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Apostila - Fitoterapia

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
FITOTERAPIA 
 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842f Fitoterapia / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 
 151p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241 
1. Fitoterapia. 2. Plantas medicinais. 3. Ervas – Uso terapêutico. I. Portal 
Educação. II. Título. 
 CDD 615.537 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 5 
2 FITOTERAPIA ........................................................................................................................... 6 
3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM FITOTERAPIA ..................................................................... 9 
4 BIODIVERSIDADE E FITOTERÁPICOS .................................................................................. 12 
5 OBTENÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA PARA FITOTERÁPICOS ................................................. 14 
5.1 CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS ...................................................................................... 14 
5.2 COLHEITA DE PLANTAS ......................................................................................................... 17 
5.3 DESINFECÇÃO DAS PLANTAS SELECIONADAS .................................................................. 19 
5.4 ESTABILIZAÇÃO ...................................................................................................................... 19 
5.5 SECAGEM E ARMAZENAMENTO ............................................................................................ 20 
5.6 REDUÇÃO DA DROGA VEGETAL ........................................................................................... 21 
5.7 CONTROLE DE QUALIDADE DE DROGAS VEGETAIS .......................................................... 23 
5.8 ANÁLISE SENSORIAL OU ORGANOLÉPTICA ........................................................................ 24 
5.9 VERIFICAÇÃO DA AUTENTICIDADE ....................................................................................... 24 
5.10 VERIFICAÇÃO DA PUREZA DA AMOSTRA ............................................................................ 26 
5.11 ENSAIOS QUANTITATIVOS E SEMIQUANTITATIVOS DE CONSTITUINTES QUÍMICOS .... 29 
6 ETNOBOTÂNICA ..................................................................................................................... 32 
7 ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS ...................................................................................... 34 
8 IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA ................................................................................................... 40 
 
 
3 
 
9 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS EM FITOTERAPIA ....................................................... 42 
10 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE MATERIAL VEGETAL ......................................................... 45 
11 METABOLISMO VEGETAL ..................................................................................................... 49 
12 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ............................................... 54 
13 PLANTAS COM AÇÃO ADAPTÓGENA .................................................................................. 63 
14 PLANTAS ESTIMULANTES IMUNOLÓGICOS ....................................................................... 70 
15 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA CARDIOVASCULAR ................................................. 73 
16 PLANTAS QUE ATUAM NO TRATO URINÁRIO ..................................................................... 78 
17 PLANTAS COM INDICAÇÕES GINECOLÓGICAS ................................................................. 82 
17.1 FITOESTRÓGENOS ................................................................................................................. 84 
18 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................ 86 
18.1 ÓLEOS ESSENCIAIS ................................................................................................................ 87 
18.2 PLANTAS MUCILAGINOSAS ................................................................................................... 88 
18.3 PLANTAS EXPECTORANTES .................................................................................................. 90 
18.4 ÓLEO DE EUCALIPTO ............................................................................................................. 92 
18.5 RAIZ DE ALCAÇUZ ................................................................................................................... 93 
19 PLANTAS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTIVO ............................................................... 94 
19.1 PLANTAS MEDICINAIS AMARGAS .......................................................................................... 94 
19.2 PLANTAS COLAGOGAS .......................................................................................................... 97 
19.3 PEUMUS BOLDUS MOLINA (BOLDO) .................................................................................... 98 
19.4 PLANTAS CARMINATIVAS ...................................................................................................... 98 
19.5 PLANTAS COM AÇÃO NA ÚLCERA E NA GASTRITE ........................................................... 100 
 
 
4 
 
19.6 PLANTAS COM AÇÃO ANTIDIARREICA ................................................................................ 102 
19.7 PECTINAS ................................................................................................................................ 104 
20 PLANTAS QUE ATUAM NA CONSTIPAÇÃO ......................................................................... 106 
21 PLANTAS HEPATOPROTETORAS ........................................................................................ 111 
22 PLANTAS COM INDICAÇÃO NO CONTROLE DA GLICEMIA E DO COLESTEROL ........... 113 
23 PLANTAS UTILIZADAS NA DOR E NA INFLAMAÇÃO ........................................................ 116 
24 PLANTAS TÓXICAS ................................................................................................................ 130 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 148 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Neste curso de Fitoterapia abordaremos seus aspectos históricos, os principais 
conceitos e definições que rodeiam essa ciência, sua base farmacológica, a pesquisa e o 
desenvolvimento de fitoterápicos no mundo e no Brasil, as legislações que regulamentam os 
fitoterápicos e as principais espécies vegetais utilizadas nas principais patologias. 
A utilização de espécies vegetais com fins de tratamento e cura de doenças e 
sintomas, remonta ao início da civilização, desde o momento em que o homemdespertou para a 
consciência e começou um longo percurso de manuseio, adaptação e modificação dos recursos 
naturais para seu próprio benefício. Essa prática milenar, uma atividade humana por excelência, 
ultrapassou todas as barreiras e obstáculos durante o processo evolutivo e chegou até os dias 
atuais, sendo amplamente utilizada por grande parte da população mundial como fonte de 
recurso terapêutico eficaz. 
Atualmente, os produtos naturais são responsáveis, direta ou indiretamente, por cerca 
de 40% de todos os fármacos disponíveis na terapêutica moderna. O mercado atual de 
fitofármacos e fitoterápicos crescem na ordem de US$ 9 a 11 bilhões/ano, sendo que mais de 
13.000 plantas são mundialmente usadas como fármacos ou fonte desses. Estima-se que, no 
Brasil, 20% da população consumam 63% dos medicamentos industrializados, e que o restante, 
ou seja, 80% encontram nos produtos de origem natural, especialmente nas plantas medicinais, 
a única fonte de recurso terapêutico. 
Das plantas existentes no planeta, a maioria é desconhecida sob o ponto de vista 
científico. De 250 a 500 mil espécies, somente cerca de 5% têm sido estudadas 
fitoquimicamente e uma porcentagem menor avaliada sob aspectos biológicos. Essa realidade, 
aliada com o fato de que 75% dos compostos puros naturais empregados na indústria 
farmacêutica foram isolados seguindo recomendações da medicina popular, reflete o avanço 
científico nos últimos anos envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas 
medicinais visando a obter novos compostos com propriedades terapêuticas. 
 
 
 
6 
 
2 FITOTERAPIA 
 
 
A Fitoterapia é o método de tratamento de patologias por meio das 
plantas medicinais, a forma mais antiga e fundamental de medicina da terra, com 
a propriedade de curar males de maneira não agressiva, pois estimula as defesas 
naturais do organismo. A palavra provém do grego phyton = vegetal e therapeia = 
tratamento, que significa cura por meio das plantas. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que 80% da população mundial fazem 
algum uso de erva para alívio de sintomas dolorosos ou desagradáveis. Em todo o país e no 
mundo cresce o número de programas de fitoterapia apoiado pelo serviço público de saúde. A 
formação de equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento fitoterápico, com 
profissionais capacitados para o cultivo de plantas medicinais, produção de fitoterápicos, de 
diagnóstico e de recomendação destes produtos têm se formado. 
O surgimento da fitoterapia na maioria dos povos surgiu independentemente. Traçando 
uma cronologia dos principais acontecimentos que fortaleceram a fitoterapia, podemos citar os 
estudos de Fu-Hsi na China por volta de 3000 a.C. sobre plantas medicinais e acupuntura; no 
mesmo período Imhotep um médico egípcio foi pioneiro em utilizar plantas medicinais; em 2000 
a.C. a publicação da matéria médica chinesa (Pen-t’são), escrita pelo imperador Shen-Nung, 
relaciona inúmeras drogas de origem vegetal utilizadas por si mesmo e por seus súditos, como 
exemplo estavam ruibarbo, ginseng, estramônio e efedra. O manuscrito Papiro de Ebers datado 
1500 a.C. detalha uma coleção de 800 fórmulas, indicações para 700 drogas locais e exóticas, 
como papoula, ginseng e mirra usadas no tratamento de diversas enfermidades. No período de 
460-377 a.C. inicia-se a era de Hipócrates, considerado o pai da medicina, com a publicação da 
Corpus Hippocraticum, consagrando espécies vegetais e incorporando conhecimento acerca de 
substâncias extraídas de espécies vegetais, como quinino, codeína, colchicina e teofilina. 
Teofrasto, botânico grego trouxe ao período de 370-286 a.C. a sistematização do conhecimento 
de plantas medicinais no Tratado de Odores, que cita propriedades medicinais, preparações e 
usos. Galeno, o mais importante médico da Antiguidade, recolheu e relacionou na época de 131-
201 d.C. aproximadamente 473 produtos de origem vegetal e enriqueceu o arsenal terapêutico 
 
 
7 
 
da época. Junto a Galeno, o romano Celso contribuiu para o surgimento das raízes da 
homeopatia exercendo influência por anos. O termo farmácia galênica foi dado às plantas 
usadas com solventes (ex. álcool, água, vinagre) para concentrar e conservar os componentes 
ativos das plantas, sendo utilizadas para preparar emplastos, unguentos e outras formas 
galênicas. 
Na Idade Média (980-1037) o farmacêutico árabe Avicena influenciado pelas obras de 
Galeno, produziu o seu Cânone da Medicina, incluindo doutrinas de Galeno e Hipocrates. Para 
Celso, médico suíço, considerado o “pai da farmoquímica” destacou-se na Idade Moderna (1493-
1541) relacionando as propriedades das plantas de acordo com a forma, cor e morfologia 
introduzindo a teoria da similitude, em que se curava tal doença com algo que tivesse 
semelhança com ela. No Brasil, a primeira referência sobre as plantas medicinais foi feita por 
Pero Vaz de Caminha em sua carta ao rei D. Manuel ao descrever a beleza da flora brasileira e 
as propriedades de algumas plantas. O padre Fernão Cardim divulgou as propriedades, 
juntamente com outros jesuítas de plantas como o jaborandi, o estramônio e o aloés. 
Somente no século XVIII começa-se a isolar e determinar a estrutura dos constituintes 
ativos dos produtos de origem natural dotados de propriedades medicinais. No século XIX, em 
1803 Sertuner isola a morfina da Papaver sominiferum. Em 1820, na América do Norte 
começaram a ser instaladas as primeiras indústrias de ervas medicinais. A partir de 1860, com 
os conhecimentos do fisiologista Claude Bernard a verificação das propriedades de muitos 
produtos naturais foi verificada, assim como de seus constituintes habitualmente empregados na 
medicina, a fim de se conhecer o mecanismo de ação detalhadamente. A correlação entre 
estrutura química e a ação fisiológica começaram a se estabelecer, permitindo o descobrimento 
de novas moléculas naturais de elevada atividade farmacológica. Em 1929, foi publicada a 
primeira edição da Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil, de autoria de Rodolfo Albino 
Dias, que muito contribuiu com seus estudos da flora medicinal brasileira e introduziu a 
farmacognosia no país, incluindo mais de 280 monografias de plantas. 
A primeira regulamentação a respeito da utilização de produtos naturais data de 1931 
com o decreto 19.606, que estabelece regras para o funcionamento de ervanários, com 
necessidade de licença para especialidades farmacêuticas, exceto para os produtos inclusos nas 
farmacopeias. De 1950 a 1970, o lugar das plantas medicinais foi substituído pelas substâncias 
 
 
8 
 
sintéticas, de estrutura química e a ação definida. A partir deste período a fitoterapia declinou 
vertiginosamente com a diminuição de prescrições médicas de produtos vegetais. 
Nos últimos 50 anos, com o avanço dos métodos analíticos, os conhecimentos sobre 
plantas medicinais foram consideravelmente aumentados, permitindo uma melhor descrição da 
composição química das plantas utilizadas na medicina popular. Consequentemente, um maior 
controle da qualidade das espécies vegetais utilizadas na terapêutica foi destacado, assim como 
os métodos de obtenção, cultivo, preparo, armazenamento e isolamento dos compostos ativos. 
Como exemplo deste avanço, observa-se o número crescente de constituintes ativos 
identificados de espécies vegetais de renome na medicina popular e descritos seus efeitos 
biológicos em publicações científicas. No Brasil, esse avanço refletiu na crescente busca por 
medicamentos fitoterápicos, acompanhado pelo crescente número de centros de pesquisa, 
indústrias privadas e estabelecimentos comerciais voltados para os produtos fitoterápicos. Em 
2000, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA) publicou uma resolução a respeito 
dos produtos fitoterápicos e sua regulamentação. 
Atualmente, o estudo das plantas está bem difundido, principalmente nas escolas de 
Farmácia em todo o país, fazendo crescer o interesse em pesquisa e atuação dos profissionais 
de saúde na utilização e na orientação à população de espécies vegetais utilizadas na 
terapêutica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM FITOTERAPIA 
 
 
Para o estudo da fitoterapia é importante destacar alguns conceitos bastante utilizados 
nesta ciência: 
 
Matéria-prima Vegetal - planta fresca ou droga vegetal ou o preparado fitoterápico 
intermediário empregado na fabricação de produto fitoterápico (SVS/MS, 1995); 
 
Planta Medicinal – é a planta selecionada, silvestre ou cultivada, utilizada 
popularmente como remédio o tratamento de doenças. Segundo a OMS (1978), é toda e 
qualquer planta contendo substâncias que possam ser usadas para prevenir, aliviar, curar ou 
modificar um processo fisiológico normal ou fisiológico normal ou patológico e que possa servir 
como fonte de fitofármacos e de seus precursores para síntese químico-farmacêutica; 
 
Droga Vegetal - é a planta ou suas partes que, após processo de coleta, secagem, 
estabilização e conservação, justificam seu emprego na preparação de medicamento (SVS/MS, 
1995); 
 
Princípio ativo - substância ou grupo delas, quimicamente caracterizadas, cuja ação 
farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do 
produto fitoterápico; 
 
Produto Fitoterápico - é todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, 
empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, com finalidade profilática, 
curativa ou para fins de diagnósticos, com benefício para o usuário. É o produto final acabado, 
 
 
10 
 
embalado e rotulado. Não podem estar incluídas substâncias ativas de outras origens, não 
sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias ativas isoladas, ainda que de 
origem vegetal, ou mesmo em misturas; 
Preparado Fitoterápico Intermediário - produto vegetal triturado, pulverizado, rasurado, 
extrato, tintura, óleo fixo ou volátil, cera, suco e outros, obtido de plantas frescas e de drogas 
vegetais, por meio de operações de fracionamento, extração, purificação ou concentração 
utilizado na preparação de produto fitoterápico; 
 
Medicamento Fitoterápico Magistral – aquele preparado atendendo a uma prescrição 
médica que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar. Devem 
ser compostos exclusivamente por matéria-prima vegetal, sem adição de substâncias ativas 
isoladas, ainda que de origem vegetal; 
 
Medicamento Fitoterápico Oficinal – aquele preparado atendendo a uma prescrição, 
cuja fórmula esteja na Farmacopeia Brasileira ou compêndios ou Formulários reconhecidos 
oficialmente. Devem ser compostos exclusivamente por matéria-prima vegetal, sem adição de 
substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal; 
 
Fitofármaco – substância química isolada de vegetais, empregada para modificar ou 
explorar sistemas fisiológicos dos estados patológicos em benefício da pessoa à qual se 
administra; 
 
Marcadores - constituintes quimicamente definidos presentes na matéria-prima vegetal, 
preferencialmente os próprios ativos, destinados ao controle de qualidade da matéria-prima 
vegetal, dos preparados fitoterápicos intermediários e dos produtos fitoterápicos; 
 
 
 
 
11 
 
Alopatia – sistema terapêutico da medicina convencional que visa tratar as doenças 
por meios contrários a elas. A prescrição alopática age em sentido oposto; administrado em 
doses de material em estado natural. O medicamento alopático produzido por síntese ou 
semissintése é escolhido por causar sintomas opostos àqueles apresentados pelo paciente, 
proporcionando efeitos colaterais desagradáveis e sérios; 
 
Homeopatia – significa “sofrimento semelhante”, e está baseada na lei do tratamento 
do semelhante. O medicamento homeopático de origem vegetal, animal ou mineral pode causar 
certo quadro de sintomas em um indivíduo saudável, curará o mesmo quadro de sintomas 
quando presentes em um indivíduo doente. O tratamento homeopático trata o indivíduo como um 
todo ao invés de unicamente a doença. O medicamento homeopático corresponde à energia de 
quantidades diminutas da substância; proporcionando ausência de efeitos colaterais e 
dependência; 
 
Farmacopeia – é o Código Oficial do País que estabelece os requisitos mínimos de 
qualidade para os fármacos, insumos, drogas vegetais, medicamentos e produtos para a saúde. 
É elaborada em parceria com universidades credenciadas e homologada pela Comissão da 
Farmacopeia e pela agência de vigilância sanitária. A Farmacopeia Brasileira está em sua 4ª 
edição sendo uma entidade que faz parte da ANVISA. 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Disponível em: 
<http://www.crfsp.org.br/>. Acesso em: 31mar. 2011. 
 
 
12 
 
4 BIODIVERSIDADE E FITOTERÁPICOS 
 
 
A biodiversidade é definida como a variedade e variabilidade existentes entre 
organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais eles ocorrem. Os componentes da 
biodiversidade podem fornecer uma gama de produtos de importância econômica. Dentre eles 
destacam-se os fitoterápicos e os fitofármacos, originados dos produtos vegetais. O Brasil possui 
uma magnitude da biodiversidade, contando com a maior diversidade genética vegetal do 
mundo, sendo 55.000 espécies catalogadas de um total estimado de 350.000 e 550.000. As 
plantas são uma fonte importante de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais 
se constituem em modelos para a síntese de um grande número de fármacos. Pesquisadores da 
área de produtos naturais revelam uma inacreditável diversidade em termos estruturais e de 
propriedades-químicas e biológicas variadas. Apesar do aumento crescente de estudos na área, 
apenas 15 a 17% das plantas foram estudadas quanto ao seu potencial medicinal. 
A grande diversidade possibilita a obtenção de novos fármacos, que se distinguem em 
relação aos fármacos sintéticos na diversidade molecular e a função biológica. O mercado 
mundial de drogas de origem vegetal é estimado em US$ 12,4 bilhões, sendo o mercado 
europeu responsável por 50%. Os receituários de fitoterápicos e fitofármacos giram em torno de 
25% nos países desenvolvidos e de 80% nos países em desenvolvimento. Nos EUA, no período 
de 1983 a 1994, dos 520 fármacos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), 137 
eram produtos naturais e seus derivados. No mesmo período, 61% dos fármacos antitumorais 
eram derivados de produtos naturais. 
No Brasil estima-se que 25% do faturamento da empresa farmacêutica provêm de 
medicamentos oriundos de plantas. Entretanto, apenas 8% das espécies vegetais da flora 
brasileira foram estudadas em busca de novos compostos bioativos e 1.100 espécies avaliadas 
quanto suas propriedades medicinais. Destas, 590 são registradas no Ministério da Saúde para 
comercialização. Esse avanço fez com que muitas indústrias farmacêuticas focadas em 
medicamentos sintéticos também se esforçassem para ter uma linha de produtos fitoterápicos, a 
fim de garantir uma fatia no mercado mundial. 
 
 
13 
 
Esse vertiginoso crescimento dos produtos fitoterápicos leva a preocupação em 
estabelecer políticas e programas de conservação da diversidade biológica. Atualmente, a 
biodiversidade não é vista apenas como uma fonte de benefícios econômicos, mas uma preciosa 
biblioteca genética que deve ser estudada e preservada. Essa busca porprodutos comerciais 
derivados de espécies vegetais, conhecido como bioprospecção não deve ser confundida com o 
que os cientistas e ambientalistas chamam de biopirataria. Não há uma definição clara de 
biopirataria, mas essa prática pode ser entendida como uma exploração de recursos genéticos e 
posse de patente dos resultados desta exploração, assim como a venda destes produtos por 
preços excessivos por empresas multinacionais de países desenvolvidos. A falta de políticas de 
proteção, pesquisa e aproveitamento econômico seriam medidas para controle desta ilegalidade. 
Um exemplo disso foi a patente de extratos de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) concedida 
em 1997 a uma empresa japonesa; o chá desta planta é utilizado na medicina popular, 
principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil para tratar problemas estomacais. Em 1999, 
uma parceria de uma universidade brasileira com um laboratório farmacêutico que desenvolviam 
pesquisas com espinheira-santa se surpreendeu ao solicitar a patente e serem notificados da 
posse pelos japoneses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
5 OBTENÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA PARA FITOTERÁPICOS 
 
 
Considerando o valor das plantas medicinais não apenas na terapêutica, mas também 
como recursos econômicos, tendo em vista a crescente utilização de fitoterápicos, a obtenção 
dos derivados vegetais requer um desenvolvido conjunto de técnicas que garanta a produção, 
quantidade e qualidade da matéria-prima vegetal. Para isso, as ações necessárias para 
transformar uma planta medicinal em droga vegetal consistem em aperfeiçoar as condições de 
cultivo, controle de pragas, colheita na fase e época ideal, seleção e padronização das plantas 
colhidas, desinfecção das partes vegetais, estabilização e secagem, divisão, controle de 
qualidade, exame botânico e análises por testes químicos e físicos. 
 
 
5.1 CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS 
 
 
O desenvolvimento de técnicas de manejo ou cultivo adequadas de espécies vegetais 
garante a boa utilização dessas pelo homem e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. 
Diversos trabalhos científicos têm apontado a importância de estudos químicos e farmacológicos 
que comparem a produção de metabólitos secundários produzidos pelas espécies vegetais em 
diferentes modos de plantio e ecossistemas. 
Duas técnicas empregadas na obtenção de matéria-prima vegetal são utilizadas 
historicamente: cultivo e extrativismo. O cultivo de plantas medicinais envolve a domesticação da 
espécie e a necessidade de alteração da paisagem. Essa prática requer o conhecimento da 
forma de propagação, adaptação ao ambiente de cultivo, forma de crescimento e senescência. 
Estudos agronômicos propiciam tecnologias pertinentes para o cultivo de plantas 
medicinais com qualidade, em sentido à demanda do mercado de produtos de fitoterápicos. 
 
 
15 
 
A primeira etapa é definir e conhecer as condições necessárias para o 
desenvolvimento da espécie vegetal escolhida. O local de cultivo deve ser semelhante ao local 
de ocorrência da espécie, a fim de garantir o potencial da sua produção. O processo de 
domesticação da espécie é bastante oneroso em relação ao tempo. Algumas espécies, como o 
capim-limão (Cymbopogon citratus (DC.) S.) se desenvolve a céu aberto enquanto espécies 
como a pariparoba (Piper cernuum V.) dependem de condições naturais de uma floresta para 
que seu metabolismo funcione adequadamente. Duas espécies podem ser cultivadas, onde uma 
proporciona condições favoráveis para o desenvolvimento da outra; exemplo é o cultivo da 
guaçatonga (Casearia sylvestris Sw.) que aproveita a sombra do salgueiro (Sambucus australis 
Cham. Et Schltdl.). Espécies como o alecrim (Rosmarinus officinalis L.) e a alcachofra (Cynara 
scolymus L.) podem ser cultivadas em pleno sol. 
As condições climáticas influenciam o desenvolvimento de algumas espécies vegetais. 
Altas temperaturas fazem com que a planta transpire muito e pode resultar na interrupção da 
fotossíntese; a água necessária para o crescimento e desenvolvimento quando sai por meio de 
transpiração, reduz a velocidade ou a água que é imobilizada dentro da planta. Por outro lado, o 
frio intenso pode paralisar ou matar as plantas. Cada espécie possui uma temperatura ótima, 
geralmente 25º C; plantas do tipo alpinas e árticas a melhor temperatura para seu 
desenvolvimento é em torno de 15º C. 
A umidade, radiação infravermelha do sol na forma de calor, influencia o solo, ar e 
água dos solos, lagos, mares e oceanos, e seus efeitos podem ser sentidos em maior ou menor 
grau em diferentes espécies. Espécies de plantas aromáticas nativas de clima subtropical 
quando introduzidas em local de clima tropical geralmente não se adaptam adequadamente, 
murcha próximo ao meio-dia mesmo em regiões de solo irrigados. A duração da luz do dia 
também influencia no desenvolvimento de muitas espécies. As plantas se dividem em três 
categorias: 
 
 Plantas de dias curtos – floração da espécie ocorre depois de certo número de 
noites mais compridas do que o normal, plantas de origem tropical geralmente florescem ao final 
da estação chuvosa e suas sementes germinam ainda no período chuvoso; 
 
 
 
16 
 
 Plantas indiferentes – plantas que produzem seus órgãos de reprodução em 
qualquer época do ano, independente da duração dos dias; 
 
 Plantas de dias longos – plantas que florescem depois de passado um período 
determinado de dias mais compridos do que o normal, plantas de regiões temperadas têm 
floração no verão e suas sementes amadurecem no outono. Essas espécies possuem seu 
melhor metabolismo quando seu ciclo apresenta dias de mais de 12 horas de luz. 
As condições edáficas, ou seja, relativas ao solo do ecossistema em que se deseja 
cultivar a espécie medicinal deve ser considerada. Primeiramente, o tamanho da área destinada 
ao cultivo de cada espécie deve ser bem definido em relação aos métodos de propagação, 
espaçamento de plantio e estimativa da quantidade produzida. A análise do solo do local de 
cultivo indica as características químicas e físicas do solo, é necessária para a realização de 
práticas de correção e fertilização. Solo de pH ácido, como os solos brasileiros, requer correção 
desta acidez para o cultivo, fazendo-se necessário o uso de calcário, que também serve de 
nutriente para o vegetal. Caso a análise do solo aponte baixos teores de nutrientes, essa 
deficiência deve ser corrigida com auxílio de adubação. Para a grande maioria do cultivo de 
plantas medicinais a adubação orgânica por meio da adubação verde (correção da acidez do 
solo, restaurado física e biologicamente o solo) e da adubação orgânica (libera de forma lenta e 
gradual os nutrientes para as plantas), algumas espécies apresentam produção potencial de 
determinado (s) princípio (s) ativo (s) quando submetida a estresse, como reduzida 
disponibilidade de nutrientes no solo, já que se trata de um metabólito secundário formado 
quando o vegetal passa por condições de adaptações, condições adversas e mecanismos de 
defesa. 
A estruturação física do solo, quanto ao seu aspecto arenoso ou argiloso deve ser 
observado, evitando-se perigos de erosão e má utilização da área de plantio. O tamanho das 
partículas do solo interfere com que ele retenha ou não maior umidade. Cada planta medicinal, 
particularmente, prefere solos de secos a alagados. 
O plantio da grande maioria das espécies vegetais se dá pela técnica de produção de 
mudas em viveiro, e posterior transplante a campo em covas, contendo adubação orgânica em 
proporção adequada e devidamente roçada. Outras técnicas utilizadas para plantio são: 
semeadura direta no campo (espécies mais tolerantes às variaçõesdo solo, menos exigentes na 
fase inicial de crescimento) e multiplicação vegetativa (assentamento no solo de uma parte ou 
 
 
17 
 
órgão da planta-mãe que produzirá uma nova planta. As estruturas vegetativas mais comuns são 
bulbos, estolhos, folhas e raízes divididas). 
A poda da planta se faz necessária para muitas espécies, tanto para a retirada dos 
ramos secos e doentes quanto para formação de copa ou orientação dos ramos. A poda drástica 
é pouco recomendável já que prejudica o vegetal quanto ao fornecimento de nutrientes 
necessários para o seu desenvolvimento. 
O controle de plantas espontâneas na área de cultivo deve ser efetuado, 
principalmente no início da germinação das sementes plantadas, já que as plântulas são mais 
sensíveis à competição entre espécies. A roçada seletiva é um procedimento capaz de conter 
espécies indesejáveis sem prejudicar o processo de sucessão secundária. Exemplos disso são 
as ervas invasoras que servem de alimento para predadores e pragas poupando a espécie 
cultivada. 
Apesar da grande maioria das plantas produzirem substâncias de defesa contra o 
ataque de insetos e pragas que venham prejudicar seu crescimento e desenvolvimento, o 
controle de pragas e doenças nas áreas de cultivo se faz necessário. Algumas técnicas como 
manejo adequado do solo, rotação de culturas e uso de materiais de propagação sadios são 
práticas culturais de cultivo. Para controle específico de pragas e doenças podem ser realizados 
métodos de catação manual de insetos, eliminação de plantas ou galhos doentes, aplicação do 
macerado de fumo, da solução de água e sabão, do extrato de alho e pimenta e de 
biofertilizantes. As próprias espécies vegetais podem ser úteis neste controle; o suco de flores de 
camomila (Chamomilla recutita (L.) R.) pode ser utilizado no controle de fungos causadores de 
tombamento de plântulas em viveiros. 
 
 
5.2 COLHEITA DE PLANTAS 
 
 
 
 
 
18 
 
A colheita é a etapa final no campo e deve ser rodeada de atenção. O teor de princípio 
ativo de uma planta pode variar de acordo com o meio que a cerca, de órgão para órgão, com a 
idade, com a época da colheita e mesmo com o período do dia no qual é realizada. O momento 
da colheita deve ser aquele em que há o máximo de síntese do princípio ativo desejado. Os 
aspectos, os caracteres organolépticos e a qualidade das substâncias dependem de como se 
efetua colheita. 
O melhor período para realizar a colheita é pela manhã, logo após a secagem do 
orvalho, e ao fim da tarde, quando em dias ensolarados. Em dias nublados e secos, a colheita 
pode ser realizada durante todo o dia, a partir do desaparecimento do orvalho. E em dias de 
chuva, não deve ser realizada a colheita. 
A umidade, de qualquer origem, favorece nas plantas o processo de fermentação e 
formação de bolores durante a secagem. Por isso, não se deve após a colheita lavar as partes 
coletadas, esse tipo de prática inutiliza a planta como fonte de substâncias ativas. Se necessário 
proceder à lavagem um dia antes da colheita. 
Para as plantas aromáticas, a coleta deve ser efetuada no início da floração, período 
que o vegetal atinge seu ponto máximo da produção da fragrância. 
Cada planta ou parte do vegetal possui um método apropriado de colheita. Deve-se 
evitar compressão e lesões profundas nos órgãos coletados. As plantas perenes devem-se 
coletar após um ano de crescimento e duas vezes ao ano, realizando cortes alguns centímetros 
acima do solo. Plantas anuais podem ser retiradas completamente do solo. Algumas espécies 
como a espinheira-santa, devem-se manter 50% das suas partes aéreas, não sendo possível a 
retirada de todas as folhas. Para colheita de raízes devem-se preconizar as raízes próximas da 
superfície. 
A época recomendada de coleta de partes de plantas medicinais: 
 Raízes, rizomas e tubérculos – primavera e/ou outono. 
 Caules lenhosos – inverno ou outono. 
 Cascas – primavera. 
 Folhas – durante o dia. 
 Flores – na polinização. 
 
 
19 
 
 Frutos – início da maturação (deiscência) ou completa maturação no outono. 
 Sementes – outono ou inverno (antes da deiscência). 
 Gemas – logo após o surgimento. 
 
As plantas colhidas devem ser selecionadas a fim de evitar exemplares com manchas, 
doentes, deformadas, sem características organolépticas, com poeira ou qualquer material 
estranho que comprometa o lote inteiro do material vegetal. Somente as raízes e rizomas após a 
colheita podem ser lavados. 
 
 
5.3 DESINFECÇÃO DAS PLANTAS SELECIONADAS 
 
 
A prática da desinfecção da planta colhida e selecionada visa conter insetos e 
microrganismos vivos ou mortos. Consiste nos métodos de calor a 60o C; radiação 
eletromagnética ou pressão com dióxido de carbono, p-diclorobenzeno ou brometo de metila. 
 
 
 
5.4 ESTABILIZAÇÃO 
 
 
O processo de estabilização tem por objetivo destruir enzimas responsáveis pela 
modificação do conteúdo químico das células do vegetal coletado. A aplicação de calor úmido 
(vapor de álcool aquecido) e irradiação UV são formas de estabilização de plantas medicinais. 
Embora obrigatória para a maior parte das drogas, não é utilizada em todos os casos. 
 
 
20 
 
5.5 SECAGEM E ARMAZENAMENTO 
 
 
A partir do momento da colheita inicia-se um processo de degradação enzimática na 
planta, que leva também à degradação dos princípios ativos. O menor tempo entre a colheita e a 
secagem é crucial para a manutenção da integridade máxima dos princípios ativos. 
A incidência de raios solares sobre o material colhido também acelera o processo de 
degradação. A secagem ao sol não é recomendada por promover a degradação dos princípios 
ativos, gerarem a secagem rápida das bordas dos órgãos vegetais e criação de uma crosta 
impermeável à água, porém o interior do material permanece úmido. Dessa forma, a secagem 
deve ser ao abrigo da luz, em secadores que promovam ambiente limpo, bem ventilado e 
protegido do ataque de insetos e outros animais. A secagem de folhas e flores deve ser efetuada 
a temperatura em torno de 38º C; de cascas e raízes, a temperatura de até 60º C são aceitáveis. 
Temperaturas acima desses limites aceleram o processo de degradação dos princípios ativos. 
No período da noite, a temperatura deve ser mantida com uso de fornalhas à lenha ou gás, ou 
auxílio de conversores de energia elétrica em calor (resistências). A diminuição da temperatura 
deve ser evitada, pois promove a reabsorção de água pelas plantas, retardando o processo de 
secagem. 
O processo de secagem deve ser individual para não ocorrer mistura de elementos 
voláteis. As partes da planta mais úmidas, como ramos devem ser separadas das partes mais 
secas, como folhas. 
O processo de secagem, independente de como realizado, propicia a redução de 
volume e de peso e facilita a moagem dos materiais. 
O período de armazenamento deve ser o menor possível, ao passar do tempo podem 
ocorrer perdas qualitativas e/ou quantitativas nas substâncias ativas das plantas. O local de 
armazenamento deve ser seco, escuro, arejado e isolado da presença de pragas. Como na 
secagem, o armazenamento das partes das plantas deve ser isolado. 
 
 
 
21 
 
Teor de Umidade em Vegetais (%) 
Parte do vegetal Vegetal fresco Permitida na droga 
Casca 50 a 55 8 a 14 
Erva 50 a 90 12 a 15 
Folha 60 a 98 8 a 14 
Flor 60 a 95 8 a 15 
Fruto 15 a 95 8 a 15 
Raiz 50 a 85 8 a 14 
Rizoma 50 a 85 12 a 16 
Semente 10 a 15 12 13 
 
 
5.6 REDUÇÃO DA DROGA VEGETAL 
 
 
O estado de divisão da droga vegetal constitui um fator importante na conservação 
deste tipo de matéria-prima. A redução da droga vegetal economiza espaço,entretanto, quanto 
mais dividido o material mais favorece a aceleração dos processos que levam à sua 
decomposição por absorção de umidade, perda de substâncias voláteis e acelera reações de 
oxidação. 
A divisão só deve ser realizada quando se tem interesse técnico, como proliferação de 
microrganismos e processos de extração ou terapêutico, visando forma farmacêutica com maior 
ou menor atividade e uniformidade da dose. Os aparelhos mais utilizados são de vários tipos em 
conformidade com as características da droga a ser dividida. Uma divisão grosseira pode ser 
efetuada por seccionamento por meio de tesouras, podões ou facas; por impacto, por intermédio 
 
 
 
22 
 
da fragmentação por meio de choques repetidos efetuados geralmente em gral e por rasuração, 
por meio de raspadores ou processadores de alimentos. 
Os tipos de moinhos mais utilizados de acordo com as características do material 
vegetal (dureza, friabilidade e elasticidade): 
 Moinho de facas – princípio de corte em sistema contínuo para material fibroso; 
granulometria do produto de 20 a 80 mesh; 
 Martelos – princípio de impacto em sistema contínuo ou descontínuo usado em 
materiais secos, moles, não friáveis ou quebradiços; granulometria de 4 a 325 mesh; 
 Rolos – princípio de pressão para materiais moles; granulometria de 20 a 200 
mesh; 
 Atrito – materiais moles e fibrosos; granulometria de 20 a 200 mesh; 
 Energia fluída – ação mista aplicada em materiais moles e aderentes; produto 
 
 
FIGURA 1 – Moinho de facas utilizado no processo de moagem. 
 
 
FONTE: New Química. Disponível em: <http://www.newquimica.com.br/>. Acesso em: 31mar. 
2011. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
5.7 CONTROLE DE QUALIDADE DE DROGAS VEGETAIS 
 
 
 
Os ensaios de qualidade de matérias-primas vegetais preconizados nas Farmacopeias 
e Códigos oficinais e nas literaturas científicas da área têm como objetivo: verificar a 
identificação botânica do material, avaliar a pureza do material, caracterização dos constituintes 
químicos da espécie e doseamento destes constituintes, principalmente aqueles responsáveis 
pela atividade biológica. As análises devem ser realizadas em triplicata, os resultados de 
procedimentos analíticos devem ser validados e os resultados quantitativos deverão ser 
avaliados estatisticamente. 
A qualidade da matéria-prima vegetal é determinante inicial da qualidade do produto 
fitoterápico. Entretanto, a qualidade da matéria-prima não garante eficácia e segurança do 
produto final. A eficácia é determinada mediante ensaios farmacológicos pré-clínicos e clínicos, 
assim como sua aplicabilidade terapêutica. A segurança é determinada pelos ensaios que 
comprovam a ausência dos efeitos toxicológicos e a inexistência de contaminantes nocivos à 
saúde. Os parâmetros de qualidade da matéria-prima vegetal devem ser precisamente 
predefinidos e os procedimentos de preparação dos extratos devem ser padronizados, obtendo-
se os produtos chamados padronizados. O produto fitoterápico final deve ser avaliado em cada 
etapa do processo de fabricação, pois dependem da metodologia de extração dos princípios 
ativos, da elaboração, formulação e forma farmacêutica, entre outros. 
A análise da qualidade de um lote de matéria-prima é realizada por amostragem, 
sendo a tomada da amostra um fator limitante para a confiabilidade dos resultados. A droga 
vegetal acondicionada em caixas ou tonéis deve ter a amostra retirada da parte superior, da 
metade do conteúdo da embalagem e da parte inferior. A quantidade de amostra deve ser 
suficiente para realização dos ensaios necessários quando o material tiver entre 1 a 5 kg; para 
materiais com mais de 5 kg retira-se de cada amostra 250 g. Para aqueles com peso superior a 
100 kg e com fragmentos maiores que 1 cm, a quantidade de amostra retirada deve ser de 500 
g. Aos materiais de quantidades menores que 10 kg é permitido amostrar quantidades inferiores 
de no mínimo 125 g. 
As análises realizadas com a amostra irá ditar se tal matéria-prima poderá ser utilizada 
na elaboração do fitoterápico. Entretanto, durante o procedimento de análise, a matéria-prima 
 
 
24 
 
deverá ser armazenada separadamente em quarentena, aguardando laudo técnico para 
liberação da sua utilização. Deve-se guardar uma quantidade de material como contraprova, 
caso seja necessário a repetição de alguma análise. 
Os principais problemas relacionados à qualidade de matéria-prima vegetal são 
umidade, contaminação por microrganismos, metais pesados e agrotóxicos, impurezas e 
falsificações. 
 
 
5.8 ANÁLISE SENSORIAL OU ORGANOLÉPTICA 
 
 
A análise sensorial visa análise do aspecto visual, do sabor, do odor e da percepção ao 
tato de matérias-primas vegetais, sendo o meio mais rápido e simples de verificar alguns 
parâmetros de qualidade, principalmente de identidade e pureza. Deve-se preconizar um padrão 
do aspecto da droga-vegetal, pois quaisquer diferenças serão rejeitadas pelo consumidor tendo 
sua credibilidade comprometida. 
Os profissionais que realizam as análises de sabor e odor devem receber treinamento 
específico e experiência a fim de evitar variabilidades sensoriais individuais. Para esse tipo de 
análise requer uma amostra autêntica utilizada no laboratório como padrão para posteriores 
análises. Pela análise organoléptica é possível detectar a contaminação por fungos ou odor de 
decomposição do material. Por meio da percepção visual ou pelo tato pode-se observar se o 
material foi atacado por insetos, como cupins ou se há presença de insetos. 
Comparando-se droga vegetal com amostra padrão em relação odor e coloração é 
possível avaliar as condições de armazenamento ou do prazo de validade ultrapassado. 
 
 
5.9 VERIFICAÇÃO DA AUTENTICIDADE 
 
 
25 
 
A autenticidade de uma espécie vegetal é verificada por parâmetros de identificação 
botânica por meio de ensaios macro e microscópicos. A presença de constituintes químicos 
ativos e/ou características da espécie também são parâmetros considerados. A identificação de 
diferentes partes do vegetal, como flores, frutos, folhas e caules aliado com descrição da espécie 
em literatura especializada em botânica leva a identificação botânica. As plantas medicinais 
geralmente são observadas os farmacógenos – parte da planta com princípio (s) ativo (s) 
utilizados terapeuticamente, sendo necessárias literaturas específicas em que relatam seu uso 
farmaceuticamente. A análise de amostras pulverizadas requer o reconhecimento de estruturas 
microscópicas características e diferenciais, complementada com as análises químicas. Dessa 
forma, prefere-se para a análise da matéria-prima íntegra. 
Os ensaios macroscópicos podem ser realizados a olho nu ou com auxílio de lupa, 
comparando-se a amostra com amostra autêntica, desenhos ou fotos, efetuados por profissional 
botânico de preferência ou especialista na espécie. É importante o estabelecimento de estruturas 
específicas que possam diferenciar uma espécie medicinal ou farmacopeica e espécies 
encontradas como adulterantes. 
Os ensaios microscópicos são realizados com auxílio de um microscópio, necessitando 
a preparação preliminar do material. A lâmina a ser analisada deve ser preparada a partir da 
droga vegetal inteira ou fragmentada, por meio de cortes histológicos. Se a droga estiver em pó, 
esse poderá ser analisado microscopicamente. Além de se verificar a autenticidade botânica, 
este tipo de análise permite observar interferências a respeito da qualidade do material. Na 
análise de flores de camomila a caracterização de estruturas de tricomas glandulares, onde se 
acumula na planta o óleo volátil servindo de parâmetro para a identificaçãodo farmacógeno 
pulverizado e o teor de óleo volátil. Estudos demonstraram que altas temperaturas e umidade 
elevada nos tricomas reduzem o teor do óleo volátil. 
Algumas reações químicas ou perfil cromatográfico de caracterização são efetuados 
para verificação da autenticidade da droga vegetal. Tais métodos requerem conhecimentos 
fitoquímicos prévios, são de baixo custo e rápida execução. Geralmente, são reações 
inespecíficas que têm por objetivo verificar a presença de grupos de substâncias, como 
flavonoides, alcaloides entre outros. A cromatografia constitui um processo físico-químico de 
separação dos constituintes de uma mistura, sendo muito utilizado na análise de matéria-prima 
vegetal. A cromatografia em camada fina é corriqueiramente utilizada nesta análise de 
 
 
26 
 
autenticidade por sua rapidez e baixo custo. Entretanto, deve-se conhecer o marcador químico 
da espécie investigada e possuir substância de referência ou marcadores específicos que 
autentiquem a espécie analisada. Esse método permite identificar nas flores de arnica (Arnica 
montana L.) se há interferência por outras espécies como contaminação por Calendula, 
conhecida como arnica-mexicana, além de verificar a decomposição de alguns constituintes 
originais. 
 
 
5.10 VERIFICAÇÃO DA PUREZA DA AMOSTRA 
 
 
As farmacopeias estabelecem os critérios para a presença de elementos estranhos, 
impureza, teor de umidade, contaminação microbiológicos, parasitários, resíduos de pesticidas e 
resíduos de metais pesados para todas as drogas vegetais. Trabalhos de verificação da pureza 
de matéria-prima vegetal apontam como maior problema a impureza. A análise de amostras 
comerciais de camomila evidenciou que mais de 60% das amostras apresentavam sendo a 
presença de insetos. 
A matéria-prima vegetal pode apresentam elementos estranhos, comumente são 
partes do próprio vegetal ou de outra espécie. A Farmacopeia Brasileira permite na análise de 
amostras de camomila até 5% de pedúnculos. Em geral, o limite aceitável de elementos 
estranhos em uma amostra de droga vegetal é de 2% (m/m). 
A presença de substâncias indesejáveis é verificada por análise em cromatografia em 
camada delgada. Na análise de frutos de erva-doce (Pimpinella anisum L.) é indicada a reação 
de hidróxido de potássio e verificação do desprendimento de odor desagradável, associado com 
um alcaloide extremamente tóxico – a coniina, presente em frutos de cicuta (Conium maculatum 
L.), o qual é um dos contaminantes de amostras de erva-doce. 
A determinação do teor de cinzas permite verificar as impurezas inorgânicas não 
voláteis que estão presentes como contaminantes da droga vegetal. O material é colocado em 
 
 
27 
 
um cadinho de porcelana ou de platina e incinerado quantitativamente em mufla, até o peso 
constante. Os ensaios são geralmente realizados em triplicata. As cinzas insolúveis em ácido 
permitem uma melhor quantificação de contaminantes como resíduos de terra ou areia em 
raízes. 
A umidade em excesso nas matérias-primas vegetais permite a ação de enzimas, 
degradando os constituintes químicos, possibilitando o desenvolvimento de fungos e bactérias. A 
Farmacopeia Brasileira preconiza os métodos gravimétricos, da destilação azeotrópica e 
volumétrico. O método gravimétrico é de fácil realização, determina-se o percentual de material 
volatilizado após a dessecação. Plantas de elevado teor de óleo volátil apresentam alto 
percentual de massa perdida. No método de destilação azeotrópica é determinado à quantidade 
de água presente no vegetal, destilando-se o material juntamente com tolueno ou xileno, após 
resfriamento determina-se o volume de água destilado por diferença. O método volumétrico é 
baseado na reação de Karl Fischer onde a oxidação do dióxido de enxofre por iodo na presença 
de água. O teor de umidade estabelecido nas diferentes Farmacopeias está entre 8-14%. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
FIGURA 2 – MUFLA E TABELA DE PERCENTUAIS DE CINZA TOTAIS E INSOLÚVEIS EM 
ÁCIDO RECOMENDADOS PELA FARMACOPEIA BRASILEIRA 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://batatasechocolate.
blogspot.com/>. Acesso em: 31mar. 2011 
 
As drogas vegetais podem conter um grande número de fungos e bactérias, oriundas 
do solo, da microflora natural de certas plantas ou durante a manipulação. A contaminação pode 
surgir nos processos de manejo, secagem e armazenamento. A OMS estabelece os seguintes 
critérios para as drogas vegetais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Na Farmacopeia Brasileira não há especificação de limites aceitos para as drogas 
vegetais, mas se encontra detalhadamente os métodos de filtração por membrana, contagem em 
placa ou em tubos múltiplos, aplicáveis à contagem de microrganismos viáveis em produtos que 
não necessitam de teste de esterilidade. 
Os agrotóxicos ou pesticidas presentes em drogas vegetais podem ter origem na 
contaminação acidental de plantas silvestres que crescem próximas às áreas de cultivo, do 
emprego inadequado de produtos para melhoramento ou tratamento impróprio das drogas 
armazenadas. Os limites toleráveis de agrotóxicos estão diretamente relacionados às 
regulamentações para alimentos. Um estudo com 45 lotes de 14 espécies vegetais utilizadas 
pela população demonstrou que os chás preparados a partir dessas drogas vegetais continham 
entre 3 e 67% do teor do agrotóxico encontrado no material de partida; e em 90% das drogas o 
teor original estava abaixo de 25%. Na determinação do teor destes contaminantes, comumente 
são empregados os métodos de cromatografia gasosa e cromatografia líquida de alta eficiência. 
A contaminação por metais pesados tem seu limite estabelecido de forma semelhante 
aos limites determinados para alimentos, matérias-primas farmacêuticas e medicamentos. No 
caso das plantas medicinais, os processos de extração de drogas vegetais são capazes de 
extrair de 3 a 48% do teor de metais pesados presentes na droga. Os métodos recomendados 
pelas farmacopeias não são específicos para metais pesados, possuem pouca sensibilidade e 
baixa precisão. Diversos autores orientam as metodologias de espectrofotometria de absorção 
atômica, espectrometria de emissão atômica ou voltometria inversa. 
 
 
5.11 ENSAIOS QUANTITATIVOS E SEMIQUANTITATIVOS DE CONSTITUINTES QUÍMICOS 
 
 
A determinação do teor de constituintes ativos presentes nas drogas vegetais é 
utilizada como forma de avaliar a qualidade da matéria-prima oriunda para emprego terapêutico. 
O teor dos constituintes pode variar consideravelmente com a época e local da coleta, formas de 
 
 
30 
 
cultivo, condições climáticas, idade do material vegetal, período e condições de armazenamento 
entre outros. 
O doseamento dos constituintes ativos pode ser realizado de acordo com o tipo de 
substâncias. A técnica de cromatografia líquida de alta eficiência é bastante comum para a 
quantificação dos diversos constituintes. Nas drogas com óleo volátil deve-se realizar a extração 
do óleo essencial por arraste de vapor d’água seguido de determinação volumétrica ou 
gravimétrica da quantidade de óleo extraída segundo parâmetros estabelecidos. Os métodos 
titulométricos ou espectroscópicos (ultravioleta ou visível) são empregados no doseamento de 
flavonoides, taninos, alcaloides, antraquinonas e uma grande variedade de compostos. 
Alguns grupos de compostos podem ser empregados métodos semiquantitativos 
baseados em propriedades fisicoquímicas, como índice de intumescimento para drogas 
contendo mucilagem e índice de amargor para plantas amargas e em atividade biológica, como o 
índice de hemólise para drogas contendo saponinas.A documentação dos procedimentos que envolvem a produção e o controle de 
qualidade da droga vegetal deve ser preconizada como orienta as Boas Práticas de Fabricação 
(RDC 134/ANVISA de 2001). A formalização destas atividades por escrito garante a segurança 
da qualidade da matéria-prima e do produto fitoterápico final. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
FIGURA 3 - EXEMPLO DE PROTOCOLO DE CONTROLE DE QUALIDADE DA MATÉRIA-
PRIMA 
 
 
FONTE: Simões, 2004. 
 
 
32 
 
6 ETNOBOTÂNICA 
 
 
A etnobotânica está inserida no contexto de etnobiologia, que incluem as ações da 
ciência num contexto de multidisciplinaridade acadêmica a fim de gerar retorno às comunidades 
de onde surgiu o conhecimento vivenciado sobre determinada particularidade. A etnobotânica é 
o estudo das relações entre povos e plantas, considerando o seu manejo, percepção e 
classificação deste recurso vegetal para as diferentes sociedades. O termo etnobotânica foi 
utilizado pela primeira vez pelos biólogos europeus em 1985, para designar o uso das plantas 
por povos nativos. O âmbito do estudo etnobotânico tem se ampliado atualmente, a fim de 
englobar as relações entre plantas e a cultura humana. 
Dentro da etnobotânica, a exploração científica interdisciplinar dos agentes 
biologicamente ativos, tradicionalmente empregados ou observados pelas sociedades, utilizando 
plantas como remédio é definido por etnofarmacologia. O estudo de etnofarmacologia combina 
informações adquiridas das comunidades locais que fazem uso da flora medicinal com estudos 
químicos e farmacológicos realizados em laboratórios. A escolha das espécies medicinais a 
serem pesquisadas baseadas nas informações da população quanto à utilização das espécies 
para determinada patologia constitui um atalho importante para o descobrimento de novos 
fármacos. 
A Etnofarmacologia é uma disciplina multidisciplinar e interdisciplinar que requer a 
interação e a cooperação entre profissionais de diferentes áreas de conhecimento. Geralmente, 
o método etnofarmacológico tem os seguintes passos: 
 Coleta e análise de dados etnofarmacológicos; 
 Identificação botânica da espécie estudada, incluindo depósito de um material-
testemunha em herbário; 
 Pesquisa bibliográfica em bancos de dados de química e biologia e 
principalmente de plantas medicinais (ex. Chemical Abstracts, Biological Abstracts); 
 Análise química preliminar a fim de detectar os principais constituintes químicos 
presentes na parte da planta estudada; 
 
 
33 
 
 Estudo farmacológico preliminar em modelos experimentais relevantes 
relacionados aos sugeridos pela população; 
 Fracionamento químico por métodos diversos, como cromatografia e diferença 
de solubilidade aliados ao uso de técnicas analíticas, como cromatografia líquida de alta 
eficiência ou reações específicas; 
 Estudo farmacológico e toxicológico das frações padronizadas e/ou compostos 
isolados; 
 Estudo de formulações farmacêuticas a serem comercializadas e estudos pré-
clínicos; 
 Elucidação estrutural das substâncias ativas isoladas para orientar a 
farmacotécnica e o controle de qualidade químico e biológico; 
 Propor derivados semissintéticos e estudo farmacológico. 
 
O estudo etnofarmacológico deve estar fundamentado em resgatar o saber popular por 
meio do conhecimento gerado, no respeito às diferenças culturais e ações que garantam o 
retorno desse conhecimento para a população, não resultando em mais um material científico 
nas prateleiras e livrarias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
7 ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define plantas medicinais como espécies 
vegetais que possuem em um de seus órgãos, ou em toda a planta, substâncias que se 
administradas ao ser humano ou a animais, por qualquer via e sob qualquer forma, exercem 
algum tipo de ação farmacológica. As plantas medicinais possuem um valoroso reservatório 
genético e um poderoso laboratório natural de síntese biológica, sendo sua exploração essencial 
para o desenvolvimento de novas moléculas ativas biologicamente. A vasta gama de 
informações sobre plantas medicinais como “remédios” em todos os lugares do mundo leva à 
necessidade do desenvolvimento de métodos de estudo que facilitem a tarefa de recolher o 
máximo de informações das plantas com potencial terapêutico. Tais métodos devem respeitar as 
diferenças culturais entre as comunidades e o conhecimento dos diferentes sistemas médicos 
tradicionais locais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
FIGURA 1 – ROTEIRO DE INFORMAÇÕES BÁSICAS NO ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS 
 
FONTE: Simões, 2004. 
 
 
O conhecimento popular da utilização dos recursos vegetais é inumerável e aplicado 
pelas comunidades sem nenhum interesse econômico, o que facilita a sua propagação por todos 
 
 
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os territórios. Esses conhecimentos provêm de pelo menos três fontes principais: a observação 
cuidadosa dos efeitos de certos alimentos e condimentos, dando a ideia de como utilizá-los em 
caso de doenças; a observação das atitudes de animais e insetos perante as plantas, inspirando 
o ser humano a utilizar tais vegetais como elementos de cura; e a observação das características 
próprias das plantas e a formulação de ideias acerca das suas qualidades, seguidas da 
experimentação dos seus efeitos. Dessa forma, os povos mais primitivos da história da 
humanidade passaram a conhecer as plantas de seu ecossistema e a reconhecer suas 
propriedades. 
A origem do conhecimento sobre utilização terapêutica de plantas medicinais está 
associada a indivíduos mais idosos e/ou indivíduos respeitados ou líderes das comunidades, 
como pajés, curandeiros, benzedeiras, mateiros, Geralmente, os detentores dessas informações 
são indivíduos mais idosos. A transmissão do conhecimento se dá essencialmente, de forma oral 
e gestual pelas famílias, por meio das sucessivas gerações. 
O uso medicinal das plantas é considerado uma prática da medicina paralela. As 
receitas de remédios a base predominantemente de vegetais é comum na medicina popular. Na 
medicina popular, os sistemas médicos tradicionais atuam de forma não sistematizada e, muitas 
vezes, sem comprovação científica, refletindo a imensa variedade de métodos terapêuticos 
tradicionais, fundamentados em conhecimentos e habilidades que se inscrevem no âmbito do 
empirismo médico. As origens da utilização de plantas medicinais na medicina paralela brasileira 
são: 
 
 Sistema Etnofarmacológico Europeu – influência da colonização portuguesa e 
de outros povos europeus, sendo marcante no sul do país já que possui um clima mais frio, 
semelhante ao europeu, onde essas plantas já estavam adaptadas. Exemplos de plantas 
europeias são: a alfazema (Lavandula angustifolia L.) e o ginkgo (Ginkgo biloba L.); 
 
 Sistema Etnofarmacológico Africano - trazido com o tráfico de escravos para o 
Brasil nos séculos XVI e XVII. Associado a diversos rituais religiosos sendo mais encontrado no 
estado da Bahia. Por meio dos negros africanos incorporamos plantas como a arruda (Ruta 
graveolens L.) e o jambolão (Syzigium jambolanum L.); 
 
 
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 Sistema Etnofarmacológico Indígena - herança do conhecimento de plantas 
medicinais dos indígenas brasileiros. No entendimento indígena, o significado de doença e 
saúde tem características míticas e simbólicas associadas às interações sociais e sobrenaturais 
em desequilíbrio. Os processos de cura podem variar de acordo com o grupo indígena, entre os 
Xamãs, considerado como médico-pajé, o estado de êxtase é indispensável para que aalma vá 
para longe do corpo, percorrendo lugares distantes. O sistema indígena é amplamente 
distribuído por todo território nacional. O uso das plantas caapeba (Piper umbellatum L.) e o 
urucum (Bixa orellana L.) são exemplos deste sistema; 
 
 Sistema Etnofarmacológico Oriental - trazido junto com os imigrantes chineses e 
japoneses para o Brasil, predominantemente encontrado no estado de São Paulo e de Minas 
Gerais. Os orientais trouxeram para o Brasil espécies como o gengibre (Zingiber officinale R.) e a 
raiz forte (Wasabia japonica (Miq.) Matsum). Outras plantas medicinais de origem oriental foram 
trazidas pelos portugueses durante suas navegações até a Ásia, como a canela (Cinnamomum 
cassia Nees) e o cravo (Syzygium aromaticum L.), espécies mundialmente conhecidas por sua 
utilidade na culinária; 
 
 Sistema Etnofarmacológico Indiano – origina a medicina Ayurvédica ciência que 
tenta conhecer o máximo o corpo humano para então harmonizá-lo, a abordagem terapêutica se 
faz por plantas medicinais, exercícios físicos, ioga, astrologia, massagem, aromaterapia e 
psicologia. As receitas médicas indianas consistem de fitocomplexos, ou seja, três a dez plantas 
com efeito sinérgico e complementar. Esse tipo de sistema milenar vem influenciando fortemente 
o sistema terapêutico no mundo inteiro e em especial o brasileiro, que se beneficia com a 
introdução de plantas medicinais como açafroeira (Curcuma longa L.) e mamona (Ricinus 
comunis L.); 
 
 Sistema Etnofarmacológico Amazônico – deriva de particularidades da flora 
desta região, associada aos conhecimentos indígenas pela figura do caboclo. Plantas 
específicas da região amazônica como o guaraná (Paulinia cupana L.), a copaíba (Copaifera 
officinalis (Jacq.) L.) e o cumaru (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.) se fazem conhecida para 
tratamento de diversas doenças; 
 
 
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 Sistema Etnofarmacológico Nordestino - a região do Nordeste apresenta clima e 
vegetação peculiares, além de forte influência indígena e africana. Esses aspectos combinados 
às más condições socioeconômicas da região estimularam o surgimento de um sistema de 
plantas medicinais próprias. Como contribuição do sistema nordestino, temos as espécies 
aroeira (Schinus molle L.) e catinga de mulata (Tanacetum vulgare L.). 
 
Nas últimas décadas a OMS está incentivando os governos dos países onde as 
condições de saúde são precárias a implantar programas de saúde que diminuam os custos, 
mediante métodos e técnicas eficazes, conhecidos e tradicionalmente aceitáveis pela população. 
A partir desse estímulo, surgem como exemplo os programas de Farmácias Vivas, Projeto Ervas 
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) assistindo as populações locais. Esses projetos 
têm por objetivo levantar informações junto às comunidades da região, realização de um horto 
de plantas medicinais, estudar cientificamente as plantas medicinais, estudar as propriedades 
terapêuticas dessas espécies, oferecer assistência farmacêutica fitoterápica de base científica às 
entidades públicas e privadas sem fins lucrativos e distribuir medicamentos fabricados a partir 
das espécies. 
O quadro abaixo exemplifica as principais espécies utilizadas como plantas medicinais 
e inseridas nestes programas: 
Plantas Medicinas utilizadas no Brasil 
Alecrim Rosmarinus officinalis L. 
Alfavaca/Manjericão Ocimum spp. 
Anador Justicia pectoralis var. 
Arnica Solidago microglossa DC 
Babosa Aloe vera L. 
Boldo Plectranthus barbatus Andr. 
Camomila Matricaria chamomilla L. 
Campim-limão Cymbopogon citratus (D.C) Stapf. 
 
 
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Cavalinha Equisetum arvense L. 
Colônia Alpinia zerumbet (pers.) 
Erva-cidreira Lippia alba (Mill.) N. E. Br. 
Erva-de-bicho Polygonum acre H. B. K. 
Erva-de-santa-maria Chenopodium ambrosioides L. 
Guaco Mikania glomerata Spring. 
Hortelã-graúda Pectranthus amboinicus Lour. 
Hortelã-rasteira Mentha x vilosa Huds 
Hortelã-vick Mentha x arvensis L. 
Maracujá Passiflora edulis Sims 
Quebra-pedra Phyllanthus niruri L. 
Tansagem Plantago major L. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA 
 
 
Na fase inicial do estudo de plantas medicinais é necessária a identificação botânica 
das espécies. Muitas plantas medicinais são nomeadas pela população de acordo com alguma 
característica do vegetal, sabe-se que muitas espécies se assemelham morfologicamente e em 
relação à atividade biológica levando a confusão botânica. Os nomes populares, comuns e 
vulgares são regionais e não recebem importância nos trabalhos científicos. Entretanto, são úteis 
nos levantamentos etnobotânicos, como fonte de informação sobre a cultura da população e a 
utilização de uma espécie. Exemplo é a espécie Caseria silvestris Sw. Conhecida como chá-de-
bugre e erva-de-bugre no Rio Grande do Sul e estados do sul do Brasil; e por guaçatonga e 
língua-de-lagarto em outras regiões. Por outro lado, o mesmo nome popular pode significar 
diferentes espécies vegetais, um exemplo é o nome camomila que é usado para Chamaemelum 
nobile L. e também para Chamomilla recutita L. ambas da família Asteraceae. É relevante 
observar que os nomes dados pela população a algumas espécies de diferentes gêneros ou 
famílias botânicas têm nomes de medicamentos, como melhoral, novalgina, penicilina. 
A caracterização de uma espécie vegetal inicia-se na determinação de estruturas 
maiores, macroscópicas. Uma planta medicinal tipo erva deve ser observada quanto sua 
morfologia externa, desde ramificação de raízes, forma do caule, forma e disposição das folhas e 
organização das flores; quando uma árvore ou arbusto deve-se considerar os itens citados e 
flores, frutos e sementes. Após a coleta da espécie vegetal, uma amostra seca de partes dessa é 
prensada e fixada em uma cartolina acompanhada de etiqueta ou rótulo, contendo informações 
sobre o vegetal e o local de coleta, esse material encaminhado para identificação botânica é 
chamado de exsicata, que ficará depositada em um herbário. 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 2 – ESQUEMA MOSTRANDO AS PRINCIPAIS PARTES DE UMA EXSICATA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS EM FITOTERAPIA 
 
 
O conhecimento de como são utilizadas as espécies medicinais pela população é um 
ponto importante para aprofundar os estudos e a utilização destas espécies. As plantas 
medicinais podem ser usadas frescas ou secas, dependendo de como se encontra é utilizada em 
quantidades diferentes. Uma planta após secagem perde metade do peso inicial, em virtude da 
perda de água. Dessa forma, a planta fresca quando utilizada deve corresponder ao dobro da 
quantidade da planta seca. A população utiliza formas rudimentares de medidas, como colher de 
sopa, colher de chá, punhado ou copo de geleia. As plantas utilizadas não devem ser oriundas 
de locais próximos de esgoto, água parada e/ou de cultivo com uso de agrotóxico, e preconizam-
se a utilização de planta fresca, principalmente folhas. 
Não é aconselhável durante as preparações a utilização de materiais de alumínio, 
ferro, barro ou pedra, já que os constituintes ativos da planta podem reagir com metais presentes 
nesses materiais. O ideal é a utilização de vidro, aço inoxidável, esmaltado ou porcelana. A 
utilização deve ser imediata, evitando o armazenamento prolongado. Caso seja necessário 
guardar o material devem-se utilizar recipientes de vidro limpos e escaldados, de preferência de 
cor escura ou enrolados com papel a fim de proteger da luz e em geladeira. Todos os recipientes 
devem ser etiquetados com identificação daplanta, tipo de preparação e data de preparo. 
 
As principais preparações de plantas medicinais utilizadas pela população são: 
 
 Chás – forma mais apreciada pela população. Além de seu alto valor medicinal 
específico hidrata o organismo e auxilia na eliminação de toxinas, favorecendo o controle da 
temperatura corporal e a digestão de alimentos. Devem ser utilizados no máximo até 12h após 
seu preparo, que pode ser das seguintes formas: 
 
 
Infusão – material vegetal, geralmente flores e folhas picadas, permanece durante 
certo tempo em água fervente, em recipiente tapado. Preparados para uso imediato; 
 
 
 
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Decocção – consiste em colocar as partes da planta, como raízes e folhas picadas, em 
contato com solvente (normalmente água) em ebulição. Os decoctos devem ser utilizados 
imediatamente. Esse tipo de preparação degrada substâncias ativas sensíveis ao aquecimento; 
 
Maceração – material vegetal na forma de pó é deixado em contato com líquido, como 
álcool ou água a frio por um ou mais dias. Deve-se coar antes do consumo. 
 
 Alcoolaturas – preparações líquidas, obtidas a partir da planta fresca ou seca em 
contato com uma solução de água e álcool em diferentes concentrações, à temperatura 
ambiente. Utilizada dissolvendo gotas da alcoolatura para ingestão em água e externamente em 
compressas e fricções; 
 
 Xarope – solução de plantas medicinais açucaradas facilitando a administração 
de plantas com sabor desagradável ou em crianças. O açúcar presente nessa preparação 
permite a conservação por mais tempo. O preparo pode ser a partir do chá, acrescentando 
açúcar ou a tintura de uma planta em um xarope simples. Também pode ser adicionado ao 
xarope óleo essencial; 
 
 Compressas – parte da planta utilizada é colocada para ferver em água. Após 
coar, embeber a solução em gaze ou algodão com o líquido, retirar o excesso e colocar mais 
água quente na área afetada. Compressas frias também podem ser preparadas com as 
alcoolaturas; 
 
 Cataplasma – aplicação direta da planta no local afetado. Geralmente, 
preparado com a planta fresca, quando utilizada a planta seca deve-se misturar a uma pequena 
quantidade de água para amolecer. Deve-se observar se a planta possui partes, como pelos que 
possam irritar a pele ou presença de látex que podem causar queimaduras; 
 
 Bochechos e gargarejos – pode-se utilizar o chá ou a tintura diluída em água, as 
preparações são colocadas na boca, mas não são ingeridas; 
 
 
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 Banhos – utilização de chá misturado à água do banho; causam sensação de 
refresco, estimulam a circulação, relaxa a musculatura tensa ou cansada. Muito comum na 
medicina popular a utilização dos chamados banhos de assento para distúrbios do aparelho 
reprodutor e infecções; 
 
 Sumo – a planta fresca em pedaços é triturada com auxílio de um pilão até se 
obter uma “papa”, nessa os princípios ativos da planta estão na própria água da planta. Deve ser 
utilizado logo após seu preparo, pois pode estragar rapidamente; 
 
 Inalação – prepara-se um chá por infusão em um recipiente e aspira-se o vapor, 
a cabeça pode estar coberta com uma toalha ou pode-se utilizar um cone de papel em que a 
parte mais larga fica voltada para o recipiente e a mais estreita nas narinas. Deve-se ter cautela 
a fim de evitar queimaduras com o chá quente. As substâncias ativas presentes na planta são 
arrastadas pelo vapor da água quente e são inalados. É uma forma muito utilizada na medicina 
popular para tratamento de distúrbios respiratórios; 
 
 Salada – forma direta de ingerir as plantas medicinais, algumas espécies 
apresentam sabor agradável servindo como tempero. Como exemplos têm a hortelã, o alho e o 
gengibre. Geralmente, prepara-se a salada com plantas frescas, utilizando flores, folhas, frutos, 
talos e raízes. É comum a utilização dessas plantas moídas encontradas no comércio na forma 
de pó, saquinhos, cápsulas e associados com azeites. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE MATERIAL VEGETAL 
 
 
 
O processo extrativo visa à retirada dos princípios ativos de dentro de determinada 
droga vegetal, por meio de um solvente, obtendo-se formas terapêuticas mais convenientes ao 
manuseio e a manipulação. 
A extração de plantas medicinais é um processo seguinte da secagem, estabilização e 
moagem. O processo de extração depende de fenômenos de difusão e a renovação do solvente 
em contato com as substâncias solúveis permitem a dissolução dessas. Devem-se considerar as 
características do material vegetal, o seu grau de divisão, o meio extrator (solvente) e a 
metodologia de extração. O poder de penetração do solvente depende da textura da parte da 
planta a ser extraída, quanto mais rígido o material, menor seu grau de granulometria. O 
solvente extrator escolhido deve ser o mais seletivo possível, essa seletividade depende do grau 
de polaridade das substâncias presentes na planta as quais se deseja extrair. Quando não se 
conhece as características das substâncias presentes em determinada espécie estudada, utiliza-
se normalmente extração com solventes de diferentes polaridades, a fim de agrupar em cada 
solvente utilizado, diferentes grupos de constituintes químicos. Em geral, todas as substâncias 
de interesse fitoquímico possuem razoável solubilidade em misturas etanólicas ou metanólicas a 
80%, sendo essas usualmente utilizadas na extração de constituintes presentes em espécies 
medicinais. 
A extração de algumas substâncias é influenciada pelo pH do líquido extrator, exemplo 
disso é a extração de compostos alcaloidicos de natureza alcalina com soluções ácidas. 
Alguns métodos de extração assemelham-se aos métodos utilizados na medicina 
popular para utilização de espécies vegetais terapêuticas, como exemplo são os métodos de 
maceração, decocção e infusão como descritos anteriormente. Outros métodos pela 
necessidade de aparelhagens são utilizados em laboratórios, como: 
 Digestão – extração a temperatura ambiente por meio do contato da droga 
vegetal com o solvente mantido em uma temperatura de 40 a 60º C; 
 
 Percolação – técnica em que o solvente a temperatura ambiente fica em contato 
estático ou dinâmico com a planta em recipiente adequado, o percolador; 
 
 
 
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 Turbólise – emprego de um equipamento específico, um liquidificador industrial, 
que pulveriza as partes vegetais a temperatura ambiente e lava os conteúdos celulares, 
extraindo os princípios ativos; 
 
 
FIGURA 3 – PERCOLADOR UTILIZADO NO PROCESSO EXTRATIVO DE PERCOLAÇÃO (À 
ESQUERDA) E LIQUIDIFICADOR PARA TURBÓLISE (À DIREITA) 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.erli.com.br/>. Acesso em: 31mar. 2011. 
 
 
 Extração por Soxhlet – extração a quente em sistemas fechados utilizando-se 
um aparelho de Soxhlet acoplado a um balão de vidro sob uma placa de aquecimento; 
 
 Extração por Refluxo – a planta em um balão juntamente com o solvente 
acoplado a um condensador de bolhas é colocado sob uma placa de aquecimento onde 
permanece sob refluxo por uma hora, depois de transcorrido o tempo filtra-se o extrato. 
 
 
 
 
 
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FIGURA 4 – EXTRAÇÃO POR REFLUXO (À ESQUERDA) E POR SOXHLET (À DIREITA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Pinheiro, 2010. 
 
 
O resultado dos processos extrativos após minutos ou semanas obtém-se os extratos 
vegetais líquidos, definidos por preparações líquidas ou em pó, obtidas da retirada dos princípios 
ativos de uma espécie vegetal por diversas metodologias. Tais metodologias são práticas 
farmacêuticas que visam concentrar substâncias, aumentar

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