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MATERIAIS ELÉTRICOS Murilo Fraga da Rocha Materiais condutores e aplicações Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir a estrutura dos materiais condutores. � Selecionar os tipos de materiais condutores. � Relacionar a isolação dos materiais condutores segundo a aplicação. Introdução Na prática, o material condutor mais utilizado é o cobre, porque a ele- tricidade que flui pelo cobre encontra muito menos resistência do que encontraria em outros materiais condutores também utilizados na prática, como o alumínio. Um material condutor que tem melhores propriedades que o cobre é a prata, mas não é tão utilizado quanto o cobre devido a seu alto custo. Neste capítulo, você vai estudar os materiais elétricos, que podem ser classificados de acordo com a sua condutividade elétrica em materiais condutores, isolantes e semicondutores. O que caracteriza um material como condutor é sua excelente condutividade elétrica, ou seja, sua fa- cilidade em permitir que a corrente elétrica flua. Os materiais isolantes caracterizam-se por serem maus condutores elétricos, ou seja, materiais de baixa condutividade elétrica. Já os semicondutores são materiais elétricos cujas características de condutividade são intermediárias entre as características dos materiais isolantes e as dos condutores. Ainda, você vai definir as estruturas dos materiais condutores, aprendendo a selecionar os tipos de materiais condutores, e também será capaz de relacionar a isolação dos materiais condutores segundo a aplicação. Estrutura dos materiais condutores Os átomos são formados por elétrons, prótons e nêutrons; os elétrons giram em orbitas em torno do núcleo, que é composto pelos prótons e nêutrons (Figura 1). A quantidade de elétrons, prótons e nêutrons muda de acordo com cada tipo de elemento químico, e quanto maior for a energia do elétron, maior será o raio da órbita por onde ele gira. Figura 1. Átomo de cobre. Fonte: Adaptada de oorka/Shutterstock.com. 29 Prótons 35 Nêutrons 29 Elétrons Os elétrons que se encontram na camada mais externa são chamados de elétrons de valência; por isso, essa última órbita recebe o nome de órbita de valência ou banda de valência. Os elétrons de valência são os elétrons que podem se liberar dos átomos por força de alguma energia externa, como calor Materiais condutores e aplicações2 e luz, ou que podem ligar-se a outro átomo por meio de ligações covalentes, que são o compartilhamento de elétrons da última camada de um átomo com os elétrons da última camada de outro átomo. Quando um átomo recebe energia externa, isso faz com que os elétrons de valência tornem-se elétrons livres, que formam uma banda de condução que se pode movimentar pelo material. Se você aplicar um campo elétrico ao material, serão os elétrons livres que, ao movimentarem-se, gerarão a corrente elétrica. Quanto maior a energia necessária para os elétrons de valência se movimentarem, maior será a resistência elétrica do material. A resistividade elétrica (p) é uma propriedade do material e está relacionada com a resistência elétrica da seguinte maneira: R = p lA Onde: � R é a resistência elétrica; � A é a área da secção reta perpendicular à direção da corrente; � l é a distância entre dois pontos no material. E ainda podemos relacionar alguns fatores com a resistência de cada ma- terial através do estudo da lei de Ohm, que estabelece a seguinte relação: R = UI Onde: � R é a resistência elétrica; � U é a diferença de potencial entre dois pontos no material; � I é a corrente elétrica que circula no material. 3Materiais condutores e aplicações Na Figura 2 você pode observar a representação da corrente elétrica cir- culando por um condutor quando aplicada uma diferença de potencial em suas extremidades. Figura 2. Condutor sob a ação de uma diferença de potencial U. Fonte: Adaptada de Schmidt (2010, p. 27). E t l u + – A condutividade elétrica indica a facilidade com que um material conduz corrente elétrica e é o inverso da resistividade. Em função dos valores de condutividade ou de resistividade, os materiais podem ser classificados como: condutores, semicondutores e isolantes. Elevando-se a temperatura de um material condutor, suas partículas come- çam a vibrar, modificando os movimentos dos elétrons e causando perdas nos deslocamentos dos elétrons, levando ao aquecimento do material condutor. Se traçarmos um gráfico com a curva característica da variação da resistência do material em relação à variação da temperatura, podemos observar que a curva não tem a uma relação constante de variação entre a temperatura e a resistência do material. Na Figura 3 pode-se ver a representação dessa curva de carga. Materiais condutores e aplicações4 Figura 3. Representação da variação da resistencia em função da temperatura. Fonte: Adaptada de Schmidt (2010, p. 28). R TTA A B TB Na prática, o interesse é a região reta da curva característica (trecho AB), cuja inclinação é obtida por: tgα = ΔR ΔT A relação tgα/R é o denominado coeficiente de temperatura da resistência, representado porαT1. Costuma-se usar como temperatura de referência a temperatura inicial de T1 = 20 °C. Assim, temos: RT2 = R20 [1 + α20 (T2 – 20)] A condutividade térmica dos condutores é diretamente proporcional à capacidade do material de dissipar energia para o ambiente, ou seja, liberar o aquecimento do condutor devido ao aumento de temperatura do material. Nos materiais condutores, os elétrons de valência passam facilmente para a banda de condução sem ter a necessidade de muita energia, fazendo com que esses materiais resistam pouco à passagem da corrente. 5Materiais condutores e aplicações Nos materiais isolantes, quase nenhum elétron tem energia suficiente para sair da banda de valência e atingir a banda de condução, proporcionando assim uma corrente elétrica muito baixa nesses materiais. Os semicondutores são materiais que têm características intermediárias entre os condutores e os isolantes, ou seja, necessitam mais energia que os condutores para que os elétrons de valência passem para a banda de condução e proporcionam mais corrente elétrica que os isolantes. A Tabela 1 apresenta a condutividade elétrica de alguns materiais de engenharia. Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012, p. 536). Metais e ligas σ (Ω · m)-1 Não metais σ (Ω · m)-1 Prata Cobre, pureza comercial Ouro Alumínio, pureza comercial 6,3 × 107 5,8 × 107 4,2 × 107 3,4 × 107 Grafita Germânio Silício Polietileno Poliestireno Diamante 105 2,2 4,3 × 10-4 10-14 10-14 10-14 Tabela 1. Condutividades elétricas de alguns metais e não metais Existem muitos elementos que são condutores; os mais comumente uti- lizados na indústria são o cobre, o alumínio e a prata. Esses materiais são elementos que possuem poucos elétrons na camada de valência: o alumínio tem três átomos na camada de valência, enquanto o cobre e a prata tem apenas um, o que torna o alumínio, apesar de um material condutor, menos condutor que o cobre e a prata. Na Figura 4 você pode ver os átomos de cobre e alumínio, e na Figura 5, o átomo da prata. Materiais condutores e aplicações6 Figura 4. Átomos de cobre (Cu) e Alumínio (Al). Fonte: Adaptada de BlueRingMedia/Shutterstock.com. Figura 5. Átomo de Prata (Ag). Fonte: Adaptada de udaix/Shutterstock.com. Prata Metal de transição Símbolo Número atômico Camadas elétricas Con�guração elétrica [Kr] 4d10 5s1 Sólido Prata Estado Cor Densidade a 20ºC Ponto de fusão Ponto de ebulição Peso atômico Raio atômico Prótons/Elétrons Nêutrons Níveis de energia O cobre apresenta uma resistividade muito baixa, ou seja, tem uma alta condutividade elétrica. Apenas a prata possui menor resistividade que o cobre, porém o seu elevado preço inviabiliza o uso em aplicações que necessitem grandes quantidades de material condutor. Na prática, o alumínio é o segundo metal mais usado na eletricidade.A indústria cada vez mais está investindo na substituição, sempre que possível, 7Materiais condutores e aplicações do cobre pelo alumínio nas aplicações que utilizam materiais condutores por motivos econômicos, devido ao menor custo do alumínio em relação ao cobre. Esses materiais condutores são os mais utilizados na indústria, e você pode ver as características de resistividade e comparar com a de outros metais na Tabela 2. Fonte: Adaptada de Schmidt (2010, p. 29). Nome do metal Resistividade p Ωmm2/m Coeficiente de tempereatura α 20 °C Ouro 0,0240 0,0037 Prata 0,0162 0,0036 Cobre 0,0169 0,004 Alumínio 0,0262 0,0042 Níquel 0,072 0,006 Zinco 0,059 0,0036 Mercúrio 0,96 0,009 Chumbo 0,205 0,0041 Ferro 0,098 0,0057 Platina 0,100 0,003 Tungstênio 0,055 0,0052 Molibdênio 0,0477 0,0048 Estanho 0,114 0,0043 Tabela 2. características de resistividade e Coeficiente de temperatura a 20 °C Tipos de materiais condutores Os materiais utilizados como matéria-prima de elementos condutores de corrente elétrica podem ser classificados em dois grandes grupos, os materiais de alta condutividade e os materiais de alta resistividade. Os materiais de alta condutividade, ou seja, os materiais condutores, são utilizados em aplicações Materiais condutores e aplicações8 nas quais queremos que haja a menor perda possível de corrente elétrica ao circular pelo material, que é o caso dos elementos utilizados para as ligações entre aparelhos elétricos ou eletrônicos, e também para a construção de ele- mentos que transformam a energia elétrica em algum outro tipo de energia, como bobinas eletromagnéticas, que transformam energia elétrica em energia eletromagnética. Já os materiais de alta resistividade, ou seja, os resistores, são utilizados em aplicações nas quais se queira transformar energia elétrica em energia térmica, como fornos elétricos, entre outras aplicações. Os principais materiais com alta condutividade elétrica são os metais nobres e suas ligas metálicas. No entanto, sempre que esses materiais venham a ser utilizados em aplicações com destinação elétrica, não podem ser escolhidos levando em consideração apenas suas características elétricas. Devemos tam- bém observar as características mecânicas, térmicas, luminosas e magnéticas, todas elas levando-se em conta a aplicação destinada ao material. Por isso, a escolha de um material condutor mais apropriado, na maioria das vezes, não cai sobre aquele que tem as melhores características elétricas, mas sobre aquele em que tem todas as suas características dentro das condições necessárias para determinada aplicação. Por esses motivos, muitas vezes na prática são utilizadas ligas metálicas com boa condutividade e economicamente viáveis. Os materiais mais frequentemente utilizados na indústria com esses requisitos são: o cobre, o alumínio, a prata, o chumbo, a platina e o mercúrio. O cobre (Cu) apresenta algumas vantagens que o tornam o material mais utilizado na indústria entre todos os metais condutores. Essas vantagens você vê listadas abaixo (SCHMIDT, 2010): � pequena resistividade: somente a prata tem valor inferior, porém seu elevado preço não permite o seu uso em grandes quantidades; � características mecânicas favoráveis; � baixa oxidação para a maioria das aplicações: o cobre oxida bem mais lentamente, perante a elevada umidade, do que diversos outros metais — essa oxidação, entretanto, é bastante rápida quando o metal sofre elevação de temperatura; � fácil deformação a frio e a quente: é fácil reduzir a secção transversal do cobre, mesmo para condutores com frações de milímetros de diâmetro. O cobre possui uma cor avermelhada que o diferencia dos outros metais, que são de tonalidades cinza variadas, exceto o ouro, que é dourado. O cobre tem sua condutividade muito influenciada pelas impurezas nele contidas, mesmo que em pequenas quantidades. Essas impurezas influenciam em sua 9Materiais condutores e aplicações condutividade mesmo quando em pequena quantidade e essa influência, de modo geral, é maior quanto mais afastado o elemento da impureza se encontra do cobre na tabela periódica. Levando isso em consideração, podemos concluir que a prata (Ag) e o ouro (Au) têm pouca influência no cobre, quando impurezas no mesmo, pois encontram-se próximos ao cobre na tabela periódica. E, com base na mesma análise, concluímos que as impurezas de fósforo (P), arsênio (As), alumínio (Al), ferro (Fe), antimônio (Sb) e estanho (Sn) apresentam maior influência a condutividade do cobre. Na prática, o cobre é muito utilizado junto com outros elementos no que chamamos de ligas de cobre. Essas ligas são elaboradas com metais escolhidos para mudar alguma das propriedades do cobre. A utilização de uma deter- minada liga deve levar em conta as características desejadas mas também os aspectos econômicos. A adição de determinados elementos eleva o preço da liga e melhora certas propriedades, como é o caso do estanho e do níquel. Da mesma forma, a adição de outros tipos de elementos proporciona a redução no preço, mudando algumas características que podem não interferir em determinadas aplicações, como é o caso do zinco e também do chumbo. O alumínio (Ag) é o segundo metal mais usado na indústria, e sua utilização vem crescendo ao longo do tempo por motivos econômicos, pois o alumínio é consideravelmente mais barato que o cobre e suas ligas e ainda têm mais uma vantagem em relação ao cobre que é o seu peso, aproximadamente duas vezes menor que o peso do cobre. Se compararmos dois materiais com o mesmo comprimento e de mesma seção, sendo um material de cobre e outro de alumínio, teremos o alumínio com uma resistividade de 1,65 a 1,70 vezes mais alta que a do cobre. Esse fato faz com que se deva corrigir algumas características do alumínio para que ele possa substituir o cobre sem ter um aumento da temperatura devido a maiores perdas. E, para melhorar as características técnicas do alumínio, é comumente utilizado junto com outros elementos, formando as ligas de alumínio. A prata (Ag) é o metal nobre de maior uso industrial quando se fala em peças de contato. A prata, devido às suas características elétricas, químicas e mecânicas, é usada em forma pura ou de liga, cada vez mais em partes condutoras onde a ocorrência de oxidação gera problemas graves, principal- mente onde existe o contato mecânico entre duas peças. No caso da prata, no seu estado puro, encontra o seu uso nas pastilhas de contato, para correntes relativamente baixas; quando essa solução não é adequada, usam-se pastilhas de liga de prata, nas quais a prata é utilizada juntamente com o níquel e o Materiais condutores e aplicações10 cobalto, o paládio, o bromo e o tungstênio. Ainda é utilizado o processo de prateação, numa espessura de poucos micrometros, para proteger peças de metal muito suscetíveis à corrosão. Quando se fala na utilização da prata como material condutor, não se pode limpar as peças e os contatos de prata com material abrasivo (SCHMIDT, 2010). Aplicação da isolação dos materiais condutores Os materiais condutores são utilizados na fabricação de condutores elétricos, e esses condutores elétricos podem ser encontrados em diferentes tipos. São diversas as formas como os condutores são fabricados, e cada uma dessas formas é utilizada de acordo com uma aplicação prática específica. Os tipos mais utilizados na prática em relação à construção dos condutores elétricos podem ser vistos na Figura 6. Figura 6. Tipos de formação condutores elétricos. Fonte: Adaptada de Mamede Filho (1994, p. 77). (a) (b) (c) (d) (e) O condutor redondo sólido apresenta aspectos construtivos que podem ser vistos na Figura 6 (a). Pode ser encontrado com uma seção máxima de 10 mm2, devido a sua baixa flexibilidade, o que impossibilita sua aplicação em instalação de condutores com seções maiores. Esse tipo de condutor é amplamente utilizado em instalações de iluminação. O condutor de formação concêntricaou regular, também chamado de con- dutor redondo normal, apresenta aspectos construtivos que podem ser vistos na Figura 6 (b). É formado por um condutor longitudinal envolvido por uma ou mais coroas de um condutor redondo sólido, em forma de espiral. Por ter grande flexibilidade, pode ter seções superiores a 10 mm2 e pode ser fabricado 11Materiais condutores e aplicações com qualquer tipo de isolação. Amplamente utilizado nas instalações elétricas industriais e prediais. As Figuras 7 e 8 apresentam exemplos de um condutor redondo normal e também de um condutor redondo de múltiplas camadas. Figura 7. Condutor redondo normal. Fonte: Mamede Filho (1994, p. 77). Figura 8. Condutor redondo de múltiplas camadas. Fonte: Mamede Filho (1994, p. 78). Materiais condutores e aplicações12 O condutor redondo compacto apresenta aspectos construtivos que podem ser vistos na Figura 6 (c). É similar ao condutor redondo normal, porém é com- pactado de maneira a produzir uma deformação dos condutores elementares das diferentes coroas, deixando assim o seu diâmetro menor e tornando-o menos flexível. A Figura 9 apresenta um exemplo de um condutor redondo compacto. Figura 9. Condutor redondo compacto. Fonte: Mamede Filho (1994, p. 78). O condutor setorial compacto apresenta aspectos construtivos que podem ser vistos na Figura 6 (letra d). Esse condutor é fabricado a partir da deforma- ção específica dos condutores elementares das várias coroas de um condutor redondo compacto, através de um conjunto de calandras que constitui uma forma setorial ao condutor. A Figura 10 apresenta um exemplo de um condutor setorialcompacto. 13Materiais condutores e aplicações Figura 10. Condutor Setorial compacto. Fonte: Mamede Filho (1994, p. 78). O condutor flexível apresenta aspectos construtivos que podem ser visto na Figura 6 (e). Esse tipo de condutor é elaborado por um encordoamento de diversos condutores elementares com diâmetros bem pequenos, comumente utilizados em máquinas industriais e domésticas e também em iluminação pendente. A Figura 11 apresenta um exemplo de um condutor flexível. Figura 11. Condutor flexível. Fonte: Mamede Filho (1994, p. 79). Para poderem ser utilizados na prática, os condutores elétricos precisam ser isolados. Hoje em dia os condutores elétricos são isolados com a utilização de materiais sólidos extrusados. Essas isolações sólidas normalmente são Materiais condutores e aplicações14 constituídas com dois tipos de materiais: ou elas são feitas com materiais termoplásticos ou são feitas com materiais termofixos. As isolações termoplásticas são conhecidas comercialmente como PVC e são fabricadas à base de cloreto de polivinila. A isolação termoplástica tem boa resistência à água, à abrasão, ao envelhecimento e a golpes, além de boa flexibilidade. Apresenta também uma baixa condução de chama e baixa rigidez dielétrica até tensões de 20 kV. Os condutores com isolação em PVC são recomendados para utilização em aplicações que tenham temperatura de serviço contínuo máxima de 70 °C, de curto-circuito máximo de 160 °C e de sobrecarga de 100 °C. Com isso, os condutores isolados com PVC ficam limitados, no máximo, à tensão de 6 kV. A figura 12 apresenta um exemplo de um condutor com isolação em PVC. Figura 12. Isolação de PVC. Fonte: Bk87/Shutterstock.com. Já a isolação termofixa é fabricada à base de dois materiais diferentes, cada um deles apresentando características mecânicas e elétricas diferenciadas. Esses materiais são o polietileno reticulado e a borracha etileno-propileno. O polietileno reticulado é conhecido comercialmente como XLPE e apresenta boa resistência ao envelhecimento, à abrasão e a temperaturas elevadas; apre- senta também alta rigidez dielétrica e boa flexibilidade, porém tem baixa resistência à ionização e ao treeing. A borracha etileno-propileno é conhecida 15Materiais condutores e aplicações comercialmente como EPR e apresenta boa resistência a golpes, à abrasão e a temperaturas elevadas; apresenta também alta rigidez dielétrica e flexibili- dade e tem também alta resistência à ionização e ao treeing e baixas perdas dielétricas.Os condutores com isolação em XLPE e EPR são recomendados para utilização em aplicações que tenham temperatura de serviço contínuo máxima de 90 °C, de curto-circuito máximo de 250 °C e de sobrecarga de 130 °C, o que possibilita seu emprego em alta tensão, usualmente até 138 kV. A Figura 13 apresenta um exemplo de um condutor com isolação XLPE e EPR. Figura 13. Isolação XLPE e EPR. Fonte: AdamXery/Shutterstock.com. O treeing consiste no aparecimento de caminhos de formato arborescente na super- fície da isolação, cuja consequência é o surgimento de descargas parciais de efeitos destrutivos. Materiais condutores e aplicações16 1. Em relação aos elétrons de valência, que estão presentes em todos os tipos de materiais, qual das alternativas está correta quando se trata de materiais condutores? a) Nos materiais condutores, os elétrons de valência não têm energia suficiente para sair da banda de valência e atingir a banda de condução, por isso eles são excelentes condutores de eletricidade. b) Nos materiais condutores, quase nenhum elétron tem energia suficiente para sair da banda de valência e atingir a banda de condução, proporcionando assim uma corrente elétrica muito baixa nesses materiais. c) Os condutores são materiais que têm características intermediárias entre os semicondutores e os isolantes, ou seja, necessitam mais energia que os semicondutores para que os elétrons de valência passem para a banda de condução e proporcionam mais corrente elétrica que os isolantes. d) Os condutores são os únicos materiais que não possuem elétrons de valência, pois todos seus elétrons são de condução da corrente elétrica. e) Nos materiais condutores os elétrons de valência passam facilmente para a banda de condução, sem ter a necessidade de muita energia fazendo com que esses materiais resistam pouco à passagem de corrente. 2. O cobre tem sua condutividade muito influenciada pelas impurezas nele contidas, mesmo que em pequenas quantidades. Essas impurezas influenciam em sua condutividade, mesmo quando em pequenas quantidades, e essa influência, de modo geral, é maior quanto mais afastada a impureza se encontra do cobre na tabela periódica. Levando isso em consideração, podemos concluir que a prata (Ag) e o ouro (Au) têm pouca influência no cobre, quando impurezas no mesmo, pois encontram-se próximos ao cobre na tabela periódica. Com base na mesma análise, concluímos que existem elementos que apresentam maior influência a condutividade do cobre. Qual das alternativas apresenta esses elementos? a) Ferro, silício, alumínio. b) Fósforo, arsênio, alumínio. c) Germânio, arsênio, ferro. d) Silicone, arsênio, ferro. e) Fósforo, óleo, alumínio. 3. Se compararmos dois materiais com o mesmo comprimento e de mesma seção, sendo um material de cobre e outro de alumínio, teremos uma grande diferença entre as suas resistividades. Qual a alternativa que descreve corretamente essa diferença? a) O cobre tem aproximadamente metade da resistividade do alumínio. b) O alumínio tem aproximadamente metade da resistividade do alumínio. c) O alumínio tem uma resistividade de 1,65 a 1,70 vezes mais alta que a do cobre. 17Materiais condutores e aplicações d) O cobre tem uma resistividade de 1,65 a 1,70 vezes mais alta que a do alumínio. e) Por ambos serem materiais condutores, o alumínio e o cobre têm a mesma resistividade, diferente dos isolantes e dos semicondutores. 4. O condutor redondo sólido é o formato de condutor que apresenta aspectos construtivos mais simples entre todos os tipos de condutores comerciais. Marque a alternativa que descreve esses aspectos do condutor redondo sólido. a) O condutor redondo sólido é formado por um condutor longitudinal envolvido por uma ou mais coroas de condutor redondo sólido, em formade espiral. b) O condutor redondo sólido é similar ao condutor circular, porém é compactado de maneira que produz uma deformação dos condutores elementares das diferentes coroas, deixando assim o seu diâmetro menor e tornando-o menos flexível. c) O condutor redondo sólido é fabricado a partir da deformação específica dos condutores elementares das várias coroas de um condutor redondo compacto, através de um conjunto de calandras que constitui uma forma setorial ao condutor. d) O condutor redondo sólido é encontrado com uma seção máxima de 10 mm2 devido a sua baixa flexibilidade, o que impossibilita sua aplicação e instalação de condutores com seções maiores. e) O condutor redondo sólido é elaborado por um encordoamento de diversos condutores elementares com diâmetros bem pequenos. 5. Os materiais utilizados como matéria-prima de elementos condutores de corrente elétrica podem ser classificados em dois grandes grupos, os materiais de alta condutividade e os materiais de alta resistividade. Qual é a diferença entre condutividade e resistividade? a) A resistividade elétrica é uma propriedade que define o quanto um material opõe-se à passagem de corrente elétrica. A condutividade elétrica é o indicativo da facilidade com a qual um material é capaz de conduzir uma corrente elétrica. b) A condutividade elétrica é uma propriedade que define o quanto um material opõe-se à passagem de corrente elétrica. A resistividade elétrica é o indicativo da facilidade com a qual um material é capaz de conduzir uma corrente elétrica. c) A resistividade é sinônimo de condutividade e é o indicativo da facilidade com a qual um material é capaz de conduzir uma corrente elétrica. d) A condutividade é sinônimo de resistividade e é uma propriedade que define o quanto um material opõe-se à passagem de corrente elétrica. e) A resistividade elétrica é a condutividade do material isolante e a condutividade elétrica é a resistividade do material semicondutor. Materiais condutores e aplicações18 MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1994. v. 1 e 2. SCHMIDT, W. Materiais elétricos: condutores e semicondutores. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Blucher, 2010. v. 1. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. Leituras recomendadas ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. 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São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. 19Materiais condutores e aplicações http://www.cobrecom.com.br/isolacao-dos-condutores-eletricos--confira-porque-ela-tao- http://www.corfio.com.br/pt/informativo/6 https://www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/fios-condutores-eletricidade/2/ http://www.eletri/ http://cistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/4-selecao-de-condutores-nas-instalacoes- tps://www.osetoreletrico.com.br/fios-e-cabos-condutores-da-evolucao-humana/ https://www.saladaeletrica/ http://com.br/nbr-5410-download http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula. VALENTINO TÉCNICA. Cálculo das seções dos fios. 2014. Disponível em: <http://www. valentinotecnica.com.br/te/sottopagine/calc_linea/calc_lin_1.html>. Acesso em: 13 jun. 2018. VAN VLACK, L. H. Princípios de ciência dos materiais. São Paulo: Blucher, 1998. ZANETTA JÚNIOR, L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de potência. São Paulo: Livraria da Física, 2006. Disponível em: <http://bit.do/Fundamentos-de-sistemas-el-tricos>. Acesso em: 13 jun. 2018. Materiais condutores e aplicações20 http://valentinotecnica.com.br/te/sottopagine/calc_linea/calc_lin_1.html http://bit.do/Fundamentos-de-sistemas-el-tricos Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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