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Fraudes e plágios na ciência: a epidemia, o tratamento moralizador e seu fracasso Introdução: • Os três tipos principais de má conduta na ciência são a fabricação e a falsificação de dados e o plágio (designados pela sigla FFP). • Há vários outros tipos: auto-plágio, atribuição indevida de autoria (em artigos com vários autores) etc. A proliferação de desvios éticos que se observa nas últimas décadas já é frequentemente caracterizada como uma epidemia. Dada a ineficácia dos tratamentos disciplinares ou moralizadores, resta, para combater a epidemia, atacar as suas causas. Ou seja: suprimir ou amenizar as pressões produtivistas. • Má Conduta Científica: Segundo o Council of Science Editors: “má conduta em pesquisa” se aplica a toda atividade que envolva tratamento inadequado dos sujeitos envolvidos na pesquisa, ou manipulação proposital ou por negligência dos registros científicos de tal forma que não reflitam a verdade. • Robert Merton, o pai da Sociologia da Ciência, trata da ocorrência de fraudes e outras modalidades de violação das normas que regem as práticas científicas 1942 - 1957. • 1970 - Atualmente: Proliferação de desvios éticos na ciência ---> EPIDEMIA. • Conceitos: • Fraude e má conduta: • Eufemismo para não prejudicar a imagem da pesquisa científica. • Integridade da pesquisa: Observação das normas. • Principais Tipos de má conduta: • Fabricação de dados: Alegação de que procedimentos foram feitos, os dados foram obtidos sem que, de fato, fossem. • Falsificação de dados: Apresentação de dados, resultados e procedimentos de maneira imprecia , modificada ou incompleta. • Plágio: Uso do trabalho, textos ou ideias de outro sem os devidos créditos. • Outros tipos: • Auto - plágio, atribuição indevida de autoria, “práticas de pesquisa questionáveis” Escândalos, despublicações e programas detectores • Agora, citando alguns dos mais notórios casos de despublicações recentes, posso citar o exemplo da pesquisadora Japonesa Haruko Obokata, que, com um método aparentemente simples, afirmava a • obtenção de células tronco; • A falsa descoberta teve dois artigos publicados na revista Nature em janeiro de 2014, mas em seguida foi confirmado que era uma pesquisa fraudulenta, essa história terminou de uma forma trágica , o orientador de Obokata e co-autor dos artigos, Yoshiki Sasai, cometeu suicídio pouco tempo depois das descobertas da fraude. • Falando agora de um caso que aconteceu no Brasil, mais precisamente em São Paulo, que envolveu uma reitora da USP que atuava na época, Suely Vilela. O artigo foi publicado em 2008, e em 2009 houve uma denúncia do suposto plagio. • Em 2010, uma Comissão Processante Disciplinar da USP concluiu que de fato, aconteceu o plágio, porém, apenas dois dos co-autores foram penalizados, Suely Vilela negou ter envolvimento com as partes do artigo que continham práticas de más condutas. • Atualmente, existem programas que conseguem detectar plágios e auto-plágios, um destes programas é um chamado Déjá Vu, este programa conseguiu identificar mais de 70.000 artigos na Medline com trechos repetidos, desses 70.000 artigos, apenas 2100 artigos foram investigadosprofundamente, e 1900 foram despublicados. AS REAÇÕES À EPIDEMIA: COMUNIDADE CIENTÍFICA, ESTADO E OPINIÃO PÚBLICA. • A REAÇÃO À EPIDEMIA TEVE INÍCIO, DESENVOLVEU-SE E CONTINUA A DESENVOLVER-SE, EM UM PROCESSO MARCADO PELO CONFLITO ENTRE DUAS POSIÇÕES: MORALIZADORA E NEGACIONISTA. • ESTADOS UNIDOS: UMA REAÇÃO ESTATAL EM COMBATE E PROPAGAÇÃO DA “EPIDEMIA” DEVIDO A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA. • DOIS MARCOS NESSE PROCESSO ESTADUNIDENSE: - PROMULGAÇÃO DO HEALTH RESEARCH EXTENSION ACT (1985). - CONSOLIDAÇÃO DO OFFICE OF RESEARCH INTEGRITY (ORI), SUBORDINADO AO DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES (1992). • UMA REAÇÃO TARDIA EM OUTROS LUGARES DO MUNDO: - PUBLICAÇÃO DO GOOD SCIENTIFIC PRACTICE IN RESEARCH AND SCHOLARSHIP. - 1ST WORLD CONFERENCE ON RESEARCH INTEGRITY (LISBOA, 2007). - A SEGUNDA, TERCEIRA E QUARTA CONFERÊNCIAS ACONTECERAM RESPECTIVAMENTE EM 2010 (CINGAPURA), 2013 (MONTREAL), E 2015 (RIO DE JANEIRO). • BRASIL: • NO BRASIL A MOBILIZAÇÃO NÃO DECORREU DE AÇÕES DO ESTADO, NEM DE PRESSÕES DA OPINIÃO PÚBLICA, MAS SIM DE MEDIDAS TOMADAS POR GRUPOS DA PRÓPRIA COMUNIDADE CIENTÍFICA. • EM 2010 REALIZOU-SE NO RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO E PORTO ALEGRE, O I BRAZILIAN MEETING ON RESEARCH INTEGRITY, SCIENCE AND PUBLICATION ETHICS. • DISSEMOS QUE A REAÇÃO À EPIDEMIA NO BRASIL FOI ASSUMIDA POR GRUPOS DA COMUNIDADE CIENTÍFICA PORQUE, DE MANEIRA GERAL, A POSTURA DA COMUNIDADE TEM SIDO, MAJORITARIAMENTE, DE RESISTÊNCIA ÀS MEDIDAS MORALIZADORAS. NÃO UMA RESISTÊNCIA ATIVA, APOIADA EM ARGUMENTOS CONTESTADORES DA NECESSIDADE DE TAIS MEDIDAS, MAS UMA RESISTÊNCIA PASSIVA, UM “FAZER CORPO MOLE” DIANTE DAS PRESSÕES. • QUADRO CRONOLÓGICO, CUJO PRINCIPAL OBJETIVO É DAR UMA IDEIA DAS DIMENSÕES DA REAÇÃO À EPIDEMIA, COMO UM SINTOMA DE SUA GRAVIDADE.
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