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Conceitos iniciais Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, vamos compreender o que é e como surgiu o crédito e o sistema responsável por sua negociação, chamado sistema de intermediação financeira. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir crédito e juros.• Explicar fatores que contribuíram para a existência das operações de crédito.• Identificar os agentes da intermediação de crédito, os chamados agentes da intermediação financeira. • Desafio Uma empresa pretende expandir suas operações e resolve contratar você como consultor financeiro para avaliar a seguinte premissa: se a empresa deverá ou não captar recursos no mercado financeiro para realizar determinado investimento. Vamos considerar que a primeira avaliação da empresa levará em conta apenas os seus conhecimentos teóricos sobre o assunto. Dessa forma, a companhia elaborou o seguinte roteiro para entrevista: 1. O que você considera como fator decisivo para captar recursos em um processo de expansão? 2. Quais características de mercado favorecem o aumento dos juros? 3. Como você conceitua os juros nas operações de crédito? Responda as questões deste roteiro. Infográfico O infográfico mostra a relação de concessão, intermediação e tomada de recursos (por parte dos agentes financiadores e tomadores de recursos), por meio da sua entrega e devolução com o custo/prêmio, que são os juros. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/46f3acae-8a44-444c-9400-e5d4390a3309/85b20511-fa79-4c75-9e77-1b32a91529fa.png Conteúdo do livro O surgimento do crédito, os juros e a necessidade de um sistema para intermediar a negociação financeira são requisitos essenciais para o ordenamento do sistema financeiro. Vamos compreender o início dessa relação através da leitura da introdução do livro Matemática financeira: fundamentos e aplicações, dos autores Manuela Longoni de Castro e Wili Dal Zot. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D136m Dal Zot, Wili. Matemática financeira : fundamentos e aplicações [recurso eletrônico] / Wili Dal Zot, Manuela Longoni de Castro. – Porto Alegre : Bookman, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8260-333-8 1. Matemática financeira. I. Castro, Manuela Longoni de. II. Título. CDU 51 Os autores Wili Dal Zot É professor de Matemática Financeira do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desde 1984. É bacharel em Ciências Econômicas pela UFRGS, espe- cialista em Finanças pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mes- tre em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) pela mesma instituição. Atualmente, é professor convidado da FGV das disciplinas de Matemática Financeira e Finanças Corporativas em cursos de Pós-Graduação. Tem experiência em cargos de Gerência Financeira e de Controla- doria em empresas de setores da Indústria de Comércio e Serviços. Manuela Longoni de Castro É bacharel em Matemática pela UFRGS, mestre em Matemática Aplicada pela mesma universidade e Ph.D. em Matemática pela University of New Mexico (Estados Unidos). É professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 2006, ministrando a disciplina de Matemática Financeira desde 2007. Tem experiência na área de Matemática Aplicada, atuando nas áreas de Equações Diferenciais Parciais, Aná- lise Numérica e Ecologia Matemática. CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 O crédito e o juro O crédito deve ser sempre associ ado ao tempo, uma vez que não existe empréstimo se não for relacionado com um espaço de tempo ao final do qual o tomador deve restituir ao credor a quantia emprestada. Deve, portanto, também haver um pagamento pelo preço do empréstimo, o juro, uma vez que existem formas de relacionamento jurídico, como o co- modato, em que existe o empréstimo, durante certo tempo, mas não há uma remuneração estabelecida. O mútuo, ou empréstimo de consumo, é o contrato pelo qual uma pessoa transfere a outra a propriedade de certa quantidade de coisas, peças monetárias, mercadorias, etc., convencionando que outra parte envolvida lhe devolverá, ao fim de certo prazo, uma mesma quantidade de coisas de mesma qualidade. (GIRARD, 1906, apud JAN- SEN, 2002, p. 7). Segundo Dumoulin e Rossellus (1961), parece ser justo que o mutuário, tendo realizado um ganho com o dinheiro recebido, consagre parte desse ganho para remunerar o serviço que lhe prestou o mutuante. O juro, em relação ao dinheiro, significa, precisamente, o que os livros de aritmética afirmam: trata-se apenas do prêmio que se pode obter pelo dinheiro à vista em relação ao di- nheiro a prazo, de modo que ele mede a preferência marginal (para a comunidade como um todo) de conservar o dinheiro em mãos, no lugar de só poder recebê-lo mais tarde. Ninguém pagaria esse prêmio, a menos que a posse do dinheiro tivesse alguma finalidade, ou seja, al- guma eficiência. Portanto, podemos dizer que o juro reflete a eficiência marginal do dinheiro, tomado como unidade em função de si mesmo. 1.2 O surgimento do crédito e do sistema financeiro Embora alguns autores relacionem o surgimento do crédito com o da letra de câmbio, ocor- rido ao fi nal da Idade Média, pode-se afirmar que ele existe há mais tempo, uma vez que o direito romano previa punições para o não cumprimento de dívidas por parte do tomador de empréstimos. Entretanto, foi com a letra de câmbio que o crédito tomou uma forma mais 2 Matemática Financeira avançada, tendo em vista a possibilidade de endosso que permitia ao credor sua negociação ou representação para cobrança. Inicialmente, a letra de câmbio tinha por objetivo vencimentos à vista, e sua grande utilidade era facilitar a troca de moedas entre as diferentes cidades evitando os elevados custos de transporte e guarda dos valores. Estava, portanto, dentro das regras do Direi- to Romano relativas aos contratos de compra e de venda. Gradativamente, foi evoluindo para vencimento a prazo, assumindo uma troca de dinheiro no presente por dinheiro no futuro. Por apenas constar os valores finais de resgate, a letra de câmbio não identificava a natureza dos serviços adicionados além da simples troca de valores entre as moedas, sen- do possível a inclusão de juros sem que se pudesse identificá-la como empréstimo. Desse modo, escapava-se da condenação canônica1 à cobrança de juros e à usura. O aparecimento da letra de câmbio constituiu-se, assim, em um marco importante para a facilitação do comércio entre as cidades, o que realimentou o crescimento das operações financeiras com a consequente criação dos primeiros bancos. Embora haja notícias da existência de bancos no século XIII, o primeiro considerado moderno e semelhante aos atuais foi o Banco de Amsterdã, fundado no ano de 1608. Foi nesse período, também, que surgiram as socieda- des por ações e as bolsas, formando, junto com os bancos, os três pilares do Sistema Finan- ceiro como é entendido hoje. 1.3 As instituições de intermediação financeira Nas economias capitalistas, a condição de uso do dinheiro (capital) tem possibilitado a pro- dução de bens e, consequentemente, a formação de mais dinheiro por meio do lucro. Portan- to, o uso do dinheiro, e não necessariamente a sua propriedade, gera dinheiro. Por essa razão, o empréstimo tem valor, e o seu preço (aluguel do dinheiro) é denominado juro. Para facilitar a compreensão sobre o funcionamento do fluxo do dinheiro entre os agen- tes econômicos, sugere-se a criação de um modelo didático com três categorias: • Agentes superavitários (ou poupadores), cujas receitas são superiores aos gastos (con- sumo ou investimentos) e que não se interessam em outro uso para sua poupança exce- to “aplicar”com terceiros. • Agentes deficitários: a) consumidores cujosgastos com a compra de produtos para seu uso excedem suas receitas ou capacidade financeira; b) empreendedores cujos recursos próprios são insuficientes para as inversões de capi- tal em atividades produtivas que desejam fazer. • Agentes de intermediação financeira (bancos, financeiras, distribuidoras e corretoras de valores, etc.), que tornam possível a transferência da poupança dos agentes superavitá- rios para os agentes deficitários, por meio do empréstimo e de sua liquidação, mediante remuneração pelo serviço, funcionando de forma semelhante a um mercado de merca- dorias: o Mercado Financeiro. No Mercado Financeiro é estabelecido o preço do dinheiro cuja unidade de medida é a taxa de juros, e seus corretores (os agentes de intermediação financeira) realizam a tarefa de aproximação entre os agentes deficitários, que demandam recursos financeiros, e os agentes superavitários, que os ofertam mediante uma taxa (spread ou delcredere). 1 “O Cânone XVII do Concílio de Nicéa, em 325, proibiu os sacerdotes de emprestar dinheiro a juros.”(OLIVEIRA, 2009, p. 351). Capítulo 1 Introdução 3 Assim, os agentes deficitários, para atingir seus propósitos, buscam recursos empres- tados para financiar produção real de bens e serviços, além de seu respectivo consumo, por meio da intermediação financeira. A condição para que haja harmonia nesse processo de fi- nanciamento da economia é que o lucro global da economia seja maior do que o custo de seu financiamento, ou seja, o lucro deve ser maior do que o juro. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Estamos envolvidos em um constante processo de troca de recursos: há quem deseje comprar, quem deseje vender e quem deseje intermediar essas operações. No vídeo a seguir vamos compreender como e quando surgem os conceitos de crédito e juros, como surgiu a intermediação financeira e quem são seus agentes. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/e9245f63abc948049f81169b3f67c775 Exercícios 1) O mercado financeiro apresenta agentes superavitários e deficitários que utilizam os intermediários financeiros para conduzir suas operações, nas quais incidem juros. Posto isso, pode-se afirmar que o juro: A) não considera o valor do dinheiro no tempo. B) é a remuneração pelo risco, pelo retorno. C) não deverá ser comparado com o retorno da operação para a qual foi utilizado o recurso. D) atrapalha o mercado financeiro. E) terá tanto mais custo quanto menor for o prazo da operação. 2) Entre os agentes do mercado financeiro, tem-se a figura do agente superavitário de recursos. Aquele que representa CORRETAMENTE a figura desse agente é: A) o poupador. B) quem necessita de recursos para investir. C) o intermediário financeiro. D) o mercado financeiro. E) o agente deficitário na situação de pagamento. 3) A letra de câmbio é considerada o primeiro instrumento de intermediação financeira. Em relação a esse instrumento, marque a alternativa INCORRETA: A) Foi com a crescente utilização da letra de câmbio que surgiram os primeiros bancos, as sociedades por ações e as bolsas (três pilares do sistema financeiro). B) Para formalizar a negociação dos recursos entre poupadores e tomadores de recursos, era necessário criar um instrumento formal. C) A letra de câmbio surge com vencimento à vista e depois passa a ter vencimento a prazo. D) A letra de câmbio contribuiu para facilitar a troca de moeda. E) Como a cobrança de juros era condenada pela Igreja Católica, o registro na letra de câmbio contemplava todo valor da operação com a descrição da sua composição. 4) A geração de riqueza consiste na movimentação da própria riqueza. O interesse em aumentar os recursos acontece a partir da sua melhor utilização. Se não forem utilizados, não serão capazes de gerar novos recursos. Dessa forma, marque a alternativa que melhor se relaciona com essa afirmação: A) Eduardo realizou um empréstimo no banco para pagar R$ 3.000,00 de juros e conseguiu investir em estoque e aumentar o faturamento da empresa, gerando um aumento de R$ 5.000,00 no resultado. B) Fabíola comprou um carro e pagou juros no valor de R$ 11.000,00, além dos gastos que passou a ter com combustível, impostos, taxas, manutenção, estacionamento. C) Pedro contratou mais cinco funcionários terceirizados. No dia do pagamento, precisou obter um empréstimo para pagar esses funcionários. D) A empresa XCC comprou um maquinário para pagar R$ 50.000,00 de juros. A previsão é um aumento no lucro de R$ 80.000,00. Houve uma mudança na preferência do consumidor, e o lucro aumentou em apenas R$ 30.000,00. E) Roberto resolveu vender uma máquina por 30 parcelas de R$ 1.000,00. O valor da máquina para Roberto era de R$ 30.000,00. 5) O mercado financeiro surge da necessidade de investir dos agentes, seus integrantes, para a geração de riqueza. Os componentes desse mercado são representados pelos agentes superavitários, pelos deficitários e pelos intermediários financeiros. Dessa maneira, marque a alternativa que melhor define a relação entre os agentes: A) Agente superavitário é considerado o poupador que tem interesse em aplicar o seu recurso para ampliá-lo. Este agente coloca seu recurso em um agente intermediário, que será responsável pela guarda deste e por seu repasse ao agente deficitário, representado pelos consumidores e pelas empresas que têm interesse de ampliar seus negócios, mas não dispõem de capital próprio suficiente. Agente deficitário é considerado o poupador que tem interesse em aplicar o seu recurso para ampliá-lo. Esse agente coloca seu recurso em um agente intermediário, que será responsável por sua guarda e por seu repasse ao agente superavitário, representado pelos consumidores e B) pelas empresas que têm interesse em ampliar seus negócios, mas não dispõem de capital próprio suficiente. C) Agente intermediário financeiro é considerado o poupador que tem interesse em aplicar o seu recurso para ampliá-lo Esse agente coloca seu recurso em um agente superavitário, que será responsável por sua guarda e pelo seu repasse ao agente deficitário, representado pelos consumidores e pelas empresas que têm interesse de ampliar seus negócios, mas não dispõem de capital próprio suficiente. D) Agente intermediário já é suficiente para que exista a relação entre o agente deficitário e o superavitário. E) Agente mais relevante é o agente deficitário, pois se ele não precisar de recursos, não haverá movimentação da moeda. Na prática Vamos comprar uma casa? Que tal comprar um carro? Vamos verificar como podemos expandir os negócios de uma empresa? Para toda aquisição precisamos de recursos, sejam eles próprios ou de terceiros, mas sabemos que nem sempre dispomos de recursos próprios. Assim, buscamos recursos de terceiros, que serão captados por meio de empréstimos e/ou financiamentos, realizados em instituições financeiras. Essas operações geram encargos e juros. Veja um exemplo: Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Sistema de Intermediação Financeira Neste vídeo aula você vai aprender sobre Sistema de Intermediação Financeira Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Como os juros são formados? O Brasil tem a 4a maior taxa de juros do mundo - saiba como essa taxa é calculada e o que é possível fazer para reduzi-la. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/9FOeYvK9pHg https://www.youtube.com/embed/j4k7uYRDiKU Um pouco mais sobre calculadoras Apresentação Ao resolvermos problemas aplicados envolvendo a matemática financeira, precisamos compreender a situação e os elementosenvolvidos, para que possamos modelar de maneira adequada. No entanto, situações reais costumam envolver cálculos mais complexos e números não inteiros (racionais ou até mesmo irracionais), de modo que o cálculo manual se torna trabalhoso e em alguns casos inviável. Dessa forma, as calculadoras são ferramentas muito importantes no estudo da matemática financeira. Nesta Unidade de Aprendizagem, abordaremos um pouco mais sobre calculadoras, por meio de suas classificações, formas de uso e solução de exemplos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classificar as calculadoras.• Distinguir as calculadoras quanto ao modo como os dados das equações são introduzidos.• Utilizar as calculadoras financeiras.• Desafio Resolver problemas aplicados da matemática financeira se torna muito trabalhoso se utilizarmos apenas fórmulas e cálculo manual. Dessa forma, o uso das calculadoras é um grande aliado na resolução de problemas financeiros. Para esse desafio, vamos utilizar a calculadora HP12C. Ana e João estão planejando uma poupança para custear os estudos de sua filha que entrará na faculdade daqui a 10 anos. Eles, hoje, dispõem de R$8.000,00 e estimam precisar de R$25.000,00. No entanto, nunca estudaram matemática financeira e resolveram lhe contratar como consultor para auxiliá-los a escolher o tipo de aplicação indicada neste caso. Deste modo, com o uso da calculadora HP12C, determine a taxa de juros anual que o casal precisa receber de uma aplicação financeira para conseguir o almejado valor em 10 anos. Infográfico As calculadoras são ferramentas poderosas na matemática, pois além de reduzir o tempo de cálculo na maioria dos problemas, podem também em alguns casos realizar de forma eficiente o cálculo aproximado de uma expressão que seria inviável de se calcular analiticamente. Na matemática financeira, uma calculadora bastante utilizada é a HP12C. O infográfico a seguir indica e explica na calculadora HP12C as principais funções de juros compostos, anuidades e fluxo de caixa descontado. Conteúdo do livro Com exceção de algumas operações elementares, especialmente somas e subtrações, a maioria dos cálculos exigem apoio de alguma calculadora. As calculadoras, tal como a conhecemos hoje, vieram substituir métodos de cálculo mais primitivos, como as tábuas de logaritmos, e menos precisos, como as réguas de cálculo; esses recursos eram bastante populares nos meios profissionais e acadêmicos até meados do século XX com o avanço da eletrônica digital e da portabilidade dos recursos. Leia mais detalhes sobre o assunto no livro Matemática financeira: fundamentos e aplicações, comece sua leitura pelo capítulo Um pouco mais sobre Calculadoras de Wili Dal Zot e Manuela Longoni de Castro. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D136m Dal Zot, Wili. Matemática financeira : fundamentos e aplicações [recurso eletrônico] / Wili Dal Zot, Manuela Longoni de Castro. – Porto Alegre : Bookman, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8260-333-8 1. Matemática financeira. I. Castro, Manuela Longoni de. II. Título. CDU 51 Os autores Wili Dal Zot É professor de Matemática Financeira do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desde 1984. É bacharel em Ciências Econômicas pela UFRGS, espe- cialista em Finanças pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mes- tre em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) pela mesma instituição. Atualmente, é professor convidado da FGV das disciplinas de Matemática Financeira e Finanças Corporativas em cursos de Pós-Graduação. Tem experiência em cargos de Gerência Financeira e de Controla- doria em empresas de setores da Indústria de Comércio e Serviços. Manuela Longoni de Castro É bacharel em Matemática pela UFRGS, mestre em Matemática Aplicada pela mesma universidade e Ph.D. em Matemática pela University of New Mexico (Estados Unidos). É professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 2006, ministrando a disciplina de Matemática Financeira desde 2007. Tem experiência na área de Matemática Aplicada, atuando nas áreas de Equações Diferenciais Parciais, Aná- lise Numérica e Ecologia Matemática. APÊNDICE A UM POUCO MAIS SOBRE CALCULADORAS A.1 Introdução Com exceção de algumas operações elementares, especialmente soma e substração, a maioria dos cálculos exige apoio de alguma calculadora. As calculadoras, como as conhecemos hoje, vieram substituir métodos de cálculo mais primitivos, como as tábuas de logaritmos, e me- nos precisos, como as réguas de cálculo. Esses recursos eram bastante populares nos meios profissionais e acadêmicos até meados do século XX, que trouxe o avanço da eletrônica digi- tal e da portabilidade dos recursos. Costuma-se classificar as calculadoras em: • Calculadoras científicas, apropriadas para a solução de equações matemáticas em geral. • Calculadoras financeiras, que, embora também permitam a solução de equações mate- máticas, contêm fórmulas pré-programadas de Matemática Financeira. Quanto ao modo como os dados das equações são introduzidos nas calculadoras, temos: • Modo ALGébrico: os operadores são colocados entre os operandos (números ou va- riáveis), buscando respeitar a sequência em que se encontram; os parênteses ajudam a respeitar a ordem de execução das operações. • Modo RPN (Reverse Polish Notation1): os operadores são colocados após os operandos. O modo RPN foi introduzido em calculadoras pela empresa Hewlett-Packard (HP) e está presente em quase todos os modelos por ela fabricados. A calculadora financeira HP 12c Gold, uma das mais utilizadas e conhecidas, utiliza o modo RPN. Suas versões mais modernas (HP 12c Platinum e Prestige) permitem o uso dos dois modos (ALG e RPN), assim como a HP 17bii, seu modelo financeiro mais avançado. Já a calculadora financeira de entrada da empresa, a HP 10bii, opera apenas no modo ALG. 1 Notação Polonesa Reversa, baseada na notação desenvolvida pelo matemático polonês Jan Luksievicz (1878-1956), com o objetivo de reduzir o número de operações na solução de equações, de larga aplicação em sistemas computacionais. 138 Apêndice A Um pouco mais sobre calculadoras A equação Z = 4 + 3 (resp.: 7) é resolvida: • Modo ALGébrico: • Modo RPN: A equação × × (resp.: 42) é resolvida: • Modo ALGébrico: • Modo RPN: A.2 Usando calculadoras financeiras As calculadoras financeiras são bastante utilizadas nas soluções de problemas de Matemática Financeira por terem várias equações dessa disciplina pré-programadas, facilitado os cálcu- los. A maioria das calculadoras financeiras possui dois grupos de funções caracterizadas por conjuntos de memórias e funções dedicadas ao cálculo: • dos juros compostos e das anuidades. Nesse grupo é comum identificar, na maioria das calculadoras, teclas de memória com as siglas e . • de fluxos de caixa descontados na análise de investimentos (estudos de viabilidade eco- nômica). Nesse grupo se encontram as teclas de memória e operações: e A.2.1 Marcas e modelos mais comuns Existem no mercado diversas marcas e modelos de calculadoras financeiras da Hewlet-Pa- ckard. A.2.2 Juros compostos com a calculadora financeira De um modo geral, todas as calculadoras usam os seguintes princípios: • S = P(1 + i)n é a equção básica que relaciona as 4 variáveis • Para o cálculo de qualquer uma das variáveis, basta informar as 3 variáveis conhecidas, digitando os valores nas respectivas memórias e, logo em seguida, clicar na tecla cor- respondente à incógnita; como nesta última não há digitação de valores, a calculadora entende que deve fazer o cálculo dela em função das demais • corresponde ao número de períodos de tempo • corresponde à taxa percentual de juros • corresponde ao principal P (PV =Present Value) • corresponde ao valor da prestação R (PMT = Payment) • corresponde ao montante S (FV = Future Value) Apêndice A Um pouco mais sobre calculadoras 139 Na alternativa de cálculos pré-programados, em que as variáveis descritas são utilizadas, a calculadora considera o princípio de fluxo de caixa em que, se alguém recebe (recebimento = sinal positivo) um principal, deverá pagar (pagamento = sinal negativo) um montante ou uma série de prestações. Por essa razão, se digitarmos na calculadora um valor positivo para PV e quisermos que ela calcule o PMT, a resposta apresentada será negativa. Portanto, o leitor deve observar que, quando for calcular a taxa ou o prazo, os sinais das variáves que representam valores (PV, PMT ou FV) devem ser contrários. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor As calculadoras podem ser utilizadas como apoio na resolução de diversos problemas matemáticos, tanto para otimizar o tempo de resolução, quanto para calcular aproximações eficientes para expressões impossíveis de serem calculadas analiticamente. Assista no vídeo a seguir a distinção entre os modos Algébrico e RPN, bem como dicas sobre o uso de calculadoras, especificamente a calculadora financeira HP12C. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/db8a699244094b951543c1b249a695ec Exercícios 1) Um poupador investiu hoje R$12.000,00 em uma caderneta de poupança que rende 0,5% a.m. e não sacará nada por 4 anos. Determine quanto será o saldo após o prazo de aplicação. A) R$15.245,87 B) R$12.241,81 C) R$11.762,97 D) R$9.445,18 E) R$281,82 2) Encontre, pela calculadora HP12C, o resultado para: A) 2.284,61% B) 2,227% C) 102,37% D) 0,022% E) 90,52% Fernando deseja comprar um videogame daqui a 2 anos que custará R$2.000,00. Considerando a taxa de juros compostos de 9% a.a., determine o valor que ele deverá 3) investir, hoje, para conseguir comprá-lo. A) R$2.376,20 B) R$1.673,51 C) R$3.518,22 D) R$1.683,36 E) R$956,94 4) Determine qual será o valor dos juros obtidos se você aplicar, por 2 meses, a uma taxa de juros compostos de 20% a.m., os R$3.000,00 que Maria ganhou do seu pai para ajudar no seu casamento. A) R$4.320,00 B) R$2.083,33 C) R$1.320,00 D) R$916,67 E) R$1.963,64 5) Se um poupador pretende sacar R$20.000,00 da sua poupança, ao fim de 5 anos, sendo que ele tem um saldo, hoje, de R$6.000,00, que rende a taxa de juros de 12,5% a.a., determine quanto que deve ser depositado anualmente para atingir o objetivo. A) R$4.802,21 B) R$10.264,83 C) R$1.431,96 D) R$4.681,96 E) R$562,63 Na prática A calculadora HP12C pode se tornar uma grande aliada no estudo da matemática financeira, mas é importante conhecer cada uma de suas funções e ficar atento ao inserir os dados. Veja a seguir um exemplo de cálculo realizado na calculadora financeira HP12C. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: HP12C A calculadora HP 12C é uma das mais utilizadas como apoio na matemática financeira. Esse vídeo faz uma introdução a essa calculadora, incluindo a notação polonesa reversa, as multifuncionalidades das teclas, a inversão do sinal, a determinação do número de casas decimais, a configuração do formato numérico, os registradores e a memória auxiliar. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Como usar a Calculadora HP12C Esse vídeo apresenta de forma rápida e sucinta as noções básicas para o uso da calculadora HP12C e também da dica de como obter simuladores para a calculadora HP12C caso você não possua a calculadora física. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. HP12C - Juros Simples e Juros Compostos A calculadora HP12C costuma ser mais utilizada no sistema de capitalização composto, no entanto, também pode ser utilizada no regime de juros simples. Esse vídeo apresenta, a partir de um exemplo, como utilizar a calculadora HP12C tanto nos juros simples quanto nos juros compostos. https://www.youtube.com/embed/vJsuG6lMabg https://www.youtube.com/watch?v=BUhsjfmQrzE Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/watch?v=Rnw_ulQ4z-s Sistemas de amortização Apresentação Ao fazermos um investimento, muitas vezes nós precisamos tomar empréstimos e assumir dívidas, que serão pagas posteriormente. Na Matemática Financeira, as formas de pagamentos desses empréstimos são conhecidas como sistemas de amortização e o processo de reembolso é realizado por meio de pagamentos de prestações, constituídas de amortização e juros. No mercado existem diversos sistemas de amortização, uns possibilitam pagamento único e outros parcelados. No Brasil, os sistemas de amortização mais conhecidos são o sistema PRICE e o sistema SAC. Nesta Unidade de Aprendizagem, abordaremos o conceito de sistema de amortização, sua classificação e aplicações envolvendo os principais tipos de sistemas de amortização. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar os principais conceitos do sistema de amortização.• Identificar os principais tipos de sistemas de amortização, em uso no Brasil.• Utilizar planos financeiros para demonstrar os cálculos, semelhanças e diferenças entre os sistemas de amortização. • Desafio No estudo da matemática financeira, os sistemas de amortização mais conhecidos são o sistema PRICE e o sistema SAC, sendo que no sistema PRICE a prestação é constante e no SAC a amortização é constante. É importante destacar que ao se trabalhar com sistemas de amortização, para nos auxiliar no cálculo e interpretação, geralmente fazemos uma tabela com os principais elementos da dívida, conhecida como plano financeiro. Vamos ao trabalho? Imagine que você é o gestor financeiro da empresa NOAR, fabricante de aviões, e a empresa pretende obter um financiamento de R$150.000,00 para a compra de uma nova máquina. Há duas opções de pagamento: uma pelo sistema de amortização SAC, e a outra pelo sistema PRICE, ambas amortizadas em 4 (quatro) prestações anuais. Sabe-se também que o custo da operação é constituído de juros de 20% ao ano. Elabore o plano financeiro completo do financiamento para os dois sistemas de amortização. E sabendo que a empresa NOAR estima que, somente a partir do segundo ano após a contratação do financiamento, terá um incremento de receita pela venda de novos aviões, defina e justifique qual será a melhor forma de pagamento para ela. Infográfico Ao trabalharmos com qualquer sistema de amortização é muito importante, para melhor entendimento do processo, a construção de uma tabela com os principais elementos da dívida, que na matemática financeira é conhecida como plano financeiro. O infográfico a seguir apresenta a descrição de cada coluna do plano financeiro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/8f62e79c-614a-49a1-a0b7-a0135ab98c89/6e207d99-5ecb-4394-8bd6-06ea1cc9f562.png Conteúdo do livro Acompanhe nesse vídeo as características de três sistemas de amortização: PRICE (prestação constante), SAC (amortização constante) e SAM (amortizações mistas). O vídeo apresenta a definição de cada sistema, apontando suas características e um exemplo de plano financeiro.Os sistemas de amortização são desenvolvidos para as operações de empréstimos e financiamentos de longo prazo e constitui a forma pela qual a dívida contraída será paga. De forma geral, pode-se dizer que o sistema de amortização é a forma de pagamento dos jurose a devolução do principal contratado. A escolha do sistema de amortização influenciará o fluxo de pagamento do tomador, ou seja, o valor a ser desembolsado para quitação do valor principal. Desta forma é fundamental conhecer as características de cada sistema de amortização e seu plano financeiro. Neste capítulo você aprenderá os conceitos básicos sobre o sistema de amortização, os principais sistemas de amortizações adotados no Brasil e o cálculo de suas prestações, o valor amortizado e os juros. Bons estudos! MATEMÁTICA FINANCEIRA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Explicar os principais conceitos do sistema de amortização. > Identificar os principais tipos de sistemas de amortização em uso no Brasil. > Utilizar planos financeiros para demonstrar cálculos, semelhanças e dife- renças entre os sistemas de amortização. Introdução Ao escolher uma modalidade de crédito (empréstimo e/ou financiamento), a instituição financeira emitirá um contrato com os detalhes da operação, incluindo as taxas cobradas, o sistema de amortização adotado e o período utilizado para quitar a dívida. Em posse dessas informações, o tomador poderá calcular o valor da parcela e o montante que será pago durante todo o período. Os contratos também podem prever uma carência para o início do pagamento das prestações e a possibilidade de liquidação antecipada, total ou parcial, do principal da dívida. No momento da contratação dos serviços, o tomador precisará decidir qual será o método para a amortização da dívida. É fundamental, portanto, conhecer as vantagens e os riscos de cada sistema de amortização. Neste capítulo, vamos definir sistemas de amortização, as características que envolvem cada um deles e os principais tipos utilizados pelo mercado no Brasil. Além disso, explicaremos como calcular as parcelas em cada sistema de amortização. Sistemas de amortização Flávia Monaco Vieira Sistemas de amortização: conceitos gerais Amortização, segundo Merchede (2009, p. 59), “[...] é a maneira pela qual uma dívida é gradativamente suprimida, mediante pagamento de presta- ções”, ou seja, é o pagamento da dívida de forma parcelada, em um prazo preestabelecido. Apesar de haver diferentes sistemas de amortização, o seu objetivo é único: o pagamento do principal, isto é, de um determinado valor contraído em empréstimo ou financiamento. Nesse sentido, Puccini (2007, p. 158) entende que “[...] um sistema de amortização nada mais é do que um plano de pagamento de uma dívida contraída”. Os diferentes sistemas de amortização de um empréstimo produzem fluxos de pagamentos equivalentes entre si. Por essa razão, o valor presente dos fluxos de pagamentos, na data focal zero, é igual ao principal do empréstimo (ZOT; CASTRO, 2015). Assim, a escolha do sistema de amortização influenciará o fluxo de caixa das partes envolvidas (credor e devedor). O devedor, então, precisa considerar sua capacidade de pagamento na escolha do sistema de amortização, pois o pagamento afetará suas finanças pessoais. No financiamento, o valor liberado tem uma finalidade específica — por exemplo, para a compra de imóvel ou automóvel, ou para importação. Já o empréstimo é um recurso concedido sem a necessidade de vinculá-lo a alguma finalidade — por exemplo, conta garantida, cheque especial, desconto de duplicata, etc. (HOJI, 2016). O plano financeiro, também conhecido como memória de cálculo, de- monstra, ao longo do tempo, a ocorrência dos principais eventos que vão modificando o saldo de um empréstimo. Para a realização de um plano de pagamento, é necessário demonstrar os seguintes dados (ZOT; CASTRO, 2015). � Saldo inicial = saldo final anterior (na primeira linha corresponde ao principal). � Juros calculados = saldo inicial × taxa unitária. � Saldo após juros = saldo inicial + juros calculados. � Pagamento = amortização do principal + juros a serem pagos. � Amortização = parcela do pagamento referente ao principal. � Juros a serem pagos = parcela do pagamento referente aos juros. � Saldo final = saldo inicial + juros calculados – pagamento. Sistemas de amortização2 Para a plena compreensão do conteúdo deste capítulo, lembre-se dos seguintes conceitos de operações de empréstimo e financiamento. � Valor principal: soma do capital emprestado. � Carência: deferimento no pagamento da primeira prestação. � Taxas de juros: remuneração paga pelo tomador de crédito à instituição financeira. Principais tipos de sistemas de amortização utilizados no Brasil Os sistemas de amortização mais difundidos no mercado são o sistema de prestação constante (SPC), ou amortização Price, e o sistema de amortização constante (SAC) (BATISTA JÚNIOR, 2014). Além desses, Zot e Castro (2015) apon- tam o sistema americano e o sistema misto como as principais modalidades em uso no Brasil. Sistema de prestação constante (SPC), ou amortização Price O SPC, também conhecido como sistema francês de amortização ou amorti- zação Price, é muito utilizado em operações de crédito direto ao consumidor e em financiamentos habitacionais (PUCCINI, 2007). Esse modelo consiste no pagamento da dívida por meio de prestações (PMT), sucessivas, periódicas e iguais, em que os juros gerados a cada período são pagos primeiramente (ZOT; CASTRO, 2015). Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, são decrescentes, e as parcelas de amortização assumem valores crescentes. Ou seja, os juros diminuem, enquanto a amortização aumenta, permanecendo o valor das prestações igual ao longo do tempo. Veja, na Figura 1, a dinâmica do SPC. Sistemas de amortização 3 Figura 1. Comportamento de juros e amortização. Fonte: Adaptada de Puccini (2007). $ 0 1 2 3 Tempo (períodos) PMT = A1 + J1 = A2 + J2 = A3 + J3 = A4 + J4 4 J1 J2 J3 J4 A1 A2 A3 A4 Veja, a seguir, as expressões de cálculo do SPC. Prestação (PTM) O valor das prestações é obtido pelo cálculo de uma prestação postecipada: PTM = VP × [i × (1 + i)n]/[(1 + i)n – 1] onde VP é o valor presente (valor do empréstimo), i é a taxa de juros e n é o número de períodos ou parcelas. Vejamos um exemplo para fixar os conceitos. Considerando, por exemplo, um empréstimo no valor de R$ 6.000,00 (VP), a ser pago em seis prestações anuais (n), com juros de 10% a.a. (i), calcule o valor da prestação (PMT). Manualmente, resolve-se o problema da seguinte maneira: PTM = VP × [i × (1 + i)n]/[(1 + i)n – 1] PTM = 6.000 × [0,10 × (1 + 0,10)6]/[(1 + 0,10)6 – 1] PTM = 1.377,64 Na HP 12C, temos o seguinte: 6000 CHS PV 10 i 6 n g END (para informar que a série é postergada) PMT Sistemas de amortização4 Juros ( J) Os juros incidem sobre o saldo devedor apurado no início de cada período (ou ao final de cada período imediatamente anterior). A expressão de cálculo de juros, um momento t qualquer, é a seguinte: Jt = SDt–1 × i onde SD é o saldo devedor, i é a taxa de juros e t é o tempo. Vejamos um exemplo. Após a ocorrência dos juros do primeiro ano (J1) no valor de R$ 600,00* e o pagamento da primeira prestação (PTM1) no valor de R$ 1.377,64, o saldo devedor (SD1) ficou em R$ 5.222,36. Com base nessas informações, calcule os juros do segundo ano (J2): Jt = SDt – 1 × i J2 = SD2–1 × i J2 = SD1 × i J2 = 5.222,36 × 0,10 J2 = 522,24 *O J1 é calculado pelo VP × i (R$ 6.000,00 × 10%). Amortização (A) A amortização é obtida pela diferença entre o valor da prestação (PMT) e o dos juros (J): A1 = PMT – J1, A1 = PMT – (PV × i) At = A1 × (1 + i)t–1 onde i é a taxa de juros e t é o tempo. Vejamos um exemplo para facilitar a compreensão. Sabendo que o valor da amortização do ano 1 (A1) é de R$ 777,64, calcule o valor amortizado no terceiro ano (A3): At = A1 × (1 + i)t–1 A3 = 777,64 × (1 + 0,10)3–1 A3 = 777,64 × (1,1)2 Sistemas de amortização 5 A3 = 940,95 Veja, no Quadro 1, o demonstrativo simplificado do plano financeiro do SPC. Quadro 1. Demonstrativo simplificado do plano financeiro do SPC n Prestação Juros Amortização Saldo devedor 0 — — — SD0 = VP 1 PMTJ1 = PV × i A1 = PMT – J1 SD1 = SD0 – A1 2 PMT J2 = SD1 × i A2 = PMT – J2 SD2 = SD1 – A2 ... ... ... ... ... n PMT Jn = SDn–1 × i An = PMT – Jn SDn = SDn–1 – An Veja, no Quadro 2, o preenchimento do plano financeiro do SPC nas se- guintes condições. � Valor do empréstimo: R$ 6.000,00. � Número de prestações (anuais): 6. � Juros: 10% a.a. Sistemas de amortização6 Q ua dr o 2. P la no fi na nc ei ro d o SP C Sa ld o in ic ia l Ju ro s ca lc ul ad os Sa ld o ap ós ju ro s Pr es ta çã o Am or ti za çã o Ju ro s pa go s Sa ld o fi na l n S n –1 J ( 10 % ) S n –1 + J PM T A (P M T – J) J SF 1 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 1. 37 7,6 4 77 7,6 4 60 0, 00 5. 22 2, 36 2 5. 22 2, 36 52 2, 24 5. 74 4, 59 1. 37 7,6 4 85 5, 41 52 2, 24 4. 36 6, 95 3 4. 36 6, 95 43 6, 69 4. 80 3, 64 1. 37 7,6 4 94 0, 95 43 6, 69 3. 42 6, 00 4 3. 42 6, 00 34 2, 60 3. 76 8, 60 1. 37 7,6 4 1. 03 5, 04 34 2, 60 2. 39 0, 95 5 2. 39 0, 95 23 9, 10 2. 63 0, 05 1. 37 7,6 4 1.1 38 ,5 5 23 9, 10 1. 25 2, 40 6 1. 25 2, 40 12 5, 24 1. 37 7,6 4 1. 37 7,6 4 1. 25 2, 40 12 5, 24 — To ta is 2. 26 5, 87 — 8. 26 5, 87 6. 00 0, 00 2. 26 5, 87 — Sistemas de amortização 7 Observe que todas as prestações são iguais e que a amortização é calculada após o cálculo dos juros, que corresponde à diferença entre a prestação e os juros. Sistema de amortização constante (SAC) Diferentemente do sistema Price, em que as prestações é que devem ser iguais, no SAC, as amortizações do principal devem ser sempre iguais (ou constantes) em todo o prazo da operação. Veja, na Figura 2, a dinâmica do SAC. Figura 2. Comportamento da dinâmica do SAC. Fonte: Adaptada de Puccini (2007). (PV = SDi1) 0 1 2 3 n Tempo (períodos) PMT1 = A + J1 PMT3 = A + J3 PMT2 = A + J2 PMTn = A + Jn Veja as expressões de cálculo a seguir. Amortização (A) A amortização é obtida mediante a divisão do capital emprestado pelo número de prestações. É representada por: A = VP/n onde VP é o valor presente (valor do financiamento) e n é o número de prestações. Sistemas de amortização8 Por exemplo, considerando o empréstimo no valor de R$ 6.000,00 (VP), a ser pago em seis prestações anuais (n), tem-se: A = VP/n A = 6.000,00/6 A = 1.000,00 Juros ( J) Pela redução constante do saldo devedor, os juros diminuem linearmente ao longo do tempo, comportando-se como uma progressão aritmética de- crescente. A expressão de cálculo dos juros para um período qualquer t é: Jt = (VP/n) × (n – t + 1) × i onde VP é o valor presente (valor do financiamento), n é o número de pres- tações, i é a taxa de juros e t é o tempo. Por exemplo, considerando o empréstimo no valor de R$ 6.000,00 (VP), a ser pago em seis prestações anuais (n), o valor dos juros no 5º ano será (J5): Jt = (VP/n) × (n – t + 1) × i J5 = (6.000,00/6) × (6 – 5 + 1) × 0,10 J5 = 1.000,00 × 2 × 0,10 J5 = 200,00 Prestação (PMT) A prestação é obtida pela soma da amortização (A) com os juros (J), sendo a amortização representada por (VP/n). A expressão de cálculo da prestação para um período qualquer t é: PMT = (VP/n) × [1 + (n – t + 1) × i] onde VP é o valor presente (valor do financiamento), n é o número de pres- tações, i é a taxa de juros e t é o tempo. Sistemas de amortização 9 Por exemplo, considerando o empréstimo no valor de R$ 6.000,00 (VP), a ser pago em seis prestações anuais (n) com juros anuais de 10% a.a. (i), o valor da prestação no segundo ano (PMT2) é: PMT = (VP/n) × [1 + (n – t + 1) × i] PMT2 = (6.000/6) × [1 + (6 – 2 + 1) × 0,10] PMT2 = 1.000,00 × [1 + (5 × 0,10)] PMT2 = 1.000,00 × 1,5 PMT2 = 1.500,00 Veja, no Quadro 3, o demonstrativo simplificado do plano financeiro do SAC. Quadro 3. Demonstrativo do SAC n Prestação Juros Amortização Saldo devedor 0 — — — SD0 = VP 1 PMT1 = A + J1 J1 = SD0 × i A SD1 = SD0 – A 2 PMT2 = A + J2 J2 = SD1 × i A SD2 = SD1 – A ... ... ... ... ... n PMTn = A + Jn Jn = SDn–1 × i A SDn = SDn–1 – An Fonte: Adaptado de Camargos (2013). Agora veja, no Quadro 4, o preenchimento do plano financeiro do SAC nas seguintes condições. � Valor do empréstimo: R$ 6.000,00. � Número de prestações (anuais): 6. � Juros: 10% a.a. Sistemas de amortização10 Q ua dr o 4. P la no fi na nc ei ro d o SA C Sa ld o in ic ia l Ju ro s ca lc ul ad os Sa ld o ap ós ju ro s Pr es ta çã o Am or ti za çã o Ju ro s pa go s Sa ld o fi na l n S n –1 J ( 10 % ) S n– 1 + J PM T (A + J) A J SF 1 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 1. 60 0, 00 1. 00 0, 00 60 0, 00 5. 00 0, 00 2 5. 00 0, 00 50 0, 00 5. 50 0, 00 1. 50 0, 00 1. 00 0, 00 50 0, 00 4. 00 0, 00 3 4. 00 0, 00 40 0, 00 4. 40 0, 00 1. 40 0, 00 1. 00 0, 00 40 0, 00 3. 00 0, 00 4 3. 00 0, 00 30 0, 00 3. 30 0, 00 1. 30 0, 00 1. 00 0, 00 30 0, 00 2. 00 0, 00 5 2. 00 0, 00 20 0, 00 2. 20 0, 00 1. 20 0, 00 1. 00 0, 00 20 0, 00 1. 00 0, 00 6 1. 00 0, 00 10 0, 00 1.1 00 ,0 0 1.1 00 ,0 0 1. 00 0, 00 10 0, 00 — To ta is 2. 10 0, 00 — — 6. 00 0, 00 2. 10 0, 00 — Sistemas de amortização 11 Observe que o valor da amortização é constante durante todo o período. Sistema de amortização americano (SAA) O SAA se caracteriza por pagar todo o principal na última prestação, com pagamento periódico de juros. Como não há capitalização de juros, o saldo devedor não se altera ao longo do tempo. Nesse caso, os juros devidos em cada período são constantes. No vencimento da operação, são pagos o principal e a última parcela dos juros. Veja, na Figura 3, a dinâmica SAA. Figura 3. Comportamento da dinâmica do SAA. Fonte: Adaptada de Puccini (2007). PMT1 = PMT2 = PMT3 = PMTn = SDi + Jn J1 J2 J3 (PV = SDi1) 0 1 2 3 n Tempo (períodos) Veja a expressão de cálculo a seguir. Última prestação (PMT): PMT = VP (1 + i) onde VP é o valor presente (valor do empréstimo) e i são os juros. Por exemplo, vamos calcular a última prestação considerando o emprés- timo no valor de R$ 6.000,00 (VP) com pagamento de juros periódicos de 10% a.a. (i). PMT = VP (1 + i) PMT = 6.000,00 (1 + 0,10) PMT = 6.000 × 1,10 PMT = 6.600,00* *O valor da prestação (PMT) corresponde ao valor da amortização (R$ 6.000,00) + os juros do período (R$ 600,00). Sistemas de amortização12 Veja, no Quadro 5, o demonstrativo simplificado do plano financeiro do SAA. Quadro 5. Demonstrativo do SAA n Prestação Juros Amortização Saldo devedor 0 — — — SD0 = VP 1 PMT1 = VP × i J1 = VP × i — SD1 = VP 2 PMT2 = VP × i J2 = VP × i — SD2 = VP ... ... ... ... ... n PMTn = VP + (VP × i) Jn = PV × i An = VP SDn = SDn–1 – An Fonte: Adaptado de Camargos (2013). Agora, veja, no Quadro 6, o preenchimento do plano financeiro do SAA nas seguintes condições. � Valor do empréstimo: R$ 6.000,00. � Número de prestações (anuais): 6. � Juros: 10% a.a. Sistemas de amortização 13 Q ua dr o 6. P la no fi na nc ei ro d o SA A Sa ld o in ic ia l Ju ro s ca lc ul ad os Sa ld o ap ós ju ro s Pr es ta çã o Am or ti za çã o Ju ro s pa go s Sa ld o fi na l n S n –1 J ( 10 % ) S n –1 + J PM T (A + J) A J SF 1 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 60 0, 00 — 60 0, 00 6. 00 0, 00 2 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 60 0, 00 — 60 0, 00 6. 00 0, 00 3 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 60 0, 00 — 60 0, 00 6. 00 0, 00 4 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 60 0, 00 — 60 0, 00 6. 00 0, 00 5 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 60 0, 00 — 60 0, 00 6. 00 0, 00 6 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 6. 60 0, 00 6. 00 0, 00 60 0, 00 0, 00 To ta is 3. 60 0, 00 — 9. 60 0, 00 6. 00 0, 00 3. 60 0, 00 — Sistemas de amortização14 Observe que, periodicamente, os juros de R$600,00 foram pagos, perma- necendo o valor do empréstimo como saldo devedor. Sistema de amortização montante ou único O sistema de amortização montante é caracterizado pelo fato de o montante e os juros do período serem pagos de uma só vez, ao final. Veja, na Figura 4, a dinâmica do sistema montante. Figura 4. Dinâmica do sistema montante. Fonte: Adaptada de Puccini (2007). PV = SDi1 FV = SDi1 + J 0 1 2 n Tempo (períodos) Empréstimo a i% ap n – 1 Veja as expressões de cálculo a seguir. Prestação única (PMT) Os cálculos se resumem à aplicação da fórmula do valor futuro (VF): VF = VP (1 + i)n onde VP é o valor presente (valor do financiamento), i é a taxa de juros e n é o número de prestações. Sistemas de amortização 15 Por exemplo, vamos calcular o valor da prestação (PMT) considerando o empréstimo no valor de R$ 6.000,00 (VP) com juros anuais de 10% a.a. (i) que serão pagos ao final de seis anos (n): PMT = VP (1 + i)n PMT = 6.000,00 (1 + 0,1)6 PMT = 6.000 × 1,77156 PMT = R$ 10.629,37* *O saldo devedor corresponde ao valor amortizado (R$ 6.000,00) + o valor dos juros (R$ 4.629,37). Juros ( J) Os juros podem ser obtidos pela equação: J = VP [(1 + i)n – 1] onde VP é o valor presente (valor do financiamento), i é a taxa de juros e n é o número de prestações. Veja, no Quadro 7, o preenchimento do plano financeiro do sistema misto nas seguintes condições. � Valor do empréstimo: R$ 6.000,00. � Número de prestações (anuais): 6. � Juros: 10% a.a. Sistemas de amortização16 Q ua dr o 7. Pl an o fin an ce iro d o si st em a m on ta nt e Sa ld o in ic ia l Ju ro s ca lc ul ad os Sa ld o ap ós ju ro s Pr es ta çã o Am or ti za çã o Ju ro s pa go s Sa ld o fi na l n S n –1 J ( 10 % ) S n –1 + J PM T (A + J) A J SF 1 6. 00 0, 00 60 0, 00 6. 60 0, 00 — — — 6. 60 0, 00 2 6. 60 0, 00 66 0, 00 7.2 60 ,0 0 — — — 7.2 60 ,0 0 3 7.2 60 ,0 0 72 6, 00 7.9 86 ,0 0 — — — 7.9 86 ,0 0 4 7.9 86 ,0 0 79 8, 60 8. 78 4, 60 — — — 8. 78 4, 60 5 8. 78 4, 60 87 8, 46 9. 66 3, 06 — — — 9. 66 3, 06 6 9. 66 3, 06 96 6, 31 10 .6 29 ,3 7 10 .6 29 ,3 7 6. 00 0, 00 4. 62 9, 37 — To ta is 4. 62 9, 37 — 10 .6 29 ,3 7 6. 00 0, 00 4. 62 9, 37 — Sistemas de amortização 17 Comparação entre os sistemas de amortização A fim de análise, será elaborado um plano financeiro para os sistemas SPC, SAC e SAA com base nos seguintes dados: � Valor do empréstimo: R$ 20.000,00. � Número de prestações mensais: 24. � Taxa dos juros: 20% a.a. = 1,5309% a.m. Veja, no Quadro 8, o plano financeiro comparativo entre os sistemas. Sistemas de amortização18 Q ua dr o 8. P la no fi na nc ei ro c om pa ra tiv o en tr e os s is te m as d e am or tiz aç ão SP C SA C SA A SD A J PM T SD A J PM T SD A J PM T 1 20 .0 00 ,0 0 69 5, 89 30 6, 18 1. 00 2, 07 20 .0 00 ,0 0 83 3, 33 30 6, 18 1.1 39 ,5 1 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 2 19 .3 04 ,11 70 6, 54 29 5, 53 1. 00 2, 07 19 .16 6, 67 83 3, 33 29 3, 42 1.1 26 ,7 6 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 3 18 .5 97 ,5 7 71 7, 36 28 4, 71 1. 00 2, 07 18 .3 33 ,3 3 83 3, 33 28 0, 67 1.1 14 ,0 0 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 4 17 .8 80 ,2 1 72 8, 34 27 3, 73 1. 00 2, 07 17 .5 00 ,0 0 83 3, 33 26 7,9 1 1.1 01 ,2 4 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 5 17 .15 1, 87 73 9, 49 26 2, 58 1. 00 2, 07 16 .6 66 ,6 7 83 3, 33 25 5, 15 1. 08 8, 48 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 6 16 .4 12 ,3 8 75 0, 81 25 1, 26 1. 00 2, 07 15 .8 33 ,3 3 83 3, 33 24 2, 39 1. 07 5, 73 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 7 15 .6 61 ,5 7 76 2, 31 23 9, 76 1. 00 2, 07 15 .0 00 ,0 0 83 3, 33 22 9, 64 1. 06 2, 97 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 8 14 .8 99 ,2 6 77 3, 98 22 8, 09 1. 00 2, 07 14 .16 6, 67 83 3, 33 21 6, 88 1. 05 0, 21 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 9 14 .12 5, 28 78 5, 82 21 6, 24 1. 00 2, 07 13 .3 33 ,3 3 83 3, 33 20 4, 12 1. 03 7,4 5 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 10 13 .3 39 ,4 6 79 7,8 6 20 4, 21 1. 00 2, 07 12 .5 00 ,0 0 83 3, 33 19 1, 36 1. 02 4, 70 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 11 12 .5 41 ,6 0 81 0, 07 19 2, 00 1. 00 2, 07 11 .6 66 ,6 7 83 3, 33 17 8, 61 1. 01 1, 94 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 12 11 .7 31 ,5 3 82 2, 47 17 9, 60 1. 00 2, 07 10 .8 33 ,3 3 83 3, 33 16 5, 85 99 9, 18 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 (C on tin ua ) Sistemas de amortização 19 SP C SA C SA A 13 10 .9 09 ,0 6 83 5, 06 16 7,0 1 1. 00 2, 07 10 .0 00 ,0 0 83 3, 33 15 3, 09 98 6, 42 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 14 10 .0 74 ,0 0 84 7,8 5 15 4, 22 1. 00 2, 07 9. 16 6, 67 83 3, 33 14 0, 33 97 3, 67 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 15 9. 22 6, 16 86 0, 83 14 1, 24 1. 00 2, 07 8. 33 3, 33 83 3, 33 12 7, 58 96 0, 91 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 16 8. 36 5, 33 87 4, 00 12 8, 06 1. 00 2, 07 7.5 00 ,0 0 83 3, 33 11 4, 82 94 8, 15 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 17 7.4 91 ,3 3 88 7, 38 11 4, 68 1. 00 2, 07 6. 66 6, 67 83 3, 33 10 2, 06 93 5, 39 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 18 6. 60 3, 94 90 0, 97 10 1,1 0 1. 00 2, 07 5. 83 3, 33 83 3, 33 89 ,3 0 92 2, 64 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 19 5. 70 2, 97 91 4, 76 87 ,3 1 1. 00 2, 07 5. 00 0, 00 83 3, 33 76 ,5 5 90 9, 88 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 20 4. 78 8, 21 92 8, 77 73 ,3 0 1. 00 2, 07 4. 16 6, 67 83 3, 33 63 ,7 9 89 7,1 2 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 21 3. 85 9, 44 94 2, 98 59 ,0 8 1. 00 2, 07 3. 33 3, 33 83 3, 33 51 ,0 3 88 4, 36 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 22 2. 91 6, 46 95 7,4 2 44 ,6 5 1. 00 2, 07 2. 50 0, 00 83 3, 33 38 ,2 7 87 1, 61 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 23 1. 95 9, 04 97 2, 08 29 ,9 9 1. 00 2, 07 1. 66 6, 67 83 3, 33 25 ,5 2 85 8, 85 20 .0 00 ,0 0 — 30 6, 18 30 6, 18 24 98 6, 96 98 6, 96 15 ,11 1. 00 2, 07 83 3, 33 83 3, 33 12 ,7 6 84 6, 09 20 .0 00 ,0 0 20 .0 00 ,0 0 30 6, 18 20 .3 06 ,18 To ta is 20 .0 00 ,0 0 4. 04 9, 66 24 .0 49 ,6 6 20 .0 00 ,0 0 3. 82 7, 25 23 .8 27 ,2 5 20 .0 00 ,0 0 7. 34 8, 32 27 .3 48 ,3 2 (C on tin ua çã o) Sistemas de amortização20 Pode-se observar, no Quadro 8, que o valor amortizado dos sistemas correspondem ao valor do empréstimo (R$ 20.00,00). Porém, os juros no SAA são superiores, por não haver amortização do principal ao longo do contrato. Por sua vez, os juros no SAC são menores, pois o valor amortizado ao longo do contrato permanece inalterado da primeira à última prestação. Analisar os planos de financiamento somente pelo total pago é equívoco, uma vez que se estaria desconsiderando o princípio básico da matemática financeira do valor do dinheiro no tempo. Dessa forma, Camargos (2013) descreve que a comparação correta entre os planos de financiamento deve ser feita com os valores de cada um em um mesmo momento focal, ou seja, deve-se calcular o valor presente (VP) ou o valor futuro (VF) de cada um. Considerando que todos os sistemas apresentam o mesmo valor presente (R$ 20.000), devem também ter o mesmo valor futuro para serem equivalentes. De fato, capitalizando as prestações de cada plano pela taxa de 20% a.a., ao final de dois anos (24 meses), chega-se ao mesmo valor futuro de R$ 28.800,00, demonstrando, assim, que os seus fluxos de caixa são equivalentes. Veja a capitalização do empréstimo, pelo cálculo do valor futuro, no valor de R$ 20.000,00, com a taxa de 20%, no período de 2 anos: VF = VP × (1 + i)n VF = 20.000,00 × (1 + 0,20)2 VF = 20.000,00 × (1,20) 2 VF = 20.000,00 × 1,44 VF = 28.800,00 Por fim, veja, no Quadro 9, o resumodas características dos sistemas estudados. Sistemas de amortização 21 Quadro 9. Características dos sistemas de amortização Sistema Prestações Juros Amortização SPC Constantes Decrescentes exponencialmente Crescente exponencialmente SAC Decrescentes linearmente Decrescentes linearmente Constante SAA Somente dos juros Constantes Não há Montante Não há Cumulativo Não há Fonte: Adaptado de Camargos (2013). Assim, em resumo, pode-se inferir que o melhor sistema é aquele que atende à capacidade de pagamento do tomador do empréstimo. Referências BATISTA JÚNIOR, R. I. Matemática financeira contextualizada em sistemas de amortização e impostos de renda. 2014. 65 f. Dissertação (Mestrado em Matemática) — Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 2014. CAMARGOS, M. A. Matemática financeira: aplicada a produtos financeiros e à análise de investimentos. São Paulo: Saraiva, 2013. HOJI, M. Matemática Financeira: didática, objetiva e prática. São Paulo: Atlas, 2016. MERCHEDE, A. HP-12C: cálculos e aplicações financeiras. São Paulo: Atlas, 2009. PUCCINI, E. C. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ZOT, W. D; CASTRO, M. L. Matemática financeira: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. Leitura recomendada ASSAF NETO, A. Matemática financeira. São Paulo: Atlas, 2017. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Sistemas de amortização22 Dica do professor Ao fazer um empréstimo para adquirir um bem, como por exemplo automóvel ou casa própria, seu pagamento será realizado utilizando um sistema de amortização. Conhecer os principais sistemas de amortização e suas características pode nos ajudar a decidir qual é a melhor escolha para cada situação. O vídeo a seguir apresenta uma síntese dos principais sistemas de amortização em uso no Brasil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4956368ba2de7cc6959cbde527adc04a Exercícios 1) A fim de realizar uma pequena reforma em sua residência, Paulo realizou um empréstimo de R$ 12.000,00. Calcule o valor da 8a prestação deste empréstimo, a uma taxa de juros de 25,50% a.a., realizado em 24 prestações mensais, sem carência, pelo Sistema Americano, com pagamento periódico de juros. Em seguida, marque a resposta CORRETA. A) R$229,30 B) R$3.060,00 C) R$500,00 D) R$628,06 E) R$0,00 2) Para mobiliar seu apartamento, Cláudia precisou fazer um financiamento de R$ 40.000,00. Calcule o valor da 6a prestação deste financiamento, a uma taxa de juros de 43,50% a.a., realizado em 6 prestações mensais, sem carência, pelo Sistema Americano, com pagamento periódico de juros. Em seguida, marque a resposta CORRETA. A) R$57.400,00 B) R$41.222,20 C) R$38.777,80 D) R$40.000,00 E) R$1.222,20 3) O financiamento de uma pequena sala, no valor à vista de R$30.000,00, foi feita pelo Sistema PRICE, em 25 prestações mensais, à taxa de juros de 1,90% a.m. Calcule o saldo imediatamente após o pagamento da 15a parcela. A) R$1.518,63 B) R$14.947,53 C) R$284,00 D) R$15.231,53 E) R$13.712,90 4) Ao adquirir a casa própria, Fernando deu uma entrada e financiou um valor de R$ 50.000,00. Construa o plano financeiro para lhe auxiliar a calcular o saldo devedor deste financiamento, realizado em 100 prestações mensais, sem carência, pelo Sistema de Amortizações Constantes (SAC), imediatamente após o pagamento da 40a prestação. Após o cálculo, marque a resposta que contém esse saldo devedor: A) R$30.000,00 B) R$20.000,00 C) R$50.000,00 D) R$500,00 E) R$0,00 5) Ana comprou um terreno na praia, cujo valor à vista era de R$ 33.530,00. Calcule o valor da 23a prestação deste financiamento, realizado pelo Sistema de Amortizações Constantes (SAC), a uma taxa de juros de 21,30% a.a., em 41 prestações mensais e marque a resposta CORRETA: A) R$817,80 B) R$15.538,29 C) R$252,05 D) R$14.720,59 E) R$1.069,86 Na prática Na Matemática Financeira, os sistemas de amortização são as formas de pagamento dos empréstimos. Nesse processo cada prestação é dada pela soma de duas parcelas: a amortização e os juros, mas algumas características variam de acordo com o tipo de sistema de amortização utilizado. Por exemplo, no SAC a amortização é constante e no PRICE, a prestação que é constante. Confira um exemplo prático sobre o sistema de amortização. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Matemática Financeira - Fundamentos e Aplicações Este livro ensina os fundamentos da matemática para que se compreenda o seu impacto no nosso dia a dia. A obra apresenta conceitos seguidos de exemplos, problemas acompanhados de solução e o passo a passo com o uso de calculadoras. Os exemplos foram retirados do mundo dos negócios e enriquecidos pela experiência dos autores. (Capítulo 9) Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Você sabe quais são os tipos de amortização? Encontrar um local seguro, acessível e que oferece mais qualidade de vida para a família são alguns dos pontos considerados por quem deseja financiar um bom imóvel. Além deles, uma das questões fundamentais é entender o que é e quais os tipos de amortização existentes para o financiamento. Essa etapa é crucial para que o comprador faça um bom investimento. Por este motivo, neste artigo, vamos explicar o que é a amortização e os principais tipos, mostrando as suas diferenças e como definir qual é a melhor opção para você. Acompanhe e boa leitura! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Sistemas de Amortizações - PRICE - SAC – SAM Acompanhe nesse vídeo as características de três sistemas de amortização: PRICE (prestação constante), SAC (amortização constante) e SAM (amortizações mistas). O vídeo apresenta a definição de cada sistema, apontando suas características e um exemplo de plano financeiro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://blog.anuardonato.com.br/voce-sabe-quais-sao-os-tipos-de-amortizacao/ https://www.youtube.com/embed/iap3Oc317rY Valor do dinheiro no tempo Apresentação O valor do dinheiro no tempo é uma informação crucial para a tomada de decisão relativa à captação de recursos. Os juros cobrados nas operações de empréstimos, descontos, amortizações, etc. interferem no resultado da empresa, por diminuir a capacidade financeira da organização. Desta maneira conhecer as taxas de juros e sua influência no tempo utilizado nas operações é determinante. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o valor do dinheiro no tempo e quais são as variáveis utilizadas para realizar os cálculos de matemática financeira, bem como a regra de ouro para se fazer os arrendondamentos e tipos de capitalização dos juros. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar e aplicar o conceito do valor do dinheiro no tempo.• Apontar as variáveis envolvidas nos cálculos da matemática financeira e sua simbologia.• Estabelecer o time para arredondamento das contas.• Desafio A transportadora Mirim, de entregas rápidas e pequenos volumes, avaliou a evolução do gasto com combustível: em 2004, um tanque era abastecido por R$30,00. Em 2021, 17 anos depois, o valor necessário para abastecer o tanque do mesmo carro passou a ser R$160,00, um aumento de 433,33%. Diante dessa diferença significativa em 17 anos, em apenas um único custo, a empresapode considerar que apenas se as receitas tenham aumentado na mesma proporção, o negócio será viável. Você, como gerente financeiro da organização, concorda com esta afirmação? Justifique sua resposta. Infográfico O recurso financeiro, identificado como dinheiro, recurso ou receitas deve sempre ser associado ao tempo em que ele será utilizado. Pois com o passar do tempo, fatores como inflação e taxa de juros interferem diretamente no valor monetário deste recurso. No Infográfico a seguir você verá como ocorre esta interferência no valor. Conteúdo do livro A preferência por ter acesso à um recurso financeiro hoje do que daqui a um ano, se dá por alguns fatores. Entre os quais são a incerteza de receber o valor no futuro, a perda de poder aquisitivo ou a impaciência para consumir bens ou serviços. Por isso se faz necessário identificar qual é a melhor oportunidade sob a ótica da valorização para o recurso disponível. No capítulo O valor do dinheiro no tempo você estudará sobre o conceito do valor do dinheiro no tempo e as variáveis envolvidas nos cálculos da matemática financeira e sua simbologia. Boa leitura! Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D136m Dal Zot, Wili. Matemática financeira : fundamentos e aplicações [recurso eletrônico] / Wili Dal Zot, Manuela Longoni de Castro. – Porto Alegre : Bookman, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8260-333-8 1. Matemática financeira. I. Castro, Manuela Longoni de. II. Título. CDU 51 Os autores Wili Dal Zot É professor de Matemática Financeira do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desde 1984. É bacharel em Ciências Econômicas pela UFRGS, espe- cialista em Finanças pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mes- tre em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) pela mesma instituição. Atualmente, é professor convidado da FGV das disciplinas de Matemática Financeira e Finanças Corporativas em cursos de Pós-Graduação. Tem experiência em cargos de Gerência Financeira e de Controla- doria em empresas de setores da Indústria de Comércio e Serviços. Manuela Longoni de Castro É bacharel em Matemática pela UFRGS, mestre em Matemática Aplicada pela mesma universidade e Ph.D. em Matemática pela University of New Mexico (Estados Unidos). É professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 2006, ministrando a disciplina de Matemática Financeira desde 2007. Tem experiência na área de Matemática Aplicada, atuando nas áreas de Equações Diferenciais Parciais, Aná- lise Numérica e Ecologia Matemática. CAPÍTULO 2 CONCEITOS BÁSICOS 2.1 O valor do dinheiro ao longo do tempo O que vale mais: R$ 100,00 hoje ou R$ 100,00 daqui a um ano? Se fizermos essa pergunta alea- toriamente para diversas pessoas, é provável que mais de 90% das respostas indiquem a preferênci a por R$ 100,00 hoje. Pode-se ter várias razões para essa preferência: • A perda do poder aquisitivo da moeda pela inflação • Risco de não receber o dinheiro no futuro • Impaciência para consumir bens ou serviços imediatamente • Outras opções de investimento com expectativa de lucro Uma vez que uma quantia hoje representa mais valor do que a mesma quantia no fu- turo, surge a figura do empréstimo, ou seja, o aluguel do dinheiro por um certo tempo e por um determinado preço. A oportunidade de uso representa valor para quem dispõe de dinheiro hoje; logo, exis- tem pessoas dispostas a pagar um preço para dispor desse recurso. Essas pessoas são a ponta devedora dos empréstimos: viver agora, pagar depois. De outro lado, existem pessoas dispostas a se privar de recursos hoje em troca de um prêmio por sua espera: pagar agora, viver depois. Assim, pode-se dizer que os juros são o preço da impaciência dos devedores e o prêmio da espera dos credores. Os juros são o preço do aluguel do dinheiro, e o empréstimo é uma troca intertemporal de uma quantia no presente pela mesma quantia acrescida de juros no futuro (GIANETTI, 2005). A troca intertemporal é representada por uma equação de valor. Se considerarmos que a quantia emprestada é uma variável econômica representada pela letra P e tomarmos como J a representação dos juros, a variável econômica que expressa o preço pago pelo aluguel do dinheiro emprestado, temos a seguinte expressão matemática: S = P + J onde S é o valor total que o devedor ou tomador do empréstimo deverá pagar ao credor ao final do prazo ajustado. A fórmula e xpressa uma relação de valor: o que hoje vale P, amanhã valerá S, equivalente a P + J. 6 Matemática Financeira CONCEITO 2.1 Matemática Financeira é a disciplina que tem por objetivo o estudo da evolução do valor do dinheiro ao longo do tempo. Esse estudo é composto de equações matemáticas que expressam, principalmente, a relação entre o valor de uma quantia em dinheiro no presente e o seu valor equivalente no futuro. De uma forma prática, a Matemática Financeira visa ao cálculo dos rendimentos dos empréstimos e de sua rentabilidade. Por pertencer ao ramo de disciplinas da Matemática Aplicada, a Matemática Financeira uti- liza como principal método a solução de problemas, subordinando-se às convenções e normas das práticas financeiras, bancárias e comerciais do mundo dos negócios. 2.2 Principais variáveis e simbologia O estudo da evolução do dinheiro é feito pela Matemática Financeira por meio de equações onde se encontram relacionadas as principais variáveis econômicas, geralmente simboliza- das por letras. Neste livro, as letras utilizadas estão destacadas ao lado dos títulos das sub- seções. Outras simbologias utilizadas na literatura também são mencionadas nos parágrafos de cada variável. 2.2.1 Principal (P) CONCEITO 2.2 Principal é o capital inicial (C, C0) de um empréstimo ou de uma aplica- ção financeira. Também é conhecido por valor presente (VP), valor atual (VA), valor des- contado ou present value (PV), sigla encontrada na maioria das calculadoras financeiras. Em uma aplicação ou em um empréstimo, maior capital inicial implica mais juros. 2.2.2 Juros (J) CONCEITO 2.3 Juro é a remuneração do capital emprestado. Da parte de quem paga, é uma despesa ou custo financeiro; da parte de quem recebe, é um rendimento ou renda financeira. Sinônimos: encargos, acessórios (do principal), rendimento, serviço da dívida. 2.2.3 Montante (S) CONCEITO 2.4 Montante é o saldo ou valor futuro (VF, Cn) de um empréstimo ou de uma aplicação financeira. É a s oma do capital aplicado ou emprestado mais os juros, expressa pela equação: S = P + J (2.1) Sinônimos: valor futuro (VF), valor de resgate (VR), future value (FV). Capítulo 2 Conceitos básicos 7 2.2.4 Prazo (n) CONCEITO 2.5 O prazo se refere ao período de tempo que dura o empréstimo ou a aplicação financeira. Maior tempo em um empréstimo implica maior quantia de juros. O tempo pode ser medido em diferentes unidades, como dias, meses, trimestres, anos, etc. O símbolo n também é utilizado para representar número de prestações. 2.2.5 Prestação (R) CONCEITO 2.6 Prestação se refere ao valor de pagamentos quando esses são feitos em um número maior do que a unidade. Sinônimos: pagamentos (PGTO), payment (PMT). 2.2.6 Taxa (i) O j uro é o elemento fundamental da Matemática Financeira. Entretanto, conhecer apenas o valor do juro não dá uma ideia completa do problema. Considere duas situações de aplicações feitas no mesmo período em que se obtêm R$ 200,00 de juros: na primeira, o capital emprestado é R$ 1.000,00; na segunda, o capital em- prestado é R$ 10.000,00. Em ambas as situações, os juros foram os mesmos: R$ 200,00. En- tretanto, na primeira situação, cada R$ 100,00 emprestados renderam R$ 20,00, enquanto na segunda renderam R$ 2,00. Por outro lado, os mesmos R$ 200,00 também poderiam ser obtidos de uma mesma aplicação em outras duas situações diferentes: após 1 mês de aplicação ou após 12meses. No- vamente, em ambas, os juros foram os mesmos: R$ 200,00. No entanto, na primeira situação, em apenas 1 mês de empréstimo, obteve-se a mesma quantia de juros que na segunda, que demorou 12 meses. Pode-se supor, então, que a primeira aplicação é 12 vezes mais rentável do que a segunda. Os juros crescem à medida que o principal aumenta, mas também crescem com o trans- correr do tempo. Essa dupla dependência dos juros cria uma dificuldade no seu cálculo. Para resolver a dupla dependência dos juros: CONCEITO 2.7 Define-se como taxa de juros o quociente entre o valor dos juros gerados no primeiro período (na unidade de tempo considerada) pelo valor do capital emprestado: A taxa de juros pode ser apresentada em dois formatos: taxa unitária ou taxa percentual. Exemplo: um empréstimo de R$ 1.000,00 rendeu juros de R$ 200,00 no primeiro mês: a.m. a.m. a.m. 8 Matemática Financeira Uma taxa unitária de 0,20 ao mês significa um juro de R$ 0,20 a cada R$ 1,00 de prin- cipal por mês de empréstimo. Uma taxa percentual de 20% ao mês significa um juro de R$ 20,00 a cada R$ 100,00 de principal por mês de empréstimo. Taxas percentuais são utilizadas no meio financeiro e nas calculadoras financeiras, en- quanto taxas unitárias são utilizadas em fórmulas. 2.3 Regra do b anqueiro As fórmulas da Matemática Financeira exigem compatibilidade entre as variáveis de tempo e taxa, isto é, se o tempo for medido em meses, a taxa utilizada deverá ser ao mês. Embora de intuitiva racionalidade, essa exigência nos obriga a seguir determinadas convenções. A mais utilizada é a regra do banqueiro (CISSELL; CISSELL, 1982, p. 23). Os dias de um empréstimo ou aplicação financeira de 01/02/2013 a 01/03/2013 podem ser contados de duas maneiras: • Contagem exata: 28 dias • Contagem aproximada: 30 dias Em ambos os casos, não se conta o primeiro dia e conta-se o último. Na contagem exata, consideram-se os dias efetivamente existentes. Na contagem aproximada, considera-se que todo mês tem 30 dias, independentemente de qual seja o mês. Um ano tem: • 365 dias, se for ano civil • 360 dias, se for ano comercial ou bancário Um mês tem: 30 dias Pela regra do banqueiro, todo ano é bancário, então uma taxa de juros de 20% ao ano significa que, a cada 360 dias corridos (contagem exata), uma aplicação financeira de R$ 100,00 rende R$ 20,00 de juros. Pela mesma regra do banqueiro, todo mês tem 30 dias, o que significa uma taxa de juros de 10% ao mês proporcionando que a cada 30 dias corridos (contagem exata) uma aplicação financeira de R$ 100,00 renda R$ 10,00 de juros. EXEMPLO 2.1 Seja uma aplicação financeira realizada no período que vai de 01/02/2013 a 01/03/2013 a uma taxa anual de 45% ao ano. Nesse caso, para tornar compatíveis as uni- dades de tempo e taxa, deseja-se encontrar a fração de ano que corresponde à aplicação. Pela regra do banqueiro, utiliza-se a combinação contagem exata e ano comercial ou bancário: EXEMPLO 2.2 Considere o período que vai de 01/03/2011 a 01/03/2012. Pela conta- gem exata, esse período tem 365 dias e todos os dias do período, exceto o primeiro, são considerados. Capítulo 2 Conceitos básicos 9 Se a taxa de juros for mensal, devemos transformar o período em meses: No caso de uma taxa de juros anual, devemos transformar o período em anos: 2.4 Precisão nos cálculos 2.4.1 Arredondamento Boa parte dos resultados dos cálculos financeiros é proveniente de frações. Algumas delas têm uma representação decimal finita, como é o caso de . Outras, entretanto, têm uma correspondência decimal infinita como 1.400 3 . Se o que estivermos pro- curando for um valor em reais, no primeiro caso a resposta seria R$ 70,00, precisamente. Já no segundo caso, temos um problema de precisão quanto à representação em reais, uma vez que nessa moeda é permitido somente até duas casas decimais. Assim somos forçados a “arredondar”a resposta para R$ 466,67, que é o número mais próximo da res- posta correta. Uma vez definido qual é o número de casas limite para a apresentação do resultado de um cálculo, deve-se proceder o arredondamento. Para arredondar, se o primeiro algarismo a ser eliminado for 5 ou maior, acrescenta-se 1 no último algarismo remanescente; se o primei- ro algarismo a ser eliminado for inferior a 5, despreza-se todos os algarismos após a última decimal do limite estabelecido. Exemplos de arredondamento para duas casas decimais: • 23,4685 é arredondado para 23,47 • 41,12497 é arredondado para 41,12 • 1,99499999 é arredondado para 1,99 • 9,00500000 é arredondado para 9,01 2.4.2 Precisão Para se obter o máximo de precisão nos resultados, devem ser evitados arredondamentos desnecessários, isto é, arredondamentos em cálculos intermediários. O arredondamento so- mente deve ser feito na resposta final. Uma das melhores maneiras de se evitar arredo nda- mentos intermed iários é valer-se dos recursos da calculadora fazendo os cálculos de forma sequencial. Por exemplo: × 100 pode ser feito de dois modos: a) e após 0, 67 × 100 = 67,00 ou b) ×× Com toda a certeza, a segunda opção é bem mais precisa do que primeira. A principal diferença entre as apções apresentadas é que, na primeira alternativa, houve um arredondamento em um dos cálculos intermediários (0,67), resultando em uma perda de precisão. 10 Matemática Financeira REGRA DE OURO Para se obter máxima precisão, não se deve arredondar em cálculos intermediários, apenas na resposta final. 2.5 Capitalização de juros CONCEITO 2.8 Denomina-se capitalização de juros o ato de adicionar juros ao capital. De acordo com a capitalização, os juros são classificados em: • Juros com capitalização discreta: geralmente períodos de tempo iguais ou superiores a mês. � Juros simples: os juros são calculados apenas com base no principal e cobrados ao final � Juros compostos: os juros são calculados com base no principal acrescido dos juros calculados em períodos anteriores • Juros contínuos1: os juros são acrescidos ao capital em intervalos infinitesimais de tem- po (FARO, 1990, p. 4). 1 Juros contínuos não são comuns na prática comercial ou bancária e, por essa razão, não serão desenvolvidos neste livro. O estudante interessado poderá aprofundar seu conhecimento em Faro (1990, p. 4) ou em Bueno, Rangel e Santos (2011, p. 15). Dica do professor A terminologia usada na Matemática Financeira é padronizada para a utilização nos cálculos financeiros. Conhecer os símbolos e fórmulas é essencial para calcular o valor do dinheiro no tempo e assim decidir qual é a melhor alternativa para o contexto organizacional. Na Dica do Professor, você irá conhecer a forma de interpretar os símbolos e fórmulas da Matemática Financeira. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/537790263d239ee31ea177829d187ca2 Exercícios 1) O que vale mais: R$ 100,00 hoje ou R$ 100,00 daqui a um ano? Se fizermos essa pergunta, aleatoriamente, para diversas pessoas, é provável que mais de 90% das respostas irão indicar a preferência para R$ 100,00, hoje. Podemos explicar esta preferência, devido a vários motivos, exceto: A) perda do poder aquisitivo da moeda, pela inflação. B) risco de não receber o dinheiro no futuro. C) impaciência para consumir bens ou serviços imediatamente D) outras opções de investimento com expectativa de lucro. E) queda no consumo hoje. 2) O que é a Matemática Financeira? Ela estuda a evolução do valor do dinheiro no tempo. Este estudo contempla equações que mostram a relação entre o valor de uma quantia de dinheiro no presente e o valor equivalente desta quantia no futuro. A MF calculará quanto rende um empréstimo a determinada taxa de juros. Neste cálculo, deve(m) constar: A) taxa de juros, tempo e valor presente. B) o montante esperado. C) o tempo da negociação. D) o valor presente. E) expectativa de inflação. 3) Sabemos que boa parte das
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