas publicas atinentes a area, particular-
mente nos EUA, Japao e Europa e tambem no Brasil, casos de suces-
so e sua correla~ao com o meio ambiente. Comenta que, com base 
XVI 
A Geopolftlca da Energi 
ario 
•fi ou-se que o hidrogenio apresenta 
&. da ver1 c cah.. na analise e1etua ' alificam para atender aos desafi· -~ que o qu osen terfsticas fmpares .1. ndo O Brasil e outros pafses sign et, • aux11a a~l'f 
getico-ambientais, rir os compromissos de descarbon· Os 
d Paris a cumP 1za~ do acordo e . d de e poraquele acordo. o 
d ela soc1e a demanda os P mo com O contfnuo avan<;o das tecnoJ era que, mes Ogi~ 
AsseY ,. . e consolide como vetor de energia aind 
e o hidrogemo s ~ ' a se11 
para qu Ionga jornada de supera<;ao de dificuld ·so percorrer uma . ades 
preCI - de forma limpa, por me10 de fontes de en . to a sua obten~ao ergia 
quan . .,.., que O hidrogenio puro e de rara ocorrencia na renovaveIS, Vl:nO . . na. 
•ster tambem o desenvolv1mento de mfraestrutu tureza e faz-se m1 ras 
•b·i·t m seu transporte e armazenamento seguros. que poss1 1 1 e . _ . . 
Pontua que seu uso para gera<;ao de energ1a amda depende 
de polfticas de fomento, em especial no Brasil, que ja possui urna 
matriz energetica consideravelmente limpa e os custos necessarios 
para a consolida~ao do hidrogenio como fonte energetica se constj. 
tui num desafio ainda maim: 
Finalmente, Lameiras identifica os fatores adversos, aponta os 
atores com potencial de participac;ao no desenvolvimento desse im• 
portante vetor de energia, considerado por Aldab6 (2004, apud La• 
meiras, 2020), com poder disruptivo, como fonte de energia, tao signi· 
ficativo como foi a descoberta do petr6leo para o sistema energetico, 
ha mais de 100 anos e condui com a discussa.o de soluc;oes para viabi· 
lizar a inclusao do hidrogenio na matriz energetica nacional. , 
No nono capitulo dessa obra Papaterra trata do tema stranded 
assets (ativos "encalhados") e o petr61eo no Brasil onde salienta que 
a transi~o para a . d . ' 1. econom1a e ba1xo carbono ja esta em curso e 
global, podendo ap . .. o. 
enas vanar na velocidade de sua implementa~a 
0 autor comenta , ma 'd que esse cenario, onde se vislumbra u cons1 eravel depreci ~ rte 
significati d a<;ao, ou ate mesmo uma inutilizac;ao de pa 
va 0s combustf · &' • d' ssao sobre O • veis 1osse1s, desencadeou uma 1scu r1sco de se investi 
Desta ft r no setor de hidrocarbonetos. 
onna, o autor p tatO ternastranded retende, com esse trabalho, apresen 
assets e suas implica~oes sob re os recursos petroIW 
Prefacio XVII 
ros brasileiros, visto que o pafs possui cerca de 3, 7 milhoes de km2 
de areas sedimentares, com pouco conhecimento geol6gico, o que 
permite estimar, de forma conservadora, um montante de recursos 
prospectivos recuperaveis, ainda nao descobertos, da ordem de SO 
a 60 bilhoes de barris. 
A fim de melhor esclarecer o que isso significa em termos eco-
nomicos, o autor faz um calculo aproximado de quanto seria a com-
pensa~ao financeira devida a Uniao, estados e municipios, conside-
rando-se o valor de SO d6lares americanos por barril de petr6leo 
tipo Brent, onde se pode estimar um potencial arrecadat6rio em 
torno de US$ 400 a US$ 480 bilhoes, sem contar com o bonus de 
assinatura pago pelas empresas para a aquisi~ao de areas e com o 
aumento na arrecada~ao de impostos. 
Assevera que, levando-se em conta que os projetos de Explo-
ra~ao e Produ~ao (E&P) de petr61eo possuem longa matura~ao, o 
risco de "encalhe" destes enormes volumes de hidrocarbonetos e 
elevado e que, nesse contexto geopolitico de energia do seculo XXI, 
o pais nao deve perder a oportunidade de transforma~ao de tais 
recursos em ativos para a sociedade. 
No prosseguimento desta obra nos deparamos com Dutra, que 
discorre sobre o gas natural na geopolitica energetica do seculo 
XXI, considerando a menor densidade energetica do gas natural 
como explica~ao para o lento crescimento e o limitado alcance de 
seu uso por quase todo seculo passado. 
Observa que desde aqueles tempos e ate nos dias atuais, a 
constru~ao de extensos gasodutos entre paises sao precedidos por 
acordos politicos que sinalizam irreversiveis aproxima~oes. 
Aqui tambem cabe uma digressao, em aras de ilustrar com um 
exemplo hem pr6ximo de nos. Trata-se da constru~ao do gasoduto 
Brasil - Bolivia com 3.150 km de extensao, ao custo total de dois 
bilhoes de d61ares e inaugurado parcialmente em 1999, com opera-
~ao plena a partir de 2010. 
0 vulto desse investimento, aliado a sua importancia para o 
setor energetico e as economias dos dois paises gerou uma aproxi-
A GeopoUtica da Energia I 
~~lor,. 
XVIII ______ 
Parceiros, que vem resistindo as 1 lftf ca entre os nte mafao geopo . diferentes governos, em ambos os Pafse ll\, 
peries ideol6gicas de s, ttos 
ultimos vinte anos. Dutra pontua que, nos ultimas Vinte 
· 'dentemente, ano 
Comc1 d radical no setor do gas, em consequA s, 
uma mu an~a . 1 · - t:flct ocorreu _ . as nao convenc1onal, a 1quefa~ao lllacir- a tre ·nova~oes. o g )'a e 
0 de s 
1 
razo e assevera que mesmo antes de se t s ntratos de curto p . d d ornar 
co . 1 b I as mudan~as advm as o protagonisrn ma industna g O a ' --- . . h O do 
u arao de energ1a, Ja redesen aram a geopo]'r gas natural, na ger y I Ica 
energetica do seculo XXI. . 
•ta propriedade conclm que o gas natural se apres Com mm ' . . . en. 
l. d mai·s fontes f6sseis e outras trad1c1ona1s, tais corn ta face c:1s e · o a 
hi~roeletricidade e a gera~ao nuclear, como uma ponte na transj. 
~ao economica entre a economia de baixo carbono e a das energias 
renovaveis. 
No capftulo seguinte, Peiter, Castro e G6es discorrem sabre os 
minerais crfticos e estrategicos na atual geopolf tica mundial. Criti-
cos enquanto finitos e fundamentais para a efetiva~ao das tecno. 
Jogias portadoras de futuro, no avan~ar das fronteiras do conheci-
mento, estrategicos em virtude de sua crescente demanda, risco de 
escassez e elevada importancia economica, social e de seguran~a. 
Os autores discorrem sobre a evolu~ao das polfticas recentes, 
sabre os recursos minerais, verificadas na Uniao Europeia, Estados 
Unidos, China e Brasil e apresentam um breve hist6rico da geopo· 
litica das materias-primas minerais e sua influencia na disputa por 
hegemonia economica. 
Pontuam que tais polfticas induzem a uma reflexao sabre a 
participa~o do Brasil no cenario mundial, como grande produtor 
de materias-primas e importante ator no comercio internacional, 
num contexto geopoUtico dinamico e mutante, com acirrada dispu· 
ta por suprimentos e sua crescente concentra~ao em alguns pafses, 
Fa~o aqui uma pequena digressao para ilustrar com um exe~· 
plo hodierno, destacando a acirrada disputa dos pa(ses pelas vaci· 
tra I •s nas con ° novo coronavf rus, sejam elas ja prontas ou as materia 
Prefacio 
XIX 
primas paras fabrica-las, e as manobras diplomaticas e comerciais 
que envolvem tais negocia~oes, onde as pressoes internas se mes-
clam com os interesses geopoHticos dos Estados, numa complicada 
trama de negocia~oes. 
No decimo segundo capftulo, Martins discorre sobre geopoli-
tica, infraestrutura e energia, como sendo as chaves para a com-
preensao do desenvolvimento brasileiro em artigo onde avalia as 
condi~oes e a atualidade do pensamento geopolitico de Mario Tra-
vassos enquanto metodo de interpreta~ao da implanta~ao da infra-
estrutura viaria e energetica na America do Sul. 
0 autor comenta que, da analise das fontes hist6ricas, verifi-
ca-se que as contribui~oes de Travassos continuam atuais para a 
interpreta~ao do desenvolvimento territorial da America do Sul e 
que a doutrina geopolitica, da qual foi o principal formulador, con-
tinua valida e passivel de aplica~ao, desde que se considere ode-
senvolvimento territorial como um fenomeno continua, atrelado ao 
desenvolvimento hist6rico. 
Ao final conclui que o comercio de hidrocarbonetos, particu-
larmente o gas natural, em paralelo com a implanta~ao da infraes-
trutura, e um dos vetores do processo de integra~ao sul-americano, 
salientando a importancia integradora do altiplano bolivic;1no, as 
dificuldades e as facilidades dessa integra~ao na regiao sul platina 
e norte amazonica. 
Em sequencia, Correa e Brotherhood nos brindam com um 
trabalho versando sabre os anos de incertezas e os avan~os da 
Petrobras, entre 1974 e 1979, refletindo sabre a situa~ao do Brasil 
ap6s a Crise do Petr6leo, iniciada em 1973, analisando e identifi-
cando quais foram as a~oes desenvolvidas pelo Governo Geisel a 
fim de atenuar os impactoscausados por aquela crise. 
Ponderam que as estruturas das economias do Bras~l e do Mun-
do foram abaladas e geraram iniciativas no sentido de ameniza-las, 
passando, em seguida, a abordar os programas desenvolvidos pela 
Petrobras S.A, voltados para a cria~ao e fornecimento de energias 
alternativas, tais como: o oleo de xisto, o carvao gaseificado e o Pro-
xx A Geopotrttca da 
Concessao para a abertura de contr I •m como a ato
3 alcoo , ass• . m clausulas de risco. - d 1· az1das, co 
plora~ao e bra Santos e Chaves nos entrega""" ndo esta o , ·•• tna1 
Encerra I do hidrogenio na transi~ao energetic 1 
visao sobre 
O 
pape tos no sistema energetico brasileiro a Ill d dobramen . 
e seus es nos ultimos anos, o setor energetico comentam que, tnu 
. d m intenso processo de reestrutura~ao d ta vivenc1an o u . . a rn 
es . d ·rerao a uma econom1a de ba1xo carbono e ergetica em I y ,.. • que
1 en .. arilo do hidrogemo, atualmente, cerca de 
95 caso da partic1p Y • , 'd , , °A, _ nfvel mund1al, e obt1 a atraves do gas natur 
1 sua produ~ao, a . ... , . a e _ .,. tanto O processo de trans1~ao energet1ca ern cu carvao, enu e , , ... , rsoe 
d . do novo coronavirus estao alterando o cenario do.,,. pan em1a . . •11e 
do de hidrogenio a nfvel 1nternac1onal. 
Os autores pontuam que os pafses Hderes nas iniciativas dei 
cremento do uso hidrogenio, como a Alemanha e o Japaoja esta 
adotando diretrizes para um piano de recupera~ao social e econ 
mico baseado no desenvolvimento sustentavel e na aposta do hi 
drogenio verde, incentivando o processo de eletr6lise associada . , . energias renovave1s. 
Nas suas reflexoes, os autores apresentam o hidrogenio com 
um importante vetor energetico, pois a variabilidade de suas ro 
de produ~o, a partir de diferentes recursos energeticos, possibili 
coloca-lo como elemento de integra~ao entre diversas tecnologi 
e cadeias de valor. 
Analisam a experiencia da Uniao Europeia no desenvolvime 
to do mercado do hidrogenio, de modo a identificar os potend 
usos produtivos do hidrogenio no Brasil e as principais estrate · 
de as=ao para a consolida~o de um mercado nacional, baseado 
uma 
56
lida regutas=ao, com normas e padrOes hem definidos, 
estimuJe a expan .., d vos 
sao o mercado e forne~a seguran~a aos no .vestidores. · 
' Pontuam qu h'd . . e, no caso brasileiro a explora~ao do 1 teve 1nfcio na de d d ' d 
b t6 . ca a e 1970, sendo que em 1975, foi cria 
ora no de ffldrog~nlo (LH2), sediado ~a Urilversldade de 
Prefacio 
XXI 
nas (Unicamp), em Sao Paulo e que ap6s um perfodo de desacele-
ra~ao, ja na decada de 1990, os estudos do hidrogenio receberam 
novo impulso, com estfmulos da Finep as pesquisas e tambem com 
a cria~ao, em 1998, do Centro Nacional de Referenda em Energia 
do Hidrogenio (CENEH), com o objetivo de agrupar e difundir infor-
ma~oes a respeito de pesquisas e desenvolvimento de tecnologias 
associadas ao hidrogenio. 
Amauri Pereira Leite 
Formafao de Oficiais de Artilharia pela Academia Militar das 
Agulhas Negras (1979),graduafao em Educafdo F(sica pela Esco/a 
de Educafao Ffsica do Exercito (1983), Curso de Estrategia e Alta 
Administrafao do Exercito pela Esco/a de Comando e Estado Maior 
do Exercito (2007), Curso de Altos Estudos de Pol£tica e Estrategia 
pela Esco/a Superior de Guerra (ESG) (2013), Mestrado em Estudos 
Estrategicos da Defesa e da Seguranfa pelo lnstituto de Estudos 
Estrategicos da Universidade Federal Fluminense (2018), Doutorando 
em Estudos Estrategicos da Defesa e da Seguranfa pelo lnstituto de 
Estudos Estrategicos da Universidade Federal Fluminense (2019). 
Atualmente e membro do Corpo Permanente da ESG. Tern experiencia 
na area de Defesa, com enfase em Defesa. E-mail: amauri.leite@esg.br.

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