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1. Estruturas do sistema nervoso central As principais áreas do SNC incluem o cérebro, cerebelo e tronco cerebral. Cada uma destas partes tem uma função especial. • Cérebro. O cérebro é o centro de controle do corpo enviando mensagens ao longo das fibras nervosas. O cérebro é dividido em duas metades, os hemisférios cerebrais direito e esquerdo. Os hemisférios cerebrais controlam o movimento, o pensamento, a memória, as emoções, os sentidos e a fala. Os sintomas causados por um tumor num hemisfério cerebral dependendo da sua localização, podem incluir convulsões, problemas na fala, mudanças de humor, mudanças na personalidade, fraqueza ou paralisia em parte do corpo, problemas na visão ou na audição ou em outros sentidos. • Cerebelo. O cerebelo está localizado abaixo e na parte posterior do cérebro. O cerebelo mantém o equilíbrio e a postura, controla o tônus muscular e os movimentos voluntários. Os tumores do cerebelo podem causar problemas de coordenação dos movimentos, perda do equilíbrio, diminuição do tônus da musculatura esquelética, problemas de deglutição ou sincronização dos movimentos oculares, e alteração do ritmo da fala. • Tronco cerebral. O tronco cerebral ou tronco encefálico está situado entre a medula espinhal e o cérebro. É a área do SNC responsável pelo controle da pressão arterial, deglutição, respiração e batimentos cardíacos. O tronco cerebral possui três porções: o bulbo raquidiano, a ponte (protuberância) e o mesencéfalo. É no tronco encefálico que se encontra fixo o cerebelo. Tumores nesta região podem provocar fraqueza, visão dupla, rigidez muscular ou problemas com a sensibilidade, movimentos dos olhos, audição, movimento facial, coordenação dos pés ou deglutição. • Nervos cranianos. Os nervos cranianos são os que se conectam com o encéfalo. Esses nervos transmitem sinais diretamente entre o cérebro e o rosto, olhos, língua, boca e algumas outras áreas. Os tumores que acometem os nervos cranianos podem provocar problemas de visão, problemas de deglutição, perda de audição, paralisia facial, dormência ou dor, entre outros. • Medula espinhal. A medula espinhal é composta por fibras nervosas que transportam sinais relacionados ao controle muscular, sensação e controle da bexiga e intestino. Os tumores da medula espinhal podem provocar fraqueza, paralisia ou dormência. • Glândula pituitária e hipotálamo. A glândula pituitária ou hipófise é uma glândula, situada na sela túrcica (cavidade óssea localizada na base do cérebro), ligado ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário. A hipófise é responsável por várias funções do organismo como crescimento, metabolismo, produção de corticoides naturais, menstruação e produção de óvulos, produção de espermatozoides, e produção de leite nas mamas. O crescimento de tumores próximos à glândula pituitária ou do hipotálamo, assim como a cirurgia ou radioterapia nessas áreas podem interferir nessas funções. • Glândula pineal. A glândula pineal não é exatamente uma parte do cérebro, na verdade é uma pequena glândula endócrina localizada entre os hemisférios cerebrais. A glândula pineal produz a melatonina. Esse hormônio sincroniza os vários ritmos circadianos do organismo com o ciclo dia/noite. As alterações diárias da melatonina, com seu pico se situando durante a noite, agem em receptores do próprio hipotálamo, que se encarregam de sincronizar o ciclo vigília/sono do corpo e o funcionamento de outros hormônios. Os tumores mais frequentes da glândula pineal são denominados pineoblastomas. • Barreira hematoencefálica. A barreira sangue cérebro (barreira hematoencefálica) é uma estrutura que atua principalmente para proteger o sistema nervoso central de substâncias químicas presentes no sangue, permitindo ao mesmo tempo a função metabólica normal do cérebro. É composta de células endoteliais, que são agrupadas nos capilares cerebrais. Essa densidade aumentada restringe muito a passagem de substâncias a partir da corrente sanguínea, muito mais do que as células endoteliais presentes em qualquer lugar do corpo. Infelizmente, essa barreira também impede a entrada dos medicamentos quimioterápicos usados para destruir as células cancerígenas. • Plexo coroide. O plexo coroide é a área do cérebro localizada dentro dos ventrículos que produz o líquido cefalorraquidiano (LCR) para nutrir e proteger o cérebro. 2. Tipos de células e tecidos do sistema nervoso central O sistema nervoso central (SNC) é formado por vários tipos de células e tecidos: • Neurônios. Os neurônios são as células mais importantes no cérebro. Eles são responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio interno e externo, possibilitando ao organismo a execução de ações e respostas adequadas. Ao contrário de muitos outros tipos de células que podem crescer e se dividirem para reparar os danos causados por uma lesão ou uma doença, os neurônios param de se dividir cerca de um ano após o nascimento. Os neurônios não costumam formar tumores, mas muitas vezes são danificados por tumores que se iniciam nas proximidades. • Células gliais. São células de suporte do cérebro. As células gliais podem se tornar cancerígenas e crescer formando um tumor cerebral. Os tumores que se desenvolvem nas células gliais são denominados gliomas. Existem três tipos de células gliais, além de um quarto tipo denominado micróglia, que não é verdadeiramente uma célula glial, mas faz parte do sistema imunológico: 1. Astrócitos. Essas células têm a função de sustentação e nutrição dos neurônios. Quando o cérebro está lesionado, os astrócitos formam o tecido de cicatrização para reparar o dano. Os principais tumores que se iniciam nestas células são os astrocitomas ou glioblastomas. 2. Oligodendrócitos. Essas células são responsáveis pela produção da bainha de mielina, uma substância gordurosa, que tem a função de isolante elétrico para os neurônios do SNC. Os tumores que se iniciam nestas células são chamados oligodendrogliomas. 3. Células ependimárias. São células epiteliais colunares que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinhal. Em algumas regiões, essas células são ciliadas, facilitando a movimentação do líquido cefalorraquidiano. Os tumores que se iniciam nessas células são chamados ependimomas. 4. Micróglia. Estas células participam do processo de inflamação e reparação do SNC, secretam também diversas citocinas reguladoras do processo imunológico e removem os restos celulares que surgem nas lesões do SNC. • Células neuroectodérmicas. As células neuroectodérmicas são células primitivas, provavelmente remanescentes das células embrionárias, e encontradas em todo o cérebro. O tumor mais comum dessas células no cerebelo é o meduloblastoma. • Meninges. As meninges são membranas de tecido conjuntivo que revestem e protegem o cérebro e a medula espinhal. Apesar de sua função protetora, as meninges podem ser alvo de patologias importantes, como tumores benignos, meningiomas e as conhecidas meningites O Sistema Nervoso está dividido anatomicamente em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). Sistema Nervoso Central Consiste do encéfalo e da medula espinal. Estão completamente contidos em espaços determinados por organizações esqueléticas, a cavidade craniana e a o canal vertebral. O SNC é o centro integrador e controlador do sistema nervoso. Ele recebe impulsos sensitivos do sistema nervoso periférico e formula respostas para esses impulsos. Encéfalo Composto pelo telencéfalo (cérebro); diencéfalo (tálamo, epitálamo, hipotálamo); mesencéfalo (corpos quadrigêmeos e pedúnculos cerebrais); metencéfalo (cerebelo e ponte) e mielencéfalo (medula oblonga ou bulbo). Figura 4. encéfalo (Adaptado de de Sobotta Atlas de Anatomia Humana 21 ed.). Telencéfalo- Cérebro Consiste de dois hemisférios (direito e esquerdo) que apresentam, em sua camada externa substância cinzenta constituídaprincipalmente por corpos neuronais e fibras amielínicas. Essa camada é o córtex cerebral. Figura 5. A: vista superior do cérebro; B: vista inferior do cérebro. (Adaptado de de Sobotta Atlas de Anatomia Humana 21 ed). Na base de cada hemisfério cerebral, existem pequenos aglomerados de substância cinzenta chamados de núcleos da base. Os núcleos da base são: caudado, corpo amigdaloide, lentiforme, putame e globo pálido, claustro e substância basal de Meynert. Entre os núcleos da base e o córtex há a presença de substância branca, que são tratos de fibras nervosas mielínicas. Há tratos entre as diferentes regiões do córtex e ainda entre outras regiões do encéfalo ou entre os lados do encéfalo (tratos comissurais). Dentre os principais tratos comissurais está o corpo caloso que conecta os hemisférios entre si e permite a troca de informações entre eles. Figura 6. Vista lateral do cérebro, com o corpo caloso. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). A superfície do cérebro apresenta várias saliências chamadas giros ou circunvolunções, separadas por sulcos ou fissuras. Essas dobras permitem a existência de uma área muito maior de córtex. O cérebro pode ser ainda dividido em regiões chamadas de lóbulos: parietal, frontal, occiptal, temporal e o da ínsula. Figura 7. A: lobos superficiais do encéfalo. B: lobo da ínsula. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). Os limites desses lobos nem sempre são anatomicamente determinados. Dividindo o lobo frontal do lobo parietal está o sulco central. Entre os lobos parietal e occipital, a divisão é uma linha imaginária entre os limites dos dois ossos, na calota craniana. Entre os lobos occipital e temporal, da mesma forma. Entre o lobo temporal e os lobos frontal e parietal há o sulco lateral do hemisfério cerebral. O sulco central é regular, ou seja em todos os indivíduos ele está presente. Adiante desse está o giro pré-central e imediatamente atrás está o giro pós-central. O giro pré-central relaciona-se ao desempenho de funções motoras e o pós-central, de funções sensitivas. Figura 8. A e B: áreas corticais relacionadas com interpretação de sensibilidade. (Adaptado de de Sobotta Atlas de Anatomia Humana 21 ed). Diencéfalo Nessa região do encéfalo são observadas as estruturas dos tálamos, do hipotálamo e do epitálamo, cujas organização e funções são distintas. Os tálamos são duas massas ovoides de substância cinzenta conectadas pela aderência intertalâmica. São os principais centros integradores de atividades e da via sensitiva, no encéfalo. Todos os impulsos sensitivos chegam aos tálamos com exceção do impulso olfatório, e de lá são destinados às diferentes áreas do córtex cerebral, onde essas informações serão processadas. O hipotálamo é situado abaixo dos tálamos e delimitado superficialmente pelas estruturas: corpos mamilares, túber cinéreo, infundíbulo e quiasma óptico. Em suas paredes está delimitado o terceiro ventrículo e nelas estão diversos núcleos cujas funções estão relacionadas a atividades vegetativas imprescindíveis para a manutenção da homeostase, como o controle da ingestão de água, de alimentos, controle da temperatura, integração de funções como o estabelecimento do ciclo circadiano, etc. Produz hormônios que controlam a liberação de hormônios produzidos pela hipófise e produz hormônios que serão armazenados e posteriormente liberados pela neurohipófise. Figura 9. A: hemiencéfalo, com hipotálamo; B: hipotálamo, destacando seus núcleos. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed e Sobotta Atlas de Anatomia Humana 21 ed). O epitálamo é a região dorsal do diencéfalo, onde se localiza o corpo pineal, cuja função é neuro-endócrina relacionada a excreção de melatonina. Essa substância é importante no mecanismo do sono. Mesencéfalo Nessa região observamos na anatomia de superfície os pedúculos cerebrais ventralmente e os corpos quadrigêmios, dorsalmente. O aqueduto mesencefálico, no interior do mesencéfalo, é um pequeno canal que liga o terceiro ventrículo ao quarto. Os pedúnculos do cérebro são duas saliências cilíndricas compostas de fibras motoras que trafegam do cérebro pra medula e fibras sensitivas que partem da medula para o tálamo. Os corpos quadrigêmeos, também denominados de colículos são em número de quatro saliências arredondadas, na superfície dorsal do mesencéfalo. Os dois superiores integram atividades relacionadas aos estímulos visuais. Os colículos inferiores atuam como estação intermediária e centros de reflexos para estímulos auditivos. Metencéfalo Essa região é composta pela ponte cerebral e pelo cerebelo. O cerebelo é composto por dois hemisférios conectados por uma estrutura denominada verme cerebelar. Sua superfície se assemelha à dos hemisférios cerebrais, pois é composta de substância cinzenta separada em projeções. Essas se diferenciam dos giros e circunvoluções, constituindo placas achatadas e paralelas chamadas de folhas cerebelares, separadas por sulcos paralelos. O cerebelo está relacionado com funções motoras desenvolvidas em nível inconsciente, como tônus muscular, movimentos finos e manutenção do equilíbrio. Figura 10. A: vista superior do cerebelo; e B: vista ventral do cerebelo. (Adaptado de Sobotta Atlas de Anatomia Humana 21 ed). A ponte cerebral está localizada na superfície ventral do metencéfalo e consiste de tratos nervosos e vários núcleos. Ela funciona principalmente como um meio de união entre cérebro, tronco encefálico e cerebelo, proporcionando conexões entre níveis altos e baixos do SNC. Além disso, o estímulo de núcleos localizados na ponte interfere no padrão de respiração. Mielencéfalo O bulbo ou medula oblonga constitui, com a ponte e o mesencéfalo, o tronco encefálico. Caudalmente, o bulbo se continua com a medula espinal. Sobre sua face ventral existem duas colunas extensas de tratos nervosos motores denominadas pirâmides. No interior do tronco cerebral existe uma malha de substância cinzenta conectadas e entrelaçadas, denominada de formação reticular. Ela se estende através do tronco encefálico até o diencéfalo. A formação reticular está conectada a inúmeras regiões do encéfalo. Essa organização permite o desenvolvimento de inúmeras funções, como a ativação elétrica do córtex do cérebro, determinando a vigília. Inclui centros medulares que controlam funções vitais como freqüência cardíaca, respiratória, dilatação e constrição dos vasos sanguíneos, tosse, deglutição e vômito. Medula Espinal Abaixo do bulbo, o sistema nervoso central se continua como medula espinal. A medula desempenha duas funções principais: (1) conduz os impulsos nervosos para o encéfalo e do encéfalo; (2) processa informações sensitivas de uma forma limitada, tornando possível atividades reflexas estereotipadas (reflexos espinais) sem ação dos centros superiores do encéfalo, como aquela defensiva que realizamos ao tocar em um objeto quente. Figura 11. A: nervos espinais; B: cauda eqüina; C: substância cinzenta da medula espinal; D: medula espinal no canal vertebral; E: composição do nervo espinal.(Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). Estrutura geral: A medula espinal está no canal vertebral. Ela se estende desde o forame magno do crânio até o nível da primeira ou segunda vértebra lombar. Até o terceiro mês de desenvolvimento, a medula espinal possui o mesmo comprimento da coluna vertebral. A medida que o desenvolvimento continua, a coluna vertebral cresce numa proporção maior que a da medula. Como resultado, a medula não ocupa toda a extensão do canal vertebral do adulto. Trinta e um pares de nervos espinhais se originam da medula e atravessam os forames intervertebrais das vértebras adjacentes. Os nervos são denominados de acordo com a região vertebral na qual têm origem, sendo eles: cervicais, torácicos, lombares, sacrais e coccígeo. No final da medula espinal, o conjunto de raízesnervosas lombares e sacrais possui a aparência de um rabo de cavalo, e é por isso denominado cauda equina. Composição da medula espinal Assim como o encéfalo, a medula é composta por substância branca e cinzenta. A substância cinzenta apresenta o formato da letra H, e é composta por corpos celulares. Já a substância branca envolve completamente a substância cinzenta e é composta por fibras mielínicas. Nervo espinal O nervo espinal é composto pela união das raízes ventral e dorsal de cada segmento espinal. As raízes dorsais apresentam somente os prolongamentos axônicos de neurônios sensitivos (somáticos e viscerais), enquanto as raízes ventrais apresentam prolongamento axônicos dos neurônios motores somáticos e viscerais. São 31 pares de nervos espinais mistos.Estrutura geral: Ventrículos São quatro espaços no interior do encéfalo preenchidos por líquido cerebroespinal e que que se comunicam. O primeiro e segundo ventrículos se localizam no interior de cada hemisfério cerebral e se comunicam com o terceiro ventrículo através do forame interventricular. O terceiro ventrículo é uma câmara estreita situada na linha mediana do diencéfalo, entre as paredes laterais do hipotálamo. Ele se abre no quarto ventrículo através do aqueduto do mesencéfalo. O quarto ventrículo é uma cavidade piramidal localizada ventralmente ao cerebelo, tendo a ponte cerebral como assoalho. Através dos forames de Luschka e Magendie os ventrículos se comunicam com o espaço subaracnoide, que envolve o encéfalo e a medula espinal. O líquido cerebrospinal é produzido no interior dos ventrículos cerebrais, a partir da filtragem do sangue pelas células ependimárias. O volume total é em torno de 100ml e o fluxo é contínuo. A absorção se processa pelas granulações aracnoideias, que permitem o retorno desse volume ao sangue. O volume total de líquido cerebrospinal é produzido e renovado a cada 8h. Figura 12.ventrículos encefálicos. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). Meninges As meninges são camadas de tecido conjuntivo que revestem todo o sistema nervoso central, são elas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A dura-máter é a mais externa e mais firme dessas meninges, conformando dobras que determinam espaços distintos no interior da cavidade craniana. Determina, ainda, os seios venosos que são túneis de drenagem sanguínea, direcionando o volume de sangue venoso para a veia jugular interna. A aracnoide determina entre si e a piamáter um espaço para a circulação do líquido cerebrospinal. A piamáter é mais delgada delas e reveste todo o tecido nervoso, acompanhando o relevo do sistema nervoso central. Figura 13. Meninges. A: esqueleto fibroso do encéfalo, determinado pela duramáter; B: seios venosos da duramáter; C: pia-mater, aracnoide e dura-máter. (Adaptado de Sobotta Atlas de Anatomia Humana 21 ed). Sistema Nervoso Periférico É constituído pelos nervos que conectam as partes do corpo com o sistema nervoso central, pelos receptores de estímulos nervosos e pelos gânglios. Os últimos são aglomerados de corpos de neurônios que se encontram nas vias sensitivas somáticas ou motoras autônomas. Os nervos periféricos são feixes de fibras nervosas (axônios) envolvidos por mielina e várias bainhas de tecido conjuntivo. Os envoltórios de conjuntivo protegem e nutrem os nervos, constituindo o epineuro (camada mais externa), perineuro (camada média) e o endoneuro (camada interna). O SNP inclui 12 pares de nervos cranianos, que se originam do encéfalo e que deixam a cavidade craniana através de formes do crânio, e 31 pares de nervos espinais, que se originam da medula espinal e deixam o canal vertebral através dos forames intervertebrais. Funcionalmente, o SNP está dividido em um componente sensitivo (aferente), que recebe e transmite impulsos para o SNC, e um componente motor (eferente) que se origina no SNC e transmite impulsos para órgãos efetores espalhados pelo corpo. O componente motor está, por sua vez, subdividido em: Somático: pelo qual os impulsos originários do SNC são transmitidos diretamente para os músculos esqueléticos, por meio de um único neurônio na via nervosa, desde o SNC até o efetuador. Autônomo: pelo qual os impulsos do SNC são primeiro conduzidos a um gânglio autônomo por meio de um neurônio, denominado pré ganglionar e por um segundo neurônio, originário do gânglio autônomo, que transmite os impulsos para músculos lisos, músculo cardíaco, ou para as glândulas. Nervos cranianos Os nervos cranianos se destinam a estruturas situadas na cabeça e pescoço, com exceção do nervo vago. Eles são numerados (em algarismos romanos) no sentido craniocaudal, na sequência em que deixam o encéfalo. Eles apresentam uma origem real (núcleos no interior do tronco encefálico) e uma origem aparente (onde se exteriorizam na superfície do tronco encefálico) sendo classificados como sensitivos, motores e mistos. Figura 14. Nervos cranianos. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). I- Nervo Olfatório É representado por numerosos pequenos feixes nervosos que, originando-se na região olfatória de cada fossa nasal, atravessam a lâmina crivosa do osso etmóide e terminam no bulbo olfatório. É um nervo exclusivamente sensitivo, cujas fibras conduzem os impulsos olfatórios. Figura 15. Nervo olfatório. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). II- Nervo Óptico É um nervo sensitivo, cujo feixe de fibras nervosas se originam na retina, emergem da face posterior do globo ocular e penetram na cavidade craniana pelo canal óptico do osso esfenóide. Após penetrar o crânio, os dois nervos ópticos formam o quiasma óptico. Nesta estrutura fibras nervosas da metade medial de cada retina cruzam para o lado oposto, e as da metade lateral de cada retina permanecem do mesmo lado. As fibras continuam em direção ao encéfalo, determinando os tractos ópticos. Devido ao cruzamento de fibras nervosas no quiasma óptico, a área cortical de interpretação recebe impulsos provenientes das duas retinas. Figura 16. Nervo óptico. ( Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). III- Nervo Oculomotor É um nervo motor que penetra na órbita pela fissura orbital superior, distribuindo- se aos músculos que movimentam o globo ocular e a pálpebra m. elevador da pálpebra superior, m. reto superior, m. reto inferior, m. reto medial e m. oblíquo inferior. Figura 17. Nervos oculomotor, troclear e abducente. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). IV- Nervo Troclear É um nervo motor que penetra na órbita pela fissura orbital superior e inerva o m. oblíquo superior. V- Nervo Trigêmeo É um nervo misto, sendo que o componente sensitivo é maior. A partir de um grande gânglio, o gânglio trigeminal, os três ramos ou divisões do trigêmeo, o nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular se distribuem na face. A raiz motora do trigêmeo é constituída de fibras que acompanham o nervo mandibular, distribuindo-se aos músculos mastigadores (m. temporal, m. masseter, m. pterigóideo lateral, m. pterigóideo medial, m. milo-hióideo e o ventre anterior do músculo digástrico). Figura 18. Nervo trigêmeo. (Adaptado de Frank Netter – Atlas de Anatomia Humana 4ed). VI- Nervo Abducente É um nervo motor que penetra na órbita pela fissura orbital superior e inerva o m. reto lateral. VII- Nervo Facial O nervo facial transita por diversas passagens, no crânio. Seus ramos se distribuem para várias estruturas levando inervação por exemplo, para os músculos mímicos, músculos estilohióideo e ventre posterior do disgástrico; glândulas lacrimal, submandibular e sublingual; além de receber os impulsos gustativos originados nos 2/3 anteriores da língua. Figura 19. Nervo facial. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). VIII- Nervo Vestibulococlear É um nervo exclusivamente sensitivo composto por umaporção vestibular e uma porção coclear. A porção vestibular é formada por fibras que se originam dos neurônios sensitivos do gânglio vestibular, que conduzem impulsos nervosos relacionados com o equilíbrio. Figura 20. A: nervo vestíbulo coclear. Na perspectiva das estruturas do ouvido interno dentro do osso temporal, na base do crânio; B: os receptores do ouvido interno, determinando o nervo vestíbulo-coclear.(Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). IX- Nervo Glossofaríngeo O nervo glossofaríngeo é um nervo misto que emerge do sulco lateral posterior do bulbo e deixa o crânio pelo forame jugular. O nervo apresenta dois gânglios superior e inferior, formados por neurônios sensitivos. É responsável pela sensibilidade geral do terço médio posterior da língua, faringe, úvula, tonsila, tuba auditiva e sensibilidade gustativa do 1/3 Os ramos do componente eferente inervam a glândula parótida, o músculo constrictor superior da faringe e músculo estilofaríngeo. Figura 21. Nervo glossofarígeo. (Adaptado de Frank Netter – Atlas de Anatomia Humana 4ed). X- Nervo Vago O nervo vago é o maior dos nervos cranianos, é misto e essencialmente visceral. Emerge do crânio através do forame jugular e percorre o pescoço e o tórax, terminando no abdômen. Responsável pela inervação sensitiva quanto à gustação na epiglote; uma porção da faringe, laringe, traqueia, esôfago e vísceras torácicas e abdominais. Pelo componente motor o nervo vago inerva as vísceras torácicas e abdominais e os músculos da faringe e da laringe. Figura 22. Nervo vago. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). XI- Nervo Acessório Este nervo é formado por uma raiz craniana e uma raiz espinhal. A raiz craniana une-se ao nervo vago e distribui-se com ele. As fibras da raiz espinhal tem trajeto próprio e d i r igem-se ob l iquamente para inervação dos músculos t rapéz ios e esternocleitomastóideo. Figura 23. Nervo acessório. (Adaptado de Frank Netter Atlas de Anatomia Humana 4 ed). XII- Nervo Hipoglosso O nervo hipoglosso é um nervo motor, surge no encéfalo no sulco lateral anterior do bulbo e emerge no crânio pelo canal do hipoglosso. Suas fibras nervosas são responsáveis pela inervação dos músculos intrínsecos e extrínsecos da língua. Figura 24. Nervo hipoglosso. (Adaptado de Frank Netter – Atlas de Anatomia Humana 4ed). ASTRÓCITOS Para observar bem astrócitos, usam-se técnicas especiais: imunohistoquímica para GFAP ou impregnação argêntica, esta hoje só de interesse histórico). Os astrócitos mostram-se de dois tipos: protoplasmáticos e fibrosos. Os astrócitos protoplasmáticos predominam na substância cinzenta. Têm prolongamentos mais numerosos, curtos, delicados e ramificados que os dos astrócitos fibrosos, que ocorrem na substância branca. Muitos prolongamentos dos dois tipos de astrócito terminam em vasos sangüíneos por uma expansão à maneira de trombeta, o pé sugador (nome equivocado, pois os astrócitos não sugam vasos, mas consagrado pelo uso). As funções dos astrócitos são muitas: 1) Sustentação mecânica do tecido nervoso. Ambos tipos de astrócito contêm no citoplasma filamentos intermediários constituídos por vimentina e por uma proteína exclusiva, a proteína glial fibrilar ácida (glial fibrillary acidic protein ou GFAP). Estes filamentos, em microscopia óptica tradicional, denominam-se fibrilas gliais e podem ser demonstradas por imunohistoquímica para GFAP ou VIM. As fibrilas gliais têm função de sustentação mecânica: os astrócitos e seus prolongamentos constituem uma trama ancorada nos vasos, na qual se apóiam os neurônios e outras células. OLIGODENDRÓGLIA A oligodendróglia em impregnações argênticas mostra corpo celular arredondado e pequeno e poucos prolongamentos, curtos, finos e pouco ramificados (daí o nome: óligo - pouco; dendro - ramificação). Estas células são responsáveis pela formação e manutenção das baínhas de mielina para os axônios do SNC, função que nos nervos periféricos é desempenhada pelas células de Schwann. Cada prolongamento de um oligodendrócito forma um internodo de mielina: expande-se à maneira de uma pá e enrola-se em volta do axônio sucessivas vezes, lembrando um rolo de papel. O espaço entre dois internodos é o nodo de Ranvier, onde se dão as trocas iônicas da condução saltatória. Cada oligodendrócito pode formar até 50 internodos de mielina em axônios próximos. Os astrócitos e oligodendrócitos têm núcleo redondo menor que o do neurônio e nucléolo pequeno ou imperceptível. O núcleo do astrócito é maior e mais frouxo que o do oligodendrócito, lembra o de um linfócito. A micróglia tem núcleo pequeno, alongado em forma de vírgula, com cromatina densa, também sem nucléolo. Função encefálica A função principal e mais importante do encéfalo é de receber e processar informações sensoriais provenientes tanto da região interna de todo o organismo quanto da região externa a ele, e em resposta, enviar comando de reações, estímulos, movimentos musculares, secreção de substâncias e comportamentos que de alguma maneira contribuam para sobrevivência do indivíduo. Esses comandos abrangem não só as reações primitivas do ser humano mas também reações ligadas ao bem estar. O encéfalo é também o centro do intelecto, das emoções, do comportamento emocional e da memória. Cada região do encéfalo é especializada em diferentes funções, mas necessita trabalhar junto com as demais para garantir o bom funcionamento do organismo e a sobrevivência do indivíduo. Neurofibromatose A neurofibromatose, descrita inicialmente em 1882 por Von Recklinghausen, é uma doença genética caracterizada por uma anormalidade neuroectodérmica e por manifestações clínicas de envolvimento sistêmico e progressivo, que acometem principalmente a pele, o sistema nervoso, ossos, olhos e eventualmente outros órgãos, podendo apresentar uma grande diversidade de manifestações que variam de indivíduo para indivíduo. Diante da riqueza de informações encontradas a respeito da neurofibromatose, buscamos apresentá-la sob diversos aspec- tos, organizando os conhecimentos a respeito dessa doença. Neurofibromatose é causada por mutações em certos genes. Além dos nódulos sob a pele e das manchas café com leite na pele, a pessoa pode ter anomalias nos ossos, falta de coordenação, sentir fraqueza, sensação estranha ou ter problemas de visão ou audição. que é a doença neurofibromatose? Neurofibromatose tipo 1 (NF1, ou doença de von Recklinghausen) é mais prevalente, ocorrendo em 1 de 2.500 a 3.000 pessoas. Ela causa manifestações neurológicas, cutâneas e, algumas vezes, de tecidos moles e ósseas. Assim, as pessoas que nasceram com NF1 teriam sua expectativa de vida reduzida em cerca de 8 anos, ou seja, voltando ao nosso exemplo das mulheres brasileiras, metade delas viveria até os 73 anos e a outra metade faleceria antes. O que é neurofibromatose? O termo “Neurofibromatose” indica um grupo de doenças genéticas caracterizadas principalmente pelo crescimento de tumores ao longo dos nervos, o que pode acontecer em qualquer parte do organismo. Esses tumores são usualmente não- cancerígenos (benignos). Os sinais e sintomas desta condição são muito variáveis de indivíduo para individuo. Principais tipos de neurofibromatose https://www.dasagenomica.com/blog/doencas-geneticas-e-hereditarias Existem três tipos de neurofibromatose: a Neurofibromatose 1, a Neurofibromatose 2 e a Schwannmatose. Em todos os tipos a herança é “autossômica dominante”, ou seja, basta ter a variante patogênica em um dos alelos para a doença se manifestar. Neurofibromatose tipo 1 A neurofibromatose 1 é causada por variantes patogênicas no gene NF1, localizado no cromossomo 17, que codifica uma proteína que atua como supressor tumoral. Quando essa proteína está anormal, pode ocorrer proliferação celular desordenada. Neurofibromatose tipo 2 A neurofibromatose 2 é causada por variantes patogênicasno gene NF2, localizado no cromossomo 22, que também codifica uma proteína que atua como supressor tumoral, estando presente principalmente nas células ao redor dos nervos (células de Schwann). Neurofibromatose tipo 3 (Schwannomatose) O terceiro tipo de neurofibromatose é chamado de Schwannomatose, causado por variantes patogênicas no gene SMARCB1 (também conhecido por INI1), localizado no cromossomo 22. Esse gene atua como supressor tumoral.