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aula de etica

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Educação profissional, modernidade tecnológica e responsabilidade social
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A formação profissional não pode ficar à margem do desenvolvimento tecnológico. No mundo globalizado, a socialização do conhecimento e disseminação de informações contribuem para o aprimoramento do profissional e sua inclusão no mercado de trabalho. Sua formação acadêmica tradicional obtida em sala de aula, presencial, constitui-se, no mundo moderno, informatizado, como uma possibilidade entre muitas que existem em função das novas tecnologias. A presença do professor e do aluno em sala de aula não são mais condições indispensáveis para a formação da educação. Não significa que a figura do professor deixou de ser importante, mas que a educação profissional contínua pode ser facilitada pela informática.
A Internet se instalará no dia-a-dia de todos, fazendo da educação profissional continuada uma necessidade permanente e, com ela, a disseminação irrestrita das informações. As fronteiras que separam o bem e o mal, o certo do errado, o responsável e o seu contrário são muito transparentes. A globalização como um fenômeno do mundo moderno está em questão. Sua importância é inquestionável, sua contribuição em todas as áreas do conhecimento é evidente. No entanto, essa contribuição também pode servir para o empobrecimento e a exclusão social.
A ética no mundo globalizado deixa as prateleiras do arcaísmo e se torna a reflexão mais oportuna num mundo em que não existem mais fronteiras.
Os conhecimentos se tornaram planetários; quem não acompanhar as mudanças que estão ocorrendo cada vez mais aceleradas, produzidas pela revolução informacional, estará excluído do mercado de trabalho. Ao lado da cultura letrada, deve-se aprimorar na aprendizagem da cultura tecnológica. Se a educação profissional não estiver agregada à aplicação das novas tecnologias, tornar-se-á rapidamente ultrapassada. A educação profissional continuada de adultos será a prioridade número um da maioria das empresas nos próximo 30 anos, mas não na forma tradicional.
O acesso a qualquer tipo de informação, por qualquer pessoa, em grande quantidade, faz emergir a preocupação com a ética. O aspecto positivo das novas tecnologias é que representa uma democratização na relação que homem mantém com os meios de comunicação. No entanto, a aquisição do conhecimento pode ser problemática se aquele que recebe informações não repensar sobre sua importância, utilidade e qualidade. (Josecler Moreira APUD Peter Drucker. www.socialtec.org.br)
"Ninguém no mundo dos negócios poderá deixar de investir na formação profissional, de vivenciar a modernidade tecnológica, muito menos desconsiderar a preocupação com a ética no seu empreendimento. A ética nos negócios deixa de ser satélite para ser astro principal". Josecler Moreira é Administrador e Consultor de Marketing Social da Milênio Brasil Consultoria & Assessoria Social. Consultar o site: www.socialtec.org.br
O impacto dos meios midiáticos deve ser objeto de atenção, porque seus efeitos geram consequências positivas ou negativas para cada um de nós e para o mundo, dependendo de seu uso. Quem nunca teve acesso direto às fontes de informação, a tê-las e utilizá-las como melhor lhe aprouver, tomando decisões e podendo escolher livremente sobre o que fazer, deve fazê-lo com consciência e responsabilidade.
A responsabilidade social das empresas deve objetivar a inclusão social através da educação profissional, que passa pela inclusão digital. As empresas, para empregar um profissional com potencialidade e capacidade de exercer sua função, devem prezar pela sua formação profissional. As empresas têm que agir como verdadeiros agentes de mudanças sociais, comprometendo-se não só com sua sustentabilidade, mas também com a da sociedade como um todo. O questionamento ético das Organizações deve passar pelo aprimoramento de seus agentes e parceiros, forjando uma imagem não aparente nem ilusória, mas agregando ao mundo dos negócios um diferencial que não se restringe apenas à competitividade e nem exclusivamente ao lucro, mas à melhoria da qualidade de vida.
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História da Engenharia
A evolução do conceito de Engenharia, desde a origem da humanidade até os dias atuais, é explorada nesta aula por meio da indicação dos principais fatos e realizações históricas da Engenharia. O objetivo principal é a compreensão da engenharia contemporânea a partir de sua evolução histórica, ou seja, compreender por que a engenharia encontra-se neste atual estágio evolutivo. A partir dessas informações torna-se possível também definir quais os desafios futuros para a Engenharia.
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 Síntese Histórica
 Marcos Históricos da Engenharia
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Síntese Histórica
A história da Engenharia confunde-se com a história da própria humanidade, a qual teve início há cerca de sete milhões de anos.
De acordo com estudos de paleontologia, os primeiros hominídeos eram carnívoros e, como não possuíam dentes ou garras afiados, necessitaram de alguma ajuda para superar esse problema.
Isso os forçou à fabricação de ferramentas, que inicialmente eram pedaços toscos de pedras lascadas para ficarem com a ponta aguçada e se transformarem em objetos cortantes. De acordo com Bazzo (2003), antigas ferramentas fabricadas há aproximadamente 1,75 milhões de anos foram encontradas na Tanzânia, consistindo exclusivamente de pedras lascadas e seixos partidos. Modelos de ferramentas desse período encontram-se ilustradas na Figura 1.
Figura 1 - Primeiras ferramentas desenvolvidas e utilizadas pelo homem/ Foto: Universidade de Calgary. Disponível em: www.ucalgary.ca. Acesso em: 22 jun. 2009.
Assim, há milhões de anos, teve início o desenvolvimento tecnológico. O homem do período neolítico conheceu uma série de transformações sociais e tecnológicas:
· Aprendeu a domesticar animais.
· Descobriu que sementes silvestres podiam ser plantadas, cultivando-as.
· Inventou a irrigação para beneficiar as áreas cultivadas.
· Desenvolveu técnicas da fiação, da tecelagem e da cerâmica.
A idade do bronze, iniciada por volta de 4.000 a.C., foi abundante em invenções e descobertas, possibilitando a reorganização econômica e social conhecida como revolução urbana. Dentre suas contribuições tecnológicas de grande alcance, destacam-se:
· O uso do cobre e do bronze.
· A prática da fundição de metais.
· O emprego de veículos de roda.
· A invenção das embarcações a vela.
· O florescimento da cerâmica.
· A fabricação de tijolos.
A Figura 2 ilustra as Invenções e descobertas da Idade do Bronze.
Figura 2 - Invenções e descobertas da Idade do Bronze. Disponível em: pt.wikipedia.org. Acesso em: 22 jun. 2009.
A evolução da humanidade, embora se processe de maneira contínua, tem dado alguns saltos esporádicos de maior desenvolvimento, quer quando diante de grandes crises, quer quando diversos fatores propícios tenham se conjugado. Segundo Bazzo (2003), tal evolução é fruto do aparecimento e do constante aprimoramento de um tipo de indivíduo preocupado com o desenvolvimento de técnicas e, na história mais recente da humanidade, do aparecimento de um novo tipo de intelectual, com base educacional técnica e íntima relação com os processos de desenvolvimento de tecnologia.
As primeiras grandes unidades de sociedade organizada no Velho Mundo surgiram nos vales do Tigre - Eufrates (a denominada Mesopotâmia) - e do Nilo (civilização egípcia), áreas onde não apenas se gerou um notável potencial técnico, como ocorreu sua síntese na revolução urbana. Surgiu, assim, uma nova forma de sociedade, à qual se pode dar o nome de civilização.
Ao explorar os recursos de seu vale, o povo da Mesopotâmia construiu uma sociedade em que os sacerdotes desempenhavam importante papel, tanto no desenvolvimento da economia quanto no da tecnologia. A organização da agricultura era, em grande parte, responsabilidade de engenheiros-sacerdotes, os quais também supervisionavam a edificação dos templos e das imensas estruturas piramidais que dominavam as cidades, os zigurates.Outros sacerdotes-técnicos orientavam oficinas de artesãos especializados, como padeiros, ferreiros, cervejeiros, fiandeiros, tecelões etc.
Dentre as principais realizações dessa cultura, encontram-se:
· Um sistema de escrita.
· Um sistema de pesos e medidas.
· Um calendário para aperfeiçoar o controle das colheitas.
· Os zigurates.
· As muralhas defensivas.
· Os extensos sistemas de irrigação e de controle das inundações.
Os antigos egípcios habitavam uma área diferente sob vários aspectos da região do Tigre - Eufrates e, por isso, a tecnologia que criaram não apresenta muitos pontos de contato com a da Mesopotâmia. As principais realizações da tecnologia egípcia são:
· Os processos de embalsamamento.
· A construção de pirâmides e tumbas.
· A química.
· A arquitetura.
· Técnicas relacionadas às artes.
· O artesanato (produção de tecidos, móveis, objetos de metal e de cerâmica).
Na antiguidade, a transmissão do conhecimento era feita de um artesão para outro por meio das rotas comerciais. Foi assim que as grandes inovações das duas principais civilizações, Egito e Mesopotâmia, chegaram ao leste europeu e se cristalizaram na florescente cultura grega. Na Grécia, embora se dispusesse de instrumentos de ferro e de vastos recursos naturais, o trabalho manual era socialmente desprezado. Ao contrário dos egípcios, os gregos não tinham ideias claras sobre a vida depois da morte e, portanto, não atribuíam muita importância aos túmulos. As principais realizações tecnológicas no domínio da engenharia grega foram templos, aquedutos e pequenas embarcações. Os gregos tinham uma tecnologia metalúrgica não muita avançada, praticavam a tecelagem e foram responsáveis por alguns inventos, como a prensa. Contribuíram para o desenvolvimento da engenharia naval militar, da matemática e da mecânica. A Figura 3 ilustra um exemplo da contribuição grega para a engenharia.
Figura 3 - Acrópole/Partenon. Disponível em:pt.wikipedia.org. Acesso em 22 jun. 2009.
Com a morte de Alexandre, o Grande (no ano 323 a.C.) e o consequente colapso de seu império, diversos centros herdaram, pelo menos em parte, os conhecimentos da Grécia clássica. O mais importante desses centros, do ponto de vista tecnológico, foi Alexandria, cuja sociedade helenística floresceu entre os anos de 300 a.C. e 300 d.C. Nesse período, surgiram os primeiros grandes nomes da história da Engenharia, como Arquimedes, Heron e Ctesibius de Alexandria, além de Fílon e Vitrúvio, que empregaram dispositivos mecânicos como o parafuso, a alavanca e a polia. Os engenheiros de Alexandria utilizaram também equipamentos mecânicos para elevar água, inventaram a bomba d'água, e outros dispositivos complexos que já podem ser considerados máquinas.
Entre os séculos V e XIV, a Europa ocidental viveu um notável florescimento tecnológico. Por volta do século X, os bárbaros, que haviam destruído o Império Romano, erigiram uma civilização a partir de esforços próprios, de conhecimentos herdados do passado e da assimilação das técnicas romanas. Desse modo, os europeus tomaram conhecimento de importantes invenções, tais como:
· A fiação da seda.
· A fundição do ferro.
· A pólvora.
· O papel.
· Diversas modalidades de impressão.
· As armações latinas para navios.
· O sabão.
· Os barris e tubos.
· O arado.
· As ferraduras para animais.
· O cultivo da aveia e do centeio.
· A rotação de culturas.
A grande inovação tecnológica da Idade Média foi o aproveitamento das fontes de energia eólica e a hidráulica na realização de tarefas. Dessa forma dá-se o início do processo de libertação do homem do trabalho físico.
Os conhecimentos acumulados desde as origens de Roma, passando pela Idade Média, se aprimoraram notavelmente a partir do século XV. De particular importância no Renascimento europeu foram as realizações dos engenheiros e arquitetos italianos, dos metalurgistas e impressores alemães e dos engenheiros holandeses.
Com a rápida expansão dos conhecimentos científicos e com a sua aplicação aos problemas práticos, surge o engenheiro, que é, na realidade, o resultado de todo um processo de evolução ocorrido durante milênios.
Embora a história da civilização se confunda com a história das conquistas materiais, a tecnologia em seu sentido atual só passou a apresentar progressos mais constantes e significativos a partir da revolução industrial.
No século XVIII, a Engenharia foi se estruturando, fruto fundamentalmente do desenvolvimento da matemática, da explicação dos fenômenos físicos e de um conjunto sistemático e ordenado de doutrinas. Tal fato estabelece um marco divisório entre duas engenharias: a Engenharia do passado e Engenharia moderna. (BAZZO, 2003).
O Quadro 1 indica as principais características das Engenharias do passado e da moderna.
	Quadro 1 - Características das engenharias do passado e da moderna.
	ENGENHARIA DO PASSADO
	ENGENHARIA MODERNA
	Se caracteriza pelos grandes esforços do homem no sentido de criar e aperfeiçoar dispositivos que aproveitassem os recursos naturais.
	Se caracteriza pela aplicação generalizada dos conhecimentos científicos na solução de problemas
	Foram os primeiros engenheiros responsáveis pelo aparecimento de armamentos, fortificações, estradas, pontes, canais e etc.
	Ela pode dedicar-se, basicamente, a problemas da mesma espécie que a engenharia do passado, porém com a característica distinta e marcante que é a aplicação da ciência.
	Característica básica e o empirismo, trabalhavam com base na prática transmitida pelos que os antecediam, na sua própria experiência e no seu espírito criador.
	
A partir da criação da máquina a vapor por James Watt, em 1769, as técnicas baseadas na utilização da energia evoluíram rapidamente e trouxeram benefícios imediatos à indústria têxtil e ao setor de transportes, com o surgimento das ferrovias.
Outro fato marcante foi na segunda fase da revolução industrial (final do século XIX): a invenção de geradores e de motores elétricos, aplicados de imediato à geração de calor e à iluminação. Convém citar, também, o desenvolvimento dos motores de combustão interna, que inaugurou a era dos combustíveis derivados do petróleo. Surgiu aí o protótipo do automóvel. As técnicas de aproveitamento da energia, que favoreceram a exploração de novos recursos, tiveram grande repercussão não só para a indústria, mas também para a sociedade do século XIX.
Na metalurgia, o desenvolvimento dos fornos de fundição Bessemer e Siemens-Martin, tornaram-se importantes conquistas nesse segmento, com o desenvolvimento do aço, que se transformaria no principal material de construção de conjuntos mecânicos do século XX.
No século XX, segundo a Harvard Business School (1987 apud Agostinho, 2003), os desenvolvimentos do gerenciamento e evoluções metodológicas, além das tecnológicas, podem ser classificados em seis grandes fases, conforme o Quadro 2.
	Quadro 2 - Fases de evolução do gerenciamento no século XX.
	Período
	Desenvolvimento
	1922 / 1932
	Gerenciamento Científico
	1932 / 1947
	Regulamentação Governamental
	1947 / 1960
	Marketing e Diversificação
	1961 / 1971
	Estratégia e Mudanças Sociais
	1972 / 1987
	Competitividade e Reestruturação
	1987 / 2000
	Globalização e Conhecimento
Cada uma das fases foi caracterizada por eventos de ordem geral, inovações tecnológicas e/ou de impacto na sociedade. Os desenvolvimentos nas áreas financeiras, marketing e vendas, operações na manufatura e recursos humanos são alocados no tempo, em correspondência com os respectivos eventos de ordem geral.
Marcos Históricos da Engenharia
Apesar das diversas referências a grandes feitos da Engenharia antes da Revolução Industrial, é consenso entre os pesquisadores do tema que os principais marcos devem ser referenciados à chamada Engenharia Moderna.
· 1637 - René Descartes publica o primeiro Tratado da Geometria Analítica e formula as leis da refração.
· 1642 - Blaise Pascal constrói a primeira máquina de calcular.
· 1660 - Estabelecida a lei de Hooke (princípio básico para o estudo da resistência dos materiais).
· 1729 - Stephen Gray descobre que há corposcondutores e não de eletricidade.
· 1745 - Invenção do capacitor elétrico (Ewald Jurgen Von Kleist).
· 1752 - Invenção do para-raios por Benjamin Franklin.
· 1764 - Invenção do condensador (James Watt).
· 1768 - Criação da Geometria Descritiva por Gaspar Monge.
· 1775 - Invenção da Turbina d'água (Pierre Simon).
· 1789 - Lavoisier enuncia a Lei da Conservação da Massa.
· 1790 - Lavoisier publica a tábua dos 31 elementos químicos.
· 1800 - Alessandro Volta constrói a primeira bateria de zinco e cobre.
· 1802 - Joseph Gay Lussac formula a lei da dilatação dos gases.
· 1805 - Joseph Fourier formula a teoria do desenvolvimento das funções em séries trigonométricas.
· 1811 - Avogadro formula a hipótese sobre a composição molecular dos gases.
· 1814 - George Stephenson constrói a primeira locomotiva.
· 1819 - Hans Derstedt descobre o eletromagnetismo.
· 1824 - Sadi Carnot cria a Termodinâmica.
· 1825 - Nielson constrói o primeiro alto-forno.
· 1831 - Faraday descobre a indução eletromagnética.
· 1834 - Charles Babbage inventa a máquina analítica.
· 1837 - Invenção do telégrafo elétrico por Samuel Morse.
· 1867 - Joseph Monier inventa o processo de construção de concreto reforçado.
· 1874 - Alexander Graham Bell patenteia o telefone.
· 1878 - Tomas Edison inventa a lâmpada elétrica.
· 1885 - Construção do primeiro automóvel por Gottlieb Daimler e Karlz Benz.
· 1885 - Guglielmo Marconi inventa o telegrafo sem fio.
· 1891 - Construída a primeira linha de transmissão elétrica em corrente alternada.
· 1892 - Rudolf Diesel inventa, patenteia e produz industrialmente seu motor de combustão interna.
· 1913 - Henry Ford estabelece a linha de montagem.
· 1936 - Primeira transmissão de TV, no Reino Unido.
· 1937 - Desenvolvimento do primeiro motor a jato.
· 1946 - Desenvolvimento do primeiro computador eletrônico.
· 1957 - Lançamento do primeiro satélite artificial.
· 1969 - Criação da ARPANET, precursora da Internet.
· 1990 - Surgimento da World Wide Web, braço multimídia da internet.
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História da engenharia no Brasil
O resgate da história da Engenharia no Brasil, desde o ensino, com as criações das primeiras escolas, até as principais obras da engenharia brasileira são o objetivo desta aula que serve de base para o pleno entendimento do atual cenário da profissão e desafios futuros.
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 Evolução histórica da Engenharia brasileira
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Evolução histórica da Engenharia brasileira
Segundo Bazzo (2003), é difícil estabelecer as primeiras atividades classificadas como Engenharia no Brasil, todavia, pode-se afirmar que a construção das primeiras casas dos colonizadores e, em seguida, as obras de defesa, como muros e fortes, são exemplos iniciais do que viria a tornar-se a Engenharia brasileira.
As Figuras 1 e 2 ilustram as primeiras manifestações da futura Engenharia brasileira. Inicialmente, são apresentadas, sobretudo, manifestações da chamada Engenharia cartográfica.
Figura 1 - Mapa topográfico do Arraial do Bom Jesus e dos Fortes sitiantes. / Fonte: Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em: objdigital.bn.br.Acesso em: 22 jun. 2009
Figura 2 - Forte de Santo Antonio da Barra Bahia. / Fonte: Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em: objdigital.bn.br. Acesso em: 22 jun. 2009.
Segundo Telles (1984 apud Bazzo 2003), por volta de 1650, foi contratado o holandês Miguel Timermans, o "engenheiro de fogo", que aqui esteve "encarregado de formar discípulos aptos para os trabalhos de fortificações" e, portanto, de ensinar sua arte e sua ciência. O governo português tinha, ao que se conclui, grande interesse no curso, não deixando de ser curioso o incrível pragmatismo do governo português da época, que não teve dúvidas em contratar um holandês e, portanto, um inimigo (que ocupava então grande parte do Nordeste brasileiro), desde que supostamente competente.
Estava, então, aberto o ensino de Engenharia no Brasil, porém, ainda de maneira sazonal.
Em 1792, é criada no Rio de Janeiro a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, conforme estatutos aprovados em 17 de dezembro daquele ano pelo Vice-Rei D. Luiz de Castro, 2° Conde de Rezende.
Essa Academia, que sucedeu a antiga Aula do Rio de Janeiro, não era uma simples aula como os cursos anteriores, tendo o caráter de um verdadeiro instituto de ensino superior, com organização comparável aos congêneres de sua época, como se depreende de seus estatutos. Foi assim o antecedente mais remoto da futura famosa Escola Politécnica e da atual Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que dela descendem em linha direta.
Um ponto importante a notar sobre a criação dessa Academia é o fato de o governo português ter sempre recusado todas as propostas de criação de institutos de ensino superior no Brasil - ao contrário da Espanha, que abriu várias universidades em suas colônias na América -, preferindo conceder bolsas de estudo a brasileiros para estudarem em Portugal. Assim, a Academia de 1792 foi, verdadeiramente, um caso de exceção.
Porém, o primeiro ensino formal de Engenharia, no país, foi a Academia Real Militar, criada em 4 de dezembro de 1810 pelo príncipe Regente (futuro Rei D. João VI), substituindo a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instalada em 17 de dezembro de 1792. A Academia Real Militar foi a primeira escola a funcionar nas Américas e a terceira no mundo, sendo antecedida somente pela Escola de Pontes e Calçadas, em 1747 (Instituto Militar Engenharia, 1999), na França e pela Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, em Portugal, em 1790.
A Academia Real Militar responsabilizava-se pelo ensino das ciências exatas e Engenharia em geral. Formava não somente "oficiais para as armas", mas também "engenheiros geógrafos e topógrafos com a finalidade de conduzir estudos e elaborar trabalhos em minas, caminhos, portos, canais, pontes, fontes e calçadas". (Instituto Militar de Engenharia, 1999, p.3).
O Decreto Imperial n. 5.600, de 25 de abril de 1874, deu um novo estatuto à Escola Central, transformando-a em Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Uma escola exclusiva para o Ensino das Engenharias e subordinadas a um Ministro Civil. O Ensino de Engenharia desvincula-se definitivamente de sua origem militar. (TELLES, 1984).
No Segundo Império criou-se, também, a Escola de Minas de Ouro Preto, em 12 de outubro de 1876. Posteriormente, ainda no século XIX, outras cinco escolas de Engenharia foram implantadas: a Politécnica de São Paulo, em 1893, a Politécnica do Mackenzie College e a Escola de Engenharia do Recife, em 1896, a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de Porto Alegre, em 1897. (BAZZO, 2003).
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A evolução dos perfis do profissional de engenharia
Com esta aula, busca-se o entendimento do conceito de engenharia contemporânea e, consequentemente, das atribuições e habilidades que o engenheiro deve possuir e desenvolver ao longo do curso, buscando o pleno atendimento de suas atribuições. Para tanto, será apresentada a evolução do perfil do engenheiro ao longo da história para adequar-se às necessidades da sociedade de cada período.
NESTE TÓPICO
 Engenharia e sociedade
 O profissional de Engenharia
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 Engenharia e sociedade
 O profissional de Engenharia
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Na primeira metade do século XX, após a Revolução Industrial, a atuação do engenheiro se concentrava na busca por soluções práticas para os problemas das sociedades, utilizando, para tanto, recursos gráficos a partir do desenho na prancheta, cálculos elementares e relatórios descritivos de projeto. As soluções apresentadas eram limitadas técnica e economicamente, ou seja, a solução consistia em atender a sua função primária; logo, conceitos como qualidade, custo, desenvolvimento sustentável e competitividade raramente faziam parte das soluções propostas pelos engenheiros.
A partir do final da segunda guerra mundial acentuou-se a corrida tecnológica, motivada pela busca do poder entreos dois grandes blocos ideológicos, associando o poder político-econômico ao mundo científico. Esse processo foi intensificado pelo surgimento dos dispositivos eletrônicos de cálculo, base dos computadores. Consequentemente ocorreu um redirecionamento nos conceitos e na execução dos projetos em engenharia, dando-se maior enfoque aos fenômenos físicos envolvidos. Isso acelerou e ampliou o desenvolvimento tecnológico, demandando maior geração de conhecimentos básicos e sua imediata aplicação, maior capacitação dos profissionais na análise de processos físicos.
As Figura 1 e 2, por exemplo, ilustram os primeiros desenvolvimentos da engenharia sob a ótica das máquinas ferramentas e a evolução tecnológica destas.
Figura 1 - Surgimento das primeiras máquinas ferramentas durante a Revolução Industrial.
Figura 2 - Evolução tecnológica das máquinas ferramentas durante o século XX.
Na segunda metade do século XX, as ações de Engenharia evoluem, buscando atender cada vez mais às necessidades da sociedade, inserindo nesse contexto e nos desenvolvimentos valores como qualidade, redução de perdas, melhoria das condições de segurança nas atividades profissionais e a preservação do meio ambiente. Nesse último tópico, o destaque atual é de nível global, buscando o chamado desenvolvimento sustentável. O maior desafio para a Engenharia no século XXI passou a ser: como garantir o desenvolvimento social preservando o meio ambiente.
Desse modo, a evolução das sociedades está diretamente relacionada à consolidação das diversas modalidades de engenharias. Para tanto, são necessários investimentos significativos, profissionais bem-formados e pesquisadores, além de uma forte interação entre a indústria e o meio acadêmico. Essas necessidades constituem o impulso necessário à evolução das engenharias e, consequentemente, do profissional buscado pelo mercado.
Engenharia e sociedade
A Engenharia é uma área de conhecimento aplicado e seu desenvolvimento depende da capacidade de se compreender as reais necessidades sociais. Assim, desenvolver a Engenharia implica em conhecer profundamente seus problemas, o que só é possível quando há interação com a sociedade e com o setor empresarial.
O conhecimento vem avançando em um ritmo cada vez mais acelerado, desde as últimas décadas do século passado, fato que é mais marcante nas áreas científicas e tecnológicas. De fato, as necessidades da humanidade por bens, serviços e utilidades que emprestem um alto grau de agilidade e praticidade a suas atividades diárias - tanto profissionais quanto em nível pessoal - imprimem àquelas áreas, notadamente no ramo da Engenharia, demandas muito importantes em termos de um contínuo desenvolvimento.
Com base nessas premissas, o processo de Engenharia e desenvolvimento passa por mudanças, buscando atender às necessidades das sociedades. Tais mudanças encontram-se ilustradas na Figura 3, a seguir.
Figura 3
A partir de meados da década de 80, tendências mais marcantes desse modelo passam a ser substituídas por sistemas de produção mais integrados em que a concepção do produto e o planejamento detalhado da sua execução são vistos como atividades que devem ser articuladas entre si e com a comercialização.
Segundo Bazzo (2003), pode-se afirmar que a sociedade contemporânea depende do profissional de Engenharia, por causa de sua capacidade de análise e síntese com foco na resolução de problemas.
O profissional de Engenharia
Engenheiros são solucionadores de problemas, pessoas que procuram os meios mais rápidos. menos dispendiosos e, portanto, melhores, para utilizar matérias-primas e forças da natureza para responder a desafios. Através dos anos, desde a construção das pirâmides no Egito até a aterragem na Lua, os engenheiros têm sido o rosto do progresso.
Holtzaplle e Reece (2006) afirmam que engenheiros são profissionais que combinam conhecimentos das ciências e da economia com a prática para a solução de problemas da sociedade. A Figura 4 indica essa função primordial do engenheiro e sua base.
Figura 4 - Atividades do Engenheiro Contemporâneo.
Assim, pode-se afirmar que certos conhecimentos não servirão mais para as empresas, porque determinadas áreas de trabalho estão desaparecendo, logo, buscam-se cada vez mais profissionais criativos, flexíveis e capazes de se adaptarem rapidamente às mudanças. Esse é um dos grandes desafios de educadores e escolas que buscam oferecer essa formação flexível, porém, sem abandonar as bases necessárias para a formação adequada dos futuros engenheiros.
Ao mesmo tempo em que a formação de um profissional de engenharia contemporâneo torna-se mais complexa, aumentam-se as oportunidades ofertadas a ele.
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Regulamentação da profissão de engenharia
O objetivo principal desta aula é apresentar as sociedades profissionais que regulamentam a profissão de Engenharia no Brasil, além de apresentar as principais leis, decretos-lei e regulamentações ligadas às diversas modalidades de engenharia no Brasil. Para atingir tal fim, serão apresentadas as principais características e atribuições do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) e do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
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 As origens do sistema CREA-CONFEA
 CONFEA
 CREA
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As origens do sistema CREA-CONFEA
O Sistema CREA CONFEA foi criado a partir do Decreto-Lei n. 23.569, de 11 de dezembro de 1933, promulgado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas, sendo considerado um marco na história da regulamentação profissional e técnica no Brasil.
Os conselhos regionais não foram instalados simultaneamente e alguns deles, como o da antiga 6ª Região, que englobava os estados de São Paulo e Mato Grosso, somente começaram a funcionar alguns meses depois. A Figura 1 ilustra as primeiras regiões do CREA e a atual organização dos conselhos.
Figura 1 - Evolução dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia / Fonte: CONFEA, em www.confea.org.br.
As primeiras associações profissionais baseadas em princípios similares aos das entidades atuais foram os denominados "collegia", surgidos no primeiro século antes da Era Cristã. Esses colégios da sociedade romana foram a base das Corporações de Ofício surgidas com o Renascimento, na Europa. Em ambos os modelos, a população era dividida de acordo com as artes ou ofícios exercidos.
Em 1789, com a Revolução Francesa, o liberalismo passa a orientar as relações sociais, políticas e trabalhistas, enfraquecendo as relações baseadas no corporativismo. Surge, com essa remodelação, a atividade empresarial propriamente dita, com os conflitos costumeiros entre capital e trabalho e os primeiros movimentos sindicais.
Esse liberalismo chegou ao Brasil com a vinda da família real, por meio, principalmente, do príncipe regente Dom João VI, um de seus primeiros disseminadores. Sua Carta de Lei, assinada em 1810, criava a Real Academia Militar, sendo considerada o primeiro documento a tratar do assunto no Brasil.
Segundo Telles (1984), a Engenharia e os engenheiros só começaram a ter alguma influência na sociedade a partir da segunda metade do século XIX, por conta de uma série de fatores, dentre eles uma longa tradição de relativo desprezo por todas as profissões técnicas.
Ainda de acordo com Telles (1984), esse "status quo" perdurou até depois da abolição da escravatura. Somente com a chegada dos ingleses, depois da Abertura dos Portos, em 1808, houve uma mudança na mentalidade da sociedade brasileira nesse aspecto. Os ingleses com situação privilegiada no Brasil daqueles tempos eram essencialmente práticos e progressistas e, assim, valorizavam as profissões técnicas a que muitos deles se dedicavam.
Dentro desse cenário social, cabe ressaltar a grande contribuição de algumas figuras ilustres que muito contribuiu para a valorização das profissões de base técnica nesse período, dentre elas o Visconde de Mauá que, embora não fosse engenheiro, acreditava no progresso técnico e nos empreendimentos. Outras exceções dignasde nota foram o Visconde do Rio Branco (doutor em matemática, professor de engenharia e primeiro diretor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro) e o próprio imperador Dom Pedro II, que se empenhou em incrementar o progresso das ciências no Brasil.
A Constituição de 1891 indicava uma volta ao intervencionismo do estado no sentido de regulamentar e organizar as atividades profissionais, mas foi da Escola Politécnica de São Paulo, criada em 1893, que saiu o deflagrador da campanha para a regulamentação profissional da Engenharia em São Paulo: era o primeiro ex-aluno a se transformar em diretor da entidade, professor Alexandre Albuquerque, que iniciou tal campanha em 1905, ano de sua formatura, culminando com o Decreto-Lei n. 23.569, de 11 de dezembro de 1933.
CONFEA
O CONFEA surgiu oficialmente com esse nome em 11 de dezembro de 1933, por meio do Decreto n. 23.569, promulgado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas, sendo considerado um marco na história da regulamentação profissional e técnica no Brasil.
Compete ao CONFEA zelar pelos interesses sociais e humanos de toda a sociedade. Para tanto, é a sociedade responsável por regulamentar e fiscalizar o exercício dos profissionais que atuam nas áreas que representa, tendo ainda como referência o respeito ao cidadão e à natureza.
Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia é regido pela Lei n. 5.194, de 1966, e representa também os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações, em um total de centenas de títulos profissionais.
Em seus cadastros, o Sistema CONFEA/CREA tem registrados 900 mil profissionais que respondem por cerca de 70% do PIB brasileiro e movimentam um mercado de trabalho cada vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos da tecnologia, alimentada intensamente pelas descobertas técnicas e científicas do homem.
O Conselho Federal é a instância máxima à qual um profissional pode recorrer no que se refere ao regulamento do exercício profissional.
CREA
Os CREAs (Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia) são autarquias federais, com jurisdições próprias em cada Estado da União, administrados pelos próprios profissionais, denominados conselheiros, os quais representam instituições de ensino, associações e sindicatos.
Dentre os objetivos dos CREAs destacam-se a fiscalização, orientação, controle e aprimoramento do exercício profissional, atuando em defesa da comunidade e reprimindo a atividade ilegal da profissão por parte de profissionais não habilitados.
Em conformidade com a legislação brasileira, o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto, agrônomo e atividades afins nos conselhos é permitido, no território nacional, a todos aqueles que, formados por uma instituição de ensino devidamente reconhecida, tenham procedido ao registro em um conselho regional, ou seja, no CREA de sua jurisdição.
Assim, pode-se definir a missão dos CREAs em "valorizar o exercício profissional da área tecnológica, fiscalizando, capacitando e orientando para a segurança e qualidade de vida da sociedade" (www.creasp.org.br).
Maiores informações referentes aos conselhos federais e regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia podem ser obtidas nos respectivos sites, disponíveis em www.confea.org.br e www.creasp.org.br
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Especialidades da engenharia e associações profissionais
Nesta aula serão apresentadas as principais divisões da engenharia no tocante às especificidades das diversas áreas que a compõem. Na sequência, serão apresentadas as principais associações profissionais de Engenharia, indicando-se a importância de associar-se a determinada associação e, como consequência, os direitos e deveres oriundos da associação do profissional de Engenharia.
NESTE TÓPICO
NESTE TÓPICO
 Especialidades da Engenharia
 Engenharia Civil
 Engenharia Mecânica
 Engenharia Metalúrgica
 Engenharia de Minas
 Engenharia Elétrica
 Engenharia Química
 Associações profissionais
 Referências
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Especialidades da Engenharia
A área de abrangência da Engenharia é muita vasta e, com a evolução tecnológica, surgem novas vertentes tornando difícil manter um pleno conhecimento sobre todas as áreas englobadas.
Dentre as atividades típicas desenvolvidas por engenheiros, destacam-se:
· Projetar
· Executar
· Administrar
· Verificar
· Fiscalizar
· Pesquisar
Com a evolução tecnológica aliada ao aprofundamento do conhecimento científico e os desdobramentos de atividades ligadas à engenharia, surge a necessidade de que as macro atividades de Engenharia sejam realizadas por especialistas que dominem os conhecimentos específicos de sua grande área. Esse é marco do surgimento das especialidades dentro da Engenharia.
A Figura 1 ilustra algumas especialidades da engenharia moderna em uma linha do tempo.
A evolução tecnológica acelerou o desenvolvimento de novos ramos da Engenharia, tanto no sentido vertical, por meio de especializações (a Engenharia de Segurança, por exemplo), como no sentido horizontal, com o surgimento de especialidades dentro das grandes áreas, tais como as engenharias aeronáutica, naval, de alimentos, cartográfica, mecatrônica, de produção, petróleo e gás etc.
Engenharia Civil
É considerada a mais antiga especialidade da Engenharia, remontando à Idade Antiga. Em um primeiro momento, essa especialidade destinou-se exclusivamente às habitações, mas, com o aumento das construções de fortificações, deu origem à Engenharia Militar. Somente no século XVIII surge o termo "civil" para diferenciar os engenheiros não envolvidos com construções militares.
O profissional da área é responsável por projetar, executar, administrar, verificar, fiscalizar e pesquisar trabalhos relacionados a pontes, túneis, barragens, estradas, vias férreas, portos, canais etc.
Engenharia Mecânica
Surge como uma área da Engenharia Civil destinada à produção de dispositivos utilizados nas construções. Somente durante a Revolução Industrial, no século XVIII, surge como uma especialidade da Engenharia, com o desenvolvimento de máquinas e dispositivos destinados à produção.
De acordo como Holtzaplle e Reece (2006), compete aos engenheiros mecânicos a construção de motores, veículos, ferramentas mecânicas, trocadores de calor, sistemas de refrigeração, sistemas para conforto térmico etc.
Engenharia Metalúrgica
Surge na Revolução Industrial, na chamada segunda fase, quando do domínio do processo de obtenção do aço.
Segundo Bazzo (2003), compete ao engenheiro metalúrgico a elaboração de técnicas que busquem otimizar os processos de extração e transformação de minérios, tendo como produto final perfis estruturais destinados a diversas aplicações.
Engenharia de Minas
De acordo com Bazzo (2003), as atividades do engenheiro de minas são desenvolvidas nas áreas de:
· Prospecção
· Pesquisa
· Planejamento
· Operação de aproveitamento de recursos minerais.
Há algumas subdivisões da Engenharia de Minas, tais como minerais metálicos e petróleo.
Engenharia Elétrica
Surge na segunda fase da Revolução Industrial, no final do século XIX, os primeiros experimentos que propõem a utilização como força motriz de equipamentos e máquinas industriais. Há uma substituição gradativa da queima do carvão mineral pela nova fonte energética. Nasce, nesse momento, o engenheiro eletricista.
Holtzaplle e Reece (2006), definem as duas funções da eletricidade, a saber:
· Transmissão de potência: surgem dessa função os engenheiros responsáveis pelo projeto e construção de geradores, motores e transformadores elétricos, fundamentalmente ligados à chamada alta potência.
· Transmissão de informação: surgem os engenheiros especializados no projeto e construção de rádios, televisores, computadores e equipamentos de comunicação em geral.
Engenharia Química
Surge da necessidade da indústria química em possuir profissional especializado em suas especificidades. Até o final do século XIX e início do século XX, a indústria química contratava químicos industriais e engenheiros mecânicos paraseu corpo técnico. Com o aumento da necessidade de um profissional especializado, surge o engenheiro químico como uma combinação de conhecimentos e habilidades da engenharia mecânica e da química industrial.
Segundo Bazzo (2003), dentre as principais atribuições do engenheiro químico, encontra-se o estudo dos processos de transformação de materiais brutos (em composição química e forma física), em aplicações comercialmente viáveis.
Maiores informações sobre as funções e atribuições das diversas especialidades da engenharia podem ser obtidas nos sites do CONFEA (www.confea.org.br) e do CREA/SP (www.creasp.org.br).
Associações profissionais
As associações profissionais têm como função principal serem as depositárias das principais técnicas e conhecimentos de determinada especialidade da Engenharia, garantindo, também, a troca de informações entre seus membros. A divulgação desse conhecimento comumente se dá por meio de publicações técnicas, seminários, congressos científicos e demais atividades que garantam a transmissão do conhecimento e técnicas desenvolvidas.
As principais sociedades profissionais mundiais com seus respectivos endereços eletrônicos encontram-se listadas no Quadro 1.
Sociedades profissionais mundiais
	Quadro 1 - Principais sociedades profissionais de Engenharia.
	Sigla
	Denominação
	Endereço eletrônico
	IEEE
	Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
	www.ieee.org
	ASME
	Sociedade Americana de Engenheiros Americanos
	www.asme.org
	SAE
	Sociedade dos Engenheiros Automotivos
	www.sae.org
	ASM
	Sociedade Americana de Metais
	www.asminternational.org
	SME
	Sociedade dos Engenheiros de Manufatura
	www.sme.org
	ABNT
	Associação Brasileira de Normas Técnicas
	www.abnt.org
	ABEPRO
	Associação Brasileira de Engenharia e Produção Mecânica
	www.abepro.org
	ABEA
	Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas
	www.abcm.org.br
	ABEQ
	Associação Brasileira de Engenharia Química
	www.abeq.org.br
	ABCEM
	Associação Brasileira da Contrução Metálica
	www.abcem.org.br
	ABEA
	Associação Brasileira de Engenheiros de Alimentos
	www.abea.com.br
	ABECE
	Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural
	www.abece.com.br
	ABEClin
	Associação Brasileira de Engenharia Clínica
	www.abeclin.org.br
	ABEF
	Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia
	www.abef.org.br
	ABEM
	Associação Brasileira de Engenharia Militar
	www.engmil.org.br
	ABEClin
	Associação Brasileira de Engenharia Clínica
	www.abeclin.org.br
	ABEF
	Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia
	www.abef.org.br
	ABEM
	Associação Brasileira de Engenharia Militar
	www.engmil.org.br
	ABEMI
	Associação Brasileira de Engenharia Industrial
	www.abemi.org.br
	ABEN
	Associação Brasileira de Energia Nuclear
	www.aben.com.br
	ABENDE
	Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção
	www.abende.com.br
	ABENGE
	Associação Brasileira de Ensino de Engenharia
	www.abenge.org.br
	ABEP
	Associação Brasileira de Engenharia de Pesca
	www.abep.eng.br
	ABES
	Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
	www.abes-dn.org.br
	ABFM
	Associação Brasileira de Física Médica
	www.abfn.org.br
	ABGE
	Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
	www.abge.com.br
	ABGP
	Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo
	www.abgp.com.br
	ABM
	Associação Brasileira de Metalurgia, Meteriais e Mineração
	www.abmbrasil.com.br
	ABMACO
	Associação Brasileira de Materiais Compósitos
	www.abmaco.org.br
	ABMS
	Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
	www.abms.com.br
	AEA
	Associação Brasileira de Engenharia Automotiva
	www.aea.org.br
	AET
	Associação dos Engenheiros de Telecomunicações
	www.aet.org.br
	ANEST
	Associação Nacional de Engenharia e Segurança do Trabalho
	www.anest.org.br
	ANPEI
	Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras
	www.anpei.org.br
	ANPET
	Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes
	www.anpet.org.br
	SBEA
	Associação Brasileira de Engenharia Agrícola
	www.sbea.org.br
	Abergo
	Associação Brasileira de Ergonomia
	www.abergo.org.br
	SBEB
	Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica
	www.sbeb.org.br
	SBCS
	Sociedade Brasileira de Ciência dos Solos
	www.solos.ufv.br/sbcs.htm
	SBC
	Sociedade Brasileira de Computação
	www.sbc.org.br
	SBEA
	Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola
	www.sbea.org.br
Há, também, sociedades profissionais voltadas à regulamentação da profissão do ponto de vista legal. No Brasil, elas são representadas pelo CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e pelos CREAs (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).
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Conceitos e fundamentos da Ética
Apresentar, analisar e discutir os conceitos e fundamentos da Ética.
NESTE TÓPICO
 Introdução
 O que é ética?
 As sociedades humanas podem ser consideradas "entes morais"
 Etimologia: entendendo a origem e o significado das palavras
 Moral, imoral e amoral
 A síntese entre ética e moral
 Referências
NESTE TÓPICO
 Introdução
 O que é ética?
 As sociedades humanas podem ser consideradas "entes morais"
 Etimologia: entendendo a origem e o significado das palavras
 Moral, imoral e amoral
 A síntese entre ética e moral
 Referências
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Introdução
O termo ética é empregado de forma recorrente no nosso dia a dia e nos mais variados contextos, ou seja, nas relações econômicas entre as empresas, nas relações sociais cotidianas, aparece muito nos debates científicos e na área da política parlamentar e nos noticiários jornalísticos veiculados por meio das mídias impressa, televisiva e eletrônica. Embora seja assunto de grande relevância no mundo contemporâneo, ao mesmo tempo é um termo extremamente difícil de definir ou conceituar. Basta questionar as pessoas e solicitar que forneçam um significado para a palavra ética e, logo em seguida, teremos numerosas definições sendo apresentadas. O teor confuso e superficial em torno da noção e dos variados significados e usos do termo nos coloca diante de um desafio de interpretação e, por esse motivo, exige que façamos uma análise teórica detalhada.
O que é ética?
Primeiramente vamos apresentar o seguinte questionamento: qual a origem e o significado da palavra ética? Esse questionamento nos remete ao passado da Antiguidade Clássica, em particular à Grécia do período humanista. Uma das muitas contribuições dos gregos antigos para a civilização ocidental, à qual pertencemos, tem relação com a área do conhecimento que eles denominaram de filosofia, que significa literalmente "amor à sabedoria".
Desde seu surgimento, no século VI a.C., a filosofia grega começou a investigar os mais variados assuntos ou problemas envolvendo as relações humanas em sociedade. Uma das ramificações da filosofia passou a estudar a moral. Essa ramificação foi denominada de Ética (em grego ethike, de ethikós), que nada mais é do que o "estudo da moral".
E o que vem a ser moral? Moral está intimamente ligada ao convívio entre os homens no âmbito de uma coletividade, que pode ser uma comunidade ou sociedade. Conforme explica Chauí "(...) cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e à incorreta, válidos para todos os seus membros" (2008: 311).
As sociedades humanas podem ser consideradas "entes morais"
O que é característico e marcante (e também um aspecto diferenciador) nas organizações sociais humanas, formadoras de sociedades e comunidades, é que os homens instituem certas regras morais que servem de orientações para a convivência em um ambiente coletivo. Sendo assim, nos diferenciamos dos outros animais que habitam o planeta justamente no aspecto concernente à criação do que chamamos de cultura.
A cultura forma um arcabouço que contém variados elementos, entre eles se encontram os valores morais que são aceitos como legítimos, são interiorizados pelos indivíduos e transmitidos de geração em geração, a ponto de se transformaremem costumes. O ramo da filosofia que recebeu a denominação de Ética se ocupa, portanto, da reflexão crítica sobre o significado dos valores morais que são característicos de uma determinada sociedade ou comunidade em certo período histórico.
Etimologia: entendendo a origem
e o significado das palavras
Pelo fato de a ética se ocupar da moral, os dois termos são considerados equivalentes e por isso mesmo são tratados como sinônimos. Mas é preciso ressaltar que a origem e o significado de cada um desses termos são muito diferentes. A palavra ética é de origem grega e significa "estudo da moral".
No entanto, há uma variação em grego, que é a palavra "éthos", que significa "modo de ser", "caráter" e "índole". Éthos nos remete ao modo de ser de cada indivíduo, isto é, ao comportamento pessoal que tanto pode se pautar pelos vícios, que são os desvios, ou pode estar plenamente de acordo com os padrões morais prevalecentes na sociedade.
Desse modo, podemos considerar os valores e padrões morais em vigor em determinada sociedade como "normas ideais", os quais servem de orientação para os indivíduos que vivenciam uma vida coletiva. O éthos seria, então, indicativo das disposições psíquicas de cada pessoa em deixar-se ou não guiar pelos valores morais prevalecentes, aceitá-los ou não (Chauí, 2008).
Um ponto importante que diz respeito ao éthos refere-se ao fato de que as disposições psíquicas de cada pessoa podem ser resultado de condutas plenamente conscientes ou uma conduta irreflexivas sustentando-se pelo hábito costumeiro de aceitar as normas ou valores sociais.
Moral, imoral e amoral
A palavra "moral" deriva do latim mores e equivale a "costume" ou "maneira de agir habitual". O significado latino da palavra mores está relacionado à tradução que os antigos romanos encontraram para a palavra grega ética, em razão do contato entre as culturas grega e romana no período de expansão e dominação do Império Romano (sintetizada na cultura greco-romana).  
Os antigos romanos não deram muita importância à variação dos termos gregos, sobretudo no que se refere à palavra éthos; talvez porque estivessem mais preocupados com a ação prática, com o agir em conformidade, com os princípios e valores prevalecentes na sociedade. Considera-se imoral a conduta do indivíduo que age conscientemente contrariando o conjunto de valores prevalecentes; e amoral a conduta do indivíduo que, por desconhecimento, age em desacordo com o conjunto de valores prevalecentes (Aranha; 1993).
A síntese entre ética e moral
A partir da exposição teórica dos fundamentos da Ética, podemos afirmar que a cultura greco-romana deixou um legado inestimável para o pensamento filosófico de caráter humanista. Com base na análise crítica dos significados dos dois termos apresentados nesta aula, podemos demarcar uma diferença entre ética e moral: a ética procura entender quais são os costumes e os princípios ou valores consagrados e considerados essenciais por determinada sociedade ou comunidade; por outro lado, a moral se refere ao comportamento prático de cada indivíduo, se ele se orienta ou não pelos valores consagrados.
Depois desta aula ficou mais fácil entender o motivo pelo qual a palavra ética adquiriu a mesma conotação de moral (ou moralidade) e acabou sendo utilizada para se referir à conduta e ao agir prático em sociedade, em conformidade com o que se considera ideal, certo, bom, correto. Na próxima aula trataremos das fontes (ou origens) dos princípios e valores éticos.
Agora que você já estudou esta aula, resolva os exercícios e verifique seu conhecimento.
Caso fique alguma dúvida, leve a questão ao Fórum e divida com seus colegas e professor.
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Ética e Política entre os gregos na Antiguidade
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Ética e moral possuem o mesmo significado, a diferença está em que a palavra ética é de origem grega, ethos, que significa costume, e a palavra moral, de origem latina, mores, que também possui o mesmo sentido. Assim, quando falamos de ética ou de moral, estamos falando acerca das mesmas ideias, porque pertencem ao mesmo campo de significação.
Desde a Antiguidade, os filósofos sempre se preocuparam com a origem dos valores morais que orientam a conduta humana. A questão é saber como chegaram a descobrir a essência desses valores. Eles se perguntavam: por que preferimos alguns valores em detrimentos de outros? Por que existem os que nos causam vergonha, e outros são motivo de orgulho? A coragem, glória, honra, justiça... - não há quem não se admire em possuir estas virtudes. Por outro lado, a covardia, insensibilidade, avareza, vaidade, vulgaridade são virtudes que todos rejeitam como valores menos relevantes, sendo que na maioria das vezes são sinais de desprestígio. A classificação desses valores como bons e maus dependia da visão de mundo que os filósofos possuíam e da maneira como concebiam o mundo natural. A boa conduta ou a conduta equilibrada deve se espelhar ao equilíbrio natural que a natureza possui; a má conduta, ao contrário, equivale ao que está distante desse equilíbrio natural do mundo exterior.
Segundo Marilena Chauí, existem três aspectos principais da ética dos antigos: racionalismo, naturalismo e a inseparabilidade de ética e política. Para compreendermos como se relacionam esses princípios, e a maneira como determinavam a conduta moral, devemos compreender o que significam e como influenciavam os filósofos gregos antigos na formação de suas concepções éticas.
Quando falamos de Sócrates, Platão, Aristóteles, referimo-nos ao período clássico da Filosofia, a época áurea do regime democrático, do nascimento das cidades, das discussões em praças públicas, onde o cidadão discutia os interesses da cidade, e os sofistas ensinavam a oratória, para o cidadão defender seus interesses e o interesse comum. A cidade de Atenas estava vivendo uma época esplêndida. É nesse contexto de desenvolvimento e transformação social, cultural e econômica que emerge uma discussão mais aprofundada acerca dos valores, que devem ser respeitados para o cidadão interagir com os outros dentro da cidade. Os filósofos gregos pensavam que os humanos são seres dotados de razão ou consciência, que nos orienta em nossas decisões e escolhas em direção ao melhor e ao encontro da felicidade. Não haveria possibilidade de reflexão acerca da vida moral, se não fôssemos racionais. Como dizia Sócrates, não basta viver simplesmente, mas para viver eticamente devemos ter consciência do sentido dos valores que norteiam a nossa conduta dentro da cidade. A existência social e individual só se constrói com consciência e respeito a nós mesmos e na convivência com os outros.
A maneira como os filósofos antigos concebiam o mundo exterior se aproximava da maneira como olhavam para dentro de si mesmos. O mundo exterior natural e o mundo interior individual se assemelham em vários aspectos. Os gregos observaram que a natureza exterior possui uma estabilidade, que os eventos naturais se repetem constantemente, como as estações do ano, o dia, depois a noite; as roseiras murcham, secam, depois florescem... - assim perceberam que há na natureza um movimento contínuo e ininterrupto. Esse mundo da repetição e estabilidade os gregos trouxeram para dentro de si; esse equilíbrio natural do mundo será o elemento determinante que regerá a conduta moral. Se a natureza possui equilíbrio, o homem também é capaz de possuir; se a natureza é harmoniosa, é possível percebê-la na convivência entre os cidadãos.
A filosofia moral não foi elaborada por pensadores ensimesmados, olhando para o "próprio umbigo" sem conexão com mundo. A ética é o ramo de conhecimento dentro da filosofia que mais tem a ver com a vida prática, quer dizer, ela está associada à maneira como os cidadãos pensam sobre si próprios, e a possibilidade de viverem juntos dentro da cidade apesar das diferenças sociais, econômicas e políticas, elementos constitutivos da convivência no interior da polis.
Naturalismo - a vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza (o cosmos) e com nossa natureza (nosso ethos),que é à parte do todo natural.
O princípio racionalista presente na filosofia grega aparece como o elemento moderador da conduta que orienta a vontade em direção ao considerado melhor. A vontade sem razão é desequilibrada porque tende para os vícios, e delibera em relação ao que é pior. A razão aparece como o elemento que nos fornece a capacidade de decidir em direção ao bem individual e comum. É importante lembrar a concepção de mundo platônico, que envolve a dialética platônica, segundo a qual existe um mundo superior onde está localizado o Bem, um mundo intermediário, onde está a razão, e um mundo inferior, onde está o mundo do engano, da opinião, da ignorância, onde vivem os homens. A única possibilidade de o homem sair do mundo da ignorância e alcançar a sabedoria é recorrer à razão como o elemento que deve orientá-lo em direção ao Bem.
Essa capacidade que a razão possui, de conduzirmos do mundo inferior para o superior, é denominada dialética. Esse movimento ascendente do mundo da aparência para o mundo verdadeiro só é possível através desse elemento primordial: a razão, que, diferentemente dos animais, os humanos e só os humanos possuem. Para administrar as cidades, os magistrados devem ser sábios; essa sabedoria decorre do fato de serem racionais. Consequentemente, uma cidade bem administrada é o lugar da convivência ética, do exercício da cidadania, que pressupõe a existência de direitos e deveres que os cidadãos devem aceitar e cumprir voluntariamente.
O racionalismo está presente tanto na filosofia socrática, quanto na dialética platônica; a razão determina a conduta moral e é inseparável da vida política. Polis, em grego, significa cidade; quem vive na cidade é o cidadão, e por sua vez, só é cidadão aquele que aceita voluntariamente as normas de convivência social. Assim sendo, razão, política e ética são elementos que não podem ser conjugados separadamente. Para uma boa convivência social com interesses divergentes, a conduta moral é essencial, com respeito às diferenças e responsabilidade.
· Ética e moral possuem o mesmo significado.
· O período clássico da Filosofia.
· Racionalismo, naturalismo e a inseparabilidade de ética e política.
· Dialética platônica.
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A ética cristã e a história de sua formação
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Em qualquer manual de História, consta que a Idade Média começou no século V e terminou no XV.
Em Filosofia essa divisão não é tão simples, porque se considera que a Idade Média teve seu início muito tempo antes, com o advento do pensamento cristão por volta do século III d.C. A ética cristã não deixa de ser semelhante em muitos aspectos à ética grega. Os elementos que estão contidos na filosofia platônica também fazem parte da filosofia cristã: da mesma maneira que existe um mundo superior, invisível, onde está localizada a ideia do Bem, o mundo das ideias ou das essências verdadeiras, e um outro mundo, inferior, sensível, material, onde reside o engano e a ilusão, na filosofia de Platão, também se verifica com o Cristianismo, pela filosofia neoplatônica, que os cristãos elaboraram com elementos que herdaram da filosofia grega.
Leia esta passagem atentamente, procurando entender de que maneira os intelectuais cristãos adaptaram a filosofia de Platão ao Cristianismo, elaborando o que conhecemos até hoje como a ideia da Trindade divina: "O neoplatonismo, como o nome indica, foi uma retomada da filosofia de Platão, mas com um conteúdo espiritualista e místico. Os neoplatônicos afirmavam a existência de três realidades distintas por essência: o mundo sensível da matéria ou dos coros, o mundo inteligível das puras formas imateriais, e, acima desses dois mundos, uma realidade suprema, separada de todo o resto, inalcançável pelo intelecto humano, luz pura e esplendor imaterial, o Uno ou o Bem. Por ser uma luz, o Uno se irradia; suas irradiações (que os neoplatônicos chamavam de "emanações") formaram o mundo inteligível, onde estão o Ser, a Inteligência e a alma do Mundo. O que fez o Cristianismo nascente? Adaptou à nova fé várias concepções da metafísica neoplatônica, disso resultando os seguintes pontos doutrinários: 1º Separação entre material-corporal e espiritual-incorporal. 2º separação entre Deus-Uno e o mundo material. 3º transformação da primeira emanação neoplatônica (Ser, Inteligência, Alma do Mundo) na idéia da Trindade divina, pela afirmação de que o Deus-Uno se manifesta em três emanações idênticas a ele próprio: o Ser, que é o Pai; a Inteligência, que é o Espírito Santo; a Alma do Mundo, que é o Filho."
Não podemos perder de vista a diferença essencial entre o pensamento grego e o cristão: a filosofia grega não é cristã, porque no mundo superior não reside mais a ideia do Bem, mas acima dos dois mundos de Platão, isto é, do mundo das ideias e do mundo sensível (separado de todo o resto, inalcançável pelo intelecto, luz pura e esplendor imaterial) existe agora a ideia de Deus. Para a Filosofia grega não existe nada para além da razão; para a Teologia, ao contrário, espiritualizando a noção de razão, criou-se um Ser superior que denominaram "Deus".
Essa passagem da filosofia para a teologia aconteceu num período da história da filosofia denominado Filosofia Patrística, ou filosofia dos primeiros padres, que se iniciou no final da Antiguidade por volta do século I a.C., e se findou por volta do século IV com a filosofia de Santo Agostinho. Durante quase seiscentos anos a cultura cristã foi se desenvolvendo naquela área que envolve a Palestina, numa relação de síntese e assimilação que os cristãos fizeram do pensamento grego. É importante saber que a cultura cristã começou a se desenvolver trezentos anos antes de Cristo, o que nos faz concluir que estamos falando de um Cristianismo anterior à vida de Cristo.
A filosofia grega forneceu os elementos conceituais para a elaboração da cultura cristã. Os primeiros padres gregos e latinos elaboraram sua filosofia moral pensando na relação que o homem deve manter com Deus, e dessa relação entre o Criador e a criatura deriva uma noção muito peculiar de liberdade.
Encaminhemos nossa discussão agora (depois que estabelecemos a passagem da Filosofia para o Cristianismo), em direção à reflexão propriamente ética: se o homem possui responsabilidade sobre seus atos, ou se Deus já predeterminou o que seremos, independente de nossas eventuais decisões e escolhas.
Se o homem não faz nada sem Deus prever os acontecimentos futuros, do que valeria os esforços e os méritos humanos? Se não fazemos nada sem Deus querer, se somos predeterminados a ser o que Deus quer desde quando nascemos, façamos o que fizermos, coisas boas ou más, viveremos a vida que Deus nos confiou, independentemente de nossa conduta. Frente à predestinação divina, quais são os méritos que temos de realizar atos moralmente bons? Se Deus nos confiou uma vida cheia de miséria, quais são as possibilidades de alterarmos o rumo de nossas vidas? Questões como essas envolvem a reflexão moral, pois os primeiros padres se questionavam acerca do livre arbítrio humano; como pensar numa conduta responsável, livre e autônoma, e ao mesmo tempo, numa relação de submissão do homem ao Deus todo poderoso.
A cultura cristã, que se desenvolveu no final da Antiguidade pelos primeiros padres, considerava Deus superior ao homem; no entanto, não é devido a essa relação de inferioridade que o homem não possui responsabilidade e controle sobre suas ações.
Embora Deus seja infinitamente superior à criatura, mesmo assim, esta última possui autonomia, porque é um ser racional, tendo a possibilidade de se aproximar ou se afastar de Deus, dependendo de suas decisões e escolhas. O que a cultura grega denomina como razão, os primeiros padres a consideravam como Espírito, as nossas vontades orientadas pelo Espírito nos conduzem a Deus, através de atos que consideramos virtuosos. Caridade, bondade, paciência, longe de parecerem hipocrisias, na Antiguidade eram consideradas virtudes cristãs porque agradam a Deus, e nos fazem caminhar em Sua direção.
Deus possui presciência, Ele saberápor antecipação o que irá nos acontecer, mesmo assim, prevendo nossas ações antecipadamente, ainda possuímos liberdade. Como é possível sermos livres se o nosso destino já está traçado? Como é possível sermos maus se Deus nos criou para o bem? Não é porque Deus previu que iríamos cometer atos maus que não os cometemos livremente. Para compreendermos melhor essa concepção de liberdade, devemos admitir que Deus criou a natureza humana voltada para o bem. Se Deus representa o bem, Ele não pode criar o mal. Mas se homem faz o mal não foi por que Deus quis, mas porque, mais obstinado por sua própria malícia, apegado ao mundo material, e esquecendo-se do espiritual, a criatura se distanciou de Deus, e por sua vontade própria e responsabilidade, se afundou cada vez mais em sua maldade.
A criatura filho de Deus é responsável por suas próprias ações. Faz-se o bem, e estará próximo a Deus, com liberdade, responsabilidade e consciência de suas ações, mas, se faz o mal, também é com liberdade, e responsabilidade que se afastará dos desígnios do Criador. Deus o criou para fazer o bem, mas está sob sua responsabilidade fazer o mau. Os antigos pensadores cristãos separaram a filosofia da teologia: resguardaram a infinita bondade de Deus, que é eminentemente uma criação cristã, e diziam que o homem possui autonomia e responsabilidade sobre seus atos, que foi a maneira como os cristãos antigos assimilaram os elementos da filosofia grega para formar a cultura cristã. Deus é divino, e sua natureza eterna. Ao homem cabe reconhecer que é de sua inteira responsabilidade se aproximar ou se afastar de Deus, e que sua adesão a Deus se constitui não numa religião separada da realidade, transcendente, cheia de ritualismos pregados pela Igreja Oficial de Roma, mas numa convivência pacífica, com consciência tranqüila e atitude solidária, sabendo amar e respeitar os outros como a si mesmo.
· Filosofia e Teologia.
· Filosofia Patrística.
· Presciência divina e livre-arbítrio.
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Teorias éticas: Kant e Rousseau
O objetivo dessa aula é entender como diferentes filósofos pensam a questão da ética. Ao ler os textos, atente para os principais pontos do pensamento de Kant e Rosseau e tente estabelecer as principais diferenças que estes autores têm em relação à ética.
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As referências que os autores modernos utilizam para desenvolver e elaborar suas filosofias morais são de duas naturezas: ou a ideia da razão ou de Deus como norteadores da conduta ética. Talvez a maior dificuldade em compreender a Filosofia seja possuir uma visão de conjunto do pensamento filosófico. Desde o seu surgimento, a Filosofia se constitui como uma constante discussão e diálogo entre varias filosofias de todas as épocas. Kant dialogou e foi influenciado pela filosofia dos antigos, o que lhe propiciou a elaboração de uma filosofia moral que possui como fundamento a razão grega. Veremos de que maneira esse pensador alemão do século XVIII utilizou-se dessa herança para elaborar sua filosofia moral.
Para Kant, a natureza humana é egoísta, ambiciosa, destrutiva, cruel e ávida de prazeres, para cuja conquista é capaz de qualquer coisa, como matar, roubar ou mentir. Se o autor concebe a natureza humana degradada a esse ponto, o que é possível para que esta natureza se manifeste como um ser moral? Para resolver essa questão, Kant recorre à razão como o elemento que deve reger a conduta moral e conduzir a natureza humana à realização de atos moralmente bons.
O imperativo categórico kantiano (entenda como a principal posição de Kant em relação à realidade) formula-se nos seguintes termos: "age de tal maneira que o motivo que te levou a agir possa ser convertido em lei universal".
Devemos compreender como razão essa denominação que Kant utiliza como imperativo categórico. Mais adiante, o pensador alemão nos adianta que esse imperativo categórico afirma a autonomia da vontade como único princípio de todas as leis morais, sendo que essa autonomia consiste na independência em relação a toda matéria da lei e na determinação do livre arbítrio mediante a simples forma legislativa universal de que uma máxima deve ser capaz (KANT, I. Crítica da Razão Pura, Trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Abril, 1983.).
Explicando de outra maneira, essa razão prática, ou, como Kant denomina, esse imperativo categórico, aparece como uma lei interna, que cria sua própria realidade e que elabora a noção de liberdade.
Se esse elemento definidor da noção de liberdade existe dentro da natureza humana, ser moral se desenvolve e depende da manifestação de nossa humanidade.
A expressão da lei moral em nós é a manifestação mais alta da humanidade em nós. Obedecer à lei moral é obedecer ao mesmo tempo a nós mesmos. Seremos morais quando a ideia racional de liberdade determinar por si mesma a vida moral e com isso demonstrar sua própria realidade. Obedecer à lei moral que existe dentro de nós é ao mesmo tempo darmos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral, e por isso somos autônomos.
O que devemos fazer não se impõe a nós como imperativos que vêm de fora e nos obrigam a fazer o que não queremos. Se a liberdade nasce em nós como resultado da razão prática que possuímos, independente de leis ou regras que existem, e que existiam antes de nós, cumpri-las não é uma obrigação. A liberdade e o mundo moral são produtos da razão.
A razão que existe em nós é ponto de partida para a instauração de uma conduta ética. Saber escutar essa razão contida em nós é a possibilidade de vivermos dentro de uma convivência ética. Não há possibilidade de acontecer o contrário, isto é, de que o mundo exterior nos apresente motivos para vivermos eticamente, mas é dentro de nós que encontramos a possibilidade da construção da noção de liberdade, porque é da natureza do que Kant denominou como razão prática a criação de normas e leis que nos conduzem à construção do mundo moral.
Por outro lado, o referencial que Rousseau se utiliza para elaborar sua teoria ética está associado à ideia de Deus e uma concepção de natureza humana, considerada, ao contrário de Kant, benevolente, cheia de bondade, voltada para o bem. O homem em seu estado de natureza, selvagem, quando ainda não vivia em sociedade, era guiado por seus instintos, possuía uma bondade natural, e vivia com Deus em seu coração. Este homem selvagem não podia senão fazer coisas boas, porque quando se manifestava, fazia aparecer a bondade de Deus que estava dentro de si. Rousseau era cristão, e raciocinava que Deus, sendo bom, não poderia ter criado seres humanos ruins cheios de maldades.
Esse filósofo cristão nos diz que, se homem se tornou mal, a culpa foi da sociedade que o transformou. Sua natureza desde sempre foi boa e se transformou em má, a causa não está em seu interior, mas na constituição da sociedade civil. O mundo social, a constituição do Estado, as instituições, as leis, a propriedade privada, os interesses próprios fizeram com que o homem se esquecesse de sua natureza primeira.
Essa filosofia nos faz lembrar da música de Paulinho da Viola, quando ele canta: "se o homem nasceu bom e bom ele não se conservou, a culpa foi da sociedade que o transformou". É exatamente isso que Rousseau quer dizer, quando esquecemos de Deus, e nos deixamos levar pelo interesse do mundo material nos transformando em pessoas ávidas de prazeres, nos afastando do Criador.
Rousseau pretende discutir o que era natureza humana originária que precisa ser resgatada num estado de sociedade civil. O homem descobriu o fogo, a importância da pesca, o instrumento para caça, e tirava da natureza todo seu alimento, fixando-se na terra. Ele tinha nessa época tudo o que necessitava para sobreviver. Este homem era dotado de perfeição, liberdade e razão. No entanto, a história da civilização (propriedades, leis e governos), do desenvolvimento da técnica, do avanço da sociedade, traz consigo a história da diferença, da desigualdade, da perda do sentido originário de natureza humana.
A professora Marilena Chauí nos diz que Rousseauelabora uma "moral do coração". Basta lembrar a nossa natureza primeira, em que Deus está dentro de nós, que quando nos manifestamos, manifestaremos a vontade do Criador. Como a professora aponta, é o dedo de Deus que está em nossos corações e nada nos obriga a fazer o que não queremos, porque quando fazemos, exteriorizamos a vontade de Deus que está em nós.
A conduta moral não nasce do exterior para o interior, não nasce numa sociedade em que suas instituições se manifestem superiores ao cidadão. Não há o Estado de um lado e o cidadão do outro. Rousseau não vincula a cidadania à propriedade, mas a cidadania se constrói na participação de todos, em todos os níveis de sociedade. O cidadão só é verdadeiramente livre quando obedece à lei que ele mesmo criou. Quando se volta para dentro de si mesmo, o homem se reencontra com sua natureza primeira, como Deus o fez. Manifestando-se, agindo como ser moral, não fará nada que não queira, pois, agir por um dever que ele mesmo criou é viver com liberdade.
· Kant: Natureza humana e Dever.
· Liberdade e razão prática.
· Rousseau: Natureza humana e Dever.
· Sociedade civil e desigualdade.
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Fundamentos de um Código de Ética
Esta aula apresenta os fundamentos teóricos de um código de ética, sua utilidade prática e os procedimentos para sua efetiva aplicação.
NESTE TÓPICO
 Introdução
 Organizações sociais e conduta ética
 Código de ética: fundamentos
 Código de ética e valorização da imagem institucional
 Código de ética e cultura organizacional
 Referências
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 Introdução
 Organizações sociais e conduta ética
 Código de ética: fundamentos
 Código de ética e valorização da imagem institucional
 Código de ética e cultura organizacional
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Introdução
É fato que pertencemos a uma coletividade maior, representada pela sociedade em que nascemos, crescemos, trabalhamos e nos relacionamos com nossos semelhantes. Porém, uma observação mais atenta da realidade social deixa em evidência que a sociedade é formada por uma enorme diversidade de organizações sociais, que são compostas por grupos de indivíduos que desempenham determinadas tarefas visando concretizar certos objetivos.
Como exemplos, podemos citar: família, empresa, igreja, clube, escola, universidade, associação cívica, partido político, instituição política, agremiação, entre outras. Em cada uma dessas organizações sociais é esperado que seus membros adotem certo padrão de conduta compatível com a realização dos objetivos a que a organização se propõe.
Organizações sociais e conduta ética
Evidentemente, algumas das organizações sociais que foram mencionadas no tópico anterior ocupam mais centralidade em nossas vidas. Sendo assim, é de se esperar que em tais organizações a necessidade de orientar a conduta de seus membros integrantes seja maior. Por exemplo, o ato de trabalhar é muito importante em nossas vidas; por esse motivo, a organização empresarial, burocrática ou política em que trabalhamos exige que nossa conduta seja regrada para que possamos atingir com mais eficiência certos objetivos e resultados.
Dependendo do trabalho que realizamos, seja ele de natureza autônoma ou vinculado a uma organização, seja pública ou privada, os objetivos e resultados esperados geralmente têm a ver com o atendimento das necessidades de clientes, de consumidores, de cidadãos, do governo e da sociedade em geral. É justamente o aspecto relacional envolvendo o trabalho de um profissional ou uma organização e seu público-alvo (clientes, consumidores, sociedade) que gera a necessidade de regrar a conduta de acordo com o desejado. Surgem daí os diversos tipos de código de ética: profissional, corporativo empresarial, dos órgãos públicos, das instituições políticas governamentais etc.
Código de ética: fundamentos
Um código de ética pode ser definido como um documento formal (escrito) que orienta a conduta prática (relacionada com a atuação ou tomada de decisões) no ambiente de trabalho organizacional e das diferentes profissões. Um código de ética não deve ser confundido como um manual de procedimentos operacionais e de práticas políticas da organização. Difere substancialmente, pois um código de ética é um instrumento que visa incutir valores éticos objetivando forjar condutas e comportamentos práticos envolvendo os membros integrantes de uma organização social de qualquer tipo ou pertencentes a um grupo profissional.
Um código de ética é um documento interno que define os objetivos da organização ou de determinada profissão e contém diretrizes para que o trabalho seja realizado seguindo padrões éticos de conduta. Portanto, um código de ética deve conter normas objetivas determinando as condutas que serão ou não aceitas, e sanções para os casos de má conduta. Sendo assim, todos os membros integrantes têm que ter pleno conhecimento do código de ética.
Código de ética e valorização da imagem institucional
Levando-se em consideração que o trabalho realizado por um profissional ou organização está direcionado para um determinado público-alvo, o código de ética pode ser usado como um instrumento externo de valorização institucional à medida que informações importantes se tornam de conhecimento público. Geralmente, as empresas, os órgãos públicos e as instituições políticas governamentais são as organizações que mais adotam políticas específicas informando a sociedade sobre todos os procedimentos éticos adotados no trabalho que realizam. Sem dúvida, essa realidade é decorrência da crescente conscientização dos cidadãos e consumidores quanto aos seus direitos.
Código de ética e cultura organizacional
A simples existência de um código de ética (mesmo que seja bem estruturado) não assegura para a organização social um comprometimento por parte dos seus membros integrantes. Por si só, um código de ética não consegue modificar e/ou alinhar condutas. Para que os valores e normas éticas sejam plenamente incorporados (interiorizados) é necessário que a organização social adote um programa de gestão da ética. O programa de gestão da ética precisa oferecer treinamento permanente e monitorar o cumprimento das regras estabelecidas.
A máxima eficiência do programa de gestão da ética é alcançada quando todos os membros integrantes da organização (todas as hierarquias) são envolvidos de modo que todos tomem conhecimento das normas e atuem coletivamente no alinhamento das condutas, pois é preciso levar em consideração que as organizações sociais são compostas por indivíduos que têm origens, culturas e vivências sociais muito diferentes. Por conta dessa realidade, o código de ética cumpre a importante função de alinhar comportamentos e condutas para que se ajustem aos valores morais e sociais pretendidos por determinada organização.
Podemos concluir esta aula afirmando, portanto, que os membros integrantes de uma organização são responsáveis pela construção da imagem institucional da organização. Por outro lado, os administradores, dirigentes e gestores da organização precisam se conscientizar da sua responsabilidade no processo de adoção de um código de ética.
Assista ao documentário The Corporation (A Corporação – 2003); que faz uma análise crítica sobre o poder das grandes organizações empresariais e a dificuldade de alinhar os interesses econômicos com a conduta ética.   Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Zx0f_8FKMrY>.
Referências
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2008.
MOREIRA, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999.
SROUR, Robert Henry. Ética empresarial: posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
            . Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
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Ética profissional
A partir da determinação das responsabilidades e direitos do profissional de engenharia busca-se nesta aula a clara definição da ética para o exercício da profissão de Engenharia. Dessa forma, são apresentadas diversas situações em que a busca pela ética é fundamental

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