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BÍBLIA SEPTUAGINTA EM PORTUGUÊS TRADUZIDA EM PORTUGUÊS POR JOSÉ CASSAIS PREFÁCIO É esta uma versão da Septuaginta, baseada principalmente no texto em inglês de Sir Lancelot C. L. Brenton, publicado em 1851, o qual se utilizou, na maior parte da sua tradução, do manuscrito do quarto século conhecido como Codex Vaticanus, e daquele do quinto século, Codex Alexandrinus. Durante a tradução para o português foram consultados os textos ori- ginais tanto da Septuaginta grega como da versão massorética hebraica, a qual deu origem às traduções mais utilizadas atualmente. Onde, na comparação dos textos das duas versões, Septuaginta e massorética, verificava-se um claro erro ou incongruência da tradução no texto da primeira, foi utilizado o da segunda, pois a palavra de Deus é uma só, e assim fizeram todos os tradutores das versões mais conceituadas da Bíblia, consultando e comparando fon- tes diversas a fim de apresentar o texto na forma mais fiel possível ao original. 2020 INTRODUÇÃO No principio era a Septuaginta. Esta era a versão do Velho Testamento que os cristãos antigos utilizavam regularmente e da qual extraíam a maioria de suas citações. Eles também se valiam do original em hebraico, todavia a Septuaginta era onde a quase totalidade dos primeiros cristãos gentios, os quais tinham o grego como sua língua natural, ia buscar o conhecimento dos textos sagrados que antecederam o Novo Testamento. Também dela os escritores das cartas novo-testamentárias extraíram muitas de suas interpretações a respeito da pessoa de Jesus Cristo e de sua obra. O velho Testamento, os livros da Bíblia que vão de Gênesis a Malaquias, já estavam escritos quando Jesus veio a esta terra, e foram eles mesmos que profetizaram e testificaram a respeito de sua vinda. Eram conhecidos e lidos pelos primeiros cristãos, todos eles judeus, e, depois, gentios. Há uma continuidade entre o Velho e o Novo Testamento, e, no último, inúmeras são as citações do primeiro. O próprio Jesus citava, amiúde, versículos do Velho Testamento. Os livros do Velho Testamento foram escritos, originalmente, em hebraico, a linguagem do povo judeu. Atualmente, de qualquer livro publicado são feitas inumeráveis cópias por im- pressoras que produzem exemplares absolutamente idênticos, aos milhares. Naquela época, desde muitos anos antes de Cristo, a partir do manuscrito original eram feitas cópias a mão pelos escribas que se dedicavam a este trabalho, uma de cada vez. Havia muitas cópias de cada livro bíblico circulando entre os judeus que as estudavam. Essas versões não eram idên- ticas. Algumas tinham variações na maneira de expressar algum versículo, ou acrescentavam certos detalhes, e/ou omitiam outros. Mais ou menos 250 anos antes de Cristo foi feita uma tradução para o idioma grego baseada em algumas dessas versões antigas, tradução essa conhecida, hoje, como "Septuaginta" (LXX), a qual viria a ser o texto do Velho Testamento que os primeiros cristãos utilizavam mais frequentemente. Mais tarde, entre o sétimo e o décimo século depois de Cristo, surgiu uma versão definitiva do texto hebraico a partir das versões disponíveis circulantes, chamada de "Texto Massorético" (TM), o qual foi fixado durante um longo período de tempo por uma escola de copistas judeus chamados de massoretas. Esse é o texto que serviu como base para a versão do Velho Testamento a qual se encontra nas Bíblias utilizadas pelos cristãos atuais. Já os primeiros cristãos, entre eles os escritores do Novo Testamento e os escritores que surgiram logo depois deste período inicial, os grandes apologistas e desenvolvedores do estudo doutrinário, assim como o próprio Jesus, utilizavam principalmente o texto do VT conhecido como a Septuaginta. Daí a sua grande importância e a necessidade de levar em consideração o seu estudo acurado, uma vez que nela podem-se encontrar muitas informa- ções relevantes, as quais vêm sempre somar-se ao que nos ensina a versão do Texto Masso- rético. Juntando-se as informações das duas versões, da Massorética e da Septuaginta, temos a Bíblia na completude que Deus tornou disponível para o estudo e a compreensão de sua palavra. A Septuaginta foi traduzida para o idioma grego "koinê", que significa "comum". Esse era o grego utilizado popularmente após o período do grego clássico (ou seja, c. 300 AC - 300 DC), num intervalo de tempo que incluía o período inicial da Igreja e da produção do Novo Testamento. Era uma espécie de "língua franca" na área do Mediterrâneo Oriental e Oriente Próximo antigo, assim como o Inglês o é, atualmente, para muitas pessoas. O grego moderno tem sua base no koinê. De acordo com o Talmude, a Torah, ou Pentateuco (os cinco primeiros livros do AT), foi primeiramente traduzida para o grego no terceiro século antes de Cristo, por iniciativa do rei Ptolomeu II Filadelfo, que reinou no Egito de 283 AC a 246 AC. De não haver dúvidas que a Torah estava traduzida no tempo de Filadelfo atesta-o o fato de existirem citações dos livros de Gênesis e Êxodo na língua grega, antes de 200 AC. A linguagem da Septuaginta também é mais semelhante ao Grego Egípcio do que ao Grego de Jerusalém. Outros livros do Antigo Testamento foram traduzidos nos dois séculos seguintes. Alguns estudiosos co- locam em dúvida se a tradução já estava completa, do Velho Testamento para o idioma grego, na época do começo do Cristianismo, examinando a autenticidade dos livros além dos cinco primeiros. Entretanto, quanto à Torah, ou Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) não existem dúvidas a respeito de ser ela uma tradução legítima das escri- turas hebraicas, e foi principalmente sobre esses livros que a Igreja primitiva erigiu a sua interpretação do significado da existência de Jesus, nela baseando os seus ensinamentos. Philo (20 AC - 50 DC), um judeu helenista e filósofo bíblico, nascido em Alexandria do Egito, lia a Bíblia principalmente na tradução grega da Septuaginta, o que, dentre outros fatos, atesta o seu uso na época em que Jesus estava na Terra e, subsequentemente, quando o Novo Testamento foi escrito. Ao lado das antigas traduções latinas do Velho Testamento, feitas diretamente do hebraico, a Septuaginta é a base para as versões Eslava, Siríaca, Armênica Antiga, Geórgica Antiga e Copta. José Cassais GÊNESIS GÊNESIS - CAPÍTULO 1 1 No princípio, fez Deus o céu e a terra. 2 A terra, porém, não era visível e estava va- zia; havia trevas sobre o abismo, e o Espírito de Deus vinha sobre as águas. 3 Disse Deus: Haja luz. E houve luz. 4 Deus viu que a luz era boa. Então Deus fez separação entre a luz e as trevas. 5 Chamou Deus à luz Dia, e às trevas cha- mou Noite. Houve tarde e houve manhã: Um dia. 6 E disse Deus: Haja um firmamento no meio das águas, e que ele sirva como divisão entre águas e águas. E assim foi. 7 Deus fez o firmamento, e fez também uma separação entre as águas que estavam de- baixo do firmamento e as que estavam acima do firmamento. 8 Chamou Deus ao firmamento Céu. E Deus viu que isso era bom. Houve tarde e houve manhã: o segundo dia. 9 E disse Deus: Seja recolhida em um só ajuntamento a água que está debaixo do céu, e que a terra seca apareça. E assim foi. A água que estava sob o céu foi recolhida em seus ajuntamentos, e a terra seca apareceu. 10 Chamou Deus ao elemento seco Terra, e aos ajuntamentos das águas chamou Mares. E Deus viu que isso era bom. 11 E disse Deus: Que a terra faça brotar a erva verde produzindo semente conforme a sua espécie e de acordo com a sua seme- lhança, e a árvore de fruto produzindo fruto cuja semente esteja nele mesmo, conforme a sua espécie sobre a terra. E assim foi. 12 A terra produziu a erva verde produzindo semente conforme a sua espécie e de acordo com a sua semelhança, e a árvore de fruto produzindo fruto cuja semente está nele mesmo, conforme a sua espécie sobre aterra. E Deus viu que isso era bom. 13 Houve tarde e houve manhã: o terceiro dia. 14 E disse Deus: Haja luzeiros no firma- mento do céu para alumiarem a terra e faze- rem divisão entre o dia e a noite; e que sirvam também para sinais, estações, dias e anos. 15 Que sejam eles, portanto, para luzeiros no firmamento do céu, a fim de alumiarem a terra. E assim foi. 16 E Deus fez os dois grandes luminares: o luminar maior para reger o dia e o luminar menor para reger a noite e as estrelas. 17 Colocou-os Deus no firmamento do céu a fim de alumiarem a terra, 18 para regerem o dia e a noite e para faze- rem separação entre a luz e as trevas. E Deus viu que isso era bom. 19 Houve tarde e houve manhã: o quarto dia. 20 E disse Deus: Produzam as águas répteis de almas viventes, e as criaturas aladas vo- ando acima da terra no firmamento do céu. E assim foi. 21 Deus fez, também, as grandes baleias, e todas as almas viventes de répteis que as águas produziram, segundo a sua espécie, e toda a criatura que voa com asas, segundo a sua espécie. E Deus viu que eles eram bons. 22 Então Deus os abençoou, dizendo: Cres- cei e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e sejam multiplicadas, na terra, as cri- aturas que voam. 23 Houve tarde e houve manhã: o quinto dia. 24 E disse Deus: Produza a terra seres viven- tes, cada qual segundo a sua espécie: quadrú- pedes, répteis e animais selvagens da terra, segundo a sua espécie. E assim foi. 25 Deus fez os animais selvagens da terra, cada um segundo a sua espécie, e os animais domésticos segundo a sua espécie, e todos os répteis da terra segundo a sua espécie. E Deus viu que eles eram bons. 26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, e que ele domine so- bre os peixes do mar, sobre as criaturas voa- doras dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que rastejam na terra. 27 Deus fez, então, o homem. Segundo a imagem de Deus ele o fez. Macho e fêmea os fez. 28 E Deus os abençoou, dizendo: Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as criaturas voadoras dos céus, sobre todo o animal doméstico, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam na terra. 29 E disse-lhes Deus: Eis que vos dei toda a erva verde contendo semente e que semeia a sua própria semente, a qual está sobre a terra, e toda a árvore que tem em si o fruto que semeia a sua própria semente. Ser-vos-ão para mantimento. 30 E à todas as feras da terra, e à todas as criaturas voadoras dos céus, e a todo o réptil que rasteja sobre a terra, o qual tem em si uma alma vivente, deu todas as plantas ver- des para serem o seu alimento. E assim foi. 31 Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom. Houve tarde e houve manhã: o sexto dia. GÊNESIS - CAPÍTULO 2 1 O céu e a terra foram completados, e todas as suas coisas. 2 Deste modo completou Deus, no sexto dia, as obras que ele fez; e descansou, no sé- timo dia, de todas as suas obras que fizera. 3 Abençoou Deus o sétimo dia, santifi- cando-o; porquanto nele descansou de toda a sua obra que ele, Deus, começara a fazer. 4 Este é o livro da geração do céu e da terra, quando foram feitos, no dia em que o Senhor Deus fez o céu e a terra, 5 antes que qualquer planta do campo exis- tisse na terra, e antes que qualquer gramínea do campo brotasse. Pois Deus não tinha feito, ainda, chover sobre a terra, e não havia homem algum para cultivá-la. 6 Mas eis que surgiu uma fonte da terra, e regava toda a face dela. 7 E formou Deus o homem do pó da terra, soprando em seu rosto o fôlego de vida; e o homem tornou-se uma alma vivente. 8 Deus também plantou um jardim no Éden, para o oriente, colocando nele o homem que tinha formado. 9 Então Deus fez surgir da terra toda a ár- vore bonita aos olhos e boa para alimento, e a árvore da vida no meio do paraíso; e tam- bém a árvore para aprender o conhecimento do bem e do mal. 10 Um rio sai do Éden para regar o jardim, e a partir daí ele se divide em quatro braços. 11 O nome de um deles é Pisom. Esse é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro. 12 O ouro dessa terra é bom. Há nela, tam- bém, carbúnculo e esmeralda. 13 O nome do segundo rio é Giom. Esse é o que rodeia toda a terra da Etiópia. 14 O terceiro rio é o Tigre. Esse é o que flui diante dos assírios. E o quarto rio é o Eufra- tes. 15 O Senhor Deus tomou o homem que ti- nha formado e colocou-o no paraíso, para o cultivar e guardar. 16 E o Senhor Deus deu uma ordem a Adão, dizendo: De toda árvore que está no paraíso podes comer do seu produto alimentício; 17 todavia, da árvore de conhecer o bem e o mal, dessa não comereis. Entretanto, em qualquer dia que dela comerdes certamente morrereis. 18 E o Senhor Deus também disse: Não é bom que o homem esteja só. Façamos-lhe um ajudador, da sua espécie. 19 E Deus formou, ainda mais, da terra, to- dos os animais selvagens do campo e todas as aves do céu, trazendo-os a Adão a fim de ver como ele ia chamá-los. E do que Adão chamou a qualquer alma vivente, esse ficou sendo o seu nome. 20 Adão deu nome a todos os animais do- mésticos, à todas as aves do céu e à todas as bestas do campo. Todavia, para o homem não foi encontrado um ajudador semelhante a si mesmo. 21 Então Deus trouxe um transe sobre Adão, e ele dormiu. Tomou, em seguida, uma das suas costelas, enchendo o lugar com carne. 22 Edificou Deus a costela que tomara de Adão em uma mulher, trazendo-a para ele. 23 E disse Adão: Esta é, agora, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar- se-á mulher, porque foi tirada de seu ho- mem. 24 Portanto o homem deixará seu pai e sua mãe, unir-se-á à sua mulher, e os dois tornar- se-ão uma só carne. 25 Estavam, os dois, nus, Adão e a sua mu- lher; todavia, não se envergonhavam. GÊNESIS - CAPÍTULO 3 1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que havia sobre a Terra, os quais o Senhor Deus fizera. E a serpente disse à mulher: Não foi isso o que Deus fa- lou: Não devereis comer de nenhuma árvore do paraíso? 2 Respondeu a mulher à serpente: Podemos, sim, comer do fruto das árvores do jardim; 3 porém, a respeito do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Não co- mereis dele nem nele tocareis, para que não morrais. 4 Porém, a serpente disse à mulher: Com cer- teza não morrereis; 5 porque Deus sabe que em qualquer dia que dele comerdes os vossos olhos serão abertos e ireis ser como deuses, conhecedores do bem e do mal. 6 A mulher viu que a árvore era boa para ali- mento e agradável aos olhos, muito bela de se contemplar. Pegando no seu fruto, comeu dele; e ofereceu-o também ao seu marido que estava com ela. E ambos comeram. 7 Então os seus olhos abriram-se e percebe- ram que estavam nus. E coseram folhas de figueira, fazendo para si mesmos aventais a fim de colocá-los sobre os seus corpos. 8 Ouviram eles a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha. E Adão e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim. 9 Chamou o Senhor Deus a Adão, dizendo: Adão, onde estás? 10 E ele lhe respondeu: Ouvi a tua voz quando andavas pelo jardim, e temi, por- quanto estava nu, escondendo-me. 11 Perguntou-lhe Deus: Quem falou-te que estavas nu, a menos que tenhas comido da árvore a respeito da qual eu te avisei a fim de que tão somente dela não comesses? 12 Respondeu Adão: A mulher que fizeste para estar comigo, ela me deu da árvore, e eu comi. 13 Então o Senhor Deus disse à mulher: Por- que fizeste isso? Respondeu a mulher: A ser- pente me enganou, e eu comi. 14 E o Senhor Deus disse à serpente: Por- quanto fizeste isso, maldita serás dentre to- dos os animais domésticos e dentre todos os animais selvagens da terra; sobre teu peito e sobre tua barriga andarás, e comerás terra to- dos os dias da tua vida; 15 porei inimizade entre tie a mulher, entre a tua descendência e a sua descendência. Cui- dará ela a tua cabeça, e tu lhe cuidarás o cal- canhar. 16 E, à mulher, disse: Multiplicarei grande- mente a tua aflição e os teus gemidos. Em sofrimento darás à luz a teus filhos. Tua sub- missão será para o teu marido, pois ele te do- minará. 17 E, a Adão, disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore a respeito da qual eu te avisei para que tão so- mente dela não comesses, maldita é a terra nos teus trabalhos. Em aflições dela comerás por todos os dias da tua vida; 18 espinhos e cardos ela te produzirá, e co- merás a erva do campo. 19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que voltes à terra da qual foste tirado. Porque tu és terra e regressarás à terra. 20 Chamou Adão o nome de sua esposa Vida, porque ela era a mãe de todos os vi- ventes. 21 O Senhor Deus fez para Adão e para a sua mulher túnicas de pele, vestindo-os. 22 E disse Deus: Eis que Adão tornou-se como um de nós, no que diz respeito a co- nhecer o bem e o mal. Agora, pois, que ele não estenda a sua mão e tome, também, da árvore da Vida, e coma; e, por causa disso, viva para sempre. 23 Então o Senhor Deus o enviou para fora do paraíso das Delícias, a fim de cultivar o solo do qual fora tirado. 24 Deus expulsou Adão, levando-o a morar defronte ao paraíso das Delícias, postando ali os querubins e a espada flamejante que se re- volve, para guardar o caminho da árvore da Vida. GÊNESIS - CAPÍTULO 4 1 Adão conheceu Eva, sua mulher, e ela con- cebeu, dando à luz a Caim; e disse: Ganhei um homem, através de Deus. 2 Ela gerou também ao seu irmão, Abel. Abel tornou-se um pastor de ovelhas; Caim, no entanto, tornou-se um lavrador da terra. 3 E aconteceu, depois de algum tempo, que Caim trouxe, do fruto da terra, um sacrifício ao Senhor. 4 Também Abel trouxe o seu sacrifício, dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gor- dura. E Deus olhou para Abel e os seus pre- sentes, 5 mas a Caim e aos seus sacrifícios ele não considerou. Então Caim ficou muito triste, descaindo-lhe o semblante. 6 E o Senhor Deus disse a Caim: Por que ficaste tão triste, e por que descaiu o teu sem- blante? 7 Porventura não pecas, se o trazes de forma justa, todavia não o divides justamente? Aquieta-te, pois para ti será a sua submissão, e tu o governarás. 8 Entretanto, Caim disse a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. E aconteceu, quando eles estavam no campo, que se levantou Caim contra seu irmão Abel, e o matou. 9 O Senhor Deus perguntou a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele replicou: Não sei! Serei eu o guardador de meu irmão? 10 Mas Deus disse: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama para mim, da terra. 11 Agora, maldito és da terra que abriu a sua boca para receber o sangue de teu irmão, da tua própria mão. 12 Quando a lavrares, ela não deverá persis- tir a entregar-te a sua força; e estarás ge- mendo e tremendo sobre a terra. 13 Então Caim disse ao Senhor Deus: Grande é o meu crime, para que seja perdo- ado! 14 Se me lanças neste dia da face da terra, e se ficarei escondido da tua presença, estando a gemer e a tremer sobre a terra, virá a acon- tecer, então, que qualquer que me encontrar matar-me-á. 15 Mas o Senhor Deus disse-lhe: Não será assim. Qualquer que matar a Caim sofrerá vingança sete vezes maior. E o Senhor Deus colocou um sinal em Caim, a fim de que nin- guém que o encontrasse pudesse matá-lo. 16 Então Caim saiu da presença de Deus e habitou na terra de Node, defronte do Éden. 17 Caim conheceu a sua mulher, e ela, tendo concebido, deu à luz a Enoque. Estava ele edificando uma cidade, e nomeou-a con- forme o nome de seu filho, Enoque. 18 A Enoque nasceu Irade; Irade gerou a Meujael, Meujael gerou a Metusael, e Metu- sael gerou a Lameque. 19 Lameque tomou para si duas esposas; o nome de uma era Ada, e o nome da outra Zilá. 20 Ada teve Jabal; ele foi o pai dos que habi- tam em tendas, alimentando o gado. 21 O nome de seu irmão era Jubal, que foi quem inventou o saltério e a harpa. 22 Zilá também gerou a Tubalcaim. Ele era ferreiro, fabricante tanto em bronze como em ferro. E a irmã de Tubalcaim foi Naamá. 23 Disse Lameque às suas esposas, Ada e Zilá: Ouvi a minha voz, mulheres de Lame- que! Considerai as minhas palavras, por- quanto matei um homem, para minha tris- teza; e um jovem, para minha dor. 24 Pois vingança foi exigida sete vezes em nome de Caim, no de Lameque será setenta vezes sete! 25 Adão tornou a conhecer Eva, sua mulher, e ela, havendo concebido, deu à luz um filho; e chamou o seu nome Sete, dizendo: Por- quanto Deus levantou para mim uma outra semente a fim de substituir Abel, que Caim matou. 26 Sete teve um filho, e chamou o seu nome Enos. Esse tinha esperança em invocar o nome do Senhor Deus. GÊNESIS - CAPÍTULO 5 1 Esta é a genealogia dos homens, no dia em que Deus fez Adão. À imagem de Deus o fez; 2 macho e fêmea ele os fez, e os abençoou, chamando o seu nome Adão, no dia em que os fez. 3 Adão viveu duzentos e trinta anos e gerou um filho de acordo com a sua semelhança e com a sua própria imagem, chamando o seu nome Sete. 4 Os dias de Adão, os quais ele viveu depois que gerou a Sete, foram setecentos anos; e gerou filhos e filhas. 5 Todos os dias que Adão viveu foram no- vecentos e trinta anos. E morreu. 6 Sete viveu duzentos e cinco anos e gerou a Enos. 7 Viveu Sete, depois que gerou a Enos, sete- centos e sete anos; e gerou filhos e filhas. 8 Todos os dias de Sete foram novecentos e doze anos. E morreu. 9 Enos viveu cento e noventa anos e gerou a Cainã. 10 Viveu Enos, depois que gerou a Cainã, se- tecentos e quinze anos; e gerou filhos e fi- lhas. 11 Todos os dias de Enos foram novecentos e cinco anos. E morreu. 12 Cainã viveu cento e setenta anos e gerou a Maalaleel. 13 Viveu Cainã, depois que gerou a Maa- laleel, setecentos e quarenta anos; e gerou fi- lhos e filhas. 14 Todos os dias de Cainã foram novecentos e dez anos. E morreu. 15 Maalaleel viveu cento e sessenta e cinco anos e gerou a Jerede. 16 Viveu Maalaleel, depois que gerou a Je- rede, setecentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas. 17 Todos os dias de Maalaleel foram oito- centos e noventa e cinco anos. E morreu. 18 Jerede viveu cento e sessenta e dois anos e gerou a Enoque. 19 Viveu Jerede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas. 20 Todos os dias de Jerede foram novecen- tos e sessenta e dois anos. E morreu. 21 Enoque viveu cento e sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. 22 Enoque foi agradável a Deus, depois que gerou a Metusalém, por duzentos anos; e ge- rou filhos e filhas. 23 Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. 24 Enoque foi muito agradável a Deus, e não foi mais encontrado, porquanto Deus o tras- ladara. 25 Metusalém viveu cento e sessenta e sete anos e gerou a Lameque. 26 Viveu Metusalém, depois que gerou a La- meque, oitocentos e dois anos; e gerou filhos e filhas. 27 Todos os dias de Metusalém, que ele vi- veu, foram novecentos e sessenta e nove anos. E morreu. 28 Lameque viveu cento e oitenta e oito anos, e gerou um filho. 29 Ele o chamou Noé, dizendo: Este nos fará descansar das nossas obras, das fadigas de nossas mãos e da terra que o Senhor Deus amaldiçoou. 30 Viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e sessenta e cinco anos; e gerou filhos e filhas. 31 Todos os dias de Lameque foram setecen- tos e cinquenta e três anos. E morreu. 32 Era Noé de quinhentos anos de idade, e gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé. GÊNESIS - CAPÍTULO 6 1 E veio a acontecer, quando os homens co- meçaram a ser numerosos sobre a terra e lhes nasceram filhas, 2 havendo os filhos de Deus visto que as fi- lhas dos homens eram belas, que eles toma- ram para si mulheres, de todas as que esco- lheram. 3 Mas o Senhor Deus disse: Meu espírito não permanecerá nestes homens para sempre, porque são carne; os seus dias, entretanto,serão cento e vinte anos. 4 Os gigantes estavam na terra, naqueles dias, e também depois, quando os filhos de Deus iam ao encontro das filhas dos homens, as quais lhes geravam filhos. Aqueles eram os gigantes da antiguidade, homens de renome. 5 O Senhor Deus viu que as ações perversas dos homens se multiplicavam sobre a terra, e que cada um deles meditava em seu cora- ção intentando o mal, todos os dias. 6 Então Deus se entristeceu em seu coração, porquanto havia feito o homem sobre a terra. E ele ponderou sobre isso, profunda- mente; 7 e disse Deus: Exterminarei o homem, a quem fiz, de sobre a face da Terra, tanto o homem como o animal doméstico, e os rép- teis, e as criaturas voadoras do céu. Porque estou entristecido de havê-los feito. 8 Porém Noé achou graça diante do Senhor Deus. 9 Estas são as gerações de Noé: Noé era um homem justo, sendo perfeito em sua gera- ção; e Noé pareceu muito agradável a Deus. 10 Gerou Noé três filhos: Sem, Cam e Jafé. 11 A terra, porém, estava corrompida diante de Deus; pois a terra enchera-se de iniqui- dade. 12 O Senhor Deus olhou para a terra e ela estava corrompida, porquanto toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. 13 E o Senhor Deus disse a Noé: O tempo de todos os homens é chegado diante de mim, porque a terra foi por eles preenchida com iniquidade; eis, portanto, que eu irei destruí-los, e também a terra. 14 Faze para ti, por este motivo, uma arca retangular de madeira. Farás compartimen- tos na arca, e a cobrirás, por dentro e por fora, com betume. 15 Assim construirás a arca: de trezentos cô- vados será o seu comprimento, de cinquenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. 16 Estreitarás a arca, ao construí-la, e em um côvado acima a completarás. A porta da arca porás do seu lado. Com primeiro, segundo e terceiro andar a farás. 17 Eis que eu trago um dilúvio de águas so- bre a terra, a fim de destruir toda a carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus. E tudo o que existe sobre a terra perecerá. 18 Estabeleço contigo a minha aliança: Entra na arca, tu e teus filhos, a tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. 19 De todos os animais domésticos, e de to- dos os répteis e animais selvagens, de todos eles, de toda a carne, farás entrar por pares na arca, a fim de que possas alimentá-los, como a ti mesmo. Machos e fêmeas deverão ser. 20 De todas as aves que voam, segundo as suas espécies, e de todo os animais domésti- cos, segundo as suas espécies, e de todos os répteis que rastejam na terra, segundo as suas espécie, em pares eles virão a ti, masculino e feminino, para serem alimentados como a ti mesmo. 21 Tu, pois, tomarás para ti de todos os tipos de alimentos que comes, e os ajuntarás para ti mesmo; e deverão ser para ti e para eles comerem. 22 Então Noé fez todas as coisas que o Se- nhor Deus lhe ordenara fazer. Assim ele fez. GÊNESIS - CAPÍTULO 7 1 E o Senhor Deus disse a Noé: Entra, tu e toda a tua família, na arca, porquanto te te- nho achado justo diante de mim, nesta gera- ção. 2 Dos animais domésticos limpos toma para ti sete pares, machos e fêmeas; e dos animais imundos toma também pares, machos e fê- meas. 3 Das criaturas voadoras do céu que são lim- pas toma sete pares, machos e fêmeas; e de todas as criaturas voadoras imundas toma pares, machos e fêmeas, a fim de que mante- nham as suas sementes sobre a terra. 4 Pois ainda mais sete dias e eis que eu trago a chuva sobre a terra, por quarenta dias e quarenta noites, e irei exterminar com toda a geração que tenho feito da face de toda a terra. 5 E Noé fez todas as coisas que o Senhor Deus lhe ordenara. 6 Era Noé de seiscentos anos de idade quando o dilúvio das águas veio sobre a terra. 7 E entraram, Noé, seus filhos, sua esposa e as esposas de seus filhos com ele, na arca por causa das águas do dilúvio. 8 Das criaturas voadoras, dos animais lim- pos, dos animais imundos e de todos os rép- teis que se arrastam sobre a terra, 9 em pares vieram até Noé na arca, macho e fêmea, conforme Deus lhe ordenara. 10 E sucedeu, após os sete dias, que a água do dilúvio veio sobre a terra. 11 No ano seiscentos da vida de Noé, no se- gundo mês, no vigésimo sétimo dia do mês, neste mesmo dia, todas as fontes do abismo foram rompidas, e as comportas do céu aber- tas; 12 e houve chuva sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites. 13 Naquele mesmo dia entrou Noé, e Sem, Cam e Jafé, os filhos de Noé, e a esposa de Noé, e as três mulheres de seus filhos, com ele na arca. 14 Todos os animais selvagens, segundo as suas espécies, todos os animais domésticos, segundo as suas espécies, todo réptil que se desloca sobre a terra, segundo as suas espé- cies, e todos os pássaros, segundo as suas es- pécies, 15 entraram com Noé na arca, aos pares, ma- chos e fêmeas, de toda carne em que há fô- lego de vida. 16 Os que entraram vieram machos e fê- meas, de toda carne, conforme Deus orde- nara a Noé. E o Senhor Deus fechou a arca por fora. 17 Começou o dilúvio, e persistiu sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites. A água aumentou muito, levantando a arca, e ela foi elevada da terra. 18 As águas predominaram, aumentando muito sobre a terra; e a arca foi levada sobre as águas. 19 E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra, cobrindo todos os altos montes que estavam debaixo do céu. 20 Quinze côvados acima foi a água levan- tada, cobrindo todas as altas montanhas. 21 Então morreu toda a carne que se movia sobre a terra, de criaturas voadoras, de ani- mais domésticos, de animais selvagens, de todo réptil que se desloca sobre a terra, e de todo homem. 22 Todas as coisas que tem o sopro de vida e que estavam na terra seca morreram. 23 Foi exterminado tudo o que se levanta so- bre a face de toda a terra, o homem e os ani- mais, os répteis e as aves do céu; foram, to- dos eles, deste modo, exterminados da face da terra. Noé foi deixado sozinho, e aqueles que com ele estavam na arca. 24 E a água levantou-se sobre a terra por cento e cinquenta dias. GÊNESIS - CAPÍTULO 8 1 Lembrou-se Deus de Noé, de todos os ani- mais selvagens, de todos os animais domés- ticos, de todos os pássaros e de todos os rép- teis, todos quantos estavam com ele na arca. Então Deus trouxe um vento sobre a terra, e a água se estancou. 2 As fontes do abismo foram fechadas, assim como as comportas do céu. E a chuva do céu foi contida. 3 A água baixou, afastando-se da terra; de- pois de cento e cinquenta dias a água baixou, sendo diminuída. 4 E a arca repousou, no sétimo mês, no vi- gésimo sétimo dia do mês, nas montanhas de Ararate. 5 A água continuou a diminuir até o décimo mês. E no décimo mês, no primeiro dia do mês, os cumes dos montes tornaram-se visí- veis. 6 Sucedeu que, depois de quarenta dias, Noé abriu a janela da arca que havia feito, 7 soltando um corvo. Esse saiu e não voltou mais, até que a água se secou de sobre a terra. 8 E enviou uma pomba, depois disso, para ver se a água tinha deixado a terra. 9 Contudo, a pomba, por não haver encon- trado descanso para os seus pés, voltou para ele na arca; porquanto havia água sobre toda a face da terra. Estendeu ele a mão e a apa- nhou, recolhendo-a consigo na arca. 10 E esperou ainda outros sete dias, vol- tando a soltar a pomba da arca. 11 A pomba voltou a ele, à tardinha, e trazia uma folha de oliveira, em um raminho, na sua boca. Então Noé entendeu que a água ti- nha diminuído na terra. 12 Esperou ele ainda outros sete dias e vol- tou a soltar a pomba, mas ela não retornou a ele novamente. 13 E aconteceu que no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro mês, no pri- meiro dia do mês, a água se afastou da terra. Noé abriu a cobertura da arca que tinha feito e viu que a água havia diminuído na face da terra. 14 No segundo mês a terra secou-se, no vi- gésimo sétimo dia do mês. 15 E o Senhor Deus falou com Noé, di- zendo:16 Sai da arca, tu, tua esposa e teus filhos, e as esposas de teus filhos, contigo; 17 e a todos os animais selvagens que estão contigo, e a toda a carne, tanto de aves quanto de animais domésticos, e a todo réptil que se desloca sobre a terra, traze contigo. Que eles cresçam e se multipliquem sobre a terra. 18 Noé saiu, e sua esposa, seus filhos e as esposas de seus filhos saíram com ele. 19 Todos os animais selvagens, todos os ani- mais domésticos, todas as aves e todos os répteis que se arrastam sobre a terra, se- gundo a sua espécie, saíram da arca. 20 Noé construiu um altar ao Senhor, e tendo tomado de todos os animais limpos e de toda a ave limpa ofereceu um holocausto sobre o altar. 21 E o Senhor Deus aspirou um aroma agra- dável. Então o Senhor Deus considerou, e disse: Não irei amaldiçoar mais a terra por causa das obras dos homens, porquanto a imaginação do homem está intencional- mente posta nas coisas malignas desde a sua juventude. Não irei mais ferir todos os seres vivos, como já fiz. 22 Por todos os dias da terra sementes e co- lheita, frio e calor, verão e primavera, dia e noite não cessarão mais. GÊNESIS - CAPÍTULO 9 1 Abençoou Deus a Noé e a seus filhos, di- zendo-lhes: Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai sobre ela. 2 O pavor e o medo de vós estarão sobre to- dos os animais selvagens da terra, sobre to- das as aves do céu, sobre tudo o que se des- loca na terra e sobre todos os peixes do mar. Coloquei-os, todos, debaixo do vosso poder. 3 Todo réptil que vive vos servirá para ali- mento. Tenho vos dado tudo, assim como a erva verde. 4 Somente a carne com o sangue da vida não devereis comer. 5 Porque o próprio sangue de vossas vidas eu o requererei da mão de todos os animais selvagens, e cobrarei a vida do homem da mão do homem seu irmão. 6 Aquele que derrama o sangue do homem, no lugar daquele sangue deverá ser derra- mado o seu próprio sangue; pois na imagem de Deus eu fiz o homem. 7 Todavia, crescei e multiplicai-vos; enchei a terra e multiplicai-vos sobre ela. 8 E falou Deus, ainda, com Noé e seus filhos que estavam com ele, dizendo-lhes: 9 Eis que estabeleci a minha aliança con- vosco e com a vossa descendência depois de vós, 10 e com todas as criaturas que estão con- vosco, dos pássaros e dos animais, e com to- dos os animais selvagens da terra que estão convosco, de todos os que saíram da arca. 11 Estabelecerei a minha aliança convosco, e não mais deverá acontecer de toda a carne perecer pelas águas do dilúvio; não haverá mais um dilúvio de águas para destruir toda a terra. 12 O Senhor Deus disse mais a Noé: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre mim e toda criatura vivente que está convosco, por gerações perpétuas: 13 Eis que coloco nas nuvens o meu arco, e será ele um sinal da aliança entre mim e a terra. 14 Pois virá a suceder, quando eu reunir as nuvens sobre a terra, que o meu arco será visto nas nuvens. 15 Lembrar-me-ei, então, do meu pacto, o qual existe entre mim e vós, e entre mim e toda a alma vivente em toda a carne; e não haverá mais água para um dilúvio, de modo a exterminar toda a carne. 16 Meu arco estará nas nuvens e eu irei olhá- lo para lembrar-me da aliança eterna entre mim e a terra, entre mim e toda a alma vi- vente de toda a carne que está sobre a terra. 17 E Deus disse para Noé: Este é o sinal da aliança que tenho feito entre mim e toda a carne que está sobre a terra. 18 Ora, os filhos de Noé que saíram da arca foram Sem, Cam e Jafé. Cam foi pai de Ca- naã. 19 Esses foram os três filhos de Noé; desses, os homens espalharam-se sobre toda a terra. 20 Noé, então, começou a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha; 21 e bebeu do vinho, ficando bêbado. Estava ele nu em sua casa. 22 Cam, o pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, saiu e o disse a seus dois irmãos que es- tavam fora. 23 Sem e Jafé, apanhando uma peça de roupa puseram-na em suas costas e foram, an- dando para trás, e cobriram a nudez de seu pai, com o rosto para trás; e não viram a nu- dez de seu pai. 24 Recuperou-se Noé do efeito do vinho e ficou sabendo o que seu filho mais moço lhe fizera. 25 Então disse: Maldito seja Canaã. E será servo de seus irmãos. 26 E também disse: Bendito seja o Senhor, Deus de Sem. Canaã, porém, será seu servo. 27 Aumente Deus a Jafé, e que ele more nas habitações de Sem; e Canaã lhes seja por servo. 28 Viveu Noé, após o dilúvio, trezentos e cinquenta anos. 29 Todos os dias de Noé foram novecentos e cinquenta anos, e morreu. GÊNESIS - CAPÍTULO 10 1 Estas são as gerações dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé. Pois lhes nasceram filhos, depois do dilúvio. 2 Os filhos de Jafé: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Elisá, Tubal, Meseque e Tiras. 3 Os filhos de Gômer: Asquenaz, Rifá e To- garma. 4 Os filhos de Javã: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim. 5 Para esses foram as ilhas dos gentios divi- didas na terra, cada qual conforme a sua lín- gua, em suas tribos e em suas nações. 6 Os filhos de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. 7 Os filhos de Cuxe: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá. E os filhos de Raamá: Sabá e Dedã. 8 E Cuxe gerou a Ninrode. Esse começou a ser um gigante na terra. 9 Era, ele, um grande caçador diante do Se- nhor Deus. Por isso se diz: Como Ninrode, grande caçador diante do Senhor. 10 O princípio de seu reino foi Babilônia, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear. 11 Daquela terra veio Assur, construindo Ní- nive e as cidades de Reobote-Ir e Calá, 12 e Resém, entre Nínive e Calá; essa é a grande cidade. 13 Mizraim gerou a Ludim, a Anamim, a Le- abim, a Naftuim, 14 a Patrusim, a Casluim (de onde sairam os filisteus) e a Caftorim. 15 Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, a Hete, 16 aos jebuseus, aos amorreus, aos girgaseus, 17 aos heveus, aos arqueus, aos sineus, 18 aos arvadeus, aos zemareus e aos hama- teus. Desses se dispersaram as tribos dos ca- naneus. 19 Os limites dos cananeus eram desde Si- dom até Gerar e Gaza; e, daí, até Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, e até Lasa. 20 Esses foram os filhos de Cam em suas tri- bos, de acordo com as suas línguas, em seus países e em suas nações. 21 E a Sem também nasceram filhos, a ele que era o pai de todos os filhos de Héber e o irmão mais velho de Jafé. 22 Os filhos de Sem: Elão, Assur, Arfaxade, Lude, Arã e Cainã. 23 Os filhos de Arã: Uz, Hul, Geter e Más. 24 Arfaxade gerou a Cainã, e Cainã gerou a Salá. E Salá gerou a Héber. 25 A Héber nasceram dois filhos. O nome de um era Pelegue, porquanto nos seus dias foi dividida a terra; e o nome de seu irmão era Joctã. 26 Joctã gerou a Almodá, a Salefe, a Hazar- mavé, a Jerá, 27 a Hadorão, a Uzal, a Dicla, 28 a Obal, a Abimael, a Sabá, 29 a Ofir, a Havilá e a Jobabe. Todos esses foram filhos de Joctã. 30 Foi a sua habitação desde Messa até Sefar, uma montanha do leste. 31 Esses foram os filhos de Sem, em suas tri- bos, de acordo com as suas línguas, em seus países e em suas nações. 32 Essas são as tribos dos filhos de Noé, se- gundo as suas gerações, segundo as suas na- ções; dessas foram as nações dos gentios es- palhadas sobre a terra, depois do dilúvio. GÊNESIS - CAPÍTULO 11 1 Toda a terra falava uma só linguagem, ha- vendo um só idioma para todos. 2 E aconteceu, quando eles vieram do ori- ente, que acharam um vale na terra de Sinear, e ali habitaram. 3 E cada homem disse ao seu companheiro: Vinde, façamos tijolos, e os cozamos no fogo. O tijolo era para eles por pedra, e o be- tume lhes servia de argamassa. 4 E disseram: Eia! edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume alcance o céu, e façamos para nós mesmos um nome antes de sermos espalhados sobre a face de toda a terra 5 Então o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam. 6 E o Senhor disse: Eis que há uma só nação e uma só língua para todos; e eles já começa- ram a fazer isso. Agora, nada deverá falhar do que se dispuserema fazer. 7 Vinde, desçamos e confundamos ali a sua língua, a fim de que não possam entender, cada um, a voz do seu vizinho. 8 E o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a ci- dade e a torre. 9 Por causa disso o seu nome foi chamado Confusão; porquanto, ali, o Senhor confun- diu as línguas de toda a terra; e dali os espa- lhou o Senhor sobre a face de toda a terra. 10 E estas são as gerações de Sem: Sem tinha cem anos quando gerou a Arfaxade, no se- gundo ano após o dilúvio. 11 Viveu Sem, depois de ter gerado a Arfa- xade, quinhentos anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 12 Arfaxade viveu cento e trinta e cinco anos, e gerou a Cainã. 13 Viveu Arfaxade, depois que gerou a Cainã, quatrocentos e trinta anos, e gerou fi- lhos e filhas; e morreu. Viveu Cainã cento e trinta anos e gerou a Salá; Cainã viveu, depois de ter gerado a Salá, trezentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 14 Salá viveu cento e trinta anos e gerou a Héber. 15 Salá viveu, depois de ter gerado a Héber, trezentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 16 Héber viveu cento e trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue. 17 Héber viveu, depois que gerou a Pelegue, trezentos e setenta anos, e gerou filhos e fi- lhas; e morreu. 18 Pelegue viveu cento e trinta anos e gerou a Reú. 19 Pelegue viveu, depois de ter gerado a Reú, duzentos e nove anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 20 Reú viveu cento e trinta e dois anos e ge- rou a Serugue. 21 Reú viveu, depois, de ter gerado a Seru- gue, duzentos e sete anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 22 Serugue viveu cento e trinta anos e gerou a Naor. 23 Serugue viveu, depois de ter gerado a Naor, duzentos anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 24 Naor viveu setenta anos e gerou a Terá. 25 Naor viveu, depois de ter gerado a Terá, cento e vinte e nove anos, e gerou filhos e filhas; e morreu. 26 Terá viveu setenta anos e gerou a Abrão, Naor e Harã. 27 Estas são as gerações de Terá: Terá gerou a Abrão, a Naor, e a Harã; e esse gerou a Ló. 28 Harã, porém, morreu na presença de Terá, seu pai, na terra em que nasceu, no país dos caldeus. 29 Abrão e Naor tomaram para si esposas. O nome da esposa de Abrão era Sarai, e o nome da esposa de Naor, Milca, filha de Harã. Esse era o pai de Milca e o pai de Iscá. 30 Sarai, porém, era estéril, não gerava filhos. 31 Então Terá tomou seu filho Abrão, e Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e Sarai, sua nora, esposa de seu filho Abrão, levando-os para fora da terra dos caldeus, a fim de irem para a terra de Canaã; e foi até Harã, habi- tando ali. 32 Todos os dias de Terá na terra de Harã foram duzentos e cinco anos. E morreu Terá em Harã. GÊNESIS - CAPÍTULO 12 1 Disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra e da tua parentela, da casa de teu pai, e vem para a terra que eu te mostro. 2 Farei de ti uma grande nação, e te abenço- arei e engrandecerei o teu nome; e serás bem- aventurado. 3 Abençoarei os que te abençoarem e amal- diçoarei os que te amaldiçoarem; em ti todas as tribos da terra serão benditas. 4 Então Abrão partiu, conforme o Senhor lhe falara; e Ló partiu com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos de idade quando saiu de Harã. 5 Tomou Abrão a Sarai, sua esposa, e a Ló, filho de seu irmão, e a todos os seus bens, tantos quantos tinham adquirido, e a cada alma que lhes acresceram em Harã, e saíram para irem à terra de Canaã. E foram até Ca- naã. 6 Atravessou Abrão a terra, longitudinal- mente, até o local chamado Siquém, até o carvalho alto. Os cananeus, então, habitavam a terra. 7 O Senhor apareceu a Abrão, e disse-lhe: Eu darei esta terra à tua descendência. E Abrão construiu, ali, um altar ao Senhor que lhe aparecera. 8 E partiu dali para a montanha que estava ao leste de Betel, onde armou a sua tenda, em Betel, perto do mar, com Ai para o oriente. E edificou, ali, um altar ao Senhor. E invo- cou o nome do Senhor. 9 Partiu dali Abrão, e foi e acampou-se no deserto. 10 Houve fome na terra, e Abrão desceu ao Egito para peregrinar ali; porquanto a fome prevaleceu na terra. 11 Aconteceu, quando Abrão estava pró- ximo de entrar no Egito, que ele disse a Sarai, sua esposa: Eu sei que és mulher formosa. 12 Virá a acontecer, quando os egípcios te enxergarem, que eles dirão: Esta é a sua mu- lher; e eles me matarão, contudo poupar-te- ão a vida. 13 Dize, portanto: Eu sou sua irmã; o que irá resultar em bem para mim, graças a ti; e vi- verá a minha alma por tua causa. 14 E sucedeu, quando Abrão tinha entrado no Egito, que os egípcios viram a sua esposa e perceberam que ela era muito bonita. 15 Os príncipes de Faraó a viram e a elogia- ram diante de Faraó; e a trouxeram para a casa de Faraó. 16 Trataram eles bem a Abrão por causa dela, e ele veio a ter ovelhas, bezerros, ju- mentos, servos e servas, mulas e camelos. 17 Então Deus afligiu a Faraó e a sua casa com grandes e severas aflições, por causa de Sarai, esposa de Abrão. 18 Faraó, tendo chamado Abrão, disse-lhe: Que é isso que fizeste para mim? pois não me disseste que ela é tua mulher. 19 Por que, pois, afirmaste: Ela é minha irmã; e eu a tomei como esposa para mim? Agora, eis que a tua mulher está diante de ti. Toma-a contigo, e vai-te embora, rapida- mente. 20 E Faraó ordenou aos seus homens a res- peito de Abrão, a fim de acompanhá-lo e conduzi-lo adiante, e a sua esposa, e a tudo o que ele tinha. E Ló estava com ele. GÊNESIS - CAPÍTULO 13 1 Abrão subiu do Egito, ele e a sua esposa, com tudo o que possuía, e Ló junto dele, para o deserto. 2 Abrão era muito rico em gado, prata e ouro. 3 Então ele foi para o lugar de onde tinha saído, para o deserto, indo até Betel, no local onde a sua barraca estava anteriormente, en- tre Betel e Ai, 4 chegando ao lugar do altar que havia antes construído. E, ali, Abrão invocou o nome do Senhor. 5 Ló, que viera com Abrão, tinha ovelhas, bois e tendas. 6 Contudo a terra não era grande o suficiente para viverem juntos, porque seus bens eram muitos; e não podiam habitar juntos. 7 Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Os cananeus e os ferezeus, então, habitavam a terra. 8 E disse Abrão a Ló: Que não haja contenda entre mim e ti, entre os meus pastores e os teus pastores, pois somos irmãos. 9 Vê! Não está toda a terra diante de ti? Se- para-te de mim. Se fores para a esquerda, irei para a direita; mas se fores para a direita, eu irei para a esquerda. 10 Então Ló, levantando os olhos, observou a circunvizinhança do Jordão, que era toda regada, antes de Deus subverter a Sodoma e a Gomorra, como o jardim do Senhor e como a terra do Egito, indo para Zoar. 11 Então Ló escolheu para si toda a região ao redor do Jordão. E Ló se foi, partindo do leste, ficando, cada um, separado do seu ir- mão. 12 Abrão habitou na terra de Canaã, e Ló ha- bitou em uma cidade das redondezas, ar- mando a sua tenda em Sodoma. 13 Os homens de Sodoma, entretanto, eram maus e excessivamente pecaminosos diante de Deus. 14 E Deus disse a Abrão, depois que Ló par- tiu, separando-se dele: Olha para cima, com os teus olhos; do lugar onde estás agora olha para o norte e para o sul, para o oriente e para o mar. 15 Porque toda a terra que vês eu irei dá-la a ti e à tua descendência, para sempre; 16 e farei a tua descendência como o pó da terra. Se alguém for capaz de contar o pó da terra, então será a tua descendência também contada. 17 Levanta-te a percorrer a terra, tanto no seu comprimento como na sua largura, pois hei de concedê-la a ti e à tua descendência, para sempre. 18 Então Abrão, desmanchando a sua tenda, foi-se e habitou junto ao carvalho de Manre, que estava em Hebrom. E, lá, ele construiu um altar ao Senhor. GÊNESIS - CAPÍTULO 14 1 Aconteceu, então, no reinado do rei Anra- fel, de Sinear, e no de Arioque, rei de Elasar, que Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei das nações, 2 fizeram guerra contraBera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Belá (essa é Zoar). 3 Todos esses se reuniram de comum acordo no Vale do Sal (esse é o Mar Salgado). 4 Doze anos haviam eles servido a Quedor- laomer, e, no décimo terceiro ano, revolta- ram-se. 5 No décimo quarto ano veio Quedorlaomer e os reis que estavam com ele e cortaram em pedaços os gigantes de Asterote e de Car- naim, e outras nações fortes junto com eles; e os emins na cidade de Savê, 6 e os horeus nas montanhas de Seir, perto do terebinto de Parã, que está no deserto. 7 E, voltando, chegaram à fonte do Juízo, que é Cades, e cortaram em pedaços todos os príncipes de Amaleque e os amorreus que habitavam em Hazazon-Tamar. 8 O rei de Sodoma saiu, com o rei de Go- morra, o rei de Admá, o rei de Zeboim, e o rei de Belá (essa é Zoar), e se puseram em ordem contra eles, para a guerra, no vale do Sal, 9 contra Quedorlaomer, rei de Elão, contra Tidal, rei das nações, contra o rei Anrafel, de Sinear, e contra o rei de Elasar; os quatro reis contra os cinco. 10 Ora, o vale do Sal consiste de poços de betume. O rei de Sodoma fugiu, como tam- bém o rei de Gomorra, e caíram ali. E os que ficaram fugiram para a região montanhosa. 11 Tomaram eles toda a cavalaria de Sodoma e Gomorra, e todas as suas provisões, e se foram. 12 Tomaram também a Ló, filho do irmão de Abrão, e os seus bens, e partiram; pois ele morava em Sodoma. 13 Então, aproximando-se um dos que ha- viam sido resgatados o relatou a Abrão, que passava. E habitava ele junto ao carvalho de Manre, o amorreu, irmão de Escol e de Aner, aliados de Abrão. 14 Abrão, tendo ouvido que Ló, seu sobri- nho, havia sido preso, arregimentou seus próprios servos, nascidos em sua casa, tre- zentos e dezoito homens, e perseguiu-os até Dã. 15 E veio sobre eles a noite, ele e os seus ser- vos; e os feriu e perseguiu até Hobá, que está à esquerda de Damasco. 16 E recuperou toda a cavalaria de Sodoma, resgatando também o seu sobrinho Ló com todas as suas posses, as mulheres e o povo. 17 O rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro de- pois que ele voltou da matança de Quedorla- omer e dos reis que estavam junto dele, vindo para o vale de Savé. Essa era a planície dos Reis. 18 Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Ele era sacerdote do Deus Altís- simo. 19 Abençoou ele a Abrão, dizendo: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, que fez o céu e a terra; 20 e bendito seja o Deus Altíssimo, que en- tregou os teus inimigos em teu poder. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. 21 O rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me os homens, e toma os cavalos para ti. 22 Mas Abrão respondeu ao rei de Sodoma: Estendo a minha mão ao Senhor, o Deus Al- tíssimo, que fez o céu e a terra, 23 que não irei tirar, de todos os teus bens, desde uma corda até um cordão de sandália, para que não digas: Enriqueci a Abrão; 24 exceto as coisas que os jovens comeram, e a parte dos homens que foram comigo, Es- col, Aner e Mamre. Esses devem ter uma parte. GÊNESIS - CAPÍTULO 15 1 Depois dessas coisas, o Senhor dirigiu a sua palavra a Abrão numa visão, dizendo-lhe: Não temas, Abrão, eu te protejo com es- cudo. Tua recompensa será mui grande. 2 Disse Abrão: Senhor, que me darás? Con- siderando que eu estou partindo sem ter um filho. Entretanto, o filho de Maseque, nas- cido em minha casa, Eliezer de Damasco, esse é o meu herdeiro. 3 E disse mais, Abrão: Eis que tu não me concedeste nenhuma semente; entretanto o meu servo, nascido em minha casa, deverá herdar de mim. 4 Imediatamente ouviu-se a voz do Senhor, dizendo-lhe: Esse não será o teu herdeiro; porém aquele que sairá de ti, esse será o teu herdeiro. 5 E levando-o para fora, falou-lhe: Olha, agora, para cima, para o céu, e conta as estre- las, se fores capaz de numerá-las. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. 6 Abrão creu em Deus, o que lhe foi impu- tado por justiça. 7 E ele lhe disse: Eu sou o Deus que te tirou da terra dos Caldeus, a fim de dar-te esta terra em herança. 8 Então ele perguntou-lhe: Soberano Se- nhor, como poderei saber que irei possuí-la? 9 E ele disse: Toma, para mim, uma novilha em seu terceiro ano, uma cabra em seu ter- ceiro ano, e um carneiro em seu terceiro ano; e uma pomba e um pombo. 10 Tomou ele, então, todos esses, e partiu-os pelo meio, colocando-os em frente uns dos outros; todavia, as aves ele não partiu. 11 Aves desceram sobre os corpos, sobre as suas partes divididas. E Abrão sentou-se a vi- giar. 12 Ao por do sol um transe veio sobre Abrão, e eis que um grande terror sombrio caiu sobre ele. 13 E foi dito a Abrão: Sabe, com certeza, que a tua descendência será peregrina em uma terra que não a sua, e os escravizarão e afligi- rão, e os humilharão por quatrocentos anos. 14 Contudo, eu julgarei o povo a quem irão servir. E, depois disso, virão para cá, com muitas posses. 15 Tu, porém, partirás ao encontro de teus pais em paz, e serás sepultado em boa ve- lhice. 16 Na quarta geração eles irão voltar para cá. Pois os pecados dos amorreus ainda não es- tão preenchidos, até agora. 17 E quando o sol estava prestes a se pôr apareceu uma chama; e eis um fogo fume- gante, e tochas de fogo que passaram entre as partes divididas. 18 Naquele dia o Senhor fez um pacto com Abrão, dizendo: À tua semente darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates; 19 e os queneus, os quenezeus, os cadmo- neus, 20 os heteus, os ferezeus, os refains, 21 os amorreus, os cananeus, os eveus, os gi- rgaseus e os jebuseus. GÊNESIS - CAPÍTULO 16 1 Sarai, mulher de Abrão, não lhe deu filhos. Entretanto, ela tinha uma serva egípcia, cujo nome era Hagar. 2 E Sarai disse a Abrão: Eis que o Senhor me impediu de engravidar. Procura, portanto, a minha serva, a fim de que eu possa ter filhos através dela. E Abrão ouviu a voz de Sarai. 3 Então Sarai, mulher de Abrão, tomou a Hagar, sua serva egípcia, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã, e a deu a Abrão, seu marido, como se fosse uma es- posa para ele. 4 Ele conheceu a Hagar e ela concebeu; e, vendo que estava grávida, sua senhora pare- ceu desonrada diante dela. 5 Então Sarai disse a Abrão: Fui injuriada por ti; pois eu dei a minha serva em teu seio, e, quando vi que ela estava com a criança, fiquei desonrada perante ela. O Senhor julgue entre mim e ti. 6 Disse Abrão a Sarai: Eis que a tua serva está nas tuas mãos. Age com ela como parecer bem para ti. Então Sarai a afligiu, e ela fugiu de sua presença. 7 Mas um anjo do Senhor a encontrou junto a uma fonte de água, no deserto, a fonte no caminho de Sur. 8 Disse-lhe o anjo do Senhor: Hagar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? E ela respondeu: Estou fugindo da face de minha senhora, Sarai. 9 Então o anjo do Senhor disse-lhe: Volta para a tua senhora e humilha-te debaixo das suas mãos. 10 E o anjo do Senhor disse para ela: Eu, certamente, multiplicarei a tua semente, a qual não será contada, por ser muito nume- rosa. 11 E o anjo do Senhor lhe disse, ainda: Eis que estás com uma criança e terás um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor tem ouvido a tua humilhação. 12 Será ele um homem selvagem, com as mãos contra todos; e as mãos de todos esta- rão contra ele. E morará na presença de to- dos os seus irmãos. 13 E ela chamou o nome do Senhor Deus, que lhe falava: Tu és Deus que me vê. Pois ela disse: Eis que enxerguei, claramente, aquele que apareceu para mim. 14 Por isso chamou ela a fonte: Fonte da- quele a quem tenho visto claramente. Eis que essa se encontra entre Cades e Berede. 15 Então Hagar deu à luz um filho para Abrão; e Abrão pôs o nome de seu filho, que lhe dera Hagar, Ismael. 16 Abrão tinha oitenta e seis anos quando Hagar deu-lhe Ismael. GÊNESIS - CAPÍTULO 17 1 Abrão tinha já noventa e nove anos de idade. E o Senhor apareceu a Abrão, e disse- lhe: Eu sou o teu Deus.Sê agradável diante de mim, e sê perfeito; 2 e estabelecerei a minha aliança entre mim e ti, e multiplicar-te-ei. 3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto. E Deus lhe falou, dizendo: 4 Quanto a mim, eis que o meu pacto é con- tigo, e serás pai de uma multidão de nações. 5 O teu nome não será mais Abrão; porém, teu nome será Abraão, porque eu te fiz pai de muitas nações. 6 Irei aumentar-te extraordinariamente; farei de ti nações, e reis sairão de ti. 7 Estabelecerei a minha aliança contigo e com a tua descendência depois de ti, nas suas gerações, por aliança perpétua, para ser o teu Deus e o Deus da tua descendência depois de ti. 8 Eu darei a ti e à tua descendência depois de ti a terra onde és peregrino, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão. E eu serei o seu Deus. 9 E disse Deus a Abraão: Também tu deve- rás, plenamente, guardar a minha aliança, tu e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações. 10 E esta é a aliança que plenamente guarda- rás entre mim e vós, e entre mim e a tua des- cendência depois de ti, nas suas gerações: to- dos os vossos homens serão circuncidados. 11 Sereis circuncidados na carne do vosso prepúcio, e isso será o sinal de uma aliança entre mim e vós. 12 O filho de oito dias será por vós circunci- dado, todo o homem nas vossas gerações, e também o servo nascido em casa, do que é comprado com dinheiro, cada filho de um estranho que não é da tua descendência. 13 Aquele que é nascido em tua casa e o que é comprado com dinheiro certamente será circuncidado, e a minha aliança estará na vossa carne por aliança perpétua. 14 O homem incircunciso, aquele que não ti- ver sido circuncidado na carne do seu prepú- cio no oitavo dia, aquela alma será extermi- nada da sua família; pois ele tem quebrado a minha aliança. 15 E Deus disse a Abraão: Quanto a Sarai, tua mulher, seu nome não deverá ser mais Sarai; Sara será o seu nome. 16 Abençoá-la-ei, e dar-te-ei dela um filho, e o abençoarei; ele se tornará nações, e reis de nações deverão proceder dele. 17 Abraão, então, caiu sobre o seu rosto, e riu-se; e falou em seu coração, dizendo: Nas- cerá uma criança a quem é de cem anos? Sara, que já tem noventa anos, ficará grávida? 18 E Abraão disse a Deus: Que viva Ismael diante de ti. 19 Então Deus disse a Abraão: Sim, eis que Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Isaque; e eu estabelecerei a minha aliança com ele, uma aliança perpétua, para ser um Deus para ele e para a sua se- mente depois dele. 20 E a respeito de Ismael, eis que eu te ouvi e o tenho abençoado. Irei aumentá-lo, e o multiplicarei extraordinariamente. Doze na- ções ele gerará. E dele farei uma grande na- ção. 21 Contudo, eu estabelecerei a minha aliança com Isaque, a quem Sara deverá carregar para ti nesta mesma estação, no próximo ano. 22 E cessou de falar com ele. E Deus deixou Abraão. 23 Então Abraão tomou seu filho Ismael, e todos os seus servos nascidos em sua casa, e todos aqueles que comprara com dinheiro, e todo o macho dos homens na sua casa, cir- cuncidando os seus prepúcios, naquele mesmo dia, conforme Deus falara com ele. 24 Abraão tinha noventa e nove anos quando foi circuncidado na carne do seu pre- púcio, 25 e Ismael, seu filho, tinha treze anos quando foi circuncidado na carne do seu pre- púcio. 26 No transcorrer daquele dia Abraão foi cir- cuncidado, assim como Ismael, seu filho, 27 e todos os homens de sua casa; tanto os nascidos em sua casa como os que haviam sido comprados com dinheiro das nações es- trangeiras. GÊNESIS - CAPÍTULO 18 1 E Deus lhe apareceu no carvalho de Manre, enquanto estava assentado na porta de sua tenda, ao meio-dia. 2 Levantou ele os olhos, fixando-os, e eis que três homens estavam de pé diante dele; e, ao vê-los, correu para encontrá-los, desde a porta de sua tenda, inclinando-se à terra. 3 E disse: Senhor, se verdadeiramente tenho achado graça aos teus olhos, não passes pelo teu servo. 4 Permite que seja trazida a água para lavar os vossos pés, e refrescai-vos debaixo da ár- vore. 5 Trarei pão, e comereis; e, depois disso, continuareis vossa viagem, após haverdes dela vos desviado; a fim de que o vosso servo vos refresque. E ele falou: Assim seja, con- forme disseste. 6 Abraão apressou-se para a tenda de Sara e disse-lhe, Vai, depressa, e amassa três medi- das de farinha, e faze bolos. 7 Então Abraão correu para as vacas, to- mando um bezerro, tenro e bom, e o deu ao seu servo; e ele se apressou em prepará-lo. 8 Tomou, ainda, manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e colocou-os perante eles; e comeram. E ele permanecia junto de- les, debaixo da árvore. 9 E perguntou-lhe ele: Onde está Sara, tua mulher? Ele respondeu, dizendo: Eis que está na tenda. 10 Então, disse-lhe: Eu retornarei a ti nesta mesma estação, e Sara, tua mulher, terá um filho. Mas Sara estava ouvindo à porta da tenda, atrás dele. 11 Abraão e Sara eram já velhos e avançados em dias, e o costume das mulheres havia ces- sado com Sara. 12 Sara riu-se, dizendo: Tal coisa ainda não aconteceu comigo, até agora, e meu senhor já é velho! 13 Então o Senhor disse a Abraão: Por que motivo Sara riu-se, dizendo: Eu, todavia, de fato engravidarei? Pois estou velha. 14 Haverá algo impossível para o Senhor? Neste mesmo tempo voltarei a ti, nesta esta- ção, e Sara terá um filho. 15 Porém, Sara o negou, dizendo que não ha- via rido; pois ela estava com medo. Contudo ele lhe disse: Não é assim. Com certeza, tu riste. 16 E os homens, tendo se levantado dali, olharam na direção de Sodoma e Gomorra. Abraão foi com eles, assistindo-os em sua jornada. 17 E o Senhor disse: Devo esconder de Abraão, meu servo, as coisas que pretendo fazer? 18 Eis que Abraão deverá tornar-se uma na- ção grande e populosa, e nele todas as nações da terra serão abençoadas. 19 Pois eu sei que ele irá instruir os seus fi- lhos e a sua casa depois dele, e eles guardarão os caminhos do Senhor a fim de fazer justiça e juízo, para que o Senhor faça vir sobre Abraão todas as coisas a respeito das quais ele lhe tem falado. 20 E disse o Senhor: O clamor de Sodoma e Gomorra tem crescido para mim, e seus pe- cados são mui grandes. 21 Irei, pois, descer e ver se de fato eles cor- respondem plenamente ao clamor que chega até mim; e, se não for assim, que eu o saiba. 22 Então os homens, tendo partido dali, vie- ram à Sodoma. Todavia Abraão ainda per- manecia de pé diante do Senhor. 23 E Abraão aproximou-se, dizendo: Des- truirás o justo com o ímpio? Deverá ser o justo igual ao ímpio? 24 Caso haja cinquenta justos na cidade, tu os destruirás? Não pouparias o lugar todo por causa dos cinquenta justos, se eles lá se encontrassem? 25 De maneira alguma farias tal coisa, de modo a destruir o justo com o ímpio, para que o justo devesse ser como o ímpio; de maneira alguma. Tu que julgas o mundo in- teiro, não farias justiça? 26 E o Senhor disse: Se houver na cidade de Sodoma cinquenta justos eu pouparei a ci- dade inteira e todo o lugar, por causa deles. 27 Então Abraão respondeu, dizendo: Agora, eis que eu tenho começado a falar ao meu Senhor, eu que sou terra e cinza. 28 Todavia, se os cinquenta justos devessem ser reduzidos a quarenta e cinco, destruirias toda a cidade por causa dos cinco a menos? E ele disse: Eu não irei destruí-los, se achar ali quarenta e cinco justos. 29 Ele, porém, continuou a falar-lhe, di- zendo: Mas, e se não forem encontrados ali senão quarenta? E ele respondeu: Eu não irei destruí-los, por causa dos quarenta. 30 Então Abraão disse: Acontecerá alguma coisa, Senhor, se eu dever falar, ainda? e se não forem encontrados ali senão trinta? E ele respondeu: Eu não irei destruí-los, por causa dos trinta. 31 Então ele disse: Uma vez que me foi per- mitido falar com o Senhor: e se não forem encontrados ali senão vinte? E ele respon- deu: Eu não irei destruí-los, se encontrar lá os vinte. 32E ele disse: Haverá alguma coisa, Senhor, se eu ainda falar uma vez? Entretanto, e se forem encontrados ali somente dez? E ele disse: Eu não irei destruí-los, por amor dos dez. 33 Então o Senhor partiu, tendo acabado de falar com Abraão. E Abraão voltou para o seu lugar. GÊNESIS - CAPÍTULO 19 1 Vieram os dois anjos para Sodoma, à tarde. Ló estava assentado junto à porta de So- doma, e, tendo-os visto, levantou-se para ir ao seu encontro; e adorou com o rosto no chão, dizendo: 2 Ah! meus senhores, entrai na casa do vosso servo e descansai da viagem! Lavai vossos pés, e, levantando-vos no início da manhã, parti em vossa jornada. Mas eles disseram: Não, porém iremos nos acomodar na rua. 3 Contudo ele os constrangeu e concorda- ram com ele, entrando em sua casa. Prepa- rou-lhes um festim, e cozeram-se bolos ázi- mos; e eles comeram. 4 Entretanto, antes de irem dormir, os ho- mens da cidade, os sodomitas, cercaram a casa, jovens e velhos, todo o povo. 5 Chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde es- tão os homens que ficaram contigo esta noite? Traze-os fora a nós, para que possa- mos estar com eles. 6 Então Ló saiu-lhes à varanda, fechando a porta atrás de si, 7 e disse-lhes: De maneira nenhuma, irmãos; não agireis de forma tão vil. 8 Eis que eu tenho duas filhas que ainda não conheceram nenhum homem. Irei trazê-las para vós. Usai-as como quiserdes; tão so- mente não façais mal a estes homens. Pois para evitar isso foi que eles vieram abrigar-se à sombra do meu telhado. 9 Porém, disseram-lhe: Alto lá! Vieste para peregrinar, serás também juiz? Agora, então, iríamos tratar-te mal mais do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, sobre Ló, adiantando-se para arrombar a porta. 10 Então os homens estenderam as suas mãos e trouxeram Ló para eles, na casa; e fe- charam a porta da casa. 11 E feriram os homens que estavam na porta da casa com cegueira, tanto os peque- nos como os grandes; e eles ficaram cansa- dos de procurar a porta. 12 E os homens disseram a Ló: Tens aqui genros, filhos ou filhas? ou se tens algum ou- tro amigo na cidade, tira-os deste lugar; 13 porque iremos destruí-lo. Pois o seu cla- mor levantou-se diante do Senhor, e o Se- nhor nos enviou para destruí-lo. 14 Então Ló saiu e falou aos seus genros, os quais se tinham casado com as suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos e saí deste lugar, pois o Senhor está prestes a destruir a cidade. Todavia ele parecia, aos seus genros, estar fa- lando loucamente. 15 Porém, quando amanheceu, os anjos apertaram com Ló, dizendo: Levanta-te, toma a tua mulher e as tuas duas filhas, e se- gue adiante; para que também não sejas des- truído junto com as iniquidades da cidade. 16 Eles, entretanto, ficaram sem saber o que fazer. Então os anjos pegaram na sua mão, na mão de sua esposa e nas mãos de suas duas filhas. Porquanto o Senhor os poupara. 17 E aconteceu, quando os retiraram, que lhe disseram: Salva tua própria vida como pude- res, não te voltes a olhar o que ficar para trás nem em toda a região ao redor. Escapa para o monte, a fim de que não sejas, tu também, tomado juntamente com eles. 18 Então Ló disse-lhe: Eu imploro, Senhor; 19 pois o teu servo achou mercê diante de ti e tens engrandecido a tua justiça em tudo o que fazes, a fim de que a minha alma possa viver. Porque eu não serei capaz de escapar para a montanha. Pois, quem sabe, lá a cala- midade iria alcançar-me, e morrerei. 20 Eis que existe uma cidade, bastante pró- xima de mim para que eu possa fugir para lá, a qual é bem pequena; e nela estarei preser- vado. Acaso não é pequena? E viverá a mi- nha alma, graças a ti. 21 Então, disse-lhe ele: Eis que concordei contigo também sobre esta coisa, que não deveria subverter a cidade a respeito da qual falaste. 22 Apressa-te, portanto, a fugir para ela, pois não poderei fazer nada até que chegues lá. Por isso, chamou o nome da cidade: Zoar. 23 O sol ia subindo da terra, quando Ló en- trou em Zoar. 24 E o Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do Senhor, vindos do céu. 25 Ele destruiu essas cidades e todo o seu território ao redor, junto com todos os que habitavam nas cidades, e até mesmo as plan- tas que brotavam do chão. 26 Entretanto, a mulher de Ló olhou para trás, sendo convertida numa estátua de sal. 27 Abraão se levantou, cedo, para ir ao lugar onde tinha estado antes com o Senhor. 28 Ele olhou na direção de Sodoma e Go- morra, para o país vizinho; olhou, e eis que uma chama subia da terra, como a fumaça de uma fornalha. 29 E aconteceu, quando Deus destruiu todas as cidades da região em redor, que ele se lem- brou de Abraão, tirando Ló do meio da des- truição, quando o Senhor destruiu aquelas ci- dades em que Ló habitara. 30 Ló subiu de Zoar e habitou na montanha, ele e as suas duas filhas com ele, porque te- mia habitar em Zoar. Habitou numa caverna, e as suas duas filhas com ele. 31 Então a mais velha disse à menor: Nosso pai está velho e não há ninguém na Terra que venha até nós, como é o costume em toda a Terra. 32 Vinde, demos a beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele; e iremos levantar uma semente de nosso pai. 33 Dessa forma, fizeram seu pai beber vinho, naquela noite. E a mais velha entrou e dei- tou-se com seu pai, naquela noite. Porém ele não soube de nada, nem quando foi dormir e nem quando se levantou. 34 E aconteceu que no dia seguinte a mais velha disse à menor: Eis que eu dormi ontem à noite com nosso pai. Fá-lo-emos beber vi- nho nesta noite também, e irás tu entrar e dormir com ele; e levantaremos uma descen- dência a nosso pai. 35 Assim, fizeram beber vinho a seu pai na- quela noite também, e a mais nova entrou e dormiu com o seu pai; mas ele não soube de nada, nem quando foi dormir e nem quando se levantou. 36 Então as duas filhas de Ló conceberam de seu pai. 37 A mais velha teve um filho e chamou-lhe Moabe, dizendo: Ele é de meu pai. Esse é o pai dos moabitas, até o presente dia. 38 A mais jovem também teve um filho, e chamou o seu nome Amom, dizendo: Ele é filho de minha família. Esse é o pai dos amo- nitas, até o dia de hoje. GÊNESIS - CAPÍTULO 20 1 Abraão partiu dali para o sul do país, habi- tando entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar. 2 Mas Abraão disse a respeito de Sara, sua esposa: Ela é minha irmã. Porque temia di- zer: É minha esposa; para que os homens da cidade não quisessem, a qualquer momento, matá-lo por causa dela. Então Abimeleque, rei de Gerar, enviou seus homens, que toma- ram Sara. 3 E Deus veio a Abimeleque durante a noite, no sono, dizendo-lhe: Eis que morrerás por causa da mulher que tomaste, porquanto ela tem vivido com o seu marido. 4 Porém Abimeleque ainda não havia tocado nela, e disse: Senhor, irás destruir uma nação justa e que peca sem saber? 5 Não me disse ele: É minha irmã? e não disse ela para mim: É meu irmão? Com um coração puro e na justiça das minhas mãos foi que fiz isso. 6 Então Deus disse-lhe, no sono: Sim, eu sa- bia que fizeste isso com um coração puro, e poupei-te, de modo que não pecasses contra mim; pois não te permiti tocá-la. 7 Porém, agora, devolve ao homem a sua mulher, porque ele é um profeta e interce- derá por ti, e viverás; todavia, se não quiseres devolvê-la para ele, sabe que morrerás e to- dos os teus. 8 Levantou-se Abimeleque de manhã cedo, chamou os seus servos e falou todas essas palavras em seus ouvidos. E todos os ho- mens foram possuídos de grande temor. 9 Abimeleque mandou chamar Abraão e disse-lhe: Que é isto que fizeste para nós? Cometemos algum pecado contra ti, que fi- zeste vir sobre mim e sobre o meu reino ta- manho pecado? Tu tens feito comigo uma coisa a qual ninguém deveria fazer. 10 E Abimeleque disse a Abraão: Que viste em mim para que fizesses isso? 11 Abraão respondeu-lhe: Foi por que eu disse: Certamente Deus não é adorado neste lugar, e eles me matarão por causa da minha esposa. 12 Porque, realmente, elaé minha irmã por meu pai, mas não por minha mãe; e tornou- se minha esposa. 13 E aconteceu, quando Deus me levou para fora da casa de meu pai, que eu disse á ela: Assim me farás justiça: em todos os lugares nos quais entrarmos, dirás de mim: Ele é meu irmão. 14 Então tomou Abimeleque mil peças de prata, ovelhas e bezerros, servos e servas, e deu-os a Abraão; e devolveu a ele Sara, sua esposa. 15 E Abimeleque disse a Abraão: Eis que a minha terra está diante de ti, habita onde te for agradável. 16 E a Sara, ele disse: Eis que tenho dado a teu irmão mil moedas de prata; essas devem ser para ti, como o preço da tua beleza, e para todas as mulheres contigo. E sejam sinceras em todas as coisas. 17 Então Abraão orou a Deus, e Deus sarou a Abimeleque e a sua esposa, aos seus servos e as suas mulheres; e elas tiveram filhos. 18 Porque o Senhor havia fechado, desde o interior, cada ventre na casa de Abimeleque, por causa de Sara, esposa de Abraão. GÊNESIS - CAPÍTULO 21 1 O Senhor visitou Sara, conforme dissera. E o Senhor fez para Sara como ele lhe pro- metera. 2 Ela concebeu e deu à luz um filho para Abraão na sua velhice, no tempo determi- nado, conforme o Senhor falara com ele. 3 Abraão chamou o nome de seu filho que lhe nascera, o qual Sara lhe dera, Isaque. 4 Abraão circuncidou Isaque ao oitavo dia, conforme Deus lhe ordenara. 5 Era Abraão de cem anos de idade quando Isaque, seu filho, nasceu. 6 Então Sara disse: O Senhor tem concedido a mim motivo de riso, porquanto aqueles que ouvirem isto alegrar-se-ão comigo. 7 E ela disse: Quem diria a Abraão que Sara amamentaria uma criança? Pois eis que eu tive um filho, na minha idade avançada. 8 O menino cresceu e foi desmamado, e Abraão fez um grande banquete no dia em que seu filho Isaque foi desmamado. 9 Sara avistou o filho de Hagar, a egípcia, o qual nascera para Abraão, fazendo zomba- rias com seu filho Isaque; 10 e, logo em seguida, ela disse para Abraão: Expulsa a escrava e seu filho, pois o filho dessa escrava não herdará com meu filho Isa- que. 11 Contudo, essa palavra a respeito de seu filho parecia muito difícil para Abraão. 12 E Deus disse a Abraão: Que não seja isto difícil diante de ti em relação à criança e em relação à escrava; todavia, em todas as coisas que Sara te disser ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência. 13 E, além do mais, irei fazer do filho desta serva uma grande nação; porquanto ele é a tua semente. 14 Abraão se levantou pela manhã, tomou pão e um odre de água e os deu a Hagar, e colocou a criança em seu ombro, despe- dindo-a. Ela, tendo partido, vagou no de- serto, próximo ao poço do Juramento. 15 Entretanto, a água vazou para fora do odre. Então ela deitou o menino debaixo de uma árvore de abeto, 16 e afastou-se, assentando-se diante dele, à uma certa distância, tal como a de um tiro de arco; pois que dissera: Certamente não pode- rei contemplar a morte de meu filho. Ela se assentou em frente a ele, e a criança gritou e chorou. 17 Deus ouviu a voz da criança, vinda do lu- gar onde ela estava; Então um anjo de Deus chamou Hagar, do céu, e disse-lhe: Que tens, Hagar? Não temas, porque Deus ouviu a voz da criança, vinda do lugar onde está. 18 Levanta-te, toma o menino, e pega-o na tua mão, porque farei dele uma grande na- ção. 19 Deus abriu-lhe os olhos, e ela viu uma fonte a jorrar água. Correu e encheu o odre com água, e deu de beber ao seu filho. 20 Deus estava com o menino, e ele cresceu e habitou no deserto, tornando-se um ar- queiro. 21 Habitou ele no deserto, e a sua mãe to- mou-lhe uma mulher de Parã, do Egito. 22 E aconteceu, naquele tempo, que Abime- leque e Ocozate, seu amigo, e Ficol, o co- mandante do seu exército, falaram a Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo, em qual- quer coisa que vieres a fazer. 23 Agora, pois, jura-me por Deus que não irás ferir-me, nem à minha semente, nem ao meu nome; entretanto, de acordo com a jus- tiça a qual eu te demonstrei, assim deverás agir para comigo e para com a terra na qual tens peregrinado. 24 E disse Abraão: Eu juro. 25 Então Abraão repreendeu a Abimeleque por causa dos poços de água que os servos desse lhe haviam tomado. 26 E Abimeleque lhe disse: Não sei quem fez essa coisa contra ti; nem tu me havias con- tado nem eu tinha ouvido nada a respeito disso, até o dia de hoje. 27 Então Abraão tomou ovelhas e bezerros e os deu a Abimeleque; e ambos fizeram um pacto. 28 Abraão separou sete cordeiras, pondo-as à parte. 29 E Abimeleque disse a Abraão: Para o que são estas sete cordeiras que puseste separa- das? 30 Abraão respondeu-lhe: Receberás de mim as sete cordeiras, a fim de que elas sejam como um testemunho de que eu cavei este poço. 31 Portanto, ele chamou o nome daquele lu- gar o poço do Juramento; pois, ali, os dois juraram. 32 E fizeram eles um pacto junto ao poço Do Juramento. Então levantou-se Abimele- que, Ocozate, seu amigo, e Ficol, o coman- dante-em-chefe do seu exército, e voltaram para a terra dos filisteus. 33 Abraão plantou uma tamargueira junto ao poço do Juramento, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno. 34 E Abraão peregrinou na terra dos filis- teus, por muitos dias. GÊNESIS - CAPÍTULO 22 1 E aconteceu, depois dessas coisas, que Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: Abraão! Abraão! E ele respondeu: Eis que eu estou aqui! 2 E ele disse: Toma o teu filho amado, aquele a quem amas, Isaque, e vai para a terra mon- tanhosa; e oferece-o ali como uma oferta de holocausto, sobre um dos montes que eu te mostrarei. 3 Abraão se levantou pela manhã e albardou o seu jumento, tomando consigo dois servos, e também Isaque, seu filho; e tendo cortado madeira para uma oferta de holocausto, le- vantou-se e partiu, vindo até o lugar do qual Deus lhe falara, 4 chegando ali ao terceiro dia. Abraão ergueu os olhos e avistou o lugar, de longe. 5 Então Abraão disse aos seus servos: Assen- tai-vos aqui com o jumento; eu e o moço prosseguiremos até lá, e, tendo adorado, re- tornaremos para vós. 6 Abraão tomou a lenha da oferta de holo- causto e a pôs sobre Isaque, seu filho, to- mando em suas mãos o fogo e a faca; e os dois se foram, juntos. 7 Disse Isaque ao seu pai, Abraão: Pai! E ele respondeu: Que é, filho? E ele disse-lhe: Eis o fogo e eis a lenha. Onde está a ovelha para uma oferta de holocausto? 8 Abraão respondeu: Deus proverá para si um cordeiro para a oferta de holocausto, meu filho. E, havendo ido, juntos, 9 chegaram ao lugar do qual Deus lhe falara. Ali Abraão construiu o altar, pondo a lenha sobre ele; e, depois de ter atado juntos os pés de seu filho Isaque, deitou-o sobre o altar, em cima da madeira. 10 Então Abraão estendeu a mão a fim de pegar a faca para matar seu filho. 11 Porém, um anjo do Senhor o chamou do céu, dizendo: Abraão! Abraão! Ele respon- deu: Eis que estou aqui! 12 E ele disse: Não estendas a mão sobre a criança, nem lhe faças nada; pois agora sei que temes a Deus, e, por minha causa, não poupaste teu filho amado. 13 Abraão levantou os olhos, fixando-os e, eis que um carneiro estava preso pelos chi- fres em uma planta, em um arbusto. Então Abraão tomou o carneiro, oferecendo-o como uma oferta de holocausto no lugar de seu filho Isaque. 14 Abraão chamou o nome daquele lugar: Eu vi o Senhor; a fim de que se possa dizer, nos dias de hoje: No monte em que o Senhor foi visto. 15 Pela segunda vez, um anjo do Senhor cha- mou Abraão, do céu, dizendo: 16 Jurei por mim mesmo, diz o Senhor, por- quanto fizeste isso, e por minha considera- ção não poupaste teu filho amado, 17 certamente eu te abençoarei muitíssimo, e multiplicarei a tua descendência como as es- trelas do céu e como a areia que está na beira do mar; e a tua descendência herdará as cida- des dos seus inimigos. 18 Em tua semente todas as nações da terra serão abençoadas, porquanto ouviste a mi- nha voz. 19 Então Abraão retornou aos seus servos, e eles se levantaram
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