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PROCESSO CIVIL-TRABALHO FINAL

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RESUMO
Este trabalho aborda a temática da arguição de falsidade documental, que consiste no processo de contestação da autenticidade de um documento, seja ele público ou particular. O objetivo do estudo é analisar os procedimentos e princípios jurídicos que regem esse tipo de ação, bem como sua importância no sistema de justiça.
Inicialmente, foi realizado um levantamento teórico sobre os fundamentos legais que embasam a arguição de falsidade documental, com destaque para o Código de Processo Civil. Foram analisados os artigos relacionados, desde o artigo que define os requisitos para a arguição até aqueles que tratam das consequências da constatação de falsidade. Além que foram utilizados como referência os estudos e obras de renomados juristas, como Humberto Theodoro Jr, Alexandre Freitas Câmara e Luiz Fernando Marinoni, que contribuíram para o entendimento dos aspectos teóricos e práticos da arguição de falsidade documental.
Conclui-se que a arguição de falsidade documental desempenha um papel fundamental na busca pela verdade no processo judicial. Através dos procedimentos adequados e do respeito aos princípios jurídicos, é possível verificar a autenticidade dos documentos e garantir a lisura e eficácia do sistema de justiça.
1. INTRODUÇÃO
 A arguição da falsidade documental representa uma importante ferramenta no sistema processual civil contemporâneo, uma vez que a veracidade dos documentos apresentados pelas partes pode influenciar diretamente a busca pela justiça. Diante dessa relevância, o Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu regras e procedimentos detalhados para a impugnação da autenticidade dos documentos, conferindo maior segurança e efetividade ao processo judicial.
Neste contexto, é fundamental compreender a importância das obras de renomados juristas, como Humberto Theodoro Junior, Alexandre Freitas Câmara e Luiz Guilherme Marinoni, que têm dedicado suas análises e comentários acerca das disposições do Código de Processo Civil, aprofundando questões específicas relacionadas à arguição da falsidade documental.
Diante da importância desses estudiosos, o presente trabalho tem como objetivo analisar a arguição da falsidade documental à luz do Código de Processo Civil de 2015, atualizado com os comentários dos doutrinadores mencionados.
Desta forma, o estudo visa não apenas oferecer uma análise aprofundada das disposições legais pertinentes, mas também proporcionar uma reflexão crítica acerca da aplicação prática e teórica da arguição da falsidade documental no sistema processual civil brasileiro.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 INTRODUÇÕES HISTORICA DO PROCESSO CIVIL
 De antemão, compreende-se que o surgimento do processo civil nas civilizações ocidentais, nos quais diversos períodos históricos deu-se por influência no desenvolvimento do processo civil atual. Desde o inicio das civilizações, a sociedade no estagio primitivo, chegou à conclusão de que os particulares não deviam fazer a justiça com as próprias mãos, necessitado de fato um poder neutro e imparcial que deveria regulamentar a atividade administrativa da justiça. Diante disso, surgiram às normas processuais jurídicas nas quais as primeiras normas tinha o caráter penal com litígio civil, que ao passar do tempo, houve mudanças radicais, por exemplo, a confiança dos órgãos judiciais em caso de tutela de interesse, a fiscalização dos atos e a criação de jurisdições contenciosas e voluntarias. Nesse trabalho o contexto histórico do direito processual cível será divido em três períodos: Processo civil clássico, processo civil intermediário e o processo civil contemporâneo.
2.1.1 PROCESSO CIVIL CLASSICO
 O processo civil teve destaque inicial no mundo clássico Greco-romano, onde o direito deixou de preocupar com as finalidades religiosas, ou até de superstições, passando preocupar com os aspectos técnicos e científicos. A primeira evolução ocorre no mundo clássico grego, que por mais tarde influenciariam diversas civilizações vizinhas, como exemplo a própria Roma. Primeiramente, não se sabe de tudo, como era o processo civil Greco, normalmente os acadêmicos citam como fonte de estudo do processo civil, as obras de Aristóteles. Em matéria, predominavam os princípios elevados que se justificava com convicções lógicas. Vale mencionar que os gregos possuíam certo rito probatório, como testemunhas e documentais, que nesse período houve uma valorização “da livre apreciação da prova pelo julgador”, no qual exercia uma crítica lógica e racional em razão das provas. 
 Como dito, a civilização romana teve como parâmetro a civilização grega que importou da sua cultura diversos aspectos, tais como, religiosos, militares, governamentais, é também, o processo jurídico civil. Foi nesse período clássico romano, que o processo civil teve seu maior desenvolvimento e, é mais tarde, influencia diversos países em receptivos códigos processuais civis, como o próprio Brasil. E nesse caso, os acadêmicos divide o processo civil romano em três fases históricas: fase primitiva, fase formularia e a fase cognitio extraordinária.
 Esta fases dão início com os costumes da legis actiones, que por sinal foi utilizado por longa data durante o período romano, até era final de Justiniano. Nesses períodos, era comum, as partes manipular as ações da lei, que era escrito em 5 procedimentos. Entretanto, houve uma reformulação no sistema judiciário romano, no qual inicia-se a fase formularia, onde há parcial abandono da relação jurídica grega e as legis actiones. Ou seja, o magistrado que antes apoiavam sua decisão nas ações da lei, passou adquirir conceder fórmulas de ações que fossem aptas a compor toda e qualquer lide que apresentasse. Porém, esse sistema não tinha uma segurança jurídica, haja vista, corrupção que assolava nesse sistema, pois ainda, de certo ponto, as práticas dos preceitos primitivos eram mantido, por exemplo: A decisão por árbitros particulares.
 A terceira fase ou também conhecido como fase cognitio extraordinária, vigorou durante a crise do terceiro século até o auge Justiniano. Nesta fase, a função jurisdicional passou ter controle privativo ao estado e a criação de novo procedimento processual, surgindo nesse período o “instrumento do processo”. Esse instrumento influencia várias formas, como escrita, a formulação do pedido e a defesa do réu, instrução da causa, a prolação de sentença e sua execução, e por fim, os recursos.
2.1.2 PROCESSO CIVIL intermediário
 Em suma dos fatos que serão apresentados a seguir, o processo civil houve um retrocesso durante a idade média, pois com fim do império romano com as invasões germânicas, a cultura avançada clássica é desaparecida por séculos com direito arcaico dos germânicos, além que não houve uma uniformidade de avanço do direito, em razão, das diferenças grupas étnicas.
Após o estágio primário da queda do império romano, a segunda etapa histórica tem a exacerbação do fanatismo religioso levando os juízes a adotar absurdas praticas na administração da justiça, como “juízos de Deus”, os “duelos judiciais” e entre outros. Por que, eles acreditavam que a divindade católica participava dos julgamentos e realizava as suas revelações. O processo era extremante rígido (formal), e os meios de prova eram restritivo ás hipóteses legal nenhuma liberdade cabendo ao juiz, que tão somente verificava a existência da prova (Observe que antes, no período clássico, o processo civil Greco-romano valorizava a liberdade da apreciação da prova e o seguimento do instrumento processual Justiniano, que no fim, foi perdido). Além disso, que processo germânico medieval não buscava a verdade real ou material, mas sua busca arcaica da verdade formal, isto é, a que se manifestava por meios artificiais com características totalmente absurdas. Ou seja, os julgamentos do processo para os acadêmicos modernos, eram autênticas peças teatrais, em vez de ser julgado por via lógica e racional.
 No entanto, a igreja católica junto com as universidadespersevera o direito clássico romano e é, adaptaram os estudos aplicados com a corrente filosófica cristã, tendo assim, o surgimento do direito canônico. Nesta fusão do direito romano clássico, direito germânico e o direito canônico “criam” o direito comum, e com ele, o processo comum (processo intermediário). O processo comum era escrito e complexo em atividade tornando lento e complicado em entendimento. Nessa fase, ressurge o sistema romano de prova e a prolação de sentença, admitido a sua eficácia germânica “erga omnes” da coisa julgada, é também, adoção do processo sumario canônico.
 Com ideias do iluminismo e a revolução francesa, o processo comum com seus absurdos é deixado de lado, retomando o conceito do livre convencimento do juiz e os adotados novos formas lógicas e racionais inspiradas do mundo clássico Greco-romano.
2.1.3 PROCESSO CIVIL contemporâneo
 Após a revolução francesa liberal, deu início a fase contemporânea ou também conhecida fase cientifica do direito processual civil, onde busca a solução da lide seguindo os preceitos lógicos, racionais e sociais. Além mais, foi nessa era que houve os reconhecimentos de diversos princípios que guiam o próprio processo. O processo civil passou, então, ser visto como instrumento de pacificação social e de realização da vontade da lei. Esta evolução ocorre em três séculos XIX, XX e XXI. 
 O século XIX é defendia primazia do interesse particular influenciado pelo liberalismo Frances industrial, desde a formação e o desenvolvimento da relação processual até formulação jurisdicional. Esse movimento era dominado pela supremacia da liberdade das partes, gerando a exclusividade do privatismo das partes. 
 Enquanto o século XX com as iniciativas do estado social de direito reformulou os princípios que conduziam o processo civil que antes valorizava a vontade das partes e agora valoriza vontade do estado-juiz, em nome do interesse público na pacificação dos conflitos jurídicos. Vale mencionar que nesse período, o processo civil tornou independente diante do direito substancial, a ponto de olvidar as técnicas instrumentalistas do processo. Entretanto, esse período houve valorização do formalismo, afastado o seu principal objetivo – instrumento dos atos – quase sempre, ignorando os reais problemas do direito cotidiano (Foi nesse período que o positivismo teve seu auge, provavelmente, dado início na 2.º revolução industrial ate 2.º Guerra mundial).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o movimento positivista começou a entrar em declínio. Anteriormente, esse movimento valorizava a supremacia do estado-juiz e do ordenamento jurídico, porém passou a se preocupar com a dignidade e valorização do indivíduo, além da resolução das questões públicas e sociais. Nesse contexto, surgiu um novo movimento conhecido como neo-positivismo, que influenciou a criação de um novo tipo de estado: o Estado Democrático de Direito. A partir desse momento, o processo civil e o direito material passaram a ter uma Inter vinculação em seus problemas, considerando-se a necessidade de harmonizar os aspectos procedimentais e substantivos do direito. Ademais, ocorreu um novo fenômeno, a Constitucionalização do processo, através da inclusão dos seus princípios e garantias fundamentais. 
Atualmente, no século XXI, o processo civil, sob a influência do pós-positivismo, assume um caráter pacificador por meio do regime cooperativo, no qual as partes e o juiz participam efetivamente da formação dos atos que levam à solução democrática dos direitos das partes envolvidas.
Dessa forma, o processo civil do século XXI, busca uma abordagem mais humanizada e democrática, em que a participação efetiva das partes e do juiz é valorizada como meio de alcançar soluções justas e equilibradas.
2.1.4 EVOLUÇÃO DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
O contexto histórico do processo civil no Brasil apresenta uma trajetória marcada por transformações e influências de diferentes períodos e sistemas jurídicos, já mencionados. Desde os tempos coloniais até os dias atuais, o processo civil brasileiro passou por diversas fases que moldaram sua estrutura e princípios.
No período colonial, o sistema processual brasileiro era fortemente influenciado pelo Direito português, que seguia os preceitos do Processo Romano-Germânico. Nessa época, predominavam as características da justiça privada, em que as partes tinham grande autonomia para solucionar suas disputas e o Estado tinha um papel secundário na administração da justiça.
Com a independência do Brasil em 1822, surgiu a necessidade de criação de um ordenamento jurídico próprio. Inspirado pelo positivismo Frances e o aumento das atividades comerciais internas e externas, surgiu o código comercial brasileiro, bem como a criação do primeiro código de processo nacional, o regulamento n⁰ 737. 
Ao longo do século XX, o processo civil brasileiro passou por diversas reformas e atualizações. Destaca-se a criação do Código de Processo Civil de 1939, que estabeleceu as bases do sistema processual civil brasileiro por décadas. Entretanto, esse código (inspirado no modelo burocrático de Vargas) era marcado por uma excessiva formalidade e rigidez, o que gerava morosidade e entraves na resolução dos litígios.
Somente em 1973, com a promulgação do Código de Processo Civil de 1973 (CPC/73), o sistema processual civil brasileiro passou por uma reforma significativa. Esse código trouxe avanços importantes, como a introdução dos princípios da oralidade, concentração e celeridade processual. Além disso, o CPC/73 buscava uma maior participação do juiz na busca pela verdade dos fatos, trazendo um enfoque mais democrático para o processo civil. No entanto, ao longo das décadas seguintes, a necessidade de atualização e modernização do processo civil brasileiro sob influencia da Carta Magna, se tornou evidente. A morosidade processual, a excessiva formalidade e a falta de efetividade na prestação jurisdicional levaram à elaboração de um novo Código de Processo Civil, que entrou em vigor em 2016.
O Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015) representa uma mudança significativa no sistema processual civil brasileiro. Inspirado por princípios como a cooperação entre as partes e a busca pela efetividade da jurisdição, o CPC/2015 busca simplificar o processo, estimular a conciliação e adoção de meios alternativos de resolução de conflitos, além de fortalecer a garantia do acesso à justiça.
Em resumo, o contexto histórico do processo civil no Brasil revela uma evolução contínua, desde os tempos coloniais até os dias atuais, em busca de um sistema processual mais ágil, eficiente e acessível. As reformas e atualizações ao longo dos anos refletem a busca por um processo civil que atenda às necessidades da sociedade brasileira e esteja em consonância com os princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito.
2.2. OS PRINCIPIOS PROCESSUAIS
Os princípios processuais desempenham um papel fundamental na estrutura e desenvolvimento do Direito Processual, fornecendo os alicerces para um processo justo e equilibrado. Nesse contexto, a doutrina brasileira contribui de forma significativa, trazendo valiosos comentários e reflexões sobre os princípios processuais.
Desse modo, buscaremos compreender e analisar os princípios processuais, explorando suas concepções e contribuições para o entendimento desses princípios no âmbito do Direito, bem como a ferramenta processual da arguição de falsidade documental. 
2.2.1 PRINCIPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
O princípio do devido processo legal assegura a todos o direito a um processo que siga todas as etapas estabelecidas por lei, garantindo todas as salvaguardas constitucionais. O devido processo legal, consagrado no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal de 1988, é uma garantia constitucional abrangente. Vejamos no enunciado a seguir:
 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, (...); Inciso LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;”
Ou seja, faz uma breveassimilação da ideia do devido processo legal à de processo justo. Além disso, a doutrina também divide esse princípio entre devido processo legal formal (as garantias processuais) e o devido processo legal substancial (que seria a proporcionalidade e razoabilidade nas decisões em si). O doutrinador Humberto Theodoro Jr preleciona em seguinte forma: 
“Nessa moderna concepção do processo justo, entram preocupações que não se restringem aos aspectos formais ou procedimentais ligados à garantia de contraditória e ampla defesa. Integram-na também escopos de ordem substancial, quando se exige do juiz que não seja apenas a “boca da lei” a repetir na sentença a literalidade dos enunciados das normas ditadas pelo legislador (...); o juiz tem papel de complementar a obra do legislador, servindo-se critérios éticos e morais, para que o resultado final do processo seja realmente justo, no plano substancial” – Theodoro Jr, Humberto;curso de direito processual civil,volume I; pág.47 á 49.
E ainda continua na sua linha de raciocínio:
“O devido processo legal, no Estado Democrático de Direito, jamais poderá ser visto como simples procedimento desenvolvido em juízo.Seu papel é o de atuar sobre os mecanismos procedimentais de modo a preparar e proporcionar provimento jurisdicional compatível com supremacia da Constituição e a garantia de efetividade dos direitos fundamentais” - Theodoro Jr, Humberto; curso de Direito Processual Civil,volume I; pág.47 á 49.
Desta feita, o princípio mencionado é único e liga indissociavelmente o processo às garantias conferidas pela Carta Magna em diversos aspectos.
2.2.2 PRINCIPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade, no contexto do Novo Código de Processo Civil (NCPC) de 2015, estabelece que o processo deva ser conduzido estritamente de acordo com a legislação vigente. Isso significa que todos os atos, procedimentos e decisões no processo devem estar fundamentados nas normas jurídicas aplicáveis, assegurando assim a segurança jurídica e a imparcialidade das decisões.
Diante disso, a importância de que as partes e os agentes envolvidos no processo cumpram rigorosamente as disposições legais e respeitem os direitos e garantias das partes envolvidas. O doutrinador Luiz Guilherme Marinoni dar ênfase, em sua obra, o seguinte comentário “O juiz deve fidelidade ao direito – isto é, à ordem jurídica”. Ou seja, além do juiz e as partes do processo observar a “lei seca” do CPC, deve observar as jurisprudências dos tribunais.
Posto isso, o art. 8 do CPC normatiza que o órgão julgador deve observar o princípio da legalidade no processo civil brasileiro.
“Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.”
Dessa forma, esse princípio do Direito Processual Civil busca vedar a decisão difundida em Direito natural ou Direito inventado pelo órgão jurisdicional, mas sim, Direito pautado em lei.
2.2.3 PRINCIPIO DO CONTRADITORIO E AMPLA DEFESA
É assegurado às partes a participação na estruturação do processo e consequente possibilidade de influência na decisão.
“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”, inciso LV, art. 5 da Constituição Federal.
Dessa forma, o princípio do contraditório no Direito Processual Civil busca dirimir a decisão-surpresa.
E o princípio da ampla defesa pode-se dizer é o aspecto substancial desse contraditório, a garantia de poder se defender em qualquer questionamento surgido durante o processo civil brasileiro. Por exemplo, nas seções probatórias dos autos, a incidência da falsidade documental, no qual o autor ou réu questiona a autenticidade do documento apresentado que gera o contraditório entre as partes.
2.2.4 PRINCIPIO DA BOA-FÉ
“Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”, art. 5, CPC.
Tal princípio do Direito Processual Civil não exige a boa fé subjetiva (a intenção do sujeito processual), mas a objetiva (a norma de conduta). Portanto, pode-se dizer que a função do princípio da boa fé é estabelecer um padrão ético de conduta para as partes no processo civil. (BOA-FÉ)
Diante disso, é importante ressaltar a importância da cooperação entre as partes e o juiz no decorrer dos atos processuais. O princípio da boa-fé está presente na sociedade, como nos costumes, regras, ética e moral, os quais regem a segurança processual e buscam um processo justo e igualitário. Nesse contexto, na fase probatória, as partes devem se comportar de maneira cooperativa ao apresentar provas (documentais, testemunhais, etc.), observando o princípio da boa-fé.
2.3.CONCEITO DE PROVAS E SUAS CARACTERISTICAS
O conceito de prova é fundamental no âmbito do processo civil, pois desempenha um papel essencial na busca pela verdade dos fatos e na formação da convicção do juiz. A prova consiste em um conjunto de elementos apresentados pelas partes com o objetivo de confirmar ou refutar uma determinada alegação no processo.
Em sua essência, a prova busca trazer elementos de convicção ao juízo, proporcionando uma base sólida para a tomada de decisões. Ou seja, a prova deve ser considerada válida e eficaz.
Desse modo, o doutrinador Humberto Theodoro Jr preleciona no enunciado da seguinte maneira:
“De tal sorte, ás partes não basta simplesmente alegar os fatos. ‘Para que a sentença declare o direito, isto é, para que a relação de direito ligitiosa fique definitivamente garantida pela regra de direito correspondente, preciso é, antes de tudo, que o juiz se certifique da verdade do fato alegado’, o que se dá por meio das provas.” – Theodoro Jr, Humberto;Curso de direito processual civil, pág.875.
O autor Alexandre Freitas Câmara também preleciona no seguinte enunciado:
“A prova tem por objeto demonstrar a veracidade de alegações sobre fatos que sejam controvertidas e relevantes. Veja-se, então, que o objeto da prova não é o fato, mas a alegação. Demonstra-se que uma alegação, feita no processo, é verdadeira.” – Câmara, Freitas Alexandre; Novo processo civil brasileiro, pág. 244.
Além disso, os mesmo autores consideram duas formas do conceito geral da prova: o conceito objetivo e o conceito subjetivo. A objetividade refere-se à visão da prova como uma ferramenta ou habilidade para comprovar a existência de fatos (documentos, testemunhas, perícias, etc.). A subjetividade diz respeito à certeza factual resultante da produção dos meios de prova, ou seja, a prova se manifesta como a convicção formada pela própria interpretação do caso pelo juiz.
Outro ponto importante a ser destacado é que toda prova deve ter um objeto, uma finalidade e um destinatário, e deve ser obtida por meio dos meios e métodos determinados pela lei (Principio da legalidade). O poder judiciário, como destinatário, analisa o objeto da prova com base nos fatos alegados pelas partes, que são relevantes para o processo, com o objetivo de formar uma convicção em relação aos fatos. Por último, os meios legais de obtenção de provas devem ser éticos e moral (Principio da Boa-fé).
Além disso, seguindo o princípio da boa-fé processual, não há diferença entre a produção de provas realizadas pelas partes (documentais, testemunhais, etc.) ou até mesmo pelo julgador da causa (juiz estatal), pois todos devem cumprir esse princípio mencionado no art. 5º do CPC/15. Isso significa que as partes devem agir com honestidade, evitando a manipulação ou a distorção dos fatos, e o julgador deve analisar o objeto da prova de maneira neutra e imparcial. Vale ressaltar que a boa-fé também se relaciona com o dever de cooperação processual, incentivando a transparência e a colaboração entre as partes e o juízo.
Em suma, o NCPC as provas continuam sendo valoradas livremente pelo magistrado, desde que o faça motivadamente, legal, ético e moral.
2.3.1 PROVA DOCUMENTAL
No novo processo civil, foi introduzidauma seção dedicada à prova documental, intitulada "Da Força Probante dos Documentos". Essa seção discute a validade e o valor probatório dos documentos públicos e particulares. Que seguindo o roteiro do trabalho, daremos ênfase aos artigos 405 a 411, que abordam a importância dos documentos públicos e particulares no decorrer do processo, é também, os artigos 427 a 429, que tratam da validade e autenticidade dos documentos públicos e particulares, bem como do ônus da comprovação da falsidade documental.
O doutrinador Alexandre Freitas Câmara, em suas primeiras linhas sobre a prova documental, em sua obra, preleciona: “Documento é toda atestação, escrita ou por qualquer outro modo gravada, de um fato. Assim, são documentos os escritos, as fotografias, os vídeos, os fonogramas, entre outros suportes capazes de conter a atestação de um fato qualquer.”. Diante disso, o autor Humberto Theodoro Jr menciona a força probante dos documentos que possui caráter único no sistema probatório do processo, vejamos: “quando o documento for autentico e eficaz, o gozo do enorme prestigio, pela grande força de convencimento que encerra”. Além disso, a doutrina brasileira divide o documento em duas partes, o documento publico e documento particular.
O documento publico é aquele que é expedido por órgãos públicos, de entes federativos da união, estado e municípios de forma judicial, notarial ou administrativo. Posto isso, os documentos públicos possuem uma força probatória peculiar, pois o art.405 do NCPC afirma que todo “O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.” Ou seja, o professor e jurista Alexandre Freitas Câmara explica de maneira suscinta com esse exemplo:
“Pense-se, por exemplo, na hipótese de um tabelião declarar, em uma escritura pública, que determinada pessoa estava presente no momento de sua lavratura. Pois isto fica provado pelo documento. Mas faz ele prova, também, dos fatos que o agente responsável por sua formação declara terem ocorrido em sua presença (art. 405, parte final). Assim, por exemplo, se o tabelião declara que ao celebrar um contrato de compra e venda de imóvel por escritura pública o comprador renunciou à garantia contra evicção, o documento faz prova de que tal renúncia efetivamente aconteceu.” – Câmara, Alexandre Freitas; Novo Processo Civil Brasileiro, pág.267.
Alem disso, o art.425 do NCPC∕15 informa que documentos não originais tem a mesma força dos originais, o artigo supracitado cita alguns exemplos: a) Certidões textuais de qualquer prova dos autos, do protocolo das audiências ou de outros livros a cargo do escrivão, ou do chefe da secretaria, se extraídos por ele sob sua vigilância e por eles subscritos, b) os traslados e as certidões extraídas por oficial público de instrumentos ou documentos lançados em suas notas, c) as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório com os respectivos originais e d) as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade e etc.
O documento particular é aquele que não é emitido por um órgão oficial público, mas sim por particulares, desde que possua a autenticidade dos documentos. Nesse sentido, a doutrina brasileira menciona diversas formas de elaboração e assinatura, tais como: a) escrito e assinado pelo próprio autor, b) escrito por terceiros e assinado pelo autor, c) entre outras possibilidades. Ale mais, a doutrina majoritária considerar que os documentos particulares, são firmado por aqueles que assinam, mesmo escrito por terceiros, ora, observa-se a frase de Humberto Theodoro Jr “Com relação aos documentos particulares assinados, considera-se o autor quem firmou, mesmo redigido por outrem”; e assim complementa no próximo parágrafo “Se o escrito for assinado em presença de tabelião e este reconheceu a firma declarando a circunstancia em que se deu a assinatura, o documento gozará dessa presunção legal da autenticidade (art.411,I)”.
Desta vez, o documento que é presumido como autêntico do órgão público dificilmente terá sua veracidade questionada. No entanto, essa presunção não é absoluta, uma vez que existem ferramentas que podem impugnar a autenticidade ou veracidade do documento. Essa ferramenta, também chamada de matéria de defesa, é a arguição da falsidade documental, que será discutida a seguir.
2.4 ARGUIÇÃO DE FALSIDADE
A arguição de falsidade documental é um tema de grande relevância no âmbito jurídico, que desperta interesse tanto acadêmico quanto prático. No contexto atual, em que a produção e utilização de documentos desempenham um papel fundamental nas relações sociais e no funcionamento das instituições, a veracidade e autenticidade desses documentos são questões essenciais para garantir a segurança jurídica e a justiça.
Nesse sentido, a arguição da falsidade documental surge como uma ferramenta processual fundamental para questionar a autenticidade de um documento e, consequentemente, sua validade como prova em um processo judicial. Trata-se de um instrumento utilizado tanto na esfera civil quanto penal, com o objetivo de impugnar a veracidade de documentos apresentados pelas partes envolvidas no litígio.
Desta feita, serão abordados os requisitos e mecanismos necessários para a sua efetivação, bem como os impactos que a comprovação de falsidade pode ter no deslinde do processo.
2.4.1 FALSIDADE DOCUMENTAL
Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que um documento que apresente vícios em sua forma, como borrões, emendas, entrelinhas ou cancelamentos, deve ter sua validade analisada pelo julgador (juiz), levando em consideração a boa-fé das partes envolvidas. O artigo 426 do Novo Código de Processo Civil (NCPC) menciona esse aspecto. Além disso, o renomado professor jurista Luiz Fernando Marinoni detalha em quatro pontos o entendimento desse artigo legal, sendo eles: 
a) Entrelinhas, emendas, borrões ou cancelamentos: Nesse caso, é destacado que um documento público ou particular idôneo merece a confiança do julgador, mas também pode ser alvo de contestação por parte da parte contrária que deseja sua exclusão nos autos processuais;
 b) Ponto substancial: É necessário comprovar que o texto ilícito altera os fatos relacionados ao julgamento; 
c) Ressalva: É importante considerar a possibilidade de haver alguma ressalva ou explicação adicional que acompanhe o documento, fornecendo informações relevantes para sua correta compreensão;
 d) Alteração maliciosa: Por último, é preciso verificar se houve alguma alteração maliciosa ou com intenção de prejudicar a veracidade do documento.
Em resumo, os doutrinadores como Humberto Theodoro Jr. e Alexandre Freitas Câmara, em suas obras, enriquecem o raciocínio no ordenamento jurídico. Ora, observem-se seus pontos de vista:
“Cessa a força probante (ou, como diz a lei, a fé) do documento, seja ele público ou particular, se lhe for judicialmente declarada a falsidade (art. 427). Esta pode consistir em formar documento que não é verdadeiro ou em alterar documento verdadeiro (art. 427, parágrafo único). A força probante de documento particular também cessa quando for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar sua veracidade, ou quando, tendo sido assinado em branco, seu conteúdo tenha sido impugnado sob a alegação de que houve preenchimento abusivo (art. 428). É abusivo o preenchimento quando aquele que recebeu documento assinado com texto não escrito no todo ou em parte o formar, ou completá-lo, por si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário (art. 428, parágrafo único).” – Câmara, Alexandre Freitas, novo processo civil brasileiro; pág.270.
“Por isso, a não ser os casos de vicios materiais evidentes (rasuras, borrões, entrelinhas e emendas), não basta à parte impugnar simplesmente o documento contra si produzido. Pois, no sistema do processocivil, só cessa a fé do documento, publico ou particular, “sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade” (NCPC, art.427)” – Theodoro Jr, Humberto; Curso de Direito Processual Civil, volume I; pág.985.
Assim sendo, a doutrina brasileira, representada por autores renomados como Humberto Theodoro Jr., Luiz Fernando Marinoni e Alexandre Freitas Câmara, afirma que existem duas formas de impugnar a autenticidade de um documento: i) ação declaratória autônoma (prevista no art. 19, II do Novo Código de Processo Civil - NCPC) e ii) incidente de falsidade (previsto no art. 430 do NCPC).
2.4.2 ESPECIE DE FALSIDADE
Cumpre, inicialmente, distinguir as espécies de falsidade, que são a falsidade de assinatura e a falsidade de documento. Em relação à falsidade de assinatura, não é impugnada por meio do incidente de falsidade. Quando a autenticidade do documento é contestada, a sua veracidade é suspensa até que seja comprovada (art.427 do CPC).
Além disso, a parte cuja assinatura é impugnada pela parte contrária tem o ônus de comprovar a veracidade da firma durante o processo, sem a necessidade de um mecanismo especial. Não é necessário recorrer a um procedimento específico para tratar dessa questão.
Enquanto à falsidade do documento, a doutrina majoritária a divide em dois aspectos: falsidade ideológica e falsidade material. A falsidade ideológica ocorre quando o conteúdo do documento é falso e altera os fatos relacionados ao processo. Por outro lado, a falsidade material está relacionada à sua forma e aspectos exteriores, em que a existência de um vício altera a formação do documento. 
Desse modo, existe uma divergência entre a doutrina e a jurisprudência local brasileira, em relação ao objeto da arguição incidental de falsidade documental. A corrente majoritária considera apenas a falsidade material como objeto desse incidente, enquanto a falsidade ideológica seria objeto de uma ação autônoma, especificamente a ação declaratória prevista no art. 19, II do CPC/15. Por outro lado, a corrente minoritária defende que é possível incluir a falsidade ideológica no incidente de falsidade. Ademais, a falsidade material cessando a boa-fé dos documentos públicos ou particulares, é arguida pelo incidente quando houver: a) em formar documento não verdadeiro e b) em alterar documento verdadeiro.
Em resumo, com base no raciocínio do professor Alexandre Freitas Câmara, ele apresenta sua interpretação dos artigos 427 e 428 do CPC da seguinte forma:
“Cessa a força probante (ou, como diz a lei, a fé) do documento, seja ele público ou particular, se lhe for judicialmente declarada a falsidade (art. 427). Esta pode consistir em formar documento que não é verdadeiro ou em alterar documento verdadeiro (art. 427, parágrafo único). A força probante de documento particular também cessa quando for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar sua veracidade, ou quando, tendo sido assinado em branco, seu conteúdo tenha sido impugnado sob a alegação de que houve preenchimento abusivo (art. 428). É abusivo o preenchimento quando aquele que recebeu documento assinado com texto não escrito no todo ou em parte o formar, ou completá-lo, por si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário (art. 428, parágrafo único).” – Câmara, Alexandre Freitas, novo processo civil brasileiro; pág.270.
Em suma, a criação de um documento falso envolve a alteração completa dos fatos e a inclusão de informações fictícias para modificar a sua verdade original.
2.4.3 ÔNUS DA PROVA
Essas regras são de observar-se tanto no incidente de falsidade como nas ações declatorias autonomas, bem como quando a assinatura, é apenas impugnada em alegação de defesa no curso do processo. Vejamos o caput do artigo 429 do CPC:
 Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando:
I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que a arguir;
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento.
Desta feita, o professor Alexandre Freitas Câmara suscita de forma breve o entendimento, no qual se manifesta: “Quando se alegar a falsidade de documento ou seu preenchimento abusivo, o ônus da prova da falsidade é daquele que arguir o vício (art. 429, I). No caso de se impugnar a autenticidade do documento, o ônus da prova é daquele que produziu o documento (art. 429, II).”
2.4.4 ARGUIÇÃO DE FALSIDADE
A arguição de falsidade documental é vista pela doutrina como um meio de defesa, a ser utilizado caso haja declaração de falsidade em um documento apresentado pela parte contrária. 
 No entanto, a regulamentação desse incidente no Novo Código de Processo Civil (NCPC) é mais simples, uma vez que não requer um processo separado (diferente da ação declaratória autônoma) nem uma petição inicial distinta, pois o pedido pode ser apresentado em outras petições. A doutrina, ao analisar o caput do artigo 430 do NCPC, considera três momentos em que a arguição é admissível: a) na Contestação, b) na Impugnação e c) no prazo de 15 dias após a juntada do documento. É importante observar o teor do referido artigo.
Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19
Outro ponto importante é que o objeto da arguição de falsidade deve ser expressamente mencionado na manifestação do autor ou réu que deseje suscitar o incidente. Vale ressaltar a questão da legitimidade ativa, conforme destacado pelo professor Luiz Fernando Marinoni, que abrange as partes envolvidas no processo e o Ministério Público, atuando como fiscal da lei.
Além disso, o Novo Código de Processo Civil (NCPC) não adota o mesmo mecanismo do antigo processo civil, no qual era permitida a instauração do incidente de falsidade em qualquer grau de jurisdição. Conforme destacado por Humberto Theodoro Jr., "O NCPC não manteve a regra do anterior, que permitia a instauração do incidente em qualquer grau de jurisdição". Isso significa que o incidente de falsidade só poderá ser suscitado durante os atos da primeira instância ou do primeiro grau. Caso não seja apresentado, o documento inserido nos autos cuja autenticidade é questionada será considerado aceito pela parte contrária, devido ao prazo preclusivo.
A parte que questiona a autenticidade de um documento, seja autora ou ré, deve expor devidamente sua fundamentação, ou seja, indicar o motivo pelo qual está questionando a autenticidade e apresentar os meios de prova que sustentam sua alegação (Art. 431). Após receber a manifestação da parte que contesta o documento, o juiz deve intimar a parte contrária para contraditório, concedendo um prazo de 15 dias. Após essa etapa, ouvidas as partes, procede-se à realização da prova pericial (Art. 432). É importante mencionar que, caso a parte concorde em retirar o documento falso, não será necessário realizar o exame pericial (Art. 432, parágrafo único).
Por fim, é válido destacar o conteúdo do caput do artigo 433 do NCPC:
Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como questão principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa julgada.
Conforme a análise do doutrinador Luiz Fernando Marinoni, ele expressa sua opinião da seguinte maneira:
 “Quando decidida como questão Incidental, a arguição de falsidade é julgada por decisão interlocutória (art.203, §2⁰, NCPC), sujeita a agravo de instrumento (art.1.015, II). Se, todavia, a parte que argui o incidente expressamente requerer que a questão seja resolvida como questão principal, então a solução da controvérsia “Constara uma sentença constitutiva”. Trata-se, inequivocamente, de sentença (art.203, §1), que se sujeita a apelação (art.1.009, CPC) – Marinoni, Luiz Fernando; Novo Código de processo civil comentado, pág.540.
Além disso, o professor Humberto TheodoroJr. complementa o raciocínio da seguinte forma:
“Decidir como questão incidente quer dizer apreciar a falsidade no plano dos motivos da sentença, e não como questão de mérito. Logo, não fara coisa julgada material o reconhecimento ou a rejeição da arguição” – Theodoro Jr, Humberto; Curso de direito processual civil, vol.I, pág.990.
Desta feita, Sob o novo sistema de código, alegações falsas não criariam incidentes separados fora dos registros existentes, nem o processo precisaria ser suspenso até uma decisão sobre novas disputas sobre a legitimidade dos documentos em juízo, como elemento de prova das instruções correspondentes. Quer se trate de uma questão incidente ou de uma questão declaratória autônoma, o procedimento é o mesmo. No entanto, como foi demonstrado, a diferença reside no nível de eficácia.
3. CONCLUSÃO
No decorrer deste trabalho, discutimos sobre a arguição de falsidade documental, analisando-a à luz dos princípios do devido processo legal, da legalidade, do contraditório e ampla-defesa, bem como do princípio da boa-fé. Com base nas contribuições dos autores Humberto Theodoro Jr, Alexandre Freitas Câmara e Luiz Fernando Marinoni, pudemos compreender melhor a importância desses princípios no contexto da arguição de falsidade documental e no desenvolvimento de um processo justo e equilibrado.
Dessa maneira os princípios Constitucionais regem a o processo civil brasileiro, ademais, a ferramenta de defesa da arguição incidental. Em resumo, O princípio do devido processo legal, consagrado na Constituição Federal, assegura que todos os indivíduos têm o direito a um processo justo e imparcial. Ele implica que nenhuma decisão possa ser tomada sem que as partes tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos, provas e contraprovas. No caso da arguição de falsidade documental, é essencial garantir que todas as partes envolvidas tenham acesso aos documentos em questão, bem como à oportunidade de contestar sua autenticidade. Enquanto,o princípio da legalidade estabelece que nenhum ato processual pode ser realizado sem base em lei. Isso implica que a arguição de falsidade documental deve estar fundamentada em dispositivos legais específicos que definem as condições e os procedimentos para a sua apresentação verificar a autenticidade dos documentos.O princípio do contraditório e amplo defeso assegura que todas as partes envolvidas em um processo tenham a oportunidade de se manifestar, apresentar suas alegações e contrapor as argumentações da parte adversa. No contexto da arguição de falsidade documental, isso implica que a parte acusada deve ser notificada e ter a chance de contestar as alegações de falsidade, bem como apresentar suas próprias provas e argumentos em sua defesa.E por fim, princípio da boa-fé, por sua vez, exige que todas as partes envolvidas em um processo ajam com honestidade, lealdade e probidade. 
Assim como, os artigos 427 aos 433 do Código de Processo Civil estabelecem os procedimentos específicos para declaração de falsidade de documentos. 
O artigo 427 do Código de Processo Civil define que, quando houver questionamento sobre a autenticidade de um documento público ou particular, seja em relação à assinatura ou à sua forma externa que possa alterar o original ou criar um documento adulterado, a fé pública do documento cessa quando declarada judicialmente. O artigo 428 estabelece que, ao ser questionada a autenticidade de um documento particular, a sua fé pública é cessada, a menos que seja comprovada a sua veracidade.Já o artigo 429 estabelece o ônus daqueles que alegam a falsidade de um documento ou são alegados como responsáveis por tal falsidade.Os artigos 430, 431 e 432 estabelecem os procedimentos que as partes envolvidas no processo, bem como o juiz, devem seguir quando ocorrer uma arguição de falsidade documental. Esses artigos regulamentam as condutas e as etapas a serem seguidas, garantindo que o processo seja conduzido de forma adequada e respeitando os princípios da contraditória e ampla defesa. Por fim, o artigo 433 determina que, caso seja constatada a falsidade do documento, o juiz deverá anulá-lo e poderá impor as sanções cabíveis de acordo com a legislação vigente.
No encerramento, os autores Humberto Theodoro Jr, Alexandre Freitas Câmara e Luiz Fernando Marinoni são referências importantes no estudo do processo civil brasileiro, fornecendo contribuições valiosas para o entendimento dos princípios mencionados e sua aplicação na arguição de falsidade documental. Além que, os fundamentos devem ser observados e respeitados no âmbito da arguição de falsidade documental, a fim de garantir um processo justo, equilibrado e em conformidade com o ordenamento jurídico. 
4. REFERÊNCIAS
Curso de direito processual civil, volume I,58ª edição, editora Forense, autor Humberto Theodoro Jr;
Novo código processo civil comentado, volume unico, 3⁰ edição, editora Revista dos Tribunais, autores Luiz Fernando Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero;
Novo processo civil brasileiro, 8⁰ edição atualizada, editora Atlas, autor Alexandre Freitas Câmara;
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892560/artigo-430-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892556/artigo-431-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892554/artigo-432-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892548/artigo-433-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015

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