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Resenha Dos Delitos e Das Penas

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Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN 
Faculdade de Direito – FAD 
 
 
 
 
 
 
Laisla Laize de Souza Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
Resenha da obra “Dos Delitos e Das Penas” – Cesare Beccaria 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mossoró 
2023 
 A obra em questão foi publicada no século XVIII pelo autor Cesare Beccaria, 
a qual compôs um texto tão complexo e autêntico que perpetuou além de sua 
existência. Nesse viés, é frequente o seu uso na atual conjuntura no âmbito jurídico, 
visto o seu tema atemporal, que retrata casos cotidianos sobre a nossa legislação e o 
modo em que empregamos o direito na sociedade, apesar da sua obsoleta origem. 
 De início, Beccaria dialoga sobre o nascimento das sociedades, a qual era 
díspar da atual. O agrupamento humano iniciou-se por interesses particulares, sendo 
estes proteção contra a invasão de propriedade ou temor por suas vidas, assim, cada 
um dispôs a sacrificar uma parte de liberdade para preservar a segurança do todo. 
Dessa forma, criou-se o Contrato Social, abertamente abordado por Jacques 
Rousseau, John Locke e Thomas Hobbes. 
“Cada homem, só por seus interesses, está ligado às diferentes 
combinações políticas deste globo; e cada qual desejaria, se fosse 
possível, não estar ligado pelas convenções que obrigam os outros 
homens.”(Beccaria, 2015, p. 22) 
Com base no Contrato Social, Beccaria as ideias para o seu texto, pois com 
o pacto firmado entre os indivíduos houve a necessidade de criar regras de convívio, 
onde nenhum direito prevalecesse sobre o outro, diferentemente da selvageria que 
era inerente ao homem. Por conseguinte, para haver harmonia na sociedade, 
elaborou-se penas para os delitos cometidos pelos indivíduos. 
Realizada a introdução da obra, Beccaria relata em seu texto sobre a 
obscuridade das leis, a qual somente uma pequena parcela da população tem acesso. 
Tais leis são redigidas em uma linguagem desconhecida pela sociedade, escondidas 
dos indivíduos. A legislação, assim como o texto, deve ser acessível ao maior nível 
de pessoas, tornando-se possível a sua total compreensão. 
 “Enquanto o texto das leis não for um livro familiar, uma espécie de 
catecismo, enquanto forem escritas numa língua morta e ignorada 
pelo povo, e enquanto forem solenemente conservadas como 
misteriosos oráculos, o cidadão que não puder julgar por si mesmo as 
consequências que devem ter os seus próprios atos sobre a sua 
liberdade e sobre os seus bens ficará na dependência de um pequeno 
número de homens depositários e intérpretes da lei.” (Beccaria, 2015, 
p. 28). 
Posteriormente, o autor começa a dissertar sobre as prisões e a sua função 
como pena sobre os delitos cometidos. Ao cometer um crime, o acusado poderá ser 
preso e interrogado, conforme as leis existentes, todavia, os agentes da lei utilizam 
mais que um simples interrogatório contra o acusado, aplicam tortura no indivíduo. 
Nesse sentido, a tortura empregada força a pessoa a admitir que cometeu o crime, 
caso não declare facilmente, é torturado até declarar sua confissão. Beccaria nos 
relata que a medida do equilíbrio entre os delitos e as penas forem estabelecidos, a 
prisão não será mais uma mansão horrível de desespero e fome. 
 Ademais, Beccaria deixa claro em sua obra que a tortura é inútil na sua 
utilização como meio de arrancar respostas e confissões de um acusado. Este modo 
de agir é a forma mais fácil de condenar um inocente, haja vista a impressão de dor 
que deixa no indivíduo, ocasionando a sua confissão com o intuito de extinguir a dor 
que lhe foi infligida. Contudo, se o acusado for realmente culpado de tais crimes, este 
não deverá fabricar provas para a sua condenação, alegando cada vez mais o caráter 
ineficaz da tortura. 
“Eis uma proposição bem simples: ou o delito é certo, ou é incerto. Se 
é certo, só deve ser punido com a pena fixada pela lei, e a tortura é 
inútil, pois já não se tem necessidade das confissões do acusado. Se 
o delito é incerto, não é hediondo atormentar um inocente? Com 
efeito, perante as leis, é inocente aquele cujo delito não se provou.” 
(Beccaria, 2015, p. 41) 
 Dentro da mesma linha de raciocínio, Beccaria se manifesta sobre a 
moderação das penas. O escritor expõe que a finalidade das penas não é infligir dor 
no acusado, muito menos desfazer o crime cometido, somente impedir o culpado 
futuramente seja danoso para a sociedade e repita tais delitos novamente. 
 “Entre as penas e na maneira de aplicá-las proporcionalmente aos 
delitos, é mister, pois, escolher os meios que devem causar no espírito 
público a impressão eficaz e mais durável e, ao mesmo tempo, menos 
cruel ao culpado.” (Beccaria, 2015, p. 53) 
 Outrossim, Beccaria decorre também sobre as penas de morte e suas 
implicações. Para Beccaria a pena de morte é uma guerra declara ao indivíduo, onde 
o Estado julgou ser necessária o término da sua vida, contudo, este fato entra em 
contradição contra o crime de suicídio, haja vista que na época da publicação da obra 
tal ato era um delito grave. Por essa lógica, não há sentido na condenação de um 
cidadão à morte se o mesmo não tem o direito de encerrar a própria existência. Juízes 
não deveriam ter a autoridade sobre a vida de outrem. 
 Nessa acepção, para Beccaria haveria maior sentido, e temor, se a pena 
fosse escravidão. Nesta modalidade de pena o indivíduo estará temeroso e infeliz pelo 
restante da sua vida, diferentemente da pena de morte, a qual o sofrimento é 
perecedouro. Além do mais, serve de exemplo para os demais, ponto em vista que os 
cidadãos sempre estarão observando o padecimento do condenado. 
 “A vantagem da pena da escravidão, para a sociedade, é que ela 
amedronta mais aquele que a testemunha do que quem a sofre, 
porque o primeiro considera a soma de todos os momentos infelizes, 
ao passo que o segundo se alheia de suas penas futuras, pelos 
sentimentos da felicidade presente.” (Beccaria, 2015, p. 58) 
 Há também a inevitabilidade das penas e das graças, a qual é tão 
contemporâneo quanto o restante do livro. Beccaria acredita que se você cometeu 
algum delito, terá que cumprir a respectiva pena descrita na lei. Por mais que haja um 
ato de benevolência por parte daquele sofreu o delito, o culpado não será isento sobre 
a lei, posto que o direito de punir ou não o culpado não recai sobre os cidadãos em 
particular, e sim a lei, que guarda os interesses de toda a sociedade. Tal questão é 
muito presente no atual cenário, onde as pessoas se abstêm da denúncia de crimes, 
seja por conhecerem o culpado ou fazer o uso da benevolência, ocasionando o risco 
do indivíduo cometer novamente o crime, tendo em vista que a mesma não sofreu 
nenhuma pena. Dessa forma, diversos crimes não são penalizados na sociedade. 
 Obstante aos temas abordados até o momento, Beccaria fala sobre a 
ociosidade na sociedade. Para o autor, pessoas ociosas são inúteis para o corpo civil, 
tendo em vista quem nem trabalham e nem geram riqueza para o Estado. Com a 
ineficácia dessas pessoas para a sociedade, Beccaria declara que algumas espécies 
de ociosidade deveriam haver punição, dessa maneira os indivíduos não recairiam 
sobre esse vício. 
 Por fim, falaremos sobre os meios de preservação dos crimes. Segundo 
Beccaria, é imprescindível prevenir um crime do que ter que puni-lo posteriormente, 
contudo, esta teoria não é aplicada, posto que não há medidas de prevenção contra 
os delitos, somente preocupam-se quando o ato já foi infligido. Nesse caso, é formado 
um ciclo no qual há a criação de novos crimes, no lugar da extinção dos mesmos. 
“Para um motivo que leva os homens a cometer um crime, há mil 
outros que os levam a ações indiferentes, que só são delitos perante 
as más leis. Ora, quanto se estender a esfera dos crimes, tanto mais 
se fará que sejam cometidos, porquever-se-ão os delitos 
multiplicarem-se à medida que os motivos de delitos especificados 
pelas leis forem numerosos, sobretudo se a maioria dessas leis não 
passar de privilégios, isto é, de um pequeno número de 
senhores.”(Beccaria, 2015, p. 104-105) 
 Conclui-se que Cesare Beccaria nos deixou uma obra que, em determinados 
conceitos, encontra-se muito a frente do seu tempo, a qual é necessária a leitura para 
todos aqueles amantes do direito e juristas. Mas além disso, é uma obra que toda a 
sociedade deveria ter acesso, haja vista o seu riquíssimo conhecimento acerca das 
leis e suas aplicações, seus deveres e seus direitos quanto cidadãos de uma 
sociedade que abrange a todos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: EDIPRO, Ed. 2015.

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