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ANÁLISE DE CENÁRIOS ECONÔMICOS AULA 1 Profª Pollyanna Rodrigues Gondin 2 CONVERSA INICIAL Olá, pessoal! Sejam bem-vindos à disciplina de Análise de Cenários Econômicos! Espero que estejam empolgados para entender um pouco mais sobre as relações entre os agentes, a alocação dos recursos econômicos e a relevância de analisar os cenários para a gestão das organizações. Nesta disciplina, iremos abordar questões relacionadas à atividade de planejamento econômico de uma organização, por meio da análise de cenários, buscando desenvolver uma visão de futuro para pessoas e empresas, de modo a auxiliar no processo de tomada de decisão. O planejamento e a análise de cenários é relevante no processo de tomada de decisão, principalmente se levarmos em consideração a complexidade e o dinamismo do ambiente em que vivemos. A partir da globalização, com a internet e o uso de tecnologias cada vez mais rápidas, as informações vão de um lugar a outro rapidamente, podendo causar impactos negativos ou positivos, a depender da preparação e do conhecimento dos envolvidos. A ideia é, então, antecipar as circunstâncias que afetam o empreendimento. Mas de que forma? Com um passe de mágica? Não! Através do estudo do cenário em que a organização (empresa) está inserida. Desse modo, com base em dados econômicos, será possível construir cenários futuros “possíveis”. Dizemos possíveis pois não é possível prever o que de fato irá acontecer, mas pode-se estudar e analisar os cenários prováveis. Uma analogia para facilitar o entendimento é pensar na previsão do tempo. De fato, sempre chove em uma região quando a previsão aponta a possibilidade de pancadas de chuva? Não necessariamente. Assim, você pode sair de casa carregando um guarda-chuva e não o utilizar. Espera-se que ao final das nossas aulas você compreenda as variáveis econômicas e saiba definir a tendência de cada uma. Desse modo, esta disciplina tem como objetivo conduzir você, aluno, no estudo das variáveis econômicas, para que assim você consiga, no exercício de sua profissão, aplicar os conhecimentos adquiridos para traçar tendências e tomar decisões importantes. Assim, nesta aula iremos trabalhar com conceitos introdutórios para embasar a evolução dos nossos estudos. Começaremos com o estudo da importância e aplicabilidade da análise de cenários econômicos. Na sequência, falaremos sobre alguns conceitos básicos da economia, suas duas grandes áreas e seus pressupostos. No terceiro tema, vamos destacar os 3 agentes econômicos e o papel de cada um. Já no quarto tema, abordaremos os indicadores econômicos e tecnológicos. Por fim, daremos atenção aos indicadores sociais e políticos. Bom, espero que vocês aproveitem ao máximo o nosso material, e mergulhem no estudo desta disciplina que é, ao mesmo tempo, tão relevante e tão atual para o entendimento do nosso dia a dia em sociedade e para a tomada de decisão. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Vamos iniciar nossos estudos com uma matéria que retrata a economia brasileira, seus números e projeções e análise do cenário (Linder, 2020): Combinação de instabilidade política com catástrofe sanitária ameaça ser explosiva para uma economia já cambaleante. Números e projeções apontam que esta não será apenas uma recessão, mas a maior que o país já viveu. O clima de "agora vai" em relação à economia brasileira que se viu no começo do ano, especialmente por parte do mercado, se esvaiu no ritmo da subida da curva de mortos pela covid-19. Se antes da pandemia já havia quem olhasse cético para a recuperação da economia do país, que em 2019 avançou 1,1%, agora já não há dúvidas de que o Brasil vai afundar em 2020 e, possivelmente, também em 2021. Esta não será, no entanto, só mais uma crise. Para economistas entrevistados pela DW Brasil, pode ser a pior que o país já viveu. Isso porque ela surge em um momento no qual tentava-se retomar o crescimento, ou seja, com uma economia ainda cambaleante e meio à instabilidade política. Além disso, não será possível contar com o setor externo, também severamente afetado pela pandemia. TEMA 1 – ANÁLISE DE CENÁRIOS ECONÔMICOS Trabalhar com a análise de cenários econômicos, independentemente da empresa ou organização, é de extrema relevância, uma vez que vivemos em sociedade, e as empresas afetam e são afetadas pelo meio. Assim, antes de adentrar em questões econômicas propriamente ditas, vamos refletir um pouco sobre a análise de cenários, seu conceito e relevância, suas etapas e possibilidades. De acordo com Porter (1996), um cenário diz respeito a uma visão futura consistente de uma dada realidade, havendo um conjunto de suposições sobre incertezas que podem influenciar a atuação da empresa ou do setor propriamente dito. Segundo Carvalho et al (2011), há um consenso na literatura que os cenários abordam três aspectos: a criação estruturada de situações futuras, as incertezas e as possibilidades de trabalhá-las no futuro. 4 Para a construção de cenários, é necessário levar em consideração quatro etapas: • Etapa zero: Qual decisão deverá ser abordada? Assim, nesta etapa é importante definir o que será abordado. Exemplo: ampliação do mercado através do processo de internacionalização da empresa. • Etapa um: Deve-se analisar o ambiente atual em que a empresa/organização está inserida. Assim, continuando nosso exemplo na etapa anterior, é preciso considerar questões como: quantidades que a empresa produz atualmente, mercados nos quais a empresa está inserida, mercado externo (qual o país, seu crescimento, capacidade e preferências), além de dados da economia, como taxa de juros, inflação e câmbio. • Etapa dois: A partir do cenário presente, traçar tendências e projeções futuras, ou seja, movimentos de impacto mais prováveis. Por exemplo, se a economia mundial está apresentando crescimento constante, espera-se que continue crescendo. Nessa etapa, é importante traçar projeções futuras em relações às diversas variáveis da economia, pensando em como elas podem influenciar a empresa/organização no futuro. • Etapa três: Neste momento, é relevante traçar ao menos outros dois cenários futuros. Assim, para a construção e análise de cenários, é importante pensar em ao menos três cenários: um neutro (provável), um otimista e um pessimista. Nesse processo, é essencial conhecer as variáveis econômicas, como PIB, câmbio e inflação. Além disso, deve-se analisar quais são as variáveis mais prováveis de sofrerem modificações ao longo do tempo, para que seja possível tomar decisões sobre o futuro de forma mais assertiva. 5 Figura 1 – Síntese da tomada de decisão levando em consideração cenários futuros Assim, no processo de tomada de decisão é importante considerar questões atuais, tanto da empresa quanto da economia, nacional e internacionalmente, traçando projeções futuras com pelo menos três cenários para que a partir disso seja possível tomar decisões de forma racional. Você poderia argumentar que as variáveis econômicas não são estáticas, e mesmo que haja projeções futuras, elas podem se modificar bruscamente, devido, por exemplo, a uma crise. De fato, se você pensou isso, você está correto! A questão é: a partir do momento em que você estuda e conhece as variáveis que podem influenciar e modificar a ação da empresa, mesmo que ocorra alguma modificação, você conseguirá agir mais facilmente. A partir do próximo tema, começaremos a trabalhar com questões relacionadas à economia, para que, ao final da nossa disciplina, você seja capaz de construir e analisar um dado cenário. TEMA 2 – ECONOMIA E DIVISÃO DOS SETORES Você já parou para pensar o que a economia estuda? Para entender um pouco melhor sobre o objetivo da análise econômica, vamos à sua origem. A palavra economia vem do grego oiko (casa)e nomos (norma, lei). Desse modo, em seu sentido original, economia significa “administração da casa” ou “administração da coisa pública” (Vasconcellos, 2015). Vasconcellos (2015) afirma que o objeto de estudo da economia é, então, a escassez de recursos e a satisfação das necessidades humanas com os recursos disponíveis. Desse modo, todos os atores econômicos precisam realizar escolhas, independentemente da sociedade em que se vive. Por Empresa Economia nacional Economia Internacional Cenário otimista Cenário pessimista Cenário neutro TO M A D A D E D EC IS Ã O 6 exemplo, quando um indivíduo recebe seu salário e precisa pagar suas contas, e opta pela cesta de mercado. Os governos dos países também precisam fazer escolhas em relação às políticas que serão adotadas com a finalidade de atingir seus objetivos, considerando seus recursos e as necessidades sociais. Desse modo, deve-se levar em consideração que a economia é uma ciência social que estuda a escassez de recursos para atender as necessidades humanas, que são infinitas. Assim, os recursos são finitos, sendo importante considerar como serão alocados, de modo que é essencial analisar quais são os problemas econômicos fundamentais: o que e quanto, como e para quem produzir (Silva, 2016). Mas quando falamos em recursos e necessidades humanas, estamos nos referindo a uma ampla variedade de questões que permeiam as relações humanas. Assim, dentro desse escopo, é possível abordar a alocação de recursos em uma indústria, considerando as necessidades capitalistas de obter uma lucratividade cada vez maior, e mesmo a alocação de recursos em um país para cumprir as metas de crescimento e desenvolvimento econômico. Para avançar nos nossos estudos ao longo de nossas aulas, vamos relembrar alguns conceitos importantes para a economia e a análise de cenários? Começaremos então com uma revisão dos conceitos da microeconomia e da macroeconomia, suas principais áreas de estudo. A microeconomia estuda o funcionamento dos mercados a partir de comportamentos individuais. Como indivíduos, são considerados os consumidores e os produtores ou ofertantes de bens e serviços. Já a macroeconomia trabalha com os comportamentos sociais. Sua preocupação está em entender os fatores que exercem influência sobre o nível de atividade macroeconômica, onde o Produto Interno Bruto (PIB) e o desemprego da mão de obra ocupam lugar de destaque. Também analisa as causas da inflação, que representa uma média dos preços dos inúmeros bens e serviços produzidos na Economia. Na macroeconomia, a política econômica ganha posição de destaque. (Braga, 2019, p. 15) É possível afirmar, então, que a macroeconomia e a microeconomia se complementam, pois cada uma adota uma perspectiva diferente ao analisar os fatores e os agentes econômicos. Resumidamente, a microeconomia analisa o comportamento de uma empresa, uma indústria e seus consumidores. A macroeconomia, por sua vez, estuda o agregado, o comportamento de toda a economia nacional e/ou internacional. 7 O Quadro 1 sintetiza os principais aspectos dessas duas áreas da economia. Quadro 1 – Diferenças entre a micro e a macroeconomia Microeconomia Macroeconomia Perspectiva Individual Geral/Global Objeto de Estudo Empresas, indústrias, famílias, mercado Economia nacional e internacional Variáveis estudadas Oferta, demanda e preços de mercado, estruturas de mercado, elasticidade da oferta e da demanda, teoria dos jogos, teoria da produção etc. Políticas monetária, cambial, fiscal, de emprego e renda, inflação, taxa de juros, emprego e desemprego, PIB, crescimento e desenvolvimento econômico etc. Fonte: elaborado com base em Braga, 2019. Essa separação é feita para facilitar a compreensão e o estudo. Entretanto, como afirmamos anteriormente, essas duas áreas se complementam, de modo que o que ocorre em uma acaba impactando a outra, e vice-versa. Desse modo, se houver, por exemplo, uma redução da taxa de juros (nível macroeconômico), espera-se que haja um impacto, em maior ou menor grau, nos mercados e nas famílias, pois estimula-se, assim, o consumo e os investimentos produtivos. Mas por que utilizei o termo “espera-se” e não “haverá”? Na economia, todos os aspectos estão interligados; desse modo, para estimular o consumo, por exemplo, não basta apenas reduzir a taxa de juros. Deve-se realizar uma política de emprego e renda favorável para a manutenção e a geração de emprego; manter a inflação sobre controle; garantir salário e uma renda mínima às famílias; realizar uma política fiscal favorável, dentre outros aspectos. Após estudar o conceito de economia e suas duas grandes áreas, podemos analisar a divisão dos setores econômicos. A esse respeito, é importante ter em mente que a economia é dividida em três setores: primário, secundário e terciário. 8 O setor primário inclui lavoura, pecuária, caça, pesca e também a extração de minerais e de madeira, abrangendo as atividades de exploração direta de recursos naturais de origem animal, vegetal e mineral. Por sua vez, o setor secundário implica a agregação de valor através do processo de industrialização. E o que isso significa? Que o setor secundário abrange as atividades de transformação de bens, ou seja, transformação dos insumos de produção em produtos. Assim, esse setor é dividido em três subsetores: indústria de construção civil, indústria de serviços públicos e indústria manufatureira. Por fim, o setor terciário refere-se a todas as demais atividades que se caracterizam por não produzirem bens materiais e sim prestarem serviços. Tem- se então que o setor terciário é composto por atividades comerciais e pela prestação de serviços. Agora que relembramos o que é economia, seu objeto de estudo, suas duas grandes áreas e seus setores econômicos, podemos analisar os agentes que estão inseridos em determinado contexto econômico. TEMA 3 – AGENTES NA ECONOMIA Anteriormente, estudamos o conceito de economia e seu objeto de estudo. Destacamos que a economia é a ciência que estuda a alocação de recursos, que são limitados, considerando as necessidades humanas, que são ilimitadas. Assim, é essencial alocar recursos com responsabilidade, de modo a garantir que determinado objetivo seja atendido, no nível individual, empresarial ou do governo. Falamos também das duas grandes áreas da economia, a micro e a macro, e do modo como, apesar de serem estudadas separadamente, estão embricadas. Pois bem, agora passaremos a analisar os agentes econômicos. Esses agentes estão inseridos em um dado contexto, e necessitam satisfazer suas necessidades, considerando os recursos disponíveis, sendo impactados por questões macroeconômicas e microeconômicas. Assim, é possível considerar que um agente econômico é todo indivíduo ou instituição que influencia e é influenciado pela economia e seu contexto. Levando em consideração o exposto até o momento, você sabe dizer quais são os principais agentes econômicos? Resumidamente: famílias, Estado, empresas e o restante do mundo. Colocamos o restante do mundo aqui como 9 um agente a título de simplificação, uma vez que as decisões tomadas fora do nosso país acabam, em alguma medida, impactando a produção e as decisões dos agentes internos. As famílias são agentes econômicos relevantes, uma vez que atuam pelo consumo dos mais diferentes bens e serviços ofertados em sociedade, sempre buscando atender suas necessidades. Para obter os recursos necessários para consumir os mais variados bens e serviços, as famílias, como proprietárias dos recursos produtivos, os ofertam para a sociedade, em troca de remuneração. Assim, com a remuneração é possível satisfazer necessidades. Por sua vez, as empresas também apresentam um papel importante no sistema econômico, já queofertam/produzem bens e serviços para o consumo das famílias. Desse modo, levando em consideração as necessidades e demandas da sociedade, as empresas ofertam seus produtos. Aqui também é importante mencionar que, para que seja possível produzir um bem ou prestar um serviço, uma empresa precisa dos seguintes fatores de produção: terra, capital, trabalho e tecnologia. Por exemplo, ao contratar o trabalhador, a empresa pagará determinado salário; com ele, o trabalhador poderá satisfazer suas necessidades. Para além das famílias e das empresas, nenhuma economia sobrevive sem a figura do Estado. Isso porque o Estado, em maior ou menor grau, interfere nas relações de mercado, sendo responsável também por ofertar bens e serviços, atendendo as demandas não supridas pelo setor privado. O Estado é, portanto, responsável pelo marco jurídico-institucional, ou seja, pelas leis e pelas normatizações que regem uma determinada sociedade. É responsável também pela política econômica e pela oferta de bens e serviços públicos. Por fim, há o restante do mundo, em especial nos tempos em que vivemos, de globalização e conectividade intensa, em que as relações entre os países são cada vez mais intensas, o que influencia (direta ou indiretamente) uma determinada economia. Prova disso é a política cambial, que prevê o câmbio, ou seja, o valor de uma moeda estrangeira, como o dólar, em real. Um câmbio valorizado ou desvalorizado impactará diretamente nas importações e exportações, ou seja, no saldo da balança comercial, temática que trabalharemos em outras aulas. Essas relações estão representadas na Figura 2. 10 Figura 2 – Agentes econômicos e mercados Após o estudo dos principais agentes econômicos, podemos avançar no estudo da nossa disciplina. Assim, no próximo tema, analisaremos os indicadores econômicos, sua relevância, aplicabilidade e principais fontes. TEMA 4 – INDICADORES ECONÔMICOS E TECNOLÓGICOS Até o momento, abordamos a importância da construção de cenários econômicos e suas possibilidades; o conceito de economia e suas duas grandes áreas; e os agentes econômicos. Assim, continuaremos nossa caminhada abarcando os indicadores econômicos, de modo a evidenciar a sua relevância e aplicabilidade para a construção de cenários. Primeiramente, é relevante compreender o conceito de indicadores. Os indicadores, enquanto instrumentos operacionais, possibilitam a identificação e a medição de aspectos relacionados aos resultados de uma intervenção na realidade (Brasil, 2010). Desse modo, indicadores econômicos nada mais são do que levantamentos estatísticos que refletem a situação de uma determinada área em um dado período do tempo. Essa área pode ser um país, uma região, um estado e uma cidade; a partir desses indicadores, tem-se um termômetro econômico, e assim podemos medir se há retração ou expansão de determinada economia. Ao abrir uma página de jornal na internet, ou assistir um programa de notícias na televisão, que relate a situação econômica do país, você irá se deparar com um universo de indicadores econômicos. Por exemplo: inflação, Produto Interno Bruto (PIB), mercado financeiro e taxa de juros. Neste tema, você conhecerá um pouco mais sobre este universo. Famílias Estado Empresas Trabalho, capital Salários, lucros, aluguéis Consumo Bens e serviços Restante do mundo Exportação Importação 11 Sucintamente, indicadores econômicos são dados ou informações que sinalizam o comportamento das variáveis e componentes do sistema econômico de um país, região ou estado, sendo muito importantes para a compreensão da situação presente. Esses indicadores, juntamente com os indicadores sociais, são fundamentais para a elaboração de políticas públicas e para o processo de tomada de decisão estratégica pelos agentes econômicos. Mas quais são os principais indicadores econômicos? Segundo Lourenço e Romero (2002), esses indicadores podem ser divididos em cinco subconjuntos: 1. Indicadores de nível de atividade: medem as condições gerais dos elementos mais sensíveis da economia. Podemos citar: Produto Interno Bruto (PIB); Produção Industrial, indicador obtido através da Pesquisa Industrial Mensal, Produção Física realizada pelo IBGE; Estatísticas de emprego e desemprego, obtidas através da Pesquisa Mensal de Emprego realizada pelo IBGE, e pela Pesquisa de Emprego e Desemprego realizada pela Seade (Fundação Sistema Estadual de Estatísticas e Análise de Dados de São Paulo), em conjunto com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). 2. Inflação: aumento generalizado e constante do nível de preço na economia. Existem alguns índices para apuração da inflação. Os mais conhecidos são o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). No que se refere à inflação, podemos afirmar que, desde a implementação do Plano Real, o Brasil tem inflação controlada, com variações nos preços, mas nada tão expressivo como as hiperinflações da década de 1980 e 1990 até o Plano Real. Essa afirmação pode ser vista na Tabela 1. Tabela 1 – Evolução inflação (IPCA) Ano Preços IPCA (% a.a.) Ano Preços IPCA (% a.a.) 1980 99,25 2000 5,97 1981 95,62 2001 7,67 1982 104,79 2002 12,53 1983 164,01 2003 9,30 1984 215,26 2004 7,60 1985 242,23 2005 5,69 12 1986 79,66 2006 3,14 1987 363,41 2007 4,46 1988 980,21 2008 5,90 1989 1.972,91 2009 4,31 1990 1.620,97 2010 5,91 1991 472,70 2011 6,50 1992 1.119,10 2012 5,84 1993 2.477,15 2013 5,91 1994 916,46 2014 6,41 1995 22,41 2015 10,67 1996 9,56 2016 6,29 1997 5,22 2017 2,95 1998 1,65 2018 3,75 1999 8,94 2019 4,31 3. Indicadores relacionados ao setor externo: dividem-se nos eixos exportações, importações, saldo da balança comercial, saldo em transações correntes, dívida externa e taxa de câmbio. 4. Indicadores financeiros: dividem-se essencialmente em taxa de juros básica da economia (Selic) praticada pelo Bacen e Taxa Referencial de Juros, que é o rendimento calculado para a remuneração mensal dos depósitos em caderneta de poupança. 5. Indicadores do setor público: dividem-se em dívida líquida (somatório do endividamento dos governos federal estadual e municipal e por suas empresas com o sistema financeiro, o setor privado e o resto do mundo) e necessidades de financiamento, que correspondem ao déficit ou superávit resultante da variação líquida da dívida pública. Onde encontrar esses indicadores? Você tem alguma noção? No Quadro 2 você acompanha algumas instituições e seus respectivos endereços eletrônicos, onde os dados econômicos podem ser encontrados. Quadro 2 – Onde encontrar indicadores econômicos Instituição Endereço Eletrônico FGV - Instituto Brasileiro de Economia portalibre.fgv.br Banco Central www.bcb.gov.br/?BOLETIMANO FIPE/USP www.fipe.org.br/pt-br/publicacoes/bif Fundação do Desenvolvimento Administrativo www.fundap.sp.gov.br/atividades/publicacoes 13 Confederação Nacional da Indústria www.portaldaindustria.com.br/cni Instituto de Estudos para o desenvolvimento Industrial www.iedi.org.br Federação das Indústrias do Estado de SP www.fiesp.com.br Instituto de Economia Agrícola www.iea.sp.gov.br IPEADATA www.ipeadata.gov.br IBGE www.ibge.gov.br Existem muitos indicadores econômicos, cada qual com sua relevância e objetivo. A questão principal é saber utilizá-los de modo a contribuir para a análise e a prospecção de cenários. A partir da próxima temática, trabalharemos com outro indicador de suma relevância, e que pode impactar diretamente no cenário econômico e, consequentemente, na atuação de uma empresa: os indicadores sociais. TEMA 5 – INDICADORES SOCIAIS E POLÍTICOS Trabalhamos no tema anterior com os indicadores econômicos, importantes para construir e analisarcenários e, assim, tomar decisões cabíveis com as possibilidades. A partir desse momento, abordaremos os indicadores sociais. Mas antes de iniciar, você sabe o que são indicadores sociais e o que representam? Pois bem! Indicadores sociais, resumidamente, analisam a qualidade de vida e os níveis de bem-estar da população. Assim, os indicadores sociais são subsídios para as atividades de planejamento público, possibilitando o monitoramento das condições de vida de uma população (Brasil, 2010). Os indicadores sociais são associados ao conceito de desenvolvimento econômico. Isso ocorre porque o desenvolvimento econômico interfere diretamente na qualidade de vida da população. A partir disso, classificamos uma economia como desenvolvida ou subdesenvolvida. A esse respeito, é fácil verificar que diariamente ouvimos ou assistimos notícias sobre a situação social e política de nosso país. Desigualdade social, taxa de analfabetismo, acesso a esgoto e saneamento básico, taxa de mortalidade, dentre outros, são alguns dos indicadores citados pela mídia. Essas informações têm como base os indicadores sociais, que foram elaborados para realizar um retrato da realidade social de uma economia. É possível afirmar que os indicadores sociais e políticos têm o intuito de 14 representar “o estado social da Nação”, no que se refere à qualidade de vida ou bem-estar social e à situação econômica (Santagada, 2007). Assim, os indicadores sociais revelam o bem-estar geral e a qualidade de vida da população, abrangendo áreas como saúde, educação, trabalho, renda, segurança, transporte, saneamento básico e demografia (Brasil, 2010). Os indicadores sociais podem ser classificados segundo sua área temática: 1. Saúde: por exemplo, percentual de crianças nascidas com peso adequado. 2. Educação: por exemplo, nota do Exame Nacional do Ensino Médio. 3. Mercado de trabalho: por exemplo, rendimento médio real do trabalho. 4. Demografia: por exemplo, taxa de mortalidade. 5. Habitação: por exemplo, densidade de moradores por domicílio. 6. Segurança pública e justiça: por exemplo, roubos à mão armada por cem mil habitantes. 7. Infraestrutura urbana: por exemplo, percentual de domicílios com esgotamento sanitário ligado à rede pública. 8. Renda e pobreza: por exemplo, nível de pobreza. 9. Qualidade de vida: por exemplo, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 10. Meio ambiente: por exemplo, percentual de domicílios que dispõem de coleta seletiva em relação ao total de domicílios Mas onde esses dados podem ser buscados? Você pode acessar os indicadores sociais nas páginas listadas no Quadro 2. TROCANDO IDEIAS Chegamos ao final desta primeira aula de nossa disciplina. E neste momento, assista ao filme “A Grande Aposta”, de 2015, que retrata como um grupo de “oportunistas” fez fortuna ao prever a crise econômica dos Estados Unidos. Ao assistir esse filme, perceba como a análise do cenário é relevante para a tomada de decisão. NA PRÁTICA Abordamos, nesta aula, a importância dos indicadores sociais e econômicos. A partir deste momento, faça uma busca na internet (em fontes 15 seguras) e apresente, em tabelas e gráficos, dois indicadores econômicos e dois indicadores sociais a respeito do estado ou região em que você mora. Depois, faça uma reflexão buscando argumentar o que esses dados retratam. FINALIZANDO Nossa, o tempo passou muito rápido! Quando vi, já estávamos no final dessa nossa aula. A ideia desta aula foi promover uma aproximação a temáticas relacionadas à análise de cenários econômicos, que serão base para o desenvolvimento das nossas próximas aulas. Iniciamos abordando a questão da construção e da análise de cenários. Verificamos que é de vital importância conhecer o ambiente em que a empresa está inserida para que assim, mesmo diante de um ambiente de incerteza, seja possível tomar as melhores decisões. Na sequência, estudamos o conceito de economia e sua importância para uma análise social. Assim, verificamos que a economia, além de ser dividida em duas grandes áreas, micro e macroeconomia, estuda a alocação de recursos escassos para suprir as necessidades ilimitadas dos agentes. Mas quais são os principais agentes econômicos? A essa altura você já deve saber que são as famílias, as empresas, o Estado e o restante do mundo. Esses agentes interagem, uma vez que vivemos em um mundo capitalista e globalizado, cada qual buscando suprir suas necessidades, considerando os recursos disponíveis. Por fim, demos atenção aos indicadores econômicos e sociais, suas implicações, e onde é possível ter acesso a eles. Bom, esperamos que você esteja empolgado e se sinta instigado a continuar os estudos! Nos vemos na próxima aula, até mais! 16 REFERÊNCIAS BRAGA, M. B. Princípios de economia: abordagem didática e multidisciplinar. São Paulo: Editora Atlas, 2019. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Indicadores de programas: guia metodológico. Brasília, 2010. Disponível em <http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/publicacoes/1 00324_indicadores_programas-guia_metodologico.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2021. CARVALHO, D. E. de et al. Construção de Cenários: Apreciação de Métodos Mais Utilizados na Administração Estratégica. In: ANPAD, 35., 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2011. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ESO1387.pdf> Acesso em: 16 mar. 2021. LINDER, L. Brasil caminha para maior crise econômica de sua história. Uol, 19 maio 2020. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/19/brasil-caminha-para- maior-crise-economica-de-sua-historia.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 16 mar. 2021. LOURENÇO, G. M.; ROMERO, M. Indicadores Econômicos. Curitiba: FAE, 2002. PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1996. SANTAGADA, S. Indicadores Sociais: uma primeira abordagem social e histórica. Pensamento Plural, Pelotas, n. 1, p. 113-142, jul.-dez. 2007. Disponível em <http://pensamentoplural.ufpel.edu.br/edicoes/01/06.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2021. SILVA, M. V. D. de C. Introdução às Teorias Econômicas. Salvador: UFBA, 2016. Disponível em: <https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/174982/4/eBook_Introducao_a s_Teorias_Economicas-Ci%C3%AAncias_Contabeis_UFBA.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2021. VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia micro e macro. São Paulo: Editora Atlas, 2015.