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Apostila CEFOSPE LIBRAS BÁSICO PARA SERVIDORES PÚBLICOS

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LIBRAS BÁSICO PARA SERVIDORES 
PÚBLICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Governador 
Paulo Henrique Saraiva Câmara 
 
 
Secretário de Administração 
Milton Coelho 
 
 
Secretária Executiva de Pessoal e Relações Institucionais – SAD 
Marília Raquel Simões Lins 
 
 
Diretora do Centro de Formação do Servidor Público – CEFOSPE 
Analúcia Mota Vianna Cabral 
 
 
Coordenadora de Educação Corporativa – SAD 
Priscila Viana Canto Matos 
 
 
Diretor da Academia Integrada de Defesa Social – ACIDES 
Manoel Caetano Cysneiros de A. Neto 
 
 
Diretora da Escola Fazendária de Pernambuco – ESAFAZ 
Vânia Arruda Alencar Pernambuco 
 
 
Diretora da Escola Penitenciária de Pernambuco – EPPE 
Charisma Cristina Alves Tomé Belo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila elaborada por: 
Maria do Carmo Nascimento Lins 
Pós-graduada em LIBRAS 
Mestranda em Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
PLANO DO CURSO 
 
 
 
 
1. Nome do curso: LIBRAS BÁSICO PARA SERVIDORES PÚBLICOS 
2. Público-alvo: Servidores Públicos 
3. Objetivo de Aprendizagem: Ao final do curso o servidor será capaz de promover 
atendimento de qualidade aos surdos. 
 
 
4. Planejamento do Curso: 
4.1. Carga Horária: 40 horas/aula 
4.2. Conteúdo Programático: História da Educação dos Surdos; Cultura e Identidade 
surda; Gramática e Direitos dos Surdos. 
 
5. Metodologia: 
5.1. Metodologia de Ensino: Aulas expositivas, Vídeos, Apostila, Dinâmicas, Práticas 
diárias. 
5.2. Metodologia de Avaliação: Ao final das aulas terão atividades avaliativas, ao final do 
curso haverá uma prova e uma dramatização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
Capítulo 1 História da Educação dos Surdos 
 
 
Capítulo 2 Aspectos Linguísticos 
 
 
2.1 Variação Linguística 
 
2.2 Estrutura Gramatical 
 
2.3 Formação das Frases 
 
2.4 Flexão de Gêneros 
 
2.5 Adjetivos 
 
2.6 Sistema pronominal 
 
2.7 Advérbios 
 
2.8 Verbos 
 
2.9 Classificadores 
 
3.0 Tipos de frases 
 
3.1 Números 
 
3.2 Valores monetários 
 
Capítulo 3 Identidade e Cultura Surda 
 
Capítulo 4 Direitos dos Surdos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS 
 
IDADE ANTIGA 
 
A surdez era vista como uma patologia, que incapacitava o surdo de raciocinar, exercer sua 
cidadania, casar, constituir patrimônio, tomar decisões. 
A Igreja Católica considerava que suas almas não eram imortais porque não tinham condições 
de pronunciar os sacramentos. Segundo a visão aristotélica, a linguagem era o que dava 
condição de humano ao indivíduo. Como os surdos não desenvolviam linguagem eram 
considerados então como não humanos. 
Os surdos tinham um destino pré-determinado; eram condenados a sofrer a mesma morte 
reservada aos retardados ou deformados; morriam asfixiados ou tinham a garganta cortada, ou 
eram lançados no precipício, no mar. A ideia negativa de que os surdos não eram educáveis 
persistiu até o século XV, sendo mantidos à margem da sociedade, sem seus direitos 
assegurados. 
No Sistema Romano, os surdos eram privados de seus direitos legais. Entre os Egípcios e os 
Persas, o seu destino era assunto de interesse religioso, pois sua debilidade era considerada 
sinal dos deuses. 
Tem-se pouca referência com relação aos surdos e a sua educação. No final da idade média, 
iniciou-se um processo de reconhecimento do surdo como ser social. 
Inicialmente, a educação se processava com um professor que ensinava os surdos a falar, ler e 
escrever, para que pudessem adquirir os direitos legais aos títulos e à herança da família 
(visão preceptora). Posteriormente, essa educação tornou-se institucionalizada (em escolas). 
 
IDADE MODERNA 
 
Surgiram os primeiros educadores que influenciaram na concepção de como os surdos são 
concebidos e educados até os dias atuais. 
 
SÉCULO XVI 
 
O monge beneditino Ponce de León (1520-1584) foi considerado o primeiro professor de 
surdos da história, e esse período foi considerado o verdadeiro início da educação. Dedicou-se 
a educar os surdos, filhos de nobres e de famílias de poder aquisitivo alto (Sec. XVI), para 
que tivessem acesso aos direitos de herança, o que só aconteceria, caso pudessem falar. Para 
tanto, utilizava uma metodologia que fazia uso de datilologia (representação manual das letras 
do alfabeto), escrita e oralização (comunicação através da fala), tendo criado também uma 
escola para professores de surdos. 
 
SÉCULO XVIII 
 
Surge no cenário Charles Michel de L’epée (1750), abade francês, que desenvolve um 
trabalho com os surdos nas ruas de Paris. Observou que os surdos se comunicavam por um 
conjunto de gestos com significados funcionais. Utilizando-se dos gestos, desenvolveu 
estratégias pedagógicas diferenciadas. A metodologia e os resultados eram registrados e 
divulgados com a expectativa de que a sociedade compreendesse que o desenvolvimento 
intelectual dos surdos dependia, essencialmente, de um canal de comunicação, O GESTUAL. 
 
 
 
 8 
No século XVIII, o abade prosseguia com seu trabalho de educação dos surdos pelas ruas de 
Paris, usando a língua de sinais para ensiná-los. Criou o Instituto Nacional para Surdos-
Mudos, a primeira escola a obter apoio público. Formou diversos professores para surdos que 
criaram vinte e uma escolas na França e no resto da Europa. 
 
 
 
L’epée foi considerado o pai dos surdos, e a corrente filosófica defendida por ele denominou-
se GESTUALISTA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A corrente filosófica que surge com muita força denominou-se ORALISTA, baseada nas 
ideias de SAMUEL HEINICK. Este defendia que os surdos precisavam desenvolver a 
competência linguística oral e o comportamento dentro dos padrões “normais”. 
Samuel Heinick, importante pedagogo e professor alemão, defendia que o desenvolvimento 
cognitivo tinha origem no uso da palavra e trabalhava com os surdos a produção da fala. Era 
reprimido tudo o que fizesse lembrar que os surdos não podiam falar como os ouvintes, a fim 
de que eles fossem aceitos socialmente. Nesse processo, ficaram fora da possibilidade de 
desenvolvimento educacional, pessoal e integração com a sociedade, obrigando-os a se 
organizarem de forma clandestina. 
Heinick fundou a primeira escola pública que utilizava apenas a língua oral na educação das 
crianças surdas, considerando essa situação ideal para inseri-las na comunidade de ouvintes. 
Esse método foi adotado por quase todos os países de língua alemã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Surge, então, outra corrente pedagógica referente à 
metodologia para ensinar os surdos...9 
 
 
 
 
Na segunda metade do século XVIII, existiam, 
basicamente, dois métodos de ensino de surdos: 
 
 
 
MÉTODO FRANCÊS DE L’EPÉE 
 
Surgido em Paris, Baseando-se na Língua 
de Sinais. 
MÉTODO ALEMÃO DE HEINECK 
 
Originado em Hamburgo e Leipzig, 
enfatizava o desenvolvimento da 
oralização. 
 
 
 
 
SÉCULOS XVIII E XIX 
Thomas Gallaudet (1787-1851), professor americano, passou a dedicar-se ao estudo da 
surdez, com o intuito de criar uma escola pública para surdos nos Estados Unidos. Viajou para 
a Europa a fim de aprender o método de Bradwood, bastante difundido nos Estados. 
Tomou conhecimento, também, do método desenvolvido por L’Epée e viajou à França, 
realizando estágio no Instituto Nacional para Surdo-Mudo, onde aprendeu o método e a 
Língua de Sinais com Laurent Clerc (1785-1869). Este frequentou o Instituto desde os 12 
anos de idade como aluno, tornando-se, depois, professor de surdos. Posteriormente, 
Gallaudet contratou Clerc para trabalharem juntos e, no ano de 1916, fundaram a primeira 
escola pública para surdos nos Estados Unidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERRÍVEL MARCO HISTÓRICO 
 
 
 
 10 
 
 
 
 
 
 
 
IDADE CONTEMPORÂNEA 
 
Um evento gerou uma radical mudança nos rumos da educação dos surdos. Considerado um 
marco histórico, no ano de 1880, em Milão, ocorreu o I Congresso Internacional de 
Educadores de Surdos. Esse evento foi organizado por uma maioria oralista com o propósito 
de fortalecer suas convicções. Assim, o método alemão ganhava, aos poucos, a adesão dos 
países europeus. 
As discussões do Congresso foram realizadas por meio de debates acalourados, momentos em 
que se apresentaram muitos surdos que falavam bem, com exceção da delegação americana 
(apenas 05 membros) e de um professor britânico. 
A única oposição clara ao oralismo foi apresentada por Gallaudet, baseada na metodologia de 
L’Epée. 
Todos os participantes, em sua maioria europeia e ouvintes, votaram, e, por aclamação, 
venceu a metodologia oralista. 
A língua de sinais foi banida e considerada um perigo para o desenvolvimento da linguagem 
oral, e os professores surdos foram expulsos das escolas. 
 
 
 
 
A interdição durou 100 anos 
 
 
 
 
 
 
 
SÉCULOS XIX E XX 
O Oralismo permaneceu sem grandes questionamentos, porém, após algumas décadas de 
trabalho, havia uma grande insatisfação com os resultados da fala dos surdos. A maioria dos 
surdos profundos, além de não revelar uma comunicação oral satisfatória, não apresentava 
desenvolvimento na leitura nem na escrita, provocando um visível fracasso da metodologia. 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÉCULO XX 
O descontentamento com o Oralismo tomava conta do cenário educacional. A falta de 
socialização dos surdos e os pequenos progressos apresentados induziram a novos 
questionamentos sobre a educação dos surdos e surgiram novas propostas pedagógico-
educacionais em relação à educação da pessoa surda e volta ao cenário a perspectiva sobre o 
uso da língua de sinais. 
A Língua de Sinais foi estudada por meio das pesquisas de William Stokoe, em 1960 sendo 
demonstrado que a Língua Americana de Sinais (ASL) apresentava todas as características 
das línguas orais. Após a publicação de Stokoe, na década de 70, cresceram as pesquisas 
voltadas para a Língua de Sinais e sua aplicação na educação e na vida dos surdos. 
A grande insatisfação que pairava sobre o cenário educacional, desde os educadores até os 
surdos deu origem a experiências envolvendo tanto a língua de sinais como outros métodos 
manuais, desde que propiciassem uma melhor comunicação entre ouvintes e não ouvintes. 
Nessa época, Dorothy Schifflet, que era professora e mãe de um surdo, iniciou uma nova 
metodologia de ensino e introduziu língua de sinais, língua oral, leitura labial, treino auditivo 
e alfabeto manual, denominado “Total Aproach”. Posteriormente, Roy Holcom adotou esse 
trabalho e o rebatizou de Total Communication, dando origem à filosofia da Comunicação 
Total. 
Como ainda não havia uma metodologia única, muitas eram as experiências desenvolvidas 
com os surdos. A Universidade Gallaudet, que utilizava o inglês sinalizado, adotou a 
Comunicação Total e se tornou o maior centro de pesquisa dessa nova filosofia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM NOVO 
HORIZONTE 
 
 
 
 12 
 
 
 
 
 
 
COMUNICAÇÃO TOTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A tendência ganhou impulso nos anos 70; a junção de métodos era permitida, como a língua 
de sinais, leitura orofacial, amplificação e datilologia a fim de fornecer inputs linguísticos 
para estudantes surdos, podendo eles se expressarem mediante a modalidade a que melhor se 
adaptassem. Os profissionais que adotaram a filosofia em questão percebiam os surdos não 
como portadores de uma patologia, mas sim, como uma pessoa capaz de se desenvolver e 
superar suas limitações. 
O objetivo é desenvolver uma comunicação real entre os surdos e os seus familiares, 
professores e coetâneos, para que eles possam construir seu mundo e suas convicções 
internamente. A oralização não é o objetivo em si da comunicação total, mas uma das áreas 
trabalhadas para possibilitar a integração social do indivíduo surdo. 
 
 
 
 13 
Após a euforia do momento inicial e análises avaliativas, observou-se que os surdos ainda 
apresentavam sérias dificuldades para expressar sentimentos e ideias e comunicar-se em 
contextos extraescolares. 
Referente à escrita, os problemas apresentados continuam a ser muito importantes, sendo que 
poucos sujeitos alcançam autonomia nesse modo de produção de linguagem, sendo poucos os 
casos bem-sucedidos. E sobre os sinais, estes ocupam um lugar meramente acessório de 
auxiliar da fala, não havendo um espaço para seu desenvolvimento. 
 
 
 
 
SÉCULO XX 
A Comunicação Total proporcionou maior resultado positivo que o oralismo, a observância 
aos aspectos do desenvolvimento cognitivo dos surdos, a convocação dos familiares em prol 
da educação dos filhos surdos. A filosofia vigente, porém, não privilegia o fato de a língua de 
sinais ser a língua natural dos surdos; não privilegia o fato de ser um fenômeno natural da 
comunidade surda nem sua carga cultural, inserindo recursos artificiais com o intuito de 
facilitar a interação. Isso gera, em alguns casos, uma certa desordem na comunicação, uma 
vez que o domínio dos recursos depende da habilidade individual de cada um, o que torna a 
codificação confusa. 
No final da década de 70, alguns educadores adotaram a Língua de Sinais, independentemente 
da língua oral; com isso, o surdo deveria utilizar, em determinados momentos, a Língua de 
Sinais e, em outros, a língua oral. Surgiu, então, a proposta do Bilinguismo a partir da década 
de 80, ganhando adeptos em todos os países do mundo. 
 
 
 
 
 
 
A reivindicação dos surdos para se comunicarem por meio da Língua de Sinais tem sua 
legitimidade construída a partir dos anos 1960, quando as pesquisas das neurociências 
começaram a oferecer as bases científicas que atribuíam às Línguas de Sinais o papel de único 
instrumento capaz de atender as necessidades comunicativas dos surdos (RAMOS, 2011). 
Os avanços dos estudos de neuroimagens por meio de exames, como a ressonância magnética 
funcional e a tomografia computadorizada, por exemplo, permitiram analisar a atividade 
sináptica das diversas regiões cerebrais, possibilitando a observação em tempo real da 
funcionalidade do cérebro.AJUDA DA COMUNIDADE CIENTÍFICA 
 
 
 
 
 14 
 
 
 
 
 
Fonte: Freitas (2012) 
 
 
 
 
 
 
Pelas imagens, é possível se verificar a similaridade funcional das áreas da linguagem em 
surdos e ouvintes que utilizam a língua de sinais e a língua oral. Estudos como esse 
contribuíram para o reconhecimento das línguas de sinais como línguas independentes. 
Nesse sentido, as análises sobre os aspectos funcionais da linguagem têm demonstrado que, 
embora pertençam a modalidades diferentes, as línguas orais e as de sinais apresentam 
funcionamento análogo entre si, ativando as mesmas estruturas cerebrais tanto para produção 
quanto para compreensão das mensagens. Esses achados científicos contribuíram, de forma 
sistemática, para a compreensão do status linguístico das línguas de sinais e, em 
consequência, para o surgimento de outra abordagem educacional denominada 
“bilinguismo”. 
 
 
 
 
 
 
 
O Bilinguismo consiste numa proposta sócio-antropológica da surdez, que se baseia na 
condição bilíngue e bicultural do surdo, que convive, em seu dia a dia, com duas línguas: a 
língua de sinais e a língua oral de seu país, e duas culturas: a cultura da comunidade surda e a 
da comunidade ouvinte de seu país (QUADROS, 2006). 
UMA NOVA FILOSOFIA... 
 
 
 
 15 
O conceito central da educação bilíngue afirma que os surdos formam uma comunidade com 
cultura e linguagem próprias. Apresenta uma filosofia diferente do modelo oralista, porque 
considera o canal viso-gestual de fundamental importância para a aquisição de linguagem da 
pessoa surda. Diferencia-se também do modelo da comunicação total porque defende um 
espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educacional. 
O Bilinguismo defende que cada língua apresentada possui características próprias não 
devendo nunca ser misturadas. A proposta é que sejam ensinadas duas línguas: a língua de 
sinais como língua materna, e a outra do grupo ouvinte majoritário, língua país. 
 
 
 
 
IMPORTANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O objetivo da educação bilíngue é propiciar à criança surda o desenvolvimento cognitivo-
linguístico equivalente ao observado na criança ouvinte, que possa desfrutar de uma relação 
harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso às duas línguas (sinais e majoritária). A 
A língua de sinais 
estará sempre um 
pouco mais 
desenvolvida e 
adiante da língua 
falada, de modo que 
a competência 
linguística na língua 
de sinais servirá de 
base para a 
competência na 
aquisição da língua 
falada. 
Trata-se da 
aprendizagem de 
uma língua por 
meio da 
competência em 
outra língua, 
modelo natural dos 
ouvintes, quando 
aprendem uma 
segunda língua. A 
base é sua língua 
materna. 
 
 
 
 
 16 
filosofia em questão busca otimizar a relação entre o adulto surdo e a criança, abrindo um 
caminho para o processo de construção de uma autoimagem positiva como sujeito surdo, sem 
perder a possibilidade de se integrar a uma comunidade de ouvintes. 
São poucos os países que implantaram a educação bilíngue. A aplicação prática não é simples 
e exige cuidados especiais, formação de profissionais habilitados e diferentes instituições 
envolvidas. 
Projetos realizados em diversas partes do mundo, como Suécia, Estados Unidos, Venezuela e 
Uruguai, têm princípios filosóficos semelhantes, embora se diferenciem em alguns aspectos 
metodológicos. Diante desse panorama, é possível constatar que, de alguma maneira, as três 
principais abordagens de educação de surdos, Oralista, Comunicação total e Bilinguismo, 
 
 
coexistem com adeptos de todas elas nos diferentes países. Cada uma delas possui sua 
história, uma ideologia, cada qual com seus prós e contras, embora não seja possível se 
instituir uma metodologia sem levar em consideração os aspectos que propiciam o 
desenvolvimento humano. 
Como podemos observar as línguas de sinais são faladas em todo o mundo, para exemplificar 
temos: comunidade surda britânica utiliza a British Sign Language (BSL); a francesa, a 
Language Française des Signes (LFS); os surdos portugueses utilizam a LSP – Língua de 
Sinais Portuguesa;b a comunidade estadunidense, a American Sign Language (ASL); e, claro, 
a comunidade surda brasileira, a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 
A Língua de sinais americana, bem como a língua brasileira de sinais tiveram suas origens na 
língua francesa de sinais. Nos Estados Unidos, o americano Thomas Hoppins Gallaudet sensibilizado 
com uma garotinha surda, Alice Cogswell de 8 anos, viaja à Europa em busca de novos métodos para 
ajudar o desenvolvimento educacional desta menina, visto que não confiava muito nos métodos para 
oralizar pessoas surdas que existiam naquela época no país. No Brasil, em 1855 um surdo francês, 
Ernest Huet, em comum acordo com o imperador Dom Pedro II, chaga ao país e cria a primeira escola 
nacional de surdos, atualmente o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES na cidade do Rio 
de Janeiro 
 
 
 
 
Em 1855, a partir da iniciativa do imperador Dom Pedro II, o professor surdo francês Edward 
Huet, iniciou, no Brasil, um trabalho de educação de duas crianças surdas, com bolsas de 
estudo pagas pelo governo. 
Em 26 de setembro de 1857, foi fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual 
Instituto Nacional de Educação dos Surdos - INES, que utilizava a língua de sinais em seus 
procedimentos educacionais. Em 1911, no Brasil, o INES, seguindo a tendência do Congresso 
de Milão, estabeleceu o oralismo puro em todas as disciplinas. Ainda que não fosse a 
metodologia mais adequada, era a primeira vez que os surdos estavam alcançando alguma 
visibilidade, considerando que antes eram condenados a uma vida de clausura e descaso. 
Apesar de todas as proibições, a língua de sinais sempre foi utilizada pelos alunos nos pátios e 
corredores da escola. 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDO NO 
BRASIL 
 
 
 
 17 
A filosofia da Comunicação Total chegou ao Brasil, no final dos anos 70, após a visita de 
Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade de Gallaudet. O INES adotou a 
Comunicação Total como metodologia para o ensino de suas turmas. 
Na década seguinte, baseado nas pesquisas da linguista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS), o Bilinguismo tem início, passando a ser implantado em 
algumas escolas e clínicas brasileiras, na década de 90. 
 
SÉCULO XXI 
Nesse século, houve o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras), como língua 
da comunidade surda brasileira, através da Lei N
O
 10.436, de 24 de abril de 2002. 
O Brasil se tornou Estado-parte e país signatário dos principais acordos e convenções 
internacionais que estabelecem medidas de respeito aos Direitos Humanos, em um esforço 
 
 
 
significativo para a prevenção e eliminação do preconceito, em relação às pessoas com 
deficiência e para a promoção da acessibilidade e da inclusão social. 
Realizou-se em Salamanca, na Espanha, a Conferência Global sobre Educação Inclusiva, no 
período de 21 a 23 de outubro de 2009, com a participação de 58 países, além do Brasil. 
Nessa conferência foi produzida a Declaração de Salamanca. 
 
A DECLARAÇÃO ENFATIZA DUAS DIRETRIZES: 
 Transformar os sistemas de ensino para que acolham todas as crianças; 
 
 Eliminar a discriminação no acesso à educação. 
 
O foco são os Princípios, a Política e a Prática em Educação Especial. Trata-se de uma 
resolução das Nações Unidas, adotada em Assembleia Geral, a qual apresenta os 
Procedimentos-Padrõesdas Nações Unidas objetivando a Equalização de Oportunidades para 
Pessoas Portadoras de Deficiências. A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente 
um dos mais importantes documentos que visam à inclusão social, juntamente com a 
Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e da Declaração Mundial sobre Educação para 
Todos (1990). 
 
 
 
 
 
O Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES tornou-se órgão do Ministério da 
Educação - MEC, tendo como missão institucional a produção, o desenvolvimento e a 
divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez, em todo o território 
nacional. 
 
 
 
 
 18 
Ainda referente às missões, deve também subsidiar a Política Nacional de Educação, na 
perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena 
socialização e o respeito às suas diferenças. 
 
 
 
NOSSO OUVIDO 
 
 
 
 
OUVIDO EXTERNO: Orelha e canal auditivo com a membrana timpânica no fundo do canal. 
OUVIDO MÉDIO: 03 ossículos (martelo, bigorna, estribo) e a abertura da tuba auditiva. 
OUVIDO INTERNO (labirinto): aparelho vestibular (equilíbrio) e cóclea (audição). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
SURDEZ 
 
Diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o 
indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo aquele cuja 
audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. Essa diminuição pode 
ser de nascença ou causada posteriormente por doenças. 
 
POSSÍVEIS CAUSAS 
PRÉ-NATAIS 
A criança adquire a surdez por 
mieo da mãe, no período de 
gestação. 
 
PERINATAIS 
Problemas no parto 
PÓS-NATAIS 
Problemas após o 
nascimento 
Desordens genéticas ou 
hereditárias relativas à 
consanguinidade ou ao fator Rh.. 
 
Pré-maturidade Remédios ototóxicos em 
excesso ou sem orientação. 
Doenças infectocontagiosas, 
como rubéola, sífilis, 
toxicoplasmose, herpes. 
. 
Anóxia Exposição contínua a ruídos 
ou sons muito altos. 
Remédios ototóxicos, drogas, 
alcoolismo materno, exposição à 
radiação. 
 
Fórceps Sífilis adquirida. 
.Desnutrição/Subnutrição, 
Carências alimentares. 
 
Infecção hospitalar 
Diabetes, pressão alta.. 
 
 
GRAU DE PERDA 
 
O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, versa, em seu Art. 4º, que a pessoa portadora 
de deficiência deve se enquadrar em uma das seguintes categorias: 
 
 
PARCIALMENTE 
SURDO 
Surdez leve 25 a 40 dB 
 
Surdez moderada 41 a 55 dB 
 
Surdez acentuada 
 
56 a 70 dB 
 
SURDO 
Surdez severa 
 
71 a 90 dB 
Surdez profunda 
 
Acima de 91 dB 
Anacusia 
 
 
 
 
 20 
 
 
 
 
ATENÇÃO 
 
 
 
 
UMA BREVE EXPLICAÇÃO 
 
DESINFORMAÇÃO 
Algumas pessoas acreditam que a comunicação gestual é um conjunto aleatório de gestos que 
possibilitam uma comunicação qualquer. 
 
 
 
O QUE É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
 
LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros. Como 
língua possui um sistema altamente estruturado, constituído de toda a complexidade gramatical 
das línguas faladas, regras bem definidas e vários níveis de estrutura linguística, como morfologia, 
sintaxe, semântica, pragmática, sendo também dotada de riqueza lexical e variações linguísticas. 
Apenas na década de 60, as línguas de sinais passaram a ocupar um status linguístico. 
 
Os itens lexicais, que nas línguas orais são denominados palavras, na língua de sinais, são 
denominados “sinais”; estes possuem duas formas: icônicos ou arbitrários e conseguem, 
devidamente aplicados dentro das regras da língua de sinais, descrever toda a complexidade 
do pensamento humano. 
 
 
 
A comunidade surda também 
não é simpática ao termo 
deficiente auditivo, pois 
remete à incapacidade, 
preferem que os chamem de 
surdos.. 
 
 
 
 
 21 
 
NA LÍNGUA ORAL: PALAVRAS NA LÍNGUA DE SINAIS: GESTOS 
 
 
 
GESTOS PODEM SER: 
 
ICÔNICOS - reproduzem a imagem. ARBITRÁRIOS -Não reproduzem 
a imagem. 
 
CURIOSIDADES 
 
QUAL O CORRETO? 
( ) Língua dos sinais 
( ) Língua de sinais 
 
 
Trata-se de uma língua viva e, portanto, a quantidade de sinais está em aberto, 
possibilitando o acréscimo de novos sinais. 
LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
COMO CHAMAR ATENÇÃODOS SURDOS... 
 
Toque-o no ombro 
Apague e acenda a luz 
Levante a mão discretamente 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
 
QUANDO SURGIU O PRIMEIRO LIVRO? 
 
 
O 1º livro em inglês, que descreve a língua de sinais, foi escrito por J. Bulwer, datado de 1644 
(Ramos, 2011), quase quatro mil anos após o surgimento dos primeiros livros. 
 
 
LEITURA LABIAL 
 
Nem todo surdo faz leitura labial; estima-se que o surdo só compreende 20% da mensagem. 
 
 
 
 
 
 
?O QUE É DATILOLOGIA...? 
 
É a soletração de uma palavra, utilizando-se o alfabeto manual de sinais ou alfabeto digital. O 
uso da datilologia não substitui o uso dos sinais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
 
 
ASPECTOS LINGUÍTICOS 
Ainda hoje, erroneamente, as línguas de sinais são vistas apenas como um conjunto de 
pantomimas, uma combinação de gestos que permitem aos seus usuários uma comunicação 
rudimentar (HICKOK; BELLUGI&KLIMA, 2001 apud BRASIL, 2011). Existe também, a 
visão equivocada de que os surdos comunicam-se, escrevendo no ar as palavras da língua oral 
por meio do alfabeto digital. 
As línguas de sinais são sistemas altamente estruturados, constituídos de toda a complexidade 
gramatical das línguas faladas, regras próprias e vários níveis de estrutura linguística, como 
morfologia, sintaxe, semântica, pragmática, além de serem dotadas de riqueza lexical e de 
sofrerem variações linguísticas. 
Embora seja uma língua articulada espacialmente, lugar onde são constituídos seus 
mecanismos fonológicos, morfológicos e sintáticos, certifica-se que as línguas de 
sinais são icônicas e arbitrárias e que as formas icônicas não são universais. 
Trata-se, portanto, de uma língua que possui os mesmos universais linguísticos das 
línguas orais, caracterizando a formação dos sinais a partir dos fonemas e morfemas. 
Percebe-se, ainda, por meio da sua morfologia e sintaxe, o seu caráter flexional, 
complexo e econômico na produção e articulação das frases.(SOUSA, 2010). 
 
 
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
 
Em todo o mundo, há comunidades surdas, que usam a língua de sinais amplamente diferente 
daquela da língua falada utilizada na mesma área geográfica. Isso comprova que as línguas de 
sinais são independentes das línguas orais, uma vez que foram produzidas dentro das 
comunidades surdas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Língua de Sinais Americana é diferente da Língua de Sinais Britânica que é diferente da Língua de 
Sinais Francesa. 
 (ASL) (BSL) 
(LSF) 
 
 
 
 
 25 
 
Exemplo: a palavra NOME 
 
 ASL LIBRAS 
 
 
 
A LIBRAS APRESENTA VARIAÇÃO REGIONAL 
Exemplo: VERDE 
 Rio de JaneiroSão Paulo Curitiba 
 
 
 
A LIBRAS APRESENTA VARIAÇÃO SOCIAL 
Exemplo: AJUDAR (ambos os sinais estão corretos) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
 
 
A LIBRAS APRESENTA MUDANÇAS HISTÓRICAS 
Com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações. 
Exemplo: AZUL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS LÍNGUAS SÃO DIVIDIDAS EM DUAS 
MODALIDADES 
 
ORAL-AUDITIVA 
 
ESPAÇO-VISUAL 
 
Significa que a mensagem é transmitida 
através da fala (boca) e recebida através 
da audição 
 
Significa que a mensagem é transmitida 
através do espaço (mãos que se mexem no 
espaço) e recebida através da visão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
 
 27 
 
 
 
A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É UMA LÍNGUA DE MODALIDADE GESTUAL-
VISUAL-ESPACIAL. DEVIDO À NATUREZA LINGUÍSTICA, A REALIZAÇÃO DE UM 
SINAL PODE SER MOTIVADA PELAS CARACTERÍSTICAS DO DADO DA REALIDADE 
A QUE SE REFERE, EMBORA ISSO NÃO É UMA REGRA. 
 
Os itens lexicais, que nas línguas orais são denominados de palavras, nas línguas de sinais, 
são denominados “sinais”. 
LÍNGUAS ORAIS LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
 
 
 
 
Os sinais podem ser icônicos ou arbitrários, sendo capazes de descrever toda a complexidade, 
concretude e abstração inerentes ao pensamento humano. 
 
 
 
 
Exemplo: TELEFONE BORBOLETA 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: 
 CONVERSAR DEPRESSA 
 
 
 
 
 
Um sinal é considerado icônico quando reproduz a imagem do referente. 
Um sinal é considerado arbitrário quando não possui nenhuma semelhança com o 
referente. 
 
 
 
 28 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
 
 
ESTRUTURA GRAMATICAL 
 
PARÂMETROS 
A LIBRAS tem sua estrutura gramatical organizada a partir de cinco parâmetros, que 
estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. São cinco elementos que se 
combinam de forma sequencial para a composição dos sinais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONFIGURAÇÃO DE MÃOS 
 
Consiste na forma que a mão assume durante a realização de um sinal, trata-se da unidade 
mínima de realização do sinal, comparando com a língua oral a configuração de mão é o 
fonema. 
São 64 configurações. 
 
 
 
1. Configuração de mãos 
2. Ponto de articulação 
3. Movimento 
4. Direção 
5. Expressão facial 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
Exemplo: 
 Nas palavras veado e ontem, podemos observar que a configuração das mãos é diferente em 
cada uma delas. 
 Veado ontem 
 
 
 
 
PONTO DE ARTICULAÇÃO 
 
É o espaço frente ao corpo ou em uma região do próprio corpo onde os sinais são executados. 
Podem ser realizados diante do corpo, próximo ou tocando uma região. 
 
Exemplo: 
 A palavra trabalho tem o ponto de articulação no espaço neutro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
 
 As palavras abaixo diferem apenas em relação ao local do ponto de articulação. Observe que 
cada uma das figuras significa diferentes palavras. 
 
 
 região do peito frente à boca frente à testa 
 
 
 
(A configuração de mão e o movimento são iguais, sendo o ponto de articulação diferente, alterando totalmente o significado.). 
 
 
 
MOVIMENTO 
 
 
 
Os sinais podem ou não ter movimento, que consiste no deslocamento da mão no espaço, 
durante a realização do sinal, podendo ser em linha reta, curva ou circular, realizado no 
espaço ou sobre o corpo. 
 
 
 
 Galinha Homem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
 
 
 
 
 
TIPOS DE MOVIMENTO 
 
 
RETILÍNEO: 
 
 ENCONTRAR ESTUDAR PORQUE 
 
 
 
Helicoidal: 
 
 ALT@ MACARRÃO AZEITE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
 
 
 
Circular: 
 
 BRINCAR IDIOTA BICICLETA 
 
 
 
 
 
 
Semicircular: 
 
 
 
 SURD@ SAP@ CORAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
 
 
Sinuoso: 
 
 BRASIL RIO NAVIO 
 
 
Angular: 
 
 
 RAIO ELÉTRICO DIFÍCIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
 
 
DIREÇÃO 
 
Durante a realização do sinal, a palma da mão assume uma direção: para cima, para baixo, 
para frente, para a direita ou esquerda, para o corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A inversão de um sinal pode significar oposição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
 
 
 
EXPRESSÃO FACIAL 
 
Devido à modalidade viso-espacial da língua de sinais, as expressões faciais possuem uma 
função decisiva na língua de sinais, pois substituem a entonação da voz usada na pontuação 
das sentenças afirmativas, negativas, interrogativas e exclamativas. 
O sinal precisa da expressão facial para ter seu significado completo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37 
 
 
 
ESTRUTURA SINTÁTICA 
 
FORMAÇÃO DAS FRASES 
 
A ordem das frases em língua de sinais obedece a regras próprias, que refletem a forma pela 
qual o surdo processa suas ideias, baseando-se em sua percepção visual-espacial da realidade. 
 
OBSERVE A ESTRUTURA SINTÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA: 
 
 
 
 
 
 
Exemplos: 
Eu gosto de rosa 
Eu vou de carro 
 
OBSERVE A ESTRUTURA SINTÁTICA DA LÍNGUA DE SINAIS: 
 
 
 
 
 
 
Exemplos: 
 
 
Libras: EU IR CASA 
Português: EU IREI PARA CASA (para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo). 
Libras: IDADE VOCÊ + expressão facial de interrogação 
Português: QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? 
 
FLEXÃO DE GÊNERO 
 
Não há flexão de gênero em Libras; quando é preciso explicitar o sexo, acrescenta-se o sinal 
homem ou mulher. 
Substantivos e adjetivos não são marcados. 
Adjetivos, artigos, pronomes e numerais não apresentam flexão de gênero, apresentam-se em 
forma neutra. 
A forma de representação gráfica é @ 
 
Exemplo: 
namorad@, gat@, fri@,amig@, pouc@, macac@. 
A língua de sinais não possui conectivos, artigos ou preposições. 
Os verbos são no infinitivo. 
Os verbos de ligação são desconsiderados. 
 
Obedece à ordem sujeito+verbo+objeto (SVO) 
 
 
 
 
 38 
 
ADJETIVOS 
Sempre estará de forma neutra, não havendo marcador para masculino e feminino nem para 
singular e plural. 
Os adjetivos estarão posicionados na frase, após o substantivo que qualifica. 
Ex: Blusa azul boit@ 
Menin@ bonit@ 
Gord@ 
Magr@ 
 
SISTEMA PRONOMINAL 
PRONOMES PESSOAIS 
 
A Libras apresenta três pessoas do discurso: 
Primeira pessoa Segunda pessoa Terceira(s) pessoa(s) 
 
EU 
 
TU 
 
ELE/ELES 
 
Observe o quadro 
SINGULAR DUAL TRIAL QUATRIAL PLURAL 
Conf mão: G 
 
 
Conf mão: K 
ou V 
 
 
Conf mão: 
W 
 
 
Conf mão: 54 
 
Conf mão: 
Pessoa do 
discurso + 
Foto sinal 
grupo 
Para todas as 
pessoas, o 
sinal é o 
mesmo, o 
que 
diferencia é 
a orientação 
das mãos. 
 
A mão ficará 
em formato 
de dois. 
A mão 
assume o 
formato de 
três. 
O formato 
da mão será 
de quatro. 
Sinal 
composto: 
pessoa do 
discurso no 
singular + 
sinal de 
grupo.39 
 
 
 
PRIMEIRA PESSOA 
 
 
Primeira do singular: EU - apontar para o peito do enunciador - a pessoa que fala 
 
 
 
 
Primeira do plural: NÓS 2, NÓS 3, NÓS 4 - GRUPO NÓS - TOD@ NÓS 
Dual: mão em formato de dois 
Trial: mão em formato de três 
Quatrial: mão em formato de quatro 
Plural: NÓS - GRUPO NÓS - TOD@ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
 
 
 
 
 
SEGUNDA PESSOA 
 
 
Segunda do singular: VOCÊ - aponta para o interlocutor - a pessoa com quem se fala 
 
 
 
Segunda do plural: VOCÊ 2, VOCÊ 3, VOCÊ 4, VOCÊ - TOD@ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOCÊS – GRUPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
 
 
 
 
 
TERCEIRA PESSOA 
 
 
Terceira do singular: EL@ - aponta para uma pessoa que não está na conversa ou para um 
lugar convencionado para uma pessoa 
 
 
 
Terceira do plural: EL@2, El@ 3, El@ 4, El@s/El@s-todos, El@s-GRUPO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente, mas se deseja ser discreto, por 
educação, não se aponta para essa pessoa diretamente. Ou se faz um sinal com os olhos e um 
leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou aponta-se para a palma da 
mão (voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
 
 
 
 
 
RESUMO 
1ª pessoa do singular EU 
 
1ª pessoa do plural NÓS 2 – dual NÓS 3 – 
trial 
NÓS 4 – quatrial NÓS – 
tod@ (plural) NÓS – grupo 
 
2ª pessoa do singular VOCÊ 
 
2ª pessoa do plural VOCÊ 2 VOCÊ 3 VOCÊ 4 
VOCÊ - TOD@ 
 
3ª pessoa do singular EL@ 
 
3ª pessoa do plural EL@2 El@ 3 El@ 4 
El@s/El@s-todosEl@s-
GRUPO 
 
 
 
 
 
PRONOMES DEMONSTRATIVOS 
 
 
 
PRONOMES DEMONSTRATIVOS E ADVÉRBIOS DE LUGAR 
Estão relacionados às pessoas do discurso e representam o que está bem próximo, perto ou 
distante. 
Eles possuem a mesma configuração de mãos dos pronomes pessoais, e o que vai fazer a 
diferença são os pontos de articulação e a orientação do OLHAR. 
Configuração de mão [G] 
 
EST@ / AQUI - olha para a coisa ou lugar apontado, perto da 1ª pessoa. 
 
ESS@ / AÍ - olha para a coisa ou lugar apontado, perto da 2ª pessoa. 
 
AQUEL@ / LÁ - olha para a coisa ou lugar distante apontado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
 
 
 
Vamos observar e comparar por meio da tabela 
 
 
Pessoa do 
discurso 
Pronome 
Demonstrativo 
Advérbio 
de lugar 
Localidade 
1ª EU 
 
 
Est@ 
 
 
 
 
 
 
 
Aqui 
 
 
bem próximo 
2ª VOCÊ 
 
 
Ess@ 
 
 
 
 
 
Aí 
 
 
perto 
3ª ELE 
 
 
Aqul@ 
 
 
 
 
 
Lá 
 
distante 
 
 
 
 
PRONOMES POSSESSIVOS 
 
Não possuem marca para gênero, estando relacionados às pessoas do discurso e não, à coisa 
possuída, como acontece em Português. 
Os pronomes possessivos se relacionam com: 
 
 
 
1ª pessoa m@ - Pode haver duas configurações de mãos: A primeira configuração é a mão 
aberta com os dedos juntos e batendo levemente no peito da pessoa que fala. A segunda 
configuração é a mão em P com o dedo batendo no peito, significando MEU-PRÓPRIO. 
 
 
 
 
 44 
2ª pessoa te@ - A mão estará na configuração de P, porém o movimento é em direção à 
pessoa com quem se fala. 
 
3ª pessoa se@ - A mão estará na configuração de P, porém o movimento é em direção à 
pessoa que está sendo mencionada. 
 
 
PRONOMES INTERROGATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
Os pronomes interrogativos QUE, QUEM e ONDE se caracterizam, essencialmente, pela 
expressão facial interrogativa feita simultaneamente ao pronome. São usados no início da 
frase. 
 
Exemplos: 
QUEM NASCER BRASIL? 
QUE GOSTAR COMER? 
ONDE NASCER VOCÊ? 
 
QUE e QUEM, no sentido de QUEM É ou DE QUEM É, são usados no final da frase. 
 
Exemplos : 
PESSOA, QUEM-É? Português: Quem é esta pessoa? 
CARRO DE-QUEM-É? Português: De quem é este caderno? 
 
QUANDO: a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo (hoje, amanhã, 
ontem) ou está relacionado a um dia específico. 
É preciso observar que há 3 sinais diferentes para QUANDO: 
 
1- Que se refere ao passado 
Ex: El@ viajar Rio de Janeiro quando-passado? 
 
2- Que se refere ao futuro 
Ex: El@ viajar Rio de Janeiro quando-futuro? 
 
3- Sinal soletrado D-I-A que especifica o dia 
Ex: Eu convidar você para viajar. Você poder D I A? 
 
 
 
Que? 
Quem? 
Onde? 
Quando
? 
 
 
 
 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os pronomes interrogativos qual, como e para que podem ser usados no início ou final da 
frase, assim como POR-QUE, pois não há diferença entre o “por que” interrogativo e o 
“porque” explicativo. O contexto da frase e as expressões faciais vão direcionar o conteúdo da 
frase. 
 
 
 
 
 
 
 
 Qual ? Qual (comparativo) Qual (comparativo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como? Para que? 
 
 
 
 
 
 
 
QUAL 
COMO 
PARA QUE 
 
 
 
 46 
 
 
 
 
 
QUE HORAS E QUANTAS HORAS 
 
Há dois sentidos 
 
 Um para horário cronológico Outro para tempo decorrido 
 
 
 
 
 QUE HORA - TEMPO CRONOLÓGICO 
Que horas? 
Aponta para o pulso + expressão interrogativa QUE HORA 
 
Horas do dia? 
Sinal hora + Numeral para quantidade + expressão facial para frase interrogativa? 
 
OBS: Após 12h, começa-se a contar novamente: hora1, hora2 + sinal tarde, ou noite, ou 
madrugada. 
 
Exemplo: 
Aula começar que hora hoje? 
Você sair que hora? 
 
 QUE HORA – TEMPO DECORRIDO 
Círculo ao redor do rosto+ expressão facial interrogativa. 
Exemplo: imagem 
Estudar Libras quantas-horas? 
 
OBS: hora, minuto e segundo será explicado em numeral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47 
 
 
PRONOME INDEFINIDO 
 
 
 
 
 
 
 
Pessoa nenhum ninguém/nada/nenhum ninguém/acabar 
 
 
 
 
 
 
 
Nenhum/nada/ninguém nenhum pouquinho de nada 
 
 
PALAVRA SENTIDO USO 
 
NINGUÉM 
 
Pessoa 
acabar 
 
Pessoa 
 
NINGUÉM – 
NADA 
NENHUM 
 
Mãos abertas 
esfregando uma 
sobre a outra 
 
Pessoa, animal e 
coisa. 
 
NENHUM – 
NADA 
 
Dedo polegar e 
indicador com 
formato oval e os 
outros dedos 
estendidos. A mão 
com movimento de 
balanço 
 
Pessoa, animal e 
coisa, e pode em 
alguns contextos, 
no sentido de ter ou 
não ter. 
 
NENHUM 
POUQUINHO 
 
Palma da mão 
virada para cima, 
juntando os dedos 
polegar e indicador. 
 
É um reforço para a 
frase negativa e 
pode vir após o 
sinal NADA. 
 
Soletrado DE N A 
D A 
 
Datilologia 
Resposta para 
agradecimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48 
 
 
Exemplos: 
Ninguém (acabar) 
Ter-não ninguém na sala. 
Nenhum 
Você ter telefone? 
Eu, nenhum telefone. 
Nenhum - Pouquinho 
El@ comer tud@ ter-não nenhum-pouquinho.ADVÉRBIOS DE TEMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E COMO SABEREMOS A QUE TEMPO A 
FRASE ESTÁ SE REFERINDO? 
 
O tempo é marcado por meio dos advérbios de tempo, que indicarão o momento da ação: 
presente, passado ou futuro. 
Pode acontecer de a frase não possuir um advérbio específico, sendo mais comum em frases 
que estão no presente. 
Em frases que se refiram ao passado, pode utilizar o sinal passado ou o sinal já. 
Para frases no futuro, pode-se utilizar o sinal de futuro. 
 
 
PRESENTE 
Nas expressões hoje e agora o que muda são as expressões facias. 
 
 
 
 
 
 
 
 AGORA HOJE 
 
Observaremos que, na Libras, não há marca de tempo nas formas verbais; a 
maioria dos verbos permanecerão no infinitivo. 
 
 
 
 49 
 
 
PASSADO 
 
 
 
 
 
 
FUTURO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMANHÃ FUTURO 
 
 
 
 
 
 
 
Recapitulando: 
Nenhum marcador = Ideia de tempo presente 
Marcador de passado = Ação que foi realizada 
Marcador de futuro = Evento que vai ser realizado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na libras, há 6 sinais, e cada um deles possui um contexto: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 mais mais mais 
 (acréscimo) (soma) (exagero) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 mais mais mais pra lá/ 
 (quantidade) (superlativo) falta mais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DICA 
IMPORTANTE 
Sinais para “MAIS” 
 
 
 
 
 51 
 
 
 
 
 
 
COM O OBJETIVO DE ESTUDARMOS OS VERBOS E OS TIPOS DE FRASES, SERÃO 
INTRODUZIDOS ALGUNS ASPECTOS PECULIARES À LÍNGUA DE SINAIS. É PRECISO 
ATENÇÃO, UMA VEZ QUE ESTAREMOS NOS REFERINDO A UMA MODALIDADE DE 
COMUNICAÇÃO VISO-ESPACIAL E, QUE MUITAS VEZES, O SIGNIFICADO DE UMA 
SENTENÇA DEPENDERÁ DO CONTEXTO NO QUAL ESTARÁ INSERIDA. 
 
 
 
 
 INTENSIFICADOR E ADVÉRBIO DE TEMPO 
 
 
Na língua de sinais há substantivos e verbos que são representados pelo mesmo sinal, isso 
também acontece com alguns adjetivos. 
 
 
 
ATENÇÃO PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS 
 
 Adjetivos e verbos podem incorporar o intensificador muito 
 Verbos podem incorporar advérbios de modo 
 
ESSES SINAIS SE DIFERENCIAM A PARTIR 
DO CONTEXTO SINTÁTICO 
 
O intensificador muito e alguns advérbios de modo podem ser expressos por meio das 
expressões facial e corporal. 
 
 
Ex.: Andar lentamente / Andar rapidamente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO 
 
 
 
 52 
 
 
 
Para intensificar uma ação, há uma repetição do sinal e uma incorporação de um movimento 
lento. 
Para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação, existe uma repetição do sinal e a 
incorporação de um movimento acelerado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Demora Demora muito Rápido 
Muito rápido 
 
 
ALGUNS EXEMPLOS DE SINAIS COM INCORPORAÇÃO DE INTENSIFICADOR OU 
ADVÉRBIO DE MODO 
 
 Leve – Muito leve 
 
 
 
 
 Frio – Muito frio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na Libras não há formas de flexão verbal. Há dois tipos de verbos: 
 
 
a) Verbos que NÃO possuem marca de concordância, verbos direcionais: É como se 
eles ficassem no infinitivo. 
 
Exemplo: 
 
EU MORAR RECIFE; 
EL@ MORAR RECIFE; 
EL@ MORAR RECIFE. 
 
DIVIDEM-SE EM: 
 
Ancorados no corpo: são sinais realizados em contato com o corpo 
Ex.: conversar gostar 
 
 
 
Verbos que incorporam o objeto: 
 
Ex.: 
 
comer: beber: 
Comer comer maçã beber beber água beber café 
 
 
 
b) Verbos que possuem marca de concordância, verbos direcionais: 
ENFIM, OS VERBOS... 
 
 
 
 54 
 
b.1 Concordância número - pessoal – a orientação marca as pessoas do discurso; o 
ponto inicial concorda com o sujeito e o final, com o objeto. 
 
 Exemplo: 
 Eu aviso você Você me avisa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Verbos direcionais que incorporam o objeto: 
 
 
 
Ex: Trocar 
 
 
 
 
b.2 Verbos classificadores - são denominados porque concordam com o sujeito ou 
objeto da frase. A configuração de mão marca a concordância de gênero, que pode 
ser pessoa, animal, coisa ou veículo. 
 
Exemplo: 
 
 Pessoa andar animal andar veículo andar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 55 
 
 
b.3 Verbos que possuem concordância com a localização – referem-se ao local que 
uma pessoa, objeto, animal ou veículo estão sendo colocados, carregados ou 
manuseados. O ponto de articulação marca a localização. 
 
Exemplo: 
 
 
 
 
 
 tesoura cortar cabelo cortar cortar unha 
 
 
 
 
 
 
PARA RESUMIR 
 
 
ESQUEMA DE CONCORDÂNCIA VERBAL NA LIBRAS 
Concordância número-pessoal Parâmetro orientação 
Concordância de gênero e número Parâmetro configuração de mão 
Concordância de lugar Parâmetro ponto de articulação 
 
 
 
A NEGAÇÃO 
 
Ela pode ser obtida por meio do sinal lexical NÃO, pela alteração do movimento do sinal 
(negação interna). Ex.: SABER e NÃO – SABER 
 
 
 
Ela também pode ser obtida pelo uso simultâneo do lexema verbal e da negação realizada com 
o balanceamento da cabeça para os lados. Ex.: PRECISAR e NÃO PRECISAR 
 
 
 
 
 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS CLASSIFICADORES E OS ADJETIVOS DESCRITIVOS NA LIBRAS 
 
Classificadores são uma forma pela qual a língua estabelece um tipo de concordância. 
Exemplo: 
 
 
menino – menina: a desinência classifica o gênero 
 
 
Na Libras, os classificadores são representados pelas configurações de mãos que, substituindo 
o nome que as precedem, podem vir junto de verbos de movimento e de localização para 
classificar o sujeito ou objeto (coisa, pessoa, animal e veículo) que está ligado à ação do 
verbo. Funcionam como marcadores de concordância de gênero. 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 1 dois pessoa Fig 2 uma pessoa passando pela outra 
 
 
 
 
 
 
Explicando a figura: 
Na figura está sendo informado que existem duas pessoas e que elas estão passando uma pela 
outra. Observe a figura 2 o classificador de pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 57 
 
 
 
TIPOS DE CLASSIFICADORES 
 
 
Quanto à forma e ao tamanho dos seres (tipos de objetos): 
Conf mão em B - para superfícies planas, lisas ou onduladas (papel, bandeja, porta, rua, etc.) 
ou qualquer superfície que se possa localizar um objeto (em cima, embaixo, à direita, à 
esquerda, etc.); para veículos. 
 
 
 
 
Conf mão em V - para pessoas (uma ou mais pessoas andando, juntas ou separadas). Aorientação da palma da mão pode diferenciar o sentido do sinal, a depender da direção para 
onde estiver voltada em relação ao corpo. 
 
 
Conf mão em 4 - Pessoas (quatro pessoas andando juntas, pessoas em fila), árvores. 
 
 
Conf mão em Y - Pessoas gordas, veículos aéreos, objetos altos e largos, de forma irregular 
(jarra, peças decorativas, gancho de telefone, sapato de salto alto, chifre de touro ou vaca). 
 
 
Conf mão em C - objetos cilíndricos e grossos (copos, vasos, garrafas). 
 
Conf mão em G - representa objeto, pessoas, coisas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe que as configurações de mão se repetem, o que vai determinar o sentido das 
sentenças será o contexto da frase. 
 
AFIRMATIVA 
As expressões faciais farão o papel da entonação, do sinal a que se referem: 
Expressão facial neutra. 
Ex: El@ amig@ 
 
 
 
 
INTERROGATIVA 
 
Sobrancelhas franzidas e movimento de cabeça inclinado para cima: 
Expressão facial de dúvida + sinal (qual, onde, etc) 
 
Ex: Nome qual? 
 
 
 
 
 
 
 
TIPOS DE 
FRASE 
 
 
 
 59 
 
 
 
EXCLAMATIVA 
 
Sobrancelhas levantadas e movimento de cabeça para cima e para baixo: 
Expressão de surpresa, espanto, etc. 
Ex: El@ bonit@! 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORMA NEGATIVA 
 
Pode ser feita de três formas: 
 
 incorpora o acréscimo do sinal não na frase 
 
Ex: comer/não comer 
 
 
DICA: Podem em algumas situações, ser utilizados dois tipos de negação ao mesmo tempo, o 
movimento da cabeça + a mão em V no pescoço. 
 
NÃO-PODER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 60 
 
 
 Incorpora o movimento contrário ao sinal realizado 
Ex.: 
 Ter não ter gostar não gostar 
 
 
 
 Faz um sinal negativo com a cabeça simultaneamente ao sinal que está sendo realizado. 
Ex: 
 Conhecer não conhecer 
 
 
 IMPERATIVA 
 
Ex: Expressão facial marcante 
Cala a boca! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos morfológicos 
 
 
 O grau nas línguas orais 
A modificação na duração e na extensão do movimento de alguns sinais pode 
acrescentar a ideia de grau. (o sinal é feito de forma bem lenta). 
Ex.: LENTO/LENTÍSSIMO. 
 
Isso demonstra que os adjetivos podem ter marca de superlativo e de comparativo de 
superioridade. 
 
Nos substantivos, os graus aumentativo e diminutivo são expressos pelos sinais 
MUITO/POUCO ou GRANDE/PEQUENO, geralmente pospostos ao sinal. 
Ex.: CASA PEQUENA 
 
 Número e quantificação 
 
Nos substantivos, a ideia do valor dual é expressa pela repetição do sinal e pela 
anteposição ou posposição do número dois. 
A pluralidade é obtida pela repetição do sinal três ou mais vezes e pela anteposição ou 
posposição de sinais indicativos de números. 
A ideia de plural é expressa, pospondo-se o sinal MUITO. 
 
 
Comparativo de Igualdade, Superioridade e Inferioridade 
 
Na LIBRAS, podemos comparar qualidades ou ações. 
 
PARA COMPARAR OS ADJETIVOS 
 
1- Expressões comparativas de superioridade 
 
xxxxx + sinal de mais + adj + sinal do que + xxxxx 
 
2- Expressões comparativas de inferioridade 
 
xxxxx + sinal de menos + adj + sinal do que + xxxxx 
PARA RELEMBRAR 
PARA REFLETIR 
 
 
 
 62 
Ex.: Você mais bonit@ DO QUE el@ 
 
 
PARA COMPARAR AS AÇÕES 
 
1- xxxxx + verbo + sinal de mais + sinal do que + xxxxx 
 
2- xxxxx + verbo + sinal de mais + sinal do que + xxxxx 
 Ex.: Você falar mais DO QUE eu 
 
 
A expressão comparativa DO QUE tem flexão para as pessoas do discurso, e a orientação 
para onde o sinal aponta indicará a segunda pessoa/objeto/animal que estarão sendo 
comparados no contexto da frase. 
Para o comparativo de igualdade, temos duas formas: 
Igual: duas mãos em B, viradas para frente, encostadas lado a lado. 
Os dedos indicadores médios das duas mãos, roçando um no outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 Igualdade superioridade inferioridade 
 
 
Do que1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na língua de sinais, temos diversas formas de representar os números; afinal, eles se 
apresentam em diversos contextos: 
 Cardinais 
 Ordinais 
 Quantidade 
 Valores Monetários 
 Medidas 
 Dias da semana, Mês, Ano 
 
VAMOS CONHECER O USO ADEQUADO PARA CADA UMA DELAS 
 
CARDINAIS 
 
Ex.: Você Morar onde? 
 Casa número 22 
 
 
 
 
 
 
 
NÚMEROS 
 
 
 
 64 
 
 
 
 
ORDINAIS 
 
 
Possuem a mesma forma dos números ordinais, porém eles possuem movimentos, sendo do 1º 
ao 4º movimentos para cima e para baixo. Do 5º ao 9º, possuem movimentos para os lados. A 
partir do 10º não apresentam mais nenhuma diferença, sendo o contexto a propiciar o sentido 
da sentença. 
 
Ex.: Você estudar andar qual? 
 Eu estudar 1º 
 
Ex.: 1º lugar na prova 
 
Ex.: 3º da fila do banco 
 
 
 
QUANTIDADE 
 
 
Ex.: Idade você? 
 15 anos 
 
Ex.: Que horas são? 
 12 horas 
 
Ex.: Quanto tempo? 
 6 horas de viagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 65 
 
 
 
VALORES MONETÁRIOS 
 
Na LIBRAS, para representar os valores monetários, usamos os sinais correspondentes aos 
numerais seguidos dos sinais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dinheiro Real 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Nota Moeda 
 
 
 
Para representar os valores de um mil até nove mil, também existe a incorporação do sinal 
“vírgula”, podendo ser usado também o sinal de ponto. 
Ex.: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Mil Cinco Mil 
 
 
 
 
 
 
 
 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dez mil 
 
 
 
Para valores de um milhão em diante, deve ser usado o numeral correspondente, acrescido do 
sinal de vírgula, porém com um movimento rotativo e mais alongado, assim como a expressão 
facial mais enfática. 
Ex.: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Um milhão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 67 
 
 
 
SINAIS RELACIONADOS A COMPRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banco Cartão Cheque 
Pagamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Depositar Saque Empréstimo 
Aumento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto custa? Pagar-à-vista Pagar-a-prazo Desconto68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Porcentagem Juros Prestação Promoção 
 
 
 
SINAIS RELACIONADOS A PESOS E MEDIDAS 
 
 
 
 
 
 
 
Balança leve pesado metro 
Espaço pessoa 
 
 
 
 
 
 
Balança Leve Pesado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IDENTIDA
DE 
E 
CULTURA 
SURDA 
 
 
 
 
 
 70 
 
 
 
 
A COMUNICAÇÃO É UMA BARREIRA... 
 
Você já imaginou acordar fora de seu país? Pessoas em sua volta falando um idioma 
totalmente estranho? Os surdos vivenciam momentos difíceis em diversas fases de suas vidas, 
nos hospitais, nas lojas, nas escolas, nas universidades, enfim... 
Segundo o censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), estima-se que, no Brasil, existam cinco milhões, setecentos e cinquenta mil surdos, e 
cerca de 15 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de perda auditiva de acordo 
com os dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde. 
 
 
PREVENÇÃO – FATORES DE RISCO 
 
A perda de audição pode se desenvolver, mesmo sem haver casos na família e fatores de 
riscos aparentes. A audição se inicia a partir do 5º mês de gestação, e qualquer recém-nascido 
pode apresentar problemas auditivos ou adquiri-los nos primeiros anos de vida. Faz-se 
necessário realizar o Teste da Orelhinha em todas as crianças ao nascerem, pois, quando os 
bebês, que possuem perda auditiva diagnosticada cedo, iniciam o tratamento até os 06 meses 
de idade, apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte. 
 
Fatores de risco que devem ser observados: 
 
0 a 28 dias (recém-nascido) 
 
- Histórico familiar; 
- Infecção intrauterina (rubéola, sífilis, herpes genital ou toxoplasmose); 
- Anomalia crânio-facial (deformações que afetam a orelha ou canal auditivo); 
- Pré-maturidade eou baixo peso (inferior a 1.500 gramas ao nascer); 
- Hiperbilirubinemia; 
- Medicação ototóxica(antibióticos do tipo aminoglicosídeos); 
- Meningite bacteriana; 
- Necessidade de ventilação mecânica em UTI neonatal por mais de 05 dias; 
- Dificuldades físicas associadas às síndromes neurológicas. 
 
29 dias a 02 anos (crianças) 
 
- Atraso na fala; 
- Meningite bacteriana ou virótica; 
- Trauma de cabeça associada à perda de consciência ou fratura craniana; 
- Medicação ototóxica; 
- Síndromes neurológicas; 
- Infecção de ouvido persistente ou recorrente por mais de 03 meses. 
 
 
 
 
 
 
 71 
 
 
 
Adultos 
 
- Os mesmos sintomas observados nas crianças; 
- Uso continuado de aparelho com fone de ouvido com o volume constantemente acima de 
50% da capacidade máxima; 
- Trabalho em ambiente de alto nível de pressão sonora; 
Acidentes. 
 
O SUJEITO SURDO 
 
O ser humano vive e se desenvolve dentro de uma comunidade. A linguagem, a cultura, a 
vivência fazem parte do processo de interação e desenvolvimento individual e coletivo. 
Desde os primeiros dias de vida, o sujeito ouvinte já pode vivenciar o processo de interação, 
mediante as trocas com os ruídos e com os sons emitidos pelas pessoas, os quais ele consegue 
identificar e emitir seus balbucios numa tentativa maravilhosa de troca com o meio. 
O bebê que nasce surdo não possui, de início, a possibilidade de interação, ficando esse 
processo adiado até o momento em que sua família toma conhecimento da surdez. É difícil a 
percepção imediata, pois o bebê surdo também balbucia, porém, com o passar do tempo e a 
falta do estímulo externo, as emissões de sons vão desaparecendo, e este indivíduo não 
constrói a memória auditiva, não adquire a linguagem pelo processo natural. 
Na maioria dos casos, a família leva um tempo para adaptar-se a rotina de uma criança surda e 
a adequação pela qual todos os membros deverão adotar visando iniciar o processo de 
interação. Para o sucesso do processo de socialização da criança surda com o mundo é 
importante que toda a família adote a língua de sinais o mais cedo possível. 
 Os surdos são capazes de oralizar e escrever, desde que sejam estimulados, uma vez que 
mudez e surdez são situações distintas. Mudez é a incapacidade de emitir sons. Entre a 
condição normal de emitir sons e a mudez, existe um vasto leque de distúrbios da fala 
(afasias), geralmente decorrentes de transtornos do sistema nervoso central nos centros 
coordenadores da compreensão e da conversão das ideias em símbolos aptos à transmissão 
verbal. Ao surdo que deseja alcançar êxito na oralização cabe muito esforço e dedicação, não 
só individual como de toda a família. Deve-se considerar, ainda, que a oralização de um surdo 
envolve questões éticas e pessoais, sendo uma decisão a ser bastante discutida com a família e 
baseada nos valores construídos ao longo da vida. 
 
ORALIZAR PARA INTERAGIR? 
Oralizar é sinônimo de negação da língua dos surdos. É sinônimo de correção, de imposição 
de treinos exaustivos, repetitivos e mecânicos da fala. A figura do adepto convicto do 
oralismo, Alexandre Graham Bell, por exemplo, ganhou força durante o movimento eugênico 
e, especialmente, no famoso Congresso de Milão, em 1880, durante o qual ele pregava que a 
surdez era uma aberração para a humanidade, pois perpetuava características genéticas 
negativas (GESSER, 2009, p.50). 
Ora transcrever aqui dois relatos de pessoas surdas, extraídos do ((GESSER,2009, p.51). 
Trata-se de dois irmãos nascidos em ocasiões filosóficas diferentes. Observe o quanto a 
postura educacional influenciou os jovens. 
 
 
 
 
 
 72 
 
 
Mas tomemos essa questão da perspectiva relatada por uma colega 
surda. Vou chamá-la de Paula. O irmão mais velho de Paula também é 
surdo. Paula me disse que, ao contrário da sua experiência com a 
surdez e com a língua de sinais, a experiência de seu irmão tinha sido 
muito diferente. Ele foi oralizado, e ela, não. A ele foi negado, em 
muitas ocasiões e contextos, o acesso à língua de sinais, vista como 
uma língua perversa e inadequada. Mas sempre que ele estava com um 
grupo de amigos surdos, os sinais eram naturalmente utilizados. Paula 
me contou que, quando ela nasceu, os tempos eram outros: seus pais já 
respeitavam mais a língua de sinais e também algumas escolas 
permitiam seu uso. Nessa história, Paula não foi oralizada como seu 
irmão, os dois são muito fluentes em LIBRAS; contudo, enquanto 
Paula demonstrava curiosidade em fazer treino labial e 
fonoarticulatório, seu irmão – com o intuito de preservá-la e protegê-
la – tenta convencê-la, a todo custo, a desistir disso, porque “a língua 
dos surdos é a língua de sinais, e os surdos têm preconceito contra 
aqueles que querem ou gostam da oralização (GESSER, 2009). 
 
Podemos observar, com base nos relatos, dois pontos de vista bastante diferentes. A postura 
do irmão é política e ideológica; preza por sua legitimidade como surdo e como ser humano 
capaz, sobrevivente a traumas e discriminações sofridos por sua geração. Lembro aqui que a 
oralização de Paulo lhe foi imposta. Paula, por sua vez, cresce num ambiente favorável ao seu 
desenvolvimento; tem no seu irmão um interlocutor, uma identificação, o que faz despertar 
naturalmente a vontade de ultrapassar as barreiras e desenvolver-se cada vez mais, além da 
vontade de participar voluntariamentedos treinos fonoaudiólogos. 
 
É recorrente ouvir, nos discursos mais extremistas, entretanto, que o 
surdo oralizado não é “surdo de verdade”: “Surdo que é surdo defende 
e só usa língua de sinais”. Parece que, além de uma questão muito 
forte (e naturalmente compreensível, dado que esse é um momento de 
transição), há também imbricações tanto de um discurso de 
contrarreação (também disseminador de preconceitos, ou seja, um tipo 
de preconceito às avessas) como o de uma visão essencialista em prol 
de um purismo linguístico e cultural surdo. A rejeição da oralização a 
todo custo por surdos mais politizados e militantes é mais uma 
discussão político-ideológica e definitivamente pertinente e 
importante para a visibilização da LIBRAS (GESSER, 2009, p.52) 
Podemos observar que a questão principal não é a surdez e sim, a afirmação de existência, 
uma questão de assumir a condição de surdo, detentor de uma língua e cultura que devem ser 
respeitadas, sendo uma questão de livre escolha a transição entre as culturas oral, visual e 
bilíngue. 
Uma sociedade, que busca solidificação na justiça, deve demonstrar respeito diante das 
decisões de seus membros. No caso dos surdos, devemos respeitar seus direitos e as escolhas 
individuais e coletivas dos componentes da comunidade, pois intolerância e imposição não 
induzem ao desenvolvimento humano. 
 
 
 
 
 
 73 
 
 
 
 
IDENTIDADE E CULTURA 
 
Existe Cultura Surda? 
Um país é formado por diferentes culturas; os diferentes hábitos, as diferentes 
manifestações sociais são o reflexo do povo. Muito se proclama a cultura surda nos ambientes 
de articulação política, e o legado de lutas e vitórias é, sem dúvida, visível e reconhecido por 
todos os que acompanham a trajetória dos surdos, mas a justificativa para essa proclamação é 
a necessidade que essa comunidade possui de se firmar pessoas capazes, politizadas e 
dispostas a conquistar seus direitos. 
A cultura é um instrumento de identificação e integração de pessoas, que, por 
afinidade, passam a pertencer a um mesmo grupo, uma comunidade. Essa integração é o 
atestado que o sujeito faz parte de um todo, é seu lugar, é sua identidade. Identificar a cultura 
surda é reconhecer o papel dessa comunidade dentro da sociedade. Não é um reconhecimento 
pela deficiência e sim, pela sua organização política, estruturada pelas potencialidades dos 
membros e fundamentada em sua forma peculiar viso-espacial de perceber e se relacionar 
com o mundo. 
Dentro da comunidade surda, preferencialmente predomina a língua de sinais, sendo a 
interação com o mundo feita por meio dos olhos. Constitui-se uma fonte viva de hábitos, 
conceitos e sonhos, sendo, sem dúvida, um local de identificação, desenvolvimento coletivo, 
intelectual, social e, principalmente, desenvolvimento pessoal. 
Não tenhamos a visão equivocada de que uma comunidade surda é um local silencioso 
e quieto, numa perspectiva surda; o barulho se manifesta por meio das atitudes das pessoas 
que estão em sua volta, por exemplo, os gestos, a velocidade dos sinais, as expressões de 
alegria, tristeza e ira, etc. Essa vivência é adquirida e socializada dentro de um ambiente 
coletivo, livre dos rótulos e preconceitos. 
Para uma sociedade que dita padrões de beleza e comportamento, nem sempre 
conseguimos, de imediato, conviver com o diferente. Pode parecer politicamente mais correto 
pronunciarmos deficiente auditivo a pronunciarmos surdo, mas nem deficiente auditivo nem 
portador de deficiência, surdo-mudo de forma alguma, o único termo aceito é surdo. A 
comunidade surda se refere aos membros por Surdos com S maiúsculo como marca social e 
política, cujo objetivo é dirimir qualquer ligação com deficiência ou impotência. 
Essa história de dizer que surdo não fala, que é mudo, está errada. Eu sou contra o termo 
surdo-mudo e deficiente auditivo porque tem preconceito... Vocês sabem quem inventou o 
termo deficiente auditivo? Os médicos! Eu não estou aqui só para vocês aprenderem a Libras, 
eu estou aqui também para explicar como é a vida do surdo, da cultura, da nossa identidade... 
(professora surda, 2002) (GESSER, 2009, p.45). 
Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua 
de sinais corresponde a minha voz, meus olhos são os meus ouvidos. Sinceramente nada me 
falta, é a sociedade que me torna excepcional (GESSER, 2009, p. 46) 
 
 
 
 74 
 
 
 
COMUNIDADES SURDAS NO BRASIL 
 
No Brasil, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos é uma importante 
conquista; o espaço é local de intensa e rica interação social, onde os surdos compartilham 
ideias, concepções, significados, valores e sentimentos, que emergem, também, no Teatro 
Surdo, no Humor Surdo, na Poesia Surda, na Pintura Surda, na Escultura Surda, entre outras 
manifestações culturais e artísticas, sem sofrerem a interferência dos ouvintes; os aspectos e 
as peculiaridades do modo de vida dos surdos afloram e se desenvolvem na interação das 
questões de relacionamento, educação, etc. 
As comunidades surdas no Brasil, com o objetivo de promover a integração de seus membros, 
desenvolvem programas que abrangem os esportes e as interações sociais, existindo uma 
organização hierárquica, constituída por uma Confederação Brasileira de Desportos de Surdos 
(CBDS); seis Federações Desportivas e aproximadamente 113 associações, clubes, 
sociedades, congregações. 
As associações dos surdos possuem funcionamento semelhante às demais, com estatutos, eleições e 
gestão de dois anos; os ouvintes que participam são pessoas ligadas à causa dos surdos, como 
intérpretes, familiares, professores, etc, é essencial que sejam pessoas ativas e que interajam com 
outras associações de outros estados ou cidade, como também com as Federações (como exemplo a 
Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis) e Confederações diversas. 
É importante observar que as associações são espaços bilíngues; a Libras e a língua portuguesa são 
fluentes entre os membros, trata-se de um local de integração social, cultural e articulação política. O 
foco é a conquista dos direitos e notoriedade por suas habilidades. 
 
EDUCAÇÃO DOS SURDOS 
 
A educação dos surdos no Brasil ainda é uma questão em construção; ainda não se chegou a 
um nível satisfatório, estando poucas escolas aptas a suprir as necessidades dos surdos, e 
poucas instituições educacionais respeitam a condição bilíngue destes. 
 
A visão patológica da surdez desviou os objetivos e as práticas 
educacionais nas quais ideias clínicas e terapêuticas de oralização se 
instauraram, deteriorando o espaço educativo, determinando, 
consequentemente, o fracasso escolar de muitos, comprometendo a 
natureza social, cultural, linguística e cognitiva do surdo e 
contribuindo para sua marginalização ( SKLIAR,1997 apud MOURA 
et al., 2008). 
 
A trajetória do processo da educação dos surdos, que passou por diversas práticas filosóficas, 
determinou a atual conjuntura educacional instaurada. 
Desde a Declaração de Salamanca, da qual o Brasil é país assinante, e, portanto, país cujo 
tratamento se adequa a todos os cidadãos portadores de necessidades educativas específicas, 
observamos o crescente aumento de pessoas surdas nas instituições de ensino, porém sem 
maiores especificidades as suas necessidades e anseios, onde o fracasso escolar, muitas vezes, 
é evidente. 
 
 
 
 75 
Como já vimos anteriormente, a linguagem é essencial à vida em sociedade; é por meio dela que 
partilhamos ideias, emoções e experiências. É crucial que o indivíduo compreenda a linguagem do 
país onde vive; caso contrário, suas oportunidades ficarão bastante reduzidas. 
A fim de tornar a aprendizagem

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