Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCAS GARCIA RIBEIRO SANTOS LUIZ AUGUSTO KOHLER ZANELLA CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES EM PRATICANTES DE FUTEBOL PROFISSIONAL E CORRIDA DE RUA: UMA REVISÃO NARRATIVA Palhoça 2022 LUCAS GARCIA RIBEIRO SANTOS LUIZ AUGUSTO KOHLER ZANELLA CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES EM PRATICANTES DE FUTEBOL PROFISSIONAL E CORRIDA DE RUA: UMA REVISÃO NARRATIVA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. Orientadora: Prof.ª. Daniela Dero Lüdtke, Dra. *Trabalho de conclusão de curso de graduação em fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL/Pedra Branca - apresentado sob a forma de artigo científico. Este artigo será submetido para a Revista Nova Fisio (as normas da revista encontram-se anexadas neste documento). CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES EM PRATICANTES DE FUTEBOL PROFISSIONAL E CORRIDA DE RUA: UMA REVISÃO NARRATIVA Lucas Garcia Ribeiro Santos1; Luiz Augusto Kohler Zanella1; Daniela Dero Lüdtke1* 1Curso de Fisioterapia – Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, SC, Brasil. *Autor correspondente: Daniela Dero Lüdtke, PhD. Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Grande Florianópolis, Palhoça, Santa Catarina, Brasil. E-mail: daninha_ludtke@hotmail.com; daniela.ludtke@animaeducacao.com.br. Conflito de Interesse: Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Fonte de Financiamento: O estudo não recebeu financiamento. Resumo Introdução: Mundialmente, o futebol de campo e a corrida de rua são modalidades esportivas bastante populares, praticados por milhares de atletas profissionais e amadores. E, apesar da popularidade, a prática dessas modalidades consiste em rápidos deslocamentos, mudanças bruscas de velocidade e direção e, particularmente no futebol, observa-se a associação de saltos, chutes e muito contato físico entre os jogadores, predispondo a sobrecarga mecânica e consequente ocorrência de lesões. Objetivo: Identificar as características das lesões mais frequentes na prática do futebol profissional e na corrida de rua. Métodos: Trata-se de uma revisão narrativa, com busca nas bases de dados Scielo, Google acadêmico e Pubmed, incluindo artigos publicados nos últimos 10 anos (2012 a 2022), através dos seguintes descritores tanto em português quanto em inglês: incidência de lesão, futebol, corrida de rua e fisioterapia. Resultados: Em relação ao futebol profissional, observou-se que a extremidade inferior foi a região mais acometida, sendo o estiramento e/ou distensão muscular o tipo de lesão mais comum e a região da coxa a área mais afetada. Já na corrida de rua, observou-se que as lesões articulares, envolvendo os membros inferiores, foram as mais comuns, afetando principalmente a articulação do joelho e o tornozelo. Quanto ao período de ocorrência dessas lesões, constatou-se que, no futebol profissional, ocorreu durante as competições, enquanto na corrida de rua, ao longo dos treinos. Conclusão: Apesar da popularidade e reconhecimento, tanto o futebol profissional quanto a corrida de rua resultam em número elevado de lesões, as quais acometem prioritariamente os membros inferiores, com destaque para as lesões do tipo muscular e articular envolvendo, respectivamente, a região da coxa e a articulação do joelho, fato este que demonstra a necessidade de intervenção, seja na prevenção ou no tratamento. Palavras-chave: Fisioterapia; Especialidade de Fisioterapia; Futebol; Corrida; Lesão. Abstract Introduction: Worldwide, field soccer and street racing are very popular sports, practiced by thousands of professional and amateur athletes. Despite the popularity, the practice of these modalities consists of fast displacements, sudden changes of speed and direction and, particularly in soccer, the association of jumps, kicks, and a lot of physical contact between the players is observed, predisposing to mechanical overload and consequent occurrence of injuries. Objective: To identify the characteristics of the most frequent injuries in professional soccer and street racing. Methods: This is a narrative review, with a search in the Scielo, Google academic and Pubmed databases, including articles published in the last 10 years (2012 to 2022), using the following descriptors both in Portuguese and in English: injury incidence, football, street running and physical therapy. Results: Regarding professional soccer, it was observed that the lower extremity is the most affected region, with muscle strain and/or strain being the most common type of injury and the thigh region the most affected area. In street running, it was observed that joint injuries, involving the lower limbs, are the most common, affecting mainly the knee and ankle joints. As for the period of occurrence of these injuries, it was found that, in professional football, it occurs during competitions, while in street racing, during training. Conclusion: Despite the popularity and recognition, both professional football and street running result in a high number of injuries, which primarily affect the lower limbs, with emphasis on muscle and joint injuries involving, respectively, the thigh and thigh region. knee joint, a fact that demonstrates the need for intervention, whether in prevention or treatment. Keywords: Physiotherapy; Physiotherapy Specialty; Football; Running; Lesion. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, tem-se assistido a uma transformação sem precedentes no padrão de vida das sociedades humanas, cuja mecanização dos serviços, associado ao avanço tecnológico, resultou em diminuição progressiva das atividades físicas realizadas no trabalho, em casa e no lazer (MACEDO et al., 2003), o que demonstra necessidade urgente de intervenção, visando contribuir para o desenvolvimento de hábitos de vida mais saudáveis e isso envolve a prática regular de exercício físico. Vale ressaltar que um hábito de vida ativo, resulta em melhora na sensibilidade a insulina, assim como redução na quantidade de gordura corporal e nas concentrações de triglicerídeos, colesterol total, aumento da massa magra e mineralização óssea, ganho de potência aeróbia, capacidade antioxidante e redução da pressão arterial pós-exercício, ou seja, fatores importantes na melhora da qualidade de vida (PALUSKA, 2005). Dentre as possibilidades de atividade física, a corrida ocupa um lugar de destaque, pois combina prazer com promoção da saúde, sendo considerada um meio para manifestar a competitividade humana, a socialização e a experimentação (PULEO; MILROY, 2011). A busca pela prática da corrida de rua ocorre por diversos interesses e envolve desde a promoção da saúde, quanto aspectos relacionados a estética, integração social, redução do estresse e autoconhecimento, objetivando prazer e superação (SALGADO, 2016). Dessa forma, há aumento do número de corredores amadores e/ou recreacionais, como observado no estudo de Andersen e Nikolova (2019), os quais demonstraram um crescimento de, aproximadamente, 50% de adeptos a esta modalidade, no período de 2008 a 2018, referente a prática de corrida de maratona. Ademais, dados publicados no site da Federação Paulista de Atletismo, demostraram que o número de praticantes de corrida amadora aumentou, de 146.000 em 2014, para 922.870 em 2017. Em relação ao número de provas também houve aumento já que, em 2004, foram 107 provas ao longo do ano e, em 2017, foram 435 eventos (FPA, 2017). Outra modalidade esportiva, popularmente conhecida e praticada é o futebol de campo,com pelo menos 200 mil atletas profissionais e 240 milhões de atletas amadores, envolvendo todas as faixas etárias e de ambos os sexos (PEDRINELLI; CUNHA, 2013). Atualmente, existem pelo menos 3.903 clubes profissionais em todo o mundo (201 países), com o México (266) liderando o ranking à frente do Brasil e da Turquia (FIFA, 2019). Como característica, os jogadores de futebol realizam movimentos constantes de salto, corrida com mudanças bruscas de velocidade e direção, chute e estão sujeitos a contato físico com outros jogadores (SILVA, 2018). Apesar de haver diversos benefícios relacionados a prática da corrida ou do futebol, tem-se observado uma elevada incidência de lesões no aparelho locomotor (PILEGGI et al., 2010). Especificamente sobre a corrida, essa alta incidência pode ser justificada pela falta de orientação profissional para a sua prática, assim como, pelo fato de que muitos corredores treinam de forma equivocada e, embora correr seja aparentemente fácil, deve-se ter o conhecimento aprofundado das várias especificidades envolvidas na prática desse esporte (FUZIKI, 2012). A respeito do futebol, observa-se que, além das necessidades ou exigências fisiológicas no esporte, outras causas podem estar associadas ao surgimento de lesões, como as condições físicas, a faixa etária, o gênero, o clima, as ferramentas utilizadas, o volume, a intensidade dos treinos e jogos, a motivação e as condições do local da prática (FONSECA et al., 2007), havendo estudos confirmando que o futebol é responsável por 50% a 60% de todas as lesões esportivas na Europa (SILVA et al., 2007). De maneira geral, toda atividade física gera sobrecarga em algum ponto do aparelho locomotor, assim como o aumento da prática esportiva também ocasiona um número crescente nas incidências das lesões (TORRES, 2004). Considerando a relevância clínica destas modalidades esportivas, associado ao fato de apresentar um número elevado de adeptos, assim como predisposição a diferentes tipos de lesões quando há falha no processo de preparo e acompanhamento da prática esportiva, sugere-se a necessidade de intervenção terapêutica, visando minimizar os dados e sobrecargas mecânicas a fim de favorecer o desempenho físico e a qualidade de vida. Com base no exposto, o presente estudo visa esclarecer as características das lesões decorrentes da prática de futebol profissional e de corrida de rua, com o intuito de analisar a incidência das lesões e, assim, fornecer melhor orientação aos atletas para prevenir lesões. MÉTODOS Trata-se de uma revisão narrativa, com buscas nas bases de dados Google Acadêmico, Scielo e Pubmed, no período de 2012 a 2022, com descritores tanto em português quanto em inglês (“incidência de lesão”, “futebol”, “corrida de rua” e “fisioterapia” e, respectivamente em inglês, “injury incidence”, “soccer”, “street running”, “physiotherapy”). Os operadores “e” e “and” foram empregados em conjunto com os descritores mencionados para o rastreamento das publicações. Foram incluídos na presente revisão estudos que: (a) identificaram a incidência das lesões em atletas de futebol profissional e corrida de rua; (b) incluíram na amostra indivíduos adultos e saudáveis; (c) apresentaram dados objetivos da lesão e tratamento. Foram excluídos do presente estudo resumos expandidos, cartas e editoriais, assim como artigos cujo tema estivesse restrito a um único tipo de lesão ou com acesso bloqueado. A seleção dos artigos foi realizada, primeiramente, pela leitura de todos os títulos, seguida pela leitura dos resumos e finalmente com a leitura dos artigos na íntegra. Para a extração dos dados dos estudos incluídos na revisão, foi utilizado um formulário padronizado, contendo as seguintes informações: características do estudo (autor, ano, título e tipo de estudo) e da amostra (número e idade), seguido pelos principais resultados. Após, os dados coletados foram organizados e apresentados em formato de Tabelas. RESULTADOS Atendendo aos critérios de seleção, 27 artigos foram considerados elegíveis, abordando a temática referente a caracterização das lesões decorrentes da prática de futebol profissional e de corrida de rua. Após análise, as informações foram extraídas e organizadas em Tabelas. Assim, a Tabela 1 diz respeito aos estudos relacionados ao futebol profissional, enquanto a Tabela 2 se refere a corrida de rua e, por fim, a Tabela 3 envolve a síntese dos achados, trazendo um comparativo sobre ambas as modalidades pesquisadas, abordando informações gerais sobre incidência e/ou prevalência de lesões, o tipo de lesão mais comum, o segmento mais acometido e o período em que as lesões são mais frequentes. No que diz respeito a prática de futebol profissional (Tabela 1), os principais achados demonstram que as lesões são mais frequentes nos membros inferiores (MMII), sendo que, jogadores com maior idade são considerados mais suscetíveis a ocorrência dessas. Em relação ao tipo mais comum de acometimento, observou-se que o estiramento e/ou a distensão muscular, foi o mais frequente, sendo a região da coxa a área mais afetada. Além disso, fora observado que as lesões foram mais presentes nas situações de jogo, propriamente ditas, do que nas fases de treinamento (Tabela 3). Em relação a corrida de rua (Tabela 2), a maioria das lesões também ocorreram nos MMII. Dentre essas, as lesões articulares foram as mais frequentes, seguido por lesões musculares e, por último, excesso de treinamento (overuse). Entre as lesões articulares, o segmento mais acometido foi a articulação do joelho, seguido pelo tornozelo, pé e dedos. Entre as lesões musculares, a região da perna foi a mais acometida, sendo as lesões mais comuns a síndrome do estresse tibial e a tendinopatia de Aquiles. Quanto ao período as quais essas lesões ocorreram, constatou-se que há maior índice durante o treino e/ou prática regular (Tabela 3). Tabela 1 – Características das lesões na prática do Futebol profissional (2012 – 2022). Estudo Amostra Resultados - KURITO e col. (2021) - Incidência e prevalência de lesões no futebol finlandês de alto nível – estudo de coorte prospectivo de uma temporada. - 236 jogadores de 12 equipes. - Idade: 24 anos (média). - 79% das lesões (extremidade inferior). - Partes do corpo mais comumente lesionadas: coxa (20%), quadril/virilha (16%) e joelho (13%). - A maioria das lesões afetou os isquiotibiais (65% das lesões na coxa). - Lesões musculares nos MMII (mais prevalentes). - DRUMMOND e col. (2021). - Incidência de Lesões em Jogadores de Futebol – Mappingfoot: Um Estudo de Coorte Prospectivo. - 310 participantes. - Idade: 26 anos (média). - Lesões mais prevalentes: MMII (86,9%) → coxa (38%), joelho (15,2%), quadril/virilha (9,8%) e tornozelo (9,8%). - Tipos de lesões: ruptura/estiramento muscular (37%), entorse/ligamento (19,6%) e outras lesões (14,1%). - Principais mecanismos de lesão: durante a corrida/sprint (33,7%), chute (12%) e salto/aterrissagem (6,5%). - As lesões foram balanceadas entre overuse (37%) e trauma (35,9%). - A maioria das lesões (73,9%) não foi causada pelo contato com outro jogador ou objeto. - Coxa: lesão mais prevalente foi a ruptura/estiramento muscular (71,4%) durante a corrida/sprint (51,4%), acometendo a região posterior (51,4%) ou anterior (48,6%), de forma leve (41,7%) ou moderada (30,6%). - LÓPEZ- VALENCIANO e col. (2020). - Epidemiologia das lesões no futebol profissional: uma revisão sistemática e metanálise. - 44 artigos (56 grupos de coorte). - Lesões de extremidades: maiores taxas de incidência. - Tronco: segunda região mais lesada. - Extremidade superior: terceira região mais lesionada. - Incidência média (decrescente): coxa, joelho, tornozelo, quadril/virilha, perna/tendão de Aquiles e pé/dedo do pé. - Lesões mais comuns: músculo/tendão,contusão articular, ligamentar, fratura, estresse ósseo, laceração e lesões de pele. - DONNA LU e col. (2020). - Epidemiologia das lesões no futebol profissional - 421 jogadores. - As lesões foram mais frequentes em um cenário de jogo. - Mecanismo de lesão: sem contato foi mais comum. - Localização: coxa (23-36%), quadril/ virilha (16-18%), joelhos (15-16%) e perna/tendão de Aquiles (16%). masculino australiano. - Estudo de coorte prospectivo. - Lesões musculares ou tendinosas (50–60%) e articulações/ligamentos (21–34%) foram as mais comumente sustentadas. - DE MORAES e col. (2018). - Lesões Ortopédicas no Futebol Profissional Masculino no Brasil: Comparação de Perspectiva de Duas Épocas Consecutivas 2017/2016. - Estudo prospectivo. - Idade dos jogadores: 27,5 anos (média). - Lesões mais comuns: MMII (73,8%), cabeça (17,5%), MMSS (6,3%) e tronco (1,9%). - Lado direito mais acometido (47,5%). - Tipo de lesão: distensões musculares (34,4%), entorses (18,1%) e contusões (13,1%). - Diagnóstico: distensão dos isquiotibiais (16,5%) e adutores (12,7%), lesão por esmagamento/laceração da face (10,8%) e concussão, LCM, LCA e quadríceps (4,4%). - A incidência de lesões sofridas na temporada de 2017 diminuíram quando comparadas a temporada de 2016. - BAYNE e col. (2018). - Incidência de lesões e doenças em profissionais sul- africanos jogadores de futebol do sexo masculino: um estudo de coorte prospectivo. - 56 jogadores. - 2 equipes. - Tipo de lesão mais comum: entorse/lesão ligamentar e lesão de menisco/cartilagem. - Principais acometimentos: contusões (55%) e lacerações (27%). - Locais mais acometidos: cabeça (27%), mão/dedo (18%) e tornozelo (18%). - Incidência de lesões maior em jogos do que em treinamento. - Local mais lesionado: joelho (42%). - Lesões articulares (entorses/ligamentos e meniscos/cartilagens) foram as mais comuns, seguidas das lesões tendíneas. - Incidência de lesão por tensão muscular foi baixa. - FALESE e col., (2016). - Epidemiologia das lesões do futebol nas temporadas 2012/2013 e 2013/2014 do italiano. - Estudo de coorte. - 286 jogadores. - Idade: 25 a 30 anos. - Local mais frequente: MMII. - Tipo da lesão: distensão na coxa (41,9%), lesões no joelho (19,0%) e lesões de MMII (11,6%). - Lesões musculares (47,9%), lesões ligamentares/articulares (23,4%) e lesões por tendinite, bursite e hérnias (13,8%). - As taxas de lesões também foram maiores entre os jogadores mais velhos. - BIANCO e col. (2016). - Uma Análise Prospectiva da Incidência de Lesões de Jogadores Profissionais de Futebol Masculino Jovens em grama artificial. - Estudo epidemiológico. - 23 jogadores. - Idade: 17 a 19 anos. - Lesões musculares (distensões e contraturas) foram as mais comuns. - Coxa e virilha foram os locais mais acometidos. - EU SHALAJ e col. (2016). - Lesões em jogadores profissionais de futebol masculino no Kosovo: um estudo epidemiológico descritivo. - 143 jogadores. - Idade: 23 anos (média). - Joelho, coxa e tornozelo foram as regiões mais afetadas (47,8%). - Distensões musculares, lesões ligamentares e as contusões foram as mais relatadas (61,4%). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Bianco%20A%5BAuthor%5D - REIS e col. (2015). - Perfil de lesões esportivas de uma seleção brasileira de futebol da primeira divisão: um estudo descritivo de coorte. - 48 atletas. - Idade: 25 anos (média). - Lesões mais comuns: musculares/tendinosas (estiramento), seguidas das articulares/ligamentares (entorse). - A quantidade e a gravidade das lesões foram associadas à idade do jogador e à posição em campo. - SALCES e col. (2014). - Epidemiologia das lesões no futebol espanhol da Primeira Divisão. - Estudo prospectivo. - 16 clubes. - 427 jogadores. - Idade: 26,8 anos (média). - Principais lesões: lesões musculares na coxa (31,4%), entorse de tornozelo (12,5%) e lesões musculares no quadril (10,9%). - 89,6% das lesões envolveram os MMII. - Maior incidência de lesões: coxa, tornozelo, quadril/virilha, joelho e perna. - Lesões musculares e tendíneas tiveram a maior taxa de incidência, seguido pelas lesões articulares, ligamentares e contusões. - Mais de 50% das lesões foram relacionadas aos músculos e tendões. - As incidências também foram maiores na competição independentemente da localização, tipo e/ou natureza. - LEE e col. (2014). - Um estudo epidemiológico prospectivo da incidência de lesões e padrões de lesões em uma liga de futebol profissional masculino de Hong Kong durante a temporada competitiva. -152 jogadores - Idade: 25 anos (média). - Locais de lesão mais comuns: tornozelo (16%), coxa (15%) e a parte inferior das pernas (15%). - Tipo de lesão: contusão (30%), distensão muscular (29%) e entorse ligamentar (28%). - Lesões mais comuns: entorse de tornozelo (52% recorrentes), distensão na coxa (82% isquiotibiais) e distensão na virilha/adutor. - EIRALE e col. (2014). - Epidemiologia das lesões no futebol na Ásia: um estudo prospectivo no Catar. - 230 jogadores. - Idade: 28,4 anos (média). - Tipo de lesão mais frequente: distensão muscular (36,4%). - Locais mais comuns: coxa (39,2%), joelho (15,2%) e tornozelo (12,0%). - A maioria das lesões foram as distensões musculares (63,5%). Legenda: MMII = Membros inferiores; Sprint = arrancada; Overuse = Uso excessivo. Tabela 2 – Características das lesões na prática da Corrida de rua (2012 – 2022). Estudo Amostra Resultados - KAKOURIS e col. (2021). - Uma revisão sistemática de lesões musculoesquelética s relacionadas à corrida em corredores. - 42 estudos. - Joelho e regiões da perna foram as lesões mais relatadas (51%). - Pé/dedos e tornozelo foram 3ª e 4ª maior proporção de locais de lesão, respectivamente. - 9922 lesões ocorreram no joelho ou abaixo dele (79,0%). - Lesões em outras partes do corpo (coxa, quadril/virilha, pé/dedos e região lombar) foi de 1,4%. - Taxa mais alta de incidência: síndrome patelofemoral (41,7%) e tendinopatia patelar (22,7%). - Corredores não ultramaratonistas: tendinopatia de Aquiles (10.3%) e fascite plantar. - Corredores de ultramaratona: tendinopatia do tibial anterior (19.4%), síndrome femoropatelar e tendinopatia de Aquiles (13,7%). - SLEESWIJK VISSER e col. (2021). - 1.929 corredores. - 883 corredores (46%) sofreram alguma lesão relacionada a corrida. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214687314000612?via%3Dihub#! https://www.sciencedirect.com/topics/nursing-and-health-professions/ankle-sprain - O impacto socioeconômico das lesões relacionadas à corrida: um grande estudo de coorte prospectivo. - 18 anos ou mais. - Maiores limitações: atividades esportivas, lazer (70%) e transporte (23%). - 39% dos corredores lesionados visitaram um profissional de saúde. - 5% dos corredores lesionados relataram abstenção do trabalho. - FREDETTE e col. (2021). - A associação entre lesões na corrida e parâmetros de treinamento: uma revisão sistemática. - 36 artigos. - 23.047 corredores. - 6.043 corredores (26,2%) sofreram alguma lesão relacionada a corrida. - Incidência: iniciantes (14,9%), recreativos (26,1%) e competitivos (62,6%). - Local lesionado: joelho (25,8%), pé/tornozelo (24,4%) e parte inferior da perna. - TORRES, (2020). - Características do treinamento e associação a lesões em corredores de rua recreacionais. Um estudo descritivo de corte transversal correlacional. - 395 corredores (229 homens e 166 mulheres). - Idade: 37,9 anos (média). - Lesões mais citadas: fascite plantar, condromalácia patelar e periostite tibial. - Fatores predisponentes de lesão: maior tempo de prática, quilometragem média semanal, quilometragem máxima e velocidade médiano treino. - Maioria dos pesquisados não fazia treino isolado de alongamento. - Alongamento antes e/ou depois de treinos ou provas não reduziu a incidência de lesões. - FRANCIS e col. (2019). - A proporção de lesões por corrida nos membros inferiores por gênero, anatomia, localização e patologia específica: uma revisão sistemática. - 36 estudos. - Lesões: joelho (28%), tornozelo/pé (26%) e perna (16%). - Proporção de lesão: no joelho foi maior nas mulheres (40% vs. 31%); no tornozelo-pé foi maior nos homens (26% vs. 19%) e nas lesões na perna (21% vs. 16%). - Patologias específicas: Síndrome da dor femoropatelar (17%), tendinopatia de Aquiles (10%) e síndrome do estresse tibial medial (8%). - TORESDAHL e col. (2020). - Um estudo randomizado de um Programa de Treinamento de Força para Prevenir Lesões em Corredores da Maratona de Nova York. - Ensaio clínico. - Maratonistas de primeira viagem. - Maiores de 18 anos. - 720 corredores inscrito. - Idade: 35,9 anos (média). - Incidência de lesão de maior gravidade (8,9%) e lesão de menor gravidade (48,5%). - 52 de 64 das principais lesões foram por overuse (20 foram por estresse ósseo). - Overuse, resultando em não conclusão da maratona: 7,1% no grupo de treinamento de força e 7,3% no grupo de observação. - ARCANJO e col. (2018). - Prevalência de lesões em corredores de rua em assessorias desportivas na cidade de Fortaleza. - 20 pessoas indivíduos (ambos os sexos). - Praticantes de corrida de rua. - Idade: acima de 20 anos. - Maior prevalência do público feminino (65%). - 45% acometidas por lesão. - Entrevistados: 65% do total relatou algum tipo de lesão. - Articulação do joelho sofre maior sobrecarga na prática da corrida de rua (30%). - 75% dos entrevistados mantêm um treino orientado por profissional de Educação Física (45% sofreram lesão). - Tempo de treino: 70% mantinham entre 31-60 min/dia, dos quais 45% relataram alguma lesão. - 45% dos entrevistados correm 2x/semana (35% lesionados). - Estudo quantitativo e descritivo. - MULVAD e col. (2018). - Diagnósticos e tempo para a recuperação entre corredores recreativos lesionados no RUN CLEVER trial. - 839 corredores. - 521 (62%) mulheres. - 318 (38%) homens. - Idade: 39,2 anos (média). - 140 corredores lesionados pelo menos uma vez (32% durante 24 semanas). - Maior incidência: Síndrome do estresse tibial medial (16%), tendinopatia de Achilles (8,9%) e dor femoropatelar (8%). - Tempo médio de recuperação: 56 dias; Para lesões específicas: 89 dias para a síndrome do estresse tibial medial, 56 dias para tendinopatia de Achilles e 49 dias para dor femoropatelar. - GONÇALVES e col. (2016). - Prevalência de lesões em corredores de rua e fatores associados: revisão sistemática. - 6 estudos selecionados (927 sujeitos). - Prevalência de lesões: 44%. - Principais tipos: tendinopatias e distensões musculares. - Principal local: joelho. - Fatores associados: intrínsecos e extrínsecos. - RANGEL e col. (2016). - Incidência de lesões em praticantes de corrida de rua no município de Criciúma, Brasil. - Estudo descritivo transversal. - 88 corredores (56 homens e 32 mulheres). - Idade: 18 a 70 anos. - Tempo de prática igual ou maior do que 3 meses. - Frequência semanal: mínimo 2x/semana. - Com ou sem orientação. - Tempo: superior a 20 min/treino. - Maioria dos participantes praticava corrida 3x/semana (55,4%). - 43,2% tiveram alguma lesão. - Local mais acometido: joelho (52,6%). - Houve forte correlação entre quantidade de lesões e o tempo de prática da modalidade e os que percorriam maior distância média diária de treino. - Trabalho preventivo não foi eficaz na diminuição de incidência de lesão. - VAN DER WORP e col. (2015). - Lesões em corredores: uma revisão sistemática. - 15 estudos. - Histórico de lesões anteriores e uso de órteses/implantes está associado a maior risco de lesões (corrida). - Mulheres: idade, histórico de prática esportiva, corrida em superfície de concreto, participação em maratona, distância de corrida semanal (30-39 milhas) e uso de calçado de corrida durante 4 a 6 meses estão associados a um maior risco de lesão. - Homens e mulheres: Histórico de lesões anteriores, experiência de corrida de 0-2 anos, reinício da corrida, distância de corrida semanal (20-29 milhas) e com uma distância de corrida de mais de 40 milhas por semana estão associados a um maior risco de lesões. - SOLVEJ e col. (2015). - Incidência de lesões relacionadas a corrida por 1000 h de corrida em diferentes tipos de corredores: uma revisão sistemática e meta-Análise. - 13 artigos. - Lesões relacionadas à corrida por 1000 h variavam de um mínimo de 2,5% em um estudo de atletismo de longa distância até um máximo de 33% em um estudo de corredores novatos. - Incidência de lesões de 17,8% em corredores novatos e 7,7% em corredores recreativos. - SOUZA e col.(2015). - Fatores de risco e prevenção das lesões musculoesquelética s em praticantes de corrida. - Revisão de literatura. - Pesquisa (livros e artigos científicos). - Principais fatores de risco: má periodização, dor, pisada irregular, aumento do ângulo Q, desigualdade estrutural de MMII, fatores biomecânicos, pisos irregulares e calçados. - Avaliação, treinamento periodizado e manutenção dos níveis de segurança são fundamentais para prevenir e diminuir os riscos de lesão em corredores. - LOPES e col. (2012). - Quais as principais lesões musculoesquelética s relacionadas a corrida? - Uma revisão sistemática. - Artigos que descreveram as taxas de incidência ou prevalência de lesões relacionadas a corrida foram considerados elegíveis. - 28 lesões relacionadas a corrida foram encontradas. - Principais lesões: síndrome de estresse tibial medial (incidência de 13,6% a 20%; prevalência de 9,5%), tendinopatia de Aquiles (incidência de 9,1% a 10,9%; prevalência de 6,2% a 9,5%) e a fascite plantar (incidência de 4,5% a 10%; prevalência de 5,2% a 17,5%). - Principais lesões de ultramaratona: tendinopatia de Aquiles (prevalência de 2% a 18,5%) e a síndrome patelofemoral (prevalência de de 7,4% a 15,6%). Legenda: MMII = Membros inferiores; Overuse = uso excessivo. Tabela 3 – Comparação dos resultados entre Futebol profissional e Corrida de rua (2012 – 2022). Característica Futebol profissional Corrida de Rua Incidência e/ou prevalência - A maioria das lesões ocorrem nos MMII. - Jogadores mais velhos são os mais acometidos. - A maioria das lesões ocorrem em MMII. - Há fatores de risco associados ao sexo feminino e masculino (características intrínsecas, extrínsecas e biomecânicas). Tipo de lesão mais comum - Lesões por estiramento/distensão muscular seguido por lesão ligamentar. - Lesões articulares, seguido por lesões musculares. - Alguns estudos relatam lesões de caráter específico como: fascite plantar, condromalácia patelar, síndrome do estresse tibial medial, síndrome patelofemoral e tendinopatia de Aquiles. Segmento mais acometido - Região da coxa, seguido por joelho, quadril/virilha e tornozelo. - Para as lesões articulares, o segmento mais acometido é a articulação do joelho, seguido pelo tornozelo, pé e dedos. - Para as lesões musculares, a região da perna é a mais acometida, sendo a síndrome do estresse tibial e a tendinopatia de Aquiles as mais comuns. Período (treino e competição) - O maior número de lesões foi em período de competição. - Fatores associados: maiores demandas físicas aos jogadores, maior contato, colisão e fadiga. - A maioria das lesões ocorrem durante o treino e/ou prática regular (apenas 4 estudos relataram lesões durante uma competição). Legenda: MMII = Membros inferiores. DISCUSSÃO Sabe-se que a práticaregular de exercício físico é considerada um estresse para os sistemas corporais e, dependendo do estímulo recebido, pode gerar sobrecarga aos componentes orgânicos, predispondo ao surgimento de lesões. Com base nos principais achados desse estudo, observa-se que a ocorrência de lesões, tanto para a prática profissional de futebol quanto para a realização de corrida de rua, envolve, prioritariamente, as extremidades inferiores. Assim, no futebol profissional, fora observado que lesões musculares, tal como o estiramento da região posterior da coxa, é considerado o tipo e a área mais acometidos. Já para a prática de corrida de rua, fora identificado que as lesões articulares são as mais comuns, afetando principalmente a articulação do joelho, tornozelo e pé. Quanto ao período de ocorrência dessas lesões, destaca-se o momento da competição em si para o futebol profissional, enquanto, para a corrida de rua, observa-se maior frequência durante os treinamentos. Características das lesões no futebol profissional Segundo Machado e colaboradores (2014), o futebol é um esporte de constante movimentação, mudanças bruscas de direção, aceleração e desaceleração, o que possivelmente, contribui para a suscetibilidade a lesões, visto que, há significativa exigência e/ou sobrecarga em muitas estruturas corporais, com destaque aos ligamentos, ossos e músculos. Portanto, além das necessidades ou exigências fisiológicas presentes no esporte, outras causas podem estar associadas ao surgimento de lesões, como as condições físicas, a faixa etária, o gênero, o clima, as ferramentas utilizadas, o volume e a intensidade de treinos e jogos, a motivação e as condições do local da prática (FONSECA et al., 2007). Aliado a isso, estudos demonstram que os MMII são as regiões corporais mais lesionadas, sendo a região posterior da coxa o segmento mais afetado, seguido por joelho, quadril/virilha e tornozelo. Considerando essas características, percebe-se que o alto risco de lesões nos MMII esteja relacionado a alta intensidade do futebol profissional moderno (EKSTRAND et al., 2009). Para Cohen e Abdala (2002), o surgimento da lesão ortopédica no futebol está baseado em fatores intrínsecos e extrínsecos. Desta forma, considera-se como fatores intrínsecos aqueles de característica pessoal, tais como, idade, lesões prévias, instabilidade articular, preparação e habilidade física. Já os fatores extrínsecos estão associados a sobrecarga provocada pelos exercícios, o número excessivo de jogos, a qualidade dos campos, os equipamentos inadequados e a violação das regras do jogo (faltas excessivas e jogadas violentas). Ademais, fora constatado que jogadores com idade mais elevada são mais suscetíveis a ocorrência de lesões e, segundo Arnason e colaboradores (2004), isso se deve ao fato de que jogadores mais jovens apresentam melhor adaptação ao micro trauma e estresse fisiológico, além de haver melhor capacidade de regeneração tecidual quando comparado aos atletas mais velhos, justificando os achados no presente estudo. Conforme exposto em outros estudos (PADULO et al., 2015; SOUGLIS et al., 2015), a repetição de atividades como corridas repetidas e saltos, típicas deste esporte, sem o tempo de recuperação adequado, pode trazer o desenvolvimento de fadiga, inflamação sistêmica e estresse oxidativo, considerados como fatores de risco para danos musculares, o que justifica a frequência elevada de estiramento muscular nesse público. Associado a isso, Bayne e colaboradores (2018) demonstraram que as lesões ligamentares são comumente frequentes na liga de futebol profissional da África do Sul, sendo a forma de desempenhar o jogo, comparado a outras partes do mundo, a razão desta ocorrência. Desta forma, jogadores sul-africanos costumam realizar menos atividades de corrida de alta velocidade e mais atividades envolvendo mudanças abruptas de direção, o que justificaria o risco aumentado de ocorrer estiramento muscular seguido por ruptura ligamentar. Em contrapartida, Drummond e colaboradores (2021) observaram maior prevalência de ruptura e/ou estiramento na região da coxa, devido ao alto número de corrida/sprint de grau menor a moderado. Outro ponto em questão é o fato de haver maior incidência de lesão no período de competição dos atletas e, segundo Drummond e colaboradores (2021), isso ocorre devido as variações resultantes da intensidade do treinamento, número de partidas, tipo de medidas preventivas, nível nutricional e perfil psicológico dos jogadores e dos treinadores. Nesta mesma perspectiva, Bengtsson e colaboradores (2018) ressaltam que a periodização da partida e a duração total da temporada contribuem para a ocorrência das lesões, uma vez que, as taxas de acometimentos musculares aumentam quando há um menor período entre as partidas. Por fim, este estudo traz resultados que podem auxiliar os profissionais do esporte no aprimoramento das condutas clínicas, visando contribuir para um melhor desempenho dos atletas durante as competições, ao mesmo tempo em que fornece a base para a prevenção e, consequentemente, um menor índice de lesão. Características das lesões na corrida de rua Como demonstrado na Tabela 2, a incidência de lesão acomete mais frequentemente a extremidade inferior, sendo as lesões articulares as mais comuns, seguido por lesões musculares e overuse. Dentre as lesões articulares, o segmento corporal mais atingido foi o joelho seguido pelo tornozelo, pé e dedos. Entre as lesões musculares, a região da perna é a mais acometida, sendo a lesão mais comum a síndrome do estresse tibial seguida pela tendinopatia de Aquiles. A maioria das lesões ocorrem durante o treino e/ou prática regular da corrida e, apenas quatro estudos, relatam lesões durante uma competição. Toda prática esportiva apresenta risco de lesão, podendo, consequentemente, afetar o desempenho e a saúde dos atletas (DE SANTANA, 2018). Desta forma, com a prática da corrida de rua não é diferente, resultando em inúmeras lesões, principalmente, nos joelhos, tornozelos e pés e acometendo, aproximadamente, 83% dos atletas amadores ou competitivos, o que pode prejudicar a qualidade de vida de forma temporária ou permanente (BREDEWEG et al., 2013). No estudo de Souza e colaboradores (2015), concluiu-se que má periodização, excesso de treino, dor, excessiva pronação e supinação do pé, grande valor do ângulo Q, alteração morfológica e estrutural dos membros inferiores, assim como pisos irregulares, calçados e roupas inapropriados, distúrbios do sono, alterações de humor, mudanças de apetite, desmotivação, letargia, infecções e acréscimo na frequência cardíaca de repouso, são os fatores de riscos principais no que diz respeito a lesão musculoesquelética em corredores (SOUZA et al., 2015). Em contrapartida, há poucas evidências contendo resultados para homens e mulheres separadamente. Em uma revisão sistemática sobre lesões em corredores, Van Der Worp e colaboradores (2015), constataram que entre as mulheres, os fatores idade, histórico de prática esportiva, corrida em superfície de concreto, participação em maratona, distância de corrida semanal (30-39 milhas) e uso de calçado de corrida durante 4 a 6 meses estão associados a um maior risco de lesão. Já nos homens, um histórico de lesões anteriores, experiência de corrida de 0-2 anos, reinício da corrida, distância de corrida semanal (20-29 milhas) e com uma distância de corrida de mais de 40 milhas por semana estão associados a um maior risco de lesões (VAN DER WORP et al., 2015). Já no estudo de Francis e colaboradores (2019), foi observado uma proporção de lesão no joelho maior nas mulheres (40% vs. 31%); enquanto nos homens a proporção foi maior em tornozelo-pé (26% vs. 19%) e lesões na perna (21% vs. 16%) (FRANCIS et al., 2019). Dessa forma, pode-se observar que existem alguns fatores derisco específicos para homens e mulheres, apesar de necessitarem de uma maior fundamentação teórica. Outros achados também demonstram haver uma prevalência de lesões articulares e musculares relacionadas a corrida. No estudo de Toresdahl e colaboradores (2020), 52 das 64 lesões encontradas foram por overuse, onde 7,1% resultaram em não conclusão da prova; 8,9% foram lesões de maior gravidade e 48,5% foram lesões de menor gravidade. Corroborando com esses achados, Kakouris e colaboradores (2021), observaram que 70% das lesões encontradas foram por overuse, provavelmente por conta de o movimento de propulsão ser realizado principalmente pela musculatura da perna, gerando uma sobrecarga biomecânica nessas estruturas. Assim, a taxa mais alta de incidência foi de síndrome patelofemoral (41,7%) e tendinopatia patelar (22,7%) e, em corredores não ultramaratonistas, as lesões mais comuns foram tendinopatia de Aquiles (10,3%) e fascite plantar, enquanto em ultramaratonistas, a mais frequente foi a tendinopatia do tibial anterior (19,4%), seguido pela síndrome femoropatelar e a tendinopatia de Aquiles (13,7%). Nesse mesmo contexto, alguns estudos abordam lesões de caráter específico, conforme demonstrado por Gonçalves e colaboradores (2016), os quais encontraram uma prevalência de 44% para as lesões do tipo tendinopatias e distensões musculares. Aliado a isso, Mulvad e colaboradores (2018), encontraram maior incidência de síndrome do estresse tibial medial (16%), tendinopatia de Aquiles (8,9%) e dor femoropatelar (8%), com tempo médio de recuperação em torno de 89 dias para a síndrome do estresse tibial medial, 56 dias para a tendinopatia de Aquiles e 49 dias para a dor femoropatelar (MULVAD et al., 2018). Da mesma forma, Lopes e colaboradores (2012), encontraram 28 lesões relacionadas a corrida, entre as quais se destacam a síndrome de estresse tibial medial (incidência de 20% e prevalência de 9,5%), tendinopatia de Aquiles (incidência de 10,9% e prevalência de 9,5%) e a fascite plantar (incidência de 10% e prevalência de 17,5%). Já Torres (2020) destacou a fascite plantar, a condromalácia patelar e a periostite tibial como sendo as lesões mais citadas, cujos fatores predisponentes estão relacionados a um maior tempo de prática, quilometragem média semanal, quilometragem máxima e velocidade média no treino (TORRES, 2020). Assim, observa-se que a ocorrência de lesões articulares e musculares relacionadas a corrida está diretamente relacionada ao uso excessivo (overuse) e, consequente, sobrecarga as estruturas da perna. Quanto ao segmento mais lesionado, o joelho foi a articulação mais acometida. Segundo Kakouris e colaboradores (2021), o joelho e as regiões da perna foram as áreas mais relatadas (51%), pé/dedos e tornozelo foram terceira e quarta maior proporção de locais de lesão, respectivamente, sendo esses achados corroborados com o estudo de Rangel e colaboradores (2016), onde o local mais acometido foi o joelho (52,6%), havendo forte correlação entre quantidade de lesões e o tempo de prática da modalidade, assim como os que percorriam maior distância média diária de treino. Da mesma forma, Fredette e colaboradores (2021), encontraram resultados semelhantes, demonstrando que o joelho foi o local mais lesionado (25,8%), seguido por pé/tornozelo (24,4%) e parte inferior da perna. Assim, essa alta taxa de lesões no joelho normalmente é atribuída à grande magnitude das forças de impactos presentes no membro inferior durante a corrida, que pode variar de um meio a três vezes o peso corporal. Além disso, a corrida também tem sido apontada como a grande responsável pelo alto número de fraturas de estresse, principalmente na região da tíbia (SOUZA et al., 2015). Outro ponto a ser discutido é a frequência de lesões que, após a análise dos dados, foi observado que a maioria das lesões ocorrem durante o treino e/ou prática regular em diferentes tipos de corredores. Portanto, Fredette (2021), observou que 62,6% dos corredores lesionados eram de nível competitivo, 26,1% eram corredores recreativos e 14,9% eram iniciantes (FREDETTE et al., 2021). E, corroborando com esses achados, Solvej e colaboradores (2015) observaram uma incidência de lesões de 17,8% em corredores novatos e 7,7% em corredores recreativos, além de verificarem que lesões relacionadas à corrida por 1000 h variavam de um mínimo de 2,5%, em um estudo de atletismo de longa distância, até um máximo de 33%, em um estudo de corredores novatos (SOLVEJ et al., 2015). Entre os estudos analisados, muitos observaram que uma maior incidência de lesão está relacionada ao tempo de prática da modalidade, assim como os que percorriam maior distância média diária de treino (RANGEL et al., 2016; ARCANJO et al., 2018; TORRES 2020; KAKOURIS et al., 2021). Aliado a isso, no estudo de Torres (2020), foi verificado que o uso de alongamento antes ou depois dos treinos ou provas não reduziu a incidência de lesões e, segundo Rangel (2016), o trabalho preventivo não foi eficaz na diminuição da incidência de lesão. De qualquer modo, avaliação, treinamento periodizado e manutenção dos níveis de segurança são etapas fundamentais para prevenir e diminuir os riscos de lesão em corredores (SOUZA et al., 2015). No estudo de Arcanjo (2018), 75% dos entrevistados realizavam treino orientado por profissional de Educação Física e, em relação ao tempo de treino, 70% mantinham entre 31-60 min/dia, dos quais 45% relataram alguma lesão e 5% dos entrevistados realizavam corrida 2x/semana (35% lesionados) (ARCANJO et al., 2018). Além disso, Visser e colaboradores (2021), avaliaram o impacto socioeconômico das lesões relacionadas a corrida e observaram que 70% das lesões interferiram em atividades esportivas e/ou lazer; 23% em atividades de transporte; 39% dos corredores lesionados visitaram um profissional de saúde; e 5% dos corredores lesionados relataram abstenção do trabalho (VISSER et al., 2021). Com base no exposto, a alta incidência de lesões pode ser justificada pela falta de orientação profissional para a prática da corrida, assim como, pelo fato de que esses corredores treinam de forma equivocada, o que resulta na falta de acompanhamento por um profissional especializado. Embora correr seja aparentemente fácil, deve-se ter o conhecimento aprofundado das várias especificidades envolvidas na prática desse esporte. CONCLUSÃO Em virtude dos fatos apresentados, pode-se concluir que toda prática esportiva apresenta risco de lesão, assim, tanto na prática do futebol profissional quanto na corrida de rua, há suscetibilidade ao desenvolvimento de lesões, as quais acometem predominantemente os membros inferiores. E, especificamente sobre o futebol profissional, observa-se maior incidência de lesões por estiramento e/ou distensão muscular, ocorrendo principalmente na região da coxa, durante as competições. Já na corrida de rua, as lesões do tipo articular e muscular são as mais comuns, sendo a articulação do joelho e a musculatura da perna as áreas mais acometidas, com ocorrência mais frequente durante o treino e/ou a prática regular. Dessa maneira, com o aumento da prática desses esportes, evidencia-se também um aumento no número de lesões e, por isso, tornam-se necessários trabalhos que visam não somente a reabilitação, mas também a prevenção dessas lesões. Para tanto, a fisioterapia esportiva entra nesse campo objetivando direcionar o olhar biomecânico, cinesiológico e funcional à atenção integral da saúde do atleta. REFERÊNCIAS • ANDERSEN, Jens Jakob; NIKOLOVA, V. Marathon statistics 2019 worldwide (research). 2019. • ARCANJO, Giselle Notini et al. Prevalência de lesões em corredores de rua em assessorias desportivas na cidade de Fortaleza. Motricidade, v. 14, n. 1, 2018. • Arnason, Arni et al. “Fatores de risco para lesões no futebol.” The American Journal of SportsMedicine vol. 32,1 Supl (2004) • BAYNE, Helen et al. Incidência de lesões e doenças em jogadores profissionais de futebol masculinos sul-africanos: um estudo de coorte prospectivo. 2018. • BENGTSSON, Håkan et al. A taxa de lesão muscular no futebol profissional é maior em partidas disputadas dentro de 5 dias desde a partida anterior: um estudo prospectivo de 14 anos com mais de 130.000 observações de partidas. British Journal of Sports Medicine , v. 52, n. 17, pág. 1116-1122, 2018. • BIANCO, Antonino et al. Uma análise prospectiva da incidência de lesões de jovens jogadores de futebol profissional masculino em relva artificial. Revista asiática de medicina esportiva , v. 7, n. 1, 2016. • BRADLEY P. S. & PORTAS M. D. The Relationship Between Preseason Range of Motion and Muscle Strain Injury in Elite Soccer Players. 2008 • BREDEWEG, Steef W. et al. Differences in kinetic variables between injured and noninjured novice runners: a prospective cohort study. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 16, n. 3, p. 205-210, 2013. • DE EDUCAÇÃO, ASSOCIAÇÃO VITORIENSE; DA SILVA, MAIRCON CÂNDIDO. PRINCIPAIS LESÕES DO JOELHO NO FUTEBOL MASCULINO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA. • DRUMMOND, Felix Albuquerque et al. INCIDÊNCIA DE LESÕES EM JOGADORES DE FUTEBOL–MAPPINGFOOT: UM ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO. Revista Brasileira de Medicina do Esporte , v. 27, p. 189- 194, 2021. • Einari Kurittu, Tommi Vasankari, Tuomas Brinck, Jari Parkkari, Olli J. Heinonen, Pekka Kannus, Timo Hänninen, Klaus Köhler & Mari Leppänen (2022) Incidência e prevalência de lesões no futebol finlandês de alto nível – estudo de coorte prospectivo de uma temporada, Ciência e Medicina no Futebol, 6:2, 141-147, 2021 • Eirale, Cristiano e cols. “Epidemiologia das lesões no futebol na Ásia: um estudo prospectivo no Catar”. Revista de ciência e medicina no esporte vol. 16,2 (2013): 113-7. • EKSTRAND, Jan; HÄGGLUND, Martin; WALDEN, Markus. Incidência de lesões e padrões de lesões no futebol profissional: o estudo de lesões da UEFA. British Journal of Sports Medicine, v. 45, n. 7, pág. 553-558, 2011. • FALESE, Lavínia; DELA VALLE, Pietro; FEDERICO, Bruno. Epidemiologia das lesões do futebol nas temporadas 2012/2013 e 2013/2014 da Série A italiana. Pesquisa em medicina esportiva , v. 24, n. 4, pág. 426-432, 2016. • FOLHA DE SÃO PAULO. Número de atletas do futebol aumenta. 2007 • FONSECA, Sérgio T. da et al. Caracterização da performance muscular em atletas profissionais de futebol. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 13, p. 143-147, 2007. • FRANCIS, Peter et al. The proportion of lower limb running injuries by gender, anatomical location and specific pathology: a systematic review. Journal of sports science & medicine, v. 18, n. 1, p. 21, 2019. • FREDETTE, Anny et al. The association between running injuries and training parameters: A systematic review. Journal of Athletic Training, 2021. • FUZIKI, Mauro Katsumi. Corrida de rua: fisiologia, treinamentos e lesões. São Paulo: Phorte, p. 263-79, 2012. • GONÇALVES, Danilo et al. Prevalência de lesões em corredores de rua e fatores associados: revisão sistemática. Cinergis, v. 17, n. 3, 2016. • HÄGGLUND, Martin; WALDÉN, Markus; EKSTRAND, Jan. Injuries among male and female elite football players. Scandinavian journal of medicine & science in sports, v. 19, n. 6, p. 819-827, 2009. • KAKOURIS, Nicolas; YENER, Numan; FONG, Daniel TP. A systematic review of running-related musculoskeletal injuries in runners. Journal of sport and health science, v. 10, n. 5, p. 513-522, 2021. • LEE, Justin Wai-Yuk et al. Um estudo epidemiológico prospectivo da incidência de lesões e padrões de lesões em uma liga de futebol profissional masculino de Hong Kong durante a temporada competitiva. Revista Ásia- Pacífico de Medicina Esportiva, Artroscopia, Reabilitação e Tecnologia, v. 1, n. 4, pág. 119-125, 2014. • LOPES, Alexandre Dias et al. What are the main running-related musculoskeletal injuries?. Sports medicine, v. 42, n. 10, p. 891-905, 2012. • López-Valenciano, Alejandro et al. “Epidemiologia das lesões no futebol profissional: uma revisão sistemática e meta-análise”. Jornal britânico de medicina esportiva vol. 54,12 (2020): 711-718. • LU, Donna et al. Epidemiologia das lesões no futebol profissional masculino australiano. Revista de ciência e medicina no esporte , v. 23, n. 6, pág. 574-579, 2020. • MACEDO, Christiane de Souza Guerino et al. Benefícios do exercício físico para a qualidade de vida. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 8, n. 2, p. 19-27, 2003. • MACHADO, A. A. Análise cinesiológica e biomecânica de um gesto esportivo. O chute no futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. • MORAES, Eduardo Ramalho de et al. Lesões consecutivas no futebol profissional masculino no Brasil: Comparação prospectiva de duas temporadas 2017/2016. Acta Ortopédica Brasileira , v. 26, p. 338-341, 2018. • MULVAD, Benjamin et al. Diagnoses and time to recovery among injured recreational runners in the RUN CLEVER trial. PLoS One, v. 13, n. 10, p. e0204742, 2018. • NOYA SALCES, Javier et al. Epidemiologia das lesões no futebol espanhol da Primeira Divisão. Revista de ciências do esporte , v. 32, n. 13, pág. 1263- 1270, 2014. • PADULO, J. et al. Capacidade de sprints repetidos relacionada ao tempo de recuperação em jovens jogadores de futebol. Investigação em Medicina Desportiva , v. 23, n. 4, pág. 412-423, 2015. • PALUSKA, Scott A. An overview of hip injuries in running. Sports medicine, v. 35, n. 11, p. 991-1014, 2005. • PEDRINELLI, André et al. Estudo epidemiológico das lesões no futebol profissional durante a Copa América de 2011, Argentina. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 48, p. 131-136, 2013. • PILEGGI, Paula et al. Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um estudo de coorte prospectivo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 24, p. 453-462, 2010. • PULEO, Joe.; MILROY, Patrick. Anatomia da Corrida: Guia Ilustrado de Força, Velocidade e Resistência para Corrida. [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2011. 9788520447611 • RANGEL, Gabriel Mamoru Masuda; FARIAS, Joni Márcio de. Incidência de lesões em praticantes de corrida de rua no município de Criciúma, Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 22, p. 496-500, 2016. • SHALAJ, I. et al. Lesões em jogadores profissionais de futebol masculino no Kosovo: um estudo epidemiológico descritivo. BMC distúrbios musculoesqueléticos , v. 17, n. 1, pág. 1-9, 2016. • SLEESWIJK VISSER, Tjerk SO et al. The socio‐economic impact of running‐ related injuries: A large prospective cohort study. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v. 31, n. 10, p. 2002-2009, 2021. • SOUGLIS, A. et al. Comparação de respostas inflamatórias e índices de dano muscular após um jogo de futebol, basquete, vôlei e handebol em nível competitivo de elite. Investigação em Medicina Desportiva , v. 23, n. 1, pág. 59-72, 2015. • SOUZA, Christie Dianne Lima et al. Fatores de risco e prevenção das lesões musculoesqueléticas em praticantes de corrida. Revisão de Literatura. Lecturas: Educación física y deportes, n. 207, p. 8, 2015. • THUANY, Mabliny et al. Crescimento do número de corridas de rua e perfil dos participantes no Brasil. Atividade Física, Esporte e Saúde: Temas Emergentes; Rbf Editora: Belém, PA, Brazil, v. 1, 2021. • TORESDAHL, Brett G. et al. A randomized study of a strength training program to prevent injuries in runners of the New York City Marathon. Sports health, v. 12, n. 1, p. 74-79, 2020. • TORRES, Fernando Carmelo; GOMES, Antonio Carlos; SILVA, Sergio Gregorio da. Características do treinamento e associação a lesões em corredores de rua recreacionais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.26, n. 5, p. 410-414, 2020. • TORRES, Sandroval Francisco et al. Perfil epidemiológico de lesões no esporte. 2004. • VAN DER WORP, Maarten P. et al. Injuries in runners; a systematic review on risk factors and sex differences. PloS one, v. 10, n. 2, p. e0114937, 2015. • VIDEBÆK, Solvej et al. Incidence of running-related injuries per 1000 h of running in different types of runners: a systematic review and meta-analysis. Sports medicine, v. 45, n. 7, p. 1017-1026, 2015 ANEXO https://www.novafisio.com.br/revisores/
Compartilhar