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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL 
NOS TRÓPICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GLICERINA BRUTA NA DIETA DE CORDEIROS CONFINADOS 
 
REBECA DANTAS XAVIER RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR-BAHIA 
DEZEMBRO / 2015 
ii 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL 
NOS TRÓPICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GLICERINA BRUTA NA DIETA DE CORDEIROS CONFINADOS 
 
REBECA DANTAS XAVIER RIBEIRO 
Médica Veterinária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR-BAHIA 
DEZEMBRO / 2015
iii 
 
REBECA DANTAS XAVIER RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GLICERINA BRUTA NA DIETA DE CORDEIROS CONFINADOS 
 
 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência Animal nos 
Trópicos, da Universidade Federal da 
Bahia, como requisito parcial para obtenção 
do título de Doutor em Ciência Animal nos 
Trópicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Lopes Oliveira 
Coorientador: Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho 
 
 
 
SALVADOR – BA 
DEZEMBRO/ 2015
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sistema de Bibliotecas da UFBA 
Ribeiro, Rebeca Dantas Xavier. 
Glicerina bruta na dieta de cordeiros confinados / Rebeca Dantas Xavier Ribeiro – 2015. 
82 fl.:Il. 
 
Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Lopes Oliveira 
Coorientador: Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho 
Tese (doutorado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária e 
Zootecnia, Salvador, 2015. 
 
1.Ovino – Criação. 2.Co-produtos – Biodiesel. 3. Glicerol – Biodiesel. 4. Ruminantes – 
Nutrição. 5.Qualidade da Carne. I. Lopes, Ronaldo Oliveira. II. Carvalho, Gleidson 
Giordano Pinto. III. Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária. IV. 
Título. 
 
CDD (XXXXX) 
CDU (XXXXX) 
 
v 
 
“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que eu 
quiser, mas tenho que querer o que for. O êxito 
está em ter êxito e não em ter condições de êxito. 
Condições de palácio tem qualquer terra larga, 
mas onde estará o palácio se não o fizerem ali? ” 
Fernando Pessoa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado à minha família. 
vi 
 
AGRADECIMENTOS 
Ao meu Deus. 
À minha família, por todo o suporte e amor incondicional. 
À Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo suporte financeiro. 
Ao Professor Ronaldo Lopes Oliveira pelos inúmeros aprendizados e oportunidades 
nestes quase 10 anos de orientação. 
A Thadeu Silva por todo o suporte, amor e auxílios (muitos) no período 
experimental e na escrita. 
Ao Professor Gleidson Giordano Pinto de Carvalho pelos ensinamentos e a 
oportunidade de condução do projeto. 
Ao Professor Jonival Costa, mão amiga sempre disposta a ajudar e presente durante 
toda a condução do projeto. 
Aos professores do curso de doutorado. 
A Sara Menezes, estagiária e amiga dedicada, que contribuiu em todas as fases da 
elaboração deste trabalho. 
Aos estagiários dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia, sempre dispostos a 
ajudar, em especial: Abraão Nunes, Elisiane Satelles e Maurício Xavier. Muito 
obrigada, sem vocês tudo seria mais difícil. 
A toda equipe do Laboratório de Nutrição Animal (LANA-UFBA). 
Aos colegas de pós-graduação e em especial a Luana Paula e Vinícius Oliveira, pela 
contribuição inestimável nas análises laboratoriais. 
Aos meus amigos, presentes em tudo o que faço. 
vii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Revisão Bibliográfica 
 
Figura 1: Produção mundial de carne ovina por continente.................... 20 
 
 
 
Capítulo 1 
Figura 1: Níveis de Ureia de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta em função do tempo de 
coleta.................................................. ..................................... 51 
Figura 2. Níveis de N-Uréico e Glicose de cordeiros submetidos a dietas 
com glicerina bruta...................................................... ............. 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Revisão Bibliográfica 
 Página 
Tabela 1. Principais achados científicos do efeito da inclusão de glicerina 
bruta na dieta de ovinos ........................................................... 26 
 
 
Capítulo 1 
 Página 
Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas 
dietas experimentais de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 41 
Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição bromatológica das 
dietas experimentais utilizadas na alimentação de cordeiros 
submetidos a dietas com glicerina bruta ..................................... 42 
Tabela 3. Consumo de nutrientes por cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 46 
Tabela 4. Nutrientes efetivamente consumidos por cordeiros submetidos a 
dietas com glicerina bruta ........................................................... 47 
Tabela 5. Digestibilidade aparente dos nutrientes (%) de dietas com 
níveis de glicerina bruta .............................................................. 48 
Tabela 6. Desempenho produtivo de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 49 
Tabela 7. Tempo despendido para ingestão, ruminação e ócio por 
cordeiros submetidos a dietas com glicerina bruta ..................... 49 
Tabela 8. Número de períodos de ingestão, ruminação e ócio e duração 
média de cada evento por cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 50 
Tabela 9. Eficiência de ingestão e ruminação da matéria seca e fibra em 
detergente neutro e número de mastigações merícicas de 
cordeiros submetidos a dietas com glicerina bruta ..................... 50 
ix 
 
Tabela 10. Interações entre tempo de coleta e tratamento nos níveis de 
glicose e N- Uréico de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 52 
Tabela 11. Metabólitos sanguíneos de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 53 
Tabela 12. Perfil energético de cordeiros submetidos a dietas com glicerina 
bruta ............................................................................................ 53 
 
 
Capítulo 2 
 Página 
Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas 
dietas experimentais de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 68 
Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição bromatológica das 
dietas experimentais utilizadas na alimentação de cordeiros 
submetidos a dietas com glicerina bruta ..................................... 69 
Tabela 3. Características de carcaça de cordeiros submetidos a dietas com 
glicerina bruta ............................................................................. 73 
Tabela 4. Morfometria das carcaças de cordeiros submetidos a dietas com 
níveis de glicerina bruta .............................................................. 73 
Tabela 5. Cor, pH, perdas por cocção (PPC) e força de cisalhamento (FC) 
do músculo Longissimus lumborum de cordeiros submetidos a 
dietas com glicerina bruta ......................................................…. 74 
Tabela 6. Características sensoriais da carne de cordeiros submetidos a 
dietascom glicerina bruta ........................................................... 74 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
AOAC - Official methods of analysis 
ALT – Alanina aminotransferase 
AST – Aspartato aminotransferase 
CNF – Carboidratos não fibrosos 
CMS – Consumo de Matéria Seca 
EE – Extrato etéreo 
FAO – Food and agriculture organization of the United Nations (Organização das 
Nações Unidas para alimentação e agricultura) 
FDA – Fibra em detergente ácido 
FDN – Fibra em detergente neutro 
FDNcp = Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína 
GGT – Gama glutamil transferase 
LIG – Lignina 
MM – Matéria mineral 
MO – Matéria orgânica 
MS – Matéria seca 
NDT – Nutrientes digestível total 
NIDN – Nitrogênio insolúvel em detergente neutro 
NIDA – Nitrogênio insolúvel em detergente ácido 
NRC – National research council 
PB – Proteína bruta 
REN21 – Renewable energy policy network for the 21st century (Rede de Política 
Energética Renovável para o Século XXI) 
SPRD – Sem padrão racial definido 
 
 
 
 
 
xi 
 
SUMÁRIO 
 
 
Glicerina bruta na dieta de cordeiros em confinamento 
 Página 
 Resumo Geral......................................................................... 14 
 Abstract Geral......................................................................... 16 
1.0 Introdução Geral..................................................................... 18 
2.0 Revisão de Literatura.............................................................. 20 
2.1 Ovinocultura de Corte............................................................. 20 
2.2 Biodiesel................................................................................. 22 
2.3 Glicerina Bruta ....................................................................... 23 
2.3.1 Glicerina Bruta na Dieta de Ruminantes................................. 24 
3.0 Referências............................................................................. 28 
4.0 Hipótese.................................................................................. 33 
5.0 Objetivos………………………………………………………. 34 
5.1 Objetivo Geral………………………………………………… 34 
5.2 Objetivos Específicos…………………………………………. 34 
 
 
Capítulo 1 
Consumo, digestibilidade, desempenho produtivo, comportamento ingestivo e 
metabólitos sanguíneos de cordeiros em confinamento submetidos a dietas com 
glicerina bruta 
 Página 
 Resumo................................................................................... 36 
 Abstract………………………………………………………... 38 
1.0 Introdução............................................................................... 39 
1.1 Hipótese e objetivo................................................................. 40 
2.0 Material e métodos.................................................................. 40 
2.1 Procedimento geral................................................................. 40 
2.2 Dietas...................................................................................... 40 
2.3 Desempenho produtivo........................................................... 43 
xii 
 
2.4 Ensaio de digestibilidade........................................................ 43 
2.5 Comportamento ingestivo....................................................... 44 
2.6 Metabólitos sanguíneos........................................................... 45 
2.7 Estatística................................................................... ............. 45 
3.0 Resultados............................................................................... 46 
4.0 Discussão................................................................................ 53 
4.1 Consumo, digestibilidade e desempenho................................. 53 
4.2 Comportamento ingestivo....................................................... 56 
4.3 Metabólitos sanguíneos........................................................... 56 
5.0 Conclusões.............................................................................. 58 
6.0 Referências.............................................................................. 59 
 
 
Capítulo 2 
Características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros em confinamento 
submetidos a dietas com glicerina bruta 
 Página 
 Resumo................................................................................... 63 
 Abstract………………………………………………………... 65 
1.0 Introdução........................................................................ ....... 66 
1.1 Hipótese e objetivo................................................................. 66 
2.0 Material e métodos.................................................................. 67 
2.1 Procedimento geral................................................................. 67 
2.2 Dietas...................................................................................... 67 
2.3 Abate....................................................................................... 69 
2.4 Análises instrumentais............................................................ 70 
2.5 Avaliação sensorial................................................................. 71 
2.6 Estatística............................................................................. ... 72 
3.0 Resultados............................................................................... 72 
4.0 Discussão................................................................................ 75 
 
4.1 Pesos ao abate, de carcaça quente, de carcaça fria e 75 
xiii 
 
rendimentos............................................................................. 
4.2 Características morfométricas de carcaça................................ 75 
4.3 Características qualitativas da carne........................................ 76 
5.0 Conclusões.............................................................................. 77 
6.0 Referências.............................................................................. 78 
7.0 Considerações finais e implicações......................................... 82 
 
 
 
 
 
14 
 
RIBEIRO, Rebeca Dantas Xavier. Glicerina bruta na dieta de cordeiros em 
confinamento. Tese (Doutorado em Ciência Animal nos Trópicos) - Escola de 
Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015. 
 
RESUMO 
 
Objetivou-se determinar o melhor nível de inclusão de glicerina bruta na dieta de 
cordeiros mestiços Santa Inês em terminação com base no consumo, digestibilidade, 
desempenho, comportamento ingestivo, metabólitos sanguíneos, características de 
carcaça e qualidade da carne dos animais. Foram utilizados 44 ovinos mestiços 
(SPRD x Santa Inês), não-castrados, vacinados e vermifugados, com média de cinco 
meses de idade e peso médio de 23,91 ± 3,42 Kg. Os ovinos foram alimentados com 
feno (Cynodon sp.) e mistura concentrada composta por farelo de milho, farelo de 
soja, premix mineral e a inclusão, com base na MS, de 0,0; 7,00; 14,00 e 21% de 
glicerina bruta, esses níveis constituíram os tratamentos. O delineamento estatístico 
utilizado foi o inteiramente casualizado com 11 repetições e 4 tratamentos. As dietas 
foram fornecidas duas vezes ao dia (9h e 16h) e ajustadas de modo a garantir 10% de 
sobras durante os 78 dias de confinamento. O ensaio de digestibilidade ocorreu entre 
o 42º e 49º dia experimental e, para tal, foram quantificadas e coletadas as sobras e 
fezes (coleta total) de cada animal durante esse período. A cada período de 26 dias 
foi realizada uma avaliação do comportamento ingestivo dos animais, por meio de 
observação constante durante período de 24h. No 60º dia do confinamento coletou-
se sangue dos animais para dosagem de metabólitos sanguíneos (ureia, glicose, 
albumina, globulina, razão albumina:globulina, triglicérides, colesterol, alanina 
aminotransferase, aspartato aminotransferase e gama glutamiltransferase). Ao final 
do período experimental, os animais foram submetidos a jejum por 24 horas, 
pesados e em seguida abatidos para determinação das características de carcaça. O 
músculo Longissimus lumborum foi coletado de cada antímero da carcaça e nele, 
posteriormente, foram avaliadas as características físico-químicas, instrumentais e 
sensoriais da carne. Os dados foram submetidos a análise de variância e regressão. A 
adição de glicerina bruta nas dietas causou redução do consumo e da digestibilidade 
da MS, do desempenho produtivo dos animais e das eficiências de ingestão e 
ruminação de MS e FDN. O nível máximo recomendado, com base nestas 
características, foi o de 4,7 ± 0,7 % e o uso em maior proporção fica condicionado à 
15 
 
avaliação econômica criteriosa. Em relação aos metabólitos sanguíneos e aos 
aspectos estudados de qualidade da carne, não houve efeito da inclusão de glicerina 
bruta nas dietas dos cordeiros. 
Palavras-chave: carne, carcaça, coproduto, desempenho produtivo, digestibilidade, 
ovinos, resíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
RIBEIRO, Rebeca Dantas Xavier. Crude glycerin in the diet of lambs. Thesis 
(Tropical Animal Science PhD Course) – Veterinary and Animal Science School. 
Federal University of Bahia, Salvador, 2015. 
 
ABSTRACT 
 
This study was conducted to determine the optimal amount of crude glycerin to 
include in the finishing diet of Santa Inês lambs based on feed intake, performance, 
nutrient digestibility, serum metabolic profile, carcass characteristics and meat 
quality. Forty-four lambs, male, dewormed and vaccinated were used, with 23.91 ± 
3.42 kg/LW and approximately five-month-old. The animals were fed twice per day 
with Cynodon sp. hay and concentrated mix with corn meal, soybean meal, mineral 
premix and crude glycerin in 0.0; 7.00; 14.00 and 21.00% of inclusion in DM basis, 
those levels constituting the treatments. The experimental design was completely 
randomized, with four treatments and 11 repetitions. The feedlot lasted 78 days and 
digestibility trial was between 42th and 49th days. During the digestibility trial, the 
orts and feces of each animal were quantified and collected. For the evaluation of 
feeding behavior, single animals were observed every five minutes for 24 h on three 
days. On the 60th day of the feedlot, blood was collected to quantify serum 
metabolites (glucose, serum urea, albumin, globulin, albumim:globulin ratio, 
cholesterol, triglycerides, alanine aminotransferase, aspartate aminotransferase, 
gamma-glutamyl transferase). In the last day of feedlot, the animals were submitted 
to feed fasting (24 hours), weighted and slaughtered to carcass characteristics 
measurement. The physical-chemical, instrumental and sensorial characteristics 
were evaluated on Longissimus lumborum muscle. Data were evaluated by analysis 
of regression. The inclusion of crude glycerin in lamb finishing diets caused a 
decrease in the DM intake and digestibility, and in the animals’ productive 
performance. The feed and rumination efficiency of DM and NDF were also affected 
by the inclusion of glycerin. Thus, based on those variables, crude glycerin can be 
added up to 4.7% ± 0.7 % DM basis. The use of glycerin in larger amounts must be 
conditioned on an economic evaluation. The serum metabolic profile and meat 
quality characteristics were not affected by the inclusion of glycerin in the finishing 
diets of lambs. 
 
17 
 
Keywords: by-product, carcass, digestibility, meat, productive performance, sheep. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
1. INTRODUÇÃO GERAL 
A criação de ovinos, voltada para a produção de carne, é uma atividade 
econômica de importância mundial e encontra-se difundida em países desenvolvidos e 
em desenvolvimento (LEITE et al., 2015; CABRERA e SAADOUN, 2014). Segundo a 
FAO (2013), o rebanho ovino mundial, para produção de carne, é de, aproximadamente, 
1,2 bilhões de cabeças e a produção de carne ovina é de 8,5 milhões de toneladas. 
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a ovinocultura de corte possui 
ainda caráter de subsistência, especialmente na região Nordeste do país, mas a demanda 
do mercado consumidor por carnes de pequenos ruminantes é uma realidade que 
incentiva os criadores a manterem níveis de produção constantes em termos 
quantitativos e qualitativos (RICARDO et al., 2015). 
Como em toda atividade pecuária, a nutrição dos animais corresponde a 
montante significativo dos gastos de produção. A busca por alimentos alternativos, de 
baixo custo e que possuam características nutricionais adequadas à espécie animal a 
qual se pretende alimentar tem sido uma tônica mundial nas pesquisas com animais de 
produção. Estes alimentos são avaliados de modo amplo desde as suas características 
bioquímicas e nutricionais até aos seus efeitos na carcaça e na qualidade da carne. 
Dentre os alimentos alternativos, os coprodutos do biodiesel destacam-se em 
quesitos para além da nutrição animal, já que seu uso em dietas se alinha a conceitos de 
sustentabilidade de sistemas de produção. O biodiesel é considerado uma fonte limpa de 
energia: é originado a partir de fontes renováveis, possui menor persistência no solo e 
produz quantidade reduzida de gases, quando comparado a fontes energéticas não 
renováveis, como o petróleo e derivados. 
Deste modo, o biodiesel é um combustível desenvolvido para atender de modo 
eficaz à demanda energética, mas é também uma via mais sustentável de obtenção de 
energia e que responde positivamente às diretrizes de preservação ambiental. Porém, em 
seu processo produtivo, co-produtos e resíduos são gerados e caso não sejam 
adequadamente aproveitados ou descartados, podem se tornar um risco ao meio 
ambiente (LIU et al., 2013). 
Os co-produtos da produção do biodiesel são, de modo majoritário, tortas e 
farelos (resultantes da extração do óleo vegetal) e glicerina bruta (resultante do processo 
19 
 
de transesterificação dos óleos extraídos). No processo de produção de biodiesel, para 
cada 100 kg de biocombustível produzido, há 10 kg de glicerina gerada (CHI et al., 
2007), que pode ter composição variável de acordo com a tecnologia utilizada no 
processo de fabricação. 
O termo glicerina bruta refere-se ao glicerol misturado a demais componentes 
como lipídeos, metanol, água e substâncias alcalinas utilizadas no processo de 
transesterificação (ECHEVERRI et al., 2015; SARMA et al., 2012). Este co-produto 
possui baixo valor agregado e é uma fonte de carboidratos não-fibrosos com potencial 
para utilização em dietas de ruminantes (SOUZA et al., 2015; VAN CLEEF et al., 2015; 
CHANJULA et al., 2015). 
A condução deste trabalho visa testar a hipótese de que a adição de glicerina 
bruta em até 21% da matéria seca da dieta de ovinos de corte em crescimento não 
influencia o desempenho produtivo dos animais. Para isto, avaliamos o consumo, o 
ganho de peso, a digestibilidade, o comportamento ingestivo, os metabólitos 
sanguíneos, as características de carcaça e a qualidade da carne. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
2.1 Ovinocultura de corte 
 
 O consumo de carne ovina é um hábito alimentar difundido mundialmente, 
portanto, a ovinocultura de corte é uma atividade econômica constantemente 
impulsionada pelo mercado a atingir níves de produção que satisfaçam qualitativa e 
quantitativamente às demandas do segmento consumidor (AGUAIO-ULLOA et al., 
2015; CABRERA; SAADOUN, 2014; PETHICK et al., 2014; VAN HEERDEN et al., 
2007). 
O rebanho ovino, considerando todas as atividades econômicas desenvolvidas 
(carne, lã, leite e pele), está presente na Ásia, na Oceania, nas Américas, na África e na 
Europa. Segundo a FAO (2013),a China é o país que detém o maior rebanho de ovinos 
no mundo (175.000.000), seguida pela Austrália (55.547.846), Índia (63.800.000), 
República do Sudão (52.500.000) e Iran (50.2220.000). 
Em relação a ovinocultura voltada exclusivamente para produção de carne, tem-
se a seguinte distribuição entre os continentes: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Produção mundial de carne ovina por continente. 
Fonte: Adaptado de FAO, 2013. 
 
Os países que ocuparam as quatro primeiras posições em produção de carne 
ovina, no ano de 2013, são: República Popular da China (2.081.000,00 ton de carne); 
Austrália (660.437,00 ton de carne); Nova Zelândia (450.075,00 ton de carne); 
República do Sudão (325.000,00 ton de carne) e Turquia (295.000,00 ton de carne). 
21 
 
Em relação à exportação do produto, os principais exportadores de carne ovina 
no ano de 2012 foram, segundo a FAO (2012), a Nova Zelândia, a Austrália e o Reino 
Unido, que fornecem produtos cárneos de atestada qualidade para mercados exigentes 
como os países pertencentes à União Européia, os Estados Unidos e alguns países do 
Oriente Médio. A ovinocultura, nos grandes países exportadores, segue planos de 
diretrizes e metas como forma de estimular continuamente a busca pela excelência de 
produção e qualidade. Ou seja, nestes países, a ovinocultura de corte possui caráter 
empresarial. 
A Austrália estabeleceu, no ano de 2005, cinco pilares a serem contemplados 
pela atividade, baseada em bancos de dados e pesquisas de mercado (Meat and 
Livestock Australia, 2005). Nestes cinco pilares, que delineiam o mercado mundial de 
carne ovina, reconhece-se a preocupação em atender a demanda por um produto que 
possua: (1) bons atributos organolépticos; (2) características funcionais, do ponto de 
vista nutricional; (3) produção em acordância com normas éticas e de bem-estar animal; 
(4) integração de setores envolvidos na produção, para que haja rastreabilidade efetiva; 
(5) produção eficiente em termos econômicos, com bom custo-benefício e valor final de 
mercado reconhecido como “justo” pelo consumidor (PETHICK et al., 2011). 
 Mesmo de posse de um rebanho ovino expressivo de aproximadamente 17,3 
milhões de cabeças (FAO, 2013) e vastas extensões territoriais disponíveis para o 
exercício da atividade, o Brasil possui produção de carne ovina aquém do seu potencial 
e enfrenta problemas em relação à qualidade da carne produzida. Os entraves produtivos 
são multi-fatoriais, mas a dificuldade na manutenção de nutrição adequada ao rebanho 
pode ser apontada como desafio a ser superado. 
Na Região Nordeste do Brasil, ainda há criação de ovinos para subsistência ou 
em baixa escala produtiva, caracterizados pela oferta inconstante de carne e pelos 
baixos índices zootécnicos. O rebanho é composto por animais deslanados e semi-
lanados, em sua maioria, animais Sem Raça Definida (SRD), seguidos pelas raças Santa 
Inês, Morada Nova e Somalis Brasileira (CEZAR, 2004). 
Além da importância econômica, evidenciada pelos números, as carnes bovina e 
ovina são consideradas as mais importantes fontes de proteína animal na alimentação 
humana e possuem nutrientes considerados como promotores de saúde (NANTAPO et 
22 
 
al., 2015; CABRERA & SAADOUN, 2014; PETHICK et al., 2011; KHAN et al., 
2011). Deste modo, a ovinocultura de corte deve ser reconhecida como atividade 
promissora para o Brasil, haja visto sua importância na economia mundial e o potencial 
produtivo evidenciado pelas características do país. 
 
2.2 Biodiesel 
Mudanças climáticas, restrição de recursos fósseis para produção de 
combustíveis e consequente flutuação de preços no mercado de combustíveis 
tradicionais, preocupações governamentais com autonomia no abastecimento de 
energia. Muitos são os motivos que impulsionam a pesquisa, a produção e utilização de 
biocombustíveis no mundo atual. 
O biodiesel é um biocombustível desenvolvido para utilização em motores de 
ignição por compressão (ciclodiesel automotivo ou estacionário) e é produzido a partir 
de biomassa renovável, como o óleo vegetal e a gordura animal (BRASIL, 2005). 
Possui baixo impacto ambiental, dado que é biodegradável e possui relação nula entre 
emissão e remoção de carbono atmosférico, pois entende-se que todo carbono emitido 
com a combustão foi previamente captado pela planta oleaginosa, que deu origem ao 
biodiesel, durante o seu crescimento (SRINIVASA RAO & ANAND, 2015). 
No ano de 2014, a industria mundial produziu aproximadamente 30 bilhões de 
litros de biodiesel (REN21, 2015). Os Estados Unidos são líderes de produção, 
responsáveis pela geração de 39% da produção global, seguidos pelo Brasil e pela 
Alemanha que produzem 11% cada um (REN 21, 2015). Estes números consolidam o 
Brasil como país com potencial para produção deste biocombustível em tempos futuros. 
Diferentes processos industriais podem ser utilizados para a produção do 
biodisel, dentre eles os que utilizam reações de craqueamento, esterificação e 
transesterificação, e esta última é a forma mais comum de obtenção (POPPE et al., 
2015; GERIS ET AL., 2007). O processo de transesterificação consiste na reação entre 
o óleo vegetal ou gordura animal e um álcool (metanol, etanol, propanol ou butanol) e 
ocorre na presença de um agente catalítico que resulta na mistura de ésters (biodiesel) e 
glicerina bruta (de ARAÚJO et al., 2013). 
O método de catálise alcalina (por meio do uso de NaOH ou KOH) é o mais 
utilizado e, apesar de possuir benefícios como menor tempo de reação e alta 
23 
 
produtividade, tem como desvantagem a ocorrência de saponificação com ácidos-graxos 
livres, fato que dificulta o processo de separação e purificação da glicerina bruta oriunda 
da reação (BILGIN et al., 2015; POPPE et al., 2015). 
É importante pontuar que para cada cem quilos de biodiesel produzido são 
produzidos, em média, dez quilos de glicerina bruta (CHI et al., 2007; JOHNSON & 
TACONI, 2007), que contém impurezas e é de difícil purificação (SILVESTRE et al., 
2015). Diversos estudos têm sido conduzidos com o objetivo de determinar métodos de 
purificação menos onerosos ou modos alternativos de uso para a glicerina bruta oriunda 
do biodiesel (ECHEVERRI et al., 2015; SILVESTRE et al., 2015; POTT et al., 2014; 
LIU et al., 2013), inclusive o seu uso na alimentação animal. Caso este coproduto seja 
descartado inapropriadamente, consequências ambientais deletérias podem ocorrer. 
 
2.3 Glicerina bruta 
Glicerina bruta é o nome dado ao produto comercial que contém glicerol e 
outras substâncias (impurezas) em sua composição e é um co-produto de relevância na 
cadeia produtiva do biodiesel, pois, em contraponto às tortas e aos farelos de 
oleaginosas (que podem variar, de acordo com o vegetal utilizado, em composição, 
volume produzido e mercado de escoamento), a glicerina bruta proporciona relativa 
constância de produção, composição e mercado. 
Apesar de ter potencial para uso em mais de duas mil finalidades industriais, 
para que isso efetivamente ocorra é necessário que este co-produto passe por processos 
de purificação, que muitas vezes são financeiramente inviáveis ao produtor (JONHSON 
& TACONI, 2007). 
O Brasil, no ano de 2014, produziu aproximadamente 3,3 bilhões de litros de 
biodiesel (REN21, 2015), portanto, 10% desta produção corresponde ao volume 
produzido de glicerina bruta. O alto volume de produção e a falta de demanda acabam 
por saturar o mercado de venda deste co-produto e levam à desvalorização do preço e a 
prejuízos ao escoamento ambientalmente correto. 
O excedente da produção de glicerina bruta pode ser utilizado como alimento 
para animais e é uma alternativa para reduzir custos de produção da atividade pecuária, 
bem como em contribuir para a sustentabilidade ambiental da industria do biodiesel. A 
glicerina contém características nutricionais de interesse para a produção animal, dado 
24 
 
que possui em sua composiçãocarboidratos não-fibrosos, valorosa fonte energética na 
dieta (CHANJULA et al., 2015). Carboidratos não-fibrosos em dietas de animais de 
produção são, comumente, advindos do milho e do trigo, alimentos considerados 
tradicionais e que competem, em demanda, com a alimentação humana. Possuem, 
portanto, valor de mercado elevado. 
Apesar de representar fonte de carboidratos, a glicerina bruta pode conter 
impurezas como: resíduos do agente catalisador utilizado na reação de 
transesterificação, álcool, sabões, lipídeos e água (EIRAS et al., 2014; EGEA et al., 
2014; TERRÉ et al., 2011). Por este motivo, seu uso na alimentação animal deve ser 
assegurado por meio de estudos detalhados. 
 
2.3.1 Glicerina bruta na dieta de ruminantes 
Pesquisas já foram conduzidas com o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão 
de glicerina bruta na dieta de bovinos de corte (SAN VITO et al., 2015; VAN CLEEF et 
al., 2014; EIRAS et al., 2014; LAGE et al., 2014; BARTON et al., 2013), em caprinos 
(CHANJULA et al., 2015), bem como em ovinos (CARVALHO et al., 2015; LAGE et 
al., 2014; TERRÉ et al., 2011). No entanto, alguns resultados obtidos em experimentos 
com ovinos são controversos (Tabela 1). 
O glicerol (C3H8O3) ou Propan-1,2,3-triol (IUPAC, 1993) é, quimicamente, o 
principal composto da glicerina. É um composto orgânico, pertence à função álcool que 
possui característica polar e higroscópica. Apresenta-se líquido em temperatura 
ambiente (25ºC), possui sabor adocicado, é inodoro, incolor e de aspecto viscoso. 
Em relação aos aspectos metabólicos para ruminantes, o glicerol pode ser 
considerado como um substrato gliconeogênico, dado que este composto depois de 
ingerido pode ser absorvido pelo epitélio ruminal e convertido em glicose no fígado ou 
pode ser rapidamente fermentado por microorganismos, em ambiente ruminal, gerando 
propionato (LAGE et al., 2014; LEE et al., 2011). 
Alguns aspectos metabólicos, no entanto, permanecem obscuros. Segundo 
Carvalho et al. (2011) a inclusão de glicerol purificado, em até 11,5 % da MS, na dieta 
de vacas leiteiras no período de transição, não afeta o volume total de AGV produzido. 
No entanto, os autores encontraram maior concentração de propionato, butirato e 
valerato, menor concentração de acetato e isobutirato e as vacas alimentadas com 
25 
 
glicerol tiveram um descréscimo na relação acetato:propionato. No entanto, DeFrain et 
al. (2004), também em estudo com vacas no período de transição, não encontraram 
diferença no volume total de AGV produzido, bem como nas proporções entre os 
volumes de AGV e na relação acetato:propionato. 
Estudos in vitro, como os conduzidos por Rémond et al. (1993), Ferraro et al. 
(2009) e Lee et al. (2011), demonstraram alterações no padrão de fermentação e na 
produção de gases. Ambos concluiram que a adição de glicerol em dietas favorece a 
produção de propionato com redução da relação acetato:propionato. Segundo Lee et al. 
(2011), apesar de ocorrer acréscimo no volume de propionato produzido, não houve 
aumento nos valores totais de butirato ou na produção total de AGV. 
Ainda em relação à fermentação ruminal, Trabue et al. (2007), concluiram que a 
fermentação ruminal do glicerol é em grande parte voltada para a produção de AGV, 
com reduzida geração de lactato e Krehbiel (2008) concluiu que o principal gênero de 
bactéria fermentadora de glicerol é o Selenomonas. Em referência às possíveis 
modificações na atividade microbiana ruminal, Edwards et al. (2012) e Krueger et al. 
(2010), em estudos in vitro, concluiram que a fermentação do glicerol pode atuar como 
agente inibitório sobre enzimas lipases bacterianas 
A redução de lipólise por meio de bactérias ruminais, leva a crer que a inclusão 
de glicerol pode aumentar a chance de escape ruminal de ácidos graxos insaturados 
presentes na dieta, já que as reações de biohidrogenação, a maioria delas promovidas 
pela espécie Butirivibrio fibrisolvens, só são possíveis pela hidrogenação dos grupos 
carboxilas de ácidos graxos livres (LOURENÇO et al., 2010). Estes achados são de 
importância para a melhoria da qualidade nutricional de produtos como a carne e o leite, 
pois atualmente busca-se elevar o teor de ácidos graxos insaturados nestes alimentos 
com fins de promoção de saúde humana. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Tabela 1. Principais achados científicos do efeito da inclusão de glicerina bruta na dieta de ovinos 
Máximo de 
glicerina 
(% MS) 
% de 
pureza 
Principais resultados Conclusão dos autores Autores 
30% 83,00 
Redução de peso de carcaça e de rendimento de carcaça (fria e quente). 
Incremento em ácidos graxos de cadeia ímpar, C18:1, C16:1, total de 
insaturados e monoinsaturados; redução do índice de aterogenicidade. 
Altas concentrações de glicerina 
bruta reduz peso de carcaça, mas 
promove melhorias no perfil de 
ácidos graxos da carne. 
Carvalho et 
al., 2015. 
21% 99,50 
Redução de consumo de matéria seca e de ganho médio diário. 
Redução do total de poliinsaturados. Não houve efeito da glicerina 
bruta em relação à digestibilidade. Redução da razão n6:n3, bem como 
na concentração de C16:0 e trans-10 18:1. Incremento em C18:0 e cis-
9 18:1 
Glicerina bruta pode ser incluída 
em até 21% sem causar prejuízos à 
digestibilidade de nutrientes e 
causa efeitos benéficos ao perfil de 
ácidos graxos na carne. 
Avila-Stagno 
et al., 2014. 
30% 85,30 
 A inclusão de glicerol não promoveu efeitos sobre o ganho médio 
diário, conversão alimentar e peso e rendimentos de carcaça. 
Glicerina bruta pode ser incluída 
na dieta de ovinos em até 30% sem 
causar efeitos deletérios. 
Gomes et al., 
2011. 
45% 89,53 
Redução do consumo de MS, aumento de dias em confinamento para 
atingir peso vivo requerido (55kg), redução da porcentagem de 
cobertura da carcaça, da espessura e do teor de gordura da área de olho 
de lombo. Peso de carcaça quente e área de olho de lombo não foram 
afetadas pela inclusão de glicerina bruta na dieta. 
Glicerina bruta pode ser incluída 
na dieta de ovinos em até 15% sem 
causar efeitos deletérios. 
Gunn et al., 
2010. 
20% 88,00 
No primeiro período experimental (14 dias), a adição de glicerina bruta 
promoveu aumento do consumo de MS e ganho médio diário. A 
inclusão de glicerina bruta não teve influência (considerando todo o 
período experimental) sobre o consumo de MS, dias de confinamento 
para atingir peso requerido, peso final, eficiência alimentar e sobre as 
características de carcaça. 
Glicerina bruta em até 15% pode 
promover melhoria na 
performance produtiva dos 
animais, nos primeiros 14 dias, 
sem prejuízo às características de 
carcaça. 
Gunn et al., 
2014. 
12% 36,20 
Inclusão de glicerina bruta promoveu efeito quadrático na performance 
produtiva, peso final e peso de carcaça. Também promoveu redução do 
teor de Zn na carne. Não houve efeito deletério na qualidade da carne 
em relação ao pH, força de cisalhamento, perdas por cocção e teor de 
gordura do Longissimus dorsi. 
A inclusão em até 3% não 
compromete o desempenho 
produtivo, características de 
carcaça e qualidade da carne. 
Lage et al., 
2014. 
27 
 
No entanto, com a hipótese de que o glicerol inibe ação lipolítica bacteriana, 
Castagnino et al. (2015), conduziram estudo in vitro no qual foram associados glicerol e 
fontes lipídicas insaturadas. Os autores concluíram que não houve efetividade do 
glicerol em reduzir a biohidrogenação por meio da inibição de lipases, mas também 
salientaram que os padrões de fermentação do glicerol foram modificados de acordo 
com o perfil de ácidos graxos dos ingredientes utilizados nas dietas. Em estudos com 
animais, alguns resultados são igualmente controversos, fato que indica a necessidade 
de novas pesquisas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
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33 
 
4. HIPÓTESE 
 
 A inclusão de glicerina bruta, oriunda da produção do biodiesel, não terá 
influência sobre a performance produtiva, digestibilidade de nutrientes da 
dieta, padrão de comportamento ingestivo, o perfil de metabólitos sanguíneos 
(ureia, glicose, albumina, globulina, razão albumina:globulina, triglicérides, 
colesterol, alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase e gama 
glutamil transferase), as características de carcaça, os parâmetros de 
qualidade da carne advinda de ovinos em crescimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
5. OBJETIVOS 
 
5.1 Objetivo geral 
 
Determinar o melhor nível de inclusão de glicerina bruta, oriunda da produção do 
biodiesel, na terminação de cordeiros em confinamento. 
 
5.2 Objetivos específicos 
 
 Avaliar o desempenho produtivo de ovinos em crescimento alimentados com 
glicerina bruta, oriunda da produção do biodiesel; 
 Avaliar o consumo e a digestibilidade aparente das dietas com inclusão de 
glicerina bruta, oriunda da produção do biodiesel, ofertadas para ovinos em 
crescimento; 
 Avaliar o comportamento ingestivo de ovinos em crescimento alimentados com 
glicerina bruta, oriunda da produção do biodiesel; 
 Avaliar o perfil sérico de ovinos em crescimento alimentados com glicerina 
bruta, oriunda da produção do biodiesel; 
 Avaliar as características de carcaça de ovinos em crescimento alimentados com 
glicerina bruta, oriunda da produção do biodiesel; 
 Avaliar os aspectos qualitativos da carne advinda de ovinos em crescimento 
alimentados com glicerina bruta, oriunda da produção do biodiesel; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
Consumo, digestibilidade, desempenho produtivo, comportamento 
ingestivo e metabólitos sanguíneos de cordeiros confinados 
submetidos a dietas com glicerina bruta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
Consumo, digestibilidade, desempenho produtivo, comportamento ingestivo e 
metabólitos sanguíneos de cordeiros confinados submetidos a dietas com 
glicerina 
 
RESUMO 
 
Objetivou-se determinar o melhor nível de inclusão de glicerina bruta na dieta de 
cordeiros confinados com base no consumo, digestibilidade, desempenho produtivo, 
comportamento ingestivo e metabólitos sanguíneos. Foram utilizados 44 ovinos 
machos, não-castrados, mestiços Santa-Inês, com peso médio de 23,91 ± 3,42 Kg, e, 
aproximadamente, cinco meses de idade que foram distribuídos em um delineamento 
inteiramente casualizado. Os ovinos foram alimentados com feno (Cynodon sp.) e 
mistura concentrada composta de farelo de milho, farelo de soja, premix mineral e 
glicerina bruta nos níveis 0,00; 7,00; 14,00 e 21,00% de inclusão, esses níveis 
constituíram os quatro tratamentos experimentais. Os animais foram então 
confinados por 78 dias e o ensaio de digestibilidade ocorreu entre o 42º e 49º dia do 
confinamento, para tal, foram quantificadas e coletadas as sobras e fezes (coleta 
total) de cada animal durante esse período. A cada período de 26 dias foi realizada 
observação, durante 24 horas, do comportamento ingestivo dos animais. No 60º dia 
do confinamento foi feita coleta de sangue para dosagem de metabólitos sanguíneos 
(ureia, glicose, albumina, globulina, razão albumina:globulina, triglicérides, 
colesterol, alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase e gama glutamil 
transferase). Os dados foram submetidos a análise de variância e regressão. A 
inclusão de glicerina bruta, oriunda do biodiesel, promoveu redução linear (P < 
0,01) na ingestão de MS, PB, EE, CNF e FDN, bem como nos coeficientes de 
digestibilidade (P < 0,05) destas frações. O desempenho produtivo dos animais 
também foi afetado pela inclusão da glicerina com redução linear (P < 0,01) do 
GMD, peso final e conversão alimentar. A inclusão de glicerina bruta também 
promoveu modificações nas eficiências de ingestão de MS e de FDN (P < 0,01), bem 
como nas eficiências de ruminação (P < 0,01) destas mesmas frações. A 
concentração sérica de ureia e glicose reduziu linearmente com a adição de glicerina 
à dieta, porém os demais metabólitos não foram influenciados pelas dietas. A adição 
37 
 
de até 4,7% de glicerina bruta à dieta de ovinos em crescimento não acarreta em 
perdas produtivas impactantes ao produtor. 
 
 
Palavras-chave: coproduto, confinamento, desempenho, ovinos, ovinocultura, 
resíduo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Crude glycerin, from biodiesel production, in the diet of lambs: feed intake, 
digestibility, productive performance, ingestive behaviour and blood 
biochemical constituents. 
 
ABSTRACT 
 
This study was conducted to determine the optimal amount of crude glycerin to 
include in the diet of Santa Inês lambs based on feed intake, performance, nutrient 
digestibility, nitrogen balance, ingestive behavior, and blood biochemical 
constituents. Forty-four crossbreed lambs, approximately five months old (23.91 ± 
3.42 kg/LW), male, dewormed and vaccinated were used. The animals were fed with 
a TMR that contained 50% of Cynodon sp. chopped hay and 50% of a concentrate 
mix composed with corn bran, soybean meal, mineral premix and the amounts of 
crude glycerin: 0.00; 7.00; 14.00 and 21.00% of inclusion in DM basis. Treatmentsvaried in the amount of crude glycerin included. The experimental design was 
completely randomized, with four treatments and eleven repetitions. The feedlot 
lasted 78 days and digestibility trial was between 42th and 49th days. During the 
digestibility trial, the orts and feces of each animal were quantified and collected. 
For the evaluation of feeding behavior, single animals were observed every 5 min 
for 24 h on 3 days. On the 60th day of the feedlot, blood was collected to quantify 
serum metabolites (glucose, serum urea, albumin, globulin, albumim:globulin ratio, 
cholesterol, triglycerides, alanine aminotransferase, aspartate aminotransferase, 
gamma-glutamyl transferase). The inclusion of crude glycerin promoted linear 
reduction in DM, CP, EE, NDF and NFC intake, as well in the digestibility 
coefficients for these same analytical fractions. The productive performance was 
also affected by the inclusion of crude glycerine and a linear decrease was observed. 
There was a linear reduction in the efficiency of feeding and rumination of DM and 
NDF. Blood parameters were not affected by the inclusion, except for serum urea 
and glucose levels. Crude glycerine can be added up to 4,7% DM basis without 
compromise livestock activities. 
Keywords: by-product, digestibility, feedlot, sheep 
 
 
 
39 
 
1. INTRODUÇÃO 
A produção de biodiesel, oriundo de óleos vegetais, é uma forma sustentável de 
responder à demanda energética mundial, pois provém de fonte renovável de energia. O 
volume produzido deste biocombustível cresce a cada ano e a expectativa é de que no 
ano de 2015 seja produzido, somente no Brasil, 4,27 milhares de m3 de biodiesel 
(BRASIL, 2015). No processo químico de produção do biodiesel ocorre, 
concomitantemente, produção de glicerina bruta, que corresponde a 10% do volume 
total do biodiesel produzido (CHI et al., 2007; JOHNSON & TACONI, 2007). Este 
coproduto pode conter impurezas como água, lipídeos e sabões, resultantes do processo 
de transesterificação alcalina (SILVESTRE et al., 2015) e possui baixo valor comercial. 
O principal componente, do ponto de vista nutricional, da glicerina bruta é o glicerol, 
composto orgânico pertencente à função álcool. A quantidade percentual de glicerol na 
glicerina bruta é o que lhe confere grau de pureza. 
A busca por alimentos alternativos é uma demanda da ovinocultura de corte com 
vistas à redução de custos, principalmente em países em desenvolvimento, como o 
Brasil. Embora impura, a glicerina bruta possui potencial para ser utilizada na 
alimentação de ruminantes, pois possui características que lhe permitem substituir 
ingredientes ricos em amido e, portanto, gliconeogênicos, como os tradicionais milho, 
trigo e cevada, que possuem valor de mercado elevado. 
O glicerol, ao ser ingerido por ruminantes, pode ser absorvido diretamente pelo 
epitélio ruminal e ser convertido em glicose no fígado ou pode servir de substrato para a 
produção de ácidos graxos voláteis, principalmente propionato, por meio de 
fermentação microbiana (LAGE ET AL., 2014; LEE ET AL., 2011). Desta maneira, a 
inclusão de glicerina bruta na dieta de ruminantes pode modificar o padrão de 
fermentação ruminal e, assim, ter efeito sobre variáveis produtivas como o desempenho, 
o consumo, a digestibilidade e o comportamento ingestivo. Além das características 
produtivas, é importante também avaliar os efeitos da ingestão de glicerina bruta em 
características relacionadas à saúde animal por meio da avaliação de metabólitos 
sanguíneos. 
Muitos estudos já foram conduzidos avaliando a inclusão de glicerina na dieta 
de vacas leiteiras (ARIKO et al., 2015; WILBERT et al., 2013; CARVALHO et al., 
2011; DONKIN et al., 2009) e alguns estudos já foram conduzidos com ovinos de corte 
40 
 
(CARVALHO et al., 2015; AVILA-STAGNO et al., 2014; GUNN et al., 2010). No 
entanto, a maioria dos trabalhos realizados utilizou glicerina com grau de pureza 
superior a 80% de glicerol. 
1.1 Hipótese e Objetivo 
Este trabalho foi conduzido para testar a hipótese de que a inclusão de até 21% 
da MS de glicerina bruta com grau de pureza entre 40% e 50% em dietas de ovinos de 
corte não terá efeito nos parâmetros produtivos, bem como nos parâmetros relacionados 
à saúde animal. Nosso objetivo foi determinar o melhor nível de glicerina bruta, oriunda 
da produção do biodiesel, na dieta de cordeiros ½ Santa Inês por meio da avaliação do 
consumo, digestibilidade, desempenho produtivo, comportamento ingestivo e 
metabólitos sanguíneos. 
 
2. MATERIAL E MÉTODOS 
2.1 Procedimento geral 
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade 
Federal da Bahia, obteve aprovação (n. do protocolo 02/2014) e seguiu o 
preconizado pelo Guia para o Cuidado e Uso de Animais de Produção em Pesquisa e 
Ensino (FASS, 2010). 
O experimento foi conduzido no aprisco da Fazenda Experimental de São 
Gonçalo dos Campos da Universidade Federal da Bahia, de julho a setembro de 
2012. Foram utilizados 44 ovinos Santa Inês x SRD, não-castrados, com média de 5 
meses de idade e peso inicial médio de 23,91 ± 3,42 kg. Os animais foram alojados, 
em baias individuais de 1m2 providas de comedouros e bebedouros. O experimento 
durou 78 dias e foi precedido por 15 dias de adaptação dos animais ao ambiente, ao 
manejo e às dietas. 
2.2 Dietas 
As dietas foram formuladas com base no NRC (2007) para ganho médio diário 
de 200g. A composição bromatológica dos ingredientes (Tabela 1) foi realizada após 
secagem das amostras dos alimentos em estufa de 55º C por período de 72h e 
moagem das mesmas em moinho do tipo Willey (Tecnal, Piracicaba, São Paulo, 
Brasil). 
41 
 
A determinação dos teores de matéria seca (MS) foi realizada segundo método 
967.03 (AOAC, 1990), da matéria mineral (MM) pelo método 942.05 (AOAC, 
1990), da proteína bruta (PB) pelo método 981.10 (AOAC, 1990), extrato etéreo 
(EE) pelo método 920.29 (AOAC, 1990). Para as análises para a determinação da 
fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) utilizou-se 
metodologia de Van Soest et al. (1991) com modificações propostas por Senger et 
al. (2008). O teor de FDN foi corrigido para cinzas e proteína e, para tal, o resíduo 
da fervura em detergente neutro foi incinerado em mufla a 600° C por 4 horas, e a 
correção para proteína foi efetuada descontando-se o teor de proteína insolúvel em 
detergente neutro (PIDN). A lignina foi determinada conforme metodologia descrita 
por Silva e Queiroz (2002), a partir do tratamento do resíduo de FDA com ácido 
sulfúrico a 72%. 
Os carboidratos não-fibrosos (CNF) dos ingredientes foram calculados de 
acordo com Mertens (1997), considerando no cálculo o valor de FND corrigido para 
cinzas e proteína. O teor de proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) e 
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) foram obtidos segundo 
recomendações de Licitra et al. (1996). 
 
Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas 
experimentais de cordeiros submetidos a dietas com glicerina bruta 
Item 
Feno de 
Tifton-85 
Milho 
Moído 
Farelo de 
soja 
Glicerina 
Bruta 
Matéria seca (%) 91,18 89,17 93,07 76,40 
Matéria mineral (%) 6,08 1,22 6,40 13,95 
Proteína bruta (%) 5,10 6,58 50,05 - 
Extrato etéreo (%) 1,13 4,39 1,87 28,35 
Fibra em detergente neutro cp (%)
1 75,23 13,10 15,64 - 
Fibra em detergente ácido (%) 38,05 3,73 7,72 - 
PIDN1 (% PB) 38,62 21,27 11,06 - 
PIDA2 (% PB) 6,86 10,18 5,97 - 
Lignina (%) 5,36 1,08 0,85 - 
Celulose (%) 32,69 2,65 6,87 - 
Hemicelulose (%) 37,18 9,37 7,92 - 
Carboidratos não fibrosos (%) 12,46 74,71 26,04 57,70 
1 Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; 2PIDN= proteína insolúvel em 
detergente neutro, 3PIDA = proteína insolúvel em detergente ácido. 
42 
 
O concentrado foi composto de farelo de milho, farelo de soja, premix 
mineral e glicerina bruta nos níveis 0,0; 7,00;14,00 e 21,00% de inclusão com base 
na matéria seca (Tabela 2). A glicerina bruta utilizada neste estudo foi doada à 
Universidade Federal da Bahia e possuía 43,4% de glicerol (grau de pureza), 
13.465,2 mg/kg de sódio, 405,9mg/kg de potássio, 14,3mg/kg de magnésio e 
1.623,5mg/kg de fósforo. Como volumoso, utilizou-se o feno de Tifton-85 (Cynodon 
sp), que compôs 50% das dietas. 
Os teores de NDT descritos na Tabela 2 foram calculados conforme as 
fórmulas de estimativas de digestibilidade de cada fração analítica (NRC, 2001): 
CNFD= 0,98(%CNF) 
PBD = %PB × [1- (0,4 × PIDA/PB)] 
EED = %EE - 1 
FDND = 0,75 × (%FDNp - %Lignina) × [1 – (%Lignina/%FDNp)0,667] – 7 
Em que: CNFD =carboidratos não-fibrosos digestíveis; PBD= Proteína bruta 
digestível; EED=Extrato etéreo digestível; FDND= fibra em detergente neutro 
digestível; FDNp= Fibra em detergente neutro corrigida para proteína. 
 
Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição bromatológica das dietas 
experimentais utilizadas na alimentação de cordeiros alimentados com 
glicerina bruta 
Ingrediente (% MS) 
Glicerina Bruta (%MS) 
0,00 7,00 14,00 21,00 
Farelo de milho 25,00 16,67 8,33 0,00 
Glicerol 0,00 7,00 14,00 21,00 
Farelo de soja 23,50 24,83 26,17 27,50 
Premix mineral 1,5 1,5 1,5 1,5 
Feno de Tifton-85 50,00 50,00 50,00 50,00 
Composição bromatológica (% MS) 
Matéria seca (%) 91,25 90,41 89,57 88,73 
Matéria mineral1 6,35 7,31 8,27 9,23 
Proteína bruta1 15,96 16,08 16,19 16,31 
Extrato etéreo1 2,10 3,85 5,60 7,35 
Fibra em detergente neutro1 44,57 43,68 42,80 41,92 
Fibra em detergente ácido1 21,77 21,56 21,36 21,15 
Carboidratos não fibrosos1 31,03 29,08 27,13 25,19 
Nutrientes digestíveis totais1,2 67,28 69,44 71,60 73,76 
1 Valor expresso em % da matéria seca. 2Valores estimados com base na nas 
equações do NRC (2001). 
 
43 
 
Após a estimativa das frações analíticas digestíveis, foi estimado o NDT 
conforme a seguinte equação: 
NDT= PBD + (2,25 x EED)+ FDND + CNFD 
Em que: NDT= Nutrientes digestíveis totais, estimados conforme NRC 
(2001). 
2.3 Desempenho produtivo 
As dietas eram fornecidas duas vezes ao dia (às 9 horas e às 16 horas), na 
forma de mistura completa, de modo a garantir 10% de sobras. O ajuste do montante 
de alimento a ser ofertado foi feito diariamente assim como a quantificação das 
sobras. As sobras foram coletadas 3 vezes por semana e foi feita uma amostra 
composta por animal. Os animais eram pesados a cada período de 26 dias até o final 
do confinamento. 
2.4 Ensaio de digestibilidade 
O ensaio de digestibilidade ocorreu entre o 42º e 49º dia do confinamento, para 
tal, foram quantificadas e coletadas as sobras e fezes (coleta total) de cada animal 
durante esse período. Foi feita amostra composta de fezes e sobras de cada animal ao 
longo do período de coleta, e armazenadas a - 18°C para posteriores análises 
bromatológicas. Para coleta total de fezes, foram utilizadas bolsas apropriadas, 
confeccionadas com lona e fixadas por faixas de náilon de forma a causar o menor 
incômodo possível aos animais. No final do período experimental, as amostras de 
sobras e fezes foram secas em estufa de ventilação forçada, a 55ºC, durante 72h. 
Posteriormente, foram processadas em moinhos de facas tipo Willey (Tecnal, 
Piracicaba, São Paulo, Brasil) com peneira de malha de 1mm para realização das 
análises bromatológicas. 
O consumo dos nutrientes foi estimado por meio da diferença entre o total de 
cada nutriente contido nos alimentos ofertados e o total de cada nutriente contido 
nas sobras. 
Os coeficientes de digestibilidade (CD) da MS, PB FDN e EE foram 
calculados da seguinte forma: 
CD= [(kg da fração ingerida – kg da fração excretada)] / (kg da fração 
ingerida) X 100. O consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi calculado 
segundo Sniffen et al. (1992) pela equação CNDT = (CPB-PBf) + 2,25 (CEE- EEf) 
44 
 
+ (CCHOT- CHOTf), em que CPB, CEE e CCHOT significam, respectivamente, 
consumo de PB, EE e CHOT, enquanto PBf, EEf e CHOTf referem-se as excreções 
de PB, EE e CHOT nas fezes. 
Os valores relativos ao consumo foram expressos em gramas por dia (g/dia), 
percentual do peso corporal (% PC) e gramas por quilo de peso metabólico 
(g/kgPC0,75), que é obtido por meio da divisão do consumo diário (g) pelo peso 
corporal0,75. 
Os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram obtidos a partir da 
seguinte equação: 
NDT (%) = (Consumo de NDT / Consumo de MS) x 100. 
2.5 Comportamento ingestivo 
A cada período de 26 dias foram realizadas observações de cada animal , 
individualmente, durante período de 24h em intervalos de cinco minutos, segundo 
metodologia proposta por Johnson & Combs (1991). Os dados do comportamento 
ingestivo foram registrados por dois observadores treinados, posicionados de modo a 
haver mínima interferência no comportamento dos animais. Também foram 
registrados o número das mastigações (movimentos merícicos) e o número de bolos 
ruminados por dia. Adicionalmente, também foram contabilizados o tempo 
dispendido e o número de mastigações realizadas em cada bolo ruminal, por animal. 
A eficiência de ingestão (EI), eficiência de ruminação (ER), o tempo total de 
mastigação (TTM, h/dia), assim como a soma do tempo de ingestão e ruminação (TI 
e TR) foram determinados segundo Burger et al. (2000). Os resultados dos 
parâmetros comportamentais avaliados foram obtidos utilizando-se as seguintes 
equações: 
NBR = TR/NM; 
NR = NBR x NM; 
EIMS = CMS/ TI; EIFDN = CFDN/TI 
ERMS = CMS /TR; ERFDN = CFDN/TR 
TTM = TI + TR, 
Onde NBR = número de bolos ruminais; NM = número de mastigações por 
dia; EIMS = Eficiência de ingestão da MS (g de MS ingerida/h); EIFDN = Eficiência 
de ingestão da FDN (g de FDN ingerida/h); CMS (g) = consumo de MS, CFDN (g) 
45 
 
= consumo de FDN; ERMS = Eficiência de ruminação da MS (g de MS ruminada/h); 
ERFDN = eficiência de ruminação da FDN (g de FDN ruminada/h), TTM = tempo 
total de mastigação (h/day). 
Três mensurações foram obtidas (3 dias de observações) para cada animal a 
cada parâmetro avaliado. Baseada nessas três mensurações, a média para cada 
parâmetro foi calculada para ser submetida a análise estatística. 
2.6 Metabólitos sanguíneos 
No 60º dia do experimento foi realizada a coleta de sangue por meio de 
punção da veia jugular no momento da oferta matinal da ração, 2, 4 e 6 horas após o 
arraçoamento. Foram coletados aproximadamente 16 mL de sangue de cada animal 
por meio de sistema à vácuo e tubos com gel separador de coágulo (Becton, Dickson 
and Co., São Paulo, São Paulo, Brasil) foram utilizados. 
Após a coleta, as amostras foram centrifugadas a 3.500 RPM por 15 minutos 
para separação do soro. As concentrações séricas de ureia foram obtidas por meio de 
método enzimático UV e as de glicose por método glicose-oxidase (Labtest, Lagoa 
Santa, Minas Gerais, Brasil). Estes metabólitos sanguíneos foram mensurados em 
todos os períodos de coleta. A concentração de N-uréico sérico foi calculada 
admitindo-se 46% de N na uréia. 
 As concentrações séricas de colesterol total foram obtidas por método 
enzimático de ponto-final, as de triglicérides e gama glutamil transferase (GGT) por 
método cinético colorimétrico e as de alanina aminotransferase (ALT) e aspartato 
aminotransferase (AST) por método cinético UV. Estas variáveis foram mensuradas 
em analisador bioquímico (Modelo A15, Byosistems, Barcelona, Espanha) por meio 
de kits bioquímicos (Labtest, Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil) no soro obtido no 
primeiro período de coleta, no momento do arraçoamento. 
2.7 Estatística 
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 
quatro tratamentos e onze repetições. O seguinte modelo foi utilizado: 
Yij = μ + si +eij; 
em que: Yij = valor observado; μ = média geral; si = efeito dos níveis de 
glicerina bruta, e eij = efeito do erro experimental nas parcelas. 
46 
 
Utilizou-se o comandoPROC GLM (do programa estatístico SAS 9.1®). 
Contrastes polinomiais foram utilizados para se determinar o efeito linear e 
quadrático dos tratamentos. O peso inicial foi utilizado no modelo estatístico como 
covariável quando significativo. 
Para análise temporal (ureia e glicemia), utilizou-se o comando PROC 
MIXED (do programa estatístico SAS 9.1®), nesta avaliação foi considerado um 
modelo misto com os tratamentos (3GL), tempo pós-prandial (3GL) e suas 
interações (9GL) como efeitos fixos. A estrutura de erros utilizada foi a auto 
regressiva de primeira ordem “AR (1) ” por apresentar menor valor de BIC (critério 
de informação Bayesiano). Foram usados contrastes polinomiais (linear, quadrático 
e cúbico) para verificar o efeito do nível de inclusão, tempo pós-prandial de coleta 
de sangue e interação entre eles. A significância foi declarada quando P < 0,05 e 
tendências foram declaradas quando P ≤ 0,10. 
 
3. RESULTADOS 
O consumo de nutrientes foi influenciado pela inclusão de glicerina bruta na 
dieta (Tabela 3). Para o consumo de matéria seca (P = 0,018), proteína bruta (P < 
0,01), extrato etéreo (P < 0,01) e matéria orgânica (P = 0,025) foi observado 
comportamento quadrático com a inclusão de glicerina. O consumo de matéria seca, 
importante variável para animais produtores de carne, foi crescente até 4,52% de 
inclusão. 
 Tabela 3. Consumo de nutrientes por cordeiros submetidos a dietas com glicerina 
bruta 
Item 
Glicerina bruta (% da MS) 
EPM1 
Valor de P 
0,00 7,00 14,00 21,00 L2 Q3 
CMS (% PV)4 
4,16 4,18 3,76 3,24 0,102 
<0,001 0,020 
CMS (g/ Kg 
PV0,75)5 94,33 96,42 85,30 73,46 2,147 
<0,001 0,006 
Consumo (g) 
MS 1111,55 1193,77 998,69 862,89 42,96 <0,001 0,018 
PB 187,96 204,46 172,54 140,48 7,915 <0,001 0,004 
EE 24,81 48,11 59,31 68,47 1,972 <0,001 0,001 
FDN 456,89 485,05 388,28 341,41 18,29 <0,001 0,058 
CNF 372,98 368,61 295,66 238,18 13,20 <0,001 0,057 
47 
 
MO 1042,65 1106,24 915,80 788,55 39,68 <0,001 0,025 
NDT 867,91 932,11 779,79 673,76 33,55 <0,001 0.017 
Equações de Regressão 
MS Ŷ = -1,1195x2 + 10,127x + 1127 
PB Ŷ = -0,2488x2 + 2,7439x + 190,18 
EE Ŷ = -0,0723x2 + 3,5516x + 25,278 
FDN Ŷ = -6,2308x + 482,75 
CNF Ŷ = -6,7553x + 389,42 
MO Ŷ = -0,9804x2 + 7,0349x + 1057,2 
NDT Ŷ = -0,8741x2 + 7,9072x + 880 
1Erro padrão da média, 2 Significância Linear, 3 Significância quadrática, 4 Consumo de matéria seca 
em valor percentual ao peso corporal, 5 Consumo de matéria seca em g/kg de peso metabólico. 
 
Os consumos de fibra em detergente neutro (CFDN) e de carboidratos não-
fibrosos (CCNF) decresceram linearmente com a inclusão de glicerina bruta na 
dieta. 
Os nutrientes efetivamente consumidos pelos animais (Tabela 4) sofreram 
influência da inclusão da glicerina bruta nas dietas e demonstram que não houve 
seleção do volumoso em detrimento ao concentrado. 
A inclusão de glicerina bruta também exerceu influência em relação à 
digestibilidade de nutrientes (Tabela 5). Todos os coeficientes de digestibilidade 
apresentaram comportamento linear decrescente, exceto o coeficiente de 
digestibilidade do extrato etéreo que apresentou comportamento linear crescente. 
Tabela 4. Composição química da dieta efetivamente consumida por cordeiros 
submetidos a dietas com glicerina bruta 
 Glicerina Bruta (% MS) EPM Valor de P 
Efetivamente 
consumido (% MS) 
0,00 7,00 14,00 21,00 
 
L Q 
PB 16,91 17,12 17,30 16,27 0,232 0,2675 0,0852 
EE 2,24 4,03 5,94 7,95 0,029 <0,0001 0,0025 
FDN 41,04 40,67 38,82 39,54 0,447 0,0116 0,3220 
CNF 33,61 30,84 29,62 27,64 0,302 <0,0001 0,2582 
MO 93,80 92,67 91,69 91,40 0,119 <0,0001 0,0258 
 
Para cada 1% de glicerina bruta adicionada ocorre redução de 0,87; 0,84; 
1,62; 0,39 pontos percentuais nos coeficientes de digestibilidade da MS, PB, FDN e 
CNF, respectivamente. No entanto, em relação à digestibilidade do EE, para cada 
48 
 
1% de glicerina bruta adicionada há incremento de 0,31% no coeficiente de 
digestibilidade desta fração analítica. 
 O teor de NDT das dietas também decresceu linearmente com a adição de 
glicerina (Tabela 5). 
 
Tabela 5. Digestibilidade aparente dos nutrientes (%) de dietas para cordeiros com 
níveis de glicerina bruta 
Item 
Níveis de glicerina bruta (%) 
EPM1 
Valor de P 
0,00 7,00 14,00 21,00 L2 Q3 
Coeficiente de digestibilidade 
MS 79,18 77,49 72,44 60,49 3,26 0,003 0,202 
PB 79,25 76,51 73,18 60,72 3,47 0,006 0,263 
EE 86,16 92,51 93,15 93,27 1,30 0,014 0,084 
FDN 71,40 68,81 61,83 35,78 6,28 0,006 0,153 
CNF 93,49 91,76 87,75 85,61 0,82 <0,001 0,839 
NDT 78,08 78,08 74,80 65,13 3,01 0,0199 0,2031 
Equações de Regressão 
MS Ŷ = -0,8732x + 81,571 
PB Ŷ = -0,8415x + 81,25 
EE Ŷ = 0,3138x + 87,977 
FDN Ŷ = -1,6265x + 76,531 
CNF Ŷ = -0,395x + 93,798 
NDT Ŷ = -0,6021x + 80,343 
1Erro padrão da média, 2 Significância Linear, 3 Significância quadrática. 
 
O desempenho produtivo dos animais também foi influenciado pela inclusão 
de glicerina bruta, que promoveu comportamento quadrático nas variáveis avaliadas 
(Tabela 6) para as variáveis peso final (P< 0,01), ganho médio diário (P< 0,01) e 
conversão alimentar (P =0,017). 
A inclusão de glicerina bruta em até 5,8% da MS promoveu aumento no 
ganho de peso, com máximo de 39,32 kg para a variável peso final. O mesmo 
comportamento pode ser observado para o ganho médio diário que apresentou 
comportamento crescente até 3,83% de inclusão de glicerina e para a conversão 
alimentar que foi decrescente até 5,09% de inclusão. 
 
 
 
 
49 
 
Tabela 6. Desempenho produtivo de cordeiros submetidos a dietas com glicerina 
bruta 
Item 
Nivel de glicerina bruta (%) 
EPM1 
Valor de P 
0 7 14 21 L2 Q3 
Peso Inicial 22,96 24,86 23,64 24,26 1,09 - - 
Peso Final 37,88 40,45 35,99 32,27 1,27 0,001 0,015 
GMD4 (g) 191,24 199,83 158,28 102,62 8,85 <0,001 0,001 
CA5 5,85 6,02 6,38 9,51 0,49 <0,001 0,017 
Equações de regressão 
Peso Final Ŷ= -0,0323x2 + 0,3745x + 38,237 
GMD4 (g) Ŷ = -0,3285x2 + 2,5139x + 192,9 
CA5 Ŷ = 0,015x2 - 0,1527x + 5,9659 
1 Erro padrão da média; 2 Significância Linear, 3 Significância quadrática. 4Ganho médio diário; 
5Conversão alimentar. 
Em relação aos tempos dispendidos com as atividades de ruminação, ingestão 
e períodos de ócio (Tabela 7), a inclusão de glicerina não promoveu mudanças (P > 
0,05). Observa-se, no entanto, uma tendência de comportamento quadrático para o 
tempo dispendido com ingestão (P = 0,080) e ócio (P = 0,052). 
 
Tabela 7. Tempo despendido para ingestão, ruminação e ócio por cordeiros 
submetidos a dietas com glicerina bruta 
Item 
Níveis de glicerina bruta (% MS) 
EPM1 
Valor de P 
0,00 7,00 14,00 21,00 L2 Q3 
Tempo dispendido por dia (%) 
 
Ruminação 33,74 35,95 34,00 29,80 1,89 0,128 0,116 
Ingestão 14,41 16,41 17,52 13,51 1,64 0,831 0,080 
Ócio 51,85 47,60 48,48 56,69 2,93 0,271 0,052 
1 Erro padrão da média; 2 Significância Linear, 3 Significância quadrática 
 
Não houve influência (P > 0,05) da adição de glicerina bruta sobre o número 
de episódios de ruminação, visitas ao cocho e ócio, bem como sobre a duração 
destes (Tabela 8). Ocorreu, todavia, tendência de comportamento quadrático para o 
tempo de duração dos eventos de ócio (P = 0,086). 
 
 
 
 
 
50 
 
Tabela 8. Número de períodos de ingestão, ruminação e ócio e duração média de 
cada evento por cordeiros submetidos a dietas com glicerina bruta 
Item 
Níveis de inclusão (%) 
EPM1 
Valor de P 
0,00 7,00 14,00 21,00 L2 Q3 
Número de eventos/dia 
Ruminação 23,33 24,18 23,09 20,64 1,57 0,209 0,315 
Visita ao cocho 15,42 17,09 16,73 14,45 1,63 0,656 0,235 
Ócio 36,08 38,27 36,91 32,18 2,19 0,185 0,121 
Duração média dos eventos (minutos) 
Ruminação 21,10 22,21 22,52 21,54 1,61595 0,825 0,525 
Visita ao cocho 13,17 14,91 16,04 13,48 1,31884 0,735 0,120 
Ócio 22,63 18,77 20,56 27,35 2,92314 0,243 0,086 
1 Erro padrão da média; 2 Significância Linear, 3 Significância quadrática

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