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slides Aula 7 e 8

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BEM-VINDO À DISCIPLINA
Introdução ao Estudo do Direito
Prof. Ms. Laerte Redon
lar.unesa@gmail.com
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AULA 1
Aulas 7 e 8
Teoria da Relação Jurídica
Direitos, Subjetivo, Objetivo e Potestativo
(Livro Didático: p.101-133)
AULA 1
Relação Jurídica
A vida em sociedade cria múltiplas relações, reunindo os homens em diversas instituições, cada uma delas com finalidade específica: religiosas, comerciais, contratuais, familiares, associativas, esportivas, político-partidárias etc. 
E todas essas instituições possuem estatutos, regulamentos ou normas que regulam as relações entre sujeitos que a ela pertencem.
AULA 1
A relação jurídica é um vínculo entre duas ou mais pessoas, gerado por um fato jurídico, regulado pelo Direito, conferindo-se a uma ou mais o direito subjetivo de exigir da outra(s) o cumprimento de um dever.
Pode ser também definida como uma relação social tutelada pelo Direito.	
Nem toda relação social é jurídica, mas toda relação jurídica é social
Relação Jurídica
AULA 1
Conteúdo
O conteúdo da relação jurídica são os direitos e obrigações dos sujeitos que a integram.
Ex. Em uma compra e venda, o conteúdo da relação jurídica é a obrigação da entrega  do objeto e o poder de exigir o preço, por um lado,  e o dever do pagamento do preço e direito de exigir a entrega da coisa, de outro.
Ex. Em um contrato de locação, o conteúdo seria os direitos e obrigações do locador (o poder de exigir o preço e o dever da entrega da coisa para o uso manso e pacífico do locatário) e do locatário (o poder de exigir a entrega da coisa para seu uso e fruição sem ser perturbado e o dever de pagar o preço), sintetizado na expressão "locação".
AULA 1
Elementos
São os elementos necessários para que a relação jurídica tenha existência.
Seguindo a corrente dominante, adota-se a corrente que alinha sujeitos, objeto, fato jurígeno (ou gerador) ou vínculo.
AULA 1
Elementos
Sujeitos: são as pessoas (jurídica ou física) entre as quais a relação jurídica se estabelece (pode existir mais de um em cada polo).
Sujeito Ativo: titular do direito subjetivo.
Sujeito Passivo: responsável por cumprir a obrigação (titular do dever jurídico).
AULA 1
Elementos
Objeto Imediato: é a prestação devida (um dar, um fazer ou não fazer), lícita e possível, sobre a qual incide o interesse do sujeito ativo. 
Objeto Mediato: dar, fazer ou não fazer o quê? Pode ser uma coisa (um imóvel, um carro etc.), como pode ser uma pessoa (um filho, uma criança) ou um bem imaterial (liberdade, honra, integridade moral etc).
AULA 1
Elementos
Fato gerador (jurígeno): é um fato a que a lei atribui um especial efeito que dão origem à relação jurídica, a modificam ou extinguem. 
São chamados de fatos constitutivos, fatos modificativos ou fatos extintivos.
Ele liga os sujeitos e faz surgir ao vínculo, seja por força da lei ou de acordo de vontades.
AULA 1
Espécies de Relação Jurídica
AULA 1
Quanto à Abrangência
Abstratas: quando a lei  estabelece um comando geral e abstrato, sem individualização dos titulares dos direitos e obrigações. 
Obs: *Antes de o  fato ocorrer, é abstrato. Quando ocorre o fato, concretiza-se.
Concretas: relação jurídica existente na realidade, entre pessoas determinadas, sobre um objeto determinado. Os sujeitos, aqui, são individualizados.
Ex: A bateu no carro de B. Sua conduta amoldou-se à regra do art.186 CC, uma vez que causou prejuízo a outrem. Agora, está ele obrigado a reparar o dano a B.
*A lei aplicada ao caso concreto. É o abstrato tornando-se concreto pela ocorrência de um fato.
AULA 1
Simples: quando se forma de um só vínculo, unindo duas partes. 
Ex: Testamento. O sujeito ativo é aquele que faz o testamento, e o passivo é o testamenteiro (aquele que vai abrir o testamento e dizer quem é o beneficiário, e pode ser herdeiro - depende do tipo de testamento).
Complexas: quando contiver vários direitos subjetivos, caso em que as pessoas ocupam, simultaneamente, as duas posições, figurando, ao mesmo tempo, como sujeito ativo e passivo.
Ex: contrato de compra e venda.
*Eu dou o objeto e recebo o dinheiro, o outro recebe o objeto e me dá o dinheiro.
Quanto ao Número de Vínculos
AULA 1
Principais: têm vida autônoma, não dependem de nenhuma outra relação jurídica para sobreviver.
Acessórias: dependem de uma outra relação jurídica, não têm autonomia.
Ex.: O contrato de sublocação gera uma relação jurídica acessória à da locação, que é a principal. Uma vez rescindida a locação, rescindido estará automaticamente a sublocação, pois a relação acessória sempre seguirá a principal.
Quanto à Natureza
AULA 1
Absolutas -  quando vinculam aos seus efeitos todas e quaisquer pessoas e não apenas as pessoas diretamente envolvidas; operam erga omnes. Compreendem as relações  de direitos personalíssimos e as de direitos reais. 
Ex: direitos personalíssimos (honra, liberdade) e direitos reais (uso, habitação, propriedade). 
Ex: se eu mudo meu nome, isso vale para todos, todos terão que aceitar meu novo nome não apenas eu.
Quanto à Eficácia
AULA 1
Relativas  - quando vinculam  aos seus efeitos apenas as pessoas diretamente envolvidas (inter partes). Somente envolvem as partes relacionadas entre si. São também chamadas: relações  pessoais e obrigacionais (inter partes). 
Ex: direito de família, relações contratuais, relações sucessórias. 
Ex: em uma separação posso ter relação pessoal ou obrigacional com relação aos alimentos. Os alimentos podem ser pedidos ou não, mas se forem pedidos, passo a ser obrigado a dar.
Quanto à Eficácia
AULA 1
Públicas: nas quais o Estado sempre atua em posição de superioridade.
Ex: os contratos administrativos nos quais  o Estado goza de certos privilégios frente ao particular.
Privadas: quando as partes, inclusive o Estado, se encontram em posição de igualdade.
*Só entre particulares. Ex: Compra e venda, locação de bem imóvel
Quanto à Forma
AULA 1
Pessoais: vinculam o titular do direito a um número determinado de pessoas.
Obrigacionais: quando visa prestações específicas e geralmente economicamente apreciáveis. Aqui o objeto denomina-se prestação o que pode ser um dar, um fazer ou um não fazer :
Reais: quando  os seus efeitos incidem sobre bens. Existindo um poder de utilização direta das coisas. Direitos reais de garantia, por exemplo.
Quanto ao Objeto
AULA 1
Civis: são estabelecidas entre pessoas que estão em pé de igualdade. 
São as relativas à pessoa em si mesma ou no seio da família, bem como as decorrentes da sucessão mortis causa (casamento, nascimento, óbito, inventário, adoção etc.), além daquelas estabelecidas entre particulares de caráter patrimonial (contratos, propriedade etc.).
Relações Jurídicas de Direito Material
AULA 1
Penais: é aquela em que o Estado (titular do direito de punir) trava contra o autor de uma conduta definida como crime na Lei.
Processuais: é aquela havida entre o Estado e as partes envolvidas no processo, na qual são exigidos comportamentos atinentes ao bom andamento do processo, visando a uma decisão sobre um direito material questionado.
Tributárias: é aquela que ocorre entre o Estado e o particular, com a finalidade de criar e cobrar tributos, visando prover receita para realizar despesas.
Relações Jurídicas de Direito Material
AULA 1
Obrigações, Dever Jurídico e Ônus
AULA 1
Obrigações
Obrigação Contratual: tem no contrato a sua origem ou fonte. O dever decorre de um acordo de vontades, cujos efeitos são regulados em lei.
Obrigação Extracontratual (Aquiliana): tem por fonte a Lei. Toda obrigação decorrente de ato ilícito é obrigação extracontratual, portanto legal, prevista em lei.
AULA 1
Diferença de Dever Jurídico e Ônus
Dever Jurídico: o comportamento do agente é necessário para satisfazer o interesse do titular do direito subjetivo (da outra parte)
Ônus: comportar-se de determinada maneira concorre para a realização do próprio interesse do próprio agente (manter a reputação, idoneidade, manter-se em dia com obrigações eleitorais, provar o que se alega).
AULA 1
Classificação dos Direitos Subjetivos
AULA 1
Absolutos e RelativosNos direitos absolutos, a coletividade figura como sujeito passivo da relação. São direitos que podem ser exigidos contra todos os membros da coletividade, por isso são chamados erga omnes. 
Ex. direito de propriedade, saúde, vida.
 Os relativos podem ser opostos apenas em relação a determinada pessoa ou pessoas (inter partes), com as quais o sujeito ativo mantém vínculo, seja decorrente de contrato, de ato ilícito ou por imposição legal
Ex.: Os direitos de crédito, de locação, os familiais. 
AULA 1
De Personalidade, Reais e Obrigacionais
Os de personalidade são aqueles que têm por objeto a pessoa. 
Ex. direito ao nome, à honra, à imagem.
 Os reais são os que têm por objeto coisas corpóreas (materiais) ou incorpóreas (imateriais).
Ex.: posse, propriedade, uso, direito autoral, invento. 
 Os obrigacionais são os que têm por objeto certas prestações: um dar, uma fazer ou um não fazer ou incorpóreas. Também chamados de direitos de crédito ou direitos pessoais.
AULA 1
Patrimoniais e Não Patrimoniais
Os patrimoniais são os que têm por objeto coisa estimável em dinheiro. Em regra, são alienáveis e transmissíveis aos herdeiros do titular.
Ex. direitos reais (propriedade, posse) e direitos obrigacionais (crédito)
 Os não patrimoniais são os que não podem ser aferidos economicamente por possuírem natureza moral. São inalienáveis e intransmissíveis e se extinguem com a morte do titular.
Ex.: nome, integridade corporal, filiação, saúde, educação. 
AULA 1
Transmissíveis e Não transmissíveis
Transmissíveis são aqueles que podem passar de um titular para outro, por ato inter vivos (sub rogação) ou causa mortis (sucessão).
Não transmissíveis são aqueles que não podem passar de um titular para outro, ou seja, só podem ser exercidos pelo seu titular.
Ex: os direitos personalíssimos (honra,vida, nome, imagem) são sempre direitos não transmissíveis, enquanto os direitos reais, em princípio, são transmissíveis. 
AULA 1
Principais e Acessórios
Principais: são independentes, autônomos, sua existência e exercício independe do exercício de outro direito.
Ex.: Direito de propriedade, o Poder Familiar, direito a alimentos
Acessórios: estão na dependência do principal, não possuindo existência autônoma.
Ex.: Direitos decorrentes do contrato de fiança em relação ao contrato de locação, direto a percepção de juros em relação ao contrato de empréstimo, os resultantes de cláusula penal etc.
AULA 1
Renunciáveis e Não renunciáveis
Renunciáveis são aqueles em que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode deixar a condição de titular do direito sem a intenção de transferi-lo a outrem (herdeiro que nega a herança)
Irrenunciáveis não pode deixar a condição de titular do direito, tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos.
AULA 1
Públicos e Privados
Nos direitos subjetivos públicos o sujeito passivo ou ativo é pessoa jurídica de direito público . 
Ex. liberdade, direito de ação, direito de petição aos poderes públicos, direitos políticos, de desapropriar.
 Os direitos subjetivos privados ocorrem quando o sujeito ativou ou passivo são pessoas naturais ou jurídicas de direito privado. 
Ex.: O direito de propriedade entre particulares, direito de vizinhança, direito autoral e patente em face do particular.
AULA 1
Originários e Derivados
Os originários são os direitos adquiridos pela pessoa ao nascer com vida e que não decorrem de um ato prévio de transmissão do direito. 
Ex.: vida, liberdade, nome, assistência material. 
 Os derivados são aqueles adquiridos ao longo da vida ou que decorrem de um ato prévio de transmissão do direito por outrem.
Ex.: compra e venda, doação, herança.
AULA 1
Aquisição e Modificação e Extinção dos Direitos Subjetivos
AULA 1
Aquisição dos direitos subjetivos
Essa aquisição pode se dar por determinação da lei (originária) ou mesmo por ato de vontade (derivada), que surge pela prática de ato jurídico.
A aquisição derivada é aquela em que ocorre apenas uma mudança ou transferência de titularidade do direito, podendo ser:
Translativa: se o direito se transferir integralmente ao novo titular (Ex.:compra e venda à vista)
Constitutiva: se ao antigo titular ainda se reservar algum poder sobre o bem, como ocorre na doação com cláusula de usufruto (o doador conserva o uso do bem, transferindo a nua propriedade).
AULA 1
Modificação dos direitos subjetivos
Pode ser subjetiva, se a mudança ocorrer na titularidade do direito ou do dever jurídico, por ato inter vivos ou mortis causa...
Ou objetiva, se a modificação alcançar o objeto da relação jurídica (subrogacão, por ex.).
AULA 1
Extinção dos direitos subjetivos
Perecimento do objeto: quando o objeto do direito perde seu valor econômico. Art. 77 do CC: “perece o direito, perecendo o seu objeto”.
Alienação: é a transferência do direito a título gratuito ou oneroso.
Renúncia: ato voluntário pelo qual alguém abdica de um direito, como no caso de um herdeiro que nega herança.
AULA 1
Extinção dos direitos subjetivos
Prescrição: é a perda, pelo decurso do tempo, do “direito de ação”, ou seja, é a perda do poder de exigir coercitivamente de outrem o cumprimento de um dever jurídico. O direito continua a existir, mas fica sem meios eficazes de obter a proteção judicial (Ex.: 5 anos/ação de cobrança do crédito tributário)
Decadência: é a perda do “próprio direito material” em virtude do tempo. Enquanto a prescrição fulmina o direito de ação, pela decadência extingue-se o direito em si (Ex.: 5 anos/crédito tributário)
AULA 1
Direito Potestativo e Abuso de Direito
AULA 1
Direito Potestativo
É o poder de praticar certo ato em conformidade com o direito que vai resultar certos efeitos na esfera jurídica de outras pessoas, cabendo a ela somente a possibilidade de sujeitar-se ao interesse do titular. Em regra, é um direito sem contestação, desde que não tenha sido exercidos de forma discriminatória.
Ex.: direito do empregador despedir um empregado; cabe a ele apenas aceitar esta condição. 
Ex.: direito de aceitar uma proposta contratual, direito de preferência...
AULA 1
Abuso do Direito
Há abuso do direito sempre que o titular o exerce fora dos limites próprios previstos em lei. 
AULA 1

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