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geograafia 2 ano - Cópia

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Resenha 
Marcos Aurélio Saquet: Por uma abordagem territorial. 
Giulia Camila Pereira Rodriguez[footnoteRef:1] e Rafaela Ferreira Gandolfi[footnoteRef:2] [1: Acadêmica do 2º ano do curso de Turismo – Disciplina de Território e Sociedade ministrada pela Profª Marilucia ] [2: Acadêmica do 2º ano do curso de Turismo – Disciplina de Território e Sociedade ministrada pela Profª Marilucia] 
A Relação Espaço-Tempo e a Relação Espaço-território
De acordo Com Saquet (2008) o espaço está no tempo e o tempo está no espaço. Podemos considerar de diversas maneiras: ora destacam-se os processos históricos ora os relacionais, ou seja, eles se mostram por fases históricas ou por relações sociais. 
As contradições sociais, lutas de classe e as formas históricas das mudanças sociais, tiveram papel essencial ma renovação da geografia e da perspectiva. Destacam-se aspectos da noção de espaço relativo em relações que implicam custos e interferem na localização do espaço, considerando as distâncias, localizações, extensões e as interações sociais. Ganha força na Geografia noções como conexão espacial, difusão, uso, consumo, forças produtivas, apropriações, dominação e interação. 
Quaiani (1974) entende o território como produto social constituído histórica, econômica, política e culturalmente. O território resulta das relações espaço temporais. Em sua argumentação os conceitos de tempo histórico, sincronia, espaço e território são centrais. Ele destaca a necessidade de construir uma explicação geográfica que considere os tempos da natureza e da sociedade. Propõe uma geografia histórica onde a própria natureza significa processualidade e precisa ser estudada através de um método que reconheça tal movimento.
 	O Autor Milton Santos (1977) criou um conceito de território composto por variáveis como produção, firmas, instituições, fluxos. Também evidencia a correspondência do território com o Estado-Nação e destaca o tempo histórico através de periodizações do espaço. Milton Santos recorta o espaço geográfico em territórios sem separá-los. 
Para Raffestin (1976) a territorialidade é compreendida como relacional e dinâmica, mudando no tempo e no espaço conforme as características de cada sociedade. Ele diferentemente de Santos não recorta os espaços, mas transforma-o para a criação do território. Ele revela que o território nada mais é do que o produto dos atores sociais através de energia e informação, redes de comunicação, relações de poder, atividades produtivas e malhas sociais, ou seja, para ele é essa sociedade, essas relações que compõe o território. 
 	Quaiani (1974) ressalta que a paisagem é um produto histórico com transformações que resultam da combinação de fatores ambientais e sociais. Em outra obra Quaiani entende o território como área de localização e compreende também como produto social historicamente constituído. Trata-se de uma nova concepção inovadora com destaque para o caráter histórico, relacional. 
Tanto Giuseppe quanto Quaiani destacam a necessidade do reconhecimento da relação recíproca e unitária entre os processos históricos e relacionais. 
Já David Harvey (1973) argumentava a favor de justiça social, transformação de espaço e sociedade considerando o movimento relacional e histórico. 
O autor Damatteis (1985) elabora uma concepção destacando a relação espaço-tempo orientando-nos a refletir sobre o processo de territorialização, desterritorialização e reterritorialização considerando as dimensões sociais (economia, política e cultura) e a natureza exterior ao homem num movimento histórico. 
Para Turri (2002) as mudanças sociais têm ritmos diversos e resultam do modo de viver e produzir, tanto econômica como política e culturalmente. O território é considerado produto histórico de mudanças e permanências ocorridas num ambiente no qual se desenvolve uma sociedade. Território significa apropriação social do ambiente; ambiente construído, com múltiplas variáveis e relações recíprocas. 
 Heterogeneidade e Homogeneidade: Desigualdades, Diferenças e Identidades
Conforme Raffestin (2003), podemos definir o território em níveis e situações distintas:
Território do cotidiano: corresponde a organização de nossas ações diárias, através do qual garantimos a satisfação das necessidades; há relações entre os indivíduos e lugares. 
Território das trocas: envolve uma articulação entre o regional, nacional e internacional, num movimento perpétuo caracterizado pela descontinuidade temporal, espacial e lingüística. 
Território de Referencia: É o território que se conhece através de leituras e lembranças que podem ser afetivas ou conflituosas. 
Território Sagrado: São as atuações estabelecidas por relações de controle e influencia política e/ou sagrada.
Para Saquet (2008) esta divisão em níveis é uma forma de orientação para que seja possível identificar e explicar os territórios e territorialidades destacando os traços idênticos e opostos de grupos sociais, pois estabelecemos relações políticas, econômicas e culturais a todo o momento que se traduz pelas diferenças, identidades e desigualdades.
O Homem como síntese: Território e Territorialidade
Segundo Saquet, a territorialidade corresponde às ações humanas, ou seja, a tentativa de um indivíduo ou grupo para controlar, influenciar ou afetar objetos, pessoas e relações numa área delimitada. 
. Para Sack (1983) pode acontecer que ocorra o não território, onde não há delimitação e efetivação das relações de controle e influencia por certa autoridade. Além disso, Sack destaca que tanto a territorialidade como o território são efetuados nos níveis do indivíduo, da casa, do bairro, do estado, etc., Segundo ele isto ocorre devido as relações com o contexto social.
Para ele, a territorialidade também pode ser compreendida como mediação simbólica, cognitiva e prática que a materialidade dos lugares exercita nas ações sociais. A territorialidade é entendida como valorização das condições e recursos potenciais dos contextos territoriais em processos de desenvolvimento, o que pode ser traduzido numa territorialidade ativa que pode ser concretizada através da organização política e do planejamento participativo. A territorialidade é um fenômeno social e de grupos distintos. Nas territorialidades há continuidades e descontinuidades no tempo e no espaço; as territorialidades estão se correlacionando: elas dão lhe uma identidade e são influenciadas pelas condições históricas e geográficas de cada lugar. Ainda destaca que os lugares têm um caráter cultural, podendo conter aspectos e processos políticos e econômicos e assim não estão desvinculados da formação territorial. O território significa articulações sociais, conflitos, cooperações, concorrências e coesões.
Portanto, torna-se fundamental reconhecer a importância dos processos sociais e naturais do espaço em que vivemos, seja no campo, rural ou urbano, saber reconhecer as mudanças, apresentados neste texto as unidades dos tempos históricos e existentes, as unidades-matéria e aspectos da relação sociedade-natureza, que deve ser cada vez mais reconhecido por sua importância para um bom convívio.

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