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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS BACHAREL EM CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA DE REPRESENTAÇÃO E ESTUDOS LEGISLATIVOS REPRESENTAÇÃO FEMININA E AVANÇOS NO EXECUTIVO Maceió 2021 REPRESENTAÇÃO FEMININA E OS AVANÇOS NO EXECUTIVO Mirella Lauana Rodrigues da Silva Resumo: O aumento de mulheres nos gabinetes executivos é um processo de avanços sem retrocessos, nem tampouco os ganhos obtidos até o momento são garantias imutáveis. De acordo com os dados mais recentes disponíveis, o Brasil ocupa o 161ª lugar no ranking de presença de mulheres no Poder Executivo avaliados pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI) – 2018. Sua posição no ranking são avaliados de acordo com o índice de dados que sintetiza a representatividade feminina dentro das chefias de governo; governo das chefias de Estado; e o número de proporção de habitantes governados por mulheres e seus cargos em ministérios ocupados por lideranças femininas. INTRODUÇÃO A ampliação da cidadania das mulheres resultou, dentre outras conquistas, numa pauta que redimensiona a responsabilidade do poder público em identificar as situações reais dediscriminação e desigualdade que atingem as mulheres e na criação de condições de exercício de cidadania em todos os espaços públicos. Em decorrência disso, esse esforço prático e político, do exercício da cidadania das mulheres nas nossas cidades, exige uma reflexão e um debate entre gestores de políticas públicas, pesquisadores, ativistas sociais, não só quanto ao direito a uma cidade para todas e todos, mas também no repensar das implicações dessa tarefa no desenho de políticas no executivo que levem em conta a contribuição das mulheres. No Brasil, das 312 candidaturas às prefeituras de 26 capitais brasileiras em 2020, apenas 59, ou 23%, foram lideradas por mulheres. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mulheres são 52,49% das 147,9 milhões de pessoas aptas a votar nestas eleições. Estamos em uma democracia de baixa qualidade no quesito representatividade. Muito tem se falado sobre nova política, mas, cada vez mais, percebemos como esse discurso não é visto na prática ``. A ausência de candidatas no pleito eleitoral em capitais é “um constrangimento não só à ideia de democracia, mas ao ideal que nós mulheres sonhamos com a democracia”. “Pensando nos movimentos de fragilização das instituições democráticas, que vem em ascendência, não é surpresa que existem capitais onde não há candidatas mulheres para o eleitor votar". (SACCHET, 2020). A inserção das mulheres brasileiras em cargos de chefia é uma das piores do mundo. A desigualdade fica nítida quando analisadas as eleições presidenciais, para governo de estados e também prefeituras das capitais e bem como a composição ministerial, segundo pesquisas. O elemento histórico que ajuda a compreender melhor esses dados são a diferença de 41 anos entre homens e mulheres como votantes em nosso país, 86 anos de poder ao voto e serem votadas desde 19832. DENTRE LEIS E AVANÇOS A MULHER COMO REPRESENTAÇÃO EM PARTIDOS E REELEIÇÃO CARLOS DAVID CARNEIRO 170 Revista de Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, v. 23, n. 3, p. 1 54-181, set/dez, de 2018. posteriormente o projeto de lei, reduzindo, no entanto, para 20% com mínimo de mulheres candidatas, conforme passou a dispor o artigo 11 , parágrafo terceiro, da Lei no . 9.100/1995. Posteriormente, com o advento da lei n.9.504/97, o percentual mínimo de mulheres candidatas passou novamente para 30%. Para Rodrigues (2016, p.7), nos casos de 1995 e 1997, a legislação demonstrou não ser suficiente para ampliar a participação das mulheres n o parlamento brasileiro. Até as eleições de 2006, as exigências da legislação sequer garantiram a participação de mulheres na política eleitoral em consonância com os percentuais exigidos em lei. Em 2009 com o advento da Lei no .12.034, que alterou a redação do art.10, §3º , da Lei 9.504/97, as cotas para as listas partidárias passaram a ser impositivas, substituindo-se a antiga redação, que dispunha que os partidos “deveriam reservar" vagas para as mulheres, por uma redação mandatória: §3º. Do número de vag as resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o m ínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. Em 2010, de fato, o percentual global de candidatas finalmente aproximou-se substancialmente do mínimo estabelecido por lei , alcançando 22,4% (TSE, 2010). Não obstante, mesmo em 2014, quando o percentual geral de candidaturas femininas ultrapassou o patamar legal, alcançando 31,05 % das candidaturas, ainda se podia visualizar o descumprimento do percentual mínimo em 11 dos 32 partidos que disputaram as eleições de então (TSE, 2014). O fato, no entanto, é que se visualizou um incremento na participação feminina nas eleições. Não se pode afirmar de forma categórica, contudo, que se isso se deva ao advento da política de cotas. Alguns autores, por exemplo, levantam hipóteses alternativas como uma tendência comum a vários países de um aumento na participação feminina devido às mudanças geracionais que vivenciam diferentes formas de fazer política (cf. BOLOGNESI, 2012, p .126). Outros autores (as), no entanto, afirmam que à primeira vista, a imposição legal das cotas, somadas a posturas mais incisivas por parte do Ministério Público e do Tribunal Superior Eleitoral para o cumprimento da lei (GUERREIRO, 2014), podem sim ter contribuído para o aumento da participação das mulheres. Uma outra alteração recente no que diz respeito a ações afirmativas, de maneira mais ampla, visando a participação feminina na política, se deu com a aprovação da REPRESENTAÇÃO FEMININA NOS PARLAMENTOS BRASILEIROS... 171 Revista de Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, v. 23, n. 3, p. 1, 54-181, set/dez, de 2018. Lei nº 13.165/2015, alcunhada de "minirreforma eleitoral”. Dentre outros dispositivos, esta Lei modificou, por exemplo, os parágrafos 5º -A e 7º da Lei n o.9.096/1995, passando a permitir que os recursos do fundo partidário destinados a difusão da participação da mulher não utilizados nas atividades partidárias pudessem ser destinados a campanhas eleitorais de candidatas dos partidos. Se a Lei 9.504, de 1997, que estabelece a cota de 30% de vagas para mulheres em eleições, fosse aplicada nos pleitos para cargos do Executivo, apenas três partidos a cumpririam na disputa das capitais: PSTU, PSOL e UP. Mas a regra só se aplica em eleições proporcionais, como as de deputados e vereadores. Das 16 candidaturas às prefeituras do PSTU, sete, ou 43%, são mulheres. Em seguida a Unidade Popular (UP), com 42% de representatividade feminina, 3 de 7; PSOL (39%), PSDB (28%), PT (23%) e PCdoB (23%) completam a lista. Dos 32 partidos que disputarão as prefeituras das capitais, nove não possuem candidatas, são eles: MDB, PTB, PTC, PMN, PRTB, Republicanos, Patriota, Solidariedade e o Novo. Todos, com inclinações à direita, ou centro-direita. Partidos com mais mulheres: PSOL 39% PSL 14% PSTU 43% PSDB 28% PT 23% UP 42% PCdoB 23% informativo: Fernando Betolo/ Brasil de Fato Faz parte de uma construção e de uma visão de mundo. Alguns partidos, principalmente aqueles mais à direita, não acreditam obrigatoriamente, na necessidade de promoção de pautas identitárias – representatividade – ou lutas anti opressão. O foco é outro". "Porém, cada vez mais, vemos um crescimento dentro da própria direita, de mulheres ocupando espaços com as suas ideias. É uma disputa. Na esquerda, por outro lado, há uma facilidade maior das mulheres se sentirem representadas. Talvez até por uma construção histórica”. As mulheres foram três dos 11 postulantes à Presidência da República nas últimas eleições no Brasil. A vencedora, Dilma Rousseff, foi a única mulher a ocupar o cargo, o que ocorreu em 2010 e em 2014. Nos ministérios, a participação das mulheres era de 4% do total em 2016. Hoje é ainda menor: 96,5% dos cargosde ministro estão ocupados por homens, segundo o PMI. No caso dos governos estaduais, analisando as eleições de 1992 até 2014, o estudo mostra que o melhor ano em representatividade feminina foi 2006, quando três mulheres foram eleitas governadoras. Nas últimas eleições, em 2014, apenas uma mulher foi eleita: Suely Campos, atual governadora de Roraima. O número de cadeiras nos governos estaduais ocupadas por mulheres hoje é o mesmo que o de 24 anos atrás. Em Roraima, 27% do secretariado são ocupados por mulheres, o que torna o estado o quarto com maior presença feminina nesses postos. Em primeiro lugar está a Paraíba, com 37,21% de secretarias ocupadas por mulheres, depois Mato Grosso do Sul (30,77%) e Acre (29,17%). Prefeitas; Quanto às prefeituras, foram analisados 5.477 dos 5.570 municípios – diferença decorrente da falta de disponibilização de dados por parte de alguns deles. Ao todo, no Brasil, existem 4.838 prefeitos do sexo masculino e apenas 639 prefeitas mulheres. A pesquisa também aponta que muitas das atuais prefeitas já disputam reeleição. “Isso mostra que, além de serem poucas candidatas, são poucas as candidatas que têm um desempenho suficiente para se eleger. 70% das candidatas a prefeita não se elegem”.A partir da análise do crescimento da participação nos pleitos e cargos, o projeto estimou que a igualdade de gênero na titularidade das prefeituras só chegará em 20 anos e meio, ao passo que 47 anos e 9 meses serão necessários para que as mulheres consigam ocupar metade das cadeiras para governadores. A NATUREZA DOS PARTIDOS POLÍTICOS E CONCEITO DE MODELO DE GOVERNO DEMOCRÁTICO Para Downs – todo governo é o locus do poder último na sua sociedade; isto é, ele pode coagir todos os outros grupos a obedecer suas decisões, ao passo que esses não podem coagi-lo da mesma forma.Trata-se de uma organização especializada que se distingue, na divisão do trabalho, de todos os outros agentes sociais. É definido descritivamente. Prevalecem as questões: um único partido (ou coalizão) é escolhido por eleição popular para gerir o governo; eleições periódicas não podendo ser alteradas somente pelo partido no poder; todos os adultos podem votar; cada um tem direito a apenas um voto por eleição; qualquer partido (ou coalizão) com apoio da maioria dos eleitores tem o direito de governar; partidos perdedores não podem tentar impedir; partido no poder não pode restringir atividades políticas de quaisquer grupos, exceto se tentam depor o gov pela força; há dois ou mais partidos competindo nas eleições. "O objetivo central das eleições numa democracia é selecionar um governo. "Um partido político é uma equipe de homens que buscam controlar o aparato de governo, obtendo cargos numa eleição devidamente constituída. Por equipe, entendemos uma coalizão cujos membros concordam sobre todas as suas matas Assim, sendo os membros racionais, suas metas constituem "uma ordem única consistente de preferência". Cidadãos e partidos políticos são tomados como dois grupos mutuamente exclusivos, de maneira que a maioria não participa dos partidos. Além disso, assume que quase todos os funcionários do governo são cidadãos e não membros do partido. Em alguns momentos, os partidos são tomados por Downs como coalizões imperfeitas, dotados de lutas de poder intrapartidárias. São reconhecidos três tipos de coalizões e equipes na sociedade: partidos políticos, cidadãos individuais e grupos de interesse. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos que, no que diz respeito à participação dos membros em suas decisões estratégicas, os partidos brasileiros são pouco democráticos. Isso pode explicar a pouca confiança que os cidadãos depositam nessa instituição. Os partidos aparecem para o cidadão como uma caixa-preta. Muitas vezes os candidatos que esses partidos oferecem às eleições parecem saídos das mangas da camisa de algum dirigente. As estratégias eleitorais adotadas pelos partidos, ora se aliando a partidos de certo espectro ideológico, ora se aliando a partidos de ideologia oposta aos primeiros, faz com que os eleitores também questionem o caráter programático dos partidos e os vejam como mero instrumento da ambição de políticos inescrupulosos. Para se fazer frente a isso, é necessário resolver uma difícil equação em sistemas multipartidários: envolver o maior número de pessoas nas decisões sem perder a eficácia eleitoral. Nenhuma das propostas de reforma política propõe atacar esse problema, para mudar a situação, é preciso defender uma mudança estrutural dos próprios partidos políticos, bem como abertura do debate com a sociedade sobre a participação das mulheres na política. “Eu creio que seria muito importante que as mulheres fizessem parte das direções dos partidos, para que elas também pudessem ter poder de decisões, e mais acesso ao fundo partidário para que elas possam ter uma campanha melhor”. O dilema é simples, para que alguém chegue ao poder, outrem deve sair, mas ninguém parece disposto a abrir mão do que já conquistado, e por isso se dificulta ao máximo a chegada de novas lideranças femininas. Pratiquemos o discurso da inclusão social da mulher, tenho certeza que a sociedade brasileira ganhará muito! Referências bibliográficas: FERREIRA, Mary. Do voto feminino à Lei das Cotas: a difícil inserção das mulheres nas democracias representativas. Revista Espaço Acadêmico, no 37, junho de 2004. Disponível em: << http://www.espacoacademico.com.br/037/37cferreira.htm>>. Acesso em: 28 setembro 2021. FIGUEIREDO, Argelina Cheibub. Instituições e política no controle do Executivo. DADOS - Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 44, no4, 2001, pp. 689 a 727. FIGUEIREDO, Argelina Cheibub; LIMONGI, Fernando. Incentivos eleitorais, partidos e política orçamentária. DADOS - Revista de Ciências Sociais: Rio de Janeiro, Vol. 45, no2, 2002, pp. 303-344. LIMONGI, Fernando. A democracia no Brasil: Presidencialismo, coalizão partidária e processo decisório. Novos Estudos, 76: novembro de 2006, p. 17-41. LIMONGI, Fernando; FIGUEIREDO, Argelina Cheibub. Bases institucionais do presidencialismo de coalizão. Revista Lua Nova, no 44, 1998. _______________________ MIGUEL, Luis Felipe. Teoria política Feminista e liberalismo: O caso das cotas de Representação. RBCS Vol. 15 no 44 outubro/2000. PHILIPS, Anne. De uma política de ideias a uma política de presença?. 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