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Estrutura da Contabilidade Brasileira

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ESTRUTURA DA 
CONTABILIDADE BRASILEIRA
 
AULA 3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Edenise Aparecida dos Anjos 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
Na aula de hoje vamos tratar da estrutura da contabilidade sob um ponto 
de vista teórico, aprofundando conceitos basilares, como postulados, princípios 
e convenções. Para isso, é importante entender como as entidades se 
relacionam com o ambiente em que estão inseridas, no sentido macro e 
microeconômico. 
Esse estudo é importante, pois permite que alguns questionamentos 
sobre o estudo e aplicação da contabilidade sejam respondidos, por exemplo: 
como é determinado o limite de atuação da contabilidade, uma vez que o 
patrimônio também é objeto de estudos de outras ciências, como economia, 
administração e jurídicas? 
Espera-se que ainda, no decorrer desta aula você possa entender por que 
que a contabilidade é uma ciência social aplicada. 
 
TEMA 1 – CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS NA ELABORAÇÃO E 
APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
Em nossas primeiras aulas estudamos a contabilidade sob o enfoque da 
Estrutura Conceitual da contabilidade sob a perspectiva do Pronunciamento 
Técnico CPC 00 (CPC, 2019). Agora vamos estudar o arcabouço teórico da 
contabilidade, ou seja, entender qual a razão da contabilidade existir, de onde 
vêm os conceitos, definições e classificações, e ainda entender como a 
contabilidade evoluiu para atender as entidades contemporâneas (negócios). 
Para a aplicação da contabilidade é importante observar as entidades e 
os diversos relacionamentos com o ambiente onde estão inseridas por meio dos 
enfoques fiscal, legal, ético, econômico, comportamental e estrutural. A partir 
desses enfoques, será mais fácil entender a relação da contabilidade com o 
mundo dos negócios a partir do seu ambiente (interno e externo). 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1.1 Enfoques da teoria contábil e a divulgação dos relatórios financeiros 
A contabilidade é realizada para as entidades diversas (públicas e 
privadas). Cada entidade (comércio, indústria ou prestador de serviços), mesmo 
que atue no mesmo ramo de atividade, possui personalidade própria, com 
particularidades diferentes, em função do tipo de produtos ou serviços ofertados, 
dos direcionamentos administrativos, considerando questões como porte 
(tamanho) e recursos tecnológicos. Enfim, há uma infinidade de diferenças 
observáveis, e a contabilidade tem capacidade de atender a cada uma dessas 
entidades. 
Por exemplo, um mercado de vila, bairro ou comunidade, pode ser 
enquadrado quanto ao porte como microempresa e pagar seus impostos pelo 
regime do Simples Nacional e não estar obrigado a publicar seus demonstrativos 
contábeis. Por outro lado, a rede de supermercados, que atua na região central 
da cidade e possui o mesmo ramo de atividade, no entanto pode ser enquadrada 
como empresa de grande porte, submetida ao regime normal de tributação (lucro 
real) e obrigada a elaborar e publicar o conjunto completo de demonstrações 
contábeis. 
Verifique que, embora as duas entidades atuem no mesmo ramo de 
atividade, elas possuem enfoques e obrigações diferentes, pois o porte e o 
enquadramento tributário se refletem na forma como pagam seus tributos e 
principalmente no tipo de usuários interessados nas informações geradas pelos 
demonstrativos contábeis financeiros. Esses são apenas alguns exemplos, 
pois as diferenças, até mesmo em empresas do mesmo porte, são inúmeras. 
Sob estes aspectos, Hendriksen e Breda (2014, p. 24), no Quadro 1, 
determinam os enfoques da teoria contábil, relacionando-os a questionamentos 
usuais. 
 
 
 
4 
Quadro 1 – Enfoques teóricos 
 
Fonte: Hendriksen; Breda, 2014, p. 24-27. 
O enfoque fiscal é um dos mais tratados na contabilidade, principalmente 
no que se refere ao atendimento do fisco na apuração dos impostos. 
Esclarece-se que embora o enfoque fiscal seja um dos aspectos 
explorados na contabilidade, se a legislação exigir algo diferente do que 
determina a normatização contábil (CPCs), o controle para ajuste fiscal deve 
ser elaborado em controles paralelos. 
Alguns métodos que devem ser observados na escrituração contábil para 
fins fiscais são: (a) o método utilizado para apurar o custo dos estoques; (b) como 
uma empresa reconhece a depreciação do imobilizado em função do desgaste 
no processo produtivo; (c) o reconhecimento de despesas financeiras; (d) os 
itens que podem ser deduzidos para fins de imposto de renda. 
Assim, os efeitos fiscais na contabilidade influenciam a elaboração dos 
relatórios contábeis, mas de maneira indireta, pois a escrituração contábil deve 
seguir as normas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, entre 
outras. 
•Qual é a situação fiscal?
Fiscal 
•O que é exigido por lei?
•Há uma regulamentaçaõ específica para este setor?
Legal
•O que é correto, essa é uma apresentação justa?
Ético
•Que efeito este procedimento contábil exercerá sobre a economia?
•O procedimento permite a divulgação completa dos fatos?
Econômico
•Quem são os usuários da informação contábil?
Comportamental
•Há uma regra específica relacionada a esta situação?
•Qual as definições dos elementos patrimoniais e de resultados
•Como esses elementos são mensurados?
Estrutural
 
 
5 
O enfoque legal diz respeito à aplicação da lei no desenvolvimento das 
atividades contábeis, o que acarreta a obrigatoriedade do contador em conhecer 
todas as leis que norteiam a contabilidade brasileira. Por exemplo, é 
responsabilidade do contador, no exercício da sua função, conhecer o Código 
Civil, a Constituição Federal e as legislações que regem as entidades envolvidas, 
além dos princípios e normas contábeis. 
O enfoque ético é fortemente presente na contabilidade, ou seja, o 
contador deve ser regido por princípios éticos, visando à integridade dos 
procedimentos usados para determinar a representação justa (fidedigna) e a 
confiabilidade da informação contábil. 
O enfoque econômico demanda por parte dos contadores o 
desenvolvimento de habilidades e competências para interpretar os conceitos 
contábeis em função dos eventos econômicos. Em termos gerais, busca 
identificar os efeitos dos procedimentos contábeis na divulgação das 
informações financeiras. Este enfoque é associado com a relevância da 
informação divulgada e seus valores preditivos e confirmatórios. 
Quadro 2 – Enfoques econômicos 
 
Fonte: Hendriksen; Breda, 2014. 
Os efeitos macroeconômicos têm como objetivo a divulgação, análise de 
rentabilidade, lucros, crescimento, rentabilidade para análise de crescimento de 
um setor como um todo. 
Os efeitos macroeconômicos podem ser observados, por exemplo, 
quando a bolsa de valores divulga que determinada empresa obteve lucros de 
20% e o setor cresceu 3% no mesmo período em comparação ao ano anterior. 
De onde são extraídas essas informações? 
• Em sua maioria, são extraídas dos relatórios financeiros divulgados pela 
empresa no período vigente e nos anteriores. 
Efeitos dos Enfoques 
Econômicos
Macroeconômicos
Indicadores e atividades 
econômicas em nível geral, 
segmento. 
Microeconômicos
Indicadores e atividade 
econômicas no nível da 
empresa.
 
 
6 
• Já para as informações acerca do setor, são analisados os 
demonstrativos de todas as empresas do segmento. Somente assim o 
analista pode inferir se houve crescimento ou não. 
• Os efeitos microeconômicos têm relação com os procedimentos 
contábeis que influenciam as atividades da empresa, com foco nas 
políticas e procedimentos internos para a decisão de quais fatos devem 
ser divulgados e como. 
O enfoque comportamental é o que mais desperta atenção, pois a 
contabilidade é feita de pessoas para pessoas (contadores e usuários da 
informação contábil). A informação contábil pode ser influenciada pela 
capacidade de julgamento do contador, na adoção dos métodos e bases de 
mensuração utilizados para reconhecer os elementosdos demonstrativos 
contábeis. Por parte dos usuários, pode se entender que o julgamento da 
relevância de uma informação e sua influência na tomada de decisão, por vezes, 
pode ser subjetiva, pois depende da percepção de utilidade do usuário. 
O enfoque estrutural representa toda o arcabouço estrutural da Ciência 
Contábil e suas mutações ao longo do tempo, como conceitos, classificações, 
reconhecimento e mensuração de ativos e passivos, receitas e despesas, e as 
características qualitativas da informação contábil. 
Para finalizar os enfoques, sugiro que faça uma reflexão evolutiva dos 
conteúdos que já estudou. Será possível observar que a contabilidade é um 
conjunto coeso de terminologias, conceitos e definições. Estudar o patrimônio 
das entidades sob todos os enfoques não se resume apenas aos registros das 
transações econômicas e financeiras, mas em procedimentos que influenciam 
resultados por meio da divulgação dos demonstrativos contábeis. 
Em outras palavras, os enfoques determinam o objeto de estudo da 
contabilidade, o patrimônio e suas mutações no seu ambiente de atuação, 
delimitando a área de estudo da ciência contábil como ciência social aplicada. 
TEMA 2 – POSTULADOS DA ENTIDADE E CONTINUIDADE 
Todas as ciências precisam de uma base que possibilite o 
desenvolvimento de princípios, normas e convenções que venham a direcionar 
sua prática. Na contabilidade, essa base está ancorada sobre os postulados 
contábeis. 
 
 
7 
 
Iudícibus (2014, p. 39) define os postulados como: “premissas ou 
constatações básicas, não sujeitas a verificação, que formam o arcabouço sobre 
o qual repousa o desenvolvimento subsequente da teoria da Contabilidade”. 
Neste sentido, os postulados são premissas ou observação da realidade, 
relacionadas com aspectos ambientais e as condições de operação das 
entidades delimitando a área de atuação da contabilidade. 
Os postulados podem ser classificados como (a) descrições da realidade 
observada e (b) ambientais, que delimitam a área de atuação da contabilidade 
acerca do objeto de estudo, permitindo a construção de teorias (conceitos, 
normas) e a aplicação prática da contabilidade. 
Dos postulados, os ambientais são os mais importantes, pois fornecem as 
bases de toda a estrutura da contabilidade, são eles: 
Quadro 3 – Postulados 
 
O postulado da entidade reconhece o patrimônio como objeto da 
contabilidade e autonomia patrimonial, separando o capital da empresa do 
capital dos sócios. O postulado da continuidade prevê que essa entidade 
continuará em operação no futuro, por período indeterminado. 
A Estrutura Conceitual da contabilidade é estudada de forma hierárquica, 
conforme o Quadro 4, postulados, princípios e convenções. 
 
Postulados 
Ambientais
Entidade Continuidade
 
 
8 
 
Quadro 4 – Estrutura teórica da contabilidade 
 
Essa é a ordem que devemos observar para entender como a 
contabilidade é estruturada. 
2.1 Postulado da entidade 
 O postulado da entidade é um dos principais postulados ambientais, pois 
sem a entidade, não há patrimônio para ser reconhecido, mensurado ou 
evidenciado. Logo, não há motivos ou razão de ser da contabilidade. Assim, a 
entidade contábil, de acordo com Iudícibus, pode ser conceituada como: 
ente, juridicamente delimitado ou não, divisão ou grupo de entidades 
ou empresas para os quais devemos realizar relatórios distintos de 
receitas e despesas, de investimentos e retornos, de metas e 
realizações, independentemente dos relatórios que fizermos para as 
pessoas físicas ou jurídicas que têm interesse em cada uma das 
entidades definidas em cada oportunidade. (2009, grifo nosso) 
 Logo, uma entidade pode ser um indivíduo (microempreendedor 
individual, produtor rural), uma empresa, um grupo de empresas, um órgão 
público, um clube de futebol, uma cooperativa, uma escola, uma organização 
sem fins lucrativos etc., desde que desenvolvam atividades econômicas que 
justifiquem a aplicação da contabilidade e a elaboração de relatórios 
contábeis. 
É preciso dar atenção especial para este postulado, pois ao delimitar o 
objeto de estudo da contabilidade “o patrimônio” de uma entidade, busca-se 
fazer a distinção do patrimônio do proprietário e sócios/acionistas. Assim, o 
patrimônio da entidade não se confunde com o patrimônio dos sócios. Essa 
medida visa proteger a entidade de entrar em situação de descontinuidade 
(falência). 
 
Estrutura Conceitual da 
Contabilidade
Entidade e Continuidade Postulados 
ambientais
Princípios Convenções
 
 
9 
Exemplo 
A Maria trabalhou anos e guardou dinheiro para investir em seu próprio 
negócio, o sonho de abrir uma padaria. Quando observou que já tinha o 
suficiente procurou um contador para abrir seu negócio, legalizou seu 
empreendimento e, em poucos dias, a “Padaria da Maria” se tornou realidade. A 
Maria agora é sua própria patroa. 
De quem é o dinheiro investido na Padaria da Maria? 
O dinheiro agora pertence à Padaria da Maria, pois quando a Maria abriu 
sua empresa, ela entregou seus recursos para criar uma entidade, dotada de 
personalidade jurídica. 
Observe que a Maria agora é uma empresária, e como tal tem 
responsabilidade para gerir o seu negócio. Deve tomar alguns cuidados, pois a 
padaria consome recursos para manter-se em funcionamento. Ela precisa pagar 
as despesas de estrutura referente a energia, água, matéria prima, fornecedores, 
salários de empregados, impostos, pró-labore (salários dos sócios ou 
proprietários). 
Como ela vai fazer isso? A Maria espera produzir seus produtos e 
vender toda a sua produção. Somente assim a padaria poderá gerar receitas 
por meio das vendas, pagar todos os custos de produção e despesas de 
funcionamento, e apurar resultados (gerar caixa e lucros). 
E as contas da Maria, como ela vai pagar? A Maria como proprietária 
precisa estimar um salário mensal para que possa pagar suas contas pessoais, 
denominado de pró-labore (remuneração do proprietário/sócios). 
O contador tem a responsabilidade de orientar a Maria para não ferir o 
princípio da entidade, explicando que o dinheiro das vendas de produtos da 
Padaria da Maria é da padaria e não da Maria. Isso é importante, pois as vendas 
diárias (caixa) são receitas e somente no fim do período se apura resultados 
(lucros ou prejuízos). 
Logo, se a Maria começar a misturar suas contas pessoais 
(supermercado, lazer etc.) com as da sua empresa, pode correr o risco de entrar 
em descontinuidade (não conseguir pagar os recursos necessários para 
desenvolver sua atividade empresarial) e dessa forma perde também a principal 
fonte de renda da pessoa física. 
E se a Maria, levar para a contabilidade as notas e cupons fiscais das 
suas despesas pessoais para o contador no fim do mês? A contabilidade 
 
 
10 
somente vai registrar as despesas referentes à empresa (CNPJ). As despesas 
da Maria não serão contabilizadas. 
Em resumo, mesmo sendo proprietária, a Maria é pessoa física, isto é, 
recebe salário (pró-labore) da Padaria da Maria, para poder saldar seus gastos 
pessoais. A Padaria da Maria é pessoa jurídica (entidade contábil) e obtém 
receitas pelas vendas de seus produtos, gerando caixa e apurando resultados 
no fim do período. Aplica-se aqui o princípio da entidade, pelo qual o capital dos 
sócios não se confunde com o da empresa. 
Em síntese, o patrimônio dos sócios não deve se misturar ou se confundir 
com a contabilidade da entidade (empresa). Na contabilidade da entidade, 
somente devem ser registrados os fatos que se refiram ao patrimônio da 
empresa. As despesas particulares dos sócios não devem ser registradas como 
despesa da entidade. 
A entidade é uma premissa subjacente da contabilidade, sendo muito 
mais do que uma diretriz, é importante ser observada para preservar a existência 
da entidade contábil e sua essência econômico, resguardando o patrimônio por 
meio da manutenção dos recursos necessários para o desenvolvimentoda sua 
atividade e reinvestindo para que a empresa possa estar em continuidade por 
um período de tempo indeterminado. 
2.2 Postulado da continuidade 
O postulado ambiental da continuidade, ou going concern, se refere a algo 
em constante movimento. Parte do pressuposto que as entidades contábeis 
estarão em operação por um longo período, ou seja, não possuem intenção de 
serem liquidadas (fechadas/extintas). 
Mas como entender o princípio da continuidade como algo em 
andamento? Observe o ciclo de transações operacionais de uma entidade fabril: 
 
 
 
11 
Quadro 5 – Ciclo de transações operacionais 
 
Verifique que as transações operacionais são cíclicas, estão em constante 
movimento. Para estar em continuidade, uma entidade em plenas condições de 
operação compra, produz, vende, recebe e paga, sendo este um ciclo 
operacional contínuo. Caso haja uma interrupção neste processo, a entidade 
corre o risco de deixar de existir. 
Deste modo, a característica fundamental para identificar uma entidade 
geradora de riqueza é a sua capacidade de agregar valor e gerar riquezas 
por meio das vendas de produtos ou serviços (receitas, lucros) e distribuir 
riqueza, ao pagar impostos, salários (força de trabalho) e remunerar o capital 
investido pelos sócios (distribuição de lucros), impactando o ambiente onde 
está inserida. 
Sob os aspectos normativos, o Pronunciamento Técnico CPC 00 (CPC, 
2019) discorre sobre como as demonstrações contábeis são elaboradas com 
base na suposição de que a entidade que reporta informação está em pleno 
funcionamento e continuará assim no futuro previsível. Em termos gerais, 
presume-se que a entidade que reporta a informação é capaz de gerar riquezas 
e valores de forma contínua. 
Presume-se, também, que uma entidade em continuidade não tem 
intenção de liquidar ou deixar de negociar, pois, caso exista a intenção ou 
necessidade de liquidação, devem ser elaborados demonstrativos especiais 
Compra 
matéria-prima
Produção de 
produtos 
acabados
Venda de 
produtos 
acabados
Recebimentos 
das vendas de 
produtos 
acabados 
Paga os 
fornecedores
 
 
12 
para aquele momento específico, para que a entidade possa ser avaliada de 
acordo com as premissas contábeis de uma entidade em descontinuidade. 
TEMA 3 – PRUDÊNCIA E PRIMAZIA DA ESSÊNCIA SOBRE A FORMA 
 Estudamos em aulas anteriores que as características qualitativas, 
fundamentais e de melhoria permitem que os usuários classifiquem a informação 
contábil como útil para o processo decisório. No entanto, caso haja dúvidas ou 
incertezas no momento do reconhecimento, mensuração ou avaliação dos 
elementos patrimoniais e de resultados, o contador deve levar em consideração 
duas características, a prudência e a primazia da essência sobre a forma, para 
aplicação da contabilidade. 
3.1 Prudência 
A prudência é um dos elementos contidos na característica fundamental 
da Representação Fidedigna (completa, neutra e livre de erros), como estudado 
na Aula 2. É um assunto que vem sendo discutido na contabilidade desde a 
convergência das normas internacionais, pois em primeiro momento o Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis retirou esta característica do escopo do CPC 00 
na revisão de 2011, alegando que entrava em conflito com a neutralidade da 
informação, pois enviesava a tomada de decisão. Todavia, na última revisão do 
CPC 00, R2 de 2019, foi adicionada novamente como uma das características 
fundamentais da representação fidedigna, contida justamente no escopo da 
informação neutra. 
Por que é importante saber dessas discussões? Justamente porque o 
aluno tem acesso a inúmeras fontes de informação na rede e saber das 
discussões da nossa área de estudo é fundamental para construir conhecimento 
em bases sólidas. 
Para entender a prudência e essas discussões, precisamos explicar o que 
seria essa representatividade da característica da prudência e como o contador 
a utiliza na prática para avaliar os elementos patrimoniais (ativos e passivos) e 
de resultados (receitas e despesas) para elaborar e divulgar seus 
demonstrativos contábeis. 
Vamos iniciar com a definição do CPC 00 (CPC, 2019): “A prudência é 
entendida como um posicionamento conservador por parte do contador no 
 
 
13 
momento de registrar os elementos patrimoniais de uma entidade”. Isso quer 
dizer que a prudência, também conhecida como conservadorismo, se refere ao 
cuidado que o contador precisa ter para reconhecer receitas, passivos, ativos e 
despesas e principalmente no reporte dessas informações. Observe que, entre 
duas ou mais situações relevantes, deve-se adotar sempre um 
posicionamento pessimista. 
Quadro 6 – Premissas da prudência 
RECONHECIMENTO 
MENOR VALOR POSSÍVEL MAIOR VALOR POSSÍVEL 
ATIVOS RECEITAS PASSIVOS DESPESAS 
- Mais tarde - Mais cedo 
Fonte: Hendriksen; Breda (2014). 
Os ativos devem ser reconhecidos pelo menor custo possível. Por 
exemplo, no momento de avaliar o custo dos estoques da empresa, o contador 
deve analisar dois critérios: 
• Custo histórico: valor do registro inicial, aquele que vem informado na nota 
fiscal de compra de cada produto, ou o custo de transformação 
(produção). 
• Custo de reposição: valor de mercado, ou seja, preços correntes (atuais), 
quanto custaria para repor este produto no estoque. 
De posse dessas informações, que devem ser igualmente relevantes, e 
atendendo aos requisitos da representação fidedigna e da neutralidade, o 
contador deve adotar aquela que apresenta o menor valor para o 
reconhecimento e evidenciação dos estoques (custo ou mercado, o que for 
menor). Para este ativo (estoques), normalmente o custo histórico costuma ser 
o de menor valor. No entanto, diante dos avanços tecnológicos, pode acontecer 
do valor de mercado ser o menor valor para reposição. 
Os passivos devem ser reconhecidos, mensurados e evidenciados pelo 
maior valor possível. Como os passivos representam saída de recursos da 
entidade (saída de dinheiro do caixa), é recomendado que os valores estimados 
e registrados sejam os maiores possíveis, como em situações que não se tem 
os valores exatos para o reconhecimento, como nos casos de processos judiciais 
ou trabalhistas. 
As contas de resultados, como receitas e ganhos devem ser estimadas 
pelo menor valor possível e ser reconhecidas mais tarde, e não mais cedo. Já 
 
 
14 
as despesas e perdas devem ser reconhecidas mais cedo e não mais tarde, de 
modo que o resultado (lucro) seja sempre o menor valor entre as várias 
alternativas apresentadas (Hendriksen; Breda, 2014, p. 106). 
Nesse sentido, o contador deve ter o cuidado para não superestimar 
lucros, ainda não realizados, para conter o otimismo dos gestores e não induzir 
a tomada de decisão, pois as consequências das perdas ou falências são muito 
maiores do que a dos ganhos. Por fim, uma informação fidedigna precisa ser 
completa e neutra, com observância da característica da prudência. 
3.2 Primazia da essência sobre a forma 
A característica da primazia da essência sobre a forma permite ao 
contador julgar a essência econômica de uma transação, face à forma jurídica 
ou legal. Como a essência econômica de uma transação ou evento deve 
prevalecer sobre a forma jurídica, o que deve ser reconhecido é o que realmente 
acontece na empresa, e não o que está juridicamente formalizado. 
Mas o que isso realmente quer dizer? Que, ao efetuar uma venda, a 
entidade obrigatoriamente precisa emitir uma “nota fiscal de venda” (exigência 
legal) para transferir algo dos seus ativos (no caso, o estoque) para o comprador 
(cliente). 
Esse foi um exemplo de forma jurídica, ou legal, ou seja, a empresa 
obrigatoriamente precisa emitir uma nota fiscal de venda para poder reconhecer 
a Receita de Vendas e reconhecer (ativos) em forma de dinheiro no caixa ou 
direitos (duplicatas de clientes a receber). Assim, podemos entender que a forma 
jurídica ou legal é representada pelaformalização de contratos e emissão de 
notas fiscais de compras e vendas. 
E a essência sobre a forma? Observe o exemplo do registro da transação 
de duplicatas descontadas. 
Duplicatas descontadas referem-se à transação na qual a entidade, de 
posse de seus recebíveis (conta de clientes), solicita ao banco um adiantamento, 
mediante o pagamento de juros e tarifas bancárias, dando como garantia as 
duplicatas que os clientes ainda farão os pagamentos. 
Se considerasse a natureza da conta de duplicatas a receber de clientes 
(direito, classificada no ativo) e a forma jurídica, o registro se daria no ativo como 
conta redutora, por exemplo: duplicatas a receber de clientes (-) duplicatas 
descontadas. 
 
 
15 
No entanto, para esse registro, deve observada a essência sobre a 
forma, pois o desconto de duplicatas descontadas nada mais é do que uma 
transação financeira, ou seja, um empréstimo com garantias. Isso quer dizer que 
a entidade não transferiu os riscos de não receber do seu cliente para o banco. 
Desse modo, as duplicatas a receber de clientes dadas como garantia, 
continuarão registradas no ativo. Caso algum cliente deixe de pagar, o ônus 
continua sendo da entidade que contratou o empréstimo. Já a transação de 
duplicatas descontadas deverá ser registrada contabilmente no passivo. 
Quadro 7 – Duplicatas descontadas 
REGISTRO DAS DUPLICATAS DESCONTADAS 
ATIVO 
(recebimento do dinheiro do 
empréstimo) 
PASSIVO 
(empréstimo) 
Banco conta movimento - Empréstimos a pagar – duplicatas descontadas 
- Juros e tarifas bancárias a transcorrer 
O arrendamento mercantil (leasing financeiro) também é um exemplo 
clássico, no qual a essência implícita é a de que o arrendatário adquira os 
benefícios econômicos do uso do ativo arrendado (imobilizado), em 
contraprestação de aceitar a obrigação de pagar por esse direito, acrescido do 
respectivo encargo financeiro (Adriano, 2018, p. 52). A forma jurídica do leasing 
é de um contrato de aluguel. No entanto, na essência implícita é de uma compra 
financiada, que satisfaz à definição de ativo e de passivo e, portanto, deve ser 
reconhecido no balanço patrimonial do arrendatário. 
Outra transação é a contabilização de uma operação de venda com 
compromisso de recompra como se fosse um empréstimo obtido pelo vendedor. 
Neste caso, o bem objeto da transação é uma espécie de garantia da operação, 
que configura uma aplicação do princípio da essência econômica sobre a forma 
jurídica, como é o caso do arrendamento mercantil de leasing (Adriano, 2018). 
Em suma, quando a essência econômica e sua forma legal, não forem as 
mesmas, considerar somente a forma legal não representaria fidedignamente o 
fenômeno econômico (CPC 00, R2, 2019). No entanto, essência sobre a forma 
não significa arbitrariedade, ou seja, para aplicar este conceito, o profissional 
deve possuir conhecimentos do negócio da empresa (aspectos econômicos e de 
direito) e das transações praticadas por esta entidade. Pois, a aplicação do 
conceito vai muito além de achismos, ou seja, daquilo que o profissional acha 
que deve ser feito, é importante conhecer a natureza econômica da transação e 
 
 
16 
agir com cautela e bom senso, no momento do reconhecimento como prevê a 
norma contábil (Gelbcke, et al. 2018), de modo que represente fidedignamente 
o fenômeno econômico da transação nas demonstrações contábeis. 
 
TEMA 4 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS 
Toda área do conhecimento, para ser chamada de ciência, deve ter 
pressupostos básicos, princípios que a sustentem. Com a contabilidade não é 
diferente. Ela é sustentada por um arcabouço teórico que parte dos postulados, 
e da elaboração de princípios e convenções que formam todo o seu corpo de 
estudo como ciência social aplicada aos negócios. 
4.1 Princípios fundamentais da contabilidade (revogados) 
Os princípios fundamentais da contabilidade apresentam seu arcabouço 
teórico, delimitam o objeto de estudos, os procedimentos geralmente aceitos, 
descrições e orientações de como reconhecer e avaliar os elementos das 
demonstrações contábeis. 
É importante saber que os princípios fundamentais da contabilidade, 
promulgados pela Resolução CFC n. 750 de 29 de dezembro de 1993, alterada 
pela Resolução CFC n. 1.282 de 28 de maio de 2010, foram revogados a partir 
de 1º de janeiro 2017 pelas Normas Brasileiras de Contabilidade Estrutura 
Conceitual (CFC, 2016). 
Explica-se. A contabilidade brasileira passou por algumas mudanças no 
em 2007/2008, quando surgiram as normas internacionais de contabilidade. 
Nesse processo, houve a necessidade da revisão e elaboração de novas 
terminologias mais adequadas aos negócios contemporâneos, para a adequada 
aplicação dos aspectos conceituais e da prática contábil. Tecnicamente e 
conceitualmente, os princípios não foram extintos. Eles correspondem à base 
conceitual da contabilidade. No entanto: 
• Os princípios, tal qual estão dispostos nas Resoluções CFC n. 750/1993 
e n. 1.282/2010, já não existem. Isso não significa que foram descartados, 
pois se isso ocorresse, a ciência contábil não teria uma base para se 
estruturar. 
• Na leitura dos pronunciamentos técnicos (CPC 00 2019) – principalmente 
na Estrutura Conceitual –, não encontrarão os termos: princípios ou 
 
 
17 
postulados. Todavia, eles estão inseridos ou incorporados em todo o 
pronunciamento. Por exemplo, o pressuposto da entidade e continuidade, 
que são os postulados ambientais, são mencionados exaustiva e 
repetidamente no pronunciamento. O princípio da competência, que rege 
a mensuração econômica das transações contábeis, é retratado fielmente 
de forma didática. 
Os demais princípios podem ser visualizados nas características 
qualitativas fundamentais e de melhoria. 
Não vamos explorar nesta aula a definição dos princípios, pois já foram 
revogados, mas vamos apresentar uma síntese para que se possa correlacioná-
los na Estrutura Conceitual. 
Tomando como base as aulas anteriores, nas quais abordamos as 
características qualitativas da informação contábil e os pressupostos básicos 
(postulados), podemos observar no Quadro 8 a correlação, princípios e Estrutura 
Conceitual da contabilidade CPC 00 (CPC, 2019). 
Quadro 8 – Correlação entre princípios fundamentais da contabilidade e CPC 00 
(CPC, 2019) 
PRINCÍPIO DESCRIÇÃO CPC 00 (CPC, 2019) 
Entidade Reconhece o patrimônio como objeto da 
contabilidade e afirma a autonomia 
patrimonial, a necessidade da 
diferenciação de um patrimônio 
particular no universo dos patrimônios 
existentes, independentemente de 
pertencer a uma pessoa, um conjunto de 
pessoas, uma sociedade ou instituição 
de qualquer natureza ou finalidade, com 
ou sem fins lucrativos. 
Incutida em toda a Estrutura 
Conceitual. 
 
EC.3.10. Entidade que reporta, é 
obrigada a, ou decide elaborar 
demonstrações contábeis para 
fins gerais. 
Continuidade A entidade continuará em operação no 
futuro e, portanto, a mensuração e a 
apresentação dos componentes do 
patrimônio levam em conta essa 
circunstância. 
Incutida em toda a Estrutura 
Conceitual. 
 
EC. 3.9: Premissa de continuidade 
operacional. 
Oportunidade Refere-se ao processo de mensuração e 
apresentação dos componentes 
patrimoniais para produzir informações 
íntegras e tempestivas. 
A falta de integridade e tempestividade 
na produção e na divulgação da 
informação contábil pode ocasionar a 
perda de sua relevância, por isso é 
necessário ponderar a relação entre a 
oportunidade e a confiabilidade da 
informação. 
Características qualitativas 
fundamentais 
Relevância e representação 
fidedigna. 
Características qualitativas de 
melhoria 
2.23 – 2.38: Comparabilidade, 
Verificabilidade, Tempestividade e 
Compreensibilidade. 
 
 
18 
Registro pelo 
valor original 
Os componentes do patrimônio devem 
ser registrados pelos valores originais 
das transações com o mundo exterior, 
expressos a valor presente na moeda do 
país, que serão mantidosna avaliação 
das variações patrimoniais posteriores, 
inclusive quando configurarem 
agregações ou decomposições no 
interior da entidade. 
EC. Capítulo 6 - mensuração 
 
6.4 – 6.22 Bases de mensuração 
 
EC. 6.4 – 6.9. Custo histórico 
EC. 6.10 – 6.22. Valor Atual 
Competência As receitas e as despesas devem ser 
incluídas na apuração do resultado do 
período em que ocorrerem, sempre 
simultaneamente quando se 
correlacionarem, independentemente de 
recebimento ou pagamento. 
Informações sobre o uso de 
recursos econômicos da 
entidade 
 
EC. 1.17 – 1.19 Desempenho 
financeiro refletido pela 
contabilização pelo regime de 
competência. 
Prudência Determina a adoção do menor valor para 
os componentes do ativo e do maior para 
os do passivo, sempre que se 
apresentem alternativas igualmente 
válidas para a quantificação das 
mutações patrimoniais que alterem o 
patrimônio líquido. 
Característica Qualitativa 
Fundamental: Representação 
fidedigna, característica da 
informação neutra. 
EC. 2.16. – 2.17 Prudência 
Fonte: Resoluções CFC n. 750/1993 e n. 1.282/2010; CPC 00 (CPC, 2019) 
Na leitura do Quadro 8, verifica-se que os princípios entidade e 
continuidade são denominadas como premissas subjacentes (pois são os 
postulados ambientais), ou seja, correspondem a estrutura basilar, os pilares da 
contabilidade. 
O princípio da competência está relacionado ao desempenho das 
entidades e os efeitos das transações operacionais na contabilização em 
determinado período. Na prática, as receitas e custos dos produtos e serviços 
negociados a prazo, por exemplo, devem ser reconhecidos na contabilidade no 
momento do fato gerador, isto é, a emissão da nota de venda e não seu 
recebimento. 
O princípio da oportunidade se correlaciona com a tempestividade da 
informação, ou seja, deve estar disponível no tempo correto para os tomadores 
de decisão. Desse modo, entende-se que informação é relevante na medida que 
possua o poder de influenciar a tomada de decisão. O princípio da prudência, já 
estudado, nesta aula, compõe o escopo das características qualitativas 
fundamentais, relevância e representação fidedigna. 
O princípio do registro pelo valor original é contemplado no capítulo 6 da 
Estrutura Conceitual, bases de mensuração, destacando que todos os 
elementos reconhecidos nas demonstrações contábeis devem ser quantificados 
em termos monetários. São exemplos de bases de mensuração: custo histórico, 
 
 
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valor justo ou valor de cumprimento de item sendo mensurado. Estes assuntos 
serão abordados futuramente. 
Em síntese, os princípios da contabilidade são observáveis em toda a 
Estrutura Conceitual, refutando-se assim a ideia de que foram extintos da 
contabilidade. 
TEMA 5 – CONVENÇÕES (NORMAS E RESTRIÇÕES) 
As práticas contábeis são definidas atualmente pelo julgamento da 
utilidade da informação contábil. Essa evolução é creditada ao processo de 
convergência às normas internacionais da contabilidade, pelas quais o contador 
passou a obter graus de liberdade para o reconhecimento dos elementos das 
demonstrações contábeis, podendo analisar, por exemplo, a primazia da 
essência econômica de uma transação sobre a sua forma jurídica. 
É importante ressaltar que os princípios representam a essência da 
contabilidade, a base conceitual. Já as convenções representam a essência 
econômica da aplicação contábil. 
As convenções são definidas por Iudícibus (2014) como o condimento dos 
princípios contábeis, talvez mais bem expressos como restrições do usuário e 
de mensuração da própria contabilidade. Em suma, as convenções são as 
características qualitativas que devem ser observadas para a elaboração dos 
demonstrativos contábeis. 
As convenções são classificadas em objetividade, materialidade, 
conservadorismo e consistência. Assim como os princípios na nova Estrutura 
Conceitual da Contabilidade, foram absorvidas e ajustadas às características 
qualitativas fundamentais e de melhorias da informação contábil. 
Quadro 9 – Comparação Convenções e Estrutura Conceitual CPC 00 R2 
Convenções Descrição CPC 00 (CPC, 2019) 
Objetividade Se refere à relevância dos 
procedimentos adotados para o 
reconhecimento e mensuração dos 
elementos contábeis, 
considerando três aspectos: 
1. Documentação formal ou tipo de 
evidência que suporte o registro e 
sua avaliação; 
2. Tangibilidade do objeto passível 
de mensuração; 
3. Posição de neutralidade que a 
contabilidade deveria manter. 
A Estrutura Conceitual considera 
esta característica como 
fundamental, ao destacar as 
características relevantes da 
informação contábil por meio dos 
valores preditivos e confirmatórios, 
considerando ainda a objetividade 
por meio da representação 
fidedigna. 
 
 
20 
Materialidade Materialidade pode ser enfocada 
sob dois ângulos distintos: (a) o da 
escrita contábil e auditores, (b) o do 
usuário da informação contábil. 
A materialidade é enfocada sobre 
os aspectos da informação 
relevante e custo benefício para 
gerar a informação. 
Conservadorismo Conservadorismo e prudência são 
correlatos. Se referem ao cuidado 
que o contador precisa ter para não 
superestimar ativos e receitas, e 
subestimar despesas e passivo. 
- Visa conter o otimismo dos 
gestores. 
O conservadorismo é verificado na 
característica de representação 
fidedigna, que contém em seu 
escopo a característica de 
neutralidade, que prevê o 
comportamento conservador ou 
prudente por parte do contador no 
momento de avaliar ativos, 
passivos, receitas e despesas. 
Consistência Se refere aos usos de 
procedimentos contábeis por uma 
dada empresa ou entidade contábil 
de um período para outro para 
mensuração e elaboração dos 
demonstrativos contábeis. 
Essa característica é contemplada 
nos valores confirmatórios da 
informação relevante. Assim como 
nas características de melhorias, é 
a capacidade da informação ser 
comparada, verificada e 
compreensível. 
Fonte: Iudícibus, 2014; CPC 00 (CPC, 2019). 
Assim, as convenções são observáveis em toda a plenitude da aplicação 
contábil, por meio da adequação às normas, legislações e pronunciamentos, 
sem ferir os princípios da contabilidade. Resumindo, a contabilidade das 
entidades tem como propósito gerar informações úteis aos usuários. 
TROCANDO IDEIAS 
Nesta aula estudamos a evolução dos aspectos conceituais aplicados na 
contabilidade e apresentamos a primazia da essência sobre a forma. Assim, 
convido-os a conversar com o contador da empresa em que já desenvolve 
atividades profissionais ou de empresas que conhece, investigando as seguintes 
questões: 
• Como o registro contábil é realizado? O ativo é reconhecido ou lançado 
direto na despesa? 
• O que se considera no registro contábil? A análise do tempo de vida útil 
do bem ou o período de concessão do leasing? 
De posse dessas informações, entre no fórum e discuta com os demais 
colegas, troquem experiências. 
NA PRÁTICA 
A partir do conteúdo estudado sobre a Estrutura Conceitual para a 
elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, essência da primazia 
 
 
21 
sobre a forma e postulados ambientais, analise as seguintes sentenças, 
atribuindo V para as verdadeiras e F para as falsas. 
( ) As demonstrações contábeis devem ser elaboradas com base na premissa 
de que a entidade estará em continuidade por tempo indeterminado. 
( ) A primazia da essência sobre a forma pode ser aplicada na contabilização de 
uma operação de venda com compromisso de recompra como se fosse um 
empréstimo obtido pelo vendedor. 
( ) Como os princípios contábeis foram revogados, o contador não precisa 
observá-los nos procedimentos de contabilização. 
Agora, assinale a opção que apresenta a sequência correta: 
a) V, F, V 
b) F, F, V 
c) V, V, F 
d) V, V, V 
e) F, F, F 
FINALIZANDO 
O objetivo desta aula foi apresentar a evolução da estrutura da 
contabilidade, seus enfoques, os postulados, princípios, convenções e a 
correlação com a EstruturaConceitual vigente (CPC 00). 
É importante destacar que a ciência contábil está em constante evolução 
na busca de acompanhar seu objeto de estudo (o patrimônio das entidades). 
Diante disso, o contador deve estar sempre atento à temporalidade, pois um 
conceito utilizado hoje pode ser revogado a qualquer momento. Por isso é 
importante estar sempre atualizado. 
 
 
22 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos Pronúncias Contábeis Comentados. Minha 
Biblioteca. São Paulo: Editora Gen, 2018. 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁVEIS - CPC. Pronunciamento 
Técnico CPC 00 (R2). Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. Ata da 
155ª Reunião Ordinária do CPC, 10 dez. 2019. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso em: 
30 abr. 2020. 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Resolução n. 750, de 29 
de dezembro de 1993. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1993. 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Resolução n. 1.282, de 28 
maio 2010. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 jun. 2010. 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Norma Brasileira de 
Contabilidade, NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 out. 2016. 
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. São Paulo: 
Atlas, 2014. 
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009 
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Gen, 2014. 
 
 
 
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GABARITO 
A partir do conteúdo estudado sobre a Estrutura Conceitual para a 
elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, essência da primazia 
sobre a forma e postulados ambientais, analise as seguintes sentenças, 
atribuindo V para as verdadeiras e F para as falsas. 
(V) As demonstrações contábeis devem ser elaboradas com base na premissa 
de que a entidade estará em continuidade por tempo indeterminado. 
(V) A primazia da essência sobre a forma pode ser aplicada na contabilização 
de uma operação de venda com compromisso de recompra como se fosse um 
empréstimo obtido pelo vendedor. 
(F) Como os princípios contábeis foram revogados, o contador não precisa 
observá-los nos procedimentos de contabilização. 
Agora, assinale a opção que apresenta a sequência correta: 
a) V, F, V 
b) F, F, V 
c) V, V, F 
d) V, V, V 
e) F, F, F

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