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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

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LEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL
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2
Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
2ª edição
3
4
SUMÁRIO
Proteção Constitucional do Meio Ambiente _________________________ 05
Políticas Nacionais __________________________________________________ 21
Responsabilidades em matéria ambiental: civil, penal 
e administrativa _____________________________________________________ 38
Espaços Ambientalmente Protegidos _______________________________ 53
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
5
Proteção Constitucional do 
Meio Ambiente 
Autor: Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira 
Leitor crítico: Cristiane Ronchi de Oliveira
Objetivos
• Estudar a proteção constitucional ao meio ambiente.
• Conhecer as competências constitucionais em 
matéria ambiental.
• Analisar os princípios que norteiam o direito 
ambiental.
• Delinear a estrutura do Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (SISNAMA).
6
1. Proteção constitucional do meio ambiente
Nesta Leitura Digital, partimos da análise da proteção constitucional ao 
meio ambiente. Em primeiro lugar, é necessário caracterizar o conceito 
legal de meio ambiente conforme estabelecido no art. 3º, inciso I, da 
Lei n. 6.938, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente: “o conjunto 
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” 
(BRASIL, 1981).
Com efeito, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira Carta Magna 
brasileira a garantir um capítulo próprio para o meio ambiente (Título 
VIII, Capítulo VI). Ela faz uma abordagem sistemática, em que contempla 
um conjunto de comandos, obrigações e instrumentos para a efetivação 
e a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado. A partir 
dessa conjugação, pessoas físicas e jurídicas são norteadas para a 
observância dos aspectos concernentes à proteção ao meio ambiente.
Nesse sentido, dispõe o art. 225, caput1, da constituição brasileira:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. (BRASIL,1988)
No caput, encontramos a norma-matriz, isto é, o direito fundamental 
ao “meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Trata-se do cerne de 
toda a proteção ambiental, balizador para a elaboração e a execução 
das políticas públicas ambientais. Para tanto, passa-se a uma análise dos 
elementos que compõem o caput do art. 225 da Constituição.
1 Segundo o dicionário, caput significa enunciado de artigo de lei ou 
regulamento.
7
O pronome indefinido todos, significa que o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é um direito de todos, compreendendo os 
brasileiros natos, naturalizados e os estrangeiros residentes no país. 
Em uma compreensão mais abrangente, é possível integrar as futuras 
gerações, que igualmente estão protegidas pela norma-matriz, ou seja, 
devemos legar a elas um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Ao afirmar-se que “todos têm direito”, criou-se um direito público 
subjetivo, isto é, o exercício desse direito pode ser exercido ante aqueles 
que poluem e degradam o meio ambiente, sejam pessoas físicas ou 
pessoas jurídicas, privadas ou públicas (MELO, 2017). Entende-se “meio 
ambiente ecologicamente equilibrado” como um meio ambiente não 
poluído, que possui higidez e salubridade.
A expressão “bem de uso comum do povo”, significa que se trata de um 
bem jurídico autônomo, de titularidade difusa, indisponível e insuscetível 
de apropriação (MELO, 2017). Isto é, um bem jurídico de proteção para 
todas as pessoas.
A “sadia qualidade de vida” só pode ser alcançada com o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Observe que o constituinte associou o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado ao direito à vida, em especial 
à “sadia qualidade de vida”. Isso demonstra um direcionamento para o 
princípio estruturante do texto constitucional, a saber: “a dignidade da 
pessoa humana” (MELO, 2017).
Quando se afirma que é para as “presentes e futuras gerações”, cria-se 
a responsabilidade entre as gerações, de modo que possam receber o 
planeta com recursos naturais em condições de prover a sua existência.
No § 1º do art. 225, inciso I ao VII, da Constituição Federativa 
(BRASIL,1988) temos os instrumentos de garantia de efetividade 
do meio ambiente ecologicamente equilibrado, por meio de deveres 
8
estabelecidos para o Poder Público. Temos uma série de instrumentos e 
obrigações, a saber:
• “Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas” (BRASIL,1988, art. 
225, inciso I, CF).
• “Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação 
de material genético” (BRASIL,1988, art. 225, inciso II, CF). A 
primeira parte do dispositivo, concernente ao patrimônio genético, 
é regulamentado por meio da Lei n. 13.123/2015 que “dispõe sobre 
o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso 
ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de 
benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade” 
(BRASIL, 2015); e a parte final, quanto às entidades dedicadas à 
pesquisa com organismos geneticamente modificados (OGM) e 
seus derivados, pela Lei n. 11.105/2005 (BRASIL, 2005).
• É atribuição de Poder Público, interpretado como todos os entes 
federativos, definir os espaços territoriais e seus componentes a 
serem especialmente protegidos (BRASIL,1988, art. 225, inciso III, 
CF). Neste contexto, temos os seguintes espaços ambientalmente 
protegidos (Quadro 1):
Quadro 1 – Espaços ambientalmente protegidos e respectivas legislações
Espaço territorial Previsão legislativa
Unidades de Conservação Lei 9.985/2000.
Áreas de Preservação Permanente Art. 4º e art. 6º da Lei 12.651/2012.
Reserva Legal Art. 12 da Lei 12.651/2012.
Servidão Ambiental Art. 9-A da Lei 6.938/1981.
Fonte: elaborado pelo autor.
9
• “Exigir, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade proteção” 
(BRASIL,1988, art. 225, inciso IV, CF). Aqui, temos a previsão do 
estudo prévio de impacto ambiental e relatório de impacto sobre 
o meio ambiente, conhecido pela sigla EIA/RIMA.
• “Controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente” (BRASIL,1988, art. 
225, inciso V, CF). Nesse dispositivo, temos o controle do poluidor 
pelo Poder Público, ou seja, atividades que comportem riscos à 
saúde e ao meio ambiente devem ser regulamentadas pelo Poder 
Público, notadamente por autorizações e licenças para essas 
atividades.
• “Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e 
a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” 
(BRASIL,1988, art. 225, inciso VI, CF). A Política Nacional de 
Educação Ambiental foi regulamentada pela Lei n. 9.795/1999 
(BRASIL,1999).
• “Proteger a fauna e a flora, vedadas as práticas que coloquem em 
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies 
ou submetam os animais a crueldade” (BRASIL,1988, art. 225, 
inciso VII, CF). Essa determinação articula-se diretamente com 
a proteção aos animais, em especial a vedação de práticas 
consideradas cruéis, como as rinhas de galo e a farra do boi.
Entre os parágrafos § 2º e § 7º do art. 225, encontramos as 
determinações particulares. São temas que o constituinte entendeu 
e conferiu proteção constitucional singular, que serão regulamentados 
por diplomas legais específicos. Passamos à análise de cada um deles.
10
No § 2º, consigna-se que “aquele que explorar recursos minerais, fica 
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo comsolução técnica exigida pelo órgão público competente” (BRASIL,1988, 
art. 225, CF). Trata-se da presunção que atividades minerárias são 
degradadoras, o que impõe a recuperação indicada pelo órgão 
competente, o que se dá normalmente por meio de um documento 
chamado plano de recuperação de áreas degradadas.
No § 3º, observa-se que “as condutas e atividades consideradas lesivas 
ao meio ambiente, sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação 
de reparar os danos causados” (BRASIL,1988, art. 225, CF); vejamos as 
leis e decretos que tratam da responsabilidade ambiental (Figura 1):
Figura 1 – Responsabilidade em matéria ambiental
Fonte: elaborada pelo autor.
Audiodescrição: essa figura relaciona as três possibilidades de 
responsabilidade em matéria ambiental.
No § 4º, por sua vez, temos as macrorregiões consideradas patrimônio 
nacional, a saber: Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra 
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira (BRASIL,1988, 
art. 225, CF). Essas áreas receberam constitucionalmente uma proteção 
especial, de modo a preservação e uso racional de seus recursos 
naturais. Já no § 5º, a Constituição definiu a indisponibilidade das terras 
11
devolutas ou arrecadas pelo Estado quando necessárias à preservação 
dos ecossistemas naturais (BRASIL,1988, art. 225, CF).
Segundo o § 6º, “as usinas que operem com reator nuclear deverão 
ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas” (BRASIL,1988, art. 225, CF). Mesmo com a lei federal indicada, 
será necessário o licenciamento ambiental para as usinas nucleares; 
cujos exemplos são as instaladas em Angra dos Reis, no Estado do Rio 
de Janeiro.
O § 7º, por fim, versa sobre práticas desportivas que não são 
consideradas cruéis com os animais, como as práticas desportivas que 
“[...] sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta 
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial 
integrante do patrimônio cultural brasileiro [...] (BRASIL,1988, art. 225, 
CF). Leis específicas devem regulamentar essas práticas, de modo a 
garantir o bem-estar dos animais envolvidos (BRASIL,1988).
Com a análise dos deveres estabelecidos para o Poder Público 
e as determinações particulares para efetivar o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, estudaremos a seguir quais são as 
competências constitucionais em matéria ambiental, isto é, as 
atribuições de cada ente federativo na proteção ao meio ambiente.
2. Competências constitucionais em 
matéria ambiental
Denominam-se competências constitucionais o conjunto de atribuições 
conferidas constitucionalmente aos entes federativos União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios. Conhecê-las é fundamental para a 
compreensão das atribuições e responsabilidades de cada ente 
federativo.
12
As competências constitucionais em matéria ambiental estão 
disciplinadas entre os artigos 21 e 25 e no art. 30 da Constituição 
Federal (BRASIL, 1998). No sistema de repartição de competências 
constitucionais, duas são as divisões fundamentais: competência 
administrativa e competência legislativa. Por competência 
administrativa ou material, temos as atribuições de ações 
administrativas de cada ente federativo, os serviços e prerrogativas 
públicas de cada qual. Por competência legislativa ou legiferante, a 
possibilidade de edição de leis em matérias específicas.
Nas competências constitucionais em matéria ambiental, merece 
destaque a competência administrativa comum, do art. 23, e a 
competência legislativa concorrente, do art. 24. A competência 
administrativa comum, traz as atribuições que são desempenhadas por 
todos os entes, no que é chamado de federalismo cooperativo. Na área 
ambiental, elas estão disciplinadas no art. 23 da Constituição Federal, 
com destaque para os seguintes incisos: “proteger os documentos, 
as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos” 
(inciso III); “proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas” (inciso VI); e “preservar a fauna, a flora e as 
florestas” (BRASIL, 1988, art. 23, incisos III, VI e VII).
É preciso consignar que esses dispositivos foram regulamentados 
pela Lei Complementar n. 140/2011 (BRASIL, 2011), que disciplinou o 
exercício das atribuições administrativas de cada ente federativo.
A competência legislativa concorrente, por sua vez, é atribuída 
à União, aos Estados e ao Distrito Federal para editarem leis em 
matéria ambiental. Segundo o art. 24 da CF, compete a eles legislar 
concorrentemente sobre “florestas, caça, pesca, fauna, conservação 
da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição” (inciso VI); “proteção ao patrimônio 
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico” (inciso VII); 
13
“responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens 
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico” 
(inciso VIII) (BRASIL, 1988, art. 24, incisos VI, VII e VIII).
É preciso observar que na competência concorrente, a União edita 
normas gerais, para todo o país, por meio de uma lei federal; ao 
passo que os Estados-membros e Distrito Federal editam normas 
suplementares às normas gerais (BRASIL, 1988, art. 24, § 1º e § 2º, CF). 
Contudo, caso a União não edite a norma geral em uma área específica, 
os Estados passam a ter competência legislativa plena, editando uma lei 
estadual para atender as suas necessidades. Mas com a superveniência 
da lei federal com a norma geral, fica suspenso a eficácia da lei estadual 
naquilo que for contrário (BRASIL, 1988, art. 24, § 3º e § 4º, CF).
Por fim, é necessário relacionar que os municípios possuem 
competência legislativa em matéria ambiental pelo art. 30, inciso II, da CF 
(BRASIL, 1998), uma vez que podem suplementar a legislação federal e a 
estadual, no que couber.
3. Princípios do direito ambiental
O direito ambiental, por ter autonomia e singularidade, possui princípios 
próprios que norteiam tanto os intérpretes quanto os executores 
das normas ambientais. Vejamos os mais significativos princípios 
ambientais:
• Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado 
como direito fundamental: com previsão no caput do art. 
225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira 
dimensão; isto é, a efetivação dos direitos civis e políticos (primeira 
dimensão) e dos direitos econômicos, sociais e culturais (segunda 
14
dimensão), demanda a salvaguarda de um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado (MELO, 2017).
• Princípios do desenvolvimento sustentável e da solidariedade 
intergeracional: é necessário compatibilizar as atividades 
econômicas com a proteção ao meio ambiente, já que ambas são 
demandas constitucionais. Trata-se de conjugar o art. 170 (ordem 
econômica) com o art. 225 (meio ambiente), ambos da CF/88 
(BRASIL, 1988). Ademais, a proteção ambiental deve conjugar as 
necessidades dos presentes sem comprometer a possibilidade de 
atender as das futuras gerações.
• Princípio da função socioambiental da propriedade: o exercício 
do direito de propriedade, urbana ou rural, somente se legitima 
com o cumprimento da função socioambiental. Os critérios para o 
cumprimento da função social da propriedade urbana encontram-
se no plano diretor municipal (BRASIL, 1988, art. 182, § 2º, CF), 
enquanto o da função social da propriedade rural está no art. 186 
da Constituição Federal (BRASIL,1988) e versa sobre “utilização 
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente” (BRASIL, 1988, art. 186, inciso II, CF).
• Princípio da prevenção: é aplicável ao risco conhecido, ou 
seja, aquele identificado por meio de pesquisas e informações 
ambientais, porque já ocorreu anteriormente, como em 
uma atividade em queas degradações ambientais são de 
conhecimento geral (exemplo: mineração) (MELO, 2017). A 
essência do direito ambiental é eminentemente preventiva e as 
medidas de antecipação ocorrem por meio do estudo de impacto 
ambiental (EIA), do licenciamento ambiental, do poder da polícia 
ambiental etc.
• Princípio da precaução: é aplicável a situações e 
empreendimentos que envolvam o risco in abstracto, ou seja, 
15
aquele desconhecido, decorrente da ausência de informações 
objetivas ou pesquisas científicas conclusivas sobre a 
potencialidade e os efeitos de uma intervenção para o meio 
ambiente e a saúde humana (MELO, 2017). Nesses casos, temos 
a incerteza científica, o desconhecimento sobre os efeitos 
sobre o meio ambiente e a saúde pública e, portanto, de danos 
potenciais. Se houver dúvida sobre as consequências de uma 
intervenção, ela não deve ser feita, em aplicação do in dubio pro 
ambiente (na dúvida, decida pelo meio ambiente), ou seja, caberá 
ao empreendedor demonstrar a segurança de sua atividade ou 
empreendimento potencialmente perigoso para a saúde humana e 
ao meio ambiente.
• Princípio do poluidor-pagador: trata-se de um princípio de 
natureza econômica, que compreende a internalização dos 
custos ambientais no processo produtivo, isto é, que devem 
ser suportados pelo empreendedor (MELO, 2017). Cabe 
ao empreendedor adotar todas as medidas para evitar as 
externalidades ambientais negativas (efluentes líquidos e gasosos, 
resíduos sólidos etc.). Contudo, mesmo com essas medidas, 
caso o dano ocorra, o empreendedor será obrigado a repará-lo, 
já que a responsabilidade civil ambiental é objetiva. Observa-se 
que o empreendedor é responsável pelos custos de prevenção e 
reparação dos impactos ambientais de sua atividade econômica.
• Princípio do usuário-pagador: reconhece a necessidade de 
valoração econômica dos recursos naturais, por meio da cobrança 
pelo seu uso, evitando o uso imoderado que leva à escassez do 
bem ambiental. Exemplo de aplicação desse princípio é a cobrança 
do uso da água como insumo de processos produtivos, como na 
agricultura, indústria etc.
• Princípio do protetor-recebedor: concede benefícios econômicos, 
fiscais e tributários aos agentes que adotam medidas de proteção 
16
aos recursos naturais. Podemos enumerar alguns exemplos de 
aplicação do princípio do protetor-recebedor a servidão ambiental 
(BRASIL, 1981, art. 9-A, Lei n. 6.931); e o Imposto sobre Circulação 
de Mercadorias e Serviços (ICMS ecológico ou verde) adotado em 
alguns Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
• Princípio da informação ambiental: o acesso às informações 
sobre projetos públicos e privados que intervenham ou causem 
consequências ao meio ambiente e à saúde humana é um direito 
dos cidadãos. Como esses projetos afetam grupos de pessoas, 
comunidades e até regiões, é um direito conhecer os potenciais 
efeitos e consequências dessas intervenções. Além disso, 
esse princípio articula-se com o direito do consumidor, com a 
disponibilização de informações ambientais sobre a certificação 
(selo verde), origem (procedência) e consumo energético de 
produtos em circulação no mercado de consumo.
• Princípio da participação comunitária: permite o exercício 
dos mecanismos de participação pública, amplo e inclusivo, 
nos processos de decisão e questões que versem sobre o meio 
ambiente, em especial na elaboração das políticas públicas 
ambientais, especialmente na esfera administrativa (audiências, 
consultas públicas e recursos administrativos). No mesmo sentido, 
articula-se com a esfera judicial, junto ao Poder Judiciário (ação 
popular, ação civil pública etc.), e a esfera legislativa, por meio 
dos mecanismos de participação política (plebiscito, referendo e 
iniciativa popular de projeto de lei) (MELO, 2017).
• Princípio da cooperação: cooperar significa agir em conjunto, 
e, para o direito ambiental, a cooperação ocorre na esfera 
internacional e nacional. Na esfera internacional a proteção ao 
meio ambiente, é uma obrigação conjunta dos Estados, que atuam 
para a redução da pobreza e para o desenvolvimento sustentável. 
No âmbito interno, o Brasil adotou o federalismo cooperativo, de 
17
partilha de responsabilidades entre os entes federativos (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios) na proteção ao meio 
ambiente. Além disso, o caput do art. 225 da Constituição Federal 
estabelece a proteção ao meio ambiente como dever do Estado e 
da coletividade (BRASIL, 1998).
4. Sistema Nacional do Meio Ambiente
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é uma criação 
da Lei n. 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente 
(BRASIL,1981). Trata-se do conjunto de entes e órgãos da União, Estados, 
Distrito Federal, Municípios e suas respectivas administrações indiretas, 
responsáveis pela proteção, controle, monitoramento e melhoria da 
qualidade e da política ambiental no país. O SISNAMA estrutura-se da 
seguinte forma (Figura 2).
Figura 2 – Estrutura do SISNAMA
Fonte: elaborada pelo autor.
18
Vejamos qual a função de cada um desses órgãos de acordo com a 
Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL,1981, art. 6º, Lei n. 6.938):
• Conselho de Governo: é órgão superior do SISNAMA, “com a 
função de assessorar o Presidente da República na formulação 
da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio 
ambiente e os recursos ambientais” (BRASIL,1981, art. 6º, inciso I, 
Lei 6.938).
• Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): órgão 
consultivo e deliberativo, tem como “finalidade assessorar, 
estudar e propor, ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas 
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais 
e deliberar, no seu âmbito de sua competência, sobre normas 
e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida” (BRASIL,1981, 
art. 6º, inciso II, Lei n. 6.938).
• Ministério do Meio Ambiente (MMA): tem “a finalidade de 
planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, 
a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o 
meio ambiente” (BRASIL,1981, art. 6º, inciso III, Lei n. 6.938).
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (IBAMA): é um dos entes executores responsável 
pelas “políticas e diretrizes governamentais fixadas para o meio 
ambiente” (BRASIL,1981, art. 6º, inciso IV, Lei n. 6.938). O IBAMA é 
uma autarquia federal de regime especial, e tem como principais 
atribuições exercer o poder de polícia ambiental, executar ações 
das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições 
federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da 
qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e 
à fiscalização, monitoramento e controle ambiental.
19
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 
– Instituto Chico Mendes: órgão executor do SISNAMA, com 
competência para administrar as unidades de conservação 
federais previstas e criadas a partir da Lei n. 9.985/2000 
(BRASIL,1981, art. 6º, inciso IV, Lei n. 6.938). É uma autarquia 
federal de natureza especial, com autonomia financeira e 
administrativa.
• Órgão ambiental seccional: trata-se do órgão ambiental 
estadual (BRASIL,1981, art. 6º, inciso V, Lei n. 6.938). Entre as 
suas prerrogativas, destacam-se: o licenciamento ambiental 
de atividades e empreendimentos causadores de poluição e 
degradação ambientais, o exercício do poder de polícia ambiental, 
a proteção florestal, com responsabilidade pela autorização para 
a intervenção ou supressão de vegetação, a instituição da reserva 
legal florestal, a outorga de uso dos recursos hídricos em rios de 
seu domínio.
• Órgão ambiental local: é o órgão ambiental municipal 
(BRASIL,1981, art. 6º, inciso VI, Lei n. 6.938). Tem como atribuição 
o exercício do poder de polícia e o licenciamento ambiental de 
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras se, além de órgão 
ambiental capacitado, possuírem conselho demeio ambiente.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de 
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 2 set. 1981. Seção 
1, p. 16509.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 
1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituição.htm. Acesso em: 2 jan. 2020.
20
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, 
institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 28 de abr. de 1999. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos 
I, II, III, e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
Brasília, Distrito Federal, 19 jul. 2000. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos ii, iv e v 
do par. 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e 
mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente 
modificados – OGM e seus derivados. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito 
Federal, 28 mar. 2005. p. 1.
BRASIL. Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas nos termos 
dos incisos III, VI e VII do caput e parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal. 
Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 9 de dez. 2011. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso ii do § 1º e o § 
4º do art. 225 da Constituição Federal, o artigo 1, a alínea j do artigo 8, a alínea c do 
artigo 10, o artigo 15 e os §§ 3º e 4º do artigo 16 da Convenção sobre Diversidade 
Biológica; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o 
acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios 
para conservação e uso sustentável da biodiversidade. Diário Oficial da União, 
Brasília, Distrito Federal, 21 maio 2015. p. 1.
MELO, F. Direito Ambiental. 2 ed. São Paulo: Método. 2017.
21
Políticas Nacionais
Autor: Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira 
Leitor crítico: Cristiane Ronchi de Oliveira
Objetivos
• Analisar a Política Nacional de Meio Ambiente.
• Conhecer a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
• Estudar a Política Nacional de Recursos Hídricos.
• Entender a importância da Política Nacional de 
Educação Ambiental.
22
1. Política Nacional de Meio Ambiente
Considerando a abrangência territorial e o sistema federativo, a 
técnica legislativa brasileira para a disposição e regulação de temáticas 
concernentes ao meio ambiente é o estabelecimento de políticas 
nacionais, que são leis que estabelecem objetivos, diretrizes e 
instrumentos de atuação consoante o recorte correspondente.
Para tanto, estudaremos nessa unidade quatro políticas nacionais, 
a saber: a de Meio Ambiente, a de Resíduos Sólidos, a de Recursos 
Hídricos e a de Educação Ambiental. Com isso, tomaremos 
conhecimento de algumas das principais políticas em matéria ambiental 
no território nacional.
A Lei n. 6.938/1981 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente 
(PNMA), diploma central para a compreensão das questões ambientais. 
Trata-se da primeira lei a sistematizar a proteção ao meio ambiente no 
nosso país. A PNMA tem por objetivo geral a “preservação, a melhoria e 
a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, e busca assegurar 
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da 
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 
1981, art. 2º, caput, Lei n. 6.938).
A PNMA articula mecanismos à disposição da administração pública e 
dos particulares que visam, em linhas gerais, garantir o desenvolvimento 
com a preservação da qualidade do meio ambiente, padrões de 
qualidade ambiental, áreas prioritárias de proteção, o manejo de 
recursos ambientais, a preservação de recursos e sua utilização 
racional e a imposição de responsabilização para os degradadores 
(BRASIL, 1981). Um importante avanço da PNMA foi estabelecer a 
responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental (BRASIL, 1981), ou 
seja, para responsabilizar o poluidor, não se questione a culpa, mas tão 
somente a conexão de causalidade entre a conduta e o dano ambiental.
23
A PNMA estabelece instrumentos de efetivação de suas diretrizes 
e objetivos, que estão elencados em seu art. 9º (BRASIL, 1981). 
Passaremos à análise de cada um deles.
Com efeito, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, 
presente no art. 9º, inciso I, Lei n. 6.938 (BRASIL, 1981), é um 
procedimento utilizado pelo Poder Público para o controle da poluição 
nos diferentes compartimentos ambientais, onde são estipulados os 
limites máximos para emissão de poluentes e elaborados programas 
que garantem a qualidade do ar, das águas e do solo.
O zoneamento ambiental, presente no art. 9º, inciso II, Lei n. 6.938 
(BRASIL, 1981), é um instrumento regulamentado pelo Decreto n. 
4.297/2002 (BRASIL, 2002), com o nome de zoneamento ecológico-
econômico, que se reveste de mecanismo de organização do território, 
com a definição de espaços com prioridades, tanto de desenvolvimento 
econômico, quanto de proteção ambiental (BRASIL, 2002). Como 
norteador, o zoneamento pretende estabelecer uma gestão integrada 
das políticas territoriais, ambientais e de desenvolvimento em um 
determinado espaço, seja um município, uma região, um Estado-
membro, ou todo o Brasil.
A avaliação de impactos ambientais, presente no, art. 9º, inciso III, 
Lei n. 6.938 (BRASIL, 1981), conhecida pela sigla AIA, é um instrumento 
de planejamento e gestão ambiental aplicável em uma atividade ou 
empreendimento que, efetiva ou potencialmente, possa causar poluição 
ou degradação ambiental. A AIA conjuga os estudos ambientais. 
Contudo, não podemos confundir a AIA com o estudo de impacto 
ambiental e seu respectivo relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA). 
A AIA constitui o gênero de estudos ambientais e nela está incluso o 
próprio EIA, que é um dos elementos que o compõem (MELO, 2017).
Já o licenciamento ambiental, presente no art. 9º, inciso IV (BRASIL, 
1981), é um procedimento administrativo em que o órgão ambiental 
24
competente licencia as atividades efetiva ou potencialmente poluidoras 
e todas aquelas que, de algum modo, possam causar degradação 
ambiental (BRASIL, 1981). Atualmente, o licenciamento ambiental é 
regulamentado pela LC 140/2011 e por resoluções do Conama.
Os incentivos à produção e à instalação de equipamentos e à 
criação ou absorção de tecnologia voltados para a melhoria da 
qualidade ambiental, presente no art. 9º, inciso V, Lei n. 6.938 (BRASIL, 
1981), é instrumento pelo qual o Poder Público estabelece políticas 
de incentivos fiscais e econômicos para que a iniciativa privada efetue 
a instalação de equipamentos mais eficientes, com a adoção de 
tecnologias limpas, para minimizar os riscos ambientais da sua atividade.
A criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo 
Poder Público federal, estadual e municipal, presente no art. 9º, 
inciso VI, Lei n. 6.938 (BRASIL, 1981), é instrumento previsto pela PNMA 
que atualmente possui contornos legais e disciplina por meio da Lei n. 
9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
da Natureza (SNUC).
O Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente, 
presente no art. 9º, inciso VII, Lei n. 6.938 (BRASIL, 1981), conhecido 
pela sigla SINIMA, é responsável por organizar, sistematizar e divulgar 
as informações ambientais dos órgãos e entes integrantes do Sistema 
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Esse instrumento reúne o 
conjunto de informações dos órgãos ambientais.
O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de 
DefesaAmbiental, presente no art. 9º, inciso VIII, Lei n. 6.938 (BRASIL, 
1981) que:
Integra pessoas físicas e jurídicas que se dediquem à consultoria técnica 
sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de 
equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de 
25
atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. (BRASIL, 1981, art. 17, 
inciso VIII, Lei n. 6.938)
A PNMA dispõe como instrumento as penalidades disciplinares ou 
compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção da degradação ambiental, presente no art. 
9º, inciso IX, Lei n. 6.938 (BRASIL, 1981). Atualmente, esse dispositivo está 
afeto às questões atinentes, em especial, ao Decreto 6.514/2008, que 
dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e 
o processo administrativo federal (BRASIL, 2008).
Um instrumento que se vincula à produção, análise e avaliação 
de informações dos recursos ambientais disponíveis no país é a 
obrigatoriedade de instituição do Relatório de Qualidade do Meio 
Ambiente, presente no art. 9º, inciso X, Lei n. 6938 (BRASIL, 1981), sob 
a responsabilidade do IBAMA. Trata-se de uma análise periódica dos 
recursos ambientais no país.
No mesmo sentido, temos a garantia da prestação de informações 
relativas ao meio ambiente, em que se obriga o Poder Público a 
produzi-las, quando inexistentes, conforme o art. 9º, inciso XI, Lei n. 
6.938 (BRASIL, 1981). Dessa forma, obrigar o Poder Público a produzir 
informações ambientais quando inexistentes reflete o cumprimento de 
um direito público subjetivo. O cidadão tem o direito de ser informado, 
por exemplo, sobre a qualidade ambiental e sobre obras e atividades 
que possam causar poluição ou degradação ambiental e que, portanto, 
afetam o meio ambiente e a saúde humana (MELO, 2017).
Já o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras 
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais, conforme o art. 9º, inciso XII, 
Lei n. 6.938 (BRASIL, 1981) obriga as “pessoas físicas ou jurídicas que 
se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, 
produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente 
perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos 
26
da fauna e da flora” (BRASIL, 1981, art. 17, inciso II, Lei n. 6.938), a terem 
suas atividades cadastradas. Com vinculação a esse cadastro técnico, 
temos a Taxa de Fiscalização e Controle Ambiental (TCFA), “cujo fato 
gerador é o exercício regular do poder de polícia, conferido ao Ibama 
para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e 
utilizadoras de recursos naturais” (BRASIL, 1981, art. 17-B, Lei n. 6.938).
Por fim, temos os instrumentos econômicos da PNMA, com 
benefícios de natureza tributária e econômica para pessoas físicas e 
jurídicas, a saber:
a) Concessão florestal: regulamentada pela Lei n. 11.284/2006, que 
criou a gestão de florestas públicas. Essa modalidade de concessão, 
possui o seguinte conceito:
Delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar 
manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços 
numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em 
consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação 
e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por 
prazo determinado. (BRASIL, 2006, art. 3º, inciso VII, Lei n. 11.284).
b) Servidão ambiental: regulamentada pela PNMA, que dispõe que o:
Proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, 
por instrumento público ou particular ou por termo administrativo 
firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua 
propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os 
recursos ambientais existentes, instituindo a servidão ambiental. (BRASIL, 
1981, art. 9º-A, caput, Lei n. 6.938)
A servidão ambiental não é aplicável às áreas de preservação 
permanente e a reserva legal florestal (BRASIL, 2012). Como estas já 
são áreas protegidas, a servidão ambiental não pode ser instituída 
sobre elas.
27
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos
A Lei n. 12.305/2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS), com os princípios, objetivos e instrumentos relativos 
à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, bem 
como à responsabilidade dos geradores e do poder público (BRASIL, 
2010). Conforme descrito no art. 1º, § 1º, Lei n. 12.305, estão sujeitos à 
observância da PNRS as “pessoas físicas ou jurídicas, de direito público 
ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de 
resíduos sólidos e as que desenvolvem ações relacionadas à gestão 
integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos” (BRASIL, 2010).
Um aspecto importante desse diploma legal é conhecer o sentido de 
suas principais expressões.
Nesse sentido, considera-se como resíduos sólidos o:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades 
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe 
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou 
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas 
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de 
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou 
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. 
(BRASIL, 2010, art. 3º, inciso XVI, Lei n. 12.305).
Os resíduos podem ser classificados quanto a sua origem e a 
periculosidade. Dessa forma, quanto à origem, temos os resíduos: 
domiciliares, de limpeza urbana, sólidos urbano, de estabelecimentos 
comerciais e prestadores de serviços, dos serviços públicos de 
saneamento básico, industriais, de serviços de saúde, da construção civil, 
agrossilvopastoris, de serviços de transportes e de mineração. Quanto 
à periculosidade, observamos os resíduos perigosos e os não perigosos 
(BRASIL, 2010).
28
Os resíduos sólidos devem passar pela destinação final ambientalmente 
adequada, que consiste:
Na destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a 
compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras 
destinações admitidas pelos órgãos competentes, entre elas a disposição 
final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar 
danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos 
ambientais adversos. (BRASIL, 2010, art. 3º, inciso VII, Lei n. 12.305)
É preciso notar que a destinação final ambientalmente adequada é 
ampla e inclui a disposição final dos rejeitos (BRASIL, 2010). A propósito, 
os rejeitos são definidos como os:
Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de 
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e 
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a 
disposição final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010, art. 3º, inciso 
XV, Lei n. 12.305)
Isto é, rejeito é o resíduo sólido que não apresenta outra alternativa a 
não ser a disposição final ambientalmente adequada, como consta no 
art. 3º, inciso VIII, Lei n. 12.305, que é a “distribuição ordenada de rejeitos 
em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a 
evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os 
impactos ambientais adversos” (BRASIL, 2010).
Segundo o art. 9º, Lei n. 12.305, para a gestão e gerenciamento de 
resíduos sólidos, temos a seguinte ordem de prioridade que deve 
ser observada segundo a PNRS: “não geração, redução, reutilização, 
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final 
ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL, 2010).
Dessa forma, busca-se, primeiramente, não gerar resíduos sólidos; 
se esses forem gerados, espera-se que de modo reduzido. Em 
29
seguida, deve ser considerada a reutilização, ou seja, o “processo de 
aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, 
física ou físico-química” (art. 3º, inciso XVIII, Lei n. 12.305).Dessa forma, 
não há qualquer transformação do material, apenas se oferece um novo 
uso a um objeto. Por sua vez, a reciclagem é um:
Processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração 
de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à 
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e 
os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes. (BRASIL, 2010, art. 3º, 
inciso XIV, Lei n. 12.305)
O produto reciclado sofre transformação, e é recolado em uso e 
potencialmente comercializado. O tratamento, por sua vez, pode se dar 
por meio de técnicas aplicadas para tratar materiais orgânicos, ou pela 
recuperação e o aproveitamento energético, entre outras possibilidades 
(MELO, 2017). Por último, a disposição final que consiste, como vimos, na 
distribuição dos rejeitos em aterros.
Um conceito recorrente e importante na PNRS é o da coleta seletiva, 
que é a coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme 
sua constituição ou composição (BRASIL, 2010). Geralmente, o que é 
recolhido na coleta seletiva é reciclado. Uma vez que ela é estabelecida 
pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos, “os consumidores 
são obrigados na coleta seletiva a acondicionar adequadamente e de 
forma diferenciada os resíduos sólidos gerados” (BRASIL, 2010), de 
acordo com o texto do art. 35, inciso I, Lei n. 12.305) e a disponibilizá-
los, adequadamente, separando reutilizáveis e recicláveis seja para a 
coleta ou devolução. Ademais, o poder público pode instituir incentivo 
econômico a quem participar da coleta seletiva por meio de lei municipal 
(BRASIL, 2010).
O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis 
pela efetividade das ações voltadas a assegurar a observância da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos.
30
Nesse sentido, segundo o art. 15, Lei n. 12.305, observamos que 
cabe à União elaborar, “sob a coordenação do Ministério do Meio 
Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo 
indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada 4 
(quatro) anos” (BRASIL, 2010).
Nos termos previstos pela Lei n. 12.305/2010, cabe aos Estados 
elaborarem elaborar um plano estadual de resíduos sólidos, como 
condição para acesso aos recursos e incentivos federais quanto aos 
resíduos sólidos (BRASIL, 2010), como nos diz o art. 16, Lei n. 12.305. 
O plano estadual é vigente por “prazo indeterminado, abrangendo todo 
o território do Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e 
revisões a cada 4 (quatro) anos” (BRASIL, 2010, art. 17, Lei n. 12.305). 
Além do plano estadual de resíduos sólidos, os Estados poderão 
elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos, bem como planos 
específicos direcionados às regiões metropolitanas ou às aglomerações 
urbanas (BRASIL, 2010).
Quantos aos municípios, eles devem elaborar o plano municipal de 
gestão integrada de resíduos sólidos, condição para acesso aos recursos 
e incentivos federais quanto aos resíduos sólidos (BRASIL, 2010, art. 18, 
Lei n. 12.305). Observem que “para Municípios com menos de 20.000 
(vinte mil) habitantes, o plano municipal de gestão integrada de resíduos 
sólidos terá conteúdo simplificado” (BRASIL, 2010, art. 19, § 2º, Lei 
n. 12.305).
Quanto à responsabilidade do setor empresarial, temos a 
obrigatoriedade em elaborar planos de gerenciamento de resíduos 
sólidos para atividades com maior impacto ambiental (BRASIL, 2010, art. 
20, Lei 12.305), como construção civil, mineração, serviços de saúde e 
saneamento, dentre outros.
Sobre a responsabilidade pelos resíduos com a disponibilização 
adequada devemos considerar que foi instituída a responsabilidade 
31
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada 
de forma individualizada e encadeada, abrangendo “os fabricantes, 
importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os 
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de 
resíduos sólidos” (BRASIL, 2010, art. 3º, inciso XVII, Lei n. 12.305).
Uma das formas decorrentes dessa responsabilidade é o instituto da 
logística reversa, que é o:
Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por 
um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar 
a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para 
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra 
destinação final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010, art. 3º, inciso 
XII, Lei n. 12.305).
A logística reversa, estabelece a obrigatoriedade de retorno ao setor 
produtivo de produtos que provoquem riscos à saúde humana e 
ao meio ambiente. Pelo art. 33, caput, da Lei n. 12.305/2010, são 
obrigados a implementar e estruturar os sistemas de logística reversa os 
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos seguintes 
produtos: agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros 
produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; 
pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, 
lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, 
produtos eletroeletrônicos e seus componentes (BRASIL, 2010, art. 33, 
incisos I ao V, Lei n. 12.305).
No sistema de logística reversa, os consumidores devem “efetuar a 
devolução, após o uso do produto, aos comerciantes e distribuidores” 
(BRASIL, 2010, art. 33, § 4º, Lei n. 12.305/2010). Esses devolvem aos 
fabricantes ou importadores. E os últimos, oferecem a destinação 
ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens 
(BRASIL, 2010).
32
Por sua vez, a logística reversa pode ser ampliada aos “produtos 
comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e 
aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o 
grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos 
resíduos gerados” (BRASIL, 2010, art. 33, § 2º, Lei n. 12.305).
Quanto às atividades que geram ou operam com resíduos perigosos, a 
instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade:
Somente podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades 
competentes se o responsável comprovar, no mínimo, capacidade técnica 
e econômica, além de condições para prover os cuidados necessários ao 
gerenciamento desses resíduos. (BRASIL, 2010, art. 37, Lei n. 12.305)
3. Política Nacional de Recursos Hídricos
A Lei n. 9.433/1997 instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos 
(PNRH), que é o principal diploma na gestão das águas em nosso País. 
Nesse sentido, a PNRH possui os seguintes fundamentos, que norteiam 
a sua aplicação:
(i) a água é um bem de domínio público; (ii) a água como um recurso 
natural limitado, dotado de valor econômico; (iii) em situações de 
escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a 
dessedentação de animais; (iv) a gestão dos recursos hídricos deve sempre 
proporcionar o uso múltiplo das águas; (v) a bacia hidrográfica é a unidade 
territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos 
e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
(vi) a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a 
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. (BRASIL, 
1997, art. 1º, incisos I ao VI, Lei n. 9.433)
Nota-se, nesses fundamentos, a centralidade da água como um bem 
público e atribuição econômica, uma preocupação de valoração para 
33
obter o uso sustentável e financiar os projetos que envolvam os 
recursos hídricos. Para efetivar esses fundamentos, a Política Nacional 
de Recursos Hídricos possui instrumentos, dos quais destacamos os 
principais.
O primeiro deles são os Planos de Recursos Hídricos, que “são planos 
diretores que visam fundamentar e orientar a implementação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos” 
(BRASIL, 1997, art. 6º, Lei n. 9.433). “São planos de longo prazo, com 
horizonte de planejamento compatível com o período de implantaçãode 
seus programas e projetos” (BRASIL, 1997, art. 7º, Lei n. 9.433) e “serão 
elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País” (BRASIL, 
1997, art. 8º, Lei n. 9.433).
Já o enquadramento dos corpos de água em classes é o instrumento 
que busca assegurar às águas qualidade compatível com os usos 
mais exigentes a que forem destinadas, além de diminuir os custos 
de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas 
permanentes (BRASIL, 1997, art. 9º, Lei n. 9.433).
A outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos é uma manifestação 
do exercício do poder de polícia (MELO, 2017); sua natureza jurídica é de 
autorização administrativa. A outorga dos direitos de uso dos recursos 
hídricos, não tem como consequência a alienação parcial das águas, 
que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso (BRASIL, 1997, 
art. 17, Lei n. 9.433). O regime de outorga de direitos de uso de recursos 
hídricos, tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e 
qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso 
à água (BRASIL, 1997, art. 11, Lei n. 9.433).
Conforme a PNRH os usos de recursos hídricos que se sujeitam a 
outorga são:
34
(i) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de 
água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de 
processo produtivo; (ii) extração de água de aquífero subterrâneo para 
consumo final ou insumo de processo produtivo; (iii) lançamento em 
corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados 
ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; (iv) 
aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e, outros usos que alterem 
o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de 
água. (BRASIL, 1997, art. 12, caput, Lei n. 9.433)
Por sua vez, em alguns casos o uso independe de outorga, tais como: o 
uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de 
pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural, assim como 
as derivações, captações, lançamentos e a as acumulações considerados 
insignificantes (BRASIL, 1997, art. 12, § 1º, Lei n. 9.433).
De acordo com a PNRH, a outorga pode ser suspensa, total ou parcial, 
por prazo determinado ou indeterminado nos seguintes casos:
(i) quando não houver o cumprimento pelo outorgado dos termos 
da outorga; (iii) na ausência de uso por três anos consecutivos; (iii) na 
necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, 
inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; na necessidade 
de prevenir ou reverter grave degradação ambiental; (iv) na necessidade 
de atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se 
disponham de fontes alternativas; (v) na necessidade de serem mantidas 
as características de navegabilidade do corpo de água. (BRASIL, 1997, art. 
15, Lei n. 9.433)
Por fim, registra-se que o prazo de validade de uma outorga não pode 
exceder a 35 anos, mas é permitido a sua renovação (BRASIL, 1997, art. 
17, Lei n. 9.433).
Outro instrumento da PNRH é a cobrança pelo uso de recursos 
hídricos, que procura efetivar a água como um bem econômico. Os 
objetivos desses instrumentos estão no art. 19 da PNRH, e incluem o 
35
reconhecimento da água como bem econômico e, portanto, conferir ao 
seu usuário uma indicação de seu real valor; o incentivo à racionalização 
do uso da água; e a obtenção de recursos financeiros para o 
financiamento dos programas e intervenções concernentes aos planos 
de recursos hídricos (BRASIL, 1997, art. 19, Lei n. 9.433).
Por fim, é importante consignar que toda dinâmica da PNRH tem 
como unidade territorial a bacia hidrográfica e a gestão se dá 
fundamentalmente por meio dos comitês de bacia hidrográfica, 
que devem promover o debate das questões relacionadas a 
recursos hídricos, arbitrar, em primeira instância administrativa, os 
conflitos relacionados aos recursos hídricos, dentre outros aspectos 
(BRASIL, 1997).
4. Política Nacional de Educação Ambiental
A Lei n. 9.795/1999 (BRASIL, 1999), instituiu a Política Nacional de 
Educação Ambiental (PNEA), instrumento fundamental para que 
se alcance a compreensão da importância de um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado.
Mas como definir educação ambiental? A PNEA definiu educação 
ambiental da seguinte forma:
Processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem 
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências 
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do 
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 
1999, art. 1º, Lei n. 9.795)
Ademais, a educação ambiental é um componente essencial e 
permanente da educação nacional (BRASIL, 1999, art. 2º, Lei n. 9.795). 
Por essa relevância, garantiu a educação ambiental como um direito de 
36
todos, com incumbências ao Poder Público, às entidades educacionais, 
às entidades públicas e privadas, aos meios de comunicação e à 
sociedade em geral (BRASIL, 1999, art. 3º, Lei n. 9.795).
Devemos nos lembrar que a educação ambiental deve ser desenvolvida 
como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos 
os níveis e modalidades do ensino (BRASIL, 1999). Por meio dela, com o 
seu enfoque humanista e holístico, teremos a possibilidade da formação 
de uma consciência crítica sobre os problemas ambientais e sociais, 
e o fortalecimento da cidadania (BRASIL, 1999). Portanto, a educação 
ambiental é um componente essencial para a consecução de um meio 
ambiente ecologicamente equilibrado.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de 
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 2 set. 1981. Seção 
1, p. 16509.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de 
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal. Diário Oficial da 
União, Brasília, Distrito Federal, 9 jan. 1997. Seção 1, p. 470.
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, 
institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 28 abr. 1999. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos 
I, II, III, e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
Brasília, Distrito Federal, 19 jul. 2000. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002. Regulamenta o art. 9º, inciso II, da 
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento 
Ecológico-Econômico do Brasil–ZEE, e dá outras providências. Diário Oficial da 
União, Brasília, Distrito Federal, 11 jul. 2002. Seção 1, p. 6.
BRASIL. Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas 
públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do 
37
Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro–SFB; cria o Fundo Nacional de 
Desenvolvimento Florestal–FNDF; altera as Leis nºs 10.683, de 28 de maio de 2003, 
5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 
de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro 
de 1973; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 
3 mar. 2006. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Dispõe sobre as infrações e 
sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo 
federal para apuração destas infrações, e dá outras providências. Diário Oficial da 
União, Brasília, Distrito Federal, 23 jul. 2008. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional deResíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 3 ago. 2010. 
Seção 1, p. 2.
BRASIL. Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas nos termos 
dos incisos III, VI e VII do caput e parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal. 
Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 9 de dez. 2011. Seção 1, p. 1.
MELO, Fabiano. Direito Ambiental. 2. ed. São Paulo: Método. 2017.
38
Responsabilidades em matéria 
ambiental: civil, penal e 
administrativa
Autor: Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira 
Leitor crítico: Cristiane Ronchi de Oliveira
Objetivos
• Compreender a tríplice responsabilidade em matéria 
ambiental.
• Analisar a configuração do dano ambiental e suas 
modalidades.
• Conhecer as responsabilidades e estar apto para 
compreender seus processos e sanções.
39
1. Responsabilidade Civil Ambiental
A Constituição de 1988, trouxe uma tríplice responsabilidade em matéria 
ambiental: civil, penal e administrativa. Consoante o art. 225, § 3º, da 
CF, na ocorrência de condutas ou atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente, os responsáveis, que podem ser pessoas físicas ou 
jurídicas, estarão sujeitos à aplicação de sanções de natureza penal e 
administrativa, sem prejuízo da obrigação de reparar os danos causados 
(BRASIL, 1988).
No que tange à responsabilidade civil ambiental, trata-se daquela 
que impõe a obrigatoriedade de reparar os danos causados ao meio 
ambiente. Ela apruma-se nos princípios da prevenção, do poluidor-
pagador, da solidariedade intergeracional e da reparação integral. 
Prevenção, porque essa é a essência da proteção ao meio ambiente; 
poluidor-pagador porque o empreendedor é responsável pelos danos 
oriundos de suas atividades econômicas. Solidariedade intergeracional, 
porque o dano ambiental conjuga os seus efeitos deletérios para as 
presentes e futuras gerações. Por fim, reparação integral, pela obrigação 
de retornar o mais próximo possível da configuração original antes da 
ocorrência do dano, em todas as variantes atingidas (MELO, 2017).
Para a discussão sobre a responsabilidade civil é necessário a análise 
sobre a configuração do dano ambiental. Relaciona-se, em primeiro 
plano, que não há uma definição de dano ambiental no ordenamento 
jurídico brasileiro. Contudo, temos dois conceitos correspondentes: 
degradação da qualidade ambiental e poluição, que auxiliam 
na compreensão e formação conceitual para dano ambiental. A 
degradação da qualidade ambiental consiste na “alteração adversa das 
características do meio ambiente” (BRASIL, 1981, art. 3º, inciso II, Lei 
6.938). Por sua vez, a poluição é “a degradação da qualidade ambiental 
resultante de atividades que direta ou indiretamente” afetem o meio 
40
ambiente e as atividades humanas (BRASIL, 1981, art. 3º, inciso III, Lei 
n. 6.938).
A partir desses conceitos legais, a doutrina propõe definições para dano 
ambiental. Conforme Morato Leite e Ayala (2010), dano ambiental é 
definido como a lesão intolerável causada por qualquer ação humana 
(culposa ou não) que afete o equilíbrio ecológico e a sadia qualidade 
de vida. Para Milaré (2008), dano ambiental é aquele que causa “lesão 
aos recursos ambientai, com consequente degradação do equilíbrio 
ecológico e da qualidade de vida” (MILARÉ, 2008, p. 810). A partir dessas 
conceituações doutrinárias, temos as classificações para dano ambiental. 
Dois são as principais: (i) dano ambiental quanto a extensão do bem 
protegido; (ii) dano ambiental quanto a extensão do dano ambiental.
Quanto à extensão do bem protegido é possível classificar do seguinte 
modo (MELO, 2017):
• Dano ambiental lato sensu (em sentido amplo): aquele afeta os 
interesses difusos da coletividade e, como tal, os componentes do 
meio ambiente (natural, cultural, artificial).
• Dano ecológico puro (também chamado de dano ecológico per se, 
dano ecológico contra a natureza ou dano ecológico stricto sensu): 
atinge exclusivamente os ecossistemas, os próprios bens da 
natureza, ou seja, apenas o meio ambiente natural (fauna e flora).
• Dano individual, reflexo ou em ricochete: afeta interesses 
próprios, por exemplo: lesões à saúde, ao patrimônio e à atividade 
econômica de um particular.
No que tange à extensão do dano, divide-se em (MELO, 2017):
Dano patrimonial: é o dano físico, material, com a perda ou deterioração 
dos bens da vítima; e Dano extrapatrimonial ou moral ambiental: é aquele 
ofende valores imateriais, reduzindo o bem-estar, a qualidade de vida do 
41
indivíduo, da coletividade ou atingindo o valor intrínseco do bem. (MELO, 
2017, p. 375)
Nota-se, assim, que o dano ambiental possui caráter multifacetário, ou 
seja, afeta tanto o ambiente, quanto os interesses da pessoa humana, 
em suas dimensões patrimonial e extrapatrimonial.
Com a ocorrência do dano ambiental, faz-se necessário à sua reparação, 
que deve ser integral. Duas são as modalidades de reparação do dano 
ambiental: a reparação específica e a indenização pecuniária. A doutrina, 
por sua vez, considera outra modalidade: a compensação ecológica. 
A reparação específica, deve ser sempre a modalidade principal; na 
impossibilidade, parte-se para as hipóteses da compensação ecológica 
ou indenização pecuniária. Vejamos o delineamento de cada uma delas 
(MELO, 2017):
• Reparação específica (in natura): trata-se daquele local específico 
em que ocorreu o dano ambiental, e nele, busca-se o retorno do 
equilíbrio ecológico (ou pelo menos uma situação próxima).
• Compensação ecológica: consiste na substituição do bem lesado 
por outro equivalente em que seja possível a reparação.
• Indenização pecuniária: consiste no pagamento em dinheiro, em 
que os valores arrecadados são destinados para um fundo de 
direitos difusos.
Pode-se questionar se há possibilidade de cumulação dessas formas 
de reparação. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos da Lei n. 
7.347/85 (BRASIL, 1985), que disciplina a ação civil pública, decidiu que 
quando se fizer necessário, é possível que em uma ação judicial, em face 
daquele que causou danos ambientais, se imponha tanto a obrigação 
de reparar os danos causados, quanto de uma indenização pecuniária. 
Outro aspecto importante é que as ações para a reparação de danos 
ambientais são imprescritíveis, isto é, podem ser ajuizadas em face do 
42
degradador a qualquer tempo, não importando se o dano ocorreu há 
alguns meses ou mesmo há anos.
Por fim, o conceito de poluidor, que segundo a Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), é “a pessoa física ou jurídica, de 
direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividade causadora de degradação ambiental” (BRASIL, 1981, art. 3º, 
inciso IV, Lei n. 6.938). Nessa definição, temos a figura do poluidor 
direto, que é aquele que causou efetivamente o dano ambiental. Já o 
poluidor indireto, é a pessoa que contribuiu para a ocorrência de uma 
degradação ambiental, como uma instituição financeira que emprestou 
recursos para um empreendimento ou atividade que veio a causar 
degradação ambiental (MELO, 2017).
Com relação à sua natureza jurídica, a responsabilidade civil 
é objetiva e solidária. Assim, “o poluidor é obrigado, independentemente 
da existência de culpa”, a reparar o dano ambiental (BRASIL, 1981, 
art. 14, §1º, Lei n. 6.938). Trata-se da responsabilidade objetiva. Ela é 
solidária porque todos os responsáveis respondem pelo dano ambiental. 
A Figura 1 traz uma representação da responsabilidade civil.
Figura 1 – Elementos da responsabilidade civil ambiental
Fonte: elaborada pelo autor.
43
Verifica-se, assim, que entre a conduta e o dano ambiental é preciso a 
existência de um elemento fundamental: o nexo de causalidade, que é a 
ligação entre eles. Com o nexo, surge a responsabilidade civil, ou seja, a 
obrigação de reparar os danos causados ao meio ambiente.
Na responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental, adota-se a 
teoria do risco integral,em que a simples existência da atividade ou 
empreendimento é equiparada à causa do dano e, portanto, não se 
admitem excludentes ou atenuantes. Ou seja, circunstâncias como força 
maior (raios, furacões, tempestades etc.) ou caso fortuito (rompimento 
de um duto em uma empresa, greve etc.) não elidem a obrigação 
de reparar os danos causados ao meio ambiente. Por exemplo, um 
raio que atinja uma área da fábrica ou o rompimento de estruturas 
de uma empresa, ambas causando danos ambientais, não afastam 
a responsabilidade dos respectivos em reparar os danos causados. 
Com a adoção da teoria do risco integral, como o próprio nome indica, 
a responsabilidade é integralmente daquelas que desempenham 
atividades de risco.
2. Responsabilidade penal ambiental
Para a esfera penal, foi editada a Lei n. 9.605/1998, conhecida 
como Lei de Crimes Ambientais (BRASIL, 1998). Esta, disciplinou a 
responsabilidade penal em matéria ambiental de pessoas físicas e 
jurídicas, estabelecendo crimes e sanções.
Com efeito, a Lei de Crimes Ambientais, em seu art. 2º, primeira parte, 
estabelece que a pessoa que, de qualquer forma, concorre para a 
prática dos crimes previstos no referido diploma legal, incorre nas penas 
respectivas, conforme a sua culpabilidade (BRASIL, 1998). Já a segunda 
parte do mesmo artigo, observa a possibilidade de pessoas físicas 
responderem por omissão nos crimes ambientais, “como o diretor, o 
44
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o 
gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica” (BRASIL, 1998, 
art. 2º, Lei n. 9.605). Para exemplificar: um diretor de uma empresa que, 
com o conhecimento da conduta criminosa de outra pessoa, deixar de 
impedir a sua prática, quando tinha poderes de ação que poderia evitá-
la, estará passível de ser responsabilizado.
Uma importante novidade da Lei de Crimes Ambientais é a previsão 
da responsabilidade penal da pessoa jurídica. Para configurá-la, é 
necessário a observância de dois requisitos: (i) que a infração seja 
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado, (ii) no interesse ou benefício do ente moral (BRASIL, 
1998, art. 3º, caput, Lei n. 9.605). Esses requisitos são conjugados, sendo 
que a ausência de um ou outro afasta a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica.
Em eventual responsabilização penal, as penas podem ser aplicadas 
isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas (BRASIL, 
1998, art. 21, caput, Lei n. 9.605); são elas:
I. Multa: que será calculada de acordo com as regras do Código 
Penal, uma vez que a Lei n. 9.605/1998 não estabeleceu regra 
específica para o cálculo da sanção pecuniária aplicada à pessoa 
jurídica (BRASIL, 1998).
II. Restritivas de direitos, a saber: “suspensão parcial ou total 
das atividades” (aplicável quando a pessoa jurídica não estiver 
obedecendo às disposições legais ou regulamentares relativas 
à proteção do meio ambiente); “interdição temporária de 
estabelecimento, obra ou atividade” (aplicada quando o 
estabelecimento, obra ou atividade funcionar sem a devida 
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação 
de disposição legal ou regulamentar); “proibição de contratar com 
o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações” 
(não pode exceder o prazo de dez anos, independentemente de 
45
se tratar de crime culposo ou doloso) (BRASIL, 1998, art. 22, Lei 
n. 9.605).
III. Prestação de serviços à comunidade: pode ser por meio de 
“custeio de programas e de projetos ambientais; execução de 
obras de recuperação de áreas degradadas; manutenção de 
espaços públicos; ou contribuições a entidades ambientais ou 
culturais públicas” (BRASIL, 1998, art. 23, Lei n. 9.605).
Não há a aplicação da pena privativa de liberdade, não cabível à pessoa 
jurídica por ser incompatível com a natureza do ente moral.
No que tange às penas aplicáveis às pessoas físicas, temos:
I. Privativas de liberdade: que é a pena de detenção (para as penas 
mais leves) e a de reclusão (para as penas mais severas). As 
privativas de liberdade estão disciplinadas entre os artigos 29 e 
69-A, da Lei de Crimes Ambientais, de acordo com a natureza do 
crime (BRASIL, 1998).
II. Multa: “será calculada segundo critérios do Código Penal; caso seja 
ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, pode ser aumentada 
até três vezes” (BRASIL, 1998, art. 18, Lei n. 9.605).
III. Restritivas de direito: “são autônomas e substituem as privativas 
de liberdade quando: tratar-se de crime culposo ou for aplicada a 
pena privativa de liberdade inferior a 04 anos”; ou quando a:
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, assim como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem 
que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção 
do crime. (BRASIL, 1998, art. 7º, Lei n. 9.605)
A propósito, são espécies de penas restritivas de direitos, segundo a Lei 
de Crimes Ambientais: a “prestação de serviços à comunidade (consiste na 
atribuição ao condenado de tarefas gratuitas” que devem ser cumpridas 
em parques, jardins públicos e unidades de conservação, ou podem 
ainda consistir na restauração de coisa particular, pública ou tombada 
46
danificada, se possível) (BRASIL, 1998, art. 9º, Lei n. 9.605); a interdição 
temporária de direitos (proibição de “contratar com o Poder Público, de 
receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como 
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes 
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos”) (BRASIL, 1998, art. 10, 
Lei n. 9.605); suspensão parcial ou total de atividades (“aplicada quando 
as atividades não estiverem obedecendo às prescrições legais”) (BRASIL, 
1998, art. 11, Lei 9.605); prestação pecuniária (“pagamento em dinheiro 
à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, 
fixada pelo juiz, não inferior a 01 salário mínimo nem superior a 360 
salários mínimos”) (BRASIL, 1998, art. 12, Lei n. 9.605); recolhimento 
domiciliar, onde:
o condenado deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer 
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga 
em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, 
conforme estabelecido na sentença condenatória. (BRASIL, 1998, art. 13, 
Lei n. 9.605)
A Lei de Crimes Ambientais confere a possibilidade de suspensão 
condicional da pena, conhecido pela palavra sursis, “a ser aplicada nos 
casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três 
anos” (BRASIL, 1998, art. 16, Lei n. 9.605). Significa dizer que, é um direito 
do réu ter a pena suspensa quando a condenação não for superior a três 
anos, mas nesse caso deverá observar as condições impostas pelo juízo.
Por fim, em conjugação com as tipificações penais e as penas 
correspondentes, o art. 27 da Lei n. 9.605 estabelece a reparação dos 
danos ambientais como exigência na sentença penal condenatória, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio 
ambiente (BRASIL, 1988). Inclusive nos crimes de menor potencial 
ofensivo, a suspensão do processo depende de laudo de constatação 
de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade (BRASIL, 
1988). Constata-se, portanto, que a aplicação das sanções penais não 
47
desobriga a reparação dos danos ambientais, o que demonstra a sua 
importância no sistema jurídico brasileiro.
3. Responsabilidade administrativa ambiental
A responsabilidade administrativa ambiental encontra-se prevista entre 
os artigos 70 e 76 da Lei n. 9.605/1998, com regulamentação por meio 
do Decreto 6.514/2008, que disciplinou as infrações administrativas 
em espécie e o processo administrativo ambiental federal. Os estados-
membros devem possui diploma legal próprio para o processo 
administrativo em infrações no âmbito estadual.
A responsabilidade administrativa, quanto à sua natureza jurídica, é 
subjetiva, isto é, deve ser demonstrada a culpabilidade(dolo ou culpa) 
do agente infrator e o nexo de causalidade. É preciso ficar atento a esse 
aspecto, que é distinto da responsabilidade civil, a qual é objetiva.
O exercício das atribuições concernentes à responsabilidade 
administrativa, como a lavratura de auto de infração em caso de 
cometimento de infração administrativa e a instauração do processo 
administrativo ambiental, são de competência das autoridades dos 
“órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(SISNAMA), designados para as atividades de fiscalização, bem como os 
agentes das Capitanias dos Portos, da Marinha brasileira” (BRASIL, 1998, 
art. 70, § 1º, Lei n. 9.605).
Para configurar responsabilização na esfera administrativa, é 
necessário que o agente, pessoa física ou jurídica, cometa uma infração 
administrativa ambiental, que é “toda ação ou omissão que viole as 
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do 
meio ambiente” (BRASIL, 1998, art. 70, caput, Lei n. 9.605). A tipificação 
48
das infrações administrativas, que é o detalhamento das condutas 
vedadas administrativamente, encontra-se no Decreto n. 6.514/2008.
Com o cometimento da infração administrativa, o agente autuante do 
órgão ambiental competente, lavra um auto de infração, com a aplicação 
de uma sanção, que normalmente inclui a multa, ou seja, um valor 
definido normativamente para compensar a conduta infracional.
Em seguida, a unidade administrativa do órgão ambiental responsável 
procede à autuação processual e aos procedimentos decorrentes das 
etapas do processo administrativo ambiental, com as fases de defesa, 
julgamento e recursos. Atualmente, no âmbito da administração 
pública, é estimulada, após a lavratura do auto de infração de uma 
audiência de conciliação, em que se verifica a possibilidade de acordo 
no cumprimento das obrigações ambientais. Em caso de insucesso da 
conciliação, o autuado possui, segundo o art. 71, inciso I, da Lei n. 9.605, 
o prazo de 20 (vinte) dias para apresentar a sua defesa ou impugnação, 
contados da data da ciência do auto (BRASIL, 1998). O julgamento deverá 
ocorrer, consoante o art. 71, inciso II, da Lei 9.605, no prazo de 30 dias, 
contados da data da lavratura do auto de infração (BRASIL, 1998). Caso 
a administração pública não consiga julgar nesse prazo, não há que se 
falar em nulidade do procedimento, ou seja, trata-se de um prazo de 
referência, que não é impositivo.
Com a decisão da autoridade julgadora do auto de infração, dispõe o art. 
71, inciso III, da Lei n. 9.605, que o autuado poderá recorrer no prazo de 
20 (vinte) dias para a autoridade superior (BRASIL, 1998). Se confirmada 
em decisão final, tem-se a obrigatoriedade de cumprir a sanção, que 
normalmente envolve o pagamento de multas (BRASIL, 1998). O não 
pagamento, implica na inscrição no cadastro de inadimplentes e o 
ajuizamento de ação judicial para a execução dos valores devidos à 
Administração Pública.
49
A propósito, as sanções aplicadas em caso de cometimento de uma 
infração administrativa ambiental, segundo o art. 72 da Lei n. 9.605/1998 
e regulamentação no Decreto n. 6.514/2008, são as seguintes:
I. Advertência: aplicada às infrações de menor lesividade ao meio 
ambiente, “consideradas aquelas em que a multa máxima 
cominada não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais)” 
(BRASIL, 2008, art. 5º, Decreto n. 6.514/2008).
II. Multa simples: o valor da multa é de, no mínimo, R$ 50,00 e, no 
máximo, de R$ 50 milhões (BRASIL, 1998).
III. Multa diária: é necessário que o cometimento da infração se 
prolongue no tempo (BRASIL, 1998). O valor da multa-dia, não 
pode ser inferior a R$ 50,00 e o máximo não pode ser superior a 
10% do valor da multa simples máxima cominada para a infração 
administrativa ambiental (BRASIL, 2008).
IV. “Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer 
natureza utilizados na infração” (BRASIL, 1998, art. 72, inciso IV, Lei 
n. 9.605).
V. Destruição ou inutilização do produto (BRASIL, 2008).
VI. Suspensão de venda e fabricação do produto: “evitar a colocação 
no mercado de produtos e subprodutos oriundos de infração 
administrativa ao meio ambiente ou que tenha como objetivo 
interromper o uso contínuo de matéria-prima e subprodutos de 
origem ilegal” (BRASIL, 2008, art. 109, Decreto n. 6.514).
VII. Embargo de obra ou atividade: restrita aos locais em que 
efetivamente se caracterizou a infração ambiental (BRASIL, 2008).
VIII. Demolição de obra: aplicada se verificada “a construção de 
obra em área ambientalmente protegida em desacordo com 
a legislação ambiental”; ou “se a obra ou construção realizada 
não atender às condicionantes da legislação ambiental e não 
for passível de regularização” (BRASIL, 2008, art. 19, incisos I e 
II, Decreto n. 6.514). Não se aplicada a demolição se um laudo 
50
técnico comprovar que essa prática for causar mais impactos 
ambientais (BRASIL, 2008).
IX. Suspensão parcial ou total de atividades: medida que busca 
impedir a continuidade de processos produtivos dissonantes com 
as disposições da legislação ambiental (BRASIL, 2008).
X. Restritiva de direitos: podem ser sanções restritivas de 
direito aplicáveis às pessoas físicas ou jurídicas:
i–a suspensão de registro, licença ou autorização; ii–o cancelamento de 
registro, licença ou autorização; iii–a perda ou restrição de incentivos e 
benefícios fiscais; iv–a perda ou suspensão da participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; e v–proibição de 
contratar com a Administração Pública (BRASIL, 2008, art. 20, Decreto 
n. 6.514).
Durante o processo de apuração, deverá ser analisado eventual hipótese 
de reincidência do infrator, ou seja, a possibilidade de cometimento 
de uma nova infração ambiental no prazo de cinco anos, contados 
da data da lavratura do auto de infração anterior confirmado em 
julgamento definitivo pelo órgão ambiental (BRASIL, 2008). Assim, 
confirmado a reincidência, há de se questionar a espécie de infração 
cometida: no caso de cometimento da mesma infração, teremos 
a aplicação da nova multa em triplo; no caso de cometimento de 
infração distinta, a aplicação da multa em dobro para a nova infração 
(BRASIL, 2008). Como exemplo, se uma pessoa cortar uma árvore em 
área de preservação permanente sem autorização do órgão ambiental 
e cometer a mesma infração dentro do prazo de cinco anos, será 
considerada reincidente, com a aplicação da nova multa em triplo.
Por fim, ao contrário da responsabilidade civil em matéria ambiental, é 
possível a ocorrência de prescrição da pretensão punitiva nas infrações 
administrativas ambientais. Nesse sentido, “prescreve em cinco anos a 
ação da administração objetivando apurar a prática de infrações contra 
o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de 
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infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado” 
(BRASIL, 2008, art. 21, caput, Decreto n. 6.514). Outra possibilidade 
de prescrição é a intercorrente, quando o procedimento de apuração 
fica “paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou 
despacho” (BRASIL, 2008, art. 21, § 2º, Decreto n. 6.514). E, por fim, 
“quando o fato objeto da infração também constituir crime, a prescrição 
reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal” (BRASIL, 2008, art. 21, § 
3º, Decreto n. 6.514). Agora, ainda que ocorra a prescrição na esfera 
administrativa, ela não obsta a obrigação do responsável em reparar o 
dano ambiental.
Nota-se, à guisa de conclusão, que nos âmbitos passíveis de 
responsabilização, a aplicação de sanções é conjugada sempre 
com a reparação dos danos causados ao meio ambiente; ou seja, a 
figura central da responsabilidade ambiental é sempre a reparação, 
com a tentativa de reestabelecer o ambiente o mais próximo da 
sua configuração anterior ou, na impossibilidade, de compensação 
pela conduta.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição da República Federativa do

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